ESTRUTURA EMPRESARIAL NACIONAL 1995/98



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Transcrição:

ESTRUTURA EMPRESARIAL NACIONAL 1995/98 NOTA METODOLÓGICA De acordo com a definição nacional, são pequenas e médias empresas aquelas que empregam menos de 500 trabalhadores, que apresentam um volume de vendas anual não superior a 2,4 milhões de contos (aproximadamente 12 milhões de euros) e que não possuam nem sejam possuídas em mais de 50% por uma empresa não considerada PME. Esta definição difere em muito da definição europeia, particularmente no que respeita aos critérios número de trabalhadores e volume de vendas. De facto, de acordo com a Recomendação da Comissão n.º 96/280/CE, uma PME deve ter menos de 250 trabalhadores e apresentar um volume de negócios anual que não exceda 40 milhões de euros ou um balanço total anual que não exceda 27 milhões de euros. Apesar de a definição nacional ainda estar em vigor em Portugal, a verdade é que, na prática, na maioria das situações, e designadamente para efeitos da atribuição de incentivos no âmbito do POE, estão a ser considerados os critérios constantes da definição europeia. Por esse facto, a análise da estrutura empresarial apresentada de seguida terá por base esses mesmos critérios. Destaque-se porém que, por motivos de tratamento estatístico dos dados, apenas é possível considerar o critério número de trabalhadores para efeitos de classificação das empresas, pelo que são classificadas como microempresas aquelas que empregam menos de 10 trabalhadores; pequenas, as que empregam menos de 50 trabalhadores; médias, as empresas que empregam menos de 250; e grandes, as empresas com mais de 250 pessoas ao serviço. Esta caracterização da estrutura empresarial nacional tem por base os dados do FGUE do INE, nomeadamente, os dados referentes ao número de empresas (sociedades 1 ), emprego e volume de negócios, nos anos de 1995 e 1998, desagregados por classe dimensional de empresas e ventilados por distritos e por CAE (2 dígitos). De referir que não estão incluídos na análise os sectores da agricultura e pescas, actividades financeiras, administração pública e defesa ou organismos internacionais (secções A, B, J, L, P e Q), por não serem estudados pelo INE. 1 Sociedades com pelo menos uma pessoa ao serviço.

CARACTERIZAÇÃO GERAL Representando, em 1998, 99,7% das empresas nacionais, as PME constituem a grande maioria do tecido empresarial português. Efectivamente, este conjunto de empresas é responsável por cerca de 76% do emprego e por aproximadamente 71% do volume de negócios realizado no país. E se comparamos estes números com os seus homólogos do ano de 1995, respectivamente, 99,6%, 75% e 70%, verificamos que, nos últimos anos, se tem registado ainda um aumento do peso deste conjunto de empresas na estrutura empresarial nacional. Gráfico 1 Evolução da estrutura empresarial nacional, entre 1995 e 1998 2.500.000 2.250.000 Emprego 2.000.000 1.750.000 1.500.000 1.250.000 1.000.000 750.000 500.000 250.000 N.º de empresas Volume de Negócios (milhões de contos) 0 PME Total PME Total PME Total 1995 1998 E este reforço da posição das PME fica a dever-se fundamentalmente à sua efectiva dinâmica de crescimento. De facto, e ainda que tenha ocorrido uma ligeira redução no número de grandes empresas de 1995 para 1998 (-1,6%/ano), aquela classe dimensional de empresas viu aumentar o emprego por si gerado neste período e também, de forma significativa, o seu volume de negócios. Mas a verdade é que, em qualquer dos indicadores, o crescimento foi superior nas PME. Será interessante, a este propósito, analisar as consequências deste tipo de evolução da estrutura empresarial nacional a nível da dimensão média das empresas e da sua produtividade.

