3. ALGUMAS DEFINIÇÕES



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Transcrição:

Boletim Manual de Procedimentos Contabilidade Internacional Contratos de construção - Pronunciamento Técnico CPC 17 - Orientações gerais (1 a parte) SUMÁRIO 1. Introdução 2. Aplicação 3. Algumas defi nições importantes 4. Combinação e segmentação de contratos de construção 5. Receita do contrato 6. Custo do contrato 7. Reconhecimento da receita e da despesa do contrato 8. Reconhecimento de perda esperada 9. Alteração na estimativa 10. Divulgação 1. INTRODUÇÃO Por força da natureza da atividade subjacente aos contratos de construção, as datas de início e de término do contrato geralmente caem em períodos contábeis diferentes, por isso, o assunto primordial referente à contabilização dos contratos de construção é o reconhecimento da receita e da despesa correspondente, ao longo dos períodos de execução da obra. Seguindo a orientação que consta do Pronunciamento Técnico CPC 17 - Contratos de Construção, para determinar o momento em que a receita do contrato e a despesa a ela relacionada devem ser reconhecidas na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), devem ser utilizados os critérios de reconhecimento estabelecidos no Pronunciamento Conceitual Básico denominado Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis. Notas (1) O Pronunciamento Técnico CPC 17 foi aprovado pela Deliberação CVM n o 576/2009, que o tornou obrigatório às companhias abertas. (2) A Deliberação CVM n o 576/2009 aplica-se aos exercícios encerrados a partir de dezembro de 2010 e às demonstrações fi nanceiras de 2009 a serem divulgadas em conjunto com as demonstrações de 2010 para fins de comparação. 2. APLICAÇÃO Alguns contratos de construção podem conter características tanto de contrato de preço fixo quanto de contrato de custo mais margem (cost plus), com preço máximo acordado As normas tratadas neste texto devem ser aplicadas na contabilização dos contratos de construção, nas demonstrações contábeis das contratadas. Em se tratando de questões específi cas, objeto de outro pronunciamento que não seja o Pronun- ciamento Técnico CPC 17, objeto deste texto, prevalecerão essas normas específi cas. 3. ALGUMAS DEFINIÇÕES IMPORTANTES Os seguintes termos são usados neste texto, com os signifi - cados especifi cados a seguir: a) Contrato de construção: é um contrato especificamente negociado para a construção de ativo ou de combinação de ativos que sejam inter-relacionados ou interdependentes em função da sua concepção, tecnologia e função ou do seu propósito ou uso final; b) Contrato de preço fixo: é um contrato de construção em que o contratante concorda com o preço ou com a taxa prefixados por unidade concluída que, em alguns casos, estão sujeitos às cláusulas de custos escalonados; c) Contrato de custo mais margem (cost plus): é um contrato de construção em que o contratado é reembolsado por custos projetados e aprovados pelas partes - ou de outra forma Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Nov/2009 - Fascículo 47 TC 1

definidos - acrescido de percentual sobre tais custos ou por remuneração prefixada. 3.1 Contrato de construção para a elaboração de ativo único ou de diversos ativos O contrato de construção pode ser negociado para a elaboração de ativo único como uma ponte, um edifício, uma barragem, um oleoduto, uma estrada, um navio ou um túnel. Por outro lado, pode também tratar da construção de diversos ativos que estejam intimamente inter-relacionados ou interdependentes em termos da sua concepção, tecnologia e função ou do seu propósito ou uso final. Entre os exemplos desses contratos, estão os da construção de refinarias e de outras partes complexas de fábricas ou de equipamentos. 3.2 O que pode ser incluído em um contrato de construção Os contratos de construção incluem: a) contratos para a prestação de serviços que estejam diretamente relacionados com a construção do ativo; por exemplo, os relativos a serviços de arquitetos e de gestão de projetos; e b) contratos para a destruição ou restauração de ativos e de recuperação ambiental após a demolição ou retirada de ativos. 