O CONSELHO DE CLASSE: UM ESTUDO SOBRE A CONCEPÇÃO DOS DOCENTES DO INSTITUTO FEDERAL DE SERGIPE - CAMPUS ITABAIANA

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O CONSELHO DE CLASSE: UM ESTUDO SOBRE A CONCEPÇÃO DOS DOCENTES DO INSTITUTO FEDERAL DE SERGIPE - CAMPUS ITABAIANA Resumo Rafaely Karolynne do Nascimento Campos1 - UFS/IFS Grupo de Trabalho - Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agência Financiadora: não contou com financiamento O presente trabalho é resultante de uma pesquisa realizada no Instituto Federal de Sergipe (IFS) Campus Itabaiana, cujo objetivo principal foi analisar e compreender a prática dos Conselhos de Classe no Instituto, a partir da concepção dos professores, além de buscar adensar as discussões acerca desse tema e provocar profissionais da educação e instituições de ensino na busca da compreensão do conselho de classe como um dos espaços mais ricos de transformação pedagógica. O interesse por analisar esta questão surgiu pela nossa formação e atuação como Pedagoga do Campus e participação nas reuniões dos conselhos de classe, nas quais percebemos a importância de refletirmos sobre a atual prática do conselho de classe. Fundamentamo-nos nas ideias de Angela Imaculada L. de F. Dalben (2004), uma das principais referências sobre conselho de classe no Brasil, como também nas ideias de Cruz (2005) e Libâneo (2006). Em seguida, realizamos uma pesquisa de campo por meio de aplicação de um questionário aos docentes que participam e/ou participaram de reuniões dos conselhos de classe nas turmas dos cursos integrados. Após a análise dos questionários e dentro de suas limitações, a pesquisa corrobora a ideia de Conselho de Classe, como um espaço de reorganização das ações pedagógicas, com a finalidade de melhoria do processo ensino e aprendizagem, espaço que possibilita a reflexão da prática docente e aponta a necessidade de se reavaliar a atuação do Conselho e a partir das inquietações e sugestões dos docentes possibilitarem uma mudança na atuação do Conselho de Classe na instituição. Palavras-chave: Conselho de Classe. Processo ensino e aprendizagem. Professores. Introdução Estudos apontam que desde a década de 1990, o conselho de classe vem se mostrando como uma instância formalmente instituída em que ocorre a avaliação do processo ensino e 1 Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe (PPGED/UFS). Pedagoga do Instituto Federal de Sergipe Campus Itabaiana. E-mail: rafaely.karolynne@ifs.edu.br. ISSN 2176-1396

11000 aprendizagem e vem se firmando como instrumento para a reorganização escolar. O conselho de classe deve ser encarado como um espaço privilegiado para avaliação da ação pedagógica, onde professores, alunos, equipe pedagógica, pais participem ativamente na tomada de decisões do contexto escolar. O trabalho aqui apresentado procura analisar e compreender a prática dos Conselhos de Classe no Instituto, a partir da concepção dos professores, além de buscar adensar as discussões acerca desse tema e provocar profissionais da educação e instituições de ensino na busca da compreensão do conselho de classe como um dos espaços mais ricos de transformação pedagógica. Assim formulou-se como questão norteadora deste trabalho de pesquisa: Qual a concepção dos professores acerca do Conselho de classe no IFS? O interesse por analisar esta questão surgiu pela nossa formação e atuação como Pedagoga nas reuniões dos conselhos de classe do Campus, nas quais percebemos a importância de refletirmos sobre a prática do conselho de classe a partir das concepções dos docentes. Sendo assim, o trabalho aqui apresentado busca analisar e compreender a prática dos Conselhos na escola, a partir da concepção que os professores do IFS têm a respeito do conselho de Classe. Referencial Teórico O Conselho de Classe, espaço de reorganização das ações pedagógicas, tem como finalidade a melhoria do processo ensino aprendizagem e a reflexão da prática docente. O objetivo principal dos conselhos de classe é diagnosticar problemas e apontar soluções tanto em relação aos alunos e turmas, quanto aos docentes. Tais ações são possíveis a partir da participação de professores, da equipe pedagógica, dos gestores, dos representantes de alunos e pais nessas reuniões. A participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática, possibilitando o envolvimento de todos os integrantes da escola no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar. A participação proporciona melhor conhecimento dos objetivos e das metas da escola, de sua estrutura organizacional e sua dinâmica, de suas relações com a comunidade, e propicia um clima de trabalho favorável a maior aproximação entre professores, alunos e pais (LIBÂNEO, 2006, p. 328). Nesta perspectiva de gestão democrática, o conselho de classe é um espaço privilegiado de avaliação coletiva, assegurando-se a democratização na tomada de decisão do que acontecem no contexto escolar. Dalben conceitua o conselho como:

11001 [...] um órgão colegiado em que vários professores das diversas disciplinas juntamente com os coordenadores pedagógicos, ou mesmo os supervisores e orientadores educacionais, reúnem-se para refletir e avaliar o desempenho pedagógico dos alunos das diversas séries ou ciclos (DALBEN, 2004, p.31). De acordo com a autora, o conselho de classe é um espaço de participação direta de profissionais que atuem em uma instituição de ensino, cujo foco central da reunião é a reflexão sobre a avaliação do desempenho dos estudantes. Neste sentido, Dalben (2004, p. 5) considera que o Conselho de Classe seja a mais importante de todas as instâncias colegiadas da escola pelos objetivos de seu trabalho, pois é capaz de dinamizar o coletivo escolar pela via da gestão do processo de ensino, foco central do processo de escolarização. De fato, segundo a autora, o conselho de classe é um espaço significativo no ambiente escolar que tem como foco a avaliação do processo ensino aprendizagem. Entretanto, apesar da importância do conselho de classe na escola, pesquisas feitas sobre o papel do conselho, demonstram que sua finalidade não tem sido alcançada, atuando na maioria das escolas, como um espaço burocrático e sem critérios pedagógicos (DALBEN, 1995, p.35). Neste contexto, faz-se necessário analisar as concepções dos professores em relação ao conselho de classe, espaço este no qual docentes, pedagogos, equipe gestora e alunos devem refletir e discutir sobre as práticas educacionais e de avaliação coletiva, possibilitando mudanças em tais práticas. IFS-Campus Itabaiana: Histórico e Fundamentos Legais do Conselho de Classe Segundo o Ministério da Educação (2010), a história da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica começou em 1909, com a criação de 19 escolas de Aprendizes e Artífices que, anos depois deram origem aos Centros Federais de Educação Profissional e Tecnológica (CEFET). Pontuada pelo MEC (2010) como importante estrutura para que todas as pessoas tenham efetivo acesso às conquistas científicas e tecnológicas, a Rede Federal de Ensino abrange todo o território nacional, prestando um serviço à nação ao dar continuidade à sua missão de qualificar profissionais para os diversos setores da economia brasileira, realizar pesquisa e desenvolver novos processos, produtos e serviços em colaboração com o setor produtivo, conforme dados do Ministério da Educação (2010). O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe, Campus Itabaiana remonta sua recente história a partir da sua criação, através da Portaria do Ministério da Educação nº 4, de 06 de janeiro de 2009. O IFS Campus Itabaiana está localizado na cidade

11002 de Itabaiana no Estado de Sergipe. No ensino, a Instituição atua nos dois níveis: ensino técnico de nível médio e tecnólogo. O Campus Itabaiana tem aproximadamente 600 alunos, distribuídos em 3 cursos: Técnico de nível médio (modalidades integrada e subsequente) em Manutenção e Suporte em Informática, e Agronegócio e o Curso Superior de Tecnologia em Logística de graduação, oferecidos nos turnos diurno e noturno. De acordo com a política geral do Instituto Federal de Sergipe é uma instituição que tem por objetivo ofertar educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e modalidades, formando e qualificando cidadãos com vistas na atuação profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional. E tem como função promover a formação Profissional e Tecnológica do cidadão, ofertando com qualidade, ensino, pesquisa e extensão em sintonia com os avanços científicos, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico e cultural da Região. Atualmente está sendo feita uma revisão nos estatutos e regimentos do IFS tanto do ponto de vista político quanto organizacional, a fim de adequá-los à nova realidade institucional. Sendo assim, utilizamos o Regimento da Organização Didática (ROD) aprovado pela Resolução 08 do Conselho Superior, em janeiro de 2011. De acordo com o ROD, o conselho de classe é um órgão colegiado, de natureza consultiva, orientado para favorecer o protagonismo dos estudantes e professores, tendo em vista a melhoria permanente da organização do trabalho escolar e dos processos de ensino e aprendizagem. Diferente de alguns conselhos de classe, o conselho no IFS é um órgão consultivo (consultar, ouvir) e não deliberativo (deliberar, decidir). Apresentando como principais objetivos: Promover a avaliação permanente e global do processo ensino/aprendizagem e da gestão escolar, para assegurar qualidade às práticas educativas desenvolvidas neste Instituto; Participar da (re)formulação dos procedimentos de ordem pedagógica e administrativa, a serem adotados para a solução dos problemas detectados; Possibilitar aos agentes escolares, de acordo com as atribuições, oportunidade de uma auto avaliação e de realimentação do trabalho didático-pedagógico e administrativo. No IFS, o conselho de classe é formado por membros permanentes e eventuais. Os membros permanentes são Diretor de Ensino ou equivalente, Gerente de Ensino, Coordenador de Integração Pedagógica ou equivalente, o Pedagogo ou Técnico em Assuntos Educacionais de cada curso, o Coordenador do Curso, o Professor representante por turma e o Estudante representante por turma. Já os membros eventuais são aqueles cuja participação se fizer necessária, em um dado momento, tais como os pais ou responsáveis pelo estudante,

