Comunicação OS POVOS INDÍGENASDO OIAPOQUE: UM ESTUDO DA VISUALIDAE GRÁFICA SOBRE O RITUAL DO TURÉ



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Transcrição:

0 Comunicação OS POVOS INDÍGENASDO OIAPOQUE: UM ESTUDO DA VISUALIDAE GRÁFICA SOBRE O RITUAL DO TURÉ BARREIROS, Jussara de Pinho 1 Palavras-Chave: Etnia, Visualidade, Ritual RESUMO: O objeto de pesquisa investiga o tema: OS POVOS INDÍGENAS DO OIAPOQUE: UM ESTUDO DA VISUALIDADE GRÁFICA SOBRE O RITUAL DO TURÉ, que objetiva analisar e compreender os elementos determinantes de caráter simbólico, gráfico, religioso e sócio-cultural, que se interpretam na sua significação no contexto antropológico semiótico e étnico, através dos signos plásticos (cor, textura, linhas e formas), representados como objetos da cultura material (adornos, e pinturas corporais, plumários, instrumentos musicais como: flautas, maracás, chocalhos, tambores). A relevância do objeto de investigação tem como enfoque a manifestação ritualística, principalmente na dança do turé, dos povos indígenas da região do Uaçá, que são: os Karipunas, Galibi-Marworno, Palikur e Galibi do Oiapoque, que formam redes de intercâmbio sociais e culturais, no município do Oiapoque no Estado do Amapá. A metodologia requer uma abordagem quantitativa descritiva, histórica, etnográfica e documental, que pretende analisar, identificar e descrever os elementos formais de caráter, simbólico, sócio-cultural, cosmológicos, através do contexto semiótico e interdisciplinar entre os anos 2000-2005, que propõe a trajetória étnica e histórica dos objetos simbólicos dos índios do Oiapoque buscando caracterizar significados ritualísticos na Festa do Turé, dimensionando os elementos plásticos da linguagem verbal e visual, abrangendo as quatro etnias indígenas que compartilham e preservam sua forte memória nas relações de uma construção histórica vivenciada no processo de identidades e diferenças interétnicas de contatos com outras nacionalidades e intenções de franceses, portugueses, holandeses, membros de expedições missionárias e científicas, além da presença política marcante por meio da Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque - APIO, criada em 1992. O sentido e o significado prático da interdisciplinaridade nas tradições indígenas buscam elementos que redimensionariam sua mitologia, a língua, a cosmologia, a cultura e a sua arte, no processo histórico da interação entre teoria e prática; conteúdo e realidade; objetividade e subjetividade, ensino e avaliação; tempo e espaço; professor e aluno. Esperamos que as idéias formuladas nesta proposta possam proporcionar reflexões, discussões e pesquisas de uma significante construção do conhecimento interdisciplinar nos aspectos antropológicos, sociológicos, pedagógicos, cientifico e etnológico Amazônico, especialmente aos povos indígenas do Oiapoque, como legitimadores da difusão do saber milenar e sua especificidade como reconhecimento de uma identidade ética e cultural dos povos indígenas do Amapá. Os índios do Oiapoque são interprelados enquanto objetos visuais e destacam vários princípios formais no campo antropológico, histórico, etnográfico e artístico. Pretendemos com este estudo contribuir ainda para Ciência e a Antropologia da Amazônia, principalmente no Amapá. INTRODUÇÃO Considerando este artigo como objeto de pesquisa voltado á questão étnica e cultural abrangendo a área de concentração: semiótica e cultura amazônica, com o tema: Os Povos Indígenas do Oiapoque: Um Estudo da Visualidade Gráfica sobre o Ritual do Turé, que objetiva analisar e compreender os elementos determinantes de caráter 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