3.3 Classificação dos contratos de construção Os contratos de construção são elaborados de várias maneiras. Neste texto, que está fundamentado no Pronunciamento Técnico CPC 17, eles são classificados como contratos de preço fixo e contratos de custo mais margem (cost plus). Alguns contratos de construção podem conter características tanto de contrato de preço fixo quanto de contrato de custo mais margem (cost plus), com preço máximo acordado. Em tais circunstâncias, o contratado necessita considerar todas as condições descritas nos subitens 7.1 e 7.2, a fim de determinar quando reconhecer as receitas e despesas do contrato. 4. COMBINAÇÃO E SEGMENTAÇÃO DE CONTRATOS DE CONSTRUÇÃO As regras descritas neste texto são usualmente aplicadas separadamente a cada contrato de construção. Porém, em certas circunstâncias, é necessário separar os componentes identificáveis de um único contrato ou de um grupo de contratos a fim de refletir a substância de um contrato ou de um grupo de contratos. 4.1 Contrato que cobre vários ativos Quando o contrato cobrir vários ativos, a construção de cada ativo deve ser tratada como um contrato de construção individual se: a) propostas separadas tiverem sido preparadas para cada ativo; b) cada ativo tiver sido objeto de negociação em separado e o contratado e o contratante puderam aceitar ou rejeitar a parte do contrato relacionada a cada ativo; c) custos e receitas de cada ativo puderem ser identificados. 4.2 Grupo de contratos Um grupo de contratos com um ou com vários clientes deve ser tratado como contrato de construção único quando: a) o grupo de contratos for negociado como um pacote único; b) os contratos estiverem tão diretamente interrelacionados que sejam, com efeito, parte de projeto único com margem de lucro global; e c) os contratos forem executados simultaneamente ou em sequência contínua. 4.3 A questão do ativo adicional Um contrato pode estipular a construção de ativo adicional por opção do cliente ou pode ser alterado para incluir a construção de ativo adicional. A sua construção deve ser tratada como contrato de construção separado quando: a) o ativo diferir significativamente na concepção, na tecnologia ou na função do ativo ou dos ativos contidos no contrato original; ou b) o preço do ativo adicional for negociado sem levar em conta o preço do contrato original. 5. RECEITA DO CONTRATO A receita do contrato deve compreender: a) a quantia inicial da receita acordada no contrato; e 2 TC Manual de Procedimentos - Nov/2009 - Fascículo 47 - Boletim IOB

b) as variações decorrentes de solicitações adicionais, as reclamações e os pagamentos de incentivos contratuais: b.1) na extensão em que for provável que venham a resultar em receita; e b.2) estejam em condições de serem confiavelmente mensurados. 5.1 Como determinar a receita do contrato? A receita do contrato é medida pelo valor justo da retribuição recebida ou a receber. A mensuração da receita do contrato pode ser afetada por incertezas que dependem do desfecho de acontecimentos futuros. As estimativas muitas vezes necessitam ser revistas à medida que os acontecimentos ocorrem e as incertezas se resolvem. Por isso, a quantia da receita do contrato pode aumentar ou diminuir de um período para o outro. Por exemplo: a) contratante e contratado podem acordar variações ou reivindicações que aumentem ou diminuam a receita do contrato em período subsequente àquele em que o contrato foi inicialmente acordado; b) a quantia da receita acordada em contrato de preço fixo pode aumentar em consequência de cláusulas de aumento de custos; c) a quantia da receita do contrato pode diminuir como consequência de penalidades provenientes de atrasos imputáveis ao contratado relativos à conclusão do contrato; ou d) quando o contrato de preço fixo está relacionado à conclusão de cada unidade, a receita do contrato aumenta na proporção das unidades concluídas. 5.2 Variações no contrato - Definição e consequências Uma variação corresponde a uma instrução dada pelo contratante para uma alteração no escopo do trabalho a ser executado segundo o contrato. Tal variação pode conduzir a um aumento ou a uma diminuição na receita do contrato. Exemplos de variações são as alterações nas especificações ou na concepção do ativo, assim como alterações na duração do contrato. Uma variação é incluída na receita do contrato quando: a) for provável que o cliente aprovará a variação e o valor cobrado; e b) a quantia da receita puder ser confiavelmente mensurada. 