11003 profissionais que atuam na escola, como médico, psicólogo, assistente social e dentre outros. (ROD, p. 16) O regimento determina que o conselho de classe se desenvolva em etapas: a primeira etapa, a coleta de dados. Nesta primeira fase, há um levantamento de dados, através de formulário próprio, realizado pelo Orientador Pedagógico vinculado à respectiva Coordenadoria. Após análise dos dados coletados o Orientador Pedagógico, juntamente com o Coordenador de Área/Curso, deverá encaminhá-los para sua chefia imediata que de posse dos dados deverá elaborar a pauta da reunião colegiada. A segunda etapa consiste na realização de reunião, presidida pela chefia imediata dos orientadores pedagógicos, e participarão desta reunião gestores, orientadores pedagógicos, coordenadores de áreas/cursos, líderes de turmas e professores representantes. As reuniões do conselho de classe são previstas em calendário acadêmico, podendo ser realizadas ordinária ou extraordinariamente, quando se fizer necessário. As reuniões acontecerão ordinariamente ao final de cada bimestre, após o término dos prazos de registro de notas. Metodologia A metodologia utilizada na pesquisa consistiu numa revisão bibliográfica realizada por meio da seleção de estudos relacionados ao tema Conselho de Classe. Além da pesquisa bibliográfica, foi necessária a pesquisa documental, por meio da análise da legislação vigente do Instituto Federal de Sergipe, que auxiliou na compreensão da formação dos Conselhos de Classe e nas atribuições que lhes são inerentes. Em seguida, com a finalidade de conhecer a concepção do Conselho de Classe pelos professores foi realizada pesquisa de campo por meio de aplicação de um questionário aos docentes que participam e/ou participaram de reuniões dos conselhos de classe, com professores representantes de classe. Procurando responder a questão norteadora da pesquisa: Qual a concepção dos professores acerca do Conselho de classe no IFS?, utilizamos como instrumento para a coleta de dados, o questionário. Optou-se pelo questionário com questões abertas a fim de permitir aos docentes maior liberdade de resposta, possibilitando desta maneira maior profundidade dos dados. Os questionários foram entregues a 06 (seis) docentes que atuam ou atuaram como professores representantes de classe das turmas dos cursos técnicos integrados. As respostas

11004 foram analisadas com o objetivo de se reavaliar a atuação do Conselho de Classe e a partir das inquietações e sugestões dos docentes possibilitarem uma mudança na atuação do Conselho de Classe na instituição. Sob esse ângulo e partindo desta metodologia de análise de dados, apontaremos a seguir os resultados encontrados. Resultados e Discussões Os professores participantes responderam aos seguintes questionamentos: a) O conselho de classe é um espaço para... b) Para mim a função do conselho de classe é... c) No Campus Itabaiana, o conselho de classe tem sido... d) Sobre a qualidade das reuniões (o que se discute)... e) Sobre as reuniões do conselho, eu mudaria... Na primeira questão, O conselho de classe é um espaço para..., todos os participantes da pesquisa (100% dos entrevistados) afirmaram que o Conselho de Classe é um espaço para discussão sobre a melhoria do processo ensino-aprendizagem. Como já dito anteriormente por Dalben (2004), o conselho de classe é um espaço significativo no ambiente escolar que tem como foco a avaliação do processo ensino aprendizagem. Espaço de reorganização das ações pedagógicas e reflexão da prática docente, portanto, de melhoria do processo ensino aprendizagem. Na segunda questão, Para mim a função do conselho de classe é..., (Figura 01), temos o questionamento de qual a função do conselho de classe. Com percentual de 50% nas respostas, temos como respostas dos participantes buscar o porquê dos problemas e apontar quais medidas deverão ser adotadas para saná-los; em segundo lugar, aparecem duas concepções alegadas, com percentual igual de 17% nas respostas: Revisar e ajustar a condição do processo de aprendizagem; ter um panorama de rendimento escolar das turmas e apontar melhorias para alcançar resultados satisfatórios. Em seguida, com 16%, temos que a função do conselho de classe é integrar diferentes segmentos da instituição (docentes, discentes e equipe pedagógica) visando à melhoria da qualidade do ensino. Podemos perceber nas respostas dos sujeitos pesquisados, que os mesmos entendem que o papel principal do conselho de classe é contribuir para a melhoria da qualidade do ensino, através da busca de soluções para possíveis problemas, como também os reajustes ao processo de ensino-aprendizagem.

