UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO VEZ DO MESTRE



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Transcrição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO VEZ DO MESTRE MERCADO SEGURADOR Por: Raquel Couto Patricio Professora Orientadora: Diva Nereida Marques Machado Maranhão Rio de Janeiro 2003

2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO VEZ DO MESTRE MERCADO SEGURADOR Objetivo: Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Finanças e Gestão Corporativa.

3 RESUMO Destacar a importância do seguro como fator determinante da atividade econômica em situações de risco, através de um estudo sobre a atuação do mercado segurador brasileiro. Analisar a estrutura do mercado segurador brasileiro privado. Demonstrar a importância do seguro como elemento alavancador da atividade econômica. Traçar a evolução do seguro no Brasil Discutir a questão do monopólio do resseguro no Brasil por parte do governo. Esta monografia será desenvolvida através de três capítulos teóricos que tentarão demonstrar a importância do seguro e os problemas associados a ele. O capítulo um tratará da evolução do seguro no Brasil e no mundo desde do seu aparecimento até os dias atuais. cenário microeconômico. O capítulo dois mostrará o funcionamento do seguro e sua influência no atual. O capítulo três tratará do seguro no Brasil nos dias de hoje e a tendência Finalmente apresentaremos uma conclusão resumindo os principais pontos da monografia e apontados novos rumos aonde serão abordados a questão da privatização do resseguro no Brasil. O estudo se limitará a analisar e a discutir os aspectos do mercado segurador brasileiro. Ainda que sejam apresentados alguns fatos relativos ao

4 desenvolvimento do mercado segurador mundial, este não será o foco de nossa análise. O período de análise cobrirá o seguro no Brasil desde o seu aparecimento até os dias atuais aonde será discutido, por exemplo, a questão da privatização do IRB.

5 METODOLOGIA Nesta pesquisa serão adotadas as seguintes modalidades de pesquisa: DESCRITIVA: pois este trabalho consiste em uma análise e descrição dos fatos sobre o mercado de seguros. BIBLIOGRÁFICA: pois serão analisados diversos livros, artigos e boletins que mostrem como ocorre o funcionamento do mercado de seguros. EXPLICATIVA: pois este trabalho fornece dados da realidade sobre a situação atual do mercado segurador. HISTÓRICA: por investigar e analisar fatos ocorridos no passsado para compreender o presente e apresentar propostas para o futuro. SOCIAL: este trabalho procurará melhorara compreensão do assunto. Neste trabalho serão utilizados os seguintes métodos: RACIONAL: pois neste trabalho está presente um raciocínio ordenado que busca compreender o mercado de seguros. DINÂMICO: por estudar o processo em desenvolvimento, buscando conhecer a tendência do setor de seguro. MICROECONOMICO: por estudar o processo ao nível microeconômico. As técnicas de pesquisa utilizadas neste estudo são a análise de: ARQUIVOS: através de pesquisa no acervo bibliográfico da FENASEG e do IRB. IDENTIFICAÇÃO: das fontes bibliográficas.

6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 07 CAPÍTULO I - A Estrutura das Demonstrações Contábeis 07 CAPÍTULO II - Definição dos Critérios de Análise 24 CAPÍTULO III - Enfoque da Análise 33 CONCLUSÃO 49 BIBLIOGRAFIA 50 ÍNDICE 51 ANEXOS 53 FOLHA DE AVALIAÇÃO 54

7 INTRODUÇÃO O seguro foi criado como uma forma de transferir o risco através da qual uma parte, o segurado, transfere a probabilidade de perda financeira para outra parte denominada companhia de seguros. O seguro teve início no Brasil em 1808, com a abertura dos portos por D.João VI, e o início da navegação intensiva com todos os países.poucos anos depois, estabeleceu-se no Brasil diversas empresas estrangeiras.o mercado segurador brasileiro era quase que totalmente dominado por seguradoras estrangeiras, que funcionavam no Brasil sem qualquer capacidade técnica, não passavam de intermediários e repassavam os prêmios ao exterior. Em 1939, começa uma nova fase do mercado segurador brasileiro com a criação do Instituto de Resseguro do Brasil (IRB), que acontece com o total apoio do governo federal e tinha como proposta política o fortalecimento do mercado brasileiro em face à presença então dominadora das companhias estrangeiras, exercendo assim o monopólio do resseguro no país. e como desafios operacionais a regulação do resseguro e estimular as operações de seguros em geral.dentre as medidas operacionais de incentivo, duas são fundamentais: a) Os baixos índices de retenção. As seguradoras não podiam manter altos níveis de retenção. Dessa maneira a maior parte dos prêmios era repassado em resseguros ao IRB. b) A criação do excedente único. Os prêmios repassados ao IRB por não serem repassados pelas seguradoras eram direcionados a esse excedente único e repassados de volta ao mercado segurador. Essas medidas garantiram o desenvolvimento do mercado segurador, mas permitiu a entrada de empresas no ramo de seguros sem a menor capacidade técnica.

8 Na década de 70, uma série de fatos mudou o perfil do mercado de seguros. Neste período podem ser destacadas três características: a) O crescimento econômico registrado, o aumento do comércio exterior e a complexidade da economia fizeram com que houvesse um crescimento geral do próprio seguro e um aumento da variedade dos produtos ofertados. b) O aumento da concentração empresarial. Devido ao despreparo técnico de diversas seguradoras, o governo criou uma legislação específica buscando mecanismos de incentivos a fusão de pequenas empresas. c) A penetração dos bancos comerciais na produção e comercialização de seguros. No início os bancos se limitavam a cobrança de seguros, mas a partir da década de 70, os bancos começaram a fazer a própria negociação direta, que foi incentivada pelos órgãos oficiais. Dessa forma o mercado de seguros ficaria mais sólido, com a formação de conglomerados financeiros. Nos anos 70, o seguro brasileiro teve desempenho extraordinário, registrando as mais elevadas taxas de crescimento de sua história. O setor evoluiu, tomou novas dimensões, adquiriu boa expressão econômico-financeira, amadureceu tecnicamente, mas ainda estava longe do índice de saturação do mercado. A liderança do mercado segurador entendia ser possível manter boa produção, desde que se explorassem novos tipos de cobertura de riscos, mediante trabalho criativo por parte dos seguradores.

