Mesquita, M. 1 ; Silva Neto, J.C.A. 2 ; Aleixo, N.C.R. 3 ; Email:natachaaleixo@yahoo.com.br;



Documentos relacionados
ANÁLISE DE VULNERABILIDADE À EROSÃO NA MICROBACIA DO RIO BRUMADO (BA) COM EMPREGO DE GEOTECNOLOGIAS

15- Representação Cartográfica - Estudos Temáticos a partir de imagens de Sensoriamento Remoto

Geomorfologia e Planejamento. Rosangela do Amaral Geógrafa, Pesquisadora Científica Instituto Geológico - SMA

Criando Mapa de Declividade a partir de dados SRTM

ambientes de topografia mais irregular são mais vulneráveis a qualquer tipo de interferência. Nestes, de acordo com Bastos e Freitas (2002), a

Rafael Galvan Barbosa Ferraz 1 Carla Maria Maciel Salgado 1 Reginaldo Brito da Costa 1

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS UNICAMP.

Compartimentação geomorfológica da folha SF-23-V-A

Natália da Costa Souza. Ana Paula Camargo Larocca

Caracterização das Unidades de Manejo Florestal Lote-1 da Floresta Estadual do Amapá

ESTUDO DE EROSÃO DOS SOLOS NA ÁREA DO MÉDIO ALTO CURSO DO RIO GRANDE, REGIÃO SERRANA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

P L A N I F I C A Ç Ã O A M É D I O P R A Z O

CLASSIFICAÇÃO HEMERÓBICA DAS UNIDADES DE PAISAGEM DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CARÁ-CARÁ, PONTA GROSSA PR

Eixo: GEOGRAFÍA FÍSICA, RIESGOS SOCIOAMBIENTALES Y CAMBIO CLIMÁTICO.

MAPEAMENTO DE FRAGILIDADE DE DIFERENTES CLASSES DE SOLOS DA BACIA DO RIBEIRÃO DA PICADA EM JATAÍ, GO

DISTRIBUIÇÃO DO USO E COBERTURA DA TERRA POR DOMÍNIOS GEOMORFOLÓGICOS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO JOÃO - RIO DE JANEIRO

MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO DA ÁREA URBANA DE ILHÉUS, BAHIA

AVALIAÇÃO DO USO DA TERRA NO PROJETO DE ASSENTAMENTO CHE GUEVARA, MIMOSO DO SUL, ESPÍRITO SANTO

Juliana Aurea Uber, Leonardo José Cordeiro Santos. Introdução

Diagnóstico Ambiental do Município de Alta Floresta - MT

Município de Colíder MT

ANALISE TEMPORAL DA EVOLUÇÃO URBANA DO MUNICÍPIO DE NITERÓI RJ, USANDO O PROGRAMA SPRING.

ANO LECTIVO PLANIFICAÇÃO ANUAL. Tema 1: A Terra: estudos e representações UNIDADE DIDÁCTICA: 1- Da paisagem aos mapas. A descrição da paisagem;

1ª Circular XXXI Encontro Estadual de Geografia. Professor, o Bacharel e o Estudante: diferentes ações, as mesmas geografias?

Grupo: Irmandade Bruna Hinojosa de Sousa Marina Schiave Rodrigues Raquel Bressanini Thaís Foffano Rocha

USO E COBERTURA DAS TERRAS NA ÁREA DE ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA USINA HIDRELÉTRICA DE TOMBOS (MG)

José Carlos de Souza¹ Janete Rego Silva². ¹ Universidade Estadual de Goiás UEG Rua Santa Cruz S/N Vila de Furnas Minaçu GO.

