JUÍZO DE DIREITO DA 4.ª VARA DO JÚRI FORO REGIONAL VI PENHA Processo nº Controle nº 1325/01 VISTOS.

Documentos relacionados
033/ (CNJ: ) Damaso Gerson Souza da Silva Junior. Juiz de Direito - Dr. José Antônio Prates Piccoli

PROVAS SUBJETIVAS P 2 e P 3

ATIVIDADE/PRÁTICA PROCESSUAL PENAL

PROVA PRÁTICA P 4 SENTENÇA PENAL

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

TURMA RECURSAL ÚNICA J. S. Fagundes Cunha Presidente Relator

DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL

SEGUNDA PROVA ESCRITA SENTENÇA CRIMINAL

provimento ao apelo defensivo, para absolver o réu, com fundamento no artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

PODER JUDICIÁRIO 1.ª VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

1 PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL QUESTÕES DISCURSIVAS Questão Questão Questão Questão 4...

DIREITO PROCESSUAL PENAL

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

DIREITO PROCESSUAL PENAL IV

Professor Wisley Aula 05

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL

TESTES PROCESSO PENAL. Aula 3 Prof. Rodrigo Capobianco

PROCESSO E PROCEDIMENTO PROF. DR. VANDER FERREIRA DE ANDRADE

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Sumário. Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 Código de Processo Penal... 1

Apelação Criminal n , da Capital Relator: Desembargador Alexandre d Ivanenko

6 - Réu Lídio Laurindo: restou absolvido de todas as acusações; 7 - Réu Cildo Ananias: restou absolvido de todas as acusações.

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal da Comarca de Porto Alegre/RS

MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA SUBPROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA PARA ASSUNTOS JURÍDICOS

SENTENÇA. Vistos. A denúncia veio acompanhada do inquérito policial e foi recebida em 25 de novembro de 2015 (fls. 56)

PEDRO TIBÚRCIO LOURIVALDO FILHO foi denunciado no dia 3/2/2004, atribuindo-lhe o Ministério Público a seguinte conduta delituosa:

PROVA ESCRITA P 3 PRÁTICA DE SENTENÇA SENTENÇA CRIMINAL

TURMA RECURSAL ÚNICA J. S. Fagundes Cunha Presidente Relator

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

DIREITO PROCESSUAL PENAL IV

Direito Processual Penal

438_MPPI_DISC_01 CEBRASPE MPPI Aplicação: 2019

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Ponto 1. Em 1.º/2/2008, Mário foi acusado de ter contratado, em 3/1/2008, André para matar Vítor, que

Aula 10. Qual o vício quando o Ministério Público oferece denúncia em face de agente que possui apenas 17 anos?

ESCOLA DE GESTÃO E DIREITO CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA. DISCIPLINA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO III PRÁTICA PENAL 1º Semestre 2019

DIREITO PROCESSUAL PENAL

PROCESSO PENAL MARATONA OAB XXI PROF. FLÁVIO MILHOMEM

fls. 192 Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARINA GOMES ARAUJO, liberado nos autos em 09/05/2018 às 17:16.

AÇÃO PENAL. PROF. VILAÇA

Segunda Fase do júri Desaforamento

Júri moderno: Inglaterra - Willian o conquistador/ jurados. *Papa Inocente III, 1215, 4º Concílio de Latrão, proibiu o uso das ordálias

Tóxicos. O OBJETIVO DESTE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ A APRESENTAÇÃO DO PROCEDIMENTO ESPECIAL DA LEI DE DROGAS

PRIMEIRA VARA DOS CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA DA COMARCA DE GOIÂNIA

Índice Sistemático do Código de Processo Penal

PODER JUD I C I ÁR I O

A denúncia foi recebida em 25 de agosto de 2015.

JUÍZO DA ---- VARA CRIMINAL DA COMARCA DE UBERABA/MG

Crimes contra a Administração da Justiça. Rute Paes Brizolla da Silva. Juiz de Direito - Dr. Ilton Bolkenhagen

Índice Geral. Índice Sistemático do Código de Processo Penal. Tábua de Abreviaturas

ALESSANDRE FERNANDO ALEIXO

001/ (CNJ: ) Crimes de Roubo e Extorsão. Gamaliel dos Santos Rodrigues

Aula nº. 38 PROVAS EM ESPÉCIE - INTERROGATORIO. Pergunta-se: INTERROGATORIO é meio de prova ou meio de defesa?

