INTERAÇÃO HOMEM x ANIMAL SOB A PERSPECTIVA DO PRODUTOR RURAL ESTUDO PRELIMINAR. ¹ Discente de Medicina Veterinária UNICENTRO



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Transcrição:

INTERAÇÃO HOMEM x ANIMAL SOB A PERSPECTIVA DO PRODUTOR RURAL ESTUDO PRELIMINAR Carolina REMLINGER 1, karorem@hotmail.com, Raphaéli Siqueira BAHLS Raphabahls@hotmail.com 1 Felipe Lopes CAMPOS², campos.79@gmail.com ¹ Discente de Medicina Veterinária UNICENTRO ² Professor DEVET UNICENTRO Introdução: A interação entre homens e animais sempre despertou grande interesse das camadas científicas, no sentido de minimizar os possíveis inpactos desta relação no que se refere a doenças transmissíveis. O significado etimológico da palavra zoonoses é doença animal, a definição estabelecida pelo comitê da Organização Mundial de Saúde é muito mais abrangente: Doenças ou infecções naturalmente transmissíveis entre animais vertebrados e seres humanos. Encontramos diversas doenças nos animais que podem ser transmitidas para os humanos tais como brucelose, raiva, leptospirose, tétano, tuberculose, candidíase, teníase, entre outras. Quanto a relação entre proprietários e animais percebe-se que atualmente os animais de pequeno porte em determinadas famílias já são considerados como membros da família. Isso quase não ocorre em animais de médio e grande porte, porém existem proprietários que tem suínos como animais de estimação, deixando este animal, correr livremente dentro da casa. Em animais de grande porte este comportamento não é observado, embora existam produtores rurais que conhecem seus bovinos pelo nome e estes recebem alimentação personalizada conforme sua produção. Neste trabalho, procurou-se conhecer melhor os produtores de bovinos, eqüinos, bubalinos, asininos, caprinos, ovinos, suínos, caninos e felinos. Porém houve uma ênfase em produtores de animais de médio e grande porte que podem ou não estar associados com a criação de animais de pequeno porte. Foram avaliados paralelamente os tipos de tratamentos utilizados por estes produtores em seus animais. Material e

métodos: Para o presente trabalho utilizamos a forma de inquérito epidemiológico através de questões fechadas em um questionário simplificado com 18 questões. Neste questionário constaram perguntas referentes ao sexo e idade do produtor, conhecimento sobre seus animais e a individualização das espécies de grande e médio porte, bem como utilização e realização de vacinas e medicamentos nos mesmos. Neste estudo preliminar foram escolhidos e visitados 21 produtores rurais dos municípios de Guarapuava, Pinhão e Reserva do Iguaçu, todos no estado do Paraná, na região de Guarapuava. Resultado e Conclusões: Observou-se que os questionários foram respondidos em 23,8% por mulheres e 76,2% por homens, demonstrando assim que ainda predominam homens como produtores de animais em determinadas regiões dos municípios de Guarapuava, Pinhão e Reserva do Iguaçu, todos estes situados no estado do Paraná. Destes 4,76% não são os verdadeiros proprietários dos animais e 95,24% os são. Possivelmente estes 4,76% representam filhos, pais, familiares, colaboradores ou cônjuges dos proprietários. Outro dado observado sobre os produtores foi a faixa etária, sendo que 4,76% possuíam idade inferior à 20 anos. 23, 81% entre vinte e trinta anos, 14,29% entre trinta e quarenta anos e 33,33% entre quarenta e cinqüenta anos 23,81% entre 50 e 60 anos. Pessoas com idade superior não responderam as perguntas. Com esses dados é possível concluir que a idade de 40 a 50 anos é a que alberga o maior número de criadores. Conclui-se também que os jovens com idade inferior ou igual a vinte não São em grande número, o que pode relacionar-se com a tendência de procura por centros urbanos pela população jovem do interior. Questionou-se sobre as espécies criadas. A maior incidência foi da espécie bovina com 95,24%, sendo que neste encontram-se planteis visando o corte bem como a produção de leite. Em segundo lugar os animais mais criados por esses produtores foram os eqüinos e ovinos, ambos aparecendo com 19,05% seguidos pela espécie canina com 9,52% e caprinos, suínos, felinos e galináceos que apresentaram 4, 76% de cada espécie. Neste quesito observou-se que grande parte dos