9 CAPÍTULO I A EVOLUÇÃO DO SEGURO

10 1 - A Evolução Do Seguro 1.1 No mundo Em todas as épocas, inclusive na pré-história, o homem sempre conviveu com o risco. E deste sempre tentou defender-se com as armas, é claro, que lhe estivessem à mão em cada época. Vinte e três séculos antes de Cristo, na Babilônia, quando as caravanas atravessavam o deserto para comercializar camelos em cidades vizinhas, surgiram as primeiras modalidades de seguros. Como era comum alguns animais morrerem durante o caminho, todos os cameleiros, cientes do grande risco, firmavam um acordo no qual pagariam para substituir o camelo de quem o perdesse. Além de uma atitude solidária por parte do grupo, já era sem dúvida uma forma primária de seguro. No ramo da navegação, também foi adotado o princípio de seguro entre os hebreus e fenícios cujos barcos navegavam através dos mares Egeu e Mediterrâneo. Existia entre os navegadores um acordo que garantia a quem perdesse um navio, a construção de outro, pago pelos demais participantes da mesma viagem estava assegurada. No século XII da era cristã, surge uma nova modalidade de seguro. Chamava-se Contrato de Dinheiro e Risco Marítimo, formalizado por meio de um documento assinado por duas pessoas, sendo uma delas a que emprestava ao navegador quantia em dinheiro no valor do barco e das mercadorias transportadas. Se durante a viagem o barco sofresse alguma avaria, o dinheiro emprestado não era devolvido. Caso contrário esse dinheiro voltava para o financiador acrescido de juros. Em 1234, o papa Gregório IX proibiu o Contrato de Dinheiro e Risco Marítimo em toda Europa. Os homens ligados ao negócio buscaram então

11 subterfúgios para que pudessem continuar a operar na navegação com aquele seguro. E encontraram: o banqueiro se tornava comprador do barco e das mercadorias transportadas. Caso o navio naufragasse, o dinheiro adiantado era o preço da compra. Se o barco chegasse intacto ao seu destino, a cláusula de compra se tornava nula e o dinheiro era devolvido ao banqueiro, acrescido de outra quantia como rendimento do empréstimo feito. A preocupação com transporte marítimo tinha como causa interesses econômicos, pois o comércio exterior dos países se dava apenas por mar. A idéia de garantir o funcionamento da economia por meio do seguro prevalece até hoje. A forma de seguro é que mudou, e se aperfeiçoa cada vez mais. O primeiro contrato de seguro nos moldes atuais foi firmado em 1347, em Gênova, com a emissão da primeira apólice. Era um contrato de seguro de transporte marítimo. Aquele contrato marcou o nascimento do seguro marítimo, único ramo a ser operado nos trezentos anos subseqüentes. Iria secundá-lo o seguro de incêndio, criado na Inglaterra em 1667 por causa do grande fogaréu em que se transformara Londres, no ano anterior. A idéia do seguro vinha até então conquistando terreno gradativo. Daí pra frente, o seguro iniciou uma carreira vertiginosa, impulsionada pelas Grandes Navegações do século XVI. A teoria das probabilidades desenvolvida por Pascal, associada à estatística, deu grande impulso ao seguro porque a partir de então os valores pagos pelo seguro, seus prêmios, puderam ser calculados de forma mais justa. Tais critérios são válidos até hoje. No século XVI, uma nova etapa surge na história do seguro com dois acontecimentos marcantes: as Tontinas, na França e o Lloyds, em Londres. As Tontinas, uma das primeiras sociedades de socorro mútuo, foi criada em 1653 por Lorenzo Tonti. Apesar da grande aceitação inicial, essa sociedade não conseguiu sobreviver ao longo do tempo.

12 A segunda foi fundada em Londres, em 1678, por Edward Lloyds, proprietário de um bar que era ponto de encontro de navegadores e atraía pessoas interessadas nos negócios de seguros. Ali, passaram a concretizá-los por meio de contratos. O Lloyds tornou-se uma verdadeira bolsa de seguros e assim opera até os dias de hoje. Mas a prática do seguro, obviamente tolerada, ainda não era plenamente consagrada. Tanto assim que o seguro de vida, só admitido no século XVIII, durante muito tempo fora expressa e rigorosamente proibido. Isso, não só por causa das especulações e abusos a que dera margem, mas, sobretudo porque, considerando mera versão de jogo de azar, era por isso objeto de condenação moral. No entanto, o curioso é que esse vilão, o jogo, por instigar com seus segredos o interesse e o engenho de alguns notáveis matemáticos, terminaria abrindo portas para a evolução do seguro em sólidas bases técnicas e científicas. Foi nos estudos de Pascal e Fermat sobre o jogo que resultou, no século XVII, a teoria das probabilidades, teoria poucos anos depois enriquecida pelo famoso teorema de Jacques Bernouilli, mais conhecido como lei dos grandes números. E o seu aproveitamento pela instituição do seguro. No século seguinte, precisamente no ano de 1765, a seguradora inglesa Equitable Society, no interesse de um equilibrado regime tarifário para o seu underwriting no ramo Vida, pediu a elaboração de uma tábua de mortalidade e de um sistema de anuidades a Richard Price. Este, pela excelência do seu trabalho, passaria a ser considerado o pai da ciência atuarial. Outro grande avanço, quase cem anos depois disso, isto é, já no século passado, foi a distribuição normal de probabilidade, a chamada curva de Gauss (Karl Friedrich Gauss) que tem a forma de sino e semelhança (alguns acham) com o chapéu de Napoleão. Esse é um poderoso instrumento matemático, ainda hoje suporte das numerosas aplicações práticas que tem, inclusive no seguro, a probabilidade estatística. Com o advento da máquina e da era industrial no século XIX, surgiram e desenvolveram-se outras modalidades de seguro, como o de incêndio, o de transportes terrestres, e o de vida. Os tempos haviam mudado e o mundo ingressava na era da produção em série e do consumo em escala. A figura do segurador individual

