CONSCIENTIZAÇÃO DO USO E DESCARTE DAS PILHAS E BATERIAS 1 João Lopes da Silva Neto; 2 Juciery Samara Campos Oliveira; 3 Thayana Santiago Mendes; 4 Geovana do Socorro Vasconcelos Martins 1 (AUTOR) Discente do curso de Licenciatura em Química - UEPB 2 (COAUTOR) Discente do curso de Licenciatura em Química UEPB 3 (COAUTOR) Discente do curso de Licenciatura em Química - UEPB 4 (ORIENTADORA) Mestre em Ciência e Engenharia de Materiais - UFCG RESUMO Este trabalho visa conscientizar a população, sobre o descarte inadequado de pilhas e baterias, para isto foi realizado um levantamento quanto ao nível de conscientização dos alunos, em relação ao descarte de pilhas e baterias. A pesquisa foi realizada com alunos de escolas do nível Médio, na rede privada e pública. Os alunos foram entrevistados por meio de um questionário contendo questões objetivas acerca do tema abordado, o qual verificou certa diferença entre os alunos da escola da rede pública e privada quanto ao nível de conhecimento acerca do assunto abordado. Palavras-chave Pilhas; baterias; meio ambiente.
INTRODUÇÃO Com o avanço e o crescimento das cidades, das indústrias e o surgimento de novos produtos, cresce também o consumo. O planeta já está em estado de alerta pela destruição causada pelo homem, o qual, mesmo assim, não para de poluir nem muda os seus hábitos. Com a criação dos produtos modernos, pilhas e baterias passaram a ser utilizadas com maior frequência. Se por um lado as pilhas e baterias são consideradas soluções para muitos dos produtos modernos, por outro, elas podem ser causa de um grande problema ambiental. No final da década de 1970 surgiram os primeiros sinais de alerta sobre os perigos de se descartar baterias e pilhas usadas junto com o resíduo comum. Até a década de 1980, normalmente eram utilizadas para o uso doméstico as baterias em forma de bastonetes, principalmente de Zn-C, as quais, quando exauridas, eram descartadas como resíduo domiciliar. No final desta década, em alguns países da Europa, surgiu a preocupação em relação aos riscos que representa a disposição inadequada desses resíduos, o que motivou a busca de mecanismos para seu gerenciamento, visando minimizar os riscos sanitários e ambientais. Até 1985, todas as pilhas, exceto as de lítio, continham mercúrio metálico um metal pesado, não biodegradável, extremamente tóxico à saúde e ao ambiente em porções variadas (de 0,01% a 30%). Após o advento do transistor e do consequente surgimento de inúmeros equipamentos movidos à bateria, foram sendo desenvolvidos novos tipos de pilhas e baterias. As novas tecnologias trouxeram consigo novas questões ambientais e sanitárias a serem estudadas que, atualmente, encontram-se amplamente debatidas e estudadas no mundo industrializado. Os prejuízos que uma pilha ou uma bateria podem causar ao meio ambiente são vários. Esses produtos contêm metais pesados, como mercúrio, chumbo, cádmio, níquel, entre outros, potencialmente perigosos à saúde. Esses metais, sendo bioacumulativos, depositam-se no organismo, afetando suas funções orgânicas. Em contato com a água e outros organismos vivos, os metais que compõe tais produtos formam uma cadeia de contaminação e a dispersão compromete a capacidade de vida de aterros sanitários, que devem durar em média 100 anos. No Brasil, até a década de 1990, não se cogitava sobre a questão da contaminação ambiental por pilhas e baterias usadas. No entanto, desde 1999, o país possui legislação específica que dispõe sobre as pilhas e baterias que contêm mercúrio, chumbo e cádmio (Resoluções Conama: nº 257, de 30/06/99; e nº 263, de 12/11/99). Essa medida legal, embora
necessária e em vigor, é insuficiente para solucionar o problema do descarte inadequado desses resíduos. Na verdade, ainda não há estudos suficientes que comprovem a necessidade de se recolher outros tipos de pilhas e baterias, além dos especificados na referida legislação, apesar de já haver, nos países da União Européia, entre outros, forte pressão para que todos os tipos sejam coletados, tratados e dispostos adequadamente, em razão da constante evolução da tecnologia com utilização de novos materiais e do aumento progressivo do consumo desses produtos. O que fazer quando pilhas e baterias deixam de funcionar ainda é uma questão de dúvida para muita gente. Algumas podem ser jogadas no lixo comum, outras não, e fazer a diferença entre um tipo e outro não é uma tarefa muito simples, mas fundamental para o meio ambiente. Para isso é necessário conscientização e educação.
