Questões Étnico-Raciais e suas conexões com as diversas áreas da Psicologia: a trajetória da temática racial no Sistema Conselhos 1.

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1 Questões Étnico-Raciais e suas conexões com as diversas áreas da Psicologia: a trajetória da temática racial no Sistema Conselhos 1. Maria Lúcia da Silva 2 Nós (...) reafirmamos nosso entendimento de que o racismo constitui uma das questões mais fundamentais para a compreensão dos processos de exploração e dominação instalados na sociedade brasileira. Tal condição exige que todos os esforços sejam empreendidos no sentido de elucidar seus mecanismos que, engendrados em uma história marcada por séculos de escravização, resultaram em padrões de relações raciais que ocultam perversamente a violência sistemática imposta historicamente à população negra. 3 Falar sobre as questões étnico-raciais e suas conexões com as diversas áreas de Psicologia não é uma tarefa fácil, tendo em vista sua abrangência e sua complexidade. Assim, este texto será tecido a partir de um único eixo, a trajetória percorrida desde a proposição até a concretização do I Encontro Nacional de Psicólogos(as) Negros(as) e Pesquisadores sobre Relações Interraciais e Subjetividade no Brasil - I PSINEP, ocorrido nos dias 13, 14 e 15 de outubro de 2010, no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo, e que contou com aproximadamente 200 participantes de 14 estados brasileiros 4 Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Maranhão, Piauí, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Pará, e de dois países - Angola e Estados Unidos. Um pouco de história Há tempos, psicólogos integrantes de organizações do movimento social negro e de entidades representantes da categoria refletiam sobre a necessidade da criação de um espaço político que permitisse, por um lado, trazer o debate dos efeitos psicossociais do racismo para o interior da Psicologia de uma forma mais efetiva e, por 1 Conferencia proferida no VII Congresso Norte e Nordeste de Psicologia, realizado, na cidade de Salvador, Bahia, Brasil, de 11 a 14 de maio de Maria Lúcia da Sìlva, psicóloga, psicoterapeuta, atua junto a organizações governamentais e não-governamentais na implantação, coordenação e acompanhamento de projetos ligados à temática de gênero e raça/etnia. Atualmente é Diretora-Presidente do Instituto AMMA Psique e Negritude, que privilegia a abordagem psicossocial no tratamento da exclusão e discriminação racial. É empreendedora social da Ashoka desde Carta de São Paulo - resultado do I Encontro Nacional de Psicólogos(as) Negros(as) e Pesquisadores(as) sobre Relações Interraciais e Subjetividade no Brasil (I PSINEP), em São Paulo, citado na Carta de São Paulo. 4 Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Maranhão, Piauí, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Pará.

