ALCOOLISMO: CONSEQUENCIAS FISIOPATOLÓGICAS NA CIRROSE HEPÁTICA 1



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ALCOOLISMO: CONSEQUENCIAS FISIOPATOLÓGICAS NA CIRROSE HEPÁTICA 1 BASSOTTO, Maria Julia Stoever. 2 ; SCREMIN, Luana Thomazette Cechin 2 ; BITTENCURT, Mariana Oriques 2 ; BARCELOS, Louise Muniz 2 ; RANGEL, Rosiane Filipin 3 ; ZAMBERLAN, Claudia 3 ; COSTENARO, Regina Gema Santini. 3 1 Pesquisa vinculada a atividade de ensino. Curso de Enfermagem, Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. 2 Acadêmica do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Membro do GIPES. Santa Maria, RS, Brasil. 3 Enfermeira. Professora Curso de enfermagem-unifra,membro do GIPES Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: mah_stoever@hotmail.com; reginacostenaro@hotmail.com RESUMO O alcoolismo é considerado um importante problema de saúde pública, devido as conseqüências trazidas pelo uso indiscriminado do mesmo. Assim objetiva-se neste estudo discutir a cerca da fisiopatologia e os malefícios do álcool no organismo. Para tal foi realizada uma pesquisa bibliográfica subsidiando assim os conhecimentos de enfermagem para que sejam realizadas intervenções com intuito de promover saúde sem alcoolismos. O entendimento sobre os processos fisiopatológicos da cirrose hepática são importantes para a prática do enfermeiro, tendo em vista os sinais e sintomas na assistência de enfermagem à pacientes valorizando sua história de vida. Assim, considera-se de extrema relevância que os acadêmicos de enfermagem e profissionais da saúde sejam instigados a cuidarem da pessoa doente na sua integralidade, valorizando sua história de vida e contexto familiar, além do conhecimento da fisiopatologia da doença. Palavras-chave: Enfermagem; Alcoolismo; Cirrose. INTRODUÇÃO Entender o processo de desenvolvimento das doenças se torna cada vez mais necessários para que os cuidados de enfermagem sejam efetivados de maneira adequada em cada patologia. Esse aspecto também é importante pelo fato de que a cada dia estão surgindo novas condutas e novas tecnologias que implicam num cuidado genuíno e comprometido com a promoção da saúde das pessoas. Neste aspecto destacam-se as doenças crônicas degenerativas dentre ela inclui-se a cirrose hepática provocada pelo alcoolismo. Salienta-se que o alcoolismo é considerado um importante problema de saúde 1

publica. No Brasil os dados apontam o aumento do consumo de álcool em faixas etárias cada vez mais precoces. Entre os jovens de 12 a 17 anos a taxa de alcoolismo é de 7,0%, este nível representa 554.000 jovens com sérios problemas sociais e de saúde (BRASIL, 2007).Salienta-se também que o alcoolismo é o principal fator etiológico para o surgimento da cirrose hepática, que é uma doença crônica em que ocorre a substituição do tecido hepático normal por fibrose difusa, rompendo com as estruturas e função do fígado (SMELTZER & BARE, 2005). Nos Estados Unidos as doenças hepáticas induzidas por álcool são a principal causa de morte, sendo que 40 a 90% destas mortes são devidas a cirrose hepática, o que é responsável por 10 000 a 24 000 mortes por ano. O relatório do Instituto Nacional de Alcoolismo e Abuso de Álcool sugere que a cirrose hepática está geralmente associada ao consumo de cinco doses de álcool/dia por um período de pelo menos cinco anos (ANDRADE, 2009). Corroborando (PARISE, OLIVEIRA, CARVALHO, 2007) mostram, por meio de estudos epidemiológicos, que, independente da dose de etanol ingerida, apenas 30 a 35% dos alcoolistas evoluem para a cirrose hepática, presumindo que outros fatores, como sexo (entre as mulheres, essa evolução para a cirrose ocorre com ingestão de menores doses de etanol e em menor tempo de alcoolismo), herança genética e outras influências ambientais, particularmente infecção viral crônica, teriam importante papel na gênese e na evolução da doença hepática alcoólica. Justifica-se este estudo devido ao alto índice de consumidores abusivos de álcool, e ao fato de que muitas pessoas evoluem para cirrose hepática. Contextualizando a importância dos profissionais de saúde, mais especificamente a equipe de enfermagem ter conhecimento científico dessa patologia, para que realize uma promoção à saúde voltada a orientações que esclareçam sobre os malefícios do álcool ao organismo humano. Assim, objetivou-se nesta pesquisa descrever a cirrose hepática e a fisiopatologia desta doença no alcoolismo, enfatizando a importância deste conhecimento clínico para enfermagem. OBJETIVOS Discutir sobre os efeitos do alcoolismo ea evolução desta patologia para cirrose hepática. METODOLOGIA 2

