Na fachada lateral esquerda destaca-se, entre os dois corpos adossados, um pórtico de três arquivoltas, precedido por um pequeno átrio.



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Sé de Lisboa

A Catedral, Igreja Mãe da Diocese de Lisboa, está situada num dos primeiros núcleos de desenvolvimento urbano e constitui um dos mais importantes monumentos de arquitectura medieval do país. É dotada de um património cultural riquíssimo, fruto de uma história secular de raízes cristãs. A Sé foi mandada edificar por D. Afonso Henriques, logo após a tomada de Lisboa aos mouros em 1147. Em finais do século XII ou princípios do século XIII foi erguido o anexo da fachada norte o actual Camarim do Patriarca e, durante o reinado de D. Dinis (1279-1325), as edificações góticas constituídas pelo claustro e a Capela de Bartolomeu Joanes. A campanha afonsina dos séculos XIV-XV - reinado de D. Afonso IV - introduziu importantes transformações estruturais, com a construção da nova cabeceira gótica: ampliação da capela-mor, onde serão colocados os túmulos régios de D. Afonso IV e de D. Beatriz, e edificação do deambulatório e capelas radiantes. Nos séculos XVII-XVIII foi construída a sacristia do lado sul, introduziram-se novos elementos decorativos em toda a igreja - talha, azulejo, embutidos em mármore -, foi acrescentado o andar sobre a sacristia o actual Tesouro e alargado o coro alto. O terramoto de 1755, e subsequente incêndio, provocou enormes estragos: queda da torre sineira sobre a cúpula do cruzeiro e de parte da torre sul; destruição da capela-mor - incluindo o célebre altar de São Vicente -, do revestimento em talha dos altares, em particular na ala sul do claustro, e de quase todas as imagens. Em 1769 inicia-se a reconstrução da torre sul e da fachada, e a remodelação da capela-mor, incluindo os dois órgãos e os novos túmulos reais. Na capela colateral sul foi colocado o altar de São Vicente. Nos finais do séc. XIX e primeira metade do séc. XX, tiveram lugar os restauros mais recentes, com a supressão de grande parte dos elementos decorativos introduzidos no período barroco, à excepção dos existentes na capela-mor, na capela do Santíssimo e no Baptistério. No interior do templo, dão-se alterações profundas, com a construção de novos pilares com colunas e capitéis adossados, bem como da abóbada sobre a nave central e a reconstrução do trifório. A Sé foi classificada como monumento nacional em 1907 e 1910. A fachada românica, virada a poente, tem no corpo central o pórtico e a rosácea de doze lóbulos, com a representação de Cristo e os Apóstolos. Acentuando o aspecto de fortaleza, as torres, actualmente sineiras, são da traça primitiva, tendo a do norte a pedra de armas de D. Jorge da Costa (1406-1509), Arcebispo de Lisboa. O arco de entrada, com colunas simples, tem nas paredes laterais lápides relativas à conquista de Lisboa aos mouros e ao nascimento, nesta freguesia, do Padre António Vieira (1608-1697). O pórtico, de quatro arquivoltas semicirculares com capitéis reentrantes e decoração vegetalista e figurativa, é da primitiva construção românica. Sobre a porta axial, tem uma legenda gravada em bronze: IN OMNEM TERRAM EXIVIT SONUS - o [seu] eco ressoou por toda a terra [Sl 19 (18), 5]. Na fachada lateral esquerda destaca-se, entre os dois corpos adossados, um pórtico de três arquivoltas, precedido por um pequeno átrio. O interior apresenta três naves de seis tramos, a central mais alta que as laterais, com pilares cruciformes, transepto saliente e cabeceira composta pela capela-mor e o deambulatório. Na parte superior das naves e do transepto, abre-se a colunata do trifório. A cobertura da nave central e do transepto é em abóbada, reconstruída no séc. XX; a das naves laterais é de aresta. No pavimento de pedra, destacam-se algumas lápides funerárias, entre as quais a de D. Rodrigo da Cunha, Arcebispo de Lisboa (1547-1643), junto à porta lateral. À entrada, encontram-se duas grandes pinturas de Pedro Alexandrino, A Descida do Pentecostes e Cristo Salvador do Mundo. Do lado esquerdo, encontra-se o Baptistério, integrado na torre norte, de paredes revestidas a azulejo azul e branco do séc. XVIII, representando episódios da vida de Santo António de Lisboa (1195-1231), atribuídos ao Mestre P.M.P.. Aqui se baptizou o grande santo. A Capela de São Bartolomeu (2) deve a invocação ao seu fundador, Bartolomeu Joanes, abastado mercador lisboeta a quem D. Dinis concedeu o espaço exterior à Sé para a sua implantação. Foi instituída a 24 de Novembro de 1324. Trata-se de uma capela gótica com acesso por portal ogival, cobertura de abóbadas artesoadas, janelões também ogivais, e uma rosácea representando Nossa Senhora rodeada dos Doze Apóstolos. Do lado direito, encontra-se o altar com três arcarias góticas. O retábulo, maneirista, da segunda metade do século XVI, apresenta no painel central o Martírio de São Bartolomeu; nos restantes, cenas da vida de Cristo e da Virgem: a Anunciação do Anjo e a Adoração dos Magos, à esquerda; o Nascimento em Belém e a Descida da Cruz à direita; e a Última Ceia. É atribuído por alguns autores a Cristóvão Figueiredo e Garcia Fernandes. O túmulo do fundador, do lado esquerdo, em pedra lioz, está decorado com as suas armas; a estátua jacente é uma obra notável de escultura funerária medieval. Uma lápide refere o regulamento primitivo da capela. Revestindo a parede, encontra-se um pano de armar do século XVII, na parede lateral, um díptico representando o Calvário e Lamentação, atribuído a Garcia Fernandes, um Oratório do século XVIII contendo várias peças de arte sacra.

