AUTOR(ES): WANESSA ANDRADE PIRES, DAYANNE DE JESUS RIBEIRO, FLÁVIA ROCHA DOS SANTOS BRITO, WAGNER SCHULE DE SOUZA



Documentos relacionados
RELATÓRIO REDE DE SUSTENTABILIDADE - APC

3º BIMESTRE 2ª Avaliação Área de Ciências Humanas Aula 148 Revisão e avaliação de Humanas

Modos de vida no município de Paraty - Ponta Negra

1 (0,5) Dos 3% de água doce que estão na superfície terrestre, onde estão concentradas as grandes parcelas dessas águas? R:

CURSO DE CAPACITAÇÃO EM VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO

OS CUIDADOS COM A ÁGUA NA ESCOLA FUNDAMENTAL PROFESSOR ADAILTON COELHO COSTA

PROF. RICARDO TEIXEIRA A DINÂMICA DA HIDROSFERA

Até quando uma população pode crescer?

Casa Saudável. Kit. 1 horta familiar permacultural para produção orgânica. 1 banheiro seco (compostável)

Bloco de Recuperação Paralela DISCIPLINA: Ciências

Planejamento Turístico para Promoção do Turismo de Base Comunitária: experiências no Amazonas e no Pará

Nas cidades brasileiras, 35 milhões de pessoas usam fossa séptica para escoar dejetos

Comemoração da 1ª semana de Meio Ambiente do Município de Chuvisca/RS

Orientações para informação das turmas do Programa Mais Educação/Ensino Médio Inovador

O homem transforma o ambiente

1. Seu município enfrenta problemas com a seca? 44 Sim... 86% 7 Não... 14%

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Pesca Tradicional. Garantindo o sustento diário

CLIPPING De 05 de maio de 2015

Colégio Visconde de Porto Seguro

ESTUDO DE CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇO PARA EMPREENDIMENTOS DA ECONOMIA SOLIDÁRIA. Palavras-Chave: Custos, Formação de Preço, Economia Solidária

Cerrado e caatinga. Compare estas duas fotos:

Programa FAPESP. Pesquisa Inovativa EM. Pequenas Empresas

Recomendada. A coleção apresenta eficiência e adequação. Ciências adequados a cada faixa etária, além de

Detecção de vazamentos na rede urbana de água com rede de sensores sem fio

Ideal Qualificação Profissional

O Aquecimento Global se caracteriza pela modificação, intensificação do efeito estufa.

Aula 19 Conteúdo O homem e o meio ambiente. Principais problemas ambientais do mundo.

ROTEIRO DE RECUPERAÇÃO II ETAPA LETIVA CIÊNCIAS 2. o ANO/EF

ROTEIRO DE ESTUDO I ETAPA LETIVA CIÊNCIAS 4.º ANO/EF 2015

A HIDROSFERA. Colégio Senhora de Fátima. Disciplina: Geografia 6 ano Profª Jenifer Tortato

Atividade de Aprendizagem 1 Aquífero Guarani Eixo(s) temático(s) Tema Conteúdos Usos / objetivos Voltadas para procedimentos e atitudes Competências

PIRACEMA. Contra a corrente

TÍTULO: A ALFACE E O LIXO CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: ENGENHARIAS E ARQUITETURA SUBÁREA: ARQUITETURA E URBANISMO

Azul. Novembro. cosbem. Mergulhe nessa onda! A cor da coragem é azul. Mês de Conscientização, Preveção e Combate ao Câncer De Próstata.

