Novembro é um mês de reestruturação do padrão do endividamento e da inadimplência das famílias: uma preparação para o salto das vendas em dezembro Na comparação mensal entre outubro e novembro, o percentual de catarinenses endividados caiu de 87,6% para 85,3%. Acompanhando esse movimento, a parcela de catarinenses com contas em atraso caiu 2 pontos percentuais, passando de 24,4% para 22,4%. Síntese dos resultados Meses Situação da família Nov/11 Out/12 Nov/12 Total de endividadas 89% 87,6 85,3 Dívidas ou contas em atraso 21% 24,4 22,4 Não terão condições de pagar 7% 9,6 8,2 Análise do endividamento O endividamento dos consumidores catarinenses caiu na comparação com o mês de outubro. O percentual de famílias endividadas, que era de 87,6%, teve queda de 2,3 pontos percentuais, ficando em 85,3%. Na comparação anual, a tendência apresentada é a mesma, com o diferencial do fato de que o processo se deu de forma mais aguda, tendo o endividamento variado negativamente de 89% para 85,3%: queda de 3,7 pontos percentuais. Tendo como ponto de vista o endividamento por faixa de renda, é possível perceber que as famílias com renda inferior a 10 salários mínimos são um pouco mais endividadas do que as com renda superior a 10 salários mínimos. Enquanto 85,5 % das primeiras apresentam dívidas, 84,5% das segundas estão na mesma situação. No entanto, deve se ter em consideração a ideia de que, neste momento, o nível de endividamento das famílias não apresenta variação significativa quando o consideramos pela estratificação da renda. A desaceleração do endividamento captada pela PEIC, em marcha de outubro para novembro, faz parte de um processo de reestruturação cíclico do endividamento familiar. Tendo em vista os tradicionais compromissos do mês de dezembro (festividades), o recebimento por uma parte das famílias da primeira parcela do 13º salário, e os movimentos das variáveis econômicas já destacados em outras edições deste relatório, a saber, o crescimento da renda e o aumento do emprego - mesmo que em processo de aceleração mais lenta fazem com que as famílias acabem por reduzir o seu endividamento em novembro para garantir um novo avanço do consumo no período subsequente. Quando o marco de análise é o nível de endividamento das famílias, a tendência de reajustamento das dívidas também se apresenta. Tendo os muito endividados variando de forma quase insignificante (0,3 pontos percentuais), passando de 16,7% em outubro para 17% em novembro. Os mais ou menos endividados passaram de 32,9% em outubro para 32,1% em novembro, tendo a maioria destes se deslocado para a faixa dos que não tem mais dívidas
desta natureza, que, em novembro, passou a representar 14,7%, ante 12,4% expressos em outubro. Por fim, os pouco endividados passaram a representar 36,1%: variação negativa de 1,8 pontos percentuais ante ao mês anterior. Categoria Nível de endividamento Nov/11 Out/12 Nov/12 Muito endividado 43.7% 16.7% 17% Mais ou menos endividado 38.7% 32.9% 32.1% Pouco endividado 6.9% 37.9% 36.1% Não tem dívidas desse tipo 10.6% 12.4% 14.7% Não sabe 0.0% 0.0% 0.0% Não respondeu 0.0% 0.0% 0.0% Já em relação aos principais tipos de dívida dos catarinenses, o cartão de crédito continua sendo o principal agente do endividamento. Ele é responsável por 60,5% das dívidas dos catarinenses. A comodidade deste tipo de dívida, a grande expansão no número de cartões de crédito dos últimos anos, as quedas nas taxas de juros e outras facilidades deste tipo de produto financeiro são os principais motivos para a alta participação desse tipo de dívida na estrutura de endividamento do catarinense. Em segundo, terceiro e quarto lugar aparecem, respectivamente, os financiamentos de carros, os financiamentos de casas e os carnês.