I II III IV V VI CAPELA-MOR PRESÉPIO CLAUSTRO ala norte A GLORIFICAÇÃO DE SÃO VICENTE Capela de São Vicente CAPELA DE SANTA MARIA MAIOR Deambulatório CAMARIM DO PATRIARCA II III IV V I

In Omnem Terram Exivit Sonus A capela-mor, de estrutura afonsina, deve grande parte da sua forma actual às obras feitas no séc. XVIII. Destaca-se na parede frontal a Assunção da Virgem, emoldurada em mármore negro, cópia de José Inácio de Sampaio, e nas paredes laterais as tribunas e os túmulos régios de D. Afonso IV e D. Beatriz da autoria de Joaquim Machado de Castro (1731-1822). Encontram-se também dois órgãos de tubos, o do lado esquerdo com coreto; do lado direito, um órgão holandês, instalado no séc. XX. No tecto, em estuque, estão as representações das três Pessoas da Santíssima Trindade e lunetas com símbolos marianos e cristológicos. Na capela de São Vicente (5), simétrica à do Santíssimo, destacam-se A Glorificação de São Vicente, de Pedro Alexandrino e A Libertação de Frei Sancho e Veneração de São Vicente, de Amaro do Vale (1584-1619). O Camarim do Patriarca (3) foi reestruturado já no séc. XX com a instalação do retábulo de Santa Ana proveniente da capela da mesma invocação no deambulatório, de talha dourada e mármores embutidos, com uma imagem barroca do orago; nas ilhargas, duas telas representando Encontro de São Joaquim e Santa Ana na Porta Dourada e o Nascimento da Virgem de Fernão Gomes (1548-1612); e várias alfaias litúrgicas expostas, nomeadamente um faldistório, uma magnífica capa de Asperges e as mitras dos Bispos das Dioceses sufragâneas. O transepto com vestígios da planta primitiva na entrada do deambulatório, tem rosáceas nos topos, reintegradas nos restauros do séc. XX. Tem do lado norte, junto à capela do Santíssimo, uma pintura, Jesus Cristo dando a Comunhão aos Discípulos, de José do Avelar Rebelo (século XVII); e do lado sul, vitrais representando Santo António e São Vicente; junto ao arco do cruzeiro, uma escultura de Nossa Senhora com o Menino, de Anjos Teixeira (1880-1935). A torre octogonal tem florão central e cúpula de lanternim iluminando o altar-mor. Na sacristia (1) do século XVII, bem iluminada, encontram-se arcazes de jacarandá e pau-santo e, nas paredes, seis nichos com imagens de santos portugueses, além de quatro telas de Pedro Alexandrino, provenientes dos antigos altares colaterais do transepto. Destacam-se uma credência em mármore da Arrábida, ao centro, um altar de embutidos, e do lado oposto um lavabo, também de mármore. O tecto é em estuque com pinturas alusivas às virtudes teologais. As salas sobre a nave lateral sul e antiga Sala do Capítulo, ocupadas actualmente pelo Tesouro da Sé, são de concepção joanina. Aqui se expõem, de forma peculiar, peças de grande valor religioso e artístico, destacando-se a Custódia da Sé, notabilíssima peça de arte sacra, encomenda de D. João V, doada à Patriarcal de Lisboa por D. José I e lavrada por Joaquim Caetano de Carvalho. A Capela do Santíssimo Sacramento (4) ocupa o espaço da antiga capela gótica e de parte do deambulatório. O portal, maneirista, protegido por grades douradas, tem na parede superior A Eucaristia comentada pelos quatro Doutores da Igreja, de Pedro Alexandrino. O retábulo é em talha dourada e policroma, com pintura representando A Última Ceia, também de Pedro Alexandrino, e sacrário em forma de templete; nas mísulas laterais, imagens de São José com o Menino e de Nossa Senhora da Conceição.

