)i CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, DE 1W. PREVIDENCIA PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIZAÇAO - CRSNSP _4-2362 Sessão Recurso n 4580 Processo Susep n 10.006146/01-59 RECORRENTE: UNIBANCO SEGUROS S/A RECORRIDA: SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS - SUSEP EMENTA: RECURSO ADMINISTRATIVO. Denúncia. Seguro Garantia. Recusa de pagamento de indenização. Configuração do sinistro a exigir pagamento da indenização ao beneficiário. infração caracterizada. Recurso conhecido e provido parcialmente. PENALIDADE ORIGINAL: Multa no valor de R$ 68.000,00 BASE NORMATIVA: Art. 88 do Decreto-Lei n2 73/66. ACÓRDÃO/CRSNSP N2 6047/16. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, decidem os membros do Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdência Privada Aberta e de Capitalização, por unanimidade, nos termos do voto da Relatora, dar provimento parcial ao recurso da Unibanco Seguros S/A, para limitar a majoração da multa em virtude da reincidência ao dobro da pena base. Participaram do julgamento os Conselheiros Ana Maria Meio Netto Oliveira, Thompson da Gama Moret Santos, Paulo Antonio Costa de Almeida Penido, André Leal Faoro, Dorival Alves de Sousa e Marco Aurélio Moreira Alves. Declaração de impedimento do Conselheiro Washington Luiz Bezerra da Silva. Presentes o Senhor Representante da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Dr. José Eduardo de Araújo Duarte, a Secretária Executiva, Senhora Cecíiia Vescovi de Aragão Brandão, e a Secretária Executiva Adjunta, Senhora Theresa Christina Cunha Martins. Sala das Sessões (RJ), 7 de dezembro de 2016. ( \ÁNA MARIA MEIO NETO OLIVEIRA Presidente e Relatora
N 5p MINISTER1O I)A FAZENDA CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, DE PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIZAÇÃO RECURSO CRSNSP N 4580 PROCESSO SUSEP N 10.006 146/01-59 RECORRENTE: UNIBANCO SEGUROS S/A RELATORA: ANA MARIA MELO NETTO OLIVEIRA EMENTA Denúncia. Seguro garantia. Recusa de pagamento de indenização. Configuração do sinistro a exigir pagamento da indenização ao beneficiário. Infração caracterizada. Recurso conhecido e provido parcialmente. VOTO O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, pelo que dele conheço. Trata-se de analisar o recurso de Unibanco Seguros S/A, contra a decisão da SUSEP que aplicou multa no valor de R$ 68.000,00 à seguradora, pela conduta irregular consistente no descumprimento das condições contratuais da apólice n0 1008512570, em operação de seguro garantia em empréstimo com recursos do BNDES, deferido pelo Banco Industrial e Comercial a seu cliente, Frigorífico Araputanga S/A. Registro que o fato de a Unibanco AIG Seguros, sucessora da Unibanco Seguros, ter recolhido o valor da multa que lhe foi aplicada não prejudica a análise de seu recurso. A SUSEP afastando as razões de defesa considerou caracterizado o descumprimento de cláusula contratual de apólice de seguro, em decisão que veio a Ser confirmada pelo seu conselho diretor, sob o entendimento de que a própria seguradora admitiu que houve inobservância de contrato pelo tomador, bem como a condição de beneficiário do reclamante, e não comprovou as alegações que teriam justificado a negativa de pagamento da indenização. dv