Trata-se de uma pesquisa descritiva bibliográfica, desenvolvido como critério de avaliação na disciplina Optativa III: Clínica Ampliada na Enfermagem Cuidados no Processo de Morrer no período de maio a junho de 2012, do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano. Foram selecionados artigos completos disponíveis em suporte eletrônico no idioma português. A busca ocorreu nas bases de dados LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e SCIELO (Scientific Electronic Library On line). FISIOPATOLOGIA DA CIRROSE HEPÁTICA A cirrose hepática trata-se de uma doença crônica que é caracterizada por destruição difusa e regeneração fibrótica das células hepáticas. É duas vezes mais comum em homens que em mulheres e é especialmente predominante entra as pessoas subnutridas acima de 50 anos de idade e sob alcoolismo crônico. Entre os órgãos que mais sofrem com está patologia está o fígado, órgão único, que em estado saudável é descrito como laboratório químico do organismo, pois desempenha múltiplas funções, entre as quais a de síntese, armazenamento, desintoxicação e apresenta uma importante capacidade de regeneração. O consumo abusivo do álcool produz uma substância denominada de acetaldeído, que é muito tóxica ao fígado, provocando danos hepáticos gravíssimos e na maioria das vezes irreversíveis. O fígado daqueles que exageram no consumo contínuo do álcool, tem na sua história clínica, quatro fases distintas (figura 1). A primeira fase caracteriza-se pela presença de deposição de gordura no fígado (esteatose hepática); a segunda pela fase de inflamação aguda do fígado (hepatite aguda alcoólica); a terceira pela fibrose do fígado (formação de tecido fibroso); e, finalmente, a quarta é a fase de cirrose alcoólica (NAKAMOTO, TAKAHASHI, MENDES, CARDOSO, 2005; FONSECA, 2009). As células hepáticas destruídas são substituídas por células fibróticas em um processo denominado regeneração fibrótica. À medida que o tecido necrótico fica fibrótico, formam-se nódulos regenerativos e o parênquima hepático sofre alterações fibróticas extensas e irreversíveis. A doença altera a estrutura e a vascularização hepática normais e prejudica os fluxos sanguíneos e o linfático, acabando por causar insuficiência hepática (FRIEDMAN, 2001). A cirrose hepática relacionada ao álcool, a exemplo das cirroses de outras etiologias, pode surgir por meio de complicações, como: hemorragia digestiva, ascite, encefalopatia ou icterícia, mas um significativo contingente de pacientes é assintomático e o diagnóstico 3

