POR QUE FICAMOS PARA TRÁS?

Documentos relacionados
Cenários Conselho Temático de Economia e Finanç

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO. Copyright 2011 by The McGraw-Hill Companies, Inc. All Rights Reserved.

PIB PAÍSES DESENVOLVIDOS (4 trimestres, %)

BRASIL: ORIGENS DA INTROSPECÇÃO ECONÔMICA E UMA SAÍDA COM MÃO DUPLA EDMAR BACHA INSPER SÃO PAULO, 26/06/2017

As Economias Emergentes no Contexto da Globalização. Quem são as economias emergentes?... Quem são as economias emergentes?...

TABELA - Destinos das exportações brasileiras de Laranja em NCM 8 dígitos: Sucos de laranjas, congelados, não fermentados

MB ASSOCIADOS. A agenda econômica internacional do Brasil. CINDES Rio de Janeiro 10 de junho de 2011

Ranking Mundial de Juros Reais Mai/13

Educação e Produtividade

Cenário Macroeconômico Brasileiro

Ranking Mundial de Juros Reais Ago/13

EXPORTAÇÃO BRASILEIRA DO CAPÍTULO 71 DA NCM. Por Principais Países de Destino. Janeiro - Dezembro. Bijuterias

REFORMA DA PREVIDÊNCIA: POR QUE FAZER? EFEITOS DA DEMOGRAFIA EXIGEM AJUSTE DE REGRAS

Estatística e Probabilidades

Ranking Mundial de Juros Reais OUT/14

Ranking Mundial de Juros Reais Mar/18

Rentabilidade com Preservação de Capital. José Márcio Camargo. Opus Gestão de Recursos Admirável Mundo Novo. Abril 2011.

Julho/2009 VOLATILIDADE CAMBIAL VOLATILIDADE CAMBIAL. Depecon / Derex

Ranking Mundial de Juros Reais Jul/17

AGENDA PARA PRODUTIVIDADE, COMPETITIVIDADE E EMPREGO

CRESCIMENTO SUSTENTADO, JUROS E CÂMBIO

I Cenário Mundial. II Contexto Internacional e o Brasil. III Brasil: Situação Externa e Interna. Tendências. IV Paraná em Destaque V Brasil:

ECO Economia Brasileira

Encontro Catarinense da Indústria. Perspectivas para a indústria brasileira

MOEDAS, JUROS, BOLSAS INTERNACIONAIS E COMMODITIES

Agosto / Análise Conjuntural. Assessoria de Assuntos Estratégicos da Presidência

PERFIL DO AGRONEGÓCIO MUNDIAL

ÍNDICE FIESP DE COMPETITIVIDADE DAS NAÇÕES (IC-FIESP)

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

MOEDAS, JUROS, BOLSAS INTERNACIONAIS E COMMODITIES

Desafios da inovação no contexto brasileiro. Carlos Arruda Núcleo de Inovação

MOEDAS, JUROS, BOLSAS INTERNACIONAIS E COMMODITIES

Agosto/2009 VOLATILIDADE CAMBIAL VOLATILIDADE CAMBIAL DEPECON / DEREX

MOEDAS, JUROS, BOLSAS INTERNACIONAIS E COMMODITIES

MOEDAS, JUROS, BOLSAS INTERNACIONAIS E COMMODITIES

MOEDAS, JUROS, BOLSAS INTERNACIONAIS E COMMODITIES

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

2º ENAPA ENCONTRO DE ANÁLISE DE PERFORMANCE ADUANEIRA PERSPECTIVAS PARA O COMÉRCIO EXTERIOR EM 2017

MADEIRA 2016 O Brasil e as negociações internacionais de comércio. Camila Sande Especialista em Negociações CNA

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

MERCADO INTERNACIONAL

Ambiente de Negócios e Reformas Institucionais no Brasil

AMCHAM BRASIL SÃO PAULO OBJETIVOS E METAS DO GOVERNO TEMER PARA O COMÉRCIO EXTERIOR

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

JUROS, BOLSAS INTERNACIONAIS, MOEDAS E COMMODITIES

JUROS E RISCO BRASIL

JUROS E RISCO BRASIL

BRASILEIRAS DE ARTEFATOS DE

DECOMTEC ÍNDICE FIESP DE COMPETITIVIDADE DAS NAÇÕES IC-FIESP José Ricardo Roriz Coelho

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

CENÁRIO GLOBAL E DOMÉSTICO 2009/10

JUROS E RISCO BRASIL

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

Perspectivas Econômicas

Brasil está quase na lanterna do ranking mundial de crescimento do PIB País ocupa a 31ª posição da lista de 34 nações, que é liderada pela China

JUROS, BOLSAS NTERNACIONAIS, MOEDAS E COMMODITIES

JUROS, BOLSAS INTERNACIONAIS, MOEDAS E COMMODITIES

JUROS, BOLSAS INTERNACIONAIS, MOEDAS E COMMODITIES

META DA TAXA SELIC 14,5% 14,25% 13,75% 13,75% 13,5% 13,00% 13,25% 12,75% 12,25% 11,75% 12,75% 12,25% 12,75% 12,50% 12,5% 12,00%

