RESIDUAL DE P E K DE UM LATOSSOLO VERMELHO SOB SUCESSIVAS ADIÇÕES DE DEJETOS LÍQUIDOS DE SUÍNOS
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1 RESIDUAL DE P E K DE UM LATOSSOLO VERMELHO SOB SUCESSIVAS ADIÇÕES DE DEJETOS LÍQUIDOS DE SUÍNOS Menezes, J.F.S. 1 *; Rodrigues, R.C. 2 ; Lima, L.U.S. 2 ; Silva, G.P. 3 ; Simon, G.A. 3 1 Doutora, professora adjunto III da Fesurv- Universidade de Rio Verde, caixa postal Rio Verde-GO june@fesurv.br 2 Graduados em Agronomia pela Fesurv- Universidade de Rio Verde, caixa postal Rio Verde-GO 3 Doutores, professores da Fesurv- Universidade de Rio Verde, caixa postal Rio Verde-GO gilson@fesurv.br, simon@fesurv.br Resumo O uso de dejetos de suínos na agricultura pode ser promissor, entretanto a quantidade de nutrientes aplicada ao solo é desbalanceada, diferente da adubação mineral. Alguns nutrientes são adicionados excessivamente e outros podem ser escassos. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar os teores residuais de P, K e matéria orgânica com aplicação contínua de dejetos líquidos de suínos. O experimento foi desenvolvido na Fesurv-Universidade de Rio Verde-GO em março/2007, em um Latossolo Vermelho distroférrico. O experimento foi conduzido em blocos casualizados, com seis tratamentos: 25 m 3 /ha, 50 m 3 /ha, 75 m 3 /ha e 100 m 3 /ha de dejetos líquidos de suínos, adubação mineral e sem adubação e três repetições. Os dejetos de suínos foram analisados quimicamente antes do plantio da soja. Após a colheita da soja foi amostrado o solo em diferentes profundidades (0-10 cm, cm, cm, cm, cm e cm) para a determinação dos teores residuais de P e K em função dos tratamentos. Os dejetos líquidos de suínos contêm muito K e podem substituir a adubação potássica, porém deve-se ter cautela à quantidade aplicada, para que não haja acúmulo de K no solo. Por outro lado, os dejetos possuem baixo teor de P, sendo necessária a aplicação complementar desse nutriente com uma fonte mineral. Os teores de nutrientes no solo nas parcelas que receberam dejetos líquidos de suínos, independente dos tratamentos, foram superiores, na maioria das vezes, nas camadas mais superficiais do perfil do solo. Palavras-chave: contaminação ambiental, nutrientes, resíduo orgânico. 160
2 RESIDUAL OF P AND K OF A RED LATOSOLO UNDER SUCESSIVE ADDICTIONS OF PIG SLURRY Abstract The use of pig slurry on agriculture might be lucrative; however the amount of nutrients deposited on the soil is not balanced, different from chemical fertilizer. Some nutrients are in excess and the others are deficient. This study aimed to evaluate the residual contents of P and K on the soil sprayed with pig slurry in an Oxisoil Ferralsol at Rio Verde University-GO. The experimental design was in randomized blocks, with three replications and six treatments: 25 m 3 /ha, 50 m 3 /ha, 75 m 3 /ha and 100 m 3 /ha of pig slurry, chemical fertilization and control (without fertilizer). After the harvest, soil samples were taken in different depths (0-10 cm, cm, cm, cm, cm e cm) in order to evaluate the residual contents of P and K on the soil according to the fertilizations. Pig Slurry has a lot of potassium and can replace the chemical fertilizer, although the quantity must be applied carefully, with the purpose of not cause excess of potassium on the soil. On the other hand, the residue presents low amount of phosphorus, consequently it is necessary to complement this nutrient with a mineral source. The contents of nutrients increased on the soil where the slurry was applied, regardless the treatments, mainly in the soil surface. Key words: environmental contamination, nutrients, organic residue. Introdução O Sudoeste Goiano, nos últimos anos, têm se destacado no cenário nacional como forte produtora de grãos. Esse avanço despertou o interesse de agroindústrias, principalmente de suínos e aves, a se estabelecerem na Região. As agroindústrias foram atraídas pela disponibilidade de grãos, oferta de mão-de-obra, proximidade do mercado consumidor, desenvolvimento tecnológico, infra-estrutura e incentivos fiscais. Com o avanço da atividade suinícola na Região, aumentou, consideravelmente, o volume de dejetos desses animais, o que é considerado um problema de ordem técnica, sanitária e econômica, além de ser um desafio para quem o maneja. Com o intuito e a obrigação de preservação ambiental, tornou-se necessário buscar meios para o descarte desses resíduos, de forma racional, sendo uma dessas alternativas a utilização como fertilizante na agricultura. Os dejetos de suínos e aves são uma excelente fonte de nutrientes e quando manejados adequadamente, podem suprir, parcial ou totalmente o fertilizante químico na produção de grãos. Porém, o uso inadequado dos dejetos líquidos de suínos pode comprometer a qualidade do solo e da água. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi avaliar modificações nas características químicas (K e P) no perfil do solo em diferentes profundidades com dosagens contínuas de dejetos líquidos de suínos em sistema plantio direto na sucessão milho e soja. 161
3 Material e Métodos I Simpósio Internacional sobre Gerenciamento de Resíduos de Animais O experimento foi conduzido em um Latossolo Vermelho distroférrico, textura argilosa, na área experimental destinada ao projeto de monitoramento ambiental com o uso de resíduos orgânicos na agricultura, em condição de campo na Fesurv - Universidade de Rio Verde/GO, após a safra 2006/07. O solo foi cultivado nas safras anteriores alternando-se as culturas, a cada ano, soja e milho. Na safra 2000/01 cultivou-se soja, 2001/02 cultivou-se milho, na safra 2002/03 cultivou-se soja, na safra 2003/04 cultivou-se milho, na safra 2004/05 cultivou-se soja, na safra 2005/06 cultivou-se milho e na safra 2006/07, cultivou-se soja. Antes da implantação dos experimentos, em 2000, foram determinadas a textura e características químicas do solo da área experimental (Tabela 1). A área experimental é constituída por três blocos, sendo cada bloco dividido por seis tratamentos: Testemunha, sem adubação, adubação mineral (350 kg/ha de ) e as doses de dejetos líquidos de suínos: 25 m 3 /ha, 50 m 3 /ha, 75 m 3 /ha e 100 m 3 /ha. Os dejetos líquidos de suínos, provenientes de uma granja do Sistema Vertical Terminador (SVT) foram aplicados 30 dias antes do plantio. A adubação mineral foi feita por ocasião do plantio, conforme a necessidade do solo (Souza & Lobato, 2002). Os dejetos líquidos de suínos foram analisados quimicamente (0,17% de N, 0,011 % de P, 0,109% de K, e 1007,5 kg/m 3 de densidade. A cultura da soja, variedade Monsoy RR foi semeada em novembro, aplicando-se a adubação mineral. A soja foi colhida em março, e logo após o solo foi amostrado em diferentes profundidades, com o auxílio de um trado holandês, retirando-se cinco subamostras em cada parcela experimental. Nas amostras de solos foram determinados os teores de P (mehlich), K conforme as metodologias de Silva (1999). Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e quando houve significância, aplicou-se o teste de Tukey a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão As quantidades de K 2 O e, P 2 O 5 aplicadas no solo com as diferentes adubações aumentaram proporcionalmente com o aumento das doses de dejetos líquidos de suínos (Tabela 2). A dose de dejeto líquido de suíno que se aproximou da adubação química, referente à necessidade de K 2 O foi a de 50 m 3 /ha. Os teores de P 2 O 5 provenientes dos dejetos líquidos de suínos não foram suficientes para suprir as exigências do solo e da cultura. Para o suprimento das necessidades requeridas para a soja em P 2 O 5, a dose seria de 70 kg/ha de P 2 O 5. Segundo Menezes et al. (2007), há necessidade de complementação química com fontes de P quando se utiliza exclusivamente dejetos líquidos de suínos nas adubações. Os teores de K no solo, independente das adubações, foram superiores na camada de 0-10 cm (Tabela 3). À medida que aumentou as profundidades, os teores de K diminuíram, chegando a uma diferença de 78,06 % em média, da camada de 0-162