2 outro, possibilitar o processo de organização de um segmento da categoria que, pelas suas características étnico-raciais, enfrenta barreiras em seu processo de afirmação social. Além da necessidade de aprofundamento das discussões em torno do tema, considerando-se o papel da Educação para a transformação de valores e comportamentos sociais historicamente arraigados em nossa cultura, outras demandas igualmente importantes foram identificadas: inclusão das relações étnico-raciais como conteúdo obrigatório no processo de formação de psicólogas(os); a ampliação das linhas de pesquisa e dos estudos de pós-graduação sobre a questão étnico-racial e psicologia. Queremos ressaltar, logo de início, que o Conselho Federal de Psicologia e os Conselhos Regionais de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia tiveram participação notável na construção do I PSINEP. Este envolvimento foi importante, pois o racismo que é um forte determinante social das precárias condições de vida da população negra, também é determinante no que diz respeito à saúde psíquica desta população. Trata-se de uma questão que não pode ficar fora da agenda dos órgãos que representam a categoria. O racismo à moda brasileira constitui um dos mais sofisticados e enigmáticos mecanismos que, operando por meio da violência sistemática e silenciada, produz e torna cada vez mais agudas as desigualdades sociais, que no Brasil têm também um viés eminentemente racial. Estes aspectos se encontram fortemente inscritos nas dinâmicas institucionais que regem o funcionamento da sociedade brasileira, marcada em seu imaginário pelo mito da democracia racial, condição responsável pela configuração de formas de subjetivação social que naturalizam práticas correntes pautadas no racismo, na discriminação e no preconceito. (Carta de São Paulo, 2010) Desde a década de 1980, ativistas do movimento negro a exemplo de Maria Aparecida Silva Bento, psicóloga pioneira nessa discussão junto ao Sindicato dos Psicólogos de São Paulo reivindicam da categoria sua responsabilidade diante da exclusão de negros(as) nos processos de seleção de pessoal. A área de recursos humanos sempre foi um espaço para o exercício da discriminação de profissionais negros, onde boa aparência era sinônimo de pessoas brancas, e um termo que escondia, e continua escondendo, a força do preconceito. Ainda na década de 1980, com a retomada do processo de redemocratização no país, os movimentos sociais se reorganizam em torno de suas bandeiras e lutas. O Movimento Negro que havia constatado a necessidade de produção de conhecimentos a partir de seu próprio olhar, para além das pesquisas acadêmicas que até então o colocava como mero objeto de estudo, dá início à construção de indicadores sociais, particularmente na área do trabalho e educação, colocando em evidência as diferenças entre brancos(as) e negros(as) no acesso ao mercado de trabalho e à educação formal. Na Constituição de 1988 o racismo aparece como crime inafiançável; órgãos específicos no Estado são criados para a implementação de políticas publicas voltadas 2

3 para a população negra; uma Campanha Nacional - Não deixe sua cor passar em branco foi desencadeada com vistas ao censo de 1990 que voltava a coletar o quesito raça/cor. A despeito de toda mobilização, a sociedade brasileira permaneceu como sempre, resistente em olhar de frente a sua história escravagista. A psicologia brasileira, em seus processos históricos de institucionalização, não fugiu a essa regra. Originalmente pautada na epistemologia das concepções eugenistas e racistas, em seu desenvolvimento posterior suas práticas mantêm a cumplicidade com o mito da democracia racial, caracterizando-se por uma importante omissão frente à temática das relações interraciais. (Carta de São Paulo, 2010) Na década de 1990, psicólogos ativistas do Movimento Negro, comprometidos(as) com a luta pelo direito à cidadania plena, começam a se inserir no Sistema Conselhos de Psicologia com o propósito de garantir na agenda política desta instituição a questão étnico-racial. Assim, em vários Regionais são formadas Comissões ou Grupos de Trabalho para o tratamento do tema racial. Em 1995, quatro psicólogas negras Ana Maria Silva, Maria Lúcia da Silva, Marilza de Souza Martins e Silvia de Souza criam o Grupo AMMA Psique e Negritude com o objetivo de promover no interior do Movimento Negro uma profunda reflexão sobre a vivência do racismo: as marcas deixadas, os efeitos psicológicos no processo de desenvolvimento dos indivíduos, o impacto nas relações raciais e na luta pela verdadeira emancipação da população negra. Em 2000, o grupo é ampliado e transformado em ONG Instituto AMMA Psique e Negritude com a missão de "contribuir para a desconstrução do racismo introjetado e a promoção de diálogos interétnico-raciais". Nós, psicólogas(os) negras(os), trazemos em nossa experiência cotidiana, de mulheres e homens negras(os) que somos, um tipo singular de conhecimento de causa acerca dos impactos do racismo na psique humana. Muitos de nós sabemos dos percursos tortuosos através dos quais resgatamos as nossas identidades, reconstruímos as nossas autoestimas, organizamos recursos simbólicos para compreender que aqueles sofrimentos e vicissitudes, tantas vezes atribuídos a uma condição idiossincrática, revelaram, na verdade, as faces encobertas e silenciadas da nossa pertença étnica. (Carta de São Paulo, 2010) A dimensão psicológica inerente aos fenômenos sociais nem sempre é aceita por intelectuais, visto que muitos ativistas compreenderam a relação entre psicologia e racismo mesmo que sem acessar além do plano racional. Entretanto, essa é uma década de conquistas importantes, em 2001, na Conferência Intergovernamental Regional das Américas, no Chile, e na III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, em Durban na África do Sul, foi notável a atuação do Movimento Social Negro junto a governos e organismos internacionais reivindicando compromissos mais efetivos com a equidade étnico racial. 3