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

Taxas de Juros Elevadas e Semi-Estagnação

Avaliação do Plano de Desenvolvimento Produtivo Departamento de Competitividade e Tecnologia DECOMTEC / FIESP

JUROS, BOLSAS INTERNACIONAIS, MOEDAS E COMMODITIES

PROCESSO DE AGREGAÇÃO

A metamorfose dos pagamentos. Maria Prados Vice-Presidente de Crescimento Vertical em Varejo de Global ecom

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

Produtividade e Eficiência. Pedro Cavalcanti Ferreira Fundação Getulio Vargas

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

A FORMAÇÃO DOS BLOCOS ECONÔMICOS

Palestra: Panorama Econômico atual: Perspectivas Andrew Frank Storfer

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

Situação econômica. O presente começa agora

EDMAR BACHA I /s Saída para a crise tem mão dupla 1

DADOS DAS EXPORTAÇÕES DE MEL

2º PAINEL Taxa de câmbio e semiestagnação desde 1981

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

SETOR APÍCOLA BRASILEIRO EM NÚMEROS INTELIGÊNCIA COMERCIAL GUSTAVO CUBA

META DA TAXA SELIC 14,5% 14,25% 13,75% 13,75% 13,5% 13,00% 13,25% 12,75% 12,25% 11,75% 12,75% 12,25% 12,75% 12,50% 12,5% 12,00%

META DA TAXA SELIC 14,5% 13,75% 14,25% 13,75% 13,5% 13,25% 12,75% 13,00% 12,75% 12,50% 12,00% 12,25% 11,75% 12,5% 11,25% 11,00% 10,50% 11,25% 11,5%

Movimento Secular versus Bolha Pedro Bastos, CEO HSBC Global Asset Management - Brasil

COMPORTAMENTO DO RISCO BRASILEIRO

COMPORTAMENTO DO RISCO BRASILEIRO

META DA TAXA SELIC 14,5% 13,75% 14,25% 13,75% 13,5% 13,25% 12,75% 13,00% 12,75% 12,50% 12,00% 12,25% 11,75% 12,5% 11,25% 11,00% 10,50% 11,25% 11,25%

TRIBUTAÇÃO SOBRE DIVIDENDOS

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

Unidade II SISTEMÁTICA DE. Profa. Lérida Malagueta

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

Perspectivas Econômicas. Pesquisa Macroeconômica - Itaú Unibanco

Avaliação do Plano de Desenvolvimento Produtivo Departamento de Competitividade e Tecnologia DECOMTEC / FIESP

Perspectivas para 2012

Curso de Macroeconomia IV. Objetivo Programa Blog Introdução: Fatos Estilizados- Fatos a serem explicados pela teoria

Rumo a novos consensos?

AUSTRÁLIA. Intercâmbio Comercial com o Brasil e Comércio Exterior

ANÁLISE DO MERCADO DE MILHO. Perspectivas para 2016 e Projeções para 2017

ESTUDO ECONÔMICO DA OCDE

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

Transcrição:

POR QUE FICAMOS PARA TRÁS? Um apanhado de minhas pesquisas EDMAR BACHA São Paulo: Fundação FHC, 04/04/2018

1950 1952 1954 1956 1958 1960 1962 1964 1966 1968 1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 Brasil ficou para trás a partir de 1980 (2014 US$, PIBpc, PPPs) 0,38 0,36 BRA / US 0,34 0,32 0,30 0,28 0,26 0,24 0,22 2017=26% 0,20

1950 1952 1954 1956 1958 1960 1962 1964 1966 1968 1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 Colapso do PIB (Y ) coincide com o da acumulação de capital (K ) 14% 12% 10% 8% 6% 4% 2% K' Y' 0% -2% -4% -6%

Decomposição da acumulação de capital A partir da igualdade: valor do investimento = poupança, deriva-se: Taxa de crescimento do estoque de capital (K ) = taxa de poupança (s) dividida pelo preço relativo do investimento (p) vezes relação produto-capital (v) menos taxa de depreciação (δ): K = s(1/p)v δ

Colapso da acumulação de capital se associa à queda da relação produto-capital e ao aumento do preço relativo do investimento. Poupança não variou BRASIL Períodos K' s v p δ Idade de ouro 1950-1980 8.8% 19.4% 0.506 0.784 3.6% Década perdida 1981-1992 3.3% 20.9% 0.357 1.009 4.1% Reformas c/baixo crescimento 1993-2003 2.1% 18.3% 0.352 1.013 4.2% Síndrome chinesa 2004-2010 2.8% 18.5% 0.382 1.024 4.1% Dia seguinte da Grande Recessão 2011-2014 4.0% 20.3% 0.383 0.973 4.0% Quase-estagnação 1981-2014 2.9% 19.5% 0.364 1.009 4.1%

1947 1949 1951 1953 1955 1957 1959 1961 1963 1965 1967 1969 1971 1973 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 Queda da relação produto-capital acompanha a substituição pesada de importações 0,80 0,75 0,70 0,65 0,60 0,55 0,50 0,45 0,40 0,35 0,30 Relação PIB/K