Os resultados são interessantes, porque revelam duas tendências muito claras. Por um lado, o aumento da dimensão média das grandes empresas e a diminuição da dimensão média das PME; por outro, o aumento claro da produtividade em ambas as classes dimensionais de empresas. De facto, verificou-se um aumento do número médio de trabalhadores nas empresas de grande dimensão de 691,3 para 725,2, o qual foi acompanhado por um crescimento do volume de negócios por empresa (de 11,5 milhões de contos para 15,6 milhões de contos) e do volume de negócios por trabalhador (de 16,6 mil contos para 21,5 mil contos). Por seu turno, nas PME o número médio de trabalhadores reduziu-se ligeiramente de 8,7 para 8,1, enquanto que o volume de negócios por empresa subiu de 112,5 para 133,5 mil contos e o volume de negócios por trabalhador de 12,9 para 16,5 mil contos. Em termos gerais, esta evolução saldou-se numa redução da dimensão média das empresas nacionais (em 1995 existiam 11,6 trabalhadores por empresa, ao passo que, em 1998, esse número baixou para 10,6) e num aumento do volume de negócios realizado quer por empresa quer por trabalhador (de 160,3 para 187,9 mil contos e de 13,8 para 17,7 mil contos, respectivamente), reflectindo seguramente um aumento de produtividade. Convém, no entanto, fazer uma análise um pouco mais detalhada, para verificar o comportamento das diferentes classes dimensionais de empresas no período em estudo. Gráfico 2 Evolução do n.º de empresas, por classe dimensional de empresas, entre 1995 e 1998 225.000 200.000 175.000 150.000 125.000 100.000 75.000 50.000 25.000 0 Microempresas Pequenas Médias Grandes Total 1995 1998

Uma primeira constatação é a de que as microempresas não só se continuam a assumir como a principal classe empresarial do nosso país, representando aproximadamente 80% das empresas portuguesas, como têm vindo a reforçar a sua posição na estrutura empresarial nacional. Efectivamente, as microempresas foram a única classe dimensional a conseguir, no período 1995/98, taxas de crescimento médio anual acima da média nos três indicadores observados, respectivamente 5,2%, 4,9% e 11,9%, o que teve como consequência o reforço do seu já elevado peso na estrutura empresarial nacional tanto no que respeita a número de empresas (1,7 p.p.) como no que respeita a emprego gerado (2,3 p.p.) ou a volume de negócios realizado (1 p.p.). Com esta evolução, as microempresas passaram a representar 81,6% das empresas nacionais e a ser responsáveis por 24,5% dos postos de trabalho existentes e por 21,1% do volume de negócios realizado no país. Crescimentos mais moderados, mas ainda assim significativos, ocorreram também ao nível das pequenas empresas, a segunda grande classe dimensional de empresas em Portugal (15,5% das empresas). Gráfico 3 Evolução do emprego, por classe dimensional de empresas, entre 1995 e 1998 2.500.000 2.250.000 2.000.000 1.750.000 1.500.000 1.250.000 1.000.000 750.000 500.000 250.000 0 Microempresas Pequenas Médias Grandes Total 1995 1998

O número de empresas de pequena dimensão aumentou a um ritmo de 1,7% ao ano, o que se traduziu num crescimento médio anual do emprego gerado de 1,5% e num acréscimo do volume de negócios na ordem dos 9,8% ao ano. Como resultado, estas empresas ganharam algum peso em termos da estrutura empresarial nacional tanto em termos de número de empresas (0,8 p.p.) como em termos de responsabilidade enquanto geradoras de emprego (0,1 p.p.). De salientar, aliás, que este grupo continua a ser aquele que mais emprego proporciona, representando 28,5% dos postos de trabalho existentes. Contudo, e apesar do importante crescimento do volume de negócios registado por estas empresas no período em análise, as pequenas empresas perderam algum peso nesta matéria (-0,2 p.p.), uma vez que ocorreram crescimentos mais significativos deste indicador quer nas microempresas quer nas empresas de média dimensão. Ainda assim, as pequenas empresas realizam 25,8% do volume de negócios nacional, situando-se acima tanto das microempresas como das médias empresas. Será importante observar que o aumento do volume de negócios das empresas de média dimensão aconteceu ainda que não tenha aumentado o número de empresas desta classe dimensional. Na realidade, registou-se, entre 1995 e 1998, uma ligeira redução do número de médias empresas (-0,3%/ano), que se repercutiu, naturalmente, numa perda de peso desta classe empresarial na estrutura nacional (-0,1 p.p.). De forma análoga, esta redução do número de médias empresas traduziu-se numa pequena redução do emprego por elas gerado (-0,4%/ano) e, consequentemente, numa perda de peso desta classe dimensional de empresas enquanto empregadoras (-1,3 p.p.).

