RELATÓRIO DE ATIVIDADE CURSO DE INICIAÇÃO POLÍTICA ETEC-CEPAM - 2010 Autoria: Prof. Dr. Introdução Entre os dias 08 e 10 de dezembro de 2010 ocorreu na sede da Etec-Cepam a primeira edição do curso de Iniciação Política resultante da parceria entre a Fundação Mario Covas, o Instituto do Legislativo Paulista e a Escola Técnica Estadual Etec-Cepam. As atividades foram realizadas em três manhãs, das 9h00 às 12h30. O programa foi baseado em atividades desenvolvidas pela Fundação desde 2003. Ao todo foram 06 aulas de 90 minutos, conforme programação abaixo, oferecidas por dois professores:, doutor em ciência política pela USP e superintendente da Fundação Mario Covas; e Rodrigo Estramanho, mestre em ciência política pela PUC-SP e professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Data Hora I. Hora F. Tema 08 dez aula 1 9h00 10h30 De Vargas a Lula aula 2 11h00 12h30 Partidos Políticos no Brasil 09 dez aula 3 9h00 10h30 Democracia e Futuro da Política aula 4 11h00 12h30 Ética e Política 10 dez aula 5 9h00 10h30 Estrutura do Estado Brasileiro aula 6 11h00 12h30 Sistema eleitoral Brasileiro Docente Rodrigo Estramanho Rodrigo Estramanho As vagas foram oferecidas aos alunos da escola por meio da coordenação da Etec- Cepam. Ao todo tivemos mais de 50 alunos presentes aos três dias de aula. Para reforçar o diagnóstico do curso, no início e no término das atividades foram respondidos questionários.
Avaliação inicial do curso O formulário inicial foi respondido por 46 alunos no primeiro dia, destacando que o preenchimento ocorre antes do começo das aulas. As primeiras questões tinham como objetivo estabelecer o perfil da turma. Com relação ao gênero tivemos desequilíbrio: 29% de homens e 70% de mulheres. A média de idade ficou em 31 anos, sendo que o aluno mais jovem tinha 15 anos, e o mais velho 56. No que diz respeito ao grau de escolaridade, predomina o ensino médio, completo ou incompleto, com 71% das respostas. Em relação ao mercado de trabalho, 52% estão empregados, com destaque para pessoas ligadas ao comércio, e entre os 48% restantes sobressaem-se os estudantes. No que diz respeito à busca por informações, os alunos podiam marcar no questionário quais as principais fontes utilizadas para atualização no campo da política. Foram apresentadas nove fontes distintas, que contaram com o seguinte índice de adesão em termos percentuais, de acordo com a tabela 1. Tabela 1 Fontes de informação sobre política utilizadas Fonte % Televisão 96% Internet 89% Jornal 61% Conversas 41% Rádio 37% Revista 35% Palestras 22% Livro 22% É possível notar que a televisão (96%) é a principal fonte de busca de informação por parte dos cidadãos, mas o espaço tomado pela web (89%) ganha destaque
expressivo, figurando com peso semelhante. Em seguida estão: jornal (61%) e conversas (41%). Acima de quarenta pontos nenhum outro canal. Importante salientar que no que diz respeito à diversificação de fontes de informação, apenas dois alunos indicaram que só baseiam a procura por notícias em um único modo. Tal cenário pode ser considerado positivo e democrático, uma vez que a diversidade de canais é importante para o debate público de temas associados à política. As questões seguintes guardavam relação com aspectos partidários. Metade dos alunos informou que têm preferência por algum partido político. Dentre eles, 22 se apresentaram como simpatizantes e apenas um como filiado. Somados esses dois grupos, onze guardam relação com o PSDB e oito com o PT, reproduzindo a polarização nacional, estadual e municipal vivida em São Paulo. Nenhuma outra legenda foi citada mais de uma vez. Com relação à memória eleitoral, dois terços dos alunos afirmam se lembrar integralmente do voto nas eleições de 2010, e 13% não votaram nesse pleito. Assim, 21% já não se lembram de parte de suas escolhas nas eleições ocorridas em outubro, número semelhante ao indicado por recente pesquisa encomendada pela Justiça Eleitoral, que trouxe ao debate aspectos preocupantes associados à representação, sobretudo em pleitos proporcionais. A próxima seguinte estava associada à relação do aluno com o curso, buscando compreender os motivos que despertaram o interesse pela atividade. Cada respondente podia marcar até três alternativas. Entre as nove opções é possível separar as indicações dos alunos em três grupos de motivos: fortes, médios e fracos. No primeiro caso, entre 50% e 70% dos alunos afirmaram que motivos pessoais, profissionais ou acadêmicos foram os responsáveis pelo interesse em realizar o curso. No segundo grupo, entre 25% e 40% dos alunos afirmaram que foram estimulados por questões comunitárias ou educacionais. Por último, com baixo índice de adesão, inferior a 12% dos alunos, questões como o conteúdo, os professores envolvidos, as organizações promotoras do evento e razões políticas (eleitorais).