CRSNSP RECURSO N Está correto o entendimento da autoridade supervisora. De fato, de urna análise mais detida da apólice de seguros, observa-se que a apólice sob referência destinava-se, precipuamenle, à garantia de adiantamento de pagamento efetuado pelo Banco Industrial e Comercial S/A, e seus desdobramentos, que capacitasse o tomador, no caso o Frigorífico Araputanga, a concluir o contrato que tinha por finalidade o fornecimento de 1.000 toneladas de carne bovina cozida e congelada que seria adquirida pelo comprador (Intracto Limited, empresa importadora, com sede em Dublin, Irlanda). Nesse sentido, a garantia de indenização alcançaria o valor de até R$ 1.780.000,00, dos prejuízos decorrentes do inadimplemento do tomador da operação de seguro, no caso, o Frigorífico Araputanga, em relação aos adiantamentos de pagamentos concedidos pelo beneficiário da apólice (Banco Industrial e Comercial). Ou seja, a operação de seguro visava a dar garantia e tranquilidade ao tomador do seguro, o Frigorífico Araputanga, tanto no contrato de exportação de carne bovina, quanto no contrato de financiamento com recursos do BNDES, por intermédio do Banco Industrial e Comercial. Não há dúvidas de que o Banco Industrial e Comercial era o beneficiário da indenização em caso de sinistro, relativo ao valor segurado por intermédio da apólice sob referência, condição que é inclusive admitida pela recorrente. O referido documento, a apólice, é bem enfático ao estabelecer que a garantia indenizatória referia-se a adiantamentos de pagamentos que não tenham sido liquidados na forma prevista, conforme contrato de FINAMEX, em razão de inadimplemento do tomador (Frigorífico Araputanga), em contrato de fornecimento com o segurado (Intracto Limited), estabelecendo textualmente (fi. 57): Garantia de Pagamento (SG-A P) (..) Garantia de indenização, até o valor de RS 1. 784.000,00 (um milhão, setecentos e oitenta mil reais), dos prejuízos decorrentes do inadimplemento do Tomador em relação aos adiantamentos de pagamentos concedidos pelo beneficiário da apólice, Banco Industrial e Comercial S/A, que não tenhani sido liquidados na forma prevista, conforme contrato de FINA MEX, em razão do inadimplemento do Toniador em relação do contrato de fornecimento com o Segurado, podendo o beneficiário da apólice Banco Industrial e Comercial 5/A, reclamar sinistro junto a Seguradora quando ficar caracterizada a inadiniplência do citado contrato de fornecimento. Não obstante constar das condições da garantia, em caso de sinistro, a eventual indenização estará sujeita ao processo de regulação/liquidação, afim de se determinar os valores devidos. Assim, fica evidente que havia uma conexão entre a operação de seguro e a operação de financiamento concedida pelo Banco Industrial e Comercial. Isto é, a operação 2 f
N 3p CRSNSP RECURSO N de seguro contratada com a seguradora ora recorrente visava a um só tempo dar garantias a que o importador tivesse segurança quanto à perforniance do contrato de fornecimento de carne bovina, e também que a instituição financeira pudesse ver-se ressarcida, em caso de inadimplemento do contrato de financiamento, com recursos do BNDES, concedido ao exportador. A caracterização e a configuração do sinistro se dão mediante a confirmação do descumprimento das obrigações do tomador (Frigorífico Araputanga) cobertas pela apólice, quais sejam as decorrentes da falta de pagamento dos adiantamentos efetuados pelo Banco Industrial e Comercial. Foi o que aconteceu. Conforme documentação constante dos autos, o Frigorífico Araputanga descumpriu as condições firmadas no contrato de empréstimo firmado com o BIC, fato também reconhecido pela própria recorrente. Como consequência, ganhou eficácia o dispositivo contratual que determinava o vencimento antecipado de todo a obrigação contratual, com a necessidade de antecipação do pagamento integral da obrigação correspondente. E o BIC diante do inadimplemento da obrigação da parte de seu cliente teve de repassar ao BNDES todo o valor da operação, vencido de uma só vez. Assim, verifica-se que houve a confirmação do descumprimento da obrigação do tomador do seguro, no caso o Frigorífico Araputanga, e portanto a configuração do sinistro, correspondente ao seguro de que trata a apólice sob referência. Dessa forma, tendo a seguradora se negado ao pagamento de indenização devida ao denunciante, a materialidade da conduta irregular está devidamente caracterizada, conforme se vê da documentação de consta dos autos. Posto isto, conheço do recurso e a ele dou provimento parcial, apenas para limitar a majoração da pena em virtude de reincidência ao dobro da pena base. É como voto. Em 8 de dezembro de 2016. (A 'ANA MARIA MELO NETTO OLIVEIRA Relatora Representante do Ministério da Fazenda RECEBIDO SE/CRSNSP/MF Rubrica e Carimbo - 3