13 desaparecia, e no seu lugar entram as companhias seguradoras como existem atualmente. Portanto, data do final do século passado o vigor técnico adquirido pelo seguro, lastro que lhe permitiu chegar ao vigor econômico dos dias atuais. Hoje é da ordem de 2,5 trilhões de dólares anuais o faturamento mundial de prêmios, cifra maior do que a totalidade dos prêmios antes acumulados desde o primeiro contrato lavrado no cartório de Gênova. O século XX é sem dúvida o século do seguro, como o é do progresso econômico oriundo de um avanço tecnológico sem precedente em toda a história da humanidade. Ao contrário do seguro privado, o seguro social, que em toda parte é administrado pelo Estado, não fez bom proveito desse extraordinário trampolim que reuniu o progresso da economia ao da atuária. E chega ao final do século do seguro fazendo água, com enorme acervo de prejuízos diretos causados a seus segurados; e de prejuízos indiretos, estes resultantes de contraproducente expulsão do seguro privado de áreas que passou a ocupar com ineficiência. E em toda parte o seguro social (chamado de previdência social no Brasil) está sendo objeto de reformas com longo período de maturação, que somente darão frutos, se derem, ao longo de muitos anos do próximo milênio. 1.2- No Brasil O seguro surgiu no Brasil em 1808, com a abertura dos portos por D.João VI, e o início da navegação intensiva com todos os países.a primeira empresa de seguro no Brasil, a Companhia de Seguros Boa-Fé, nasceu na Bahia, centro da navegação marítima da época. Até 1822, ano da Independência só se desenvolveu aqui o seguro marítimo. Menos de trinta anos depois foi promulgado o Código Comercial, que regulamentou as operações de seguro marítimo, proibindo o seguro sobre a vida de pessoas livres. Com o progresso decorrente, fundaram-se novas empresas, que então passaram a se dedicar a outros ramos de seguro, como o de incêndio e o de

14 mortalidade de escravos, seguro de destaque da época, dada a importância da mãode-obra negra para a atividade econômica. Em 1855, foi fundada a Companhia de Seguros Tranqüilidade no Rio de Janeiro, a primeira a comercializar no Brasil seguro de vida.poucos anos depois, estabeleceu-se no Brasil diversas empresas estrangeiras, que trouxeram para o país a sua experiência específica. Com a Proclamação da República, a atividade seguradora, em todas as suas modalidades foi regulamentada. Promulgado em 1916, o Código Civil regulou, como fizera o Código Comercial em relação aos seguros marítimos, todos os demais seguros inclusive o de vida. Em 1935, foi fundada aquela que viria a ser a maior companhia seguradora da América Latina, a Atlântica Companhia Nacional de Seguros, hoje Bradesco Seguros. Em 1939, foi criado o Instituto de Resseguro do Brasil (IRB), com a atribuição de exercer o monopólio do resseguro no país. Já em 1966, com a edição do Decreto-Lei nº 73, é instituído o Sistema Nacional de Seguros Privados com a criação da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), órgão oficial fiscalizador das operações de seguro. Em 1975, o Brasil registrou o superávit de US$ 3,5 milhões na conta de Seguros do Balanço de Pagamentos. O resultado foi fruto direto da política de reciprocidade de negócios que promoveu o intercâmbio internacional do seguro brasileiro e reverteu a tendência tradicional para déficits cambiais sistemáticos. Essa política fez com que o mercado brasileiro passasse a aceitar negócios do Exterior em volume correspondente a 60% dos resseguros cedidos. Ainda no mesmo ano, o IRB, com escritório de operações em Londres (maior centro ressegurador mundial), obteve faturamento de US$ 50 milhões contra os US$ 400 mil registrados em 1970. Em apenas cinco anos foi alcançado o excepcional crescimento de 262,7%.

15 Em 1976, as perspectivas do mercado segurador brasileiro foram ainda mais ampliadas, graças a medidas como a criação de uma empresa especializada em Segurança de Crédito, a regulamentação do Seguro Saúde, dos Fundos de Pensão e a expansão do Seguro Rural. Em 1979, o IRB passou a estar jurisdicionado ao Ministério da Fazenda. Não obstante a crise gerada pelo excessivo do aumento no preço do petróleo na década de 70, o impacto sofrido por nossa economia não chegou a comprometer o bom desempenho do mercado segurador. Havia esperança de manutenção do mesmo desempenho de alto nível de produção, no decorrer do novo decênio, apesar dos novos reflexos negativos oriundos das dificuldades que ameaçavam nossa economia. Talvez tivesse chegado a hora de um gradual distanciamento do Estado, abrindo à iniciativa privada um espaço mais amplo, uma oportunidade mais efetiva de exercitar a sua criatividade em busca de novos negócios. O momento era o mais oportuno para o debate, pois a abertura política e o desempenho de novas instituições democráticas chegam agora ao campo empresarial, e o que se pede à iniciativa privada é uma integral participação nas decisões econômicas fundamentais. O ano de 1980 não correspondeu inteiramente ao desejo do mercado segurador. A inflação chegara a 3 dígitos. Embora as economias já manifestassem tendências regressivas e as conseqüências de um processo de desaquecimento, o exercício anual sofrera apenas um decréscimo do volume de prêmios em valores corrigidos de 8%. Não obstante o empenho do mercado segurador para preencher espaços vazios ainda não explorados pelas operações de seguros, os caminhos se tornaram ásperos pelos efeitos negativos da situação geral de nossa economia. Em termos reais, em 79, 80 e 81 o mercado caiu em relação a renda nacional ou ao PIB. Em 1970, o mercado segurador representava 0,8% do PIB em função do crescimento que apresentou naquela época, bem superior ao PIB o