5.3 Reivindicação - Definição Reivindicação é uma quantia que o contratado procura cobrar do contratante ou de uma terceira parte como reembolso de custos não incluídos no preço originalmente contratado. Uma reivindicação pode surgir, por exemplo, de demoras causadas por clientes, por erros nas especificações ou na concepção e de variações discutidas nos trabalhos objeto do contrato. A mensuração da quantia da receita proveniente de reivindicações está sujeita a um alto nível de incerteza e depende muitas vezes do desfecho das negociações. Por isso, as reivindicações somente devem ser reconhecidas como receitas do contrato quando: a) as negociações tiverem atingido um estágio, de tal forma avançado, que seja provável que o cliente aceitará a reivindicação; e b) a quantia que provavelmente for aceita pelo cliente puder ser confiavelmente mensurada. 5.4 Pagamento de incentivos Os pagamentos de incentivos são quantias adicionais pagas ao contratante caso os níveis de desempenho especificados previamente sejam atingidos ou excedidos. Por exemplo, o contrato pode permitir um pagamento de incentivos ao contratado pela conclusão antecipada do contrato. Os pagamentos de incentivos são reconhecidos como receita quando: a) o contrato estiver de tal forma adiantado que seja provável que os níveis de execução especificados sejam atingidos ou excedidos; e b) a quantia dos pagamentos de incentivos puder ser confiavelmente mensurada. 6. CUSTO DO CONTRATO Os custos do contrato devem compreender: a) os custos que se relacionam diretamente com um contrato específico; Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Nov/2009 - Fascículo 47 TC 3

b) os custos que forem atribuíveis à atividade de contratos em geral e puderem ser alocados ao contrato; e c) outros custos que forem diretamente debitáveis ao cliente, nos termos do contrato. 6.1 Custos diretos Os custos atribuíveis diretamente a um contrato específico incluem: a) custos de mão de obra no local da execução do contrato, incluindo sua supervisão; b) os custos de materiais usados na construção; c) a depreciação de ativos imobilizados utilizados no contrato; d) os custos para levar ou retirar do local os ativos imobilizados e os materiais necessários à execução da obra; e) os custos de aluguel de instalações e de equipamentos; f) os custos de concepção e de assistência técnica que estejam diretamente relacionados com o contrato; g) os custos estimados de retificar e de garantir os trabalhos, incluindo os custos esperados de garantia; e h) reivindicações de terceiros. Esses custos podem ser reduzidos por qualquer rendimento inerente que não estiver incluído na receita do contrato como, por exemplo, a receita proveniente da venda de sobras de materiais utilizados na obra ou da alienação de instalações e equipamentos ao final do contrato. 6.2 Custos que podem ser atribuíveis à atividade de contratos em geral São exemplos de custos que podem ser atribuíveis à atividade de contratos em geral e imputados a contratos específicos: a) seguros; b) concepção e assistência técnica que não estejam diretamente relacionadas a um contrato específico; e c) gastos gerais de construção. Tais custos são imputados usando métodos que sejam sistemáticos e racionais e sejam aplicados consistentemente a todos os custos que tenham características semelhantes. A base para imputar tais custos é fundamentada no nível normal da atividade de construção. Os gastos gerais de construção incluem custos como a preparação e o processamento da folha de salários do pessoal envolvido com a construção. Os custos de empréstimos atribuíveis à atividade de contratos geralmente estão incluídos nos alocáveis a um ou mais contratos de construção (o tema foi objeto dos Pronunciamentos Técnicos CPC 08 - Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários e CPC 20 - Custos de Empréstimos). 