1 histórico, etnográfico, antropológico e artístico, no contexto semiótico e étnico, na arte dos povos indígenas: os Karipunas, Galibi-Marworno, Palikur e Galibi do Oiapoque investigados no período de 2000-2005 no Estado do Amapá. Na metodologia o estudo requer uma abordagem quantitativa descritiva, histórica, etnográfica e documental, que pretende estudar, reconhecer e descrever os elementos formais e caráter representacional, simbólico, sócio cultural, cosmológico e artístico da visualidade gráfica entre os anos 2000-2005, que propõe a trajetória dos grafismos dos índios do Uaçá, buscando caracterizar significados ritualísticos na dança do Turé, dimensionando os elementos plásticos da linguagem gráfica visual. A intenção do tema em estudo é estabelecer no campo teórico e etnográfico as relações étnicas e culturais nos últimos 05 (cinco) anos, com ênfase na inter-relação histórica, cultural e artística, nos objetos visuais, adornos, plumários e pinturas corporais, instrumentos musicais que precisam estar presentes para que se confrontem nas diferentes formas de representações, épocas e etnias, através dos processos de identidades e diferenças interétnicas. O universo de abordagem será realizado, no âmbito da pesquisa teórica e de campo, levantamento quantitativo do acervo artístico e cultural da Arte Indígena Amapaense, em Museus, casas de culturas regionais e estaduais. Na abordagem e coleta de dados, abrangendo estudos históricos, documentários e etnográficos, serão instrumentalizados através de entrevistas, questionários e formulários padronizados proporcionalmente pelo pesquisador. Sendo o Ritual do Turé, uma festa tradicional manifestada através da dança ritualística, demonstrando uma apuradíssima habilidade e qualidade artística e técnica de sua plumária, pintura corporal e facial dos índios Karipunas, Galibi-Marworno, Palikur, do município do Oiapoque no Estado do Amapá. Os povos Karipunas ocupam o rio Curipi, com aproximadamente 1900 (um mil e novecentos) índios distribuídos em 04 (quatro) aldeias: Manga, Santa Izabel, Açaizal e Espírito Santo. Embora, contrapondo-se formam redes de intercâmbio cultural numa política estadual e federal, promotores da unidade interétnica entre as comunidades indígenas, buscando uma tomada de consciência da realidade dos direitos indígenas em relação á posse e ao usufruto das terras legalizadas e demarcadas, terem melhores condições de vida, educação e saúde legitimizadas pelas ações de apoio dos órgãos não governamentais e a sociedade civil, visando a reflexão crítica e as propostas de soluções de seus dilemas educacionais diferenciados, específico, sócio-econômico e político ambiental de cada povo.

2 No entanto, pretendemos com este estudo contribuir ainda para Ciência e Antropologia Amazônica, especialmente no Amapá, assim de forma interdisciplinar elaborar material científico didático voltado para as escolas indígenas e regionais do Estado do Amapá. A importância da expressão gráfica através dos significados dos signos plásticos (cor, linhas, textura e forma) no ritual do Turé. Os ornamentos dos índios do Oiapoque são interpretados enquanto objetos visuais e destacam vários princípios formais que o constituem dentro do contexto antropológico, histórico e etnográfico, relativos á situação dos índios karipunas do Oiapoque de contato interétnico, intercultural e a importância da relação dinâmica entre a visualização gráfica e os significados míticos, que regem a composição dos elementos formais, apresentados nos adornos corporais, faciais e plumários, na festa do Turé, como cerimonial da identidade étnica dos povos indígenas do Oiapoque. Elaboramos o presente projeto que tem como objeto de pesquisa: Um estudo da visualidade gráfica sobre o ritual do Turé, manifestação religiosa, mítica e simbólica dos povos indígenas do Uaçá, que ocupam a bacia do rio Curipi, no município do Oiapoque, no extremo norte do Estado do Amapá. A relevância do objeto de investigação, tem como o enfoque dos adornos corporais como elemento ritualístico, na dança do Turé, das etnias Karipunas, Galibi-Marworno e Palikur, desde de 2000, no Estado do Amapá. Os estudos na área indígena mostram que o sistema social, religioso, mítico e artístico de um grupo ou sociedade étnica podem ser integrados no quadro de uma teoria simbólica única especificamente (ritual do Turé), sob duas perspectivas: como estrutural representacional e como simbolismo sócio-cultural, e associa-los a fenômeno de caráter social e mágico-religioso através do significado da arte gráfica indígena, profundamente enraizadas nas suas vivências e sua mitologia e, em virtude disso, representações icnográficas de identidade étnica são afirmadas, segundo a etnóloga Berta (1986, p.19): A arte gráfica como linguagem na interpretação dos significados simbólicos tem função de elementos culturais de contextos etnográficos. A autora mostra que os sistemas representacionais expressam a estrutura formal e semântica dos desenhos e os simbolismos sócio-culturais, que estuda os significados explícitos dos signos plásticos das artes indígenas. Propomos nesta pesquisa como problematização: Os adornos corporais da cultura material dos índios do Uaçá, seriam mediadores simbólicos que transformam os objetos naturais ou profanos em objetos sagrados, na medida em que configuram na autoridade moral dos ancestrais e o saber milenar, através do ritual do Turé?. Preservando a identidade