METODOLOGIA A pesquisa desenvolvida nesse trabalho deu-se em duas etapas; a primeira delas, a coleta de dados, a partir de entrevistas com alunos de escolas de rede pública e privadas, e a segunda etapa a conscientização das comunidades abrangidas por nossa pesquisa, a respeito do tema do trabalho. A escolha por escolas tanto da rede pública quanto privada para realização desse trabalho foi uma forma encontrada para mostrarmos uma possível diferença existente nos modos de descarte e uso de baterias e pilhas entre os estudantes de tais instituições, sejam elas de caráter social ou econômico. 1ª ETAPA: Levantamento de dados Na primeira etapa deste trabalho, foi realizado o levantamento de dados para pesquisa. Foram coletados dados da realidade diária de estudantes do ensino médio de escolas da rede pública e privada da cidade de Campina Grande-PB. Tal levantamento foi realizado através de entrevistas com 450 alunos, por meio de um questionário, contendo 12 questões objetivas a respeito de seus hábitos quanto ao uso e descarte de pilhas e baterias. Essa etapa foi realizada entre setembro e outubro de 2010. A entrevista deu-se através por tais questões: 1) Você possui algum aparelho que utilize pilhas ou baterias? 2) Ao comprar suas pilhas, você prefere as recarregáveis ou descartáveis? 3) No ato da compra, qual critério você utiliza para escolha da pilha? 4) Quanto tempo, em média, você passa utilizando suas pilhas? 5) Você presta atenção na data de validade das pilhas ao comprá-las? 6) Você se informa a respeito do tipo da pilha que está comprando? 7) Existe coleta Seletiva em sua escola? 8) Você possui conhecimento dos postos de coleta autorizados a receber pilhas e baterias?
9) Você possui conhecimento dos perigos quanto ao descartar pilhas e baterias diretamente no meio ambiente? 10) Sabe quais os riscos corridos ao tentar recarregar uma pilha ou bateria descartável? 11) Você costuma reutilizar suas pilhas? De que forma? 12) De qual forma você descarta suas pilhas? O objetivo do trabalho não foi abordado de imediato para que o aprofundamento não interferisse nas respostas dos mesmos. 2ª ETAPA: Conscientização a respeito do uso e descarte de pilhas e baterias A segunda etapa consiste na conscientização dos estudantes participantes da pesquisa elaborada na primeira etapa do trabalho, e suas famílias. A conscientização deu-se através de palestras sobre o tema abordado e exposições acerca dos perigos sobre o uso e descarte indevido de pilhas e baterias. Essa etapa foi realizada entre outubro e novembro de 2010.
RESULTADOS E DISCUSSÕES O trabalho realizado acerca do tema Uso e descarte de pilhas e baterias visou identificar no público alvo a possível existência de uma diferença quanto ao nível de conhecimento sobre o tema abordado. De acordo com a pesquisa e com os resultados obtidos e apresentados na Figura 1, verificou-se que é perceptível a diferença existente nos modos de uso e descarte de pilhas e baterias nos diferentes âmbitos selecionados para a pesquisa. Verificou-se que 95% dos alunos da escola pública preferem, na hora da compra pelas pilhas descartáveis, enquanto que na escola privada o número cai para 64%. Quanto à escolha da pilha, verificou-se que 79% dos alunos da escola pública optam pela marca, enquanto que 21% tem preferência pelo preço da pilha. Já na rede privada, 85% optam pela marca da pilha. Quando questionados sobre o tempo em média de utilização da pilha, 92% dos alunos da rede pública não sabem, e da rede privada 87% não sabem. Ao questionar se possuem conhecimento sobre o tipo de pilha que estão adquirindo, 79% dos alunos da rede pública afirmaram não se informarem, supondo que todas são iguais, enquanto na rede privada, 37% responderam afirmaram se informar. Quando à escola, se possui coleta seletiva para tais materiais, a pesquisa constatou que na escola pública não há coleta seletiva, enquanto na rede privada ha, além da coleta seletiva de lixos, um coletor exclusivo para pilhas e baterias, uma vez que a própria escola armazena mesmo sem possuir conhecimento de centros de coleta de tais materiais. Questionados se sabiam da existência de postos de coletas, apenas 5% dos alunos da escola pública responderam possuir conhecimento, enquanto na particular 95% afirmaram conhecer. Se possuem conhecimento dos perigos que pilhas e baterias podem trazer, quando descartadas diretamente no meio ambiente, 25% dos alunos da escola pública afirmaram possuir conhecimento de tais perigos, na particular 60% afirmaram conhecer. Sobre os riscos corridos ao se tentar recarregar uma bateria ou pilha descartável, 15% dos alunos da escola pública afirmaram saber de tais riscos, e 55% dos alunos da escola privada afirmaram conhecer. Quando questionados sobre a forma que costumam recarregar as pilhas, 5% dos alunos da pública afirmaram recarregar usando carregador, 55% recarregando na geladeira e 40% não as reutilizam; já na escola particular 36% recarregam no carregador e 64% não as reutilizam.