1947 1949 1951 1953 1955 1957 1959 1961 1963 1965 1967 1969 1971 1973 1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 Aumento do preço relativo do investimento também coincide com substituição pesada de importações 1,5 1,4 1,3 1,2 1,1 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 p original p corrigido [p(2000)=1.0]

Taxa básica de juros: a caminho da normalidade? JURO REAL PRAZO CURTOA The Economist, taxa 3m/inflação projetada ano PAÍS 16/10/2010 28/03/2018 BRASIL 5,5 2,7 TURQUIA -0,7 3,7 MÉXICO -0,1 3,5 CHINA -0,3 2,3 ÁFRICA DO SUL 1 2 INDONÉSIA 1,6 1,8 RÚSSIA 1,0 1,8 ARGENTINA 1,5 1,7 COLÔMBIA 1,9 1,6 MÉDIA (34 países) -0,2 0,0 DESVIO PADRÃO 1,7 1,7

Spreads bancários são hoje o maior problema...

United States Spain Chile Mexico Argentina BRAZIL United States Mexico Spain Chile Argentina BRAZIL...como o são outros preços surreais USD PPP 50000 Carro (Toyota Corolla) USD PPP 0,9 Uso celular (1 min pré-pago) 45000 40000 35000 30000 25000 20000 15000 10000 5000 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 0

Lições de 12 países de crescimento rápido e sustentado: The Growth Report [Botswana, China, Cingapura*, Coreia do Sul, Hong Kong*, Indonésia, Japão*, Malásia, Malta*, Oman, Tailândia, Taiwan*] *hoje desenvolvidos Exploraram plenamente a economia mundial Mantiveram a estabilidade macroeconômica Alcançaram altas taxas de poupança e investimento Permitiram que mercados alocassem os recursos Tiveram governos comprometidos, críveis e capazes

Lições de 12 países que romperam a armadilha da renda média: integração, externa e interna, facilitada por homogeneidade e tamanho pequeno Poucos países que conseguiram ultrapassar a barreira da renda média depois da 2ª. Guerra o fizeram com abertura para o comércio internacional: Cingapura, Coreia do Sul, Hong-Kong, Israel, Taiwan (exportadores industriais) Espanha, Grécia, Irlanda, Portugal (exportadores de serviços, inclusive mão de obra) Austrália, Nova Zelândia, Noruega (exportadores de recursos naturais) Renda per capita ppc: mediana, $43 mil; Brasil, $15 mil Parcela comércio/pib: mediana, 75%; Brasil, 27% Além de abertos ao comércio internacional, são relativamente igualitários e, com exceção de Coreia do Sul e Espanha, bem pequenos Gini: mediano, 0,36; Brasil, 0,52 População: mediana, 10 milhões; Brasil, 207 milhões Ao contrário dos 12 países que ascenderam, Brasil é grande, desigual e fechado

Crescimento = Δprodutividade = integração Concorrência Tecnologia Escala Especialização

Relatórios recentes pró-abertura McKinsey, Brazil s path to inclusive growth. McKinsey Global Institute, maio 2014. CDPP/CINDES, A integração internacional da economia brasileira: proposta para uma nova política comercial. Texto para Discussão, junho de 2016. OECD, Fomentar a integração do Brasil na economia mundial. Capítulo 2 de Relatórios Econômicos OECD: Brasil. Paris: OECD, fevereiro 2018. Banco Mundial, Emprego e crescimento: a agenda da produtividade. Washington, DC: Banco Mundial: março 2018. Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Abertura comercial para o desenvolvimento. Brasília: SAE, março 2018.

Pilares de um programa de abertura para o Brasil Programa pré-anunciado, com três pilares, independentes entre si e implantados gradualmente, ao longo de 4 anos: Redução do custo Brasil (reforma tributária; concessões de infraestrutura) Troca de tarifas (e outras restrições à entrada de bens e serviços importados) por câmbio Acordos comerciais internacionais

Referências E. Bacha, Além da tríade: como reduzir os juros?. Em: E. Bacha, Belíndia 2.0. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012: 251-268. E. Bacha, Integrar para crescer: o Brasil na economia mundial. Em: J. P. R. Velloso (org.), Visão de Brasil: Estratégia de Desenvolvimento Industrial com Maior Inserção Internacional. Rio de Janeiro: Fórum Nacional, 2013: 47-65. E. Bacha e R. Bonelli, Accounting for the rise and fall of Brazil s growth after World War II. Em: M. Damill, M. Rapetti e G. Rozenwurcel (orgs.), Macroeconomics and Development: Roberto Frenkel and the Economics of Latin America. Nova York: Columbia University Press, 2016: 188-207. E. Bacha e R. Bonelli, Coincident growth colapses: Brazil and Mexico since the early 1980s, Novos Estudos/Cebrap, 35(2), julho 2016: 151-181. Banco Mundial, em nome da Commission on Growth and Development, The Growth Report: Strategies for sustained growth and inclusive development. Washington, D.C.: Banco Mundial, 2009.

Se nada disso der certo: Confederação Terra Brasiliensis como alternativa