Processo: 143/12.8TAETZ Instrução N/Referência: ACTA DE AUDIÊNCIA DE DEBATE INSTRUTÓRIO
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1 Processo: 143/12.8TAETZ Instrução N/Referência: ACTA DE AUDIÊNCIA DE DEBATE INSTRUTÓRIO Data: Hora: 09:30 Juíza de Direito: Dra. Ana Mafalda Sequinho dos Santos Procuradora-Adjunta: Dra. Katya Melanie Cruz Nascimento Lopes Fernandes Escrivã Auxiliar: Alzira Valério Araújo Sendo a hora marcada, publicamente e de viva voz, identifiquei os presentes autos de Instrução, em que são: Autor: Ministério Público e Assistente: Município de Estremoz. Arguido: António José Borralho Ramalho e de imediato procedi à chamada de todas as pessoas que nele devem intervir, após o que comuniquei verbalmente à Mmª Juíza de Direito o rol dos presentes e dos faltosos, a saber: PRESENTES: Mandatário do assistente Município de Estremoz: Dr. Miguel Raimundo Mandatária do arguido António José Borralho Ramalho: Dra. Ivone Carapeto FALTOSOS: Assistente: Município de Estremoz Arguido: António José Borralho Ramalho Iniciada a diligência, quando eram 09 horas e 39 minutos, pela Mmª Juíza de Direito, Dra. Ana Mafalda Sequinho dos Santos, foi declarada aberta a presente audiência de debate instrutório, tendo de seguida feito uma exposição sumária sobre as questões de prova relevantes para a decisão instrutória que apresentem, em sua opinião, carácter controverso artº 302º, nº 1, do C.P. Penal. De seguida, a Mmª Juíza de Direito concedeu, sucessivamente, a palavra à Digna Procuradora-Adjunta, ao Ilustre Mandatário da assistente e à Ilustre Mandatária do arguido, para que estes requeiram, querendo, a produção de provas indiciárias suplementares que se proponham apresentar durante o debate, sobre questões concretas controversas, nos termos do disposto no nº 2, do artº 302º, do citado diploma legal, nada tendo sido requerido. A exposição da Mm.ª Juíza consta em CD desde o minuto 00:01 (iniciado às 09:40:13 horas) até ao minuto 00:55 (terminado pelas 09:41:10 horas). Seguidamente, nos termos do disposto no artº 302º, nº 4, do C.P. Penal, a Mmª Juíza de Direito concedeu de novo a palavra à Digna Procuradora-Adjunta, ao Ilustre Mandatário da assistente e à Ilustre Mandatária do arguido, para estes, querendo, 1
2 formularem em síntese as suas conclusões sobre a suficiência ou insuficiência dos indícios recolhidos e sobre questões de direito de que dependa o sentido da decisão instrutória. As declarações proferidas pelo Digna Procuradora-Adjunta, ficaram gravadas através do sistema integrado de gravação digital, disponível na aplicação informática em uso neste Tribunal, desde o minuto 00:01 (iniciado às 09:41:13 horas) até ao minuto 01:08 (terminado às 09:42:21 horas). Seguidamente foi dada a palavra ao Ilustre Mandatário do assistente, tendo as suas declarações ficado gravadas através do sistema integrado de gravação digital, disponível na aplicação informática em uso neste Tribunal, desde o minuto 00:01 (iniciado às 09:42:26 horas) até ao minuto 02:58 (terminado às 09:45:31 horas). Seguidamente foi dada a palavra à Ilustre Mandatária do arguido, tendo as suas declarações ficado gravadas através do sistema integrado de gravação digital, disponível na aplicação informática em uso neste Tribunal, desde o minuto 00:01 (iniciado às 09:45:35 horas) até ao minuto 03:06 (terminado às 09:48:41 horas). Seguidamente, a Mmª Juíza de Direito proferiu a seguinte: D E C I S Ã O I N S T R U T Ó R I A I. RELATÓRIO 1. Intervenientes processuais: A) Arguido: António José Borralho Ramalho, casado, nascido em 12/08/1962, filho de Joaquim Manuel Caeiro Ramalho e de Madalena Maria Toureiro Borralho, professor, residente na Rua Timóteo da Silveira, n.º 10, em Estremoz, requerente da instrução. B) Assistente: 2