6.2.1 Custos debitáveis ao contratante Os custos debitáveis ao contratante, desde que especificados contratualmente, podem incluir alguns gastos gerais de natureza administrativa e de desenvolvimento. Em contraposição, não podem ser atribuídos ao contratante e, em consequência, os gastos não relacionados à atividade do contrato não são reembolsáveis. Esses gastos incluem: a) despesas administrativas gerais não especificadas no contrato; b) despesas de venda; c) despesas de pesquisa e de desenvolvimento não especificadas no contrato; d) depreciação de instalações e equipamentos ociosos que não sejam usados em contrato particular. 6.2.2 Alguns aspectos importantes dos custos atribuíveis Os custos atribuíveis são aqueles que ocorrem desde a data de sua assinatura até a data de sua conclusão. Porém, os custos que se relacionem diretamente a um determinado contrato e que forem incorridos para assegurá-lo podem ser reconhecidos como parte dos custos do contrato, desde que eles possam ser individualmente identificados e confiavelmente mensurados e, principalmente, for altamente provável que o contrato será efetivado. Quando os custos incorridos para assegurar um contrato forem reconhecidos como despesa do período em que forem incorridos, eles não deverão ser 4 TC Manual de Procedimentos - Nov/2009 - Fascículo 47 - Boletim IOB

incluídos nos custos do contrato caso este venha a ser efetivado em período subsequente. 7. RECONHECIMENTO DA RECEITA E DA DESPESA DO CONTRATO Quando a conclusão do contrato de construção puder ser confiavelmente estimada, a receita e a despesa (transferência do custo para o resultado), associadas ao contrato de construção, devem ser reconhecidas tomando como base a proporção do trabalho executado até a data do balanço. A perda esperada no contrato de construção deve ser reconhecida imediatamente como despesa, de acordo com o item 8. 7.1 Contrato de preço fixo No caso de contrato de preço fixo, a conclusão da construção pode ser confiavelmente estimada quando estiverem satisfeitas todas as seguintes condições: a) a receita do contrato puder ser mensurada confiavelmente; b) for provável que os benefícios econômicos associados ao contrato fluirão para a empresa; c) tanto os custos para concluir o contrato quanto a proporção executada até a data do balanço puderem ser confiavelmente mensurados; e d) os custos atribuíveis ao contrato puderem ser claramente identificados e confiavelmente mensurados de forma que possam ser comparados com estimativas anteriores. 7.2 Contratos na modalidade custo mais margem (cost plus) Para contratos na modalidade custo mais margem (cost plus), sua conclusão pode ser confiavelmente mensurada quando estiverem satisfeitas todas as seguintes condições: a) for provável que os benefícios econômicos associados ao contrato fluirão para a entidade; e b) os custos atribuíveis ao contrato, sejam ou não reembolsáveis, puderem ser claramente identificados e confiavelmente mensurados. 7.3 Método da percentagem completada O reconhecimento da receita e da despesa (transferência do custo para o resultado) referentes à fase de conclusão de um contrato é muitas vezes referido como o método da percentagem completada. Segundo esse método, a receita contratual deve ser proporcional aos custos contratuais incorridos em cada etapa de medição. Esse método proporciona informação útil sobre a extensão da atividade e sobre o desempenho do contratado durante a execução do contrato. Pelo método da percentagem completada, a receita do contrato é reconhecida na DRE nos períodos contábeis em que o trabalho for executado, o mesmo ocorrendo com as despesas (transferência do custo para o resultado) do trabalho com os quais se relaciona. Porém, qualquer excedente dos custos totais esperados sobre as receitas totais do contrato deve ser reconhecido imediatamente como despesa (perda), de acordo com o item 8. 7.4 Custos que se relacionam com a atividade a ser executada futuramente Um contratado pode ter incorrido em custos que se relacionam com a atividade a ser executada futuramente. Tais custos devem ser reconhecidos no ativo, desde que seja provável que venham a ser recuperados. Eles representam a quantia devida pelo contratante e muitas vezes são classificados como trabalho em andamento. 