Erosão e Voçorocas. Curso: Arquitetura e Urbanismo Disciplina: Estudos Ambientais Professor: João Paulo Nardin Tavares

O mundo perdido, de Arthur Conan Doyle Companhia Editora Nacional

CLASSIFICAÇÃO DE VALES INTRAMONTANOS DA SERRA DA BOCAINA, DIVISA ENTRE OS ESTADOS DO RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO

GEOTECNOLOGIAS APLICADAS A SIMULAÇÃO DE PERDAS DE SOLO POR EROSÃO HÍDRICA FRANCIENNE GOIS OLIVEIRA

CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL COM BASE NOS PARÂMETROS CURRICULARES DO ESTADO DE PERNAMBUCO

GEOGRAFIA. transformadas

METODOLOGIA PARA O GEORREFERENCIAMENTO DE ILHAS COSTEIRAS COMO SUBSÍDIO AO MONITORAMENTO AMBIENTAL

Anais do Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto - GEONORDESTE 2014 Aracaju, Brasil, novembro 2014

ANÁLISE E MAPEAMENTO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NO MUNICÍPIO DE ALFENAS MG.

Ordilei Aparecido Gaspar de Melo¹ Manoel Luiz dos Santos²

ANÁLISE MORFOMÉTRICA E GEOMORFOLÓGICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DA SALSA, LITORAL SUL DO ESTADO DA PARAÍBA/BRASIL

Estudo da fragilidade ambiental no Parque Nacional da Serra da Bocaina, Estado do Rio de Janeiro

Mapa Preliminar de Risco Geotécnico com uso de SIG na região urbana do município de Alegre-ES

Escola Secundária Mouzinho da Silveira Departamento de Ciências Sociais e Humanas Grupo de Recrutamento 420 Ano Letivo de 2014 / 2015 Curso Básico

DIFERENÇAS TÉRMICAS OCASIONADAS PELA ALTERAÇÃO DA PAISAGEM NATURAL EM UMA CIDADE DE PORTE MÉDIO - JUIZ DE FORA, MG.

OCUPAÇÕES IRREGULARES E IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS NA REGIÃO NOROESTE DE GOIÂNIA

GEOPROCESSAMENTO COMO INSTRUMENTO DE ANÁLISE NOS IMPACTOS AMBIENTAIS: MINERADORA CAMPO GRANDE TERENOS/MS.

SUSCETIBILIDADE A EROSÃO DO SOLO NA CIDADE DE SALVADOR BAHIA

O USO DE CARTAS TOPOGRÁFICAS E IMAGENS DO GOOGLE EARTH EM ESTUDOS DE IDENTIFICAÇÃO DE TURFAS NOS MUNICIPIOS DE GUARAPUAVA E PINHÃO-PR

Bruno Rafael de Barros Pereira 1 Venerando Eustáquio Amaro 1,2 Arnóbio Silva de Souza 1 André Giskard Aquino 1 Dalton Rosemberg Valentim da Silva 1

Izabel Cecarelli. GEOAMBIENTE Sensoriamento Remoto

COLÉGIO MARQUES RODRIGUES - SIMULADO

LUGARES E PAISAGENS DO PLANETA TERRA

LEVANTAMENTO E MONITORAMENTO DOS RECURSOS FLORESTAIS DOS TABULEIROS COSTEIROS DO NORDESTE DO BRASIL*

Relações mais harmoniosas de convívio com a natureza; O mundo como um modelo real que necessita de abstrações para sua descrição; Reconhecimento de

Curso: Geografia ( 1 ª Licenciatura) I Bloco. Prática de redação, leitura e interpretação de textos geográficos. Língua Portuguesa 60 horas

COLÉGIO MARISTA - PATOS DE MINAS 2º ANO DO ENSINO MÉDIO Professor : Bruno Matias Telles 1ª RECUPERAÇÃO AUTÔNOMA ROTEIRO DE ESTUDO - QUESTÕES

Avaliação da ocupação e uso do solo na Região Metropolitana de Goiânia GO.

O Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) e o uso das ferramentas de geotecnologias como suporte à decisão

MAPEAMENTO FLORESTAL

MATRIZ CURRICULAR DO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL. Válida para os acadêmicos ingressantes a partir de 2010/1

COMPARTIMENTAÇÃO MORFOPEDOLÓGICA E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA BACIA DO CÓRREGO AMIANTO, MINAÇU GO

GEOMORFOLOGIA URBANA: O CASO DO BAIRRO SÃO FRANCISCO RIO BRANCO ACRE BRASIL

Glossário das Camadas do SISTEMA CADEF

Painel 3 - Sustentabilidade: o produtor rural como gestor do território

Anais do II Seminário de Atualização Florestal e XI Semana de Estudos Florestais. Deise Regina Lazzarotto

ANÁLISE DO USO DO SOLO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NO ALTO CURSO DA BACIA DO RIO COTEGIPE, FRANCISCO BELTRÃO - PR

MATERIAL DE DIVULGAÇÃO DA EDITORA MODERNA

SENRORIAMENTO REMOTO E SIG. Aula 1. Prof. Guttemberg Silvino Prof. Francisco das Chagas

IMPACTOS DE ATIVIDADES DE MINERAÇÃO NA DINÂMICA FLUVIAL DO RIO ARAQUÁ (SÃO PEDRO SP)

Reconhecer as diferenças

MODELAGEM DA PRODUÇÃO DE SEDIMENTOS USANDO CENÁRIO AMBIENTAL ALTERNATIVO NA REGIÃO NO NOROESTE DO RIO DE JANEIRO - BRAZIL

Definiu-se como área de estudo a sub-bacia do Ribeirão Fortaleza na área urbana de Blumenau e um trecho urbano do rio Itajaí-açú (Figura 01).

PROGRAMA DA DISCIPLINA

PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR GEOGRAFIA

Nesta 2º Circular divulgamos as seguintes informações

1º ano. Os elementos da Paisagem Natural e Paisagem modificada

PLAEJAMENTO DA DISCIPLINA GEOGRAFIA

O emprego do Geoprocessamento na Análise Espacial da Bacia Hidrográfica do Córrego Guariroba, Campo Grande MS

A Importância dos Sistemas de Informação Geográfica na Caracterização e Gestão das Vinhas

Ano: 8 Turma: 81 / 82

A Política de Meio Ambiente do Acre tendo como base o Zoneamento Ecológico. gico-econômico

ANÁLISE AMBIENTAL DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA NO MUNICÍPIO DE VERÍSSIMO - MG: ELABORAÇÃO DO MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Anais do Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto - GEONORDESTE 2014 Aracaju, Brasil, novembro 2014

Figura 1 Classificação Supervisionada. Fonte: o próprio autor

Monitoramento do Bioma Cerrado

Colégio São Paulo Geografia Prof. Eder Rubens

MONITORAMENTO DA TEMPERATURA DE SUPERFÍCIE EM ÁREAS URBANAS UTILIZANDO GEOTECNOLOGIAS

RESERVATÓRIOS DE DETENÇÃO HIDRICA: SOLUÇÃO PARA PROBLEMAS DE DRENAGEM URBANA NO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE - PB

RESUMO. José Rocha. Capítulo 2: Geotecnologias aplicadas à análise e gestão de riscos

Criação automática de vetores para mapeamentos temáticos e espacialização de aspectos da legislação ambiental a partir de grades refinadas do SRTM

CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DA FOLHA ITAPOROROCA, NA BORDA ORIENTAL DO ESTADO DA PARAÍBA

SUSCETIBILIDADE PRELIMINAR À EROSÃO LAMINAR NA BACIA HIDROGRÁFICA DO IGARAPÉ BACURI - MÉDIO SOLIMÕES AM

CONFLITO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM APPs DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO ESTRELA DO NORTE- ES

ORIENTAÇÃO PARA A PRODUÇÃO DE MATERIAL CARTOGRÁFICO PARA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL - AIA

Avaliação das perdas de solo por erosão laminar na bacia hidrográfica do córrego Bebedouro- Uberlândia/MG. Carla Rodrigues Santos 1,1 Roberto Rosa 2,1

CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA E AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE DA PLANÍCIE COSTEIRA NO MUNICÍPIO DE BARRA DOS COQUEIROS SERGIPE

EXPANSÃO DA SOJA PARA A PORÇÃO NORTE DO BIOMA CERRADO NO ESTADO DO PIAUÍ

TÍTULO: Aplicações de geoprocessamento na organização e gestão dos serviços de drenagem urbana.