Por fim, o questionário inicial tinha como objetivo medir os graus de concordância em relação a afirmações apresentadas. Na tabela 2 estão contidas as idéias centrais dessas afirmações. A pontuação diz respeito à média das indicações, sendo que 1 era equivalente a discordar totalmente, 2 discordar em partes, 3 concordar em partes e 4 concordar totalmente. Assim, quando mais alta a média indicada na tabela maior o grau de concordância com a afirmação. Para os fins da análise aqui proposta considerou-se que entre 4,0 e 3,5 houve concordância plena, entre 2,5 e 3,5 concordou-se em partes, entre 1,5 e 2,5 discordou-se em partes e entre 1,0 e 1,5 discordou-se totalmente. As frases atingiram pontuação entre 1,51 e 3,84. De acordo com a tabela 2 é possível notar total concordância com duas frases e nenhuma discordância plena. Tabela 2 Grau de concordância com sentenças Tema Pontuação Posição Educação política é necessária nas escolas 3,84 Concorda Democracia é o regime mais importante 3,59 Concorda Legislativo é o mais importante poder 2,70 Concorda em partes A imprensa informa bem 2,70 Concorda em partes Não existem partidos, só pessoas no Brasil 2,60 Concorda em partes Eleições são limpas no Brasil 2,36 Discorda em partes Políticos são todos corruptos 1,98 Discorda em partes Conheço pessoa próxima que vende o voto 1,82 Discorda em partes Problemas pessoais são mais importante que os públicos 1,75 Discorda em partes Político deve fazer favores 1,51 Discorda em partes Como dito anteriormente apenas duas frases contaram com plena concordância dos presentes, e tais resultados são positivos: a educação política deve estar presente nas escolas e a Democracia é o mais importante regime de governo. Entre as frases que contaram com concordância parcial destaca-se que a imprensa não é vista como plenamente capaz de informar bem, o Legislativo não é totalmente entendido como o mais importante dos poderes e não existem partidos no Brasil, apenas pessoas. Tal cenário é preocupante para a consolidação de princípios essenciais à sociedade democrática. Além disso, discorda-se parcialmente da lisura do processo eleitoral brasileiro. Como positivo, apesar de os resultados estarem
distantes do ideal, discorda-se parcialmente que os problemas pessoais são mais importantes que os públicos e que os políticos devem fazer favores essas duas sentenças se aproximaram mais da discordância plena. Por fim, discorda-se em parte que os políticos são todos corruptos, o que pode levar à crença de que existem os representantes corretos na visão dos entrevistados. Avaliação final do curso As primeiras questões caracterizavam os alunos do curso com o objetivo de compreender se a turma que estava terminando as atividades guardava grandes diferenças para aqueles que iniciavam, introduzindo também um novo conjunto de perguntas e avaliações. No que diz respeito ao total de respondentes, 39, a divisão de gêneros manteve o predomínio feminino, porém de forma menos acentuada: 65% a 35%. No que diz respeito à idade, a média aumentou discretamente para 32,5 anos. Com relação à escolaridade, salienta-se que a participação daqueles alunos com ensino médio completo / incompleto manteve-se em alta, atingindo 74%. Importante salientar que em relação ao mercado de trabalho a proporção de trabalhadores manteve-se na casa dos cinqüenta pontos. No que diz respeito à qualidade dos docentes, as avaliações apontaram significativa aprovação aos professores. Em notas que podiam variar de zero a dez, Rodrigo Estramanho atingiu média de 9,68 e 9,75, sendo possível afirmar expressiva aprovação por parte dos discentes. Tais resultados indicam também aprovação à atividade, uma vez que é pouco provável que os professores sejam bem avaliados se os conteúdos e temáticas não agradaram aos alunos. A questão seguinte tinha como objetivo obter do aluno os três principais aspectos relacionados ao uso do conteúdo ministrado. É importante destacar o uso pessoal como eleitor (87%), o uso como estudante (80%), mostrando que o curso tem aderência com a área de conhecimento dos alunos e, por fim, o uso como servidor público (49%). Outros aspectos não atingiram mais de um terço de adesão dos respondentes.