acaba sendo feito por meio de algum exame complementar solicitado em decorrência de outro sintoma não relacionado à hepatopatia (NAKAMOTO, TAKAHASHI, MENDES, CARDOSO, 2005; FONSECA, 2009). Desta forma, é importante que o paciente acometido por esta patologia tenha uma dieta adequada e uma rígida prevenção do álcool. Embora a fibrose do fígado cirrótico não possa ser revertida, sua progressão pode ser lentificada por essas medidas. Foi construído um mapa, conceitual para auxiliar na compreensão da fisiopatologia da cirrose hepática por alcoolismo. A utilização dos mapas conceituais, tem se apresentado como uma ferramenta de ação pedagógica bastante útil para o ensino de diversos temas. Devido a sua estrutura organizacional hierarquizada, procura facilitar o aprendizado e a assimilação do conteúdo dado com a estrutura cognitiva já existente (NAKAMOTO, TAKAHASHI, MENDES, CARDOSO, 2005). ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM CIRROSE HEPÁTICA Atualmente, existe um sério problema relacionado à adesão ao tratamento das doenças crônicas, provavelmente, por este consistir numa terapêutica de longa duração e exigir do indivíduo mudanças no estilo de vida. Em relação à cirrose hepática, não poderia ser diferente visto que a eliminação do álcool, fator imprescindível para se obter resultados satisfatórios quanto ao tratamento, representa o maior obstáculo. O alcoolismo constitui um problema individual e social, pois o indivíduo sob estado de embriaguez torna-se, geralmente, agressivo e isso começa, com o decorrer do tempo, a refletir sobre os ambientes familiares e comunitários, afastando dele, as pessoas com as quais ele se importa (VARGAS & FRANÇA, 2007). O tratamento da cirrose alcoólica envolve o manuseio de suas complicações e a inibição da compulsão pelo álcool, com suporte medicamentoso e psicoterapia. A esses tratamento é importante uma suplementação dietética composta por baixo teor de gordura insaturada e maior ingesta proteíno-calórica. Outras medidas, como transplante hepático, devem ser estudadas caso a caso (FRIEDMAN, 2001). A enfermeira avalia a conciência do paciente por meio da entrevista e de outras interações; observa a orientação em relação à pessoa, lugar e tempo. Também analisa o estado nutricional, o qual é de primordial importância na cirrose, observando e acompanhando o peso e a monitoração dos níveis plasmáticos de proteínas, transferrina e creatinina (SMELTZER, BARE, 2005). Os cuidados de enfermagem são de suma importância, onde cita-se alguns como: 4

manter o paciente em repouso e outras medidas de suporte para permitir que o fígado restabeleça sua capacidade; estabelecer uma dieta nutritiva rica em proteínas e vitaminas do complexo B; fornecer cuidado cutâneo por causa do edema, imobilidade, icterícia e suscetibilidade aumentada à ruptura e infecção da pele; reduzir o risco de lesão, protegendo o paciente de quedas devido à possibilidade de sangramento pela anormalidade de coagulação(smeltzer, BARE, 2005). Além disso, a equipe de enfermagem deve estar atenta há presença de sangue nas fezes (sinal de possível sangramento interno) e monitoramento rigoroso dos sinais vitais. O paciente e a família precisam ser informados sobre essas possíveis complicações, receber explicações sobre tratamento e também receber suporte emocional. Nesse contexto, destaca-se a importância da equipe de enfermagem além do cuidado realizado ao paciente, valorizar a família e orientá-los sobre todas as possibilidades de cuidado e recaídas que possam acontecer com o paciente. No momento da doença, todos os componentes da família acabam também adoecendo e precisam de atenção, orientação, apoio conforme as necessidades, e realidade vivenciada por cada paciente e seus familiares. CONSIDERAÇÕES PARA ENFERMAGEM Em suma, a fisiopatologia da cirrose hepática é complexa, envolvendo interações de múltiplos mediadores. Sendo de grande relevância o conhecimento e preparo do profissional da saúde para atender esses pacientes, podendo prevenir ou evitar complicações decorrentes da falta de informação e contribuindo para uma melhor qualidade de vida. O entendimento sobre os processos fisiopatológicos da cirrose hepática são importantes para a prática do enfermeiro, tendo em vista os sinais e sintomas na assistência de enfermagem à pacientes valorizando sua história de vida. Assim, considera-se de extrema relevância que os acadêmicos de enfermagem e profissionais da saúde sejam instigados a cuidarem da pessoa doente na sua integralidade, valorizando sua história de vida e contexto familiar, além do conhecimento da fisiopatologia da doença. REFERÊNCIAS ANDRADE, A.G. Centro de informações sobre saúde e álcool. São Paulo; 2009. [Acesso 15 out. 2009]. Disponível em: www.cisa.gov.br. 5

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