MATERIAL DE DIVULGAÇÃO DA EDITORA MODERNA

ANÁLISE DA TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM NA REGIÃO DE MACHADO (MG) POR MEIO DE COMPOSIÇÕES COLORIDAS MULTITEMPORAIS

CARTOGRAFIA E IMAGEM ASTER APLICADOS NO MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE CATU, BA.

Cálculo da área de drenagem e perímetro de sub-bacias do rio Araguaia delimitadas por MDE utilizando imagens ASTER

Transcrição:

SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA APLICADAS À ANÁLISE DA Mesquita, M. 1 ; Silva Neto, J.C.A. 2 ; Aleixo, N.C.R. 3 ; 1 UEA Email:nsacj@hotmail.com; 2 UEA Email:joaokandido@yahoo.com.br; 3 UEA Email:natachaaleixo@yahoo.com.br; RESUMO: O objetivo desse trabalho é avaliar a suscetibilidade preliminar à erosão laminar na bacia hidrográfica do Igarapé Bacuri, localizado na região do médio Solimões no estado do Amazonas, que por meio da utilização de Sistema de Informação Geográfica, pautou-se na metodologia proposta por Salomão (2005). Nesse sentido, observou-se que a intensificação do uso da terra, na área estudada, associada aos plintossolos e declividade entre 8 e 20% pode desencadear processos erosivos intensos PALAVRAS CHAVES: Erosão; SIG; Uso da terra ABSTRACT: The objective of this work is to evaluate the preliminary susceptibility to laminate erosion in the watershed of Igarapé Bacuri, located in the Médio Solimões region in the state of Amazonas, which through the use of Geographic Information System, was based on the methodology proposed by Salomão (2005). In this sense, it was observed that the intensification of land use in the study area, associated with Plinthosols and slope between 8 and 20% can trigger intense erosive processe. KEYWORDS: Erosion; GIS; Land Use INTRODUÇÃO: A apropriação e transformação da natureza pelo homem podem acarretar em diferentes danos ao ambiente, pois os impactos ambientais ocorrem na medida em que o homem impõe seu modo de produção à natureza, desse modo, ao explorá-la, o homem muitas vezes não respeita os limitantes físico-naturais das paisagens, que resultam nas alterações das dinâmicas e processos naturais, no qual destacam-se os processos erosivos intensos como um dos principais problemas de cunho socioambiental ocasionado normalmente pelo uso inadequado da terra. Segundo Silva et al. (2007), são vários os fatores que atuam no processo erosivo, dependendo de fatores como tipos solos, o embasamento geológico, o clima, a topografia, a cobertura/ manejo do solo. Este último associa-se aos processos antrópicos, este explica o modo de como vem 87