7.5 Término do contrato de construção O término do contrato de construção só pode ser confiavelmente estimado quando for provável que os benefícios econômicos a ele associados fluirão para a entidade. Porém, quando surgir incerteza acerca da realização da quantia já reconhecida como receita do contrato na DRE, o montante não realizável será reconhecido como despesa e não como ajuste às receitas do contrato. A entidade geralmente está em condições de fazer estimativas confiáveis após assinar um contrato que estabeleça: a) os direitos e os deveres de cada uma das partes, no que diz respeito ao ativo a ser construído; b) a remuneração a ser paga; e Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Nov/2009 - Fascículo 47 TC 5

c) a forma e os termos de liquidação. Para tanto, usualmente é necessário que a entidade possua registros financeiros e contábeis confiáveis e sistema orçamentário eficaz. A entidade revê e, quando necessário, revisa as estimativas da receita e dos custos do contrato, à medida que o trabalho progride. Isso não significa que a conclusão do contrato não possa ser estimada confiavelmente. 7.5.1 Fase de execução de um contrato A fase de execução de um contrato pode ser determinada de várias maneiras. A entidade usa o método que mensura de forma mais confiável o trabalho executado. Dependendo da natureza do contrato, os métodos podem incluir: a) a proporção dos custos incorridos até a data, em contraposição aos custos totais estimados do contrato; b) medição do trabalho executado; e c) execução de proporção física do trabalho contratado. Os pagamentos progressivos e os adiantamentos recebidos dos clientes não refletem, necessariamente, o trabalho executado e por isso não devem servir de parâmetro para mensuração da receita. 7.5.2 Contrato baseado nos custos incorridos Quando o contrato tiver por base os custos incorridos até a data, somente os custos do contrato que refletirem o trabalho executado deverão ser considerados até essa data. São exemplos de custos de contrato que não devem ser considerados como incorridos: a) custos que se relacionam com as atividades futuras do contrato como: materiais que tenham sido entregues no local da obra ou reservados para posterior utilização, mas que não foram instalados, usados ou aplicados durante a execução do contrato, a menos que esses materiais tenham sido produzidos especificamente para o contrato; e b) pagamento antecipado a subcontratados por trabalho a ser executado segundo um subcontrato. 7.5.3 Encerramento de contrato de construção que não puder ser confiavelmente estimado Quando o encerramento de contrato de construção não puder ser confiavelmente estimado: a) a receita deverá ser reconhecida até o ponto em que for provável que os custos incorridos do contrato sejam recuperados; e b) os custos do contrato deverão ser reconhecidos como despesa no período em que forem incorridos. Uma perda esperada em contrato de construção deve ser reconhecida imediatamente como despesa, de acordo com o item 8. 7.5.4 Incertezas sobre a data de encerramento do contrato Durante as fases iniciais do contrato é, muitas vezes, difícil a projeção confiável da data de seu encerramento. Não obstante, pode ser provável que a entidade venha a recuperar os custos incorridos do contrato. Em tais circunstâncias, a receita do contrato somente deve ser reconhecida no montante dos custos incorridos que, se espera, sejam recuperados. Uma vez que o encerramento do contrato não pode ser confiavelmente projetado, nenhum lucro deve ser reconhecido. Porém, mesmo quando o encerramento do contrato não puder ser confiavelmente estimado, é possível que os custos totais venham a exceder as receitas totais do contrato. Nesses casos, o montante que ultrapassar as receitas deverá ser reconhecido imediatamente como despesa, de acordo com o item 8. 7.5.5 Custos de improvável recuperação - Tratamento Os custos do contrato que provavelmente não venham a ser recuperados devem ser reconhecidos imediatamente como despesa. Servem como exemplos os relativos a contratos: a) que não podem ser forçados a ser completados, isto é, sua validade está seriamente em dúvida; b) cuja conclusão esteja sujeita ao desfecho de litígio ou de legislação pendente; 6 TC Manual de Procedimentos - Nov/2009 - Fascículo 47 - Boletim IOB

