ESTUDO DO PERFIL SENSORIAL DE BEBIDA DE SOJA SABOR CHOCOLATE



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Transcrição:

V EPCC Encontro Internacional de Produção Científica Cesumar 23 a 26 de outubro de 2007 ESTUDO DO PERFIL SENSORIAL DE BEBIDA DE SOJA SABOR CHOCOLATE Paula Bucharles 1, Angélica Aparecida Mauricio 2, Franciane Colares Souza 3, Roberto Marcilio 2, Helena Maria André Bollini Cardello 4 RESUMO: Foi traçado o perfil sensorial descritivo de amostras comerciais de alimento com soja sabor chocolate, duas tradicionais e uma light, por Análise Descritiva Quantitativa (ADQ). A equipe de provadores definiu termos descritivos, materiais de referência para treinamento e ficha de avaliação das amostras. Doze provadores foram selecionados e treinados para compor a equipe definitiva. Foram gerados quatorze descritores pelo método de rede. A intensidade de cada termo foi avaliada por escala não-estruturada (9cm) ancorada em seus extremos com intensidade mínima à esquerda e máxima à direita. Os dados foram analisados por ANOVA, Teste de Tukey (5% de signific) e Análise de Componentes Principais (ACP). Os resultados indicaram semelhança entre as amostras A e B e diferença no perfil sensorial da amostra C. Na ACP, as amostras A e B foram caracterizadas pelos atributos cor, aroma e sabor de chocolate, cremosidade e viscosidade e diferenciadas pelo sabor de adoçante da amostra light. A amostra C apresentou maior intensidade de sabor de bebida de chocolate diluída em água, sabor e aroma de soja, sabor residual de soja, doçura e arenosidade. As amostras A e B apresentaram melhor aceitação nos atributos avaliados, diferentemente da amostra C. No teste de intenção de compra, a amostra A obteve maior percentual. PALAVRAS-CHAVES: Aceitação; ADQ; Análise sensorial; Bebida de soja. 1 INTRODUÇÃO Estudos recentes que mostram a relação entre dieta e saúde, somados ao crescente interesse por indivíduos em consumir alimentos mais saudáveis, têm levado a indústria alimentícia ao desenvolvimento de novos produtos cujas funções pretendem ir além dos fornecimentos de nutrientes básicos e da satisfação do paladar do consumidor. Esses produtos são conhecidos como alimentos funcionais e têm como principal função a redução dos riscos de doenças crônico-degenerativas (BEHRENS & SILVA, 2004). Eles representam um novo segmento no mercado de alimentos e, segundo a Leatherhead Food Research Association (Reino Unido), alimentos com alegações de benefícios à saúde representarão nos próximos anos cerca de 5% do mercado mundial de alimentos. 1 Mestrandos da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas SP. pbucharles@yahoo.com.br 2 Doutorandos da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas SP. deguste@uol.com.br 3 Doutorando da Faculdade de Engenharia Agrícola (FEAGRI) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas SP. franciane_souza@yahoo.com.br 4 Docente da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas SP. hellini@fea.unicamp.br No Brasil, este mercado ainda é incipiente, porém com um grande potencial, considerando-se a disponibilidade de fontes naturais, a capacidade produtiva da indústria local e o tamanho do mercado consumidor (BEHRENS, ROIG & SILVA, 2001).