CADERNO DE ATIVIDADES

Escola: Escola Municipal Rural Sucessão dos Moraes

O retrato do comportamento sexual do brasileiro

20 amostras de água. Figura 1- Resultados das amostras sobre a presença de coliformes fecais E.coli no bairro nova Canãa. sem contaminação 15%

INSTRUÇÕES PARA INSTALAÇÃO DE FOSSA SÉPTICA E SUMIDOURO EM SUA CASA

Abril Educação Água Aluno(a): Número: Ano: Professor(a): Data: Nota:

Sobre o Movimento é uma ação de responsabilidade social digital pais (família), filhos (jovem de 6 a 24 anos), escolas (professores e diretores)

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

A PERSPECTIVA DOS PROFESSORES DA ESCOLA BÁSICA SOBRE A EDUCAÇÃO FINANCEIRA INFANTIL

REDES HIDROGRÁFICAS SÃO TODOS OS RECURSOS HIDROGRÁFICAS DE UM PAÍS, COMPOSTOS GERALMENTE PELOS RIOS, LAGOS E REPRESAS.

A árvore das árvores

LUGARES E PAISAGENS DO PLANETA TERRA

1. Seu município enfrenta problemas com a seca? 43 Sim... 53% 38 Não... 47%

Água, fonte de vida. Aula 1 Água para todos. Rio 2016 Versão 1.0

Sistema COC de Educação Unidade Portugal

INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO

Poluição das Águas. A poluição das águas gera efeitos dramáticos em todo o ecossistema COLÉGIO MARISTA SÃO JOSÉ 9º ANO ENS.

A IMPORTÂNCIA DAS DISCIPLINAS DE MATEMÁTICA E FÍSICA NO ENEM: PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO PRÉ- UNIVERSITÁRIO DA UFPB LITORAL NORTE

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Pesquisa Mensal de Emprego

PRODUTO FINAL ASSOCIADA A DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

MS divulga retrato do comportamento sexual do brasileiro

Viva Rio lança trabalho socioambiental que contempla Nova Friburgo

TETRA PAK E ONG NOOLHAR Projeto Cultura Ambiental nas Escolas Oficina Educação para Sustentabilidade

Gestão da Demanda de Água Através de Convênios e Parcerias com o Governo do Estado de São Paulo e Prefeitura da Cidade de São Paulo SABESP

na região metropolitana do Rio de Janeiro

COMO PARTICIPAR EM UMA RODADA DE NEGÓCIOS: Sugestões para as comunidades e associações

DE SUSTENTABILIDADE ÁGUA/LIXO ÁGUA/LIXO E CONSUMO E CONSUMO CONSCIENTE CONSCIENTE

Faculdade de Direito Ipatinga Núcleo de Investigação Científica e Extensão NICE Coordenadoria de Extensão. Identificação da Ação Proposta

Mostra de Projetos 2011

VII Semana de Ciência e Tecnologia IFMG Câmpus Bambuí VII Jornada Científica e I Mostra de Extensão 21 a 23 de outubro de 2014

Chegar até as UBS nem sempre foi fácil...

Jus>fica>va. Obje>vos

UFRRJ. VII Semana de Extensão. Idosos. Amazônia FEAC. Tratamento de Água. Avaliação de Extensão. Sementes da Reintegração

Aula 3 de 4 Versão Aluno

Desigualdades em saúde - Mortalidade infantil. Palavras-chave: mortalidade infantil; qualidade de vida; desigualdade.

CADERNO DE EXERCÍCIOS

Pesquisa Piloto de Avaliação dos Resultados Sociais da Concessão do Bolsa Família para os beneficiários em Vitória

PRESERVAÇÃO AMBIENTAL: EDUCANDO E APRENDENDO COM A NATUREZA

Reprodução de Pomacea bridgesii

Curso de Especialização em EDUCAÇÃO DO CAMPO

ANÁLISE MULTITEMPORAL DA COBERTURA VEGETAL DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO TARUMÃ AÇU/MIRIM, MANAUS, AMAZONAS, BRASIL

AÇÃO DE SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL REALIZADA NA PONTE DO RIO SÃO JORGE/PARQUE NACIONAL DOS CAMPOS GERAIS

ESTRATÉGIA DE PROTEÇÃO SOCIAL E TRABALHO DO BANCO MUNDIA. and e Oportunidade. Opportunity

INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PROVIC PROGRAMA VOLUNTÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Atividade experimental Gerando energia elétrica com a luz do Sol

1. Introdução. 2. O que é a Roda dos Alimentos?

O PAPEL DO PROFESSOR DA REDE DE ENSINO NA ELABORAÇÃO DE PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

INTERFACE WEB DE COMUNICAÇÃO ENTRE PESSOAS JURÍDICAS E EMPRESAS DE RECICLAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL RESUMO

EXERCÍCIOS DE CIÊNCIAS (6 ANO)

Sustentabilidade x Desperdício

Rousseau e educação: fundamentos educacionais infantil.

