Diagnóstico Tardio do HIV em Crianças e Adolescentes Nascidas de mães Portadoras do HIV" Programa Estadual de DST/AIDS-SP www.crt.saude.sp.gov.



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Transcrição:

Diagnóstico Tardio do HIV em Crianças e Adolescentes Nascidas de mães Portadoras do HIV" Programa Estadual de DST/AIDS-SP www.crt.saude.sp.gov.br

Casos notificados de AIDS, Brasil e São Paulo - 1980 a 2008(06/2008) Brasil: 506.499 casos Crianças: 13.728 TV = 11.607 São Paulo: 192.187 casos Razão 2 H:1 M TV = 4.911 Fonte: Coordenação Nacional DST/AIDS(06/08)

TRANSMISSÃO VERTICAL DO HIV Com intervenção ACTG 076 (AZT 3 componentes) Connor et al., 1994 TV = 8,3% AZT + cesárea eletiva: TV = 2,5% TARV múltipla m - TV = 0-2% 0 Lutz-Friedrich et al., 1998 Forbes et al.,1999; McGowan et al.,1999 TARV múltipla m + cesárea eletiva: Mandelbrot et al., 1998 - TV < 1%

Casos de aids por transmissão vertical, segundo ano diagnóstico, Brasil 1994 a 2004 (06/05) Após introdução da profilaxia da TV diminuição do número de casos notificados a cada ano TV: 61,1% de queda, no período de 1997 a 2004 PNDST/AIDS

Caso 1: 15 anos, sexo feminino HIV positivo há 7 meses (2009) - internação por Pneumonia (CD4 28-2% e Carga viral HIV 286. 644 cópias, 5,45 log). Antecedentes : parto cesariano, amamentada até os 18 meses. Antecedentes familiares: mãe falecida em maio de 2002 por Pneumonia e HIV +, Pai vivo, HIV+ em acompanhamento em serviço de referência para HIV/Aids há 3 anos.

Caso 2: 14 anos, sexo feminino HIV+ há 2 meses (2009) - internação por Pneumonia e candidíase oral, (CD4 37,3% e Carga viral HIV 571.366 cópias, B3). Antecedentes : parto cesariano, não amamentou. Antecedentes familiares: pais HIV positivos; mãe com diagnostico HIV durante a gestação. Na alta da maternidade entendeu que a criança estava bem e que não era infectada, não realizando o acompanhamento em unidade de referência.

Caso 3: 11 anos, sexo masculino HIV há 1 ano e 2 meses (2009)- internação por insuficiência respiratória, pneumocistose, herpes zoster (CD4 21-1,1%, Carga viral HIV 131.000 cópias, C3) Antecedentes : parto normal, não amamentou, Pneumonia com derrame pleural, estava em investigação de adenomegalia cervical antes da internação. Antecedentes familiares: pai falecido por HIV há 11anos. Mãe HIV, diagnostico em virtude do óbito do marido.

Caso 5: 4 anos, sexo feminino HIV há 2 anos (2007)- óbito da mãe (CD4 505 24,4% e Carga viral HIV 168.000 cópias, 5,22 log) Antecedentes : parto normal, amamentou por 24 meses. Antecedentes familiares: Mãe falecida por HIV há 2 anos, realizou pré-natal, com HIV negativo no 1º trimestre. Pai HIV positivo há 4 anos.

Caso 4: 17 anos,sexo masculino, solteiro. HIV há 3meses diagnóstico de tuberculose pulmonar. Antecedentes : 5 internações por quadro pulmonar nos últimos 18 meses antes do diagnóstico do HIV. Desde os 5 anos de idade pneumonias de repetição, aos 11 anos zoster intercostal. Nega relações sexuais sem preservativos ou outras situações de exposição ao HIV.

Antecedentes familiares: Mãe casada há 17 anos, relata que seu marido tem múltiplas parceiras. Não usam preservativos. Oferecido teste anti HIV. A mesma optou pelo diagnóstico rápido: resultado reagente. Antecedentes epidemiológicos da mãe: Há 25 anos atrás uso de drogas - maconha, cocaína aspirada, cocaína injetável.

