Pedido de Indemnização Cível
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- Ana Júlia Marques Borba
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1 Processo n. º [ ] [ ] Seção dos Serviços do Ministério Público Exmo. Senhor Juiz de Instrução Criminal do Tribunal Judicial de [ ] [ ], ofendida nos autos à margem referenciados, em que é arguida [ ], tendo sido notificada do douto despacho de acusação, vem, nos termos do disposto no art. 77.º, n.º2 do Código de Processo Penal, deduzir Pedido de Indemnização Cível O que faz nos termos e com os fundamentos seguintes: 1.º Dão-se por integralmente reproduzidos os factos vertidos na douta acusação. De facto, 2.º A ofendida foi alvo do crime de ofensa à integridade física qualificada e de injúria agravada praticados pela arguida. Assim, 3.º A ofendida é professora do [ ], e no âmbito da sua atividade exerce funções letivas e de coordenação na Escola [ ], em [ ], assegurando a lecionação da turma onde o menor [ ], filho da arguida, se encontra integrado. Sucede que 4.º No dia [ ], a ofendida encontrava-se a lecionar na sala de aulas onde o filho da arguida se encontra integrado,
2 5.º E pese embora a aula tenha começado às 9 horas, o filho da arguida apenas compareceu por volta das 10h25m. 6.º Nessa altura, já os seus colegas de turma se encontravam no interior da sala de aula a lanchar, para, momentos depois, irem para o intervalo. 7.º Após entrar na sala de aula pelas 10h25m, o filho da arguida colocou a sua mochila na cadeira que ocupava, e informou a ofendida que iria, naquele momento, para o intervalo. 8.º Porquanto o filho da arguida tem um historial escolar pautado pelos sucessivos atrasos na comparência às aulas bem como por dificuldades de aprendizagem, a ofendida considerou que, visto que o aluno havia chegado atrasado à aula e como tal não tinha resolvido qualquer exercício escolar, lhe seria mais proveitoso que permanecesse, durante o período de intervalo, no interior da sala, efetuando duas operações com o auxílio da ofendida. 9.º A ofendida solicitou ao filho da arguida que permanecesse no interior da sala para esse fim, o que, apesar de ter recusado inicialmente, fez. 10.º Nesse dia, o filho da arguida permaneceu no interior da sala até ao final do período letivo, com respeito pelas interrupções letivas, realizando todas as atividades que lhe foram propostas. 11.º Após o termo do período de aulas, pelas 15h30m, o filho da arguida, juntamente com os demais colegas, prepararam-se para abandonar a sala de aula, dirigindo-se à porta de saída daquela. Ato contínuo, 12.º E enquanto a ofendida permanecia no interior da sala de aulas e os alunos já se dirigiam à porta de saída do edifício onde decorrem as aulas, irrompeu uma funcionária da escola e dirigiu-se à ofendida, dizendo: Estou toda a tremer.
3 Nessa sequência, 13.º A ofendida dirigiu-se à funcionária, questionando-a sobre a razão para aquela declaração, 14.º Ao que esta responde que se tinham gerado tumultos no portão de saída da escola visto que a arguida, que se encontrava do lado de fora do portão, afirmava, junto dos demais pais e encarregados de educação, que a ofendida tinha batido no seu filho. 15.º Perante aquela situação, e como forma de acalmar os ânimos, a ofendida ordenou à funcionária que trouxesse a arguida à sua presença, e, ao mesmo tempo, solicitou aos alunos que se preparavam para abandonar o edifício onde decorrem as aulas que aguardassem mais uns minutos. 16.º No momento em que a arguida chegou à sala de aula, a ofendida questionou os seus alunos sobre se alguma vez a tinham visto bater numa criança, e, em particular, se alguma vez a tinham visto bater no filho da arguida. 17.º A resposta de todos os alunos foi negativa. 18.º Após os alunos responderem, a ofendida dirigiu-se à arguida, na tentativa de lhe transmitir aquilo que os alunos haviam dito, ou seja, de que nunca bateu em qualquer criança. Porém, 19.º A ofendida foi, de imediato, interrompida pela arguida, a qual lhe disse, em plena sala de aulas, e perante os menores dos quais aquela é professora: Você é uma besta. Eu não quero falar consigo. Só lhe quero bater. 20.º Logo após proferir esta afirmação, a arguida levantou as mãos em direção à ofendida, tentando desferir-lhe socos na face,
