DIREITOS HUMANOS E SOCIAIS COMO MECANISMOS DE CIDADANIA E O CONTEXTO NEOLIBERAL RESUMO



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DIREITOS HUMANOS E SOCIAIS COMO MECANISMOS DE CIDADANIA E O CONTEXTO NEOLIBERAL RESUMO Adalisa Martins Marques Pultrini 1 O presente artigo tem como objetivo refletir sobre os direitos humanos e sociais e a atual ideologia neoliberal, que buscar reduzir tais direitos, neste sentido, foi realizado levantamento bibliográfico em livros, revistas, artigos e periódicos e outros sobre o tema. Propomos uma breve contextualização sobre os direitos humanos e sociais para a cidadania, como também sobre as dificuldades enfrentadas nos dias atuais para a efetivação desses direitos considerados fundamentais, tendo em vista a reforma do Estado e a reestruturação produtiva, bem como o modelo econômico neoliberal a partir dos anos 90, com o foco no desenvolvimento do mercado e do Capital e o investimento mínimo na área social, repercutindo diretamente no enxugamento das políticas e serviços sociais, com a limitação e redução dos direitos, especialmente os direitos sociais, tão duramente conquistados pela classe trabalhadora. Neste sentido, se faz necessário as lutas sociais objetivando a defesa, construção, consolidação e universalização das políticas públicas e sociais, objetivando a melhoria das condições de vida da classe trabalhadora, como também a construção, efetivação e ampliação do acesso aos direitos e as políticas sociais mediadas pelo Estado, com vistas a alcançarmos a consolidação e efetivação dos direitos humanos e sociais conforme preconiza a lei, com vistas à cidadania. Palavras-chave: Direitos Sociais, direitos humanos, cidadania, neoliberalismo. ABSTRACT This article aims to reflect on the human and social rights and the current neoliberal ideology, which seek to reduce such rights, in this sense, was conducted bibliographic in books, magazines, and other periodicals, and articles on the subject. We propose a brief background on human and social rights of citizenship, but also about the difficulties faced nowadays for the realization of those rights considered fundamental in view of the government reform and restructuring of production and the neoliberal economic model Since the 90s, with a focus on market development and capital and the minimum investment in the social sector has a direct impact on downsizing policies and social services, with the limitation and reduction of rights, especially social rights, so hard-won by working class. In this sense, the social struggles aiming at defense, construction, consolidation and universalization of public and social policies aimed at improving living conditions of the working class, as well as the construction, execution and expansion of access rights and policies is needed mediated by the social state, in order to achieve consolidation and enforcement of human and social rights as required by law, with a view to citizenship. Keywords: Social rights, human rights, citizenship, neoliberalism. ¹ Assistente Social e Mestranda em Política Social pela Universidade Federal de Mato Grosso/UFMT - Turma 2013/1. Endereço: Rua 10, Quadra 10, Casa 09, Residencial Águas Clara, Distrito Industrial - Cuiabá/MT. E- mail: adalisa.marques@hotmail.com.

