História de Neri Rodrigues Moraes

Transcrição

1 História de Neri Rodrigues Moraes Nascimento: 2 de novembro de 1951 Falecimento: 12 de setembro de 2013 Nasceu no dia 2 de novembro de 1951, em Santa Cruz do Sul. Neri, Rene, Claudete, Jane e Janete formavam o grupo de filhos dos pais Elvira Queiroz e Aodalio Rodrigues de Moraes. Com Elisabete Jacobs, com quem viveu 13 anos, teve dois filhos: a Mara Regina Moraes e Mauricio Regis Moraes. E, com o tempo, se tornou avô de Jenipher Luiza Moraes e Nathalia Moraes Pranke. Teve diversas profissões, mas seu último emprego foi de vigilante. Gremista, teve uma infância boa. Era moleque, aprontava, mas não costumava brigar com os irmãos. Como seu pai viajava bastante, se colocava como o homem da casa, ajudando a mãe a cuidar dos irmãos mais novos. Terminou o colegial e serviu o quartel por um ano. Depois que foi liberado, preferiu não continuar lá. Mara Regina, sua filha, conta que pelo que viu em fotos, seu pai era um homem muito bonito na época do Exército.

2 Trabalhou em duas lancherias e dois bares próprios. Após fechar os estabelecimentos, foi empregado na Antarctica. Saiu de lá e ficou como fiscal por dez anos na empresa Vicasa. Após isso, se tornou vigilante em uma empresa em Cachoeirinha, onde ficou até sua morte. Nas folgas, ele cuidava de uma chácara. Ele sempre dizia que não poderia ficar sem fazer nada. Conheceu Elisabete dançando com ela em um salão de bailes. Casaram e foram morar em Porto Alegre com a filha. Já na capital gaúcha, nasceu o segundo filho Mauricio. Neri e Elisabete se separaram, mas ainda tinham ciúmes um do outro. No velório do pai dele, Neri pegou na mão da exesposa e disse: como você está bonita. Ele ainda é o amor da vida dela. Era um homem muito organizado. As folgas, dias de trabalhos, hora de saída e chegada, sempre estavam anotadas. Gostava dos números. Para a filha, caso ele tivesse feito faculdade, teria escolhido um curso dessa área. Era um homem ativo, gostava de trabalhar e corria durante duas horas. Correto, sempre ensinou os filhos a fazerem a coisa certa. Quando Mara Regina era criança, ela falou um palavrão e Neri questionou: tu sabes o que isso significa?. Ele ficou lhe explicando que não se deve falar aquilo que não se entende o real sentido. Se umas das netas não lhe dessem oi, ele falava: ô alemãzinha! E a educação onde fica?. Quando os filhos eram pequenos, os pegou fumando toquinhos de cigarros que encontravam no chão. Falou que já que eles queriam fumar, iam fumar. Pegou a carteira de cigarros e fez cada um dar duas tragadas. Se não fizerem isso, vão apanhar, ele

3 orientou. As crianças obedeceram e saíram tossindo. Ele salientou como era ruim e eles concordaram. Até hoje, nem Mara Regina, nem Maurício fumam. Adorava dançar. Era um cara faceiro e baileiro, diz a filha. Gostava de um bom churrasco e saladas. Arroz? Só se tivesse feijão ou molho. Pastel ele adorava, já pizza, não. E como bebida, uma cervejinha. Sabia cozinhar. Nas férias de Mara Regina, quando ela ia ficar com o pai, ela prestava atenção nas técnicas de Neri. Ele cozinhava um banquete no domingo, para congelar e ir esquentando durante a semana. O que ele preparava ficava delicioso, segundo a filha. Era fã de Eduardo Costa. Tinha vários dvd s do cantor. Até hoje, quando a filha escuta uma das músicas, o imagina dançando na cozinha do apartamento, enquanto ela observa tudo sentada no local, como se ele ainda estivesse aqui. Gostava também do Amado Batista. Assistia a muitos filmes de ação, mas escutava músicas ainda mais. Diversas vezes, ligava para a filha, simplesmente, para dizer: Escuta aí o que eu estou ouvindo. Mara Regina interagia: Bah, estou dançando aqui. Coloca aí de novo que quero escutar outra vez. Gostava do Brilha Som, San Francisco e outras bandas do gênero. Já sobre momentos importantes de sua vida, a filha recorda a felicidade dele ao descobrir que ia ser avô. Pensa em um homem feliz. Ele dizia que agora seria ovo, pois as crianças iam falar ô, vô... ô, vô, a todo o momento, conta Mara Regina.

4 Neri, a esposa e os filhos. Era um homem generoso. Quando vinha à Santa Cruz, trazia as latinhas amassadas das cervejas que ele bebia ou juntava, para entregar para um casal vender e conseguir alimentar os filhos. Os anéis dessas latinhas, ele separava para uma senhora fazer bolsas e cintos, produtos responsáveis por seu sustento. Um dia, trouxe uma bolsa e um cinto para Mara Regina. A filha lhe perguntou se essa senhora tinha o presenteado e ele disse: Não, eu paguei ela. Além de doar a matéria-prima, ele comprava da senhora. Os jornais, ele guardava para entregar a outro casal que vendia para reciclagem. O rancho que ele ganhava da empresa onde trabalhava, ele doava para uma família carente, logo que saia do mercado. Um mês antes de Neri partir, seu melhor amigo, o Fernando, teve um Acidente Vascular Cereral (AVC) e faleceu. Isso o deixou muito debilitado, triste e depressivo. Afinal, eram como irmãos. Um tinha a chave da casa do outro. Os dois eram vizinhos em Cachoeirinha e se conheciam há dez anos. Tão amigos, que a Mara Regina o chamava de pai dois. E, os filhos de Fernando chamavam Neri da mesma forma. Como a filha precisa viajar muito por causa do emprego, durante o caminho em que ela estava no ônibus, mesmo em viagens de duas horas, os dois ficavam conversando por celular. Só percebiam que o tempo havia passado, quando ela o avisava que já estava quase chegando ao seu destino.

5 Neri, depois de se separar, morou em Gravataí durante oito anos com outra família e, após a segunda separação, passou a viver em Cachoeirinha, onde permaneceu por dez anos até a sua morte. Suas separações foram obstáculos que ele precisou ultrapassar. Sempre rindo, dançando e brincando, ele seguia em frente, mesmo diante das dificuldades. Quando visitava a família, apenas o arroz alguém precisava fazer. O resto era com ele. Preparem a churrasqueira e a cerveja, que eu estou chegando, avisava. Enforcou-se em setembro de Nunca demonstrava sinais que pudesse fazer isso. Segundo a filha Mara Regina ele estava triste pela morte do pai e de seu melhor amigo, mas ninguém imaginou que ele chegaria a cometer suicídio. Ele morava sozinho em Cachoeirinha, mas sempre saia muito e tinha diversos amigos. A filha não consegue entender o que aconteceu, porque o maior sonho da vida de Neri era viver muito e ver as netas crescerem. Escorpiano, tinha uma personalidade, extremamente, forte. Ficava bravo facilmente, mas, quando estava para brincar, divertia a todos. Neri partiu de uma forma inesperada, mas deixou ao seu legado muitos ensinamentos de educação. Afinal, ele sempre dizia: não faça com os outros, o que você não quer que faça contigo.

6 Neri, de verde, com a família. Neri, com a mãe e a filha no batizado da neta.