A água nossa de cada dia

UM RETRATO DAS MUITAS DIFICULDADES DO COTIDIANO DOS EDUCADORES

A INFLUÊNCIA DO SALÁRIO NA ESCOLHA DA PROFISSÃO Professor Romulo Bolivar.

Carnaval 2016 na Terra Indígena do Rio Gregório Aldeias Yawanawás, Acre - 7 dias

Módulo 1 Questões Básicas da Economia Conceito de Economia

Tecnologia sociais entrevista com Larissa Barros (RTS)

EDUCAÇÃO AMBIENTAL JUNTO A COLABORADORES DO SETOR DE MINERAIS NÃO METÁLICOS DA PARAÍBA PARA PRODUÇÃO DE SABÃO COM ÓLEO DE COZINHA USADO.

Contexto. O fenômeno das cheias e vazantes na Amazônia acontece há seculos e as populações tradicionais sabem conviver com ele.

A REPRESA CAIGUAVA E OS INDIOS GUARANI DA ALDEIA ARAÇA-I. Mario Sergio Michaliszyn Antropólogo Universidade Positivo

Saneamento básico e seus impactos na sociedade

Amazônia Legal e infância

Go for Bolsas de Estudos & Mobilidade Internacional. it!

Capitão Tormenta e Paco em Estações do Ano

Transcrição:

TÍTULO: POPULAÇÕES RIBEIRINHAS DO RIO AMAZONAS CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA AUTOR(ES): WANESSA ANDRADE PIRES, DAYANNE DE JESUS RIBEIRO, FLÁVIA ROCHA DOS SANTOS BRITO, WAGNER SCHULE DE SOUZA ORIENTADOR(ES): MILENA RAMIRES DE SOUZA

1. RESUMO O presente trabalho visa o estudo das populações ribeirinhas do Rio Amazonas, que é o maior rio em questão de volume de água, formado pela junção do Rio Negro com o Rio Solimões. O enfoque é descrever sua cultura, alimentação, dificuldades em relação à cheia e a seca do rio, crenças, educação, sazonalidade, impactos no ambiente, renda e principalmente seu modo de vida simples. Para isso foi realizado um estudo bibliográfico de artigos científicos de trabalhos realizados no Rio Amazonas. Apesar da bela natureza e de sua biodiversidade as comunidades ribeirinhas sofrem com a falta de políticas públicas como a falta de saneamento básico. As instalações sanitárias são localizadas no próprio solo, chamadas de cistinas ou buraco, onde são feitos os descartes dos dejetos humanos, contaminando o solo e consequentemente os lençóis freáticos. A agricultura também é prejudicada com a contaminação do solo, pois os alimentos que crescem ali tornam-se inadequados para o consumo, o que aumenta ainda mais a incidência de doenças. Os postos de saúde pública são extremamente precários e afastados da comunidade, portanto, com a dificuldade de locomoção até os postos, muitas famílias optam por serem consultados por curandeiras que dizem ser sua medicina alternativa, curando suas doenças e amenizando suas dores. Em relação à alimentação dos ribeirinhos podemos afirmar que a sua renda influi diretamente na sua dieta, uma vez que ao possuir uma baixa renda não será possível a consumação de uma carne de melhor qualidade. A população das várzeas tem um pouco de dificuldade na alimentação quando no período de cheia, entre junho e julho, por causa do impacto sobre a agricultura. Já no período de seca, em meados de novembro, os problemas se dão por causa da escassez dos peixes para a pesca. Por isso, em alguns períodos do ano, quando possível, um barco com mantimentos chamado regatão chega até a comunidade onde os ribeirinhos podem abastecer suas casas com alimentos, medicamentos, entre outros. Na educação estima-se que pelo menos 5 mil crianças e jovens tenham que sair de seu povoado diariamente para frequentar uma escola. Outro problema também é a falta de professores e corpo docente. Portanto, conclui-se que apesar de todas as dificuldades, existem muitos projetos de instituições que promovem ajuda a essas comunidades como, por exemplo, o NAPRA (Núcleo de Apoio a População Ribeirinha da Amazônia) e também o apoio financeiro, Bolsa família, do Governo Federal.