4 Com a Conferência de Durban o tema do racismo entrou na pauta de muitas instituições brasileiras, possibilitando avanços na área da saúde, tais como: a produção e divulgação, em curto espaço de tempo, de um diagnóstico comparativo da situação de saúde dos diferentes grupos raciais; a intervenção do Movimento Social Negro nas Conferências Nacionais de Saúde, particularmente na 11ª, 12ª e 13ª, o que fortaleceu e ampliou sua participação social nas instâncias do SUS; aprovação de propostas para o estabelecimento de padrões de equidade étnico-racial e de gênero na política de saúde do país, favorecendo a avaliação e monitoramento das políticas de saúde para as comunidades quilombolas, população indígena e populações em condições de vulnerabilidade e iniqüidade; a definição de diretrizes para o sistema de saúde na incorporação de ações de combate ao racismo na saúde. A Secretaria Especial de Promoção de Políticas de Igualdade Racial - SEPPIR também criada neste decênio promoveu o I Seminário Nacional de Saúde da População Negra, cujos resultados, mais tarde, deram origem à Política Nacional de Saúde Integral da População Negra 5, que tem por objetivo combater a discriminação étnicoracial nos serviços e atendimentos oferecidos no Sistema Único de Saúde, e promover a eqüidade em saúde da população negra. É importante salientar que as Conferências Nacionais de Saúde tiveram mais impacto no campo das relações étnico-raciais e psicologia, do que, propriamente, as Conferências de Saúde Mental nas quais sempre houve resistência para aprofundar o tema e, mesmo, para a implementação das ações aprovadas na III Conferência. Devem ser incluídos os recortes de gênero, raça e etnia na elaboração, implantação e execução de diretrizes e ações nas campanhas promovidas pelos governos federal, estaduais e municipais e o desenvolvimento de estudos e pesquisas que investiguem o impacto do racismo na saúde mental da população negra e da população indígena. 6 Apesar das dificuldades, ativistas das causas sociais nunca interromperam a construção do caminho à plena cidadania. Em 2002, no IV Encontro Nacional das Comissões de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia, foi lançada a campanha nacional O Preconceito Racial Humilha, a Humilhação Social Faz Sofrer. Através da Resolução 018 o Conselho Federal de Psicologia estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação ao preconceito e à discriminação racial, e em 2004 lança o livro Psicologia e Direitos Humanos: Subjetividade e Exclusão. Segundo Maria Luisa Mendonça, uma contribuição fundamental para o entendimento da realidade das minorias sociais no Brasil, no sentido da elaboração de políticas públicas compatíveis com a atual conjuntura. Esta publicação reuniu artigos de especialistas em relações raciais, humilhação social e exclusão, concebidos para os III e IV Seminários Nacionais de Psicologia e Direitos Humanos. 5 Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. 6 Relatório Final, III Conferencia Nacional de Saúde Mental: cuidar sim, excluir não, ocorrida de 11 a 15 de dezembro de 2001.Pagina 124/5. 4