produtores tem interações entre espécies. A predominância de bovinos é clara, porém em 28,6% existe esta interação com uma ou mais espécies. A maior parte dos produtores (90,48%) conhece seu plantel, pois sabe a quantidade de animais que possui, já 9,52% não conhecem seu plantel. Este fato pode estar relacionado a vários fatores, como atividade empreendedora rural ou empresário agrícola, ter a atividade como secundária, ser criador por hobby única e exclusivamente. Outro fator que pode ser um empecilho para o conhecimento sobre seus animais é a ocorrência de doença que impossibilitem sua maior aproximação. A identificação dos animais também foi questionada e neste caso se o obteve os seguintes resultados: 38,1% dos produtores sabem que seus animais ou parte destes têm nome e neste caso 33,33% dos proprietários conhecem seus animais pelo nome. Em 69,9% os animais são identificados por numeração e 38,1% dos casos os animais não são identificados. Ainda foi possível observar que existem produtores que utilizam identificação dupla, nome mais número. Estes representam 19,05%. Também observou-se que alguns produtores não utilizam identificação alguma para seus animais, estes representam 28,57%. Com estes dados obtidos foi possível diagnosticar que para alguns produtores os animais não são somente números e existe certa interação homem/animal relacionada à personalização dos animais. Em controvérsia, há produtores que desconhecem todo e qualquer item de sua criação, com exceção do custo e do ganho que essa atividade pode gerar. No auxilio ou realização do manejo destes animais 71,43% dos produtores estão presentes, e 28,57% não participam. 90,48% dos produtores afirmam que outra pessoa conhece tanto ou mais que ele mesmo o seu plantel e apenas 9,52% o negam. Essa participação do manejo pode ser observada de diversas formas, assim, é possível ver que os produtores acreditam que participarem no manejo, talvez tentando demonstrar o interesse pelos animais, ou para fazer um acompanhamento mais próximo da sua criação, anotando, ajudando de fato ou somente observando. Outro fator que implica diretamente sobre esta questão é o conhecimento de outras pessoas sobre seus animais.

Isso demonstra que o produtor tem como visão a obrigação do colaborador conhecer os seus animais. Outra pessoa que pode conhecer seus animais podem ser filhos, cônjuges, familiares, tratadores, entre outros. Também procurou-se questionar a utilização de produtos alopáticos no tratamento das espécies. Como resultado obteve-se 100% de afirmação. Levantou-se também o conhecimento, utilização e possibilidade de utilização de produtos homeopáticos. Nestas indagações registraram-se os seguintes dados: o conhecimento sobre produtos homeopáticos é alto, sendo representada por 85,71% e 14,29% dos produtores desconhecem estes produtos, podendo ser devido à utilização destes produtos na linha humana. Somente 28,57% dos produtores utilizam ou já utilizaram homeopáticos e em contra-senso a esses dados os produtores declararam em 95,24% que utilizariam produtos homeopáticos. Com esses dados demonstra-se que a alopatia é utilizada por todos os produtores e somente a quarta parte dos produtores pesquisados já utilizou ou utilizam produtos homeopáticos, apesar da maioria ter algum conhecimento sobre estes mesmos produtos. Apesar disso os produtores declararam que se houvesse disponibilidade, utilizariam produtos homeopáticos. Assim, podemos percebemos que há pouca resistência dos produtores com algo novo, já que poucos desconhecem estes mesmos. Provavelmente a pouca utilização dos medicamentos homeopáticos é a pouca concentração de profissionais veterinários que conhecem o assunto nesta região, bem como poucos lugares que manipulam esses produtos. Outro fator é talvez a tradição dos produtos alopáticos vigentes atualmente, sendo que em cada cidade de pequeno número de habitantes tem ao menos uma casa de produtos alopáticos veterinários e quase que inexistente a presença de locais que manipulam produtos homeopáticos, mesmo tendo tendência crescente a utilização de produtos homeopáticos nos humanos. 100% dos produtores sabem da existência de doenças transmissíveis por seus através de seus animais, e todos relatam que temam certos cuidados, referentes a sua proteção. Esses cuidados podem estar relacionados às vacinações que evitam

zoonoses, bem como no manejo das espécies criadas pelo homem. Outra questão abordada esta relacionada a vacinações e vermifugações nos animais. Em ambos os casos houve confirmação positiva em 100% com a utilização destes mesmos tratamentos.