Gráfico 4 Evolução do volume de negócios, por classe dimensional de empresas, entre 1995 e 1998 45.000 40.000 35.000 30.000 25.000 20.000 15.000 10.000 5.000 0 Microempresas Pequenas Médias Grandes Total 1995 1998 Como já foi referido, no período 1995/98 registou-se uma pequena diminuição do número de grandes empresas (-1,6%/ano), que não teve consequências negativas nem a nível do emprego nem a nível do volume de negócios. O volume de negócios registou, inclusivamente, um interessante crescimento de 9% ao ano, ainda assim o mais moderado de todas as classes dimensionais. Por este facto, as grandes empresas perderam representatividade em todos os indicadores analisados, designadamente, -0,1 p.p., -1,1 p.p. e 0,9 p.p.. CARACTERIZAÇÃO REGIONAL Será interessante verificar que a dinâmica de crescimento registada nos três indicadores em análise ocorreu em todos os distritos do Continente e também nas Regiões Autónomas. Na verdade, em todos eles se registaram não só aumentos do número de empresas, mas também do emprego e do volume de negócios. Naturalmente, a intensidade dessa evolução terá sido variável de distrito para distrito.

Gráfico 5 Peso dos distritos na estrutura empresarial nacional N.º de empresas, emprego e volume de negócios 1998 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% Açores Aveiro Beja Braga Bragança Castelo Branco Coimbra Évora Faro Guarda Leiria Lisboa Madeira Portalegre Porto Santarém Setúbal Viana do Castelo Vila Real Viseu empresas emprego volume de negócios Portalegre e Madeira são os protagonistas de alguns dos crescimentos mais importantes registados no período. Efectivamente, foi na Madeira que aconteceu o maior crescimento médio anual do número de empresas (8,2%), o qual foi acompanhado por um significativo crescimento do emprego (7,5%/ano, o segundo mais representativo) e, de longe, pelo mais importante aumento do volume de negócios realizado no país (33,9%/ano). Portalegre, por seu turno, viu as suas empresas aumentarem a um ritmo de 6,2% ao ano que, não tendo sido o crescimento mais relevante, foi um dos mais importantes que ocorreram no país, o que resultou no mais significativo crescimento do emprego (7,9%/ano) e no segundo mais importante crescimento do volume de negócios (16,6%/ano). No que respeita a número de empresas será também de destacar o protagonismo dos distritos de Vila Real (7,7%), Viseu (7%), Braga e Guarda (6,2%, em ambos os casos). Faro (1,3%), Açores (2,6%) e Lisboa (3%) registaram os crescimentos mais moderados no período. Apesar disso, na Região Autónoma dos Açores ocorreu a par com a Madeira um dos mais significativos crescimentos do emprego registados a nível nacional (7,5%/ano) e também um dos mais importantes crescimentos no volume de negócios (14,5%/ano). Lisboa, por seu turno,

registou também taxas médias de crescimento inferiores à média nacional nos dois outros indicadores, o que fez com que o seu peso na estrutura empresarial nacional, invariavelmente o de mais significado, se reduzisse um pouco, aproximando mais o distrito dos valores médios nacionais. Curiosamente, este é, aliás, o único distrito que perde representatividade nos três indicadores em análise. Ainda assim, estão concentradas em Lisboa 33,1% das empresas nacionais, o que faz com que o distrito reuna 34,1% dos postos de trabalho do país e realize 46,2% do volume de negócios nacional. Porto, Aveiro e Braga, três dos quatro distritos com maior número de empresas a seguir a Lisboa (o outro é Setúbal), ainda que tenham visto aumentar o seu tecido empresarial a um ritmo superior à média nacional (4,9%, 5,5% e 6,3%, respectivamente) perderam alguma representatividade em matéria de emprego e de volume de negócios. Tal fica, naturalmente, a dever-se ao facto de apenas terem conseguido aumentar o número de postos de trabalho e o volume de negócios realizado a uma taxa média anual inferior à registada a nível nacional. Setúbal é a única excepção dentro dos cinco grandes, ao ter visto a sua posição reforçar-se na estrutura empresarial nacional quer em termos de número de empresas (0,13 p.p.) quer em termos de emprego (0,17 p.p.) ou de volume de negócios (0,52 p.p.). Inclusivamente, este foi um dos distritos, a nível nacional, que mais peso adquiriu de 1995 para 1998 em qualquer um dos indicadores. CARACTERIZAÇÃO SECTORIAL Se passarmos a uma análise de nível sectorial, podemos constatar, no entanto, que nem todos os sectores de actividade terão registado dinâmicas de crescimento no sentido da média nacional. Efectivamente, surgiram pequenas excepções às tendências globais de crescimento. Foi o caso da indústria extractiva, que viu reduzido, ainda que muito ligeiramente (-1,1%/ano), o seu número de empresas entre 1995 e 1998. Isto, apesar de ter ocorrido um efectivo aumento do número de microempresas no sector. Não podemos, contudo, saber com exactidão a forma como se terá repercutido esta situação quer em matéria de emprego quer em matéria de volume de negócios, uma vez que existem problemas inerentes a segredo estatístico particularmente visíveis neste domínio. Assim, sabemos apenas que o volume de negócios realizado por este sector terá crescido a uma taxa média anual superior a 5,9%, nada podendo concluir acerca do sentido real do crescimento do emprego.