5 (...) Fruto do processo de organização e mobilização do movimento negro, que luta contra o racismo e pela promoção da igualdade racial, os esforços empreendidos ao longo de décadas vêm, afinal, obtendo alguns resultados, logrando uma inserção das temáticas relativas a essa questão na agenda da sociedade e do Estado. A presença de algumas ações afirmativas, tais como as cotas nas universidades, a aprovação, ainda que com muitos limites, do Estatuto da Igualdade Racial, a implantação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, vão impondo o reconhecimento da existência do racismo e da necessidade de combatê-lo. (Carta de São Paulo, 2010) O I PSINEP - I Encontro Nacional de Psicólogos(as) Negros(as) e Pesquisadores sobre Relações Inter-raciais e Subjetividade no Brasil é mais uma iniciativa visando a melhoria das relações raciais no Brasil, um marco para a saúde coletiva e a consolidação de uma rede de profissionais qualificados comprometidos com a produção de estudos e pesquisas em prol da transformação da realidade social e promoção da igualdade étnico-racial. (...) estudo dos aspectos subjetivos envolvidos nos processos identitários, auto-valorativos e no sofrimento psíquico decorrentes das práticas racistas vigentes na sociedade brasileira. Com raras e honrosas exceções, a produção científica e profissional da psicologia brasileira não se interessou pela temática das relações raciais e não reconheceu essa dimensão trágica do racismo, tão relevante e presente como fonte de agravos à saúde mental de quase metade da população do país, constituída pelos afrodescendentes. (Carta de São Paulo, 2010) Questões Étnico-Raciais e suas conexões com as diversas áreas da Psicologia O Encontro teve um caráter científico e também político com a definição de propostas e compromissos entre academia, organismos de representação da categoria, Estado e sociedade civil, visando assegurar direitos e eliminar o sofrimento psíquico provocado pela condição étnica dos grupos e indivíduos. As atividades do I PSINEP foram organizadas em torno de três eixos: Eixo 1 - Relações históricas da psicologia com o racismo: a produção de conhecimento, a prática e a formação 7. Eixo 2 - Racismo e sofrimento psíquico: desafios para a psicologia e os(as) psicólogos(as) 8. 7 Desenvolvido pelo Prof. Dr. Alessandro de Oliveira dos Santos e pelo Prof. Dr. Luiz Galeão, ambos do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de São Paulo. 5

6 Eixo 3 - A configuração do mundo profissional e social para o(a) psicólogo(a) negro(a) no Brasil 9. A maior riqueza da Psicologia está na possibilidade de sua transversalidade, quando exercida levando-se em conta a História, Sociologia, Antropologia e outras ciências é possível uma compreensão integral do sujeito psíquico, As duas conferências do primeiro dia do Encontro expressaram esta amplitude. A conferência de abertura, A questão racial e as políticas públicas no Brasil, realizada pelo economista Mario Theodoro 10, colocou em evidência as condições de vida da população negra, a qual se encontra numa situação pior do que a média nacional, em qualquer variável, seja educação, saúde, saneamento, qualidade de vida, emprego, alfabetização e analfabetismo. Na área da educação, por exemplo, desde 1920, o sistema educacional brasileiro mantém uma diferença de dois anos de estudos entre negros e brancos. Em 1990, a proporção de negros nas universidades brasileiras era menor do que a proporção de negros nas universidades sul-africanas durante o regime do Apartheid (Theodoro, 2008). O Brasil é a segunda maior nação do mundo em termos de população negra, é preciso compreender qual é o impacto dessa realidade no processo de construção da subjetividade dos brasileiros. Sabemos que a cultura é um elemento fundamental na constituição do sujeito, assim, não se pode falar de subjetividade sem falar de história, pois o seu desenvolvimento ocorre a partir de relações estabelecidas dentro de diferentes contextos e dimensões. Não é mais possível permanecermos iludidos pelo mito da democracia racial. É fato que a nação brasileira foi constituída sob o regime do escravismo, e as conseqüências disso ainda estão presentes em nossa sociedade, causando sofrimento psíquico a grande parte da população. Nós psicólogos(as) não podemos tratar este fenômeno como um problema de responsabilidade única dos(as) negros(as). Não achamos que a superação do racismo seja uma luta de interesse exclusivo do povo negro, sobretudo porque ela envolve a tomada de consciência dos brancos sobre a sua condição de perpetradores, conscientes ou inconscientes, das violências sofridas por todas(os). O racismo representa um desperdício de importantes energias sociais de negras(os) e brancas(os), imobilizadas, cristalizadas, através de práticas sociais que precisam ganhar visibilidade. O enfrentamento que 8 Desenvolvido pela Profª. Ms. Adriana Soares Sampaio do Instituto de Psicossomática Psicanalítica Oriaperê/RJ e pelo Prof. Dr. José Moura Gonçalves Filho do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de São Paulo. 9 Desenvolvido pelo Prof. Dr. Marcus Vinicius de Oliveira do Instituto Silvia Lane de Psicologia e Compromisso Social/SP e pela Profª. Drª. Maria Aparecida Silva Bento, Diretora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades CEERT/SP. 10 Mário Lisbôa Theodoro, Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade de Brasília, Mestre em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco, Doutor em Economia pela Universidade de Paris Sorbonne. Diretor de Estudos e Cooperação de Políticas internacionais do IPEA- Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Atualmente coordenador executivo da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial SEPPIR, da Presidência da Republica. 6

