Produção de mudas de Jatropha curcas L. em diferentes substratos Pedro Henrique F. Z. A. Maciel 1, Daiana da Silva Rocha 2, Patrícia Paro 3, Mônica Gioda 4, Maria Carolina Gaspar Botrel 5 1,2,3,4,5 Faculdade Assis Gurgacz (FAG), Av. das Torres, 500 Cascavel PR - Brasil Abstract. The pinhão-manso is a kind of plant from the Euphorbiaceae family rom which seeds is possible to extract oil that can be used to make biodiesel. The goal of this paper was to analyze which was the best substratum to a mass production of its seedlings. The experiment was done in the university "vegetation house" at Faculdade Assis Gurgacz, and was led in experience lining in accidental blocks, made by 5 treatments, 4 repetitions and 10 seedlings each one. The substances were composed by humus, soil and rice husk, in different combinations. The observed variations were the lap diameter and the seedling height. The substance that showed the best seedlings development considering the lap diameter and the height was the one only composed by humus. Resumo. O pinhão-manso é uma planta da família Euphorbiaceae, de cujas sementes se extrai um óleo possível de ser empregado na fabricação de biodiesel. O objetivo deste trabalho foi analisar qual o melhor substrato para produção de mudas desta espécie. O experimento foi montado em casa de vegetação da Faculdade Assis Gurgacz, sendo conduzido em delineamento experimental em blocos casualizados, composto por 5 tratamentos, 4 repetições e 10 mudas por tratamento. Os substratos foram compostos por húmus, terra e casca de arroz, em diferentes combinações. As variáveis analisadas foram diâmetro do colo e altura das mudas. O substrato que permitiu o melhor desenvolvimento das mudas nas características diâmetro do colo e altura foi o composto por somente húmus. 1. INTRODUÇÃO O pinhão-manso (Jatropha curcas L.) pertence à família das Euforbiaceae, a mesma da mamona e da mandioca. É um arbusto grande, de crescimento rápido, cuja altura normal é de dois a três metros, mas pode alcançar até cinco metros em condições especiais. O diâmetro do tronco é de aproximadamente 20 cm, possuindo raízes curtas e pouco ramificadas sensíveis a ph menores de 4,5, caule liso, de lenho mole. O tronco é dividido desde a base, em compridos ramos, com numerosas cicatrizes produzidas pela queda das folhas na estação seca, as quais ressurgem logo após as primeiras chuvas (Brasil, 1985). É uma espécie adaptada a regiões secas e com baixa fertilidade, porém para que se obtenha máxima produção é recomendado o plantio em solos férteis e com precipitação de
no mínimo 600 mm/ano, pois abaixo dessa marca a planta paralisa seu crescimento, porém conseguindo sobreviver com apenas 200 mm/ano. É uma espécie perene e está disseminada em todas as regiões tropicais e até em algumas áreas temperadas (Saturnino, 2005). O pinhão-manso está sendo considerado uma opção agrícola para a região nordeste brasileira, por ser uma espécie nativa, exigente em insolação e com forte resistência à seca. Essa espécie não está sendo explorada comercialmente no Brasil, mas segundo Carnielli (2003) é uma planta oleaginosa viável para a obtenção do biodiesel, pois produz, no mínimo, duas toneladas de óleo por hectare, levando de três a quatro anos para atingir a idade produtiva, que pode se estender por 40 anos. Ainda é utilizado o seu óleo para outros fins como material combustível, inclusive em lamparinas, candeeiros, archotes pelas suas propriedades de ser inodoro e se queimar sem produzir fumaça. Para Purcino e Drummond (1986) o pinhão-manso é uma planta produtora de óleo com todas as qualidades necessárias para ser transformado em óleo diesel. Além de perene e de fácil cultivo, apresenta boa conservação da semente colhida, podendo se tornar grande produtora de matéria prima como fonte opcional de combustível. Para estes autores, esta é uma cultura que pode se