Gráfico 6 Peso dos grandes sectores de actividade na estrutura empresarial nacional N.º de empresas, emprego e volume de negócios 1998 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% Comércio Construção Energia Indústria Extractiva Indústria Transformadora Serviços Turismo empresas emprego volume de negócios Por outro lado, e apesar do aumento do número de empresas no período, registaram-se pequenas reduções do emprego gerado nos sectores energia e indústria transformadora. No primeiro caso, essa redução fica apenas a dever-se a uma diminuição do número médio de trabalhadores por empresa nas empresas de grande dimensão, já que o emprego nas PME cresceu de forma significativa. No caso da indústria transformadora, a diminuição do emprego aconteceu em todas as classes dimensionais de empresas à excepção das microempresas. De facto, este sector apresenta uma evolução interessante, uma vez que foi este conjunto de empresas o seu grande dinamizador no período em análise. Em matéria de volume de negócios, e seguindo a média nacional, ocorreram crescimentos bastante significativos, nalguns casos em todos os sectores. O sector dos serviços foi aquele onde ocorreram alguns dos crescimentos mais significativos no período em análise. De facto, apesar de se ter registado uma taxa de crescimento média anual superior no sector energia (10,3%), a verdade é que o número de empresas de serviços aumentou a um ritmo de 8,1% ao ano, o que se reflectiu num aumento do emprego gerado pelo sector da ordem dos 6,9% e num crescimento do volume de negócios de 15,2%, os mais importantes que

aconteceram. Como consequência, o sector viu reforçada a sua já relevante posição na estrutura empresarial nacional nos três indicadores analisados. Com um aumento de peso de 2,48 p.p. em termos de número de empresas, de 2,95 p.p. em termos de emprego e de 1,64 p.p. em termos de volume de negócios este foi, aliás, um dos sectores que maior representatividade adquiriu de 1995 para 1998 (apenas terá sido ultrapassado em matéria de volume de negócios, designadamente pelo sector do comércio, que viu reforçada a sua representatividade em 2,11 p.p.). Dado interessante é que a evolução verificada no sector é reflexo dos crescimentos registados em todas em classes dimensionais de empresas. O comércio, por seu turno, manteve a sua posição de liderança tanto no que respeita a número de empresas como a volume de negócios, ainda que, fruto de um crescimento do número de empresas ligeiramente inferior à média nacional, tenha perdido algum peso nesse domínio (-1,33 p.p.). Apesar disso, este sector engloba 36,8% das empresas nacionais. De notar que, também neste caso, ocorreu um crescimento de todos os indicadores em estudo, entre 1995 e 1998, em todas as classes dimensionais de empresas. Em matéria de emprego, a indústria transformadora continua em primeiro lugar 38% dos postos de trabalho, ainda que tendo perdido alguma representatividade no período (-4,82 p.p.). De notar que esta tendência se terá registado igualmente a nível de número de empresas (-1,85 p.p.) e de volume de negócios (-4,08 p.p.), apesar da efectiva evolução positiva verificada nestes dois indicadores (0,9%/ano e 5,7%/ano, respectivamente). Junho de 2001