c) relacionados com propriedades que tenham a possibilidade de ser desapropriadas ou expropriadas; d) em que o contratante não esteja em condições financeiras de cumprir com as suas obrigações; e) em que o contratado seja incapaz de completar o contrato ou de cumprir com as suas obrigações segundo o contrato. 10. DIVULGAÇÃO A entidade deve divulgar: a) o montante do contrato reconhecido como receita do período; b) os métodos usados para determinar a receita do contrato reconhecida no período; e c) os métodos usados para determinar a fase de execução dos contratos em curso. Nota Quando já não existirem as incertezas que impediam que a conclusão de um contrato fosse confiavelmente estimada, a receita e as despesas associadas ao contrato de construção devem ser reconhecidas de acordo com o item 7, e não de acordo com o subitem 7.5.3. 8. RECONHECIMENTO DE PERDA ESPERADA Quando for provável que os custos totais do contrato venham a exceder a receita total do contrato, a perda esperada deverá ser reconhecida imediatamente no resultado. A quantia essa perda é determinada independentemente: a) de ter ou não sido iniciado o trabalho relativo ao contrato; b) da fase de execução do contrato; ou c) da quantia de lucros esperada em outros contratos que não sejam tratados como contrato de construção único, de acordo com o subitem 4.2. 9. ALTERAÇÃO NA ESTIMATIVA O método da percentagem completada é aplicado, cumulativamente a cada período contábil, às estimativas de receitas e de custos do contrato. Por isso, os efeitos de alteração na estimativa da receita e dos custos do contrato ou os efeitos de alteração na estimativa da conclusão do contrato são contabilizados como alteração na estimativa contábil (o tema foi objeto do Pronunciamento Técnico CPC 23 - Políticas Contábeis, Mudanças de Estimativa e Retificação de Erro). As alterações das estimativas são usadas na determinação do montante de receitas e de despesas reconhecidas na DRE no período em que a alteração vier a ser feita e em períodos subsequentes. 10.1 Contratos em curso na data do balanço A entidade deve divulgar o que se segue para os contratos em curso na data do balanço: a) a quantia agregada de custos incorridos e lucros reconhecidos (menos perdas reconhecidas) até a data; b) a quantia de adiantamentos recebidos; e c) a quantia de retenções. Nota As retenções correspondem ao valor de parte de fatura retida pelo contratante e que só será liberada depois que estiverem atendidas as condições especificadas no contrato ou quando os defeitos que motivaram a retenção tiverem sido sanados. As faturas decorrentes de medições são quantias faturadas relativas aos trabalhos executados de contrato, tendo ou não sido pagas pelo contratante. Adiantamentos são quantias recebidas pelo contratado antes que o correspondente trabalho tenha sido executado. 10.2 Informações a serem apresentadas A entidade deve apresentar: a) no ativo, a quantia bruta devida pelo contratante relativa aos trabalhos do contrato; e b) no passivo, a quantia bruta devida ao contratante relativa aos trabalhos do contrato. 10.3 Quantia bruta A quantia bruta devida pelo contratante, relativa aos trabalhos do contrato, é igual a: a) custos incorridos mais lucros reconhecidos; menos b) o somatório das perdas reconhecidas e dos montantes faturados para todos os contratos em curso para os quais os custos incorridos mais os lucros reconhecidos (menos perdas reconhecidas) excedem o montante faturado. Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Nov/2009 - Fascículo 47 TC 7