DIREITO PROCESSUAL PENAL

PROF. Leonardo Galardo DIREITO PROCESSUAL PENAL

Questão 01) O inquérito policial consiste no conjunto de diligências efetuadas pela polícia judiciária para a

PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL DIREITO PENAL

l. TEORIA GERAL DA PROVA... 15

SESSÃO DA TARDE PENAL E PROCESSO PENAL RESPOSTA À ACUSAÇÃO Prof. Rodrigo Capobianco

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 15ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL

SUMÁRIO DECRETO-LEI 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941 LIVRO I DO PROCESSO EM GERAL LIVRO I DO PROCESSO EM GERAL

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Recurso Em. Sentido Estrito nº , da Comarca de São Paulo, em

1 de 5 18/01/ :23. Now part of Thomson Reuters Diário Oficial

Índice Geral. Índice Sistemático do Código de Processo Penal

Índice Geral. Índice Sistemático do Código de Processo Penal

DIREITO PROCESSUAL PENAL

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores NEWTON NEVES (Presidente), ALMEIDA TOLEDO E PEDRO MENIN.

A C Ó R D Ã O Nº (N CNJ: ) COMARCA DE VENÂNCIO AIRES. Vistos, relatados e discutidos os autos.

Vistos etc. O MINISTÉRIO PÚBLICO denunciou o réu MIKAEL ELOIR BARCKFELD, já qualificado, nos seguintes termos:

Superior Tribunal de Justiça

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

COORDENAÇÃO DE ESTÁGIO DO CURSO DE DIREITO RELATÓRIO DE AUDIÊNCIAS CRIMINAIS. Assinatura da autoridade: ACADÊMICO(A): TURMA PROFESSOR/ORIENTADOR:

A defesa apresentou pedido de concessão de liberdade provisória, tendo o agente Ministerial opinado a favor.

XXIII EXAME DE ORDEM PROCESSO PENAL PROF CHRISTIANO GONZAGA

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Processo Penal. Informativos STF e STJ (fevereiro/2018)

VISTOS. SENTENÇA lauda 1

: DESEMBARGADORA FEDERAL ASSUSETE MAGALHÃES

21º TRIBUNAL DO JÚRI - Simulado (EDITAL Nº 02/12)

PROVA DISCURSIVA GRUPO I DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL

Aula 25. Provas em Espécie (cont.) 1) Prova Pericial

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Procedimento comum: ordinário e sumário. Gustavo Badaró aulas 22 e 29 de março de 2017

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

PROVA DE INGRESSO RESIDÊNCIA JUDICIAL EDITAL 010/2016 INSTRUÇÕES GERAIS LEITURA OBRIGATÓRIA

Direito Processo Penal

DIREITO PROCESSUAL PENAL

PROVA DISCURSIVA P 3

Vistos os autos. Poder Judiciário

RITUAIS JURÍDICOS E PRODUÇÃO DE VERDADES: MALLET-PR,

PEDIU PRA PARAR, PAROU!

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Transcrição:

VISTOS. LUCIEN SAKIYAMA BARREIRINHAS foi denunciado perante este Juízo como incurso no artigo 121, parágrafo 2º, incisos I, III e IV, c.c. artigo 61, inciso II, e, do Código Penal, porque, na madrugado do dia 23 para o dia 24 de agosto de 2001, na rua John Speers, nº 666, nesta Capital, agindo com manifesta intenção homicida, impelido por motivo torpe, com emprego de asfixia e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, mediante estrangulamento, produziu em Luciana Sayuri Barreirinhas as lesões descritas em laudo de exame necroscópico, que foram a causa eficiente da morte da vítima. 935). Recebida a denúncia em 03.05.2005 (fls. e 970/990). O réu foi citado e interrogado (fls. 965 testemunhas. Defesa prévia, fls. 995/996. Arrolou Durante a instrução foram ouvidas oito testemunhas arroladas na denúncia, duas do juízo e sete testemunhas de defesa (fls. 1024/1088; 1157/1181; 1219/1239; 1258; 1298/1383; 1410/1415; 1424 e 1436/1444). 1