4 21.º A qual, na tentativa de se proteger, colocou os braços e mãos em frente ao rosto, 22.º Determinando que as ofensas atingissem os braços e mãos da ofendida. 23.º Durante o lapso temporal em que ocorreram as ofensas verbais e as agressões, os alunos da ofendida permaneceram no interior da sala de aula, assistindo a toda a situação, 24.º Os quais, perturbados com a violência da ocorrência, começaram a chorar e a gritar. Entretanto, 25.º E como a arguida continuava a ofender o corpo da ofendida, esta tentou parar as agressões e agarrar-lhe nos braços por forma a imobilizá-la e colocá-la fora da sala de aula. 26.º Face à agitação que se gerou, a professora da sala de aula ao lado apercebeu-se da situação e, com vista a obstar a que as agressões contra a ofendida persistissem, tentou intervir e segurar a arguida. 27.º A confusão gerada pela arguida tornou-se audível pelas demais professoras e funcionárias, as quais conseguiram intervir, fazendo parar as agressões, e conduzindo a arguida para a entrada da escola, onde permaneceu a aguardar a chegada do agente da PSP da Escola Segura. 28.º Logo após as agressões, a ofendida experienciou fortes dores no dedo indicador da mão esquerda, o qual começou a inchar e a ficar negro, Motivo pelo qual 29.º Se dirigiu ao Hospital [ ], em [ ], onde foi assistida e diagnosticada uma fratura no dedo indicador da mão esquerda, com posterior imobilização e indicação de realização de fisioterapia.
5 30.º Este quadro clínico determinou um período de 15 dias para a sua consolidação sem afetação de trabalho geral e com afetação de trabalho profissional de 5 dias. 31.º Com a conduta supra descrita, a arguida praticou agressões físicas e ofensas verbais contra a ofendida, o que fez enquanto esta exercia a suas funções de professora e perante os seus alunos, dentro de uma escola básica frequentada por menores. 32.º Tais agressões e ofensas determinaram que a ofendida fraturasse o dedo indicador da mão esquerda, sofresse dores, e ainda experienciasse humilhação, nervosismo, inquietude e trauma, Pois 33.º As mesmas foram praticadas no local de trabalho da ofendida (escola básica), perante os seus alunos menores, e enquanto aquela se encontrava no exercício das suas funções, 34.º Em pleno desrespeito pela qualidade de professor da ofendida, que era do conhecimento da arguida, e do seu papel fundamental na educação das crianças, 35.º Aumentando a exposição negativa a que a ofendida foi sujeita e, consequentemente, a carga emocional adjacente, 36.º Tendo a ofendida ficado fortemente perturbada, não só pelas agressões perpetradas como pela humilhação a que foi sujeita, 37.º Passando a ofendida, quer em virtude das agressões físicas como das ofensas verbais, a recear pela sua integridade física e pela sua segurança, 38.º Temendo mesmo que, nas suas deslocações diárias e no exercício da sua atividade laboral, a arguida a agredisse e ofendesse de novo,
6 39.º Ficando perturbada no seu sentimento de segurança e na sua liberdade de movimentação. 40.º Face ao supra exposto e, em conformidade com o disposto no art. 483.º do Código Civil, com a prática de um crime de ofensa à integridade física qualificada e de um crime de injúria agravada, a arguida tornou-se responsável pelos danos que daí advierem para a ofendida, 41.º Cujo ressarcimento apenas será possível através do pagamento de uma indemnização em montante nunca inferior a [ ] [importância por extenso]. Nestes termos e nos melhores de Direito, deve o presente pedido de indemnização cível ser julgado procedente por provado e em consequência ser a arguida condenada no pagamento à ofendida de indemnização por danos não patrimoniais em valor nunca inferior a [ ] [importância por extenso], bem como no pagamento das custas processuais a que houver lugar. Prova: - Documental: a dos autos - Testemunhal: - [ ], id. A fls. 21; - [ ] id. A fls. 23; - Pericial: autos de exame médico a fls. [ ] a [ ]. Valor: [ ] [importância por extenso] Junta: Duplicados legais.
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