sendo manejado o solo de uma região. A ação do homem, manifestada nos tipos de usos da terra, pode ser apontado como o fator de destaque, associado e discutido quanto à erosão dos solos, pois sabe- se que o homem uma vez que se apropria da natureza procura exercer sobre ela sua capacidade de recriar uma outra dinâmica. Nas ciências ambientais, define-se erosão como sendo o desgaste ou arrastamento da superfície da terra pela água corrente, vento, gelo ou outros agentes geológicos (ACIESP, 1987 apud SILVA,et al. 2007). A suscetibilidade à erosão laminar dos terrenos pode ser cartograficamente gerada com base na análise dos fatores naturais influentes no desenvolvimento dos processos erosivos (IPT, 1990 apud SALOMÃO, 2005). Nesse contexto, o presente trabalho analisou da suscetibilidade à erosão laminar na bacia do Igarapé Bacuri, localizada município de Tefé na região do Médio Solimões no Estado do Amazonas. Desse modo, o presente trabalho buscou estabelecer os parâmetros de suscetibilidade à erosão laminar do solo a partir do processamento de dados em SIG, permitindo a correlação e análise das variáveis abordadas. MATERIAL E MÉTODOS: O presente trabalho foi elaborado a partir da construção de um banco de dados em ambiente de SIG, no qual delimitou-se a bacia hidrográfica estudada, identificou-se e caracterizou-se os tipos de solo presentes na área, assim, na caracterização dos tipos de solo utilizou-se o Projeto RADAMBRASIL, e em seguida feito a reclassificação utilizando o Sistema Brasileiro de classificação de Solos (EMBRAPA, 2006). Foram processados dados de altitude Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) para elaboração de dados de declividade, no qual os dados de radar SRTM, foram tratados no software SPRING, que a partir do banco de dados criado no programa gerou-se uma grade com dados de altitude da área. O processamento dos dados SRTM, foi definido em três passos: primeiro geração de grade de altitude a partir de modelo numérico do terreno (MNT), o segundo geração de um MNT de declividade, e o terceiro, fatiamento do modelo numérico para geração do mapa temático das classes de declividade. O passo seguinte foi a elaboração do mapa de uso da terra e cobertura vegetal da bacia hidrográfica do Igarapé Bacuri, na qual utilizou-se uma imagem do satélite CBERS 2B, em composição colorida (RGB) bandas 2, 3 e 4, no qual consistiu na segmentação desta imagem por regiões, em que o sistema cria regiões a partir do agrupamento dos pixels, a partir disto a imagem foi classificada, com o classificador supervisionado Bhattacharya, que permitiu a interação com o usuário. Quanto ao mapa de solos, este foi compilado a partir do mapa exploratório de solos do projeto RADAMBRASIL (1982), que em seguida foi reclassificada com auxílio do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006). RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados obtidos permitiram uma melhor compreensão da suscetibilidade à erosão laminar na bacia hidrográfica do Igarapé Bacuri, no qual a cartografação das variáveis que influenciam nos processos erosivos, como tipos de solos, declividade do terreno e uso da terra e cobertura vegetal possibilitou o mapeamento e correlação dessas variáveis. Foram definidas as classes de declividade em porcentagem: de 0 a 3%, de 3 a 8%, de 8 a 20%, de 20 a 45%. Onde a classe de 0 a 3% representa 37% da área total. Observa-se que a classe de declividade entre 3 a 8%, ocupa maior área na bacia 88

hidrográfica estudada, com 48% de sua área total. A classe de 8 a 20% apresenta 15% da área estudada, o que representa pouca ondulação. E a classe de 20 a 45% não foi verificada na bacia hidrográfica do Igarapé Bacuri. Portanto a maior área apresenta- se com 48% e caracteriza-se como suave ondulado na classe de 3 a 8%. (EMBRAPA, 2006). Quanto aos tipos de solos foram identificados na área da pesquisa dois tipos de solos que são os argissolos e plintossolos, que segundo Crepani et al. (2001) os argissolos apresentam suscetível moderada à erosão laminar e os plintossolos apresentam suscetível muito forte à erosão laminar. Verificou-se que os argissolos predominam na área estudada com 97%, e os plintossolos correspondem à 3% da área estuda. Sendo que este segundo é o mais suscetível a erosão laminar, conforme Crepani et. al. (2001) os solos denominados plintossolos são considerados jovens e estão ainda em fase de desenvolvimento através dos materiais recentemente depositados ou porque estão localizados em locais que apresentam uma alta declividade, influenciando diretamente na suscetibilidade à erosão do terreno (Tabela 1). Quanto ao mapa de uso da terra foram estabelecidos as seguintes classes: floresta, desmatamento, solo exposto e corpos d água. Verificou-se que a área de corpos d água apresenta o menor valor chegando a 1% (tabela 1), o solo exposto apresenta 8%, desmatamento o maior valor com 53% enquanto que floresta aparece com 38%, sendo que a área mais vulnerável é a de solo exposto. Observa-se que a área com maior porcentagem é a de desmatamento, onde são áreas utilizadas para pastagens, agricultura e extração madeireira, o que tornase preocupante, pois esta área ultrapassa a área de floresta da bacia hidrográfica. O solo exposto com 8% representa a área mais suscetível à erosão laminar, sendo que este não chega a representar uma elevada porção da área de estudo. Outro ponto que deve ser ressaltado é a porção da bacia hidrográfica do Igarapé Bacuri desmatada, aproximadamente 53% da área total, representa uma área significativa da bacia quando comparada com a área ocupada por floresta, que representa 38% de sua área total (Mapa 1). A causa dos processos erosivos depende da relação direta entre as variáveis apresentadas, como tipos de solos, declividade do terreno, e uso da terra e cobertura vegetal, no qual o processo de exploração da natureza deve ser destacado com um dos principais fatores que modificam as paisagens e por sua vez atuam diretamente na intensificação dos processos erosivos. 89