7 leve à sua superação deve, portanto, interessar e envolver todas(os). (Carta de São Paulo, 2010). 7

8 O conferencista internacional, Dr. Nobles 11, falou sobre Embranquecimento, Pertencimento Étnico-Racial e Identidade Fragmentada: contornos e contextos da Psicologia Afrobrasileira, na oportunidade ele reafirmou a necessidade do profissional de psicologia estar afinado com a realidade de seu país, com sua história e, fundamentalmente com sua ancestralidade. A libertação das mentes dos povos africanos, em todo o mundo, depende diretamente de nossa habilidade em ajudar na reconceituação e reconstrução da realidade africana, livre do pensamento eurocêntrico, das conceituações ocidentais hegemônicas e das supremacias brancas. Esse é nosso desafio, a nossa tarefa. Isso requer bastante trabalho. Tudo que aprendemos tem que ser iluminado pelo pensamento africano. Mas onde está o pensamento africano? Não está em nenhum dos lugares que nos ensinaram a ir para aprender. 12 Estamos diante de um grande desafio, o de assumir o papel de protagonistas para uma reconstrução histórica. (...) algumas políticas públicas começam a traduzir o reconhecimento das reivindicações históricas dos segmentos excluídos da população brasileira, majoritariamente negra, e a necessidade do seu atendimento, solicitando, para tal, o envolvimento da psicologia, como ciência e profissão, e marcando uma nova etapa da sua existência, caracterizada pelo compromisso social. No interior desse movimento de revisão da sua condição elitista, organizações formadas por psicólogas(os) militantes da causa negra buscam ampliar o espaço do debate crítico, apontando, inicialmente pela via das relações com os Direitos Humanos, uma urgência de que a questão racial receba a merecida importância na produção científica e na agenda política da psicologia brasileira. (Carta de São Paulo, 2010) Questões étnico-raciais e as implicações para a pesquisa e a prática profissional. Os debates a partir dos eixos que nortearam o Encontro indicaram as áreas nas quais pesquisas devem ser realizadas ou aprofundadas de forma a qualificar a atuação de ativistas e profissionais do campo da Psicologia. A seguir, algumas demandas surgidas: Introdução do tema das Relações Raciais e Psicologia no processo de formação dos psicólogos. 11 Prof. Dr. Wade Nobles - Professor do Departament of Black Studies, School of Ethnic Studies at San Francisco State University. Fundador e diretor do Center for Applied Cultural Studies and Educational Achievement (CACSEA) 12 Idem. 8