16 mercado em 78 representava em termos de prêmios arrecadados, 1,10%. Em 1981, o mercado perdeu novamente posição e na década de 90 ele é o que era a dez anos atrás - 0,8% do PIB, o que caracteriza uma perda de posição do seguro privado no quadro econômico do país. As razões dessa perda segundo o ministro da fazenda da época, Ernane Galvêas foi que nenhuma economia poderia atravessar ilesa a crise mundial iniciada com o petróleo e prolongada com o chamado choque das taxas de juros. Os reflexos dessa crise naturalmente também teriam que alcançar em toda parte o exercício da atividade seguradora criando-lhe obstáculos, sobretudo por causa da essência financeira do seu papel institucional. A renda das seguradoras provém de duas fontes, em geral, uma decorrente da própria atividade, isto é, da gestão técnica,outra oriunda das aplicações financeiras patrimoniais. A primeira produz o lucro operacional, filiado à receita de prêmios das diferentes carteiras de seguros, depois descontadas as indenizações pagas de sinistro e as despesas administrativas. Quando as despesas superam a receita, as operações técnicas entram no vermelho e a seguradora sobrevive com os resultados das aplicações financeiras. Foi nessa contingência que se viu o mercado segurador brasileiro nos anos de 1980 e 1981. Em 1982, afinal um fato novo e promissor: o faturamento de prêmios voltou a ter expansão real (mais ou menos 2%) de modo que a atividade seguradora, pelo menos nesse ponto, conseguiu reagir contra as pressões inflacionárias, superando-as e abriu uma perspectiva nova. A perspectiva favorável que os resultados obtidos no mercado em 82, pareciam justificar não se realizou. Frustrou-se devido a conjuntura econômica. O ano de 83 foi um dos mais difíceis do ponto de vista econômicosocial que o país já atravessou. O PIB experimentou queda de 3,9% e o desemprego atingiu nível recorde.

17 Ao mesmo tempo, a inflação alcançou 211%. Na frente externa, por sua vez, a situação brasileira agravou-se consideravelmente, a partir do momento em que o Brasil mostrou-se incapaz de assumir os compromissos assumidos com o FMI, o que fez com que as negociações relativas à rolagem da dívida se tornassem penosas. Em valor corrigido o volume dos prêmios de 1983, foi menor de 1982 em 8%. A atividade seguradora costuma ser extremamente vulnerável às conseqüências típicas da conjuntura inflacionária. Apesar da corrosão provocada nos resultados operacionais a receita de prêmios, segundo estimativas, alcançou 996,7 bilhões de cruzeiros, representando em valores deflacionados um declínio de 12% sobre o ano anterior pela instabilidade e crescente agravação de custos da gestão de riscos, o potencial econômico-financeiro do mercado segurador foi mantido, em 1983, em nível saudável, pois as rendas auferidas pelas sociedades de seguros como investidores institucionais vem preservando-lhes o fortalecimento patrimonial. Em 1984, o mercado segurador teve resultado satisfatório. O lucro de 84 proveio da gestão financeira, como nos últimos anos tem ocorrido no setor de seguros. Conclui-se que os últimos cinco anos dos anos 80 foi um período sombrio para as operações do mercado segurador não por falta de capacidade técnica e financeira das seguradoras que exercitaram sua criatividade e seu empenho. Os esforços empenhados não foram suficientes para superar a conjuntura adversa de nossa economia, que afetou praticamente todos os setores econômicos do país. Houve um surto decrescimento da economia durante o exercício de 85com uma expansão próxima aos 20% favorecendo o comércio e a indústria. Como não podia deixar de ser, a repercussão no mercado segurador também foi favorável. De qualquer forma, esclarece a Revista do IRB sob o título Resultados de 85 confirmaram perspectiva de expansão do setor, o resultado operacional continuou negativo (-2,6 bilhões de cruzados), sendo o lucro final (3,8 bilhões)

18 sustentado pelo resultado patrimonial positivo (6,4 bilhões). Ao final do ano, o patrimônio líquido do conjunto das seguradoras ascendia a cerca de 16 bilhões de cruzados, e as provisões técnicas 4,4 bilhões de cruzados. Em 1º de março de 1986 o ministro da Fazenda, Dílson Funaro, lança o Plano Cruzado, um Plano de estabilização econômica. Naquela ocasião o nosso país passava por uma das maiores inflações de sua existência com uma inflação no patamar de 300% ao ano. O Plano Cruzado tem efeito imediato de conter a inflação e aumentar o poder aquisitivo da população. O país é tomado por um clima de euforia. Milhares de pessoas passam a vigiar os preços no comércio e denunciar as remarcações feitas. São os "fiscais do Sarney". O impacto dessa medida teve forte repercussão no país, gerando na população geral aceitação com efeitos e reflexos no meio segurador. O mercado de seguros tem sido palco de algumas mudanças que abrangem um amplo leque de significados e efeitos. Por ordem de importância não há dúvida que a primeira a ser lembrada, pela sua fundamentalidade é o advento do Plano Cruzado e toda a sua cadeia de efeitos na atividade seguradora. O sistema de seguros, que tratava ativamente naquela ocasião da implantação da indexação plena às suas operações, viu-se de repente tornar-se realidade todas as situações que estavam sob exame para solução via indexação. É certo que a nova ordem trazida pelos Decretos 2.283/86 e 2.284/86 levarão a atividade seguradora de volta para a tecnicidade, bastante prejudicada pela frenética ciranda financeira dos últimos anos. Estima-se, no entanto, que somente no prazo de um ano é que estarão completamente delineados os novos cenários que compõe o quadro da atividade de seguros do país. O Decreto-lei 2.284 teve como conseqüências uma substancial redução do rendimento financeiro das seguradoras, e como conseqüência teve que se buscar resultado operacional pelo aprimoramento das normas de aceitação de risco; maior cuidado na gerência de riscos; e maior racionalidade dos custos comerciais e operacionais, incluindo custos administrativos.

19 Após medidas de estabilização econômica, os resultados das seguradoras serão fundamentalmente conseqüência da boa operação, sem mais o mascaramento dos elevados ganhos financeiros que ocorriam anteriormente. Nesse sentido, o mercado segurador verá, a partir do Decreto, a realidade de seguros subtaxados, ou mal administrados, com componentes de custos fora dos modelos permitidos. A acomodação das seguradoras às novas regras do jogo econômico ocorrerá sem maiores abalos, bastando acionar 4 dispositivos de simples execução: a. Eliminar o componente inflacionário embutido nos preços de fornecedores de serviços b. Racionalizar os custos administrativos c. Reduzir os custos de comercialização, mantendo o pagamento das comissões em níveis tradicionais. d. Elevar a massa segurada, dinamizando as economias de escala. O prêmio do seguro está recuperando a sua dignidade de acobertador de riscos e perdendo a característica de matéria-prima da especulação financeira. A lucratividade das seguradoras estava fortemente influenciada pelos ganhos inflacionários decorrentes das aplicações financeiras dos prêmios arrecadados, enquanto os compromissos correspondentes aos valores segurados permaneciam em termos nominais durante toda a vigência do contrato. A economia foi aquecida e reativada como a muitos anos não se via e o mercado de seguros é sensível a isso. Houve uma produção real vendeu-se seguro como água. Quando um indivíduo se a economia está ativada faz um investimento, busca proteção no seguro. Se 86 foi um ano marcado pela possibilidade de planejamentos em longo prazo, 87 surge como um ano difícil de planejar pelas seguradoras porque a economia está passando por uma transição está sendo objeto de redefinição. Isso porque após alguns meses com preços congelados, juros baixos, desindexação e inflação