desenvolver nas pequenas propriedades, com a mão-de-obra familiar disponível, como acontece com a cultura da mamona, na Bahia, sendo mais uma fonte de renda para as propriedades rurais da região nordeste. Por se tratar de uma cultura perene, segundo Peixoto (1973), pode ser utilizado na conservação do solo, pois o cobre com uma camada de matéria seca, reduzindo, dessa forma, a erosão e a perda de água por evaporação, evitando enxurradas e enriquecendo o solo com matéria orgânica decomposta. Com a provável demanda, face à utilização como biodiesel, necessário se faz a propagação de pinhão-manso, que pode ocorrer por via vegetativa ou clonal e por via seminal. Por ser uma planta dióica de fecundação cruzada e entomófila, sua multiplicação, através de sementes resulta em grandes variações entre as plantas, sem levar em conta que o seu florescimento é mais tardio que a das plantas oriundas de estaquia. No Brasil, a multiplicação de pinhão-manso via sementes, com padrões internos, destinado à produção e comercialização em larga escala, ainda não se estabeleceu. O plantio, via semente, pode ser feito diretamente nas covas ou a partir da produção de mudas, aduz Drummond (1986), esclarecendo que para plantios de um hectare utiliza-se espaçamentos 3 x 2 metros, sendo necessários em torno de dois quilogramas de sementes. 2. MATERIAL E MÉTODOS A proposta do presente trabalho tem como objetivo estudar diferentes tipos de substratos para a produção de mudas de pinhão-manso, sendo utilizado húmus, terra e casca de arroz não carbonizada, em diferentes proporções. O desenvolvimento dos experimentos iniciaram em 17 de abril de 2007, nas instalações da casa de vegetação da Fazenda Escola da Fundação Assis Gurgacz - FAG, localizada no município de Cascavel, PR, com coordenadas de latitude 24º57'21" sul e a uma longitude 53º27'19" oeste, altitude de 781 metros. O clima predominante na região é o subtropical, característico do sul do Trópico de Capricórnio. A coleta dos dados ocorreu dia 22 de maio do presente ano.
Os substratos dos tratamentos foram classificados em três tipos: Tipo 1 - Húmus Tipo 2 - Terra Tipo 3 - Casca de Arroz. Acondicionados em sacos plásticos de 23 x 12 cm, os substratos testados no presente trabalho foram classificados em isolados e combinados. O substrato isolado corresponde ao uso de determinado componente isoladamente. Para os substratos combinados, foi feita uma mistura entre os componentes em iguais porcentagens, descritos na tabela 01. Tabela 01. Substratos utilizados no cultivo de mudas de Jatropha curcas L. pinhão-manso, em casa de vegetação. Tratamentos Combinação Tratamento 1 100% húmus Tratamento 2 100% terra Tratamento 3 50% de terra + 50% de húmus Tratamento 4 Tratamento 5 50% terra + 50% casca de arroz 50% de húmus + 50% de casca de arroz O delineamento experimental foi adotado em blocos casualizados com cinco tratamentos, quatro repetições e dez mudas por parcela, totalizando duzentas mudas. As variáveis analisadas foram, o diâmetro do colo e a altura da muda. O diâmetro do colo foi medido manualmente fazendo uso do paquímetro e a altura total de muda foi medida com uma régua graduada em centímetros. Para a análise dos dados foi empregado no software SISVAR versão 4.3, sendo utilizado para comparações entre médias o teste de Scott-Knott, ao nível de 5% de significância. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES A Tabela 02 apresenta a análise de variância realizada para mudas de pinhão-manso nas características diâmetro do colo e altura total da muda. Pode-se observar que os tratamentos foram significativos (p 0,05) para estas características. Tabela 02. Resumo da análise de variância para diâmetro à altura do colo e altura total das mudas de pinhão-manso. FV GL Diâmetro do colo Altura Tratamento 4 9,44* 24,26* Bloco 3 0,01 7,70 Erro 56 1.23 3.98 *Significativo, pelo teste de F (p 0,05). Tabela 03. Valores médios para altura (cm) de mudas de pinhão-manso comparados por meio do teste de agrupamento de Scott-Knott, a 5% de significância. Tratamentos Altura