11005 Figura 01 Questão 02 Para mim, a função do Conselho de Classe é... Fonte: A autora. Na terceira questão, No Campus Itabaiana, o conselho de classe tem sido..., (Figura 02), o percentual de 33% dos sujeitos participantes afirma que o Conselho de Classe no Campus Itabaiana tem sido um espaço interpretado de forma errada, onde acontecem discussões desnecessárias que não levam a nenhuma realização concreta. Em seguida temos, 3 (três) categorias de respostas com 17%, são elas: espaço importante para discutirmos a relação ensino aprendizagem; de ótima iniciativa, realizado com regularidade, com resultados medianos, mas melhor do que não tê-lo; improdutivo e sem significado, lugar de lavar a roupa suja. Por fim, com percentual de 16%, temos um conselho atuante, mas falta apurar melhor os resultados do que foi definido ou mostrar melhor isso. Podemos perceber que 33% dos sujeitos acreditam que os membros do conselho desconhecem e/ou interpretam este espaço erroneamente. Utilizando-se dele para discussões desnecessárias que caberiam em outras ocasiões. Vale ressaltar o lugar improdutivo e sem significado, lugar de lavar a roupa suja.

11006 Figura 02: Questão 03 No Campus Itabaiana, o conselho de classe tem sido... Fonte: A autora. Com relação ao que se discute nas reuniões, (Figura 03), 50% dos participantes alegaram ser de boa qualidade. Em seguida, 17% dos sujeitos afirmam que precisa ser melhorado, deixando claro aos alunos que não é um espaço para lavar a roupa suja. O mesmo percentual é atribuído ao dizerem que o conselho precisa eleger pautar prévias. Por último, com percentual de 16%, os sujeitos envolvidos acreditam que o que se discute no conselho caberia a outros momentos. Esta questão foi formulada com a intenção de conhecer qual a concepção dos docentes acerca das práticas dos conselhos, qual a dinâmica e como se dá o funcionamento das reuniões. É importante ressaltar que os envolvidos conhecem o Regulamento da Organização Didática do IFS, portanto, conhecem a organização do Conselho de Classe.

11007 Figura 03: Questão 04 Sobre a qualidade das reuniões (o que se discute)... Fonte: A autora. Segundo Dalben (2004) o objeto de discussão das reuniões de conselho de classe, são os objetivos a serem alcançados, as metodologias e estratégias de ensino, os critérios e instrumentos de avaliação, as formas de relacionamento entre escola e família, os encaminhamentos para os alunos com dificuldades, as adaptações curriculares, as propostas de organização de estudos complementares. Nas reuniões do conselho do Campus, muitas vezes, há predomínio de discussões acerca de questões administrativas, como por exemplo, problemas de infraestrutura da escola. Percebemos aqui neste ponto certa preocupação dos docentes quanto ao que está sendo debatido e discutido nas reuniões, ao alegar que precisa ser melhorado, deixar de ser um espaço para lavar roupa suja, tornando-se um espaço para reflexão acerca das práticas pedagógicas com vistas à melhoria da qualidade do processo ensino-aprendizagem. Na quinta e última questão elencada no questionário da pesquisa, (Figura 04), 17% dos sujeitos envolvidos na pesquisa sugeriram como mudança esclarecimento aos alunos sobre o principal objetivo do conselho de classe. Podemos afirmar que atividades de sensibilização e esclarecimento são realizadas com todos os alunos junto ao processo de escolha dos alunos e professores representantes. O mesmo percentual (17%) sugere a criação de pautas, o gerenciamento do tempo, identificaria pontos positivos e negativos da reunião com o objetivo de avaliar futuras reuniões. Seguido este mesmo percentual, os sujeitos sugeriram trazer o que foi realizado ou não nas seguintes reuniões. O percentual de 17% não saberia opinar.