2 1 Introdução Dentre os bens essenciais à vida humana em sociedade, destacam-se não somente aqueles necessários à própria existência física, mas também aqueles os quais o ser humano precisa para ser reconhecido como cidadão e viver em sociedade, estes são os direitos considerados fundamentais, como os direitos humanos e sociais. Os direitos sociais são conquistas dos movimentos sociais ao longo da história, especialmente no século XX, sendo atualmente reconhecidos no âmbito internacional em vários documentos e leis, como exemplo: a Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1.948, o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1.966 e a Constituição Federal do Brasil de 1.988, que os consagrou como direitos fundamentais em seu artigo 6º. A Constituição Federal estabelece que os Direitos Sociais são o acesso à educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social e a proteção à maternidade, à infância e aos desamparados. Neste artigo, realizaremos uma breve contextualização sobre os direitos humanos e sociais para a cidadania, como também discutiremos sobre os direitos sociais e as dificuldades enfrentadas nos dias atuais para a efetivação desses direitos fundamentais no Brasil, tendo em vista a reforma do Estado e a reestruturação produtiva, bem como o modelo econômico neoliberal a partir dos anos 90, com o foco no desenvolvimento do mercado e do Capital e o investimento mínimo na área social, com suas conseqüências, especialmente no acesso às políticas e serviços sociais e nos direitos conquistados pela classe trabalhadora. O paradigma da universalidade dos direitos e das políticas sociais passou a ser desconsiderado, sendo estas últimas substituídas por políticas sociais residuais, focalizadas e pela sociedade civil, através da caridade e da filantropia, desresponsabilizando o Estado e descaracterizando e limitando os direitos já conquistados. Diante de tal realidade, as lutas sociais são imprescindíveis e essenciais neste processo de construção e efetivação dos direitos humanos e sociais, como também a conquista de novos direitos para o fortalecimento da cidadania no Brasil. 2 Uma breve contextualização sobre os direitos humanos e sociais Na atualidade, grande parte da humanidade almeja uma sociedade pautada em valores como a justiça, a igualdade, a eqüidade e a participação coletiva na vida pública e política, bem como a busca da dignidade da pessoa humana. Esses valores são fundamentais na Declaração Universal dos Direitos Humanos, fruto de um pacto consolidado entre o Estado e

3 a sociedade civil após a Segunda Guerra Mundial em 1948 no âmbito da Organização das Nações Unidas, como uma referência de ética e de valores socialmente desejáveis. O início da caminhada para os direitos humanos e sociais remete-nos para a área da religião durante a Idade Média, quando o Cristianismo foi a afirmação da defesa da igualdade entre todos os seres humanos. Na idade moderna, os racionalistas dos séculos XVII e XVIII, reformularam as teorias do direito natural, descaracterizando-os da ordem divina. A autora Couto (2004) relata que a idéia do homem enquanto portador de direitos nasce das lutas sociais contra o poder absolutista da Igreja e dos Reis nos séculos XVIII, a partir do ideário liberal na Inglaterra, na qual a democracia foi incorporada como valor pelos liberais paulatinamente, assim como os conceitos de autonomia e liberdade. A Revolução Industrial em 1.760 e a Revolução Francesa em 1.789 foram grandes acontecimentos que contribuíram com o surgimento dos movimentos sociais em defesa dos ideais liberais e de melhores condições de vida da população, repercutindo diretamente na construção dos direitos humanos e sociais. A Revolução Francesa foi um período de intensa agitação política e social na luta contra a monarquia absolutista na França, refletindo em todo o continente europeu. Neste período surgiu o Iluminismo, como um movimento filosófico, político, social, econômico e cultural, que defendia o uso da razão como o melhor caminho para se alcançar a liberdade, a autonomia e a emancipação. Na defesa de três pilares: igualdade, liberdade e fraternidade, sendo em 1.789 aprovada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Tal movimento também foi fundamental para que o liberalismo econômico agregasse força para provocar o surgimento do capitalismo. Com a revolução francesa, entrou prepotentemente na imaginação dos homens a idéia de um evento político extraordinário que, rompendo a continuidade do curso histórico, assinala o fim último de uma época e o princípio de outra (BOBBIO,2004, p.103). Segundo Bobbio (2004), os direitos humanos são históricos e portanto não possuem um único fundamento, sendo construídos ao longo do tempo. Sendo assim, foram fatos históricos que criaram as condições para a afirmação e para o desenvolvimento desses direitos. Conforme o autor, o problema não é a fundamentação dos direitos humanos, mas a sua efetividade. O problema fundamental em relação aos direitos do homem, hoje, não é tanto de justificá-lo, mas de protegê-los. Trata-se de um problema não filosófico, mas político (p.43).