100% húmus 10,81 A 50% de terra + 50% de 9,23 A húmus 100% terra 8,55 B 50% de húmus + 50% de 8,38 B casca de arroz 50% terra + 50% casca de 6,85 B arroz *médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de agrupamento de Scott-Knott. Analisando os dados da tabela 03, pode-se verificar as médias de altura das mudas de pinhão-manso para cada tratamento. Verifica-se que os tratamentos 1 (100% húmus) e 3 (50% terra e 50% húmus) apresentaram as melhores médias para esta variável, sendo estatisticamente diferentes dos tratamentos 4, 5 e 2. O substrato 100% húmus foi o que apresentou o melhor desenvolvimento na altura das mudas de pinhão-manso, 10,81 cm. A altura das plantas de pinhão-manso produzidas no substrato que continha 50% terra e 50% húmus foi estatisticamente igual às mudas produzidas no substrato 1, como mostra a tabela 03. Os tratamentos 2, 5 e 4 que continham substrato 100% terra, 50% húmus e 50% casca de arroz e 50% terra e 50% casca de arroz, respectivamente, foram os que proporcionaram as menores alturas de mudas de pinhão-manso. A menor média foi apresentada pelo tratamento 4 (50% terra + 50% casca de arroz) com 6,85 cm de altura. Tabela 04. Valores médios para diâmetro do colo (mm) de mudas de pinhão-manso comparados por meio do teste de agrupamento de Scott-Knott, a 5% de significância. Tratamentos Diâmetro do colo 50% terra + 50% 0,56 B húmus 50% terra + 50% 0,59 B casca de arroz 50% húmus + 50% 0,69 A casca de arroz 100% Terra 0,73 A 100% Húmus 0,80 A *médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de agrupamento de Scott-Knott. Os dados da Tabela 04 representam o desempenho médios dos tratamentos para o diâmetro do colo e o teste de comparação múltipla. Verifica-se que os tratamentos 1 (100% húmus), 2 (100% terra) e 5 (50% de húmus + 50% de casca de arroz) apresentaram as melhores médias para esta variável, sendo estatisticamente diferentes dos tratamentos 3 e 4. O substrato 100% húmus foi o que
apresentou o melhor desenvolvimento no diâmetro das mudas de pinhão-manso, 0,80 mm. O diâmetro das plantas de pinhão-manso produzidas nos substratos 2 e 5 foram estatisticamente iguais às mudas produzidas no substrato 1, como mostra a tabela 04. Os tratamentos 3 (50% terra e 50% húmus) e 4 (50% terra e 50% casca de arroz), respectivamente, foram os que proporcionaram os menores diâmetros de colo das mudas de pinhão-manso. A menor média foi apresentada pelo tratamento 3 (50% húmus + 50% terra) com 0,56 mm de diâmetro. Constata-se que para o melhor desenvolvimento das mudas de pinhão-manso analisando ao mesmo tempo a variável diâmetro do colo e altura total pode-se indicar o substrato 100% húmus, já que este permitiu o melhor desenvolvimento das mudas nestas duas características avaliadas. 4. IMAGENS Figura 01. Visão geral do experimento de mudas de pinhão-manso instalado nas dependências da Fazenda Escola da FAG. Figura 02. Mudas de pinhão-manso após 21 dias da semeadura
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, Ministério da indústria e do comércio. Secretária de tecnologia industrial. (1985) Produção de combustíveis líquidos a partir de óleos vegetais Ministério da indústria e do comércio, Brasília. DRUMMOND, O. A.; PURCINO, A. A. C.; CUNHA, L. H. de S.; VELOSO, J. de M. (1984) Cultura do pinhão manso. EPAMIG, Belo Horizonte. PEIXOTO, A. R. (1973) Plantas oleaginosas arbóreas. Editora Nobel, São Paulo. SATURNINO, H. M. PACHECO, D. D. (2004-2005) Caracterização mineral de partes de plantas de pinhão manso (Jatropha curcas L.). CARNIELLI, F. (2003) O combustível do futuro. Disponível em: http//:www.ufmg.br/boletim/bul1413 CORTESÃO, M. (1956) Culturas tropicais: plantas oleaginosas. Clássica, Lisboa