20 controlada, o cenário nacional viu, mais uma vez, voltar um dos elementos que mais causa inquietação: a escalada inflacionária. O insucesso do Plano Cruzado levou o governo a novas medidas em busca de melhores condições. O primeiro trimestre de 88 não foi bom. Seu desempenho sofreu uma queda de 15,3% em relação a igual período de 87. Era mister pôr em ordem nossa economia e disciplinar a situação financeira do país e gerar condições para o seu desenvolvimento. O mercado refletia as dificuldades gerais e entorpecia suas operações. E o setor de seguros sofria também as conseqüências da conjuntura geral. No que diz respeito ao panorama do mercado de seguros no Brasil há um ponto para o qual deve convergir o esforço: a defesa da casa de forma a proteger o IRB contra a tentativa de quebra de monopólio. O setor de seguros tem um papel extremamente relevante na economia moderna. Primeiro, ele contribui para o crescimento econômico,pois é um poderoso pólo investidor agindo diretamente na poupança através do recolhimento de prêmios: contribui para a preservação do acervo empresarial do país, no caso, de acidentes os sinistros e, profissionalmente conduzido, promove a redução da acidentalidade, contribuindo para o aumento da eficácia do sistema econômico. Contribui ainda para um nível adequado de emprego, porque o setor de seguros, pelos seus investimentos, sempre está criando a capacidade de gerar empregos. A estabilidade de preços também é uma contribuição do setor de seguros que implicitamente é um pólo investidor não inflacionário ou especulativo porque fazem investimentos em longo prazo. Também influi no equilíbrio da balança de pagamentos, porque seguro é sempre uma indústria de equilíbrio. Desde que o parque nacional esteja propriamente dimensionado e atraente ele deve aceitar e dar coberturas de risco equivalente, operando em equilíbrio recíproco com outras praças.

21 Nessa trajetória multissecular da história do seguro no Brasil, é relevante destacar que a moldura institucional das empresas, o tipo de produtos e o perfil dos profissionais que tem atuado no setor ao longo do tempo foram definidos pela sociedade. A intervenção do Estado normatizador e fiscalizador surgem apenas quando o mercado, já em funcionamento, adquire complexidade e diversidade nos negócios, passando a requerer um mecanismo de modulação de interesses. Normas que, atendendo aos superiores interesses do País, ditados pela conjuntura histórica, preservem o funcionamento das instituições do mercado e assegurem o cumprimento das coberturas contratadas pelos segurados. A década de 90 trouxe a abertura geral do mercado à concorrência estrangeira e uma política nacional de manutenção da inflação em índices mais baixos. A nova realidade econômica determinou importantes mudanças no comportamento da população brasileira, influenciando positivamente o mercado segurador. Por outro lado, essa atividade apresentou, no mesmo momento, um volume de sinistros atípico, com forte redução de resultados, o que afetou a atividade brasileira de resseguro na primeira metade da década.

22 CAPÍTULO II AS FORMAS DE DIMINUIR O RISCO

23 2 - As Formas de Diminuir o Risco Existe uma relação inversa entre risco e retorno, impossibilitando a maximização simultânea das duas variáveis.determinado um nível de rentabilidade desejado decorre, inevitavelmente, um risco a ser suportado. A minimização do risco para um determinado nível de retorno é obtida por meio de uma das três formas seguintes: a diversificação, o seguro ou a obtenção de informações adicionais. O mercado de seguros pode aliviar os riscos em um mundo de incertezas. O consumidor paga um prêmio à seguradora e esta o indeniza em caso de perda do bem segurado. Isso ocorre da seguinte maneira: suponhamos que uma pessoa compre um carro por R$35.000,00 e deseje fazer um seguro de R$10.000,00, que lhe custará R$100,00. Suponhamos também que a distribuição de probabilidade é de 1% de possibilidade de ter R$34.900,00 (R$35.000,00 de outros ativos R$10.000,00 de perdas + R$10.000,00 de indenizações R$ 100,00 de prêmios do seguro) e 99% de possibilidade de ter R$34.900,00 (R$ 35.000,00 de ativos R$100,00pagos pelo prêmio do seguro). Isso quer dizer que o mercado de seguros faz com que o consumidor acabe com a mesma riqueza no final e ao mesmo tempo está protegido contra perdas que poderia vir a ter. Quanto ao seguro que a pessoa vai escolher dependerá de suas preferências. Os seguros são atrativos para pessoas com aversão a riscos, pois como foi visto anteriormente, tais pessoas estão dispostas a pagar prêmios para transferir risco para terceiros. A magnitude de tais prêmios é influenciada pelo grau de aversão ao risco da pessoa, pela probabilidade de sinistros e pelo valor potencial do prejuízo. Uma quantidade restrita de informações também é utilizada para a tomada de decisões em situações cujos resultados são incertos como é o caso do