3 Município de Estremoz, pessoa colectiva n.º , com sede no Rossio Marquês do Pombal, em Estremoz. 2. Decisão impugnada: 2.1. Acusação particular deduzida pelo assistente contra o arguido imputando-lhe a prática de um crime de ofensa a organismo, serviço ou pessoa colectiva p. e p. pelo art. 187.º, n.º 1 do Cód. Penal. 3. Fundamentos da abertura da instrução: No requerimento de abertura de instrução de fls. 201 a 229, apresentado pelo arguido, pugna o mesmo pela sua não pronúncia quanto ao crime em referência nos autos. Invoca, em síntese, a nulidade da acusação particular por ilegitimidade do assistente para deduzir acusação, atenta a natureza semi-pública do ilícito. Verificase, assim, a nulidade prevista no art. 119.º, al. b), do Cód. Proc. Penal. Mais sustenta que a acusação formulada não respeitou os requisitos da al. b), do n.º 3, do art. 283.º, do Cód. Proc. Penal, aplicável ex vi do art. 284.º, n.º 2 do mesmo diploma, porquanto não contém uma narração dos factos imputados ao arguido que justifiquem a aplicação de uma pena. Ainda que assim não se concluísse, inexistem indícios suficientes da prática pelo arguido dos factos mencionados na acusação, não preenchendo o aí alegado o tipo de ilícito previsto no art. 187.º, do Cód. Penal. Pugna pela respectiva não pronúncia. 4. Diligências efectuadas: Aberta a instrução, teve lugar debate instrutório, o qual decorreu com observância das formalidades legais. 3
4 II. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS O tribunal é competente. Da nulidade da acusação particular: Invoca o arguido a nulidade prevista no art. 119.º, al. b), do Cód. Proc. Penal, porquanto o assistente carece de legitimidade para deduzir acusação particular, atenta a natureza semi-pública do ilícito Do disposto nos arts. 113.º do Cód. Penal, 48.º, 49.º, 283.º a 285.º, do Cód. Proc. Penal, resulta que no caso do procedimento criminal ser de natureza pública ou semi-pública, a legitimidade para deduzir acusação pertence ao Ministério Público. Apenas quando o procedimento criminal depende de acusação particular o M.º P.º deve notificar o assistente para deduzir tal acusação. Nos presentes autos, o assistente deduziu acusação particular contra António José Borralho Ramalho imputando-lhe a prática de um crime p. e p. pelo art. 187.º, n.º 1 do Cód. Penal. Contudo, sendo o assistente o Município de Estremoz resulta do disposto nos arts. 235.º, n.º 2, 236.º, 237.º e 241.º da Constituição da República Portuguesa e dos arts. 1.º a 4.º e 23.º do Regime Jurídico das Autarquias Locais, aprovado pela Lei n.º 75/2013, de 12/9 (que sucedeu, nesta parte sem alterações significativas, à Lei n.º 159/99, de 14/9, vigente à data) estamos perante ofendido que exerce autoridade pública (neste sentido cfr. Ac. R.L. de 29/1/2009, Proc. 1712/2008-5, disponível em Neste caso, o procedimento criminal de queixa ou participação cfr. art. 188.º, n.º 1, al. b) do Cód. Penal. Estando em causa um crime de natureza semi-pública, o assistente carece de legitimidade para deduzir acusação particular, apenas podendo deduzir acusação nos termos previstos no art. 284.º, do Cód. Proc. Penal, isto é, apenas pode aderir à acusação do M.º P.º ou deduzir acusação pelos mesmos factos acusados pelo M.º P.º, por parte deles ou por outros que não importem alteração substancial daqueles. 4
5 Carece, por isso, de legitimidade para deduzir acusação particular. Verificando-se que o M.º P.º não deduziu acusação quanto ao crime em apreço, verifica-se a nulidade insanável prevista no art.119.º, al. b), do Cód. Proc. Penal (neste sentido, cfr. Acs. da R.E. de 26/2/2013, Proc. 143/09.5TBGDL-A-E1 e de 11/11/2003, Proc. 1717/03-1, também disponíveis em Verifica-se, por isso, nulidade insanável que invalida todo o procedimento criminal e que, nesta fase, determina a respectiva não pronúncia. Posto isto, cumpre proferir despacho de não pronúncia por verificação de questão prévia que obsta à apreciação do mérito suficiência ou insuficiência dos indícios. III. DECISÃO Nestes termos, o Tribunal decide não pronunciar o arguido António José Borralho Ramalho, pela prática do crime em referência nos autos. Custas do procedimento criminal a suportar pelo assistente, nos termos do artigo 515.º, n.º 1, alínea a) do Código de Processo Penal e 8.º, n.º 1, do RCP, fixandose a taxa de justiça em três unidades de conta. Notifique. A súmula da decisão instrutória supra ficou gravada através do sistema integrado de gravação digital, disponível na aplicação informática em uso neste Tribunal, desde o minuto 00:01 (iniciado às 09:48:45 horas) até ao minuto 02:13 (findo às 09:50:57 horas). Da decisão instrutória que antecede foram todos os presentes devidamente notificados do que disseram ficar cientes. Pelas 09:51 horas a Mm.ª Juíza deu por encerrada a diligência. Para constar se lavrou a presente acta, que lida e achada conforme, vai ser assinada. 5
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