3 étnica e cultural na Pós-modernidade, segundo o sociólogo, Hall (2004, p.47) argumenta: no mundo moderno as culturas nacionais em que nascemos se constituem, em uma das principais fontes de identidade cultural. Na verdade, a argumentação faz referências, as identidades nacionais que não são coisas com as quais nós nascemos, mas são formadas e transformadas no interior da representação. Uma visão preocupada em captar as singularidades, as particularidades e as diversidades do real. O mérito pós-moderno seria a valorização das pluralidades culturais pelo respeito á diferença do outro. A visualidade gráfica no cerimonial ritualístico do Turé, representado através do universo simbólico de seres sobrenaturais que transcende as relações entre humanos e admite diversos seres e forças da natureza com os quais estabelecem relações de cooperação e intercâmbio a fim de adquirir e assegurar determinadas qualidades, de uma tradição milenar de épocas e identidades étnicas diferentes. Segundo Canclini (2003, p.23), em sua obra Culturas Híbridas, Os estudos culturais étnicos nacionais, ao considerar as identidades como pesquisa A ênfase na hibridação na pretensão de estabelecer identidades puras ou autênticas. Esperamos que as idéias formuladas nesta proposta possam proporcionar reflexos, de discussões e pesquisas de um significante dimensionamento no contexto da visualidade gráfica nos aspectos antropológicos, sociológicos, lingüísticos, no contexto científico e etnológico amazônico, especialmente aos povos indígenas do Oiapoque, como legitimadores da difusão da linguagem visual e sua especialidade como reconhecimento de uma identidade étnica e cultural da Arte Indígena Amapaense. A diversidade étnica dos povos indígenas do Uaçá. Na região do Uaçá, no município do Oiapoque, no Estado do Amapá, formou-se por processos de identidades e diferenças interétnicas, os índios do Uaçá ou povos indígenas do Oiapoque. São os Karipunas, Galibi-Marworno, Palikur e Galibi do Oiapoque, que formam redes de intercâmbio sociais e culturais, promotoras das unidades culturais entre as etnias. As histórias de contato sobre um passado mais remoto dos povos do Uaçá, vivida a partir de uma história própria de contatos, disputas e fusões, que os diferencia entre si, especialmente etnias do baixo Oiapoque, pertencentes dos troncos lingüísticos Karib e Aruak, desde o século XVI, conheceram os contatos com europeus, com as suas nacionalidades e intenções, franceses, portugueses, holandeses,

