MEDIDAS DE GESTÃO AGRÍCOLA E FLORESTAL PARA AS ÁREAS CLASSIFICADAS DA REDE NATURA 2000 INCLUÍDAS NA 2ª FASE DE ITI/PDR

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "MEDIDAS DE GESTÃO AGRÍCOLA E FLORESTAL PARA AS ÁREAS CLASSIFICADAS DA REDE NATURA 2000 INCLUÍDAS NA 2ª FASE DE ITI/PDR"

Transcrição

1 MEDIDAS DE GESTÃO AGRÍCOLA E FLORESTAL PARA AS ÁREAS CLASSIFICADAS DA REDE NATURA 2000 INCLUÍDAS NA 2ª FASE DE ITI/PDR RELATÓRIO FINAL Trabalho executado ao abrigo de protocolo entre o Instituto Superior de Agronomia (ISA) e o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) Dezembro de 2008

2 Equipa José Lima Santos Coordenador (ISA/UTL) Carlos Rio Carvalho (ERENA) Pedro Beja (ERENA) Luis Gordinho (ERENA) Luis Reino (ERENA) Ana Júlia Pereira (ERENA) Miguel Porto (ERENA) Paulo Flores Ribeiro (EngiRecursos) 2

3 ÍNDICE 1 INTRODUÇÃO METODOLOGIA GERAL Pesquisa bibliográfica Análise das tendências agrícolas e florestais e seu impacto nos valores naturais Concepção das medidas de gestão agrícola e florestal Principais adaptações metodológicas para as diversas ITI CONCEITO DE ITI SUBJACENTE ÀS PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO APRESENTADAS NESTE RELATÓRIO AS ITI DA 2ª FASE ITI MOURA-MOURÃO-BARRANCOS Áreas classificadas incluídas Concepção e fundamentação da ITI Análise das dinâmicas agrícolas e florestais recentes Objectivos de conservação e medidas propostas Ficha da ITI Moura-Mourão-Barrancos ITI MONTADOS DO ALENTEJO Áreas classificadas incluídas Concepção e fundamentação da ITI Caracterização agrícola e florestal Compilação da informação disponível no Plano Sectorial relativamente aos valores naturais, principais factores de ameaça e orientações de gestão relacionadas com a actividade agrícola e florestal Objectivos da ITI e lógica da intervenção Ficha da ITI Montados do Alentejo Avaliação do grau de cobertura das orientações de gestão do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 pelas medidas propostas ITI NORDESTE ALENTEJANO Áreas classificadas incluídas Concepção e fundamentação da ITI Caracterização agrícola e florestal Compilação da informação disponível no Plano Sectorial relativamente aos valores naturais, principais factores de ameaça e orientações de gestão relacionadas com a actividade agrícola e florestal Objectivos da ITI e lógica da intervenção Ficha da ITI Nordeste Alentejano Avaliação do grau de cobertura das orientações de gestão do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 pelas medidas propostas ITI GUADIANA Áreas classificadas incluídas Concepção e fundamentação da ITI Caracterização agrícola e florestal

4 8.2.2 Compilação da informação disponível no Plano Sectorial relativamente aos valores naturais, principais factores de ameaça e orientações de gestão relacionadas com a actividade agrícola e florestal Objectivos da ITI e lógica da intervenção Ficha da ITI Guadiana Avaliação do grau de cobertura das orientações de gestão do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 pelas medidas propostas ITI ZONAS ESTEPÁRIAS Áreas classificadas incluídas Concepção e fundamentação da ITI Caracterização agrícola e florestal Concepção das medidas agro-ambientais Ficha da ITI Zonas Estepárias ITI MONCHIQUE Áreas classificadas incluídas Concepção e fundamentação da ITI Caracterização agrícola e florestal Compilação da informação disponível no Plano Sectorial relativamente aos valores naturais, principais factores de ameaça e orientações de gestão relacionadas com a actividade agrícola e florestal Objectivos da ITI e lógica da intervenção Ficha da ITI Monchique Avaliação do grau de cobertura das orientações de gestão do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 pelas medidas propostas ITI CALDEIRÃO Áreas classificadas incluídas Concepção e fundamentação da ITI Caracterização agrícola e florestal Compilação da informação disponível no Plano Sectorial relativamente aos valores naturais, principais factores de ameaça e orientações de gestão relacionadas com a actividade agrícola e florestal Objectivos da ITI e lógica da intervenção Ficha da ITI Caldeirão Avaliação do grau de cobertura das orientações de gestão do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 pelas medidas propostas ITI RIOS SABOR E MAÇÃS E VALE DO CÔA Áreas classificadas incluídas Concepção e fundamentação da ITI Valores naturais e orientações de gestão do PSRN para as áreas classificadas da Rede natura 2000 dos Rios Sabor e Maçãs, Vale do Côa e Douro Internacional Avaliação das áreas elegíveis às medidas relevantes de gestão agrícola e florestal e sua relação como os limites das áreas classificadas Proposta de ITI REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

5 1 INTRODUÇÃO O presente documento constitui o de um estudo intitulado Medidas de Gestão Agrícola e Florestal para as áreas classificadas da Rede Natura 2000 incluídas na 2ª Fase. Este estudo foi desenvolvido por uma equipa coordenada pelo Instituto Superior de Agronomia (ISA), com a participação de membros da ERENA e da ENGIRECURSOS, ao abrigo de um Protocolo celebrado entre o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) e o ISA. O Estudo decorreu entre 2007 e 2008 e teve por objectivo a concepção das medidas agrícolas e florestais necessárias à gestão das áreas classificadas da Rede Natura 2000 (Portugal Continental) incluídas na segunda fase de Intervenções Territoriais Integradas (ITI), conforme previsto na programação da política de desenvolvimento rural para o período , as quais correspondem às áreas classificadas representadas na Figura 1.1. Figura Áreas classificadas da 2ª Fase de Intervenções Territoriais Integradas O relatório final aqui apresentado encontra-se organizado em 13 capítulos. Os capítulos 1 a 4 são capítulos genéricos, contendo: a introdução (Capítulo 1); a exposição das 5