O CLAUSTRO O claustro da Sé de Lisboa foi mandado erigir pelo Rei D. Dinis na campanha de construção do período gótico. De planta irregular, adaptada às condições do terreno, ocupa o espaço de uma cerca amuralhada primitiva e tem três alas: a ala norte, cujas capelas foram construídas no séc. XVII (daí serem designadas por capelas filipinas) e a ala leste, bem conservadas; e uma ala sul muito destruída. Poderá ter tido uma quarta ala, que encerraria a quadrícula do pátio interior. Profundamente afectado pelo terramoto de 1755, será reconstruído poucos anos depois; na primeira metade do séc. XX é alvo de sucessivos restauros, nomeadamente a recuperação das capelas da ala norte. Em 1991 tem início a intervenção arqueológica no pátio central, pondo a descoberto vestígios romanos e muçulmanos. Destaca-se o volume e a robustez dos arcos das abóbadas, que terminam em cruzarias de ogivas simples, com florões nos fechos, bem como os capitéis com decoração muito variada. O claustro possui um total de doze capelas independentes, algumas intercomunicantes. Na ala norte, protegidas por grades metálicas, estão a capela de São João Evangelista (14), e a de São Lourenço (15), fundada por Lourenço Anes e reedificada pela respectiva irmandade, conforme atesta a inscrição sobre o arco, onde se encontra a arca tumular do fundador. A capela de Nossa Senhora de Belém (16) tem cobertura em estuque decorativo e o retábulo em talha, executado por António de Castro; no tondo há uma pintura representando a Corte celestial. A capela de Santo António de Lisboa (18) é intercomunicante com a de Nossa Senhora da Tocha (19). Nesta última encontra-se a escultura de Nossa Senhora a Grande ou de Bettencourt. Na capela de Santo Aleixo (20), na ala leste, encontram-se quatro arcosólios, dois deles com estátua jacente, e vestígios de escudos na parede testeira. Segue-se a capela de São Miguel e Almas (21), com inscrição gótica na parede. A Capela de Nossa Senhora da Piedade ou da Terra Solta (22) foi fundada por Nuno Fernandes Cogominho, almirante-mor de D. Dinis e instituidor, em 1385, de uma irmandade da Misericórdia, que precedeu a Irmandade da Misericórdia de Lisboa, fundada em 1498 neste mesmo lugar por D. Leonor; ficou unida à capela seguinte aquando das obras efectuadas no tempo de D. Luís de Sousa, que as transformou num espaço único, a chamada Capela dos Arcebispos (23). Na primeira, com imagem de Nossa Senhora da Piedade, escultura de Teixeira Lopes (1837-1918), encontra-se o túmulo de D. Soeiro Viegas e outro túmulo vazio, possivelmente de D. João Anes, primeiro arcebispo de Lisboa. A segunda, a maior de todas, ocupa a extensão de dois arcos e constituía o corpo da Capela dos Arcebispos. Muito destruída pelo terramoto, conserva o portal central, a abóbada artesoada, o altar-mor e dois arcosólios; aí se encontra o túmulo de D. Maria Albernaz, mulher de D. Nuno Cogominho. Segue-se a Capela de São Gervásio (24), onde são visíveis ainda os efeitos do incêndio que se seguiu ao terramoto, e a Capela de Santo Estêvão (?) (25), fundada em 1305 por Estevão Domingues e sua mulher Mor Martins (conforme atesta lápide na parede), com respectivas arcas tumulares. O pavimento desta capela teve revestimento cerâmico do século XVI, de que restam vestígios. Aí se encontra a escultura de Nossa Senhora da Assunção de Teixeira Lopes (1866-1942). No lado sul do claustro, há um conjunto de arcosólios com túmulos; no lanço oriental, na parte exterior do deambulatório, notam-se vestígios de arcos quebrados e arranques de nervuras. A capela do Senhor Jesus da Boa Sentença (17) está protegida por grade côncava decorada com medalhões com os atributos da paixão de Cristo e friso com inscrição alusiva à irmandade. No tecto de caixotões, tem representadas cenas também da paixão de Cristo; e nas ilhargas, quatro telas de Marcos da Cruz (m. 1683) sobre a mesma temática. Silhares de azulejo policromado com representações do Véu de Verónica e símbolos da Paixão. O retábulo tem ao centro a imagem de Cristo crucificado, e na parte inferior o túmulo do Senhor Morto. VI