Por sua vez, a quantia bruta devida ao contratante, relativa aos trabalhos do contrato, é igual a: a) custos incorridos mais lucros reconhecidos; menos b) o somatório de perdas reconhecidas e dos montantes faturados para todos os contratos em curso para os quais o faturamento efetuado excede os custos incorridos acrescido dos lucros reconhecidos (menos perdas reconhecidas). 10.4 Ativos e passivos contingentes A entidade deve divulgar quaisquer passivos contingentes e ativos contingentes, de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 25 - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes. Os passivos contingentes e os ativos contingentes podem provir de itens como custos de garantias, reivindicações, penalidades ou possíveis perdas. Contabilização Marcas e patentes 1. CLASSIFICAÇÃO Conforme estabelecido na Lei n o 6.404/1976 (Lei das S/A), art. 179, VI (com redação dada pela Lei n o 11.638/2007, art. 1 o ), classificam-se no Intangível os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. Isso significa que os direitos relativos a marcas e patentes são classificados no subgrupo Intangível, no Ativo Não Circulante. 2. COMPOSIÇÃO DO INTANGÍVEL A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por meio da Deliberação CVM n o 553/2008, aprovou e tornou obrigatório, para as companhias abertas, o Pronunciamento Técnico CPC 04 - Ativo Intangível -, do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), cujo objetivo é definir o tratamento contábil dos ativos intangíveis que não são abrangidos especificamente em outro Pronunciamento, estabelecer que uma entidade deva reconhecer um ativo intangível apenas se determinados critérios especificados neste Pronunciamento forem atendidos e especificar como mensurar o valor contábil dos ativos intangíveis, exigindo divulgações específicas sobre esses ativos. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), por sua vez, por meio da Resolução CFC n o 1.139/2008, aprovou a NBC T 19.8 - Ativo Intangível -, adotando, assim, as normas trazidas pelo Pronunciamento Técnico CPC 04 para as demais empresas. Assim, de acordo com o item 5 do referido Pronunciamento Técnico, as normas do Intangível aplicam-se a gastos com propaganda, marcas, patentes, treinamento, início das operações (também denominados pré-operacionais) e atividades de pesquisa e desenvolvimento. A propósito da classificação dos valores relativos a marcas e patentes, lembramos que o Intangível é composto de bens e direitos imateriais, os quais, embora não possuam substância física, representam direitos de propriedade legalmente conferidos a seus possuidores. Embora a prática contábil utilize o título Marcas e Patentes como única conta a registrar o custo de ambos os direitos da espécie, abordamos aqui separadamente cada um deles. 8 TC Manual de Procedimentos - Nov/2009 - Fascículo 47 - Boletim IOB

3. MARCAS O registro de marca encontra-se disciplinado pela Lei n o 9.279/1996. Os gastos com o registro, seja de marca industrial ou comercial, podem ocorrer por ocasião do início das atividades ou no decorrer da existência da empresa. Tais gastos podem ser relativos: a) ao registro de marca em nome próprio; b) ao registro de marca adquirida de terceiros, ou, ainda, c) à aquisição dos direitos de uso de determinada marca por prazo determinado. 3.1 Contabilização do custo do registro da marca Vamos admitir que a empresa Alfa, para o registro de sua marca X, tenha pago R$ 12.300,00 à empresa Delta, conforme fatura, sendo R$ 10.000,00 de honorários e R$ 2.300,00 de taxas e emolumentos. Contabilmente, o evento pode ser registrado da seguinte forma: 1) Pelos dispêndios com o registro da marca (admitindo-se o pagamento a vista com cheque) D -Marca X (Ativo Não Circulante - Intangível) C -Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante) R$ 12.300,00 Nota Por medida de simplificação, não estamos levando em conta a incidência do IR Fonte sobre os serviços prestados. 3.2 Amortização do valor da marca A amortização do valor da marca é viável somente se houver um prazo estipulado para a sua utilização, o que significa que, se sua vigência for por tempo indeterminado, não se cogitará de sua amortização. pagamento de royalties à empresa titular dos direitos da marca explorada. Os valores pagos a esse título classificam-se como custo ou despesa operacional, conforme o caso, devendo ser observados, portanto, os limites e as condições estabelecidos no art. 355 do RIR/1999, para efeito de dedutibilidade. (Pareceres Normativos CST n o s 139/1975 e 86/1977) 4. PATENTES Ao autor de invenção ou de modelo de utilidade é assegurado o direito de obter a patente que lhe garanta a propriedade e o uso exclusivo, nas condições estabelecidas pela Lei n o 9.279/1996. 