4 membros de expedições missionárias, comerciais, armadas e científicos, Assis (1998, p. 34). A região do Uaçá é um lugar de confluência de povos provenientes do Norte do Brasil e das Guianas, é muito diversificada do ponto de vista ecológico, caracteriza-se por mangues, campos de várzeas, inundadas durante uma parte do ano; ilhas baixas de tamanhos variados cobertas por florestas de terra firme e entrecortadas por rios, igarapés e lagos. Grenand (1983, p. 70). A cidade de Oiapoque é o mais importante centro das transações entre indígenas e a sociedade não-índio, com a venda de farinha, frutas, caça, artesanato e a compra de bens de mercado local, além da presença política marcante por meio da sede de APIO Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque, criada em 1992. As quatro etnias indígenas compartilham da região do Uaçá, preservando sua forte memória das relações de uma construção histórica. Essa memória é explícita no conceito indígena de povo misturado, como demonstração para o caso dos Karipunas, Tassinari (1988, p. 48) e também Vidal (1998, p. 59). Karipuna: Os povos Karipunas ocupam as terras indígenas do Uaçá, as margens do rio Curipi, ao longo da BR 156, distribuídos aproximadamente 1400 (um mil e quatrocentos índios), que habitam em 04 (quatro) aldeias: Manga, Santa Izabel, Açaizal e Espírito Santo. Essas etnias pertencem aos grupos lingüísticos Aruak, Karib e Tupí, desde o século XVI, uniram-se ao longo dos séculos subseqüentes (relatos de viajantes, século XVII), através de grupos indígenas foragidos de perseguições, onde algumas etnias desapareceram, outras se fundiram ou foram incorporadas em grupos maiores, como afirma Tassinari (1988, p, 48), Processos que geraram os atuais povos indígenas do Uaçá. No rio Curipi os Karipunas reconstruiram seu próprio modo de vida, e uma organização social entre famílias, baseados em laços de troca. A reciprocidade é a base da religiosidade do grupo, nas suas relações com os santos católicos e com os seres sobrenaturais ou Karuãna, são autoridades auxiliares do Xamã ou pajé, nas sessões de curas. Vidal (1998, p. 87) evidencia que: Nos cerimoniais e especialmente durante o Turé, esses Karuãna ou espíritos são chamados por meio de contos, pelo xamã ou pajé para vir dançar e cantar no meio do laku ou terreiro, espaço sagrado delimitado por estacas ou bancos esculpidos e no meio do qual ergue-se o mastro do Turé.

5 A festa principal é a do Divino, realizada em maio, na aldeia do Espírito Santo. Os Karipunas atualmente falam o idioma patoá e o português. Palikur: Os povos Palikur, atualmente localizam-se na Guiana Francesa, e ao longo do rio Oiapoque e no lado brasileiro, todas as 09 (nove) aldeias Palikur habitam a margem do rio Urukauá, afluente da margem esquerda do rio Uaçá. A população brasileira é de aproximadamente 780 índios. Os Palikur possuem organização social baseada em clãs patrilineares e exogânicas. Conforme afirma Dreyfus- Camelon (1981, p. 304): Hoje todos os Palikur falam o mesmo idioma filiado ao tronco lingüístico Aruak (língua próxima da língua Maraon) da região das guianas e dos dialetos Aruaque falados no alto Xingu, Na história de contato, os Palikur são mencionados em relatos de viajantes como ocupantes, desde o século XVI, do litoral do Cabo Norte entre a foz do rio amazonas e o Cabo Orange, na foz do rio Oiapoque. Desde a década de 50 os Palikur são Pentecostais e realizam os cultos da Assembléia de Deus, que tem uma igreja localizada em uma das aldeias A vila principal Kumenê, nos anos 60, os Palikur desenvolveram o estudo da língua aruaque, na tradução de textos bíblicos e a elaboração de uma cartilha p/ alfabetização na língua Palikur usada durante algum tempo na escola. Os Palikur também falam o Patoá (crioulo), o português e o francês. Nos anos 80 a direção de Assembléia de Deus foi assumida por Moiséis Yapahá. Paralelamente existem outras aldeias que não praticam nenhuma religião, (resgatando) ou conservando na memória sua rica cosmologia e mitologia. Galibi-Marworno: Os povos Galibi-Marworno, constituiram-se a partir de remanescentes de várias etnias, principalmente Maraone e Aruã (fugitivos de missões). Os primeiros relatos de viajantes na região do Oiapoque, registro desde o século XVII oriundos da Ilha do Marajó. No século XVIII, passaram pela experiência das missões jesuíticas e a exploração de comerciantes, relatos do século XIX. A população concentra-se à margem do rio Uaçá, aldeia de Kumarumâ. A organização social é dividida em grupos familiares, ocupam as ilhas de savanas do alto Uaçá. Entre famílias havia laços de sociabilidade estreitados especialmente em virtude dos rituais do Turé, realizadas anualmente nas festas de Santa Maria e São Benedito.