4 Ao longo da história da humanidade, diversos movimentos e lutas da sociedade entre o Estado, Capital e trabalho contribuíram com a construção dos direitos, principalmente os sociais. O autor Nogueira (2005, p.07) aponta que os direitos não são uma dádiva, nem uma concessão, foram arrancados por lutas e operações políticas complexas. Porém, a efetivação dos direitos, especialmente os direitos humanos e sociais, não podem ser atribuídos aos indivíduos, sendo necessária a mediação e a permanente ação do Estado para a sua garantia. Couto (2004) relembra que os direitos sociais são fundamentados pela idéia de igualdade e também por decorrerem do reconhecimento das desigualdades sociais gestadas na sociedade capitalista. Citando Bobbio (1992), a autora Couto aponta que os mesmo são entendidos como direitos de créditos do indivíduo em relação à coletividade, expressando-se pelo direito à educação, à saúde, ao trabalho, à assistência e à previdência. Alguns teóricos defendem os direitos como direitos naturais do ser humano, a chamada teoria do Jusnaturalismo, configurada como uma teoria do direito natural iniciada nos séculos XVII e XVIII a partir dos teóricos: Tomás de Aquino, Francisco Suárez, Richard Hooker, Thomas Hobbes, Hugo Grócio, Samuel Von Pufendorf, John Locke,Jean-Jacques Rousseau dentre outros, sendo defendida por alguns teóricos até os dias atuais. Bobbio (2004) relata que para o Jusnaturalismo, o ser humano possui direitos naturais, independentemente do Estado, sendo esses essenciais, como o direito à vida, à propriedade e à liberdade. Os direitos naturais são, portanto, os direitos que cabem ao homem em virtude de sua existência, pertencendo a esse gênero todos os direitos intelectuais, e os direitos de agir do indivíduo para o próprio bem-estar. A Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1.948 introduz uma extraordinária inovação: combinando o discurso liberal da cidadania com o discurso social, elencando os direitos civis e políticos, bem como os direitos sociais, econômicos e culturais. Consolidando a tese da universalidade dos direitos humanos por apontar o consenso não só de Estados e comunidades nacionais, mas de seres humanos livres e iguais. A Declaração Universal dos Direitos Humanos representa um fato novo na história, na medida em que, pela primeira vez, um sistema de princípios fundamentais da conduta humana foi livre e expressamente aceito, através de seus respectivos governos, pela maioria dos homens que vive na Terra. Com esta declaração, um sistema de valores é pela primeira vez na história universal, não em princípio, mas de fato, na medida em que o consenso sobre sua validade e sua capacidade para reger os destinos da comunidade futura de todos os homens foi explicitamente declarado. Somente depois da Declaração Universal é que podemos ter a certeza histórica de que a humanidade toda a humanidade partilha alguns valores comuns e podemos, finalmente crer na universalidade dos valores,

5 no único sentido em que tal crença é historicamente legítima, ou seja, no sentido em que universal significa acolhido pelo universo do homem. (BOBBIO, 2004, p.47) No Brasil, aponta Telles (1999), essa concepção universal de direitos sociais foi reconhecida somente a partir de 1988, na nova Constituição Federal do país, como referência importante de uma modernidade mais democrática e com a promessa de encerrar o governo militar no Brasil. Portanto, a democracia e os direitos no Brasil, só foram conquistados e restabelecidos, através de muitas lutas e movimentos sociais, e a partir de 1.988 com a Assembléia Nacional Constituinte e a Constituição Federal do Brasil. Conforme Telles (1999), desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, os direitos sociais foram reconhecidos, juntamente com os direitos civis e os direitos políticos, estando no elenco dos Direitos Humanos: o direito ao trabalho, ao salário igual por trabalho igual, direito à previdência social em caso de doença, velhice, morte do arrimo de família e desemprego involuntário, direito a uma renda digna, ao repouso, férias, lazer, educação dentre outros. E todos os indivíduos, sem distinção perante a lei, passaram a ser reconhecidos como portadores de direitos. Tais