6 principais linhas metodológicas adoptadas (Capítulo 2); uma explicação sobre o conceito subjacente às propostas de ITI apresentadas neste relatório e sobre os mecanismos de articulação das ITI com os valores naturais, as dinâmicas sócio-económicas e as prioridades políticas relevantes para o território alvo da intervenção (Capítulo 3); e, finalmente, uma apresentação da composição das ITI em termos das áreas classificadas da Rede Natura 2000 nelas integradas (Capítulo 4). Os capítulos 5 a 12 referem-se a cada uma das 8 ITI propostas para esta 2ª Fase. Cada um destes capítulos obedece a uma estrutura comum (com algumas excepções), compreendendo um primeiro subcapítulo com a apresentação da área de incidência geográfica da ITI, um segundo subcapítulo com a caracterização agrícola e florestal da zona em estudo e análise das respectivas dinâmicas e alterações recentes, um terceiro subcapítulo com uma explicação da abordagem específica seguida na concepção e desenho das medidas incluídas na proposta de ITI e respectiva fundamentação, um quarto subcapítulo que apresenta a ficha de ITI, no modelo PRODER, e um quinto subcapítulo em que se avalia o grau de cobertura das orientações de gestão do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 pelas medidas propostas. O Relatório contém ainda um capítulo final (Capítulo 13) onde se apresentam as principais referências bibliográficas utilizadas na elaboração do Estudo. 6

7 2 METODOLOGIA GERAL A metodologia geral utilizada na elaboração do presente Estudo decorreu dos termos fixados no Anexo Metodológico ao Protocolo celebrado entre o ICNB e o ISA, onde se previa que o Estudo incluisse as seguintes actividades: a) Análise das principais tendências agrícolas e florestais, em cada um dos oito grupos de áreas classificadas inicialmente considerados, bem como dos respectivos impactes sobre os valores naturais da área; b) Identificação dos principais objectivos de gestão, para cada grupo de áreas, com base na identificação das tendências agrícolas e florestais, bem como dos respectivos impactes; c) Identificação das medidas de desenvolvimento rural a implementar, em cada grupo de áreas classificadas, para dar sequência aos objectivos de gestão identificados; d) Construção da informação económica sobre os sistemas agrícolas e florestais de cada grupo de áreas classificadas, com vista à estimativa dos custos das medidas de desenvolvimento rural a que se refere a alínea anterior; e) Elaboração, para cada uma das medidas referidas na alínea c), de uma ficha de medida com uma estrutura idêntica à utilizada no Programa de Desenvolvimento Rural Continente; f) Contactos, no terreno, com associações de agricultores, organismos regionais da Administração e outros interlocutores locais relevantes, em cada grupo de áreas classificadas, com vista à recolha de informação adicional e à consulta informal dos mesmos sobre a viabilidade das medidas a propor. A aplicação desta metodologia levou a definir uma abordagem assente em três fases principais: uma primeira fase de recolha e registo de informação bibliográfica e cartográfica sobre o estado e evolução dos valores naturais, incluindo a compilação da informação contida no Plano Sectorial da Rede Natura 2000; uma segunda fase de análise conjunta das tendências da utilização do espaço agrícola e florestal e do seu impacto nos valores naturais; uma terceira fase de concepção de medidas adequadas quer às necessidades de conservação quer às dinâmicas agrícolas e florestais, seguida de testagem das medidas propostas por confronto das mesmas com uma série de destinatários seleccionados. Os resultados dos trabalhos desenvolvidos nestas três etapas permitiram, por fim, elaborar uma Ficha de ITI para cada uma das ITI incluídas nesta 2ª Fase. Descrevem-se a seguir os principais traços que marcaram cada uma destas fases e a concepção das referidas Fichas de ITI. No final, resumem-se as principais adaptações metodológicas que foram introduzidas na abordagem às diferentes ITI. 7

8 2.1 Pesquisa bibliográfica Nesta fase procedeu-se à realização de uma pesquisa bibliográfica abrangente de estudos técnico-científicos relativos às áreas classificadas a incluir nas novas ITI, orientada para estudos de caracterização de fauna, flora e habitats naturais e para a cartografia relacionada, visando conhecer a produção técnica e científica relevante para cada uma das áreas. As principais fontes de informação consultadas incluíram: Artigos científicos e técnicos em revistas nacionais e internacionais; Relatório de estudos de apoio à gestão e planeamento; Relatórios dos estudos subjacentes à selecção de áreas classificadas como Zonas de Protecção Especial da Directiva Aves; Relatórios dos estudos subjacentes à selecção de áreas propostas como Sítios de Interesse Comunitário da Directiva Habitats; Relatório Nacional de Implementação da Directiva Habitats; Trabalhos realizados no âmbito da elaboração do Plano Sectorial da Rede Natura 2000; Relatórios de estudos subjacentes à identificação de Zonas Importantes para as Aves em Portugal, de acordo com os critérios da organização BirdLife, efectuada pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves; Relatórios de projectos de investigação realizados. Pretendeu-se que este trabalho de pesquisa bibliográfica garantisse a utilização da informação técnica e científica mais actualizada e detalhada disponível à data da realização do trabalho. Nesta fase procedeu-se também à compilação da informação disponível no Plano Sectorial relativamente aos valores naturais, principais factores de ameaça e orientações de gestão relacionadas com a actividade agrícola e florestal, e susceptíveis de tratamento adequado em sede de PRODER. Fez-se uma revisão detalhada do documento, extraindo, por área classificada e para cada um dos valores naturais, os factores de ameaça e as orientações de gestão relacionadas com a actividade agrícola e florestal. Foram produzidas tabelas que resumiram a informação existente no Plano Sectorial da Rede Natura 2000 para cada uma das áreas classificadas. Estas tabelas foram analisados procurando precisar e completar a informação existente, confrontando-as com a restante informação coligida na pesquisa bibliográfica. Por fim, 8