24 seguro. Assim, na medida em que uma maior quantidade de informações esteja disponível, previsões mais seguras poderão ser efetuadas, reduzindo-se o risco. 2.1 A abertura que não aconteceu Para Cláudio Contador, diretor executivo da Funenseg, Fundação Nacional Escola de Seguros, o ano de 2000 decepcionou bastante se considerarmos o adiamento das reformas que modificariam o sistema de previdência, acidentes do trabalho, seguro de responsabilidade civil, e a frustrada privatização do IRB O economista Cláudio Contador reconhece o aporte de capital estrangeiro recebido pelo mercado, principalmente aquele proveniente de fusões com empresas nacionais, mas diz que os investidores estão decepcionados com o setor. A abertura tão aguardada, na sua opinião, não aconteceu. O Brasil é hoje o maior filão mundial. Contador, ao exaltar o potencial do país em matéria de seguro, lembra que a China, também considerada um mercado promissor, não oferece as condições brasileiras. Sendo um país de economia basicamente rural, concentra 70% da população no campo. Seguro é uma atividade tipicamente urbana, e, além do mais, a economia da China não é sofisticada como a brasileira. Contador gostaria que 2000 tivesse sido o ano zero para o seguro, o início de uma nova fase, que na sua avaliação, não foi possível. O início da campanha eleitoral para 2002, no segundo semestre, bloqueará as reformas. O governo, na sua opinião, está pouco interessado na privatização do IRB e não percebe a necessidade de capital, a carência de investimentos. Considera também uma loucura a idéia de taxar os fundos de pensão. Outro fato apontado como decepcionante pelo analista é a SUSEP não dar maior atenção a solvência das empresas. Contador observa que a superintendência está melhorando a fiscalização, mas poderia deixar o mercado solto, sem engessar os produtos. As seguradoras, inibidas, acabam adiando os lançamentos, afirma. Contador também faz considerações sobre o seguro de meio ambiente, que embora necessário, está parado. Ao afirmar que o mundo caminha

25 para esse lado, ele ressalta a importância do certificado de seguro ambiental, necessário até para o relacionamento e negócios entre países, e sugere um debate em torno desse tipo de seguro. Na opinião do economista é preciso uma regulamentação que permita aos mercados de capitalização, previdência, entre outros, usarem instrumentos financeiros modernos que nossa economia dispõe. Não estamos inventando nada, pois são dispositivos já existentes. O mercado de capitais, ele garante, vai se beneficiar muito, os investimentos vão melhorar e haverá geração de empregos. O seguro poderá ser, na sua avaliação, um pólo irradiador de efeitos benéficos para outros setores da economia. Na área internacional, especificamente na América Latina, Contador vê um grande mercado para os seguradores brasileiros, inclusive a oportunidade de integração da atividade produtiva dos países que formam o Mercoseguros (Mercosul + Seguros). E, ao encerrar, propõe um novo espaço para discussões, onde o Itamaraty participará do processo de integração pelo seguro, colocando as seguradoras em contato com as federações desses países. 2.2 - A intervenção do Estado, a modu1ação dos conflitos e a criação do IRB O Instituto de Resseguros do Brasil foi criado em 1939, graças ao então presidente Getúlio Vargas. Naquela época, a atividade de resseguro no País era feita quase totalmente no Exterior, de forma direta ou por intermédio de companhias estrangeiras que operavam no Brasil. A necessidade de favorecer o aumento da capacidade seguradora das sociedades nacionais, para a retenção de maior volume de negócios em nossa economia, tornava urgente a organização de uma entidade nacional de resseguro. Assim nasceu o IRB, uma sociedade de economia mista, jurisdicionada ao Ministério do Trabalho, da Indústria e do Comércio, com o objetivo de regular o co-seguro, o resseguro e a retrocessão, além de promover o desenvolvimento das operações de seguros no País.

26 As operações de resseguros no Brasil, desde a criação do IRB, em 1939 estiveram sob controle do Estado, que exerceu através do monopólio da atividade. Esse monopólio foi confirmado pelo art. 192 da Constituição Federal de 1988. Assim foi em 1940, com a efetiva instalação do IRB - Instituto de Resseguros do Brasil, entidade criada num contexto cerradamente estimulado por aspirações nacionalistas e destinada a ser instrumento estatal de ordenação econômica. Tinha como proposta política o fortalecimento do mercado brasileiro em face à presença então dominadora das companhias estrangeiras, e como desafios operacionais a regulação do resseguro e o fomento às operações de seguros em geral. Objetivos atingidos, graças acima de tudo à qualidade e competência dos quadros técnicos formados pelo próprio IRB, que se tornaria um celeiro de talentos para o mercado. Com o passar do tempo, entretanto, seu modelo monopolista e centralizador começaram a dar mostras de esgotamento e de já não atender plenamente às novas exigências do mercado. Idealizado para ser fundamentalmente uma instituição ocupada com o resseguro, o IRB vinha ultrapassando os limites de suas funções originárias. Paulatinamente ia assumindo um caráter de órgão fiscalizador, afastando-se de sua verdadeira missão de empresa resseguradora. E, paradoxalmente, idealizado para estimular o fortalecimento das seguradoras brasileiras, o IRB acabaria por ultrapassar os objetivos que haviam orientado sua criação, chegando a inibir a criatividade e a livre concorrência entre as empresas do setor. A criação do IRB teve tal importância naquele momento para o desenvolvimento do mercado segurador brasileiro assim como para o incremento da economia nacional que o resultado de suas operações se expressou em números significativos: com apenas nove meses de atuação, o Instituto conseguiu reter no país cerca de 90% dos prêmios de resseguros-incêndio praticados. Acompanhando passo a passo o desenvolvimento da economia, o mercado segurador brasileiro e a atividade de resseguro tiveram suas bases ainda mais

27 solidificadas durante a década de 70. Nesse período, o IRB procurou incentivar o processo de fusões e incorporações de seguradoras, o que resultou em maior economia de escala nas operações securitárias, consolidando o seguro como meio de captação de poupança interna. 2.3 Regulamentação Em 1966, com a edição do Decreto-Lei 73, foi instituído o Sistema Nacional de Seguros Privados, criando o CNSP - Conselho Nacional de Seguros Privados, e a SUSEP- Superintendêcia de Seguros Privados, órgão que originariamente assumiu a missão institucional de controlador e fiscalizador da constituição e funcionamento das sociedades seguradoras e, posteriormente, das entidades abertas de previdência privada, criadas pela Lei 6435, de 15 de julho de 1977. Dotada de poderes para apurar a responsabilidade e apurar instituições ou profissionais da área de seguros que atuem culposa ou dolosamente em prejuízo do mercado, a SUSEP assume, de maneira efetiva, a tutela direta dos interesses dos consumidores de seguros. O IRB, que atua então praticamente exercera funções hegemônicas na definição dos modos de operação de seguros no Brasil, passa a dividir com a SUSEP algumas atribuições que, embora distintas nos termos da legislação, por quase duas décadas acabaram se superpondo em importantes aspectos. Mas, a partir de 1985, a SUSEP dá início a uma fase de profundas transformações, que começava por sua reorganização interna, pondo fim à cultura formalista que até então marcara sua atuação e culminava na definitiva conformação e público reconhecimento de sua identidade institucional. Assumindo na plenitude suas funções de reguladora do mercado segurador, a SUSEP implanta o sistema de audiência pública e aberta a todos os segmentos, para a formulação de medidas gerais e tomada de decisões. Promove a desregulamentação gradual da atividade seguradora e dá autonomia à criação de produtos. Estimula a formação de empresas regionais. Fiscaliza a constituição e aplicação de reservas técnicas em ativos mobiliáirios, de acordo com as normas do