Sobre onde descartam as pilhas e baterias após seu uso, 94% dos alunos da escola pública responderam descartar em coletores comuns, e 6% em lixeiros adequados. Na escola particular 4% descartam em lixeiros comuns e 96% em lixeiros adequados. A pesquisa possibilitou perceber o quanto é grande a falta de informação e conscientização dos estudantes tanto de escolas da rede pública como estudantes de escolas da rede privada sobre o uso, cuidados e descarte de pilhas e baterias. Na escola de rede pública pôde-se observar a falta de informação quanto ao descarte das pilhas, uma vez que a maioria deposita as pilhas que não serão mais utilizadas em lixos comuns, um fator que amplia esse modo inadequado de descarte é a falta de um postos de coleta e orientação na própria instituição. Já na escola particular, houve um contraste em relação ao quesito descarte, onde a própria escola implantou um posto de coleta para as pilhas que os alunos não utilizam mais, além de implantar o posto de coleta, a escola promovia eventos de conscientização sobre o uso de pilhas, e outros relacionados a preservação do meio ambiente, e também sobre o lixo.
CONCLUSÃO Após realizadas etapas de obtenção de dados, percebeu-se que por falta de conscientização coletiva ambiental e por ignorância aos riscos inerentes, as pilhas foram, ao longo de décadas, descartadas no meio ambiente como um lixo qualquer. Agora que existe uma clara preocupação ambiental é de se esperar que não somente se faça uma coleta seletiva e um destino final seguro, mas principalmente, se desenvolvam novas tecnologias de pilhas que sejam compatíveis com um meio ambiente, assim como trabalhos de conscientização junto a escolas e comunidades, a começar por escolas e posteriormente em toda comunidade. A pesquisa revelou que há uma variação entre o perfil socioeconômico dos alunos que participaram da pesquisa, sendo este fator o limitador do conhecimento de certos alunos da escola pública. Os alunos desta rede de ensino, em maioria, são limitados aos acessos e aos meios de comunicação, que são responsáveis pela disseminação do conhecimento. A má distribuição e a falta de recursos financeiros para uma maior divulgação na escola sobre a importância da coleta seletiva e os perigos do descarte inadequado das pilhas e baterias ao meio ambiente também são fatores que contribuem para tal resultado. Os alunos da escola particular demonstraram um maior conhecimento ao tema, sendo percebida uma vantagem em relação aos alunos da rede pública. Isto deve-se ao fato de que na escola, a coleta seletiva e um amplo trabalho de conscientização ambiental são frequentes no dia-a-dia dos alunos, possibilitando uma melhor educação ambiental. A conscientização teve um papel fundamental, pois levou informação através de palestra em sala de aula informações sobre o perigo do mau descarte das pilhas e baterias e os danos causados à saúde e ao meio ambiente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LOPES, Daniella. Pilhas e baterias causam impacto no meio ambiente. Disponível em: <http://notapajos.globo.com/lernoticias.asp?id=20618 >. Acesso em: 15 de novembro de 2010. BINEE, Jorge Alberto Soares Tenório e Denise Crocce Romano Espinosa. Pilhas e baterias. Disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/residuos/pilhas_e_baterias/pilhas_e_baterias.html>. Acesso em: 15 de novembro de 2010. R.Resnick, D.Halliday, e J. Merrill. Fundamentos de Física, vol. 1 Mecânica, 7a ed., LTC (2006) ATKINS, P.W.; JONES, Loretta. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. 3.ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. 965 p.