direitos foram incorporados a partir da Segunda Guerra Mundial na maioria dos países. Com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a promoção e a proteção dos direitos humanos constituíram-se como questões prioritárias e como uma meta comum para muitos povos e nações, sendo fonte de inspiração de novos valores, bem como normas e legislações nos princípios consagrados nesta Carta das Nações Unidas, a partir dos princípios da valorização da dignidade humana, da paz, democracia, justiça, igualdade, direitos, pluralismo, solidariedade, como também um caminho para a cidadania e melhores condições de vida da população. Na visão de Marshall (1967), o conceito de cidadania é dividido em três partes: civil, política e social. O elemento civil é aquele que compreende os direitos necessários à liberdade individual. A liberdade de expressão, de fé, de pensamento. É o que garante, na teoria, o seu direito de ir e vir, o direito de propriedade e o direito de possuir direitos. O elemento político se refere ao direito de participar e exercer o seu poder político, como eleitor ou como um membro de autoridade política. E o elemento social engloba desde o direito a um mínimo de bem-estar econômico e segurança ao direito de participar ( ) na herança social e levar a vida de um ser civilizado de acordo com os padrões que prevalecem na sociedade (p. 63-64). A ele estão relacionados o sistema educacional e os serviços sociais. Anteriormente a era moderna, estes três elementos estavam fundidos em um só, não sendo possível identificá-los

6 claramente. Conforme o referido autor, até o século XIX, a cidadania não era afetada pelas desigualdades sociais, pois existiam apenas os direitos civis e políticos. Segundo Marshall (1967), na Inglaterra do século XIX, os direitos civis surgiram em primeiro lugar, seguidos pelos direitos políticos, cuja ampliação foi uma das principais características daquele século. Os direitos sociais, por sua vez, quase desaparecem neste período, ressurgindo apenas com o desenvolvimento da educação primária pública e alcançando outros elementos de cidadania apenas no século XX. Para o autor, a cidadania é um status concedido àqueles que são membros de uma comunidade. É a relação do indivíduo com o Estado, a partir da qual possuem direitos e obrigações pertinentes a esse status, e são agrupados de acordo com ele. Não há nenhum princípio universal ou lei que determinem quais serão estes direitos e obrigações, mas as sociedades nas quais a cidadania é uma instituição em desenvolvimento criam uma imagem de uma cidadania ideal em relação à qual o sucesso pode ser medido e em relação à qual a aspiração pode ser dirigida. (p. 76). Portanto, a definição essencial dada por Marshall (1967) sobre o conceito de cidadania está relacionada a lealdade de homens livres, imbuídos de direitos e protegidos por uma lei comum. Seu desenvolvimento é estimulado tanto pela luta para adquirir tais direitos quanto pelo gozo dos mesmos, uma vez adquiridos (p. 84). A relação feita por Marshall entre a busca pela igualdade através da cidadania e a manutenção do sistema de desigualdades através do modo de produção capitalista mostra que ambos são desejáveis e se provam possíveis. Para o autor, a desigualdade do sistema de classes sociais pode ser aceitável desde que a igualdade de cidadania seja reconhecida. (p. 62). Diferindo da teoria defendida por Karl Marx, a qual segundo Mészáros (1993), para Marx os direitos humanos (liberdade, fraternidade, igualdade) são problemáticos, não por si próprios, mas em função do contexto onde se originam sociedade capitalista, pois neste contexto são postulados ideais abstratos e irrealizáveis. Mészáros (1993) baseado na teoria de Marx indica que, uma sociedade regida pelas forças desumanas da competição antagônica e do ganho implacável, junto à concentração de riqueza e poder, tais direitos são irrealizáveis. O autor aponta: As teorias burguesas que defendem de maneira abstrata os direitos do homem são intrinsecamente suspeitas, porque também defendem os direitos da alienabilidade universal e posse exclusiva e, dessa maneira, contraditam necessariamente e invalidam efetivamente os mesmos direitos do homem, que pretendem estabelecer (Idem, p.205).