Tipo de dívidas novembro outubro Não respondeu não sabe outras dívidas financiamento de casa financiamento de carro carnês crédito pessoal crédito consignado cheque pré-datado cheque especial cartão de crédito 0,2% 0,2% 0,8% 6,0% 7,7% 14,8% 16,2% 11,7% 11,1% 3,7% 5,6% 2,7% 3,7% 0,7% 0,4% 0,9% 60,5% 53,8% Já em relação ao tempo de comprometimento com as dívidas, a maioria dos catarinenses endividados (45.8%) tem dívidas de até 3 meses, 4.7% tem dívidas entre 3 e 6 meses, 8.4% entre 6 meses e 1 ano e 41.1% está endividado por mais pelo menos mais de um ano. Desta forma, aqui também a qualidade do endividamento catarinense apresenta uma tendência positiva, já que a maioria tem dívidas de curtíssimo prazo (menos de 3 meses) e o tempo médio de endividamento é baixo, de apenas 6,6 meses. A parcela da renda das famílias comprometida com dívidas apresentou pouca variação. O comprometimento médio da renda das famílias passou de 30,4% em outubro para 30,5% em novembro, mantendo o indicador em um patamar seguro, que não inspira preocupações em torno de uma aceleração desmedida da inadimplência.
Parcela da renda comprometida com dívidas menos de 10% de 11% a 50% superior a 50% Não sabe/não respondeu 15,4% 14,5% 70,2% Análise das contas em atraso Seguindo a tendência de movimento cíclico do endividamento e inadimplência, tendo o mês de novembro representado um período de reestruturação do poder de consumo das famílias, aquelas que têm conta em atraso, na comparação com outubro, ficaram em 22,4% - o que representa 2 pontos percentuais de variação negativa. Dentre as famílias endividadas e com contas em atraso, 36,6% afirmaram que terão condições de pagar totalmente suas dívidas, ante 34,6% registrados no mês anterior. As que, em parte, terão condições de quitar seus débitos representam 26,1%, resultado muito próximo do apresentado em outubro: 26%. Aquelas que não terão condições de pagar suas dívidas representam 36,6%, e está em movimento de queda. O tempo de pagamento destas contas em atraso se concentra acima dos 90 dias e em tendência de alta, representando 46,5%. O período entre 30 e 90 dias é de 23,9%. E o mais curto, até 30 dias, apresenta 29,6%, ante 31,3% de outubro. Em geral, a média de tempo em dias para quitação das dívidas em atraso tem sido de 60,6 dias. Análise das famílias que não terão condições de pagar suas dívidas Finalizando, as famílias que afirmaram não ter condições de pagar suas dívidas no futuro também tiveram uma queda em relação a outubro. Queda de 1.4 pontos percentuais, passando de 9,6% para 8,2%. As famílias com renda maior apresentam aqui um índice de 2,1%, já as famílias de renda inferior tiveram um percentual de 10,6% de pessoas que acreditam que não conseguirão pagar suas dívidas.
Conclusão O mês de novembro representou um processo de ajustamento das condições de endividamento e da inadimplência dos consumidores catarinenses. É uma fase do processo de consumo das famílias onde há uma reestruturação do poder de consumir,,ou seja, uma preparação para o elevado volume de compras de dezembro. A manutenção de um quadro de crescimento econômico, com aumento da renda e do emprego, manutenção de taxas de juros mais baixas, inflação controlada, facilidades de acesso ao crédito e medidas governamentais pontuais para estimular a produção e consumo, podem favorecer ainda mais este movimento já previsto de crescimento do comércio em Santa Catarina. Dado que o padrão de endividamento dos catarinenses já era seguro em outubro e, em novembro, apresentou significativa melhora, há espaço na renda das famílias para que estas vão às compras. O resultado será um final de ano melhor para o comércio e para o crescimento do país. Metodologia Foram entrevistados consumidores em potencial, residentes no Município de Florianópolis, com idade superior a 18 anos. Para fixar a precisão do tamanho da amostra, admitiu-se que 95% das estimativas poderiam diferir do valor populacional desconhecido p por no máximo 3,5%, isto é, o valor absoluto d (erro amostral) assumiria no máximo valor igual a 0,035 sob o nível de confiança de 95%, para uma população constituída de consumidores em potencial. Preferiu-se adotar o valor antecipado para p igual a 0,50 com o objetivo de maximizar a variância populacional, obtendo-se maior aproximação para o valor da característica na população. Em outras palavras, fixou-se um maior tamanho da amostra para a precisão fixada. Assim, o número mínimo de consumidores a serem entrevistados foi de 500, ou seja, com uma amostra de no mínimo 500 consumidores, esperou-se que 95% dos intervalos de confiança estimados, com semi-amplitude máxima igual a 0,035, contivessem as verdadeiras freqüências.