6 Os Galibi-Marworno falam o patuá e o português. A população atual é de aproximadamente 1.400 (um mil e quatrocentos) índios. São grandes produtores de farinha de mandioca e construtores de embarcações de alta qualidade, feitas sob encomenda. Alimentam-se essencialmente dos produtos de roça e pesca. Na cosmologia Galibi-Marworno os Karuãna, os espíritos auxiliares dos pajés e moradores do outro mundo, são aspectos que caracterizam seu xamanismo. Os Xamã exercem suas atividades sob influência dos espíritos da mata e da água, e de outros Xamã falecidos ou vivos. Galibi de Oiapoque: O povo Galibi é mencionado através de relatos dos habitantes do litoral das guianas desde o século XVIII, nesta época, estiveram em guerra contra os povos do Oiapoque, principalmente os Palikur, e foram caracterizados pelos viajantes como povo guerreiro e canibal. Os Galibi mantém sua língua original, do tronco lingüístico Caribe, falam patoá, língua geral utilizada nos contatos com a população regional da Guiana e com outros povos indígenas da área, falam também o português. A aldeia São José dos Galibi permanece instalada desde 1950, quando o grupo chegou lá, localizada na margem direita do rio Oiapoque, logo abaixo da cidade de St. Georges. Os Galibi do Oiapoque provêm de uma das aldeias Galibi do rio Maná, na Guiana Francesa, de onde emigraram em 1950. A subsistência do povo Galibi é a agricultura (mandioca, cará, batata, macaxeira, banana, abacaxi, milho e tomate). As roças de várias famílias são abertas num mesmo lugar, a derrubada é feita coletivamente. A cosmologia do povo Galibi são as crenças religiosas que se manifestam de forma diversa nos diferentes grupos da bacia do rio Uaçá. Entre os Karipunas e os Galibi Maruane prevalece um catolicismo popular. Hoje o grupo é de 28 (vinte e oito) índios morando permanentemente na aldeia. A dança do Turé, comum a todos os grupos da área do Oiapoque é tradicionalmente realizada na época da abertura da roças. CONCLUSÃO Atualmente, as conquistas da autonomia indígena vem rompendo barreiras e legitimando a diversidade, as identidades étnicas, proporcionando uma relação integrada e direta. A representação simbólica dos índios do Oiapoque manifestada através do ritual

7 do Turé compõe a importância dos elementos formais apresentados através da visualização gráfica dos adornos corporais, faciais e plumários, enfatizando significados míticos e cosmológicos dentro do contexto antropológico, histórico, lingüístico e etnográfico da identidade étnica e cultural dos povos indígenas do Oiapoque. A criação das associações representativas das etnias tem implementado um apoio substancial, seja em forma de convênios, projetos ou associações, como: Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque (APIO); Associação dos Povos Indígenas do Tumucumaque (APITU) e Associação das Aldeias do Waiãpi (APINA), são parcerias que juntas buscam realizar ações que envolvem as questões fundiárias, política, social, econômica e educacional, para uma melhor integração e intercâmbio étnico e cultural. Pretendemos com este estudo contribuir ainda para Ciência e a Antropologia da Amazônia, principalmente no Amapá. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ASSIS, Eneida Correia de. Escola Indígena: uma frente ideológica?. Dissertação de Mestrado. Brasília: Unb, 1981. BARTHES, Roland. Elementos de Semiologia, 15 ed. São Paulo: Cultrix, 2003. BOAS, Franz. Antropologia Cultural. Trad. Celso Castro. R. Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2004. CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas Híbridas: Estratégias para entrar e sair da Modernidade. Trad. Holopiza Pezza Cintrão, Ana Regina Lessa. 2º Ed. São Paulo: USP, 2003. DURANT, Gilbert. As estruturas Antropológicas do imaginário: Introdução a arquitipologia Geral. São Paulo: Martins Fontes, 2001. GEERTZ, Clifford. O Saber Local: Novos Ensaios em antropologia interpelativa. Trad. De Vera Mello Joscelyne. 6ª Ed. Petrópolis, R.J. Vozes, 2003. HALL, Stuart. A identidade cultural na Pós-Modernidade. Trad. Tomas Tadeu da Silva. Guacira Lopes Lauro 9ª Ed. Rio de Janeiro:DPBA, 2004. RIBEIRO, Berta. G. (coord). SUMA ETNOLÓGICA BRASILEIRA. Ed. Atualizada de handbook of South American Indianas. Vol. 03. Arte Índia. Petrópolis. Rj: Finep, 1986. NAVARRO, Eduardo de Almeida. Método Moderno de Tupi Antigo: A língua do Brasil dos primeiros séculos. 2ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.

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