9 obtiveram-se tabelas actualizadas de cruzamento valores naturais x orientações de gestão e valores naturais x ameaças acima referidas, para cada uma das áreas classificadas em estudo. Os resultados obtidos permitiram definir o universo dos objectivos de conservação a atingir através das medidas a incluir em cada ITI. Estes objectivos foram definidos considerando quer os impactos potenciais da evolução agrícola e florestal nos valores naturais quer as orientações de gestão relevantes que constam do Plano Sectorial. 2.2 Análise das tendências agrícolas e florestais e seu impacto nos valores naturais Nesta fase procurou-se identificar e descrever as principais tendências de médio prazo de evolução agrícola e florestal nos territórios em análise, com base numa caracterização da actividade agrícola e florestal direccionada para a descrição dos principais usos do solo, grandes classes de uso (agrícola, florestal e outros usos), explorações agrícolas/florestais, produtores e sistemas de produção. Esta caracterização apoiou-se sobretudo na informação estatística disponível (INE) e noutros estudos já elaborados, com destaque para o estudo Portugal Rural Territórios e Dinâmicas desenvolvido pelo Gabinete de Planeamento e Política Agro-Alimentar (2002). A informação estatística de base consistiu, sobretudo, nos dados dos recenseamentos gerais da agricultura de 1989 e 1999, do INE. Estes dados permitem retratar com algum detalhe a evolução verificada ao longo da década de 90, mas não nos anos mais recentes. Por conseguinte, as dinâmicas agrícolas assim identificadas poderão, nalguns casos (especialmente no que se refere a variáveis de caracterização mais conjunturais, susceptíveis de maiores flutuações de curto/médio prazo, mas também a algumas transformações estruturais mais recentes), apresentar algum grau de desactualização relativamente à situação actual. Acresce a circunstância de, à data da preparação do presente texto, nos encontrarmos a cerca de um ano de um novo recenseamento geral da agricultura portuguesa (a realizar pelo INE em 2009), cujos resultados seriam de evidente interesse para os objectivos da presente análise. Numa fase inicial deste Estudo teve lugar um workshop (18 de Dezembro de 2007), de iniciativa conjunta do ICNB e da equipa de trabalho, destinado a promover a divulgação do Estudo junto de algumas estruturas directivas do próprio ICNB, nomeadamente dos Directores dos Departamentos de Áreas Classificadas, bem como de representantes do Ministério da Agricultura, Pescas e Desenvolvimento Rural, mais concretamente do seu 9

10 Gabinete de Políticas e Planeamento (GPP). Com este workshop pretendeu-se também captar e incorporar no estudo a análise crítica dos participantes relativamente aos resultados já produzidos nessa fase do Estudo, de modo a melhorar os níveis de consistência e consenso na análise, obviamente necessários para a fase de definição das medidas. Neste workshop foi levantada pelo GPP a possibilidade de acesso a dados do IFAP relativos às ajudas e ao parcelário para os anos posteriores a 1999, para as áreas da Rede Natura 2000 objecto do presente Estudo. O acesso a estes dados foi considerado de primordial importância para os objectivos do Estudo, pois permitiria analisar, com um detalhe muito superior, as tendências agrícolas e florestais mais recentes, para daí se poder inferir, com maior segurança, os respectivos impactes sobre os valores naturais destas áreas. Infelizmente, apesar dos esforços desenvolvidos pela equipa de trabalho e pelo ICNB, apenas foi possível aceder a estes dados para as áreas classificadas de Moura-Mourão- Barrancos. Consequentemente, apenas para este território foi possível desenvolver uma metodologia de análise bastante mais fina, realizando determinadas análises (nomeadamente a do potencial de adesão às medidas) à escala da exploração agrícola, com dados muito actuais, como adiante se verá. Sempre que possível, as tendências e dinâmicas agrícolas e florestais assim identificadas foram sujeitas a um processo de aferição através de contactos informais efectuados com interlocutores locais (nomeadamente associações de agricultores e de produtores florestais), cujos contributos se consideram da maior importância. De referir ainda os contributos que, neste fase, se obtiveram de contactos efectuados com especialistas em aves estepárias, no contexto da abordagem seguida para a concepção das medidas a propor para as áreas estepárias. Os resultados obtidos nesta fase foram depois cruzados com os elementos provenientes da fase anterior para identificar as relações entre as tendências de evolução da actividade agrícola e florestal e os valores naturais. Esta fase incluiu ainda uma etapa de compilação de informação técnico-económica sobre os sistemas de produção agrícola e florestal, destinada a ser utilizada no cálculo dos níveis de ajuda a propor, bem como no suporte a estimativas de custo das medidas de desenvolvimento rural que venham a ser implementadas no âmbito das novas ITI. A informação a utilizar para este efeito partiu de elementos disponíveis em bases de dados existentes, estudos já elaborados ou outras fontes de origem pública ou privada. A informação recolhida, depois de devidamente trabalhada e adaptada aos fins do presente 10