Tabela 1 Variáveis analisadas 90

Mapa 1 Mapas da bacia hidrográfica do Igarapé Bacuri: Clinográfico - Solos - Uso da terra e cobertura vegetal. CONSIDERAÕES FINAIS: O uso da terra observado na bacia hidrográfica do Igarapé Bacuri pode levar a intensificação dos processos erosivos em áreas de suscetibilidade muito forte, pois a associação de uso da terra como desmatamento e solo exposto aos plintossolos e declividade entre 8 e 20% pode desencadear processos erosivos intensos. Quanto à região do Médio Solimões, enfatiza-se a importância do desenvolvimento de estudos que tratem as questões inseridas na interface sociedade e natureza, como objetivo de conhecer melhor as limitações e dinâmicas naturais, dessa que é considerada uma das regiões mais preservadas do planeta. Desse modo, o presente trabalho considerou que a utilização de geotecnologias possibilitou análise e processamento de uma gama significativa de informações que podem ser utilizadas como subsídio para futuros estudos na região do Médio Solimões. AGRADECIMENTOS: À FAPEAM - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas pela concessão da bolsa de iniciação científica à acadêmica Massilene Mesquita por meio do PAIC Programa de apoio à iniciação científica/ FAPEAM, 2013-2014. 91

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BARBOSA, R. S. Análise da suscetibilidade à erosão laminar da bacia hidrográfica do riacho Açaizal em Senador La Rocque-MA. Anais XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto- SBSR, Curitiba, PR, Brasil, 30 de abril a 05 de maio de 2011, INPE, 2011. BRASIL. Projeto RADAMBRASIL: Folha SB 19 Juruá; geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação e uso potencial da terra. Rio de Janeiro: Departamento Nacional da Produção Mineral, 1982. CASSETI, V. Ambiente e apropriação do relevo. São Paulo, 2 edição, 1995 (Coleção Caminhos da Geografia). CREPANI, E. MEDEIROS, J. S. FILHO, H. P. Sensoriamento remoto e geoprocessamento aplicados ao zoneamento ecológico-econômico e ao ordenamento territorial. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. São José dos Campos, 2001. EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de solos. 2 ed. Rio de Janeiro: Embrapa - Centro Nacional de Pesquisa de Solos, 2006. FITZ, P. R. Geoprocessamento sem complicação. São Paulo: Oficina de textos, 2008. IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística). Vocabulário básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente. Rio de janeiro: IBGE, 2 ed. 2004. IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística). Manual técnico de Pedologia. Rio de Janeiro: IBGE, 2 ed. 2007. LANG, S. BLASCHKE, T. Análise da paisagem com SIG. São Paulo: Oficina de texto. 2009. LEPSCH, I. F. Formação e Conservação dos solos. São Paulo: Oficina de textos, 2002. MENDONÇA, F. A. Geografia e meio ambiente. São Paulo: 3.ed. Contexto, (Caminhos da Geografia), 1998. SALOMAO, F. X. T. Controle e prevenção dos processos erosivos. In: GUERRA, A. J. T. SILVA, A. S. BOTELHO, R. G. M. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 2005, p. 229-265. SILVA, A. M. SCHULZ, H. E. CAMARGO, P. B. Erosão e Hidrossedimentologia em Bacias Hidrográficas. São Carlos: RIMA, 2007. 92