Na fase do artigo 406 do Código de Processo Penal, o Ministério Público pediu a pronúncia do acusado, nos termos da denúncia (fls. 1449/1456). fls. 1462/1522. Manifestação do assistente de acusação, A Defesa, por seu turno, requereu a impronúncia do acusado; alternativamente, pugnou pelo afastamento das qualificadoras (fls. 1528/1558). É, em síntese, o relatório. FUNDAMENTO e D E C I D O. No que toca ao requerimento para determinar-se a investigação de pessoa de nome Marcelo, fica denegado, inexistindo qualquer elemento sério a indicar a participação desse indivíduo no crime. Trata-se de ação penal pública incondicionada que se desenvolveu por rito especial. A denúncia é procedente. Ao cabo da instrução sumária ficou evidenciada a materialidade, bem como se fizeram presentes 2

indícios preliminares capazes de motivar a pronúncia do acusado. exame necroscópico, fls. 213. Materialidade demonstrada pelo laudo de Ouvido em juízo, o acusado negou o crime. Aduziu que na época em que a vítima foi morta, viviam normalmente como um casal. Na noite do crime, complementou, passou a noite inteira com seu irmão na casa. Disse que somente após a morte da vítima tomou conhecimento de que ela mantinha um relacionamento extraconjugal. Narrou que foi constatado um arranhão em seu pescoço na delegacia de polícia, mas não soube informar a origem. colação os depoimentos que seguem. Da prova oral produzida em juízo trago à Misao Minei e Emiko Minei, genitores da vítima, informaram ter ouvido comentários de que fora o réu quem matou a vítima. Ademais, suspeitaram que o acusado era o autor do delito, em virtude do seu comportamento após o crime. A genitora mencionou que Luciana já havia manifestado à tia o desejo de se separar do acusado e que Lucien não aceitava o rompimento. O motivo do crime seria o fato de o acusado não aceitar a separação. 3

José Carlos dos Santos, delegado de polícia, narrou que o réu reagiu friamente à notícia de que sua esposa havia sido encontrada morta. Martha Maria Keiko Muyashiro, tia da vítima, confirmou que, em uma conversa telefônica que manteve com a ofendida na semana do crime, esta lhe disse, chorando, que queria se separar do réu, pois estava gostando de outra pessoa. Nessa conversa, a vítima lhe narrou que o acusado não aceitava a separação, mesmo sabedor de que a ofendida estava gostando de outro homem. Nessa ocasião, a ofendida disse-lhe que estava em processo de separação e que o acusado lhe pedira para não mencionar esses fatos para os pais. Luis Eduardo Soares disse que conheceu a vítima por meio de contatos na Internet. Cerca de uma semana antes do crime encontrou-se com a ofendida, nos Estados Unidos. Foi informado pela vítima de que o casamento não estava bem e que o casal já não mantinha um relacionamento íntimo. Mais. Em certa ocasião, a vítima lhe narrou acerca de uma briga que teve com o acusado em razão deste ter encontrado presentes que a testemunha havia remetido para a ofendida. A própria vítima lhe confidenciou que, após retornar de viagem, contara para o marido que queria a separação, pois havia encontrado outra pessoa. Recebeu um e-mail, que acredita enviado pelo réu, dois dias antes do crime, no qual foi ameaçado, exigindo-lhe que parasse de procurar a vítima. 4

Boris Koji Shibayama, amigo do casal, disse ter sido procurado por Luciana uma semana antes de sua morte. Nessa conversa, a vítima lhe confidenciou a intenção de se separar do acusado. A testemunha do juízo Adilson Suli Yaguinuma, advogado que acompanhou o acusado na delegacia de polícia, disse ter notado que este apresentava ferimentos no pescoço, possivelmente arranhões. Tais marcas também foram notadas por policiais civis. Surgem, assim, da quadra probatória amealhada, suficientes indícios a apontar o acusado como autor do delito sub iudice. O acusado mentiu acerca da situação do casal, bem assim do conhecimento do caso extraconjugal da vítima. Ademais, no dia seguinte ao crime, apareceu com marcas no pescoço, provavelmente arranhões, sem contudo saber explicar a origem. No que toca às qualificadoras, devem permanecer, uma vez que encontram um mínimo de conforto na prova oral e pericial produzida. Não se apresentando de todo descabidas ou impertinentes, devem ser conhecidas e analisadas pelo corpo de jurados, juntamente com o fato principal. 5

Ante o exposto, julgo PROCEDENTE o pedido inicial, para PRONUNCIAR o réu LUCIEN SAKIYAMA BARREIRINHAS, filho de Agostinho de Jesus Barreirinha e Yoshe S. Barreirinhas, para ser submetido a julgamento por seus pares em plenário do Júri desta Comarca, como incurso nos termos do artigo 121, parágrafo 2º, incisos I, III e IV, do Código Penal. liberdade. Poderá o acusado aguardar o julgamento em Certifique-se como de praxe. P.R.I. São Paulo, 16 de setembro de 2008. Domingos Parra Neto Juiz de Direito 6