A soja e seus derivados destacam-se como importantes fontes de proteínas, fibras, isoflavonas, oligossacarídeos, como rafinose e estaquiose, vitaminas e minerais, isentas de glúten e lactose. Nos últimos anos, essa leguminosa tem sido classificada como alimento funcional (WANG & MEJIA, 2005) O extrato hidrossolúvel de soja (EHS) ou leite de soja é um dos derivados não fermentados obtido a partir do grão da leguminosa. Esse produto é amplamente consumido nos países orientais, mas a cultura brasileira ainda apresenta certa resistência ao seu consumo, devido ao sabor desagradável oriundo de compostos existentes no interior do grão e de outros formados durante o processo de obtenção (MORAES et al., 2006). Entretanto, recentemente a indústria nacional tem feito uso de novas tecnologias na obtenção do EHS para o mercado brasileiro, proporcionando melhor qualidade sensorial. Novos produtos comerciais à base de EHS em combinação com sucos de frutas, por exemplo, têm obtido êxito no mercado, indicando que os consumidores podem estar mudando sua atitude com relação aos produtos à base de soja (BEHRENS & SILVA, 2004). A análise sensorial é essencial para medir e interpretar as reações produzidas pelas características dos alimentos e a forma como são percebidas pelos sentidos humanos. Assim, o presente trabalho teve por objetivo aplicar a Análise Descritiva Quantitativa para traçar o perfil sensorial de bebida de soja sabor chocolate e comparar os resultados com as reações de potenciais consumidores de três produtos comerciais disponíveis no mercado. 2 MATERIAL E MÉTODOS Foram avaliadas, pelo método sensorial de Análise Descritiva Quantitativa (STONE & SIDEL, 1985) que permite descrever e quantificar as características sensoriais de um alimento, três amostras diferentes de alimento com soja sabor chocolate (A, representante da versão tradicional da marca líder de mercado X; B, sua versão light e; C, representante da versão tradicional de uma marca intermediária - Y), adquiridas em supermercados da região de Campinas-SP. Os testes sensoriais foram realizados no Laboratório de Análise Sensorial da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA/UNICAMP), cujas instalações incluem cabines individuais e controle de iluminação e temperatura ambientes. Para avaliação das amostras, 30mL de cada amostra foram servidos em copos plásticos descartáveis com capacidade para 50mL, codificados com números de três dígitos, aproximadamente à temperatura de 20 C. Foram pré-selecionados doze indivíduos, alunos de pós-graduação da UNICAMP, consumidores potenciais de alimento com soja sabor chocolate, cujo poder discriminativo foi avaliado por Testes Triangulares aplicados à análise seqüencial de Wald (MEILGAARD, CIVILLE & CARR, 1998). Os termos descritivos dos produtos foram gerados aplicando-se o Método de Rede (MOSKOWITZ, 1983), pelo qual os produtos foram apresentados aos pares aos provadores para que descrevessem as similaridades e as diferenças entre as amostras de cada par quanto a aparência, aroma, sabor e textura. Ao final das sessões, uma discussão em grupo foi conduzida por um líder com o objetivo de definir o melhores termos descritores e determinar amostras referências. Para compor a equipe sensorial definitiva, foram escolhidos, portanto, aqueles provadores que apresentaram poder discriminativo, reprodutibilidade em seus julgamentos e consenso com os demais membros do grupo (DAMASIO & COSTELL, 1991) quando das avaliações dos produtos em três repetições.

O perfil sensorial de cada produto foi então definido utilizando-se escalas não estruturadas de 9 cm ancoradas em suas extremidades com termos indicando a intensidade de cada atributo avaliado. A aceitação e a intenção de compra das três amostras foram avaliadas por 30 consumidores do produto recrutados verbalmente. O teste foi realizado no mesmo laboratório de análise sensorial. No entanto as amostras foram servidas monadicamente e em temperatura de refrigeração (10ºC). A aceitação das amostras foi avaliada por meio de escala não-estruturada de 9 cm com termos ancorando seus extremos: desgostei extremamente à esquerda e gostei extremamente à direita. Para avaliar a atitude de intenção de compra, utilizou-se escala de cinco pontos, variando entre certamente compraria e certamente não compraria. Os resultados da ADQ foram submetidos à ANOVA com duas fontes de variação: amostras e provadores, e Teste de média de Tukey (5% de significânica), além de Análise de Componentes Principais (ACP). Os resultados do Teste de Aceitação foram analisados por meio de ANOVA e Teste de Tukey (5%). 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO O perfil sensorial das amostras de alimento com soja sabor chocolate (Figura 1) revela que a amostra C distinguiu-se significativamente das demais amostras, por apresentar menor intensidade dos atributos cor e sabor de chocolate, viscosidade; e aroma de soja, sabor residual de soja, sabor de soja e sabor de bebida de chocolate diluída em água mais pronunciados (p=0,05). As amostras A e B apresentaram grande semelhança entre si para a maioria dos atributos sensoriais selecionados. Foi observada diferença significativa (p=0,05) apenas nos atributos sabor de soja, sabor amargo, sabor de adoçante, sabor de bebida de chocolate diluída em água e cremosidade, sendo que a versão light apresentou maiores médias para os primeiros quatro atributos, e a versão tradicional apresentou maiores médias para cremosidade. FIGURA 1 Cor de chocolate Arenosidade Viscosidade Cremosidade Aroma de Soja Sabor Aguado Sabor de Adoçante Aroma de Chocolate Aroma de Baunilha Sabor Amargo Sabor Residual Doçura Sabor de Soja Sabor de Chocolate Amostra A Amostra B Amostra C FIGURA 1. Perfil sensorial das amostras de alimento com soja sabor chocolate estudadas. A menor intensidade de sabor, aroma e cor de chocolate apontada pelos provadores para a amostra C deve-se, provavelmente, a ausência de cacau e goma alfarroba na sua formulação. Esse fato também pode justificar a maior intensidade de aroma, sabor e sabor residual de soja e sabor amargo nesta amostra. Por outro lado, as