28 CNSP. Institui novo e adequado Plano de Contas para as seguradoras. Acaba com a exigência de carta-patente para o funcionamento das seguradoras. E, para enfrentar a realidade da inflação que corroía valores segurados, promove a indexação dos contratos, que passam a ser atualizados com base na correção monetária. Estavam criadas as condições de liberdade operacional e aperfeiçoamento regulatório, que possibilitariam o crescimento do mercado num ambiente de justa e desejável concorrência. 2.4 - Quebra do monopólio do IRB Em agosto de 1996, o Congresso Nacional aprovou a quebra de monopólio para a atividade de resseguro no Brasil, delegada, até então, exclusivamente ao IRB. Um ano depois, o Instituto de Resseguros do Brasil foi transformado em IRB-Brasil Resseguros, sob a forma de sociedade por ações, permanecendo como empresa estatal de economia mista, com controle acionário da União. A mesma proporção de participação para as empresas seguradoras nacionais foi mantida. Essa modificação constitucional dependia, para ser eficaz, da elaboração de regulação para as operações de resseguro em um mercado aberto. Em fins de 1999, foi publicada a lei ordinária 9.932, a qual transferiu as atribuições do IRB-BRASIL Re para a SUSEP e delegou ao CNSP a atribuição de regular a atividade. Contudo, as mudanças não param por aí, o monopólio do resseguro, pela Lei 9.932/99, foi quebrado, com a permissão de acesso de novos operadores. O poder de regulação e fiscalização, condição essencial para permitir a privatização do IRB-Brasil Re, foi transferido para a SUSEP. Mas, nada disso está valendo, uma vez que os efeitos da lei foram suspensos, em julho de 2000, por medida liminar - até agora, sem apreciação do mérito - concedida pelo Supremo Tribunal Federal, em Ação de Inconstitucionalidade Direta (Adin) impetrada pelo Partido dos

29 Trabalhadores. Com isso, a privatização foi suspensa e a abertura do mercado também. Sendo assim, na prática, permanece o monopólio legal do IRB no tocante à exclusividade na contratação dos contratos de resseguro.

30 CAPÍTULO III SEGURO NO BRASIL ATUAL

31 3 - Seguro no Brasil Atual 3.1 Os Seguros: Ramos e Modalidades Seguros Privados. O seguro classifica-se em dois grupos básicos: Seguros Sociais e Seguros sociais são os que se destinam às classes trabalhadoras (assalariadas), tendo como característica básica a obrigatoriedade. São operadas pelo Estado, para proporcionar assistência médica, aposentadoria, pensão e indenização por acidentes de trabalho. Seguros Privados são operados por empresas privadas de seguros e podem ou ser obrigatórios. Também podem apresentar características sociais, a exemplo do seguro Obrigatório de Danos Causados por Veículos Automotores de Via terrestre (DPAT). Segue-se a classificação por finalidades básicas, que divide o seguro em três grandes ramos: Vida, saúde e Ramos Elementares. Vida e Saúde são seguros destinados a pessoas; Os Ramos Elementares destinam-se a assegurar bens e serviços. Cada Ramo Elementar se subdivide em classificações específicas, para identificar com precisão diferentes formas de seguros destinadas a diversos setores econômicos e sociais. Cada tipo de seguro tem sua classificação distinta, baseada no risco contra o qual o segurado deseja cobertura. Essa classificação denomina-se Ramo ou Carteira de Seguros. Por exemplo: o Seguro Incêndio faz parte do Ramo Incêndio. Um mesmo Ramo ou Carteira pode abranger várias modalidades.

32 Modalidades são adaptações do contrato seguro de determinado ramo, de modo a incluir as características próprias do risco específico que se deve segurar. Em qualquer modalidade, o contrato básico de seguro observa sempre as Condições Gerais do ramo e as Condições particulares exigidas por um risco específico. Seguro Incêndio Garante ao segurado o reembolso pelos prejuízos causados pela ação do fogo e suas conseqüências, sobre objetos de sua propriedade ou pelos quais seja responsável. Um Seguro Incêndio pode cobrir, ainda, os prejuízos causados por perda de aluguéis e por perda de prêmios em caso de sinistro. No Brasil, o Seguro de Incêndio é obrigatório para pessoas jurídicas e para os condomínios residenciais. Seguro de Roubo A finalidade do seguro de Roubo é reembolsar o segurado pelos prejuízos que este venha a sofrer, em conseqüência de roubo e furto qualificado de bens citados na apólice. Esta modalidade de seguro abrange apenas os atos praticados no recinto indicado na apólice como local do seguro e garante também danos materiais causados aos bens segurados e/ou decorrência dos atos acima mencionados, mesmo que por simples tentativa.no Seguro de Roubo, há ainda a cobertura All Risks garante a indenização por simples desaparecimento e/ou perda de objetos segurados. Sua concessão, entretanto, é restrita a segurados de ilibada idoneidade moral. Seguro de Automóveis Garante ao consumidor indenização contra perdas que o mesmo venha a ter em decorrência de colisão, Incêndio e roubo, ocorridos com o veículo segurado. A denominação Automóvel inclui veículos de via terrestre, abrangendo carros