2. INTRODUÇÃO O Estado do Amazonas está localizado na região norte do Brasil e caracteriza-se por ser a mais extensa das unidades federativas do país, com uma superfície atual de 1.559.159.148 km², sendo que grande parte dessa extensão é ocupada por reservas florestais e rios, tendo como principal meio de acesso as vias fluviais e aéreas. Dentre os rios existentes no estado, destaca-se o Rio Amazonas, o maior rio em questão de volume de água, que é formado pela junção do Rio Negro com o Rio Solimões. O Rio Negro é considerado o maior afluente da margem esquerda do Rio Amazonas e é o mais extenso rio de água negra do mundo. Já o Rio Solimões nasce no Peru e recebe esse nome ao entrar em território brasileiro, possuindo 1.700 km até o ponto onde se encontra com o Rio Negro. A principal característica do Rio Amazonas é o fenômeno de subida e descida de suas águas, comandado pelos seus dois maiores rios, Negro e Solimões. Quando em época de seca o Rio Amazonas possui 110.000 km² submersos, enquanto que na estação das chuvas essa área chega a ser de 350.000 km². No seu ponto mais largo atinge na época seca 11 km de largura, que se transformam em 50 km durante as chuvas. Todo esse fenômeno causa consequências às populações ribeirinhas: em época de seca há a escassez de alimentos, enquanto no período de cheia há dificuldades com a locomoção às escolas, hospitais e com o transporte em geral, além de inundação de casas, sendo algumas dessas casas suspensas justamente para evitar entrada da água. 3. OBJETIVOS Objetivo geral O objetivo geral do trabalho é aprofundar os conhecimentos acerca das populações instaladas às margens do Rio Amazonas e seus dois principais rios: Negro e Solimões. Objetivo específico o Analisar a relação das populações com o ambiente por meio de aspectos cotidianos; o Descrever a cultura, bem como crenças, educação e alimentação dessas populações; o Avaliar aspectos como sazonalidade e impactos ao ambiente;

o Relatar as consequências e dificuldades decorrentes da dinâmica de seca e cheia dos rios. 4. METODOLOGIA Os artigos, reportagens e revistas cientificas utilizadas como base para este trabalho foram cuidadosamente escolhidas, uma vez que cada uma cuida especificamente de um item citado neste documento, entre eles aspectos do ambiente, cultura dos povos, alimentação das comunidades locais, renda familiar, religiões predominantes, saúde, educação, qualidade de vida e crenças. Perante todas as dificuldades enfrentadas pelas comunidades, como saneamento básico, cheias e secas, transporte, poluição, ausência de postos de saúde e escolas locais, programas de auxilio financeiro, como o Bolsa Família, ajudam as famílias cedendo todo mês uma quantia em dinheiro para ajudar na renda familiar. 5. DESENVOLVIMENTO Apesar da bela natureza e de sua biodiversidade as comunidades ribeirinhas sofrem com a falta de políticas públicas como a falta de saneamento básico que auxilia no aparecimento de parasitoses e infecções (SANTANA, 2013). As instalações sanitárias são localizadas no próprio solo, chamadas de cistinas ou buraco, onde são feitos os descartes dos dejetos humanos, contaminando o solo e consequentemente os lençóis freáticos. A agricultura também é prejudicada com a contaminação do solo, pois os alimentos que crescem ali tornam-se inadequados para o consumo, o que aumenta ainda mais as chances de doenças e infecções. Os postos de saúde pública são extremamente precários e afastados da comunidade, as famílias muitas vezes não se preocupam nem se a água consumida é contaminada ou não, apesar de muitos agentes de saúde alertarem sobre a importância de ferve-la antes de ser consumida. Com a dificuldade de locomoção até os postos de saúde, muitas famílias optam por serem consultados por curandeiras que dizem ser sua medicina alternativa, curando suas doenças e amenizando suas dores. Uma entrevista com uma moradora de uma das comunidades ribeirinhas, feita pelo jornal o Globo diz que