Aragão et al - Pediatria (São Pa ulo) 2008;30(4):237-242

BHIVA/CHIVA consensus conference Don t Forget the Children 10th December 2008 - UK 42 adolescentes TV HIV (até dez. 2007) idade mediana 14 anos (13-20 anos). 86% nasceram na África sub-saariana 4% nasceram no Reino Unido. No momento do diagnóstico: 50% sintomáticos 50% assintomáticos realizado teste HIV, por diagnóstico de um parente.

mediana de CD4 foi 210 células/mm 3 ½ - CD4 abaixo de 200 células / mm 3 20% doença definidora de AIDS O intervalo médio entre ir a um serviço de saúde e o diagnóstico foi de seis meses 27% no primeiro ano 17% mais de 1 ano (1 a 7 anos)

Os filhos de adultos HIV- positivos estão sendo testados? 118 mães, apenas 49 (42%) conheciam o status sorológico dos filhos, sendo que 9 (18%) eram HIV positivo. Motivos de não testar os filhos: 83% - se tem bem estar físico, não tem HIV percepção de infecção pelo HIV como uma doença sintomática e estigmatizante e o medo da revelação do diagnóstico Hospital Dunstable UK - April 2008

Considerando: A magnitude da transmissão vertical do HIV enquanto um grave problema de Saúde Publica, apesar da disponibilidade de acesso às diferentes ações de intervenção para o manejo deste agravo; A ocorrência da notificação tardia de casos de AIDS por transmissão vertical;

A importância do esclarecimento de dúvidas e de informações preventivas no período da assistência do pré-natal, assegurando o seguimento ambulatorial da criança nascida de mãe portadora do HIV; e A comprovada efetividade das ações preventivas, diagnósticas, profiláticas e terapêuticas visando a melhoria da qualidade de assistência a estas crianças e adolescentes,

Recomenda-se: 1) Aumentar o diagnóstico do HIV e reduzir a demora no diagnóstico 2) Evitar a apresentação tardia do HIV com doença avançada em crianças/adolescentes

1) Oferecer testagem para HIV aos filhos de pessoas que vivem com HIV/Aids; independentemente da idade ou sintomas Testar bebês, crianças e jovens "Qualquer bebê/ criança / jovem em risco significativo de infecção pelo HIV, incluindo todas aquelas com pais ou irmãos que estão infectadas pelo HIV, deve ser testadas

2) Oferecer testagem para HIV em crianças que apresentem situações, tais como: Dificuldade para ganhar peso; Dificuldade na curva do crescimento; Problemas para andar; Atraso no desenvolvimento mental; Formas graves de otite, pneumonia e amigdalite; Infecções oportunistas ou de repetições; e

3) Implementar a assistência do pré-natal oferecida às gestantes portadoras do HIV, garantindo a informação sobre a importância do seguimento ambulatorial especializado do bebê; e, lembrar sobre a necessidade do acompanhamento por pelo menos dois anos daquelas crianças diagnosticadas como não infectadas. 4) Oferecer para a gestante/ parturiente aconselhamento em HIV/DST prevenção.

Toda a rede deve estar atenta para a investigação de HIV nos casos: 1. Filhos de pais HIV (no óbito ou no acompanhamento ambulatorial) 2. Sinais sugestivos de HIV na criança, adolescente (diagnóstico diferencial). 3. Parceiras de PVHA

Referências Eisenhut M et al. Knowledge of their children's HIV status in HIV-positive mothers attending a genitourinary medicine clinic in the UK. HIV Medicine 9 (4) 257-259, 2008. Eisenhut M Are children of HIV-infected adults in the UK being tested? Luton Adult HIV Clinic Audit BHIVA Autumn Conference, CHIVA Parallel Sessions, October 2008. Prime K et al. First presentation of vertically acquired HIV infection in adolescence. 14th Annual BHIVA Conference, Dublin, HIV Medicine 9 (Suppl. 1), abstract O2, 2008. Prime K Late presentation of vertically transmitted HIV infection in adolescence. BHIVA Autumn Conference, CHIVA Parallel Sessions, October 2008. Paula Aguiar de Aragão1, Maria Fátima de Paula Ramos2, Heloísa Helena Souza Marques3 - Aids: Importância do diagnóstico pediátrico - Pediatria (São Paulo) 2008;30(4):237-242

e sem qualquer outra Infecção Congênita F:PEDST/AIDS-SP SEMPRE É TEMPO PARA AGIR!!