Nas sentenças do segundo questionário, de acordo com a Tabela 3, o grau de concordância com as afirmações foi significativamente elevado: sete em nove seguindo os critérios da tabela 2. Uma delas teve aderência absoluta (4,00) e diz respeito à continuidade do curso: o curso deve continuar a ser oferecido na Etec- Cepam. Outras afirmações contaram com adesão expressiva: eu recomendaria esse curso para outros cidadãos e o local para a realização da atividade é adequado ambas com 3,95. Além destas, a Etec-Cepam deve estimular a democracia ficou com média 3,92. Esse conjunto de quatros sentenças reforça de maneira expressiva o valor do curso segundo avaliação dos alunos. A despeito da visão positiva da atividade por parte dos alunos, um valor considerado essencial pela Fundação Mario Covas e pelo Instituto do Legislativo Paulista se fez presente sob o olhar de quem avaliou o curso. Os professores se mostraram neutros partidariamente. A afirmação atingiu média 3,81, bastante representativa do compromisso do curso com os conceitos da política sem adjetivações associadas a uma legenda em especial. Por fim, entre as frases que contaram com concordância plena estão: o formato do curso é adequado e o curso trouxe muitos conhecimento novos com médias próximas de 3,70. Por fim, duas sentenças contaram com concordância parcial, com médias próximas de 3,4 pontos, e estão associadas ao fato de o curso ter mudado a forma de enxergar a política e estimulado a participação política. Tal resultado pode ser associado a um grau de interesse da turma por política acima da média, o que faz com que a atividade reforce conceitos, mas não mude a aproximação já existente dos alunos com os conceitos.
Tabela 3 Grau de concordância com sentenças Tema Pontuação Posição O curso deve continuar sendo oferecido na Etec-Cepam 4,00 Concorda Eu recomendo esse curso para outros cidadãos 3,95 Concorda O local de realização é adequado 3,95 Concorda Instituições como o CEPAM devem estimular a Democracia 3,92 Concorda Os professores são neutros (não revelam tendências) 3,81 Concorda Curso trouxe muitos conhecimentos novos 3,79 Concorda O formato é adequado 3,73 Concorda Curso mudou meu modo de entender a política 3,46 Concorda em partes O curso incentivou minha participação política 3,45 Concorda em partes Na parte do questionário aberta para comentários, algumas questões chamam a atenção. Primeiramente um conjunto significativo de elogios à iniciativa. A despeito do aspecto positivo, merece atenção a quantidade de respondentes que entende que o conteúdo dos cursos deve estar presente nas escolas e as críticas ao tempo reclamam mais dias e mais horas, o que pode ser compreendido como algo muito positivo. Conclusão Diante do exposto é possível afirmar extremo sucesso na atividade. Não são poucos os trabalhos acadêmicos que entendem que a educação política é condição indispensável à Democracia. Sugere-se que a parceria entre a Fundação Mario Covas, o Instituto do Legislativo Paulista e a Etec-Cepam seja mantida, realizando cursos de Iniciação Política semestralmente na escola. Além disso, é possível uma reflexão acerca da importância dessa atividade em outras unidades de cursos técnicos do Centro Paula Souza, seja em versão presencial ou à distância.