4.1 Contabilização do custo da patente O valor da patente será a soma dos dispêndios necessários ao seu registro ou, se for o caso, a importância paga pela aquisição a terceiros. Vamos admitir que a empresa Alfa tenha desembolsado R$ 5.000,00 referentes a serviços, honorários e outras despesas, relativos ao patenteamento do processo de fabricação do produto Y. A contabilização dos gastos com o registro da patente seria assim efetuada: 2) Pelos dispêndios com o patenteamento do processo de fabricação do produto Y (admitindose o pagamento a vista em dinheiro) D - Patente de Invenção (Ativo Não Circulante - Intangível) C - Caixa (Ativo Circulante) R$ 5.000,00 Nota Tratando-se de marca amortizável (com prazo de vigência limitado), se a existência ou o exercício do direito terminar antes da amortização integral de seu custo, o saldo não amortizado constituirá encargo (perda de capital) no período de apuração em que se extinguir o direito. (RIR/1999, art. 324, 3 o, e art. 325, I) 3.3 Exploração de marca de propriedade de terceiros A empresa que explorar marca de indústria ou de comércio de propriedade de terceiros sujeita-se ao 4.2 Amortização do valor da patente Nos termos do art. 42 da Lei n o 9.279/1996, a patente confere ao seu titular o direito de impedir terceiros, sem o seu consentimento, de produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar com esses propósitos: a) produto objeto de patente; e b) processo ou produto obtido diretamente por processo patenteado. Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Nov/2009 - Fascículo 47 TC 9

Todavia, o art. 40 dessa mesma Lei, limita a vigência desse direito aos seguintes períodos de tempo (ambos contados da data de depósito): a) 20 anos para a patente de invenção; b) 15 anos para a patente de modelo de utilidade. Assim, por se tratar de direito com prazo de duração legalmente determinado, o custo da patente pode ser amortizado durante o prazo em que esta vigorar (RIR/1999, art. 325, I). Notas (1) O prazo de vigência não será inferior a 10 anos para a patente de invenção e a 7 anos para a patente de modelo de utilidade, a contar da data de concessão, ressalvada a hipótese de o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) estar impedido de proceder ao exame de mérito do pedido, por pendência judicial comprovada ou por motivo de força maior (Lei n o 9.279/1996, art. 40, parágrafo único). (2) Se, eventualmente, o direito de exploração da patente terminar antes da amortização integral de seu custo, o saldo não amortizado constituirá encargo (perda de capital) no período de apuração em que se extinguir o direito (RIR/1999, art. 324, 3 o ). 4.3 Exploração de patente de propriedade de terceiros A exemplo do que ocorre em relação à marca, a empresa que explorar patente de propriedade de terceiros sujeita-se ao pagamento de royalties ao titular dos direitos da patente explorada. Os valores pagos a esse título classificam-se como custo ou despesa operacional, conforme o caso, mas devem ser observados, para efeito de dedutibilidade, os limites e as condições estabelecidos no art. 355 do RIR/1999. (Pareceres Normativos CST n o s 139/1975 e 86/1977) 5. DETERMINAÇÃO DAS QUOTAS DE AMORTIZAÇÃO Quando cabíveis, as quotas de amortização a serem registradas na escrituração como custo ou despesa operacional devem ser determinadas com observância, basicamente, das seguintes regras, que constam do RIR/1999, art. 326: a) a quota dedutível em cada período de apuração será determinada pela aplicação da taxa anual de amortização sobre o valor da marca ou da patente; b) se a amortização tiver início ou terminar no curso do período de apuração anual, ou se este tiver duração inferior a 12 meses, a taxa anual será ajustada proporcionalmente ao período de amortização, quando for o caso; c) a amortização poderá ser apropriada em quotas mensais, dispensado o ajuste da taxa para o valor registrado ou baixado no curso do mês. 10 TC Manual de Procedimentos - Nov/2009 - Fascículo 47 - Boletim IOB