9 Elaboração de uma publicação sistematizando a trajetória histórica da psicologia e relações raciais desde 1900, visando contribuir para a formação de um olhar critico da categoria, abrindo um espaço de reflexão sobre a influencia das teorias nas ações práticas, e para a formulação de políticas públicas. Mapeamento das experiências do Sistema Conselhos de Psicologia no campo das relações raciais, para o resgate histórico da inclusão da temática das relações raciais. Investigação dos efeitos da dor provocada pelo racismo na dimensão psicológica e psicossomática. Revisão dos critérios de acesso, permanência e de desenvolvimento de carreira dos psicólogos negros. Realizar um ciclo de formação e debates visando responder: O racismo é promotor de traumas? Como se reatualiza o trauma nas vivências de discriminação? O que provoca a constante reedição da dor ao ter o corpo e a essência, constantemente discriminados, negados e associados ao negativo? Como as vivências de racismo desencadeiam o aparecimento de doenças psicossomáticas? Psicologicamente, o que leva um grupo a desejar subordinar o outro? Quais as motivações do desejo de dominação? Como compreender a subordinação, na atualidade? O enfrentamento das iniqüidades raciais requer uma leitura psicossocial dos determinantes das desigualdades e, certamente, a sensibilização e o preparo da categoria de psicólogos brasileiros poderão resultar significativos avanços na implantação de políticas públicas de promoção da igualdade racial. Existe um solo fértil para a construção de ações conjuntas, e para que possamos ampliar as parcerias e o diálogo foi constituída a ANPSINEP Articulação Nacional de Psicologas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) das Relações Raciais e Subjetividade, cuja tarefa é articular a produção de conhecimento e a ação política, no campo da psicologia, sobre o impacto do racismo na construção das subjetividades e nas relações raciais. Temos consciência dos desafios teóricos, epistemológicos, metodológicos e técnicos que esta nossa tomada de posição encerra. Não se espere que nos mantenhamos no terreno das queixas, reclamações ou dos proselitismos ideológicos. Nossa reunião e organização mantiveram-se e continuarão abertas a todas(os) as(os) pesquisadoras(es) comprometidas(os) ético-politicamente com estes desafios, independentemente das suas origens étnicas. Dessa forma, as propostas 13 aqui elencadas, 13 As propostas estão no site: 9

10 resultado dos intensos e apaixonados diálogos travados nesses dias de encontro, apontam decisivamente para um compromisso de todas(os) as(os) presentes com a construção de uma psicologia efetivamente comprometida com a superação do racismo brasileiro, apontando as especificidades da contribuição da psicologia em relação a este tema. (Carta de São Paulo, 20120) São Paulo, maio de IV CONPSI 10

11 FONTES DE REFERÊNCIA Relatório do I Encontro Nacional de Psicólogos(as) Negros(as) e Pesquisadores sobre Relações Interraciais e Subjetividade no Brasil - (I PSINEP), outubro de Transcrições do I Encontro Nacional de Psicólogos(as) Negros(as) e Pesquisadores sobre Relações Interraciais e Subjetividade no Brasil - (I PSINEP), mimeo, outubro de Noticias do PSINEP: Aqui estamos. Coordenação Geral : Comissão Organizadora do I PSINEP. Edição: Fernanda Pompeu. São Paulo, 2011 março Politica Nacional de Saúde Integral da População Negra. Relatório Final, III Conferencia Nacional de Saúde Mental: cuidar sim, excluir não, ocorrida de 11 a 15 de dezembro de Pagina 124/5. Documento apresentado ao Sr. Presidente da República do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, em 20 de novembro de 1995, fruto da Marcha Zumbi dos Palmares contra o racismo, pela cidadania e pela vida. As políticas públicas e a desigualdade racial no Brasil : 120 anos após a abolição / Mário Theodoro (org.), Luciana Jaccoud, Rafael Osório, Sergei Soares. Brasília : IPEA, p. 11

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