7 Para Marx, esclarece Mészáros (1993), enquanto os indivíduos estiverem subsumidos a uma classe como na sociedade capitalista, eles não possuem uma individualidade verdadeira e não podem realizar por completo suas potencialidades, implicando a necessidade da abolição do Estado e da divisão do trabalho. O apelo aos direitos humanos envolve a rejeição dos interesses particulares dominantes e a defesa da liberdade pessoal e da auto-realização. Tornando-se necessário os movimentos sociais e as lutas de classes, objetivando maiores conquistas na sociedade, para a afirmação e expansão da cidadania e dos direitos essenciais, como o são os direitos humanos e sociais. Segundo Dagnino (1994, p. 103), a cidadania tem um caráter de estratégia política nos dias atuais, pois expressa um conjunto de interesses, desejos e aspirações de grande parte da sociedade. Contudo, a nova cidadania requer a constituição de sujeitos sociais ativos, definindo o que consideram ser os seus direitos e lutando por seu reconhecimento. Portanto, podemos nos certificar da importância da construção dos direitos e das lutas sociais pela sua efetivação, bem como a diminuição da distância entre aquilo que está no papel e na lei e sua concretização na realidade, na busca por uma sociedade mais justa, democrática e socialista. 3 O desmonte dos direitos humanos e sociais no contexto atual do neoliberalismo A conjuntura da Reforma ou Contra-reforma do Estado Brasileiro faz parte de um processo global de reestruturação capitalista mundial. As pressões para uma refuncionalização do Estado nos anos 80 e 90 está articulado com uma nova fase de crise capitalista, manifestada com a crise do petróleo nos anos 70, refletindo até os dias atuais. Montaño e Duriguetto (2011) apontam que o Capital após a crise de 1.973 e a elevada concorrência capitalista no mercado mundial, precisou se reestruturar, paralelamente também à crise do bloco soviético, a derrota de lutas armadas e o recuo do impacto das lutas dos movimentos operários, encontrando o Estado uma maior facilidade para a sua reestruturação. A reestruturação produtiva não deve ser entendida apenas como um processo de reestruturação econômica e tecnológica. É um processo que tem uma dimensão política, social e cultural, visto que o Capital diante de um quadro de crise se vê desafiado a engendrar uma nova correlação de forças para a sua sobrevivência e reprodução. Neste contexto de reformas, a partir dos anos 80, o projeto neoliberal vem se fortalecendo e reduzindo o papel do Estado, ampliando a esfera do mercado. Segundo Montaño e Duriguetto (2011), o neoliberalismo aparece como uma nova estratégia, que altera

8 os processos típicos do anterior (e em crise) regime de acumulação fordista-keynesiano, com o objetivo de garantir e ampliar os fundamentos da acumulação capitalista. O ideário neoliberal busca romper com o pacto keynesiano e o Estado de Bem Estar Social, para dar continuidade num contexto de crise, à acumulação ampliada do Capital na fase monopolista. Conforme Telles (1999), a reestruturação produtiva e as mudanças no padrão tecnológico em curso, estão engendrando novas formas de exclusão social. As transformações na sociedade levam-nos a pensar em um processo de modernização selvagem, deixando rastros de devastação, como a pobreza, a destruição dos serviços públicos, a erosão dos direitos do trabalho e a desmontagem de formas estabelecidas de regulação social, dos quais depende a qualidade de vida da maioria da população. Portanto, após a década de 70, com a crise do Estado social houve o crescimento da ofensiva neoliberal e a desregulamentação dos direitos. Segundo Couto (2004, p.69) a crítica do aparato teórico neoliberal ao Estado social é centrada naquilo que é identificado como excessos de poder do Estado, tanto em relação ao mercado como à sociedade. O Estado deveria ser fortalecido naquilo que fosse necessário para manter o funcionamento do mercado, os investimentos seriam mínimos para o trabalho e a área social e máximos para o Capital. Esse modelo de acumulação faz com que os direitos sociais percam a sua identidade e o seu significado, deixando a concepção de cidadania restringida e limitada. Couto (op.cit.) aponta que as políticas sociais retomam seu caráter liberal residual, a questão da garantia de direitos volta a ser pensada na órbita dos civis e políticos, ficando os sociais para a caridade e filantropia da sociedade e as ações focalizadas, seletivas e residuais do Estado. Hoje, apesar de vivermos em uma era de direitos, com várias conquistas e avanços, os direitos ainda aparecem como expectativa de direito, como diz o autor Norberto Bobbio. Havendo uma grande defasagem entre os direitos positivados, aqueles que estão escrito na lei e a sua efetividade na realidade. Os direitos, especialmente os direitos humanos e sociais, encontram-se ameaçados pelos impactos e conseqüência da globalização e do neoliberalismo. Conforme Nogueira (2005):... A globalização, entre outras coisas, retira a soberania dos Estados nacionais e, com isso, reduz a capacidade que estes Estados têm de regular, controlar e proteger, perturbando-os como fonte de garantia de expectativas normativas. Deste modo, os direitos humanos em geral e os direitos sociais em particular ficam, sem o devido anteparo estatal, correndo o risco de se perderem ou de simplesmente não serem efetivados (Idem, p.09).