33 particulares de passeio, caminhonetes, ônibus e demais veículos automotores sobre terra. É o maior produto de varejo, com significativa participação na carteira dos corretores de seguros, considerando-se o volume de prêmios que gera e o número de riscos e sinistros que administra, o Seguro de Automóvel é o ramo mais importante dos ramos não vida. É o seguro de mais demanda que oferta. Seguro de Responsabilidade Civil Facultativa de Veículo (RCF - V) O RCF-V Tem como finalidade o reembolso relativo à reparação pela qual o segurado seja responsável em função de prejuízos causados a terceiros pelo veículo segurado. Esse seguro pode ser realizado adotando - se uma das seguintes formas: apenas para cobrir responsabilidade por danos materiais; apenas para cobrir responsabilidade por danos corporais ou para cobrir responsabilidade por danos materiais e corporais. Seguro de Responsabilidade Civil Geral Garante ao segurado o reembolso da indenização que tenha pagado em conseqüência de lesões corporais ou danos materiais sofridos por terceiros, desde que decorrentes de atos involuntários do segurado. Por exemplo: um prédio em construção cujas obras provocam acidente em um cidadão que transite em suas proximidades. Ou, ainda, um elevador que se desprende e, na queda, causa danos físicos aos passageiros. Em ambos os casos, deverão ser reparados pelos responsáveis: o construtor do prédio e a empresa responsável pelo elevador. As modalidades de RCG mais utilizadas no mercado brasileiro são: a) Guarda de veículos de terceiros, b) Condomínios; c) Obras civis e instalação e montagem; d) Estabelecimentos comerciais e/ou industriais; e) Produtos; f) RCG Familiar; g) RCG Profissional

34 Seguro Saúde Esta modalidade é destinada a assegurar ao segurado nos campos de atendimento médico e hospitalar, a cobertura de gastos referente a cirurgias, honorários médicos, exames laboratoriais, tratamentos, consultas médicas, internações, etc. As coberturas variam em função do contrato. Por esse motivo, é importante observar o que está estipulado no mesmo ao contratar o seguro. Seguro de Acidentes Pessoais Tem por finalidade: indenizar o segurado ou seus beneficiários na ocorrência de um acidente. Este seguro cobre toda ocorrência involuntária, externa, súbita e violenta que possa causar lesões corporais e que tenha como conseqüência a morte ou invalidez permanente do segurado ou, ainda torne necessário um tratamento médico. As garantias principais oferecidas por este seguro são: morte e invalidez permanente, sendo que, na contratação do seguro, devem ser estipuladas pelo segurado verbas distintas para cada garantia. Além das garantias básicas, existem duas denominadas de garantias adicionais, que são: DMH - Despesas Médico- Hospitalares e DIT - Diárias de Incapacidade Temporária. Para cada uma delas, deve ser estipulada uma verba correspondente. Seguro de Vida Tem por finalidade o pagamento, por morte ou sobrevivência do segurado, de uma determinada quantia, previamente fixada na apólice, à(s) pessoa (s) por ele designada (s) no ato da contratação do seguro, ou o próprio segurado no caso de sobrevivência a período determinado.existem ainda outras coberturas que podem ser agregadas. Hoje, uma leva de novos produtos garante o resgate corrigido das mensalidades pagas. Este é o seguro de vida resgatável. A apólice pode ter prazo determinado (exemplo: cinco, dez ou vinte anos). Os prêmios pagos vão constituindo um fundo, no qual são creditados juros. Ao final do período, o segurado pode resgatar o fundo criado ou receber a importância segurada escolhida.

35 Seguro de Vida em Grupo A finalidade deste seguro é garantir o pagamento de uma indenização ao beneficiário, quando ocorrida a morte do mesmo. Trata-se de um contrato temporário, com prazo de um ano, renovável a critério do estipulante (empresa). O seguro de vida em grupo cobre várias pessoas contra o risco de morte, também podendo ser agregada à seguinte cobertura adicional: invalidez permanente, por doença ou acidente. A taxação desse seguro tem como base a idade dos participantes do grupo segurado, ponderada pelos respectivos capitais segurados. Seguro Residencial É a proteção ideal ao patrimônio, uma vez que conta com múltiplas coberturas, entre as básicas e adicionais. Eis algumas dessas coberturas: incêndio de naturezas diversas, vendaval, furacão, ciclone, danos elétricos, desmoronamentos, roubo de bens na moradia habitual, quebra de vidros, equipamentos eletrônicos, perda ou pagamento de aluguel. Seguro de Lucros Cessantes Um sinistro que atinja os bens materiais prédios, maquinas, instalações de uma empresa não produz apenas danos em seu patrimônio físico. Os prejuízos decorrentes da paralisação ou sensível redução das atividades industriais ou comerciais podem até mesmo superar, em valor, os danos ou destruições de ordem material. O seguro de Lucros Cessantes tem sua origem nessa constatação: a ocorr6encia de sinistros pode gerar, além dos danos materiais, prejuízos financeiros decorrentes da paralisação ou diminuição das atividades das empresas industriais ou comerciais. Então, e até por conseqüência, o objetivo desse seguro é garantir a manutenção da situação financeira da empresa, após um sinistro de danos materiais que tenha perturbado ou paralisado o movimento normal dos seus negócios. No

36 Brasil, este seguro é geralmente contratado para cobrir prejuízos causados por inc6endios, greves e tumultos, explosão, danos elétricos, quebra de máquinas etc. Seguro Obrigatório (DPVAT) O DPVAT (Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre) é um seguro obrigatório que todo proprietário de veículo paga ao fazer o licenciamento anual de seu veículo (carro, moto, ônibus ou caminhão). Administrado por um convênio de seguradoras privadas, o DPVAT visa indenizar qualquer pessoa que tenha sido vítima de acidente de trânsito, em caso de morte, invalidez permanente, ou para reembolso de despesas médico-hospitalares, sem importar se houve, ou não, culpa por parte do motorista. Seguro de Garantia de Obrigações Contratuais (Seguro Garantia) Embora disponível há anos no mercado segurador nacional, este ramo de seguro ainda continua desconhecido pelos empresários, que deixam de contar com esta cobertura específica. Foi desenvolvido especialmente para garantir licitações, contratos firmados para a execução de obras ou fornecimento de produtos ou serviços: o seguro é a empresa contratante. Para prevenir o risco de inadimplência da contratada, a contratante recorre ao Seguro Garantia para assegurar a conclusão da obra no prazo e nas condições especificadas no contrato. O Seguro Garantia, embora apresentando algumas afinidades com o Seguro de Crédito, difere fundamentalmente deste último. No Seguro crédito, a seguradora funciona como fiadora e principal pagadora do segurado, em caso de impontualidade ou insolv6encia do devedor. No Seguro Garantia, a seguradora torna-se co-obrigada (juntamente com o tomador, isto