muitas das doenças como malária, chagas e pneumonia podem ser curadas com suas preces, e que graças a seus poderes muitas pessoas não precisam ir até os médicos na cidade. O povo da comunidade não confia nos medicamentos disponibilizados pelos médicos, portanto, utilizam de sua medicina alternativa alguns medicamentos naturais preparados pelas próprias famílias, como por exemplo, o chá da carapaça do mata-matá (Chelus fimbriatus) é utilizado para curar problemas respiratórios e hemorrágicos, a carapaça do jabuti (Geochelone spp.) é indicada para picada de serpentes e até mesmo a gordura da tartaruga (Podocnemis expansa) que é utilizada como cosmético hidratante e protetor solar (SILVA, 2008). Em relação à alimentação dos ribeirinhos podemos afirmar que a sua renda influi diretamente na sua dieta, uma vez que possuir uma baixa renda não será possível a consumação de uma carne de melhor qualidade. Sendo assim, o pescado por ter um valor menor é mais procurado pela população (SILVA, 2008) Os peixes consistem na principal fonte proteica consumida pelas populações ribeirinhas e da Amazônia em geral sendo que entre as espécies o tucunaré é o mais consumido (Gaeta, 2011). A população das várzeas tem um pouco de dificuldade na alimentação quando no período de cheia, entre junho e julho, por causa do impacto sobre a agricultura, e no período de seca, em meados de novembro, por causa da escassez dos peixes para a pesca. O transporte para a cidade ou mercados mais próximos é precário ou muitas vezes não existe, sendo assim extremamente difícil a vida da comunidade. Por isso, em alguns períodos do ano, quando possível, um barco com mantimentos chamado regatão chega até a comunidade onde os ribeirinhos podem abastecer suas casas com alimentos, medicamentos, entre outros. No período de março a julho ocorre o que chamam de fábrico que é a pesca de espera onde pescadores ficam às margens do rio com suas canoas e redes durante 12 horas por dia esperando cardumes de jaraqui e matrinxã, na hora da captura os vigias que ficam em terra firme avisam quando os cardumes estão se aproximando, assim eles lançam a rede e recolhem os peixes, esse ato requer a força de 10 homens. Quando estão capturando muitos botos se aproveitam e as vezes acabam até rasgando a malhadeira. Os meses de pesca significam renda para os ribeirinhos que podem chegar a 700 reais, e também a pesca esportiva realizada por turistas