9 Vivemos em uma época em que ainda persistem as desigualdades sociais, a pobreza, a miséria, a falta de justiça social e acessos aos serviços sociais básico para a população, bem como as restrições, focalização e seletividade das políticas sociais. Que globalização então seria esta? Apesar dos avanços registrados em 2011 no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mundial, a ONU (Organização das Nações Unidas) ainda estima que 1,57 bilhão de pessoas vivam em estado de "pobreza multidimensional", o que representa cerca de 30% do universo da população avaliada. Sendo que 2,7% dos brasileiros sofrem de pobreza multidimensional. De acordo com o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), "pobreza multidimensional" é aquela em que há carências em várias dimensões, como saúde, educação e renda. Nogueira (idem) aponta que o Estado chegou ao final do século XX ameaçado pelo processo da globalização. E que o Brasil teve avanços em 1988, após a Constituição Federal, com a valorização da cidadania e o fortalecimento do Estado como espaço de autonomia individual e de ação coletiva, sendo a sociedade inserida no campo da gestão das políticas sociais. Mesmo assim, aponta o autor, deixamos a desejar em termos de Estado democrático de direito e em direitos de cidadania, devido o agravamento de um quadro de globalização arrogante, dominada pelo mercado e a hegemonia neoliberal, com o foco no desenvolvimento do mercado e a redução dos custos e gastos sociais. Nogueira (2005) relembra que na sociedade capitalista, tudo vira mercadoria. Hoje temos uma situação tendencialmente disposta no sentido de que os direitos sociais também podem ser comprados (p.14). Portanto, os direitos não podem ser ofertados e centralizados no mercado, pois não o são do mercado, mas do Estado e da política, e somente no Estado podem encontrar proteção, viabilidade e efetividade. Dessa forma, a atual configuração do Capital determina novas modalidades de reprodução da força de trabalho, ancoradas principalmente nos processos de privatização, focalização e descentralização das políticas sociais. Nesta ótica, a estratégia neoliberal de reprodução da força de trabalho consiste em implementar políticas sociais que consigam integrar os indivíduos, já que, em sua visão, o trabalho assalariado não tem mais essa capacidade. É esta perspectiva que vem determinando as tendências das políticas sociais no Brasil, que em oposição à universalização e a integração com as outras esferas da seguridade social, passaram a ser centralizadas em programas sociais emergenciais e seletivos, enquanto estratégias de combate à pobreza. A tendência geral tem sido a de restrição e redução de direitos, transformando as políticas sociais em compensação nos períodos de crises do Capital. Sabemos, portanto, que a

10 política social no contexto do capitalismo maduro não é capaz de reverter o quadro que esse traz a sociedade, e nem é esta sua função. Porém, não significa que temos que abandonar a luta dos trabalhadores para a implementação e consolidação das políticas e dos direitos sociais, tendo em vista a sua importância para elevar o padrão de vida dos trabalhadores, além de suprir e suscitar novas demandas e necessidades. Apesar dos avanços nas últimas décadas nas declarações e leis sobre direitos, a garantia e a efetividade destas ainda não se constituem como universal e de acesso a todos os cidadãos e cidadãs. Mesmo em um mundo globalizado, a eficácia das normas propostas pelos direitos ainda é deficiente. Telles (1999) reafirma que, a proteção social e os direitos sociais vêm sendo postos em cheque pelas atuais mudanças no mundo do trabalho e nas conquistas sociais, tendo em vista a ordem neoliberal; reabrindo assim as tensões e conflitos entre o mundo social e o universo público da cidadania, bem como as contradições entre a modernização excludente que dificultam as perspectivas para o futuro e a esperança de um mundo que valha a pena ser vivido. 