O DEAMBULATÓRIO O deambulatório da Sé de Lisboa constitui um dos mais belos conjuntos góticos de Portugal. Foi construído no século XIV com as chamadas capelas afonsinas erigidas no tempo de D. Afonso IV. Alto e amplo, bem iluminado, tem cobertura em abóbada de ogivas, com florões nos fechos. Este espaço alberga um núcleo de túmulos góticos do século XIV, de excelente qualidade, provavelmente provenientes da mesma oficina lisboeta. As nove capelas radiantes têm planta quadrangular e abside poligonal, capitéis com ornamentação vegetalista e figurativa, e abóbadas de nervuras. Na capela de São Sebastião (6), destaca-se a urna de D. João Anes, primeiro arcebispo de Lisboa (m. 1402), seguindo-se a de Nossa Senhora da Conceição (7). Na capela de São Cosme e São Damião (8), encontram-se os túmulos com figuras jacentes de Lopo Fernandes Pacheco, companheiro de armas de D. Afonso IV, e de sua mulher D. Maria Vila Lobos, dos mais belos da Sé e da tumularia portuguesa. Embutida na parede, há uma inscrição alusiva ao instituidor da capela. Segue-se a antiga capela de Santo Ildefonso, onde se encontra o Presépio da Sé (9), conjunto notável de arte barroca da autoria de Joaquim Machado de Castro; e duas pinturas representando a Apresentação de Jesus no Templo e a Adoração dos Reis Magos. Na capela de Santa Maria Maior (10), destaca-se a grade medieval de execução românica, possivelmente do séc. XIII, em ferro forjado com motivos zoomórficos e fitomórficos estilizados. Preside no altar a imagem de Santa Maria Maior do séc. XV. Na capela de Santa Ana (11), encontra-se um pequeno túmulo, com o brasão de Portugal e figura jacente de uma infanta da Casa Real, possivelmente D. Constança Manuel, e a imagem de Santa Ana e Nossa Senhora em madeira policromada. Seguem-se as capelas de Nossa Senhora da Penha de França (12) e da Santíssima Trindade (13). A última capela, anteriormente de Nossa Senhora da Luz, foi anexada à do Santíssimo no séc. XVIII; uma lápide na parede frontal atesta a sua fundação por D. Catarina da Cunha, com o respectivo brasão. PLANTA DA SÉ DE LISBOA 1 Sacristia 2 Capela de São Bartolomeu 3 Camarim do Patriarca 4 Capela do Santíssimo Sacramento 5 Capela de São Vicente 6 Capela de São Sebastião 7 Capela de Nossa Senhora da Conceição 8 Capela de São Cosme e São Damião 9 Presépio da Sé (antiga capela de Santo Ildefonso) 10 Capela de Santa Maria Maior (Antigo Cartório) 11 Capela de Santa Ana 12 Capela de Nossa Senhora da Penha de França 13 Capela da Santíssima Trindade 14 Capela de São João Evangelista 15 Capela de São Lourenço 16 Capela de Nossa Senhora de Belém 17 Capela do Senhor Jesus da Boa Sentença 18 Capela de Santo António 19 Capela de Nossa Senhora da Tocha 20 Capela de Santo Aleixo 21 Capela de S. Miguel e Almas 22-23 Capela de Nossa Senhora da Piedade ou da Terra Solta Capela dos Arcebispos (Primitiva Irmandade da Misericórdia) 24 Capela de São Gervásio 25 Capela de Santo Estevão (?)

SÉ DE LISBOA Largo da Sé HORÁRIOS Horário de abertura Igreja Todos os dias: 9h00 às19h00 Claustro Segunda-feira a Sábado: 10h00 às 18h00 Encerra Domingo, Feriados e Dias Santos Tesouro Segunda-feira a Sábado: 10h00 às 18h30 Encerra Domingo, Feriados e Dias Santos Horário de missas Terça-feira a Sábado: 18h30 Domingo e Dias Santos: 11h30 e 19h00 CONTACTOS Largo da Sé, 1100-585 Lisboa Tel.: 218 866 752.............................................................................. PRODUÇÃO Projecto de Estudo e Divulgação do Património Av. Ventura Terra, nº 23, 1600-780 Lisboa TEL. 218 298 270 TLM. 917 564 137 www.apcd.org.pt apcdcfplisboa@gmail.com APCD 2015