4 10 cm para a segunda camada (10-20 cm). A aplicação de 50 m 3 /ha de dejetos proporcionou teor significativo de K no perfil até a quinta camada (60-90 cm). Observou-se que os dejetos líquidos de suínos possuem altas quantidades de K, e que essas quantidades deixam altos residuais de K no perfil. Esses teores são superiores as doses recomendadas para as culturas da soja e milho, que é de 40 a 70 kg/ha, são excessivos e provavelmente vão se perder no perfil do solo por lixiviação ou por escoamento superficial (Vilela et al., 1986; Ceretta et al.,2003). Os teores de P no solo, independente das adubações, foram superiores na camada de 0-10 cm (Tabela 3). À medida que aumentaram as profundidades de amostragem, os teores de P no solo diminuíram consideravelmente, chegando a uma diferença de 224,42% em média, da camada de 0-10 cm para a camada de cm, demonstrando assim que o P é um elemento pouco móvel no solo e que seu residual nas camadas mais profundas foi insignificante. Ao se comparar os teores de P no solo em função das adubações, verificouse que, os teores médios da adubação química foram estatisticamente superiores do que todos os outros tratamentos. Com a adubação mineral, na camada de 0 a 10 cm, obteve um teor adequado de P no solo, de 12,07 mg/dm 3 (Souza & Lobato, 2002). Verificou-se que os teores de P 2 O 5 provenientes dos dejetos líquidos de suínos não são suficientes, em nenhum dos tratamentos, para o suprimento das necessidades requeridas para a soja em P 2 O 5, que seria de 70 kg/ha, havendo necessidade de complementação química com fontes minerais de P quando se utiliza exclusivamente dejetos líquidos de suínos nas adubações. Conclusões Quando se usa exclusivamente e sucessivamente dejetos líquidos de suínos, há desbalanço nutricional no solo, excesso de K e deficiência de P. Literatura Citada CERETA, C.A.; DURIGON, R.; BASSO, C.J.; BARCELLOS, L.A.R.; VIERA, F,C.B. Características químicas de solo sob aplicação de esterco líquido de suínos em pastagem natural. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília, v.38, n.6, p , jun MENEZES, J.F.S.; ANDRADE, C.L.T.; ALVARENGA, R.C.; KONZEN. E.A.; PIMENTA, F.F. Utilização de resíduos orgânicos na agricultura Disponível em: < Acesso em: 25/05/2008. MENEZES, J.F.S.; KONZEN, E.A.; SILVA, G.P.; SANTOS, S.C.G.; PIMENTA, F.F.; LOPES, J.P.C.; ALVARENGA, R.C.; ANDRADE, C.L.T. Aproveitamento de dejetos de suínos na produção agrícola e monitoramento do impacto ambiental. Rio Verde: Fesurv, p. (Fesurv. Boletim Técnico, 6). SILVA, F.C. da (Organizador) Manual de Análises químicas de solos, plantas e fertilizantes. Embrapa, Brasília, p. 163
5 SOUSA; D.M.G. & LOBATO, E. Correção de acidez do solo. In: SOUSA, D.M.G. de; LOBATO, E. (Ed.). Cerrado: correção do solo e adubação. Brasília: Embrapa Cerrados, p VILELA, L.; SILVA, J.E.; RITCHEY, K.D.; SOUZA, D.G.M. de. Potássio. In: GOEDERT, W.J. (Ed.). Solos dos cerrados: tecnologias e estratégias de manejo. Brasília: Embrapa-CPAC, p Agradecimentos A Embrapa Milho e Sorgo, a Fesurv e a Perdigão Agroindustrial S.A. Tabela 1. Textura e características químicas do solo, na camada de 0-20 cm, antes da aplicação dos tratamentos (2000). ph Ca 2 + Mg 2 + K + Al 2 + H+Al P (Mel) K CaCl cmol c /dm mgdm ,0 1,6 0,60 0,14 0,13 8,80 3,0 55 SB T M V MO Areia silte Argila cmol c /dm % g/kg ,34 11,14 5,26 21,01 23, Tabela 2. Quantidades de K e P aplicadas no solo em função dos tratamentos. Tratamentos K 2 O P 2 O 5 Testemunha - - Adubação mineral m 3 /ha de dejetos líquidos de suínos 32,7 3,78 50 m 3 /ha de dejetos líquidos de suínos 65,4 7,56 75 m 3 /ha de dejetos líquidos de suínos 98,1 11, m 3 /ha de dejetos líquidos de suínos 130,8 15,12 164
6 Tabela 3. Teores de K e P em diferentes profundidades do solo em função dos tratamentos Prof. (cm) Testemunha Adubação mineral 25 m 3 /ha 50 m 3 /ha 75 m 3 /ha 100 m 3 /ha Média mg/dm P ,3 a B 12 a A 6,6 a AB 3,7 a AB 4,6 a AB 4,5 a AB 5,6 a ,3 ab A 3 b A 1,1 b A 1,0 b A 2,1 b A 2,2 b A 1,7 b ,2 bc A 0,9 b A 0,4 b A 0,3 b A 0,3 c A 0,8 bc A 0,5 bc ,1 c A 0,3 b A 0,3 b A 0,2 b A 0,1 c A 0,2 c A 0,2 c ,1 c A 0,1 b A 0,02 b A 0,02 b A 0,03 c A 0,1 c A 0,06 c ,02 c A 2,0 b A 0,10 b A 0,01 b A 0,02 c A 0,2 c A 0,4 c Média 0,6 B 3,0 A 1,4 B 0,9 B 1,2 B 1,3 B K a A 153 a A 337 a A 206 a A 214 a A 307 a A 232 a ab B 97 b B 118 b B 105 ab B 168 b AB 200 b A 130 b b B 84 b B 83 c B 83 ab B 99 cd AB 153 bc A 93 bc b B 65 bc AB 69 d AB 74 ab AB 104 c A 74 cd AB 70 cd b A 33 c A 36 e A 56 ab A 67 de A 65 cd A 48 cd b A 37 c A 34 e A 44 b A 41 e A 54 d A 38 d Média 68 B 78 B 113 AB 95 AB 115 AB 142 A Médias seguidas de mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. 165
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