11008 Figura 04: Questão 05 Sobre as reuniões do conselho eu mudaria... Fonte: A autora. Outra sugestão é Foco nas discussões (17%). Como já expusemos na questão 3, alguns dos membros do conselho discutem sobre questões administrativas, em detrimento de questões essencialmente pedagógicas, o que demanda muito tempo, não havendo, dessa forma, maior discussão nas questões referentes ao processo ensino-aprendizagem. Acredito que discutir questões administrativas que perpassam questões pedagógicas dentro do ambiente escolar seja um processo auxiliar das discussões no conselho de classe, corroborando com Cruz (2005, p.15), como processo auxiliar de aprendizagem o Conselho deve refletir a ação pedagógico-educativa e não apenas ater-se a notas, conceitos ou problemas de determinados alunos. Vale ressaltar aqui, o percentual de 16% dos sujeitos participantes, ao sugerirem um espaço entre discentes e equipe pedagógica, momento este, segundo os participantes, possibilitaria aos educandos o direito de se expressarem sem a presença dos docentes. Conforme Dalben (2004), o Conselho de Classe é um órgão colegiado em que vários professores das diversas disciplinas juntamente com os coordenadores pedagógicos, ou mesmo os supervisores e orientadores educacionais, alunos e demais segmentos reúnem-se

11009 para refletir e avaliar o desempenho dos alunos. Com a sugestão do docente, descaracterizaria toda a formação do conselho de classe, como um ambiente democrático, participativo e de reflexão do desempenho do aluno e do trabalho docente. A resposta do professor vem de encontro com o que Cruz (2005) afirma, ao expressar que o Conselho de Classe é um espaço de reflexão pedagógica em que o professor e o aluno se situem conscientemente no processo que juntos desenvolvem. Considerações Finais Após a análise dos questionários e dentro de suas limitações, a pesquisa corrobora com a ideia de Conselho de Classe, como um espaço de reorganização das ações pedagógicas, com a finalidade de melhoria do processo ensino e aprendizagem, espaço que possibilita a reflexão da prática docente e aponta a necessidade de se reavaliar a atuação do Conselho de Classe (sua estrutura, sua organização, práticas e funcionamento) no IFS Campus Itabaiana, e a partir das inquietações e sugestões dos docentes possibilitarem uma mudança na atuação do Conselho de Classe na instituição. Um dos objetivos do Conselho de Classe no IFS é promover a avaliação permanente e global do processo ensino/aprendizagem e da gestão escolar, para assegurar qualidade às práticas educativas desenvolvidas neste Instituto. Para que tal avaliação ocorra é preciso que o conselho de classe, não seja apenas um espaço burocrático, sem critérios pedagógicos, um lugar para lavar a roupa suja, mas que de fato, torne-se um espaço significativo no ambiente escolar que tem como foco a avaliação do processo ensino aprendizagem. Neste contexto, faz-se necessário que os membros deste conselho, docentes, pedagogos, equipe gestora e alunos reflitam sobre as práticas educacionais e de avaliação coletiva, (re) formulando os procedimentos de ordem pedagógica e administrativa, a serem adotados para a solução dos problemas detectados, possibilitando aos agentes escolares, de acordo com as atribuições, oportunidade de uma auto avaliação e de realimentação do trabalho didático-pedagógico e administrativo. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. A história da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. 2010. Disponível em: <http://redefederal.mec.gov.br/index.phpitemid=79&id=51&option=com_content&view=arti cle>. Acesso em: 02 de dezembro de 2014.

11010 CRUZ, C.H C. Conselho de Classe: espaço de diagnóstico da prática educativa escolar. São Paulo: Edições Loyola, 2005. DALBEN, Ângela Imaculada L. F. Trabalho escolar e conselho de classe. Campinas-SP: Papirus, 1995.. Conselhos de Classe e Avaliação: Perspectivas na Gestão Pedagógica da escola. 1ªed. Campinas. Papirus. 2004. Coleção magistério: formação e Trabalho Pedagógico. LIBÂNEO, José Carlos. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização/josé Carlos Libâneo, João Ferreira de Oliveira, Mirza Seabra Toschi 3.ed. São Paulo: Cortez, p.342 e 343, 2006. (Coleção docência em formação. Série saberes pedagógicos). SERGIPE. Instituto Federal de Sergipe. Regulamento da Organização Didática. 2011. Disponível em: <http://www.ifs.edu.br/images/ensino/2011/reg_org_didatica_ifs.pdf>. Acesso em: 26 de abril de 2015.