4 Conclusão Os direitos, especialmente os direitos sociais são uma grande conquista da classe trabalhadora e dos movimentos sociais ao longo da história, que apesar de estarem inseridos no contexto do sistema capitalista e contribuírem com a reprodução do capital e da força de trabalho, não são uma dádiva deste mesmo sistema, mas foram arrancados por diversas lutas políticas e sociais. Estes mesmos direitos proporcionaram aos cidadãos melhores condições de vida ou, como na visão de T. H. Marshall, permitiram que os mesmos tivessem o direito à civilidade. Em oposição a estas conquistas e direitos, o ideário neoliberal promoveu nos anos 90 no Brasil, uma reestruturação das políticas sociais através da mudança no padrão de proteção social pela via do Estado, com a diminuição de investimentos e intervenções na área social, focalização e seletividade nas políticas sociais, juntamente com a refilantropia da pobreza, pela via da solidariedade e da caridade, bem como a descentralização e mercantilização dos serviços sociais, transferindo a responsabilidade do Estado para o mercado, a família e o terceiro setor, promovendo assim o desmonte dos direitos sociais, tão duramente conquistados no país. As dificuldades enfrentadas nos dia atuais para a efetivação dos direitos e das políticas sociais são iniciadas a partir da reforma, ou melhor, a contra-reforma do Estado Brasileiro, com a reestruturação produtiva a partir dos anos 70 e 80, como também o modelo de produção

11 neoliberal iniciado nos anos 90, com o foco no desenvolvimento do Mercado e do Capital e no enxugamento dos investimentos na área social, consequentemente a redução e precarização das políticas e serviços sociais, causando a redução dos direitos da classe trabalhadora. Na sociedade capitalista, tudo se torna mercadoria, e a idéia de que até os direitos sociais podem ser comprados, aos poucos permeiam as relações econômicas e sociais, lançando-os fora do campo público para o campo privado, com perspectivas e ideários próprios de uma sociedade e de um Estado pautado nos princípios do neoliberalismo, com a maximização dos lucros e do Capital e de um investimento mínimo na área social. Torna-se, portanto, de suma relevância, as lutas e os movimentos sociais para a consolidação e universalização das políticas públicas e sociais, para a melhoria das condições de vida da classe trabalhadora, como também a construção, efetivação e ampliação do acesso aos direitos e as políticas sociais mediadas pelo Estado. O futuro da cidadania e dos direitos sociais no Brasil e no mundo depende da organização da classe trabalhadora, da participação efetiva no controle social, das lutas e movimentos pela consolidação e aprofundamento da democracia, bem como da construção e universalização do acesso aos direitos e políticas sociais, objetivando uma sociedade mais justa, igualitária e socialista, na qual os direitos, não precisam estar decretados e positivamos em leis para que efetivamente tornem-se uma realidade e sejam cumpridos, de forma que possam estar enraizados e naturalizados na sociedade e assim serem garantidos. 5 Referências Bibliográficas BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro, Editora Campus, 2004. COUTO, Berenice Rojas. O direito e assistência social na sociedade brasileira: uma equação possível? São Paulo: Cortez, 2004. DAGNINO, Evelina. Os movimentos sociais e a emergência de uma nova noção de cidadania. In: DAGNINO, Evelina (org). Os Anos 90: política e sociedade no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1994. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. Disponível na Biblioteca Virtual de Direitos Humanos da Universidade de São Paulo: <www.direitoshumanos.usp.br> Acessado em: 03 Dez. 2013.

12 MÉSZÁROS, István. Filosofia, ideologia e ciência social: ensaios de negação e afirmação. São Paulo: Ensaio, 1993. MARSHALL, Thomas Humphrey. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1967. MONTAÑO, Carlos; DURIGUETTO, Maria Lúcia. Estado, classe e movimento social. 3º Ed São Paulo: Cortez, 2011. NOGUEIRA, Marco Aurélio. O desafio de construir e consolidar direitos no mundo globalizado. In: Revista Serviço Social e Sociedade, nº 82, Jul/05 (p. 5-21). PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD), Relatório de Desenvolvimento Humano 2011 Disponível em: <http://www.pnud.org.br/arquivos/hdr_2011_pt_complete.pdf> Acessado em 11 Jan. 2013. TELLES, Vera da Silva. Direitos sociais: afinal do que se trata? Belo Horizonte: Ed UFMG, 1999.