11 estudo, foi ainda sujeita a um processo de validação e aferição através de contactos directos com agricultores e agentes locais do sector. 2.3 Concepção das medidas de gestão agrícola e florestal Com base nos objectivos de conservação identificados em 2.1 para cada ITI e nos resultados das dinâmicas agro-florestais obtidas em 2.2, foram concebidas as medidas a propor em cada ITI. Neste processo, foram definidas as respectivas condições de acesso, compromissos e níveis de pagamento. A concepção destas medidas envolveu uma componente de testagem da sua aceitação e adequação às características e condições concretas das explorações agrícolas/florestais a que se dirigem, junto de agricultores e outros potenciais beneficiários das mesmas, antes de se chegar à sua versão final. Procurou-se, deste modo, assegurar uma boa adesão às medidas, factor essencial para que os objectivos de conservação pretendidos possam ser, de facto, alcançados. Uma vez concluída a fase de concepção e testagem das medidas e fixada a tipologia de ajudas a considerar em cada ITI, procedeu-se à elaboração das respectivas fichas de ITI. Estas foram concebidas segundo o modelo já adoptado no actual texto do PRODER Continente , para as ITI existentes. Deste modo, a estrutura seguida na construção dessas fichas contempla os seguintes campos: 1. Enquadramento Regulamentar Descrição dos regulamentos e respectivos artigos que enquadram as medidas propostas. 2. Território Alvo Descrição dos limites geográficos da área de aplicação da ITI. 3. Objectivo Indicação dos principais objectivos de conservação a prosseguir com a implementação da ITI. 4. Fundamentação da Intervenção Justificação da implementação da ITI, de acordo com os objectivos de conservação a alcançar e as principais ameaças à conservação dos valores naturais identificadas, apresentando separadamente, sempre que apropriado, as questões que se referem à componente agro-ambiental e à componente silvo-ambiental. 11

12 5. Beneficiários Descrição dos beneficiários visados pela ITI, de acordo com as medidas contidas nas componentes agro-ambiental, silvo-ambiental ou de investimentos não produtivos. 6. Condicionalidade e requisitos mínimos Descrição dos compromissos de condicionalidade geral e requisitos mínimos a assumir pelos beneficiários para a adesão à ITI. 7. Aplicação da Componente Agro-Ambiental e Silvo-Ambiental Descrição das condições de acesso às medidas e dos respectivos compromissos gerais e específicos, a cumprir durante o período do compromisso. Esta informação é apresentada sob a forma de 3 quadros: o primeiro, relativo às condições gerais de acesso e compromissos gerais para as unidades de produção; o segundo, às condições de acesso específicas e compromissos específicos para as medidas da componente agro-ambiental; e o terceiro, idêntico ao segundo mas para as medidas da componente silvo-ambiental. Tipologia e Nível de Apoio Quadro com a apresentação dos montantes das ajudas previstas em cada medida, descrição da área elegível e, sempre que aplicável, especificação da modulação do nível de ajudas por classes de área. A informação é separada para as medidas da componente agro-ambiental e silvo-ambiental. Aplicação de Investimentos Não Produtivos em Unidades de Produção Quadro com a descrição das condições de acesso, âmbito e níveis de apoio para as medidas previstas na componente investimentos não produtivos. 2.4 Principais adaptações metodológicas para as diversas ITI Conforme foi acima referido, a metodologia geral definida para a elaboração do Estudo sofreu adaptações na sua aplicação concreta a cada uma das ITI, adaptações estas relacionadas nomeadamente com a existência e acesso a fontes de informação diferenciadas, sobretudo em matéria de caracterização agrícola e florestal. Estas adaptações deram origem a alguma diferenciação do detalhe da estrutura dos capítulos relativos a diversos tipos de ITIs: 1. ITIs com componente agrícola significativa e para as quais havia estimativas, para a década de 90, elaboradas no âmbito do Estudo que precedeu o presente (Santos et al., 2006): a. Montados do Alentejo 12

13 b. Nordeste Alentejano c. Guadiana 2. ITI com componente agrícola significativa e em que havia dados IFAP para 2000/2007: a. Moura-Mourão-Barrancos 3. ITI com componente agrícola significativa em que não havia estimativas produzidas pelo Estudo anterior (Santos et al., 2006) mas havia cartografia actualizada de uso do solo, disponibilizada pelo ICNB, e dados INE por freguesia (década de 90): a. Zonas Estepárias 4. ITIs predominantemente florestais em que havia estimativas, para a década de 90, elaboradas no âmbito do Estudo anterior (Santos et al., 2006), mas as medidas propostas são exclusivamente de natureza florestal: a. Monchique b. Caldeirão 5. ITIs em que as áreas elegíveis para a componente agrícola, que é claramente relevante para os objectivos de conservação prosseguidos, ficam situadas na sua quase totalidade fora do Sítio ou da ZPE: a. Sabor e Maçãs e Vale do Côa 13

14 3 CONCEITO DE ITI SUBJACENTE ÀS PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO APRESENTADAS NESTE RELATÓRIO As Intervenções Territoriais Integradas do PRODER visam uma abordagem conjugada de vários instrumentos de política coerentemente aplicados num território condicionado a um objectivo dominante, a conservação de valores naturais ou paisagísticos. Os instrumentos de política que têm vindo a ser utilizados neste contexto são os pagamentos agro-ambientais e silvo-ambientais, bem como investimentos não produtivos associados ao cumprimento dos compromissos assumidos no âmbito daqueles pagamentos. Daqui decorre o conceito que estruturou o trabalho de concepção de medidas de gestão agrícola e florestal apresentado neste relatório. Da impossibilidade prática de gerir, através da ITI, o universo dos valores naturais das áreas classificadas nela integradas decorre a necessidade de uma escolha fundamentada dos valores alvo de cada intervenção e a sugestão dos indicadores que meçam a eficácia dessa mesma intervenção. Esta escolha é um exercício de identificação, convergência e concertação de objectivos de políticas agrícolas, florestais e de conservação da natureza, com as dinâmicas sociais e económicas próprias de cada território. A existência de um conjunto de valores alvo permite focar as intervenções, privilegiando a objectividade. Esta focagem traduz-se na existência, em cada intervenção, de medidas destinadas a abranger grandes superfícies dedicadas à conservação do conjunto de valores que são o seu tema principal (e.g. habitat do lince-ibérico, aves estepárias, floresta autóctone, consoante a ITI em causa). Os compromissos específicos destas medidas incluem todos os compromissos passíveis de ser assumidos pelos beneficiários no universo da intervenção, isto é: o beneficiário de uma medida de grande abrangência territorial assumirá a responsabilidade pela conservação de todos os valores considerados pela intervenção que existam dentro da superfície candidata. Por exemplo, o beneficiário da medida Biodiversidade Florestal habitat do lince-ibérico compromete-se a conservar as galerias ripícolas, charcos temporários e núcleos de vegetação. Prevê-se ainda frequentemente que alguns destes compromissos elementares possam ser assumidos, separadamente, por beneficiários não aderentes à medida de grande abrangência territorial (ou medida de base). A identificação, convergência e concertação das políticas com as dinâmicas de cada território geram medidas muito especificamente adaptadas a cada caso. Assim, por exemplo, no Sítio e ZPE de Monchique, o PROF Algarve define como objectivo Favorecer e expandir os habitat com elevado valor ecológico e de suporte à fauna e flora protegida em especial os habitats de suporte ao lince-ibérico e à águia-de-bonelli. Na mesma área, existem Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) já constituídas ou em fase final de 14