5- CONSELHO DE RECURSOS SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, DE PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIZAÇÃO - CRSNSP Recurso 4580 (Processo Susep 10.006146/01-59) Recorrente: Relator: Unibanco Seguros S/A WALDIR QUINTILIANO DA SILVA Relatório No dia 24/7/2001 (fl. 1/7), o Banco Industrial e Comercial S/A apresentou reclamação à SUSEP contra Unibanco Seguros S/A, pelo fato de a seguradora não ter honrado o compromisso constante da apólice número 10088512570 (e posterior prorrogação), pertinente ao seguro garantia de obrigações contratuais, no montante correspondente a US$ 1.000.000,00, em operação de empréstimo com recursos do BNDES, deferido pelo reclamante a seu cliente, Frigorífico Araputanga S/A. O cliente da parte reclamante não atingiu a meta de exportação estabelecida, quando da contratação do empréstimo celebrado no âmbito do Programa BNDES-exim Pré-embarque Especial, em virtude do inadimplemento imputado ao cliente e decorrente de sua mora. Com isso, o reclamante, na qualidade de agente financeiro respondeu por todos os encargos, recolhendo-os ao BNDES, num total de R$ 3.015.750,05, correspondente a US$ 1.218.583,34. Uma vez configurada a inadimplência, o cliente foi deyidamente notificado extrajudicialmente, por meio do Serviço Notarial e Registral de Cuiabá. Na sequência, a Unibanco Seguros S/A foi igualmente notificada a respeito da caracterização do sinistro, oportunidade em que se fazia exigível a liquidação da apólice, na forma, valor e condições nela previstas. A seguradora não adotou qualquer providência, apesar das constantes solicitações feitas pelo reclamante, apesar da clareza dos fatos, dos específicos termos de cobertura da referida apólice e das provas documentais oferecidas pelo reclamante. No dia 20 de agosto de 2001, o reclamante reitera os termos da denúncia feita anteriormente, oportunidade em que informou de sua disposição de ajuizar medidas em desfavor da seguradora (fls. 82/83). A questão foi levada à seguradora, em 25/7/2001, no contexto do processo de atendimento ao consumidor, instaurado pela SUSEP (fi. 89). Em resposta, a AIG Brasil, Seguros Minas Brasil, na qualidade de sucessora da Unibanco Seguros, informou as razões da negativa do sinistro sob referência: 1) o segurado não foi atingido em nenhum momento por qualquer prejuízo; ii) não houve reclamação do segurado; iii) o evento que teria levado o tomador ao não cumprimento do contrato (doença da vaca louca) é considerado evento fortuito, risco que isenta a seguradora de qualquer responsabilidade (fls. 94/95). Em 19/10/2001, a reclamante retorna ao processo (fls. 98), para reiterar os termos da reclamação, e informar que a seguradora agiu de má-fé, ocultando o nome do banco como segurado na apólice. Posteriormente, isto é em 16/4/2003, a SUSEP instaurou o presente processo administrativo contra o Club Sul Seguros Pessoais S/C Ltda e contra a Unibanco AIG Seguros S/A, para apurar responsabilidades pelo descumprimento de contrato de seguro, ficando a indiciada sujeita à pe prevista no inciso IV, letra "g" do art. 52 da Resolução CNSP n9 60, de 2001, por infração ao art. 88 do L 73de 1966, consideradas as reincidências em três processos arrolados na peça intimatória (fi. 106).