diferenças observadas entre as amostras A e B possivelmente são explicadas pela substituição da sacarose por edulcorante, no caso a sucralose. A presença da sucralose na amostra B pode ter intensificado o sabor amargo e, certamente, conferido o sabor de adoçante, enquanto que na amostra A, a presença da sacarose garantiu maior cremosidade, devido a sua propriedade físico-química de tornar os produtos mais espessos. De acordo com os resultados do teste de aceitação (Tabela 1), os consumidores julgaram a amostra C significativamente diferente das amostras A e B quanto aos atributos sabor, textura e impressão global, levando à rejeição do produto pelos consumidores, representada pelas menores médias para todos os atributos selecionados (Tukey, P<0,05). As amostras A e B não apresentaram diferença significativa entre si em nenhum dos atributos avaliados, o que comprova a grande semelhança entre as mesmas também na percepção dos consumidores. TABELA 1. Comparação de médias (n = 30) da avaliação de aceitação sensorial das amostras de bebida com soja sabor chocolate. Atributo Amostra A Amostra B Amostra C DMS Aparência 6,83 a 7,04 a 6,05 a 1,04 Aroma 5,88 a 5,88 a 5,07 a 1,41 Sabor 5,45 a 4,32 a 2,75 b 1,48 Textura 6,31 a 6,04 a 4,19 b 1,22 Impressão Global 5,87 a 4,83 a 3,38 b 1,31 * Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si (p<0,05); DMS = diferença mínima significativa pelo teste de médias de Tukey a 5%. Portanto, pode-se considerar que ambas são igualmente preferidas pelo consumidor dentre as três amostras avaliadas (Tukey, P<0,05). Verificou-se que o atributo sabor foi determinante na avaliação de impressão global da amostra pelos consumidores, cujas notas obtidas para estes dois atributos encontram-se mais próximas. Quanto ao teste de intenção de compra para cada uma da amostras de alimento com soja sabor chocolate analisadas, observou-se que a amostra A apresentou a melhor avaliação na atitude de compra pelos consumidores, com 53,33%, seguida da versão light do mesmo fabricante (amostra B), com 23,34%. Confirmando os resultados da análise sensorial, a amostra C foi a que apresentou menor porcentagem na intenção de compra (16,67%) e maior porcentagem de rejeição (70%), provavelmente devido às menores médias para os atributos sabor e impressão global. Apesar das amostras A e B terem apresentado boa avaliação de impressão global pelos consumidores, as mesmas obtiveram 43,33% e 46,67%, respectivamente, de resposta de incerteza em relação à intenção de compra. 4 CONCLUSÃO Os termos descritores analisados foram adequados na determinação da qualidade do alimento com soja sabor chocolate, pois discriminaram claramente amostras de marcas distintas. As amostras A e B apresentaram perfis sensoriais significativamente superiores que o da amostra C e portanto, preferidos pelos provadores. Ainda assim, o percentual de incerteza no que se refere a intenção de compra do produto expressa pelos consumidores foi bastante alto. Este resultado é provavelmente devido a irregularidade de consumo de soja e seus derivados por grande parte da população brasileira (BEHRENS & SILVA, 2004). Os resultados ainda evidenciam que a análise sensorial é um ótimo instrumento a ser utilizado no desenvolvimento de novos produtos, e que a soja, apesar

de ser um produto funcional em ascendência, ainda demonstra-se pouco aceita pela população. REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS RENS, J.H.; SILVA, M.A.A.P. Atitude do consumidor em relação à soja e produtos derivados. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, vol.24, n.3, p.431-439, julset, 2004. BEHRENS, J.H.; ROIG, S.M.; DA SILVA, M.A.A.P. Aspectos de Funcionalidade, de Rotulagem e de Aceitação de Extrato Hidrossolúvel de Soja Fermentado e Culturas Lácteas Probióticas. Boletim SBCTA, v. 34, n. 2, p. 99-106, 2001. DAMÁSIO, M.H; COSTELL, E. Analisis sensorial descriptiva: generación de descriptores y seleccion de catadores. Revista Agroquimica Technology. Ali. Valencia, v.31, n.2, p. 165-178, 1991 MEILGAARD, M.; CIVILLE, G.V.; CARR, B.T. Sensory evaluation techniques. CRC Press, Inc. 1998. 281p. MORAES, R.M.; HAJ-ISA, N.M.A.; ALMEIDA, T.C.A.; MORETTI, R.H. Efeito da desodorização nas características sensoriais de extratos hidrossolúveis de soja obtidos por diferentes processos tecnológicos. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, vol.26, n.1, jan-mar, p. 46-51, 2006. MOSKOWITZ, H.R. Product testing and sensory evaluation of food. Marketing and R. & D. approaches, Westport Food and nutrition Press, INC, 1983, 605 p. STONE, H.; SIDEL, J. L. Sensory evaluation practices. Orlando, USA: Academic Press, 1985. p. 296. WANG, W.; MEJIA, E.G. A new frontier in soy bioactive peptides that may prevent agerelated chronic diseases. Comprehensive reviews in food science and food safety, v.4, p.63-78, 2005.