15 constituição, geridas pelas associações florestais com actividade na região. Estas associações e ZIF defrontam-se com as resistências expectáveis à adesão e contratação da gestão conjunta do território florestal, sendo necessário criar condições facilitadoras desse processo. O impulso inicial de adesão às ZIF e cedência da gestão por parte dos proprietários será facilitado na presença de mecanismos de incentivo que criem vantagens económicas para os proprietários. Constata-se também que as associações florestais da área abrangida pela ITI consideram a silvicultura aplicada à conservação da biodiversidade como elemento fundamental na concepção dos seus Planos de Gestão Florestal, procurando activamente o modo de potenciar a economia dessa actividade, e o seu papel na agregação de superfície gerida pelas ZIF. Pelas razões atrás indicadas, as medidas previstas para a ITI de Monchique estão orientadas para serem implementadas por Entidades Gestoras das ZIF, apoiando a sua consolidação. Sobre o mesmo território da ITI de Monchique, o Plano de Acção para a Conservação do Lince-Ibérico em Portugal (PACLIP) define áreas de habitat potencial para a conservação do lince-ibérico. O investimento e os compromissos existentes quanto à conservação do lince-ibérico têm grande relevância no território da ITI (bem como na Serra do Caldeirão, Vale do Guadiana e Moura-Mourão-Barrancos), sendo objectivo do PACLIP a obtenção de áreas de habitat com efectiva gestão do habitat. Por exemplo, o CNRLI - Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico está instalado no concelho de Silves, sendo que o funcionamento deste centro e a sua adjacência a áreas de habitat potencial poderão contribuir para reforçar a especialização do território na conservação desta espécie. A convergência do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 e do PACLIP, da Política Florestal e da dinâmica das Associações de Produtores Florestais é a estrutura fundamental das medidas da ITI proposta para o Sítio e ZPE de Monchique. A ênfase não é colocada na simples manutenção de sistemas agrícolas ou florestais (embora essa manutenção se revele imprescindível em muitos casos). Pretende-se sim, partindo da integração das prioridades de diversas políticas públicas relevantes para o território da ITI, estabelecer medidas eficazes na concretização dessas prioridades, através da acção positiva, voluntária e economicamente racional dos destinatários. No Sítio e ZPE do Vale do Guadiana, o mesmo tipo de abordagem adapta-se de forma diferente à realidade do território (ela própria diferente): neste caso, os gestores cinegéticos, titulares ou não das explorações agrícolas e florestais, poderão ser beneficiários, porque a adaptação da gestão dos habitat e populações realizadas pelas explorações cinegéticas são mais importantes neste território do que em outros casos. Para um mesmo valor (lince-ibérico) e para medidas semelhantes, a adaptação é feita através de uma ampliação das elegibilidades em termos de beneficiários alvo da medida. 15

16 Por serem especificamente adaptadas a cada território e centradas na conservação de valores naturais alvo, as ITI propostas deverão ser geridas e monitorizadas com um nível de aproximação à realidade compatível com a sua eficácia. As Estruturas Locais de Apoio (ELA), previstas no PRODER, e os Programas de Gestão da Biodiversidade, propostos neste relatório, são os instrumentos que garantem a centragem nos valores naturais alvo e a especificidade na aplicação das medidas. Os Programas de Gestão da Biodiversidade conterão informação, a uma escala suficientemente detalhada, sobre o estado e localização dos valores naturais e evidenciarão a qualidade e a quantidade do contributo da área gerida pelo beneficiário para os objectivos da ITI. Programas de Gestão da Biodiversidade (PGB) A eficácia das Intervenções Territoriais Integradas será o agregado dos resultados obtidos nas áreas aderentes às respectivas medidas, por via de diferentes tipologias de beneficiários (agricultores, produtores florestais, ZIF, zonas de caça, entre outros). As medidas da componente silvo-ambiental das ITI e a medida agro-ambiental Restrição de Pastoreio incluem compromissos que se mantêm ao longo do período de compromisso e que não são passíveis de descrição através de um atributo (e.g., rotação) aplicável à integralidade de uma parcela ou conjunto de parcelas do SIP (Sistema de Identificação Parcelar). Na componente silvo-ambiental e na medida Restrição de Pastoreio é necessário conhecer, numa base plurianual, a localização e dimensão dos habitats ou núcleos de vegetação que estão associados às condições de acesso e aos compromissos específicos e definir a sua situação inicial de referência antes da intervenção. É também preciso conhecer as acções necessárias para cumprir os compromissos específicos, bem como a sua calendarização intra e interanual. No caso da medida agro-ambiental Conservação da avifauna estepária, a rotação é definida com o acordo da ELA, sendo controladas as condições da rotação em qualquer momento, sendo relevante a fracção, mas não a localização, de cada uma das culturas em rotação. A candidatura às medidas silvo-ambientais das ITI e à medida agro-ambiental Restrição de Pastoreio, incluirá assim a elaboração de um Programa de Gestão da Biodiversidade, que georreferencia, quantifica e justifica as medidas que serão aplicadas na exploração, destinado a estabelecer a situação inicial de referência da exploração, com vista à avaliação, e a permitir a verificação e controlo eficientes das condições de acesso e dos compromissos respectivamente. 16