9- Em suas razões de defesa (fls. 108/113), a UNIBANCO AIG SEGUROS alegou que: i) apesar de haver cláusula beneficiária em favor do reclamante, em razão de terceiro contrato de financiamento, resta claro que o seguro cobre exclusivamente o contrato de fornecimento de carne bovina; ii) o contrato de seguro em questão está sujeito a cláusulas restritivas e exclusões, regidas pelas condições da apólice; iii) a apólice de seguro em questão não cobre necessariamente qualquer risco ou dano porventura verificado no interesse das partes envolvidas, além de impor certas obrigações ao segurado e ao beneficiário em caso de sinistro; iv) a questão se encontrava sobre apreciação do poder judiciário, no aguardo de audiência de conciliação prevista para o dia 17/6/2003. Em 3/2/2004, a recorrente em atenção à solicitação da SUSEP informou que o IRB - Brasil Resseguros RE é detentor de 58,71% do risco segurado referente à apólice em referência e que o mencionado ressegurador não enviou carta negativa (fls. 127/128). A SUSEP considerou procedente a denúncia de que se trata (fls. 131/133 e 142/144), no que foi acompanhada pela Procuradoria-Geral Federal (fi. 145), tendo em vista que a seguradora admitiu o descumprimento do contrato pelo tomador e a qualidade de beneficiário do reclamante e não comprovou os motivos alegados para a negativa de pagamento da indenização. Assim, decidiu aplicar à indiciada a pena de multa no valor de R$ 68.000,00, pelo descumprimento das condições contratuais (fls. 146/148). Inconformada, a Unibanco AIG Seguros recorreu ao Conselho Diretor da SUSEP (fis. 157/173), que em decisão de fls. 175/176 manteve a pena imposta à companhia, sob o entendimento de que não foi trazido aos autos fato que pudesse levar à alteração da decisão proferida em primeira instância pelo DEFIS. A Unibanco AIG Seguros, mesmo tendo recolhido o valor integral da multa (fi. 171), recorreu a este colegiado (fls. 183/197), apresentando argumentos já trazidos ao processo, para ressaltar que: i) emitiu apólice de seguro garantia, dando cobertura ao risco de inadimplemento do tomador, o Frigorífico Araputanga, referente a um contrato de fornecimento de mil toneladas de carne bovina; ii) o beneficiário da apólice (Banco Industrial e Comercial) somente poderia reclamar o sinistro, quando ficasse caracterizada a inadimplência do contrato de fornecimento de carne bovina; iii) o reclamante contratou com o Frigorífico Araputanga uma operação com recursos do BNDES, no valor de R$ 1.780.000,00; e a ele, reclamante, foram oferecidos como garantia, dentre outros, o "seguro garantia" já mencionado; não há, portanto, qualquer vínculo entre os contratos, o de empréstimo e o de seguros; isto porque o contrato de seguros visa a garantir a performance do Frigorífico Araputanga perante o seu cliente importador de carne bovina, contra eventual interrupção de fornecimento; iv) o direito de beneficiário somente pode ser oposto ao segurador em caso de sinistro, por risco coberto pelo contrato de seguro que atinja o segurado e não um terceiro, como é o caso da instituição financeira reclamante; v) o direito do reclamante é de mero cessionário dos direitos do segurado sobre eventual indenização de seguro a que teria direito; o reclamante somente pode aspirar a receber indenização do seguro correspondente aos prejuízos efetivamente sofridos pelo segurado e não os que ele, reclamante, sofreu pela cobrança que lhe foi apresentada pelo BNDES; vi) o reclamante não comprovou o dano sofrido pelo segurado, nem sua extensão; vii) o egurado nada reclamou a respeito de eventual sinistro; assim, o beneficiário do seguro não tem seufo a receber. A PGFN, cha a a se fmanifestar sobre o feito nos termos regimentais, opinou pelo conhecimento do rec rso epela netiva de seu provimento (fls. 214/296). É o relatóri / Brasí(,9 d a il 2015. Waldir Quin liano"*a Silva Relator