interessados que chegam nesta época do ano que pode render até 5 mil reais por semana, valor este que pode ser direcionado a uma cadeia produtiva desenvolvida nas comunidades ribeirinhas, formando guias de pesca nativos, disponibilizando hospedagem, alimentação e transporte no próprio local. As famílias que não se beneficiam da pesca para adquirir sua renda, vivem da Bolsa Família disponibilizado pelo governo federal, que chega a ser 400 reais por mês. Na educação estima-se que pelo menos 5 mil crianças e jovens tenham que sair de seu povoado, diariamente, para frequentar uma escola. Nem todas as comunidades são registradas por isso segundo a Secretaria Estadual de Educação do Amazonas o número é impreciso (FRANÇA, 2014). Outro problema nas escolas é a falta de professores e corpo docente, com isso a Secretaria Estadual de Educação criou o ensino tecnológico que permitiu que professores de Manaus ministrassem aula para os ribeirinhos via satélite. Apesar dos problemas em algumas comunidades para ter sinal, o projeto vem caminhando bem e estima-se que cerca de 20% das escolas do Amazonas utilizam este tipo de ensino (FRANÇA, 2014). 6. RESULTADOS No critério alimentação foi observado que as populações residentes nas margens do Rio Negro, apesar de consumirem uma quantidade razoável de peixes, elas possuem uma dieta baseada em cereais e frutas na sua grande maioria, mas também incluindo algumas leguminosas, verduras, leites, carnes, açúcares e gordura. Sendo a quantidade de carne apresentada distribuída entre carne vermelha, peixe e frango. O Rio Negro por apresentar um ph elevado (3,8 a 4,9), proveniente da decomposição dos vegetais, não possui nutrientes suficientes para a sobrevivência dos peixes, havendo assim uma escassez do mesmo no local (Silva, 2010).

Abaixo pode-se observar a quantidade consumida de cada alimento nas diferentes populações ribeirinhas do Rio Negro (Tab.1). Tab. 1. Consumo médio de porções dos diferentes grupos alimentares por mulheres, segundo comunidade ribeirinha do Rio Negro, Amazônia, 2009. Retirado de GAETA, 2011. As populações que residem nas margens do Rio Solimões, não encontram tamanha dificuldade no encontro de alimentos, uma vez que este rio é abundante na presença de peixes, e, além disso, o Rio Solimões é um rio de extrema importância para o Norte do Estado, pois, as principais atividades econômicas são realizadas nele incluindo a pesca e o transporte dos ribeirinhos. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Sabe-se que as populações ribeirinhas sofrem com muitas dificuldades no seu dia-a-dia, porém, após a análise de alguns artigos científicos de trabalhos realizados no Rio Amazonas, observou-se que apesar de todas essas dificuldades, existem muitos projetos de instituições que promovem ajuda a essas comunidades como, por exemplo, o NAPRA (Núcleo de Apoio a População Ribeirinha da Amazônia) e também o apoio financeiro, Bolsa família, do Governo Federal. Ao analisar a diferença nas pesquisas de trabalhos realizados no Rio Amazonas, observamos que o Rio Negro é considerado o rio da fome, pois não possui nutrientes suficientes para os peixes, sendo assim, escassa a presença dos mesmos. Já o Rio Solimões é um rio de muita influência para o Norte por que é nele que as principais atividades

são realizadas, como a pesca, o transporte, o comércio, lazer e pesquisas. Concluímos então que a população que habita o lado do Rio Negro do Rio Amazonas, possui escassez de alimento. 8. FONTES CONSULTADAS FRANÇA, Renan. Nas vilas ribeirinhas do Amazonas, 37 mil pessoas carecem de médicos e saneamento. O Globo 2014. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/sociedade/nas-vilas-ribeirinhas-do-amazonas-37-milpessoas-carecem-de-medicos-saneamento-14635488>. GAETA, Tamiris Lavorato. Avaliação do consumo alimentar da população ribeirinha do rio Negro-Amazônia 2011. Disponível em: <http://www.mackenzie.com.br/fileadmin/pesquisa/pibic/publicacoes/2011/pdf/nut/ta miris_lavorato.pdf>. SANTANA, Franciane Aguiar. Comunidades Ribeirinhas da Amazônia: Relato de Experiência. Perspectiva Amazônica, v. 6, p. 47-56, 2013. SILVA, Andréa Leme. Animais medicinais: conhecimento e uso entre as populações ribeirinhas do rio Negro, Amazonas, Brasil 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/bgoeldi/v3n3/v3n3a05.pdf>. SILVA, Stephanie. Floresta Amazônica, 2010. Disponível em: <http://www. http://floresta-amazonica.info/>