17 A capacidade para as medidas serem eficazmente controladas está associada à georreferenciação dos compromissos no Programa de Gestão da Biodiversidade. O conhecimento da natureza do compromisso e da sua localização precisa facilita o controlo, justificando assim também os custos associados à realização do PGB. Em concreto, o âmbito e conteúdo do Programa de Gestão da Biodiversidade é o seguinte: Identifica e georreferencia apenas as características incluídas em condições de acesso ou compromissos de medidas silvo ambientais (exemplos: localização de galerias ripícolas, parcelas em restrição de pastoreio, parcelas com habitat para o lince-ibérico, zonas de protecção da regeneração natural); Identifica e descreve as acções que vão ser realizadas nos locais georreferenciados (exemplos: manutenção da situação actual, vedação para exclusão de pastoreio, remoção de plantas exóticas invasoras); Identifica o momento em que as acções previstas serão realizadas. Na prática tratar-se-á de um documento bastante simplificado que permitirá uma gestão mais eficiente das medidas, não constituindo uma obrigação susceptível de diminuir a adesão dos beneficiários à ITI. Na realidade, o PGB traduz e formaliza o conhecimento que os beneficiários têm dos compromissos que assumem. Em muitos casos, as candidaturas a prémios e ajudas no âmbito da PAC exigem suporte técnico igual ou superior ao que é previsto no PGB. No entanto, os aspectos particulares da identificação de espécies ou habitats no terreno, ou o fornecimento de informação cartográfica digital poderão necessitar de apoio técnico específico, o qual poderá facilmente ser organizado no contexto de Associações de Agricultores ou Produtores Florestais. Uma vez aprovado, o PGB está incluído na lista de Investimentos Não Produtivos contemplados na Intervenção. O Decreto-lei 16/2009, de 14 de Janeiro, determina que os Planos de Gestão Florestal (PGF) com aplicação em zonas classificadas incluam um Programa de Gestão da Biodiversidade. Esta alteração permite criar, na prática, uma sede de concertação das actividades de conservação com outras actividades das explorações florestais e, sugere-se, permitirá facilitar o processo de candidatura às ITI com medidas silvo-ambientais e investimentos não produtivos a elas associadas. O modelo de Intervenção Territorial Integrada proposto neste relatório mantém e propõe evoluções nas características que permitiram o sucesso de medidas semelhantes, em 17

18 particular o caso do Plano Zonal e ITI de Castro Verde, experiência sobre a qual existem avaliações da eficácia suficientemente detalhadas para constituírem um caso de estudo relevante. De acordo com o Protocolo que presidiu à realização do presente estudo, foram concebidas e calibradas as medidas aplicáveis a cada uma das ITI, utilizando a melhor informação disponível. A metodologia do estudo incluiu também a exposição das propostas à análise por potenciais beneficiários, visando aumentar o ajustamento das medidas à realidade. A aplicação prática dos conceitos e medidas propostos no presente relatório contém elementos de incerteza que só podem ser superados numa concertação a escala muito detalhada. Numa fase mais adiantada do processo de preparação e aprovação destas ITI, consolidado e aprovado o conceito e os detalhes da aplicação em cada caso, será sempre aconselhável a consideração e incorporação de informação não utilizada no presente trabalho e testes adicionais de adesão dos beneficiários, que permitam realizar uma nova afinação das medidas e aumentar o seu potencial de adesão e sucesso. 18

19 4 AS ITI DA 2ª FASE No âmbito do presente Estudo, as 27 áreas classificadas da Rede Natura 2000 integradas nesta 2ª Fase de ITI foram organizadas e agrupadas em 8 novas ITI. Na tabela seguinte, mostra-se a distribuição destas áreas classificadas pelas 8 ITI. A descrição detalhada de cada uma destas novas ITI é feita adiante, nos capítulos 5 a 11. Tabela Composição das novas ITI de 2ª Fase segundo as áreas classificadas da Rede Natura 2000 Intervenções Territoriais Integradas Áreas Classificadas Rede Natura 2000 Moura Mourão Barrancos Caldeirão Monchique Zonas Estepárias Guadiana Rios Sabor e Maçãs e Vale do Côa Nordeste Alentejano Montados do Alentejo Moura/Barrancos (Sítio) Mourão/Barrancos (ZPE) Caldeirão (Sítio e ZPE) Monchique (Sítio e ZPE) Monforte (ZPE) Vila Fernando (ZPE) Veiros (ZPE) Évora (ZPE) Reguengos (ZPE) Cuba (ZPE) Piçarras (ZPE) Guadiana (Sítio) Vale do Guadiana (ZPE) Rios Sabor e Maçãs (Sítio e ZPE) Vale do Côa (ZPE) São Mamede (Sítio) Nisa/Lage da Prata (Sítio) Campo Maior (ZPE) Caia (Sítio) São Vicente (ZPE) Torre da Bolsa (ZPE) Monfurado (Sítio) Cabrela (Sítio) Cabeção (Sítio) X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X 19

20 INTERVENÇÕES TERRITORIAIS INTEGRADAS 2ª FASE 20

21 5 ITI MOURA-MOURÃO-BARRANCOS 5.1 Áreas classificadas incluídas As áreas classificadas incluídas nesta ITI são (Figura 5.1Erro! A origem da referência não foi encontrada.): Sítio Moura-Barrancos (PTCON0053) ZPE Moura-Mourão-Barrancos (PTZPE0045) Figura Áreas classificadas da ITI Moura-Mourão-Barrancos 5.2 Concepção e fundamentação da ITI A concepção da ITI Moura-Mourão-Barrancos fundamentou-se numa análise detalhada do sector agrícola e florestal na zona em estudo, das suas dinâmicas recentes e perspectivas de evolução na ausência de ITI, daí se inferindo sobre os seus potenciais impactes na conservação dos valores naturais deste território. Com este conhecimento, identificaram-se e desenharam-se as medidas de gestão agrícola e florestal, a implementar ao nível das explorações agrícolas e/ou florestais, destinadas a contrariar as tendências identificadas como contrárias à conservação dos valores naturais e facilitar aquelas tendâncias que, pelo contrário, são favoráveis à conservação. 21

22 Todas as medidas foram concebidas no âmbito da Medida 2.4 do PRODER Intervenções Territoriais Integradas ou seja, para serem aplicadas numa óptica de adesão voluntária, sob a forma de acordos de gestão agrícola e/ou florestal a celebrar com os agricultores ou outros proprietários/gestores das explorações. Nos pontos seguintes começa-se por proceder à análise das dinâmicas agrícolas e florestais recentes no território da ITI de Moura-Mourão-Barrancos, seguida de uma análise das disposições do Plano Sectorial relativamente aos valores naturais, factores de ameaça e orientações de gestão, para chegar às medidas que, mais à frente, darão corpo à Intervenção Territorial Integrada Moura-Mourão-Barrancos Análise das dinâmicas agrícolas e florestais recentes O período Neste ponto faz-se uma análise dos dados estatísticos dos recenseamentos gerais da agricultura (RGA) de 1989 e de 1999 relativos à zona em estudo, para identificar as principais dinâmicas agrícolas verificadas na década de 90. Os resultados alcançados serão comparados com os que se apresentam no ponto seguinte, para tentar perceber em que medida é que as dinâmicas mais recentes ( ) traduzem tendências que já vinham da década anterior, ou se ocorreram alterações importantes na evolução do sector agrícola desta região nos dois períodos em análise. Os dados estatísticos que se apresentam a seguir foram retirados de um estudo elaborado em 2002 pelo Gabinete de Planeamento e Política Agro-Alimentar (actual GPP), designado Portugal Rural: Territórios e Dinâmicas. Este estudo trabalhou os dados dos RGA de 1989 e 1999 por freguesia, tendo identificado territórios homogéneos (relativamente às variáveis utilizadas no Estudo), compostos por conjuntos de freguesias (adiante designados abreviadamente por territórios GPPAA), cuja informação está, portanto, na base da caracterização apresentada. Para a área da ITI de Moura-Mourão-Barrancos (MMB), os territórios GPPAA correspondentes são os seguintes: 1. Terras Pobres do Guadiana 2. Terras Pobres do Guadiana e Margem Esquerda 3. Barrancos 4. Serpa / Moura 22

23 Na Figura 5.2Erro! A origem da referência não foi encontrada. mostra-se a sobreposição da ITI de Moura-Mourão-Barrancos com os territórios GPPAA. Na Tabela 5.1Erro! A origem da referência não foi encontrada. apresentam-se os indicadores estatísticos de caracterização agrícola destes territórios. Figura Sobreposição entre a ITI Moura-Mourão-Barrancos e os territórios GPPAA Os dados apresentados na Tabela 5.1Erro! A origem da referência não foi encontrada. mostram que o uso dos solos na ITI de MMB, no período em análise, se caracterizava por um predomínio da SAU (78%, na média dos territórios GPPAA considerados), sendo que quase metade correspondia a SAU com arvoredo florestal (montados de sobro e/ou azinho). A floresta estreme ocupava apenas cerca de 7% da superfície. No entanto, os mesmos dados mostram também que o território não é homogéneo no que se refere aos grandes usos do solo. Por exemplo, a SAU limpa (sem árvores) representa 80% da superfície no território Terras pobres do Guadiana, enquanto em Barrancos essa percentagem desce para 9%, prevalecendo as áreas de montado. Tabela Indicadores de caracterização agrícola Moura-Mourão- Barrancos Terras Pobres do Guadiana Terras Pobres do Guadiana e Margem Esquerda Código GPPAA f.11.1 f.2.3 f.2.6 f.18.1 Barrancos Serpa / Moura MÉDIA PONDERADA 23

24 Terras Pobres do Guadiana Terras Pobres do Guadiana e Margem Esquerda Barrancos Serpa / Moura MÉDIA PONDERADA Ponderadores 10% 40% 19% 31% Grandes usos do solo (%ST) SAU limpa SAU com arvoredo florestal Floresta estreme Outros usos do solo Usos da SAU (% SAU) Terra arável Pousios Culturas permanentes Prados e pastagens permanentes Prados e pastagens cultivados PPP pobres Pousios+PPP pobres Evolução (% de 1989) SAU SAU excl pousio e PPP pobres OTE (% da SAU) 1999 Arvenses e policulturais 47,0 21,2 0,0 39,1 25 Hort/flori intensivas 0,0 0,0 0,0 0,0 0 Vinho ou uva 1,3 3,5 0,0 0,7 2 Frutos frescos 0,0 0,1 0,0 0,1 0 Frutos secos 0,0 0,0 0,0 0,0 0 Olival 2,9 3,7 3,1 15,8 7 Culturas permanentes combinadas 12,0 10,5 0,4 9,4 8 Explorações com gado 34,1 60,0 94,0 34,0 56 Leite 0,0 0,0 0,0 0,0 0 Pecuária extensiva 18,2 29,3 66,8 15,7 31 Bovinos 4,9 12,2 50,5 2,4 16 Ovinos 1,7 3,0 1,6 5,9 4 Pecuária extensiva mista 11,6 14,1 14,7 7,4 12 Granívoros 1,2 9,2 14,7 2,0 7 Pecuária extensiva + cult. perm. 4,8 2,7 12,5 6,6 6 Pecuária extensiva + arvenses 9,9 18,8 0,0 9,7 12 Ocupação cultural (% da SAU) Cereais 18,5 14,8 0,4 18,0 13 Cult. industriais 4,0 1,2 0,1 4,0 2 Batata/hort. extensiva 0,1 0,6 0,9 1 Hort./flori intensivas 0 Forr. anuais e prad. temporários 7,8 4,5 3,0 6,8 5 Out. cult. temporárias 0,3 0,3 0,6 0,9 1 Pousio 24,0 22,0 0,4 19,5 17 Prados e past. perm. cultivados 1,9 13,0 0,8 8,0 8 Past. perm. pobre 35,0 31,0 91,4 19,0 39 Frutos frescos e citrinos 0,1 0,3 0,7 0 Frutos secos 0 Vinha 0,9 2,1 0,5 1 Olival 8,3 10,7 6,6 23,7 14 Var % da SAU da OTE 24

25 Terras Pobres do Guadiana Terras Pobres do Guadiana e Margem Esquerda Arvenses e policulturais 24,7-7,8 2,7-1,0-1 Hort/flori intensivas 0,0 0,0 0,0 0,0 0 Vinho ou uva 2,0 1,0 0,0 0,5 1 Frutos frescos 0,0 0,0 0,0 0,0 0 Frutos secos 0,0 0,0 0,0 0,0 0 Olival -4,1 1,6 1,0 1,4 1 Culturas permanentes combinadas 1,8 3,4-0,3 4,0 3 Explorações com gado -24,8 17,3 13,0 0,3 7 Leite 0,0-0,1-0,1 0,0 0 Pecuária extensiva 8,3 6,4 0,2-0,4 3 Bovinos 4,8 5,8-7,0 1,0 2 Ovinos 1,3 0,9-1,8-0,6 0 Pecuária extensiva mista 2,2-0,3 9,0-0,8 2 Granívoros 0,8 9,5 12,7 0,2 6 Pecuária extensiva + cult. permanentes 3,2 0,8 2,9 2,2 2 Pecuária extensiva + arvenses -37,1 0,7-2,7-1,7-4 TOTAL SAU -0,6 16,1 16,2 4,5 11 Fonte: INE, GPPAA 2002 Barrancos Serpa / Moura MÉDIA PONDERADA Em relação aos usos da SAU, os dados revelam que os prados e pastagens permanentes ocupavam, na média dos territórios considerados, em 1999, cerca de 47% da SAU, seguidos pela terra arável (39%) e pelas culturas permanentes (15%). De notar que a maior parte da área de prados e pastagens permanentes corresponde a pastagens permanentes pobres (39% da SAU). De notar ainda que os pousios em conjunto com os prados e pastagens permanentes pobres ocupavam mais de metade da SAU (56%), indicando um uso muito extensivo do solo agrícola. Mas também aqui se notam diferenças significativas no interior do território da ITI, verificando-se que em Barrancos, por exemplo, a terra arável representa apenas 4% da SAU, contrastando com o território de Terras Pobres do Guadiana, onde essa percentagem é de 54%. Em Barrancos, as pastagens permanentes pobres ocupam 91% da SAU, enquanto que em Serpa / Moura essa percentagem é de apenas 19%. Ao longo da década de 90 a SAU total nestes territórios cresceu, em média, 11%. O valor mais elevado foi de 16%, registado nos territórios de Terras Pobres do Guadiana e Margem Esquerda e Barrancos, e o mais baixo foi de 0%, nas Terras Pobres do Guadiana. No entanto, se se excluírem os prados e pastagens permanentes pobres e os pousios, verifica-se que o crescimento foi negativo (-28%) na média da ITI, com um máximo de -84% no território de Barrancos. Esta comparação, só por si, é indiciadora do tipo de evolução que o sector agrícola registou na década de 90, nesta região, onde se 25

26 verificou uma extensificação generalizada dos sistemas de produção, com um forte desinvestimento nas terras aráveis e uma significativa conversão de áreas para pastagem permanente, para suporte de actividades de produção animal extensiva. Em 1999, a maior parte da SAU deste território (56%) encontrava-se já em explorações com gado. Quase 1/3 da SAU estava em explorações especializadas em pecuária extensiva (em Barrancos este valor era de mais de 2/3). As explorações especializadas em culturas arvenses e policulturais ocupavam cerca de 1/4 da SAU, com um máximo de 47% nas Terras Pobres do Guadiana. Na média do território, a ocupação cultural da SAU era dominada pelos prados e pastagens permanentes pobres (39%, 91% em Barrancos). Os pousios vinham em segundo lugar, ocupando 17% da SAU, seguidos do olival (14%) e das culturas arvenses (13%). Analisando os dados da variação da SAU por OTE entre 1989 e 1999, verifica-se que em termos globais, para a média do território da ITI, não houve alterações muito significativas. A maior variação foi no crescimento da SAU nas explorações com gado, que aumentou 7% relativamente à SAU inicial total. A SAU incluída em explorações especializadas em pecuária extensiva e arvenses diminuiu 4%. Poderá concluir-se, portanto, que as explorações que em 1989 praticavam um sistema de produção agrícola que combinava as culturas arvenses com a pecuária extensiva, ao longo da década de 90 terão desinvestido na componente agrícola (arvenses), especializando-se na produção pecuária. Os mesmos dados, mas analisados ao nível de cada um dos 4 territórios GPPAA separadamente, mostram algumas alterações importantes, contrastando com os valores médios da região. Por exemplo, no território Terras Pobres do Guadiana (que abrange a zona mais a norte da ITI), verificou-se uma evolução contrária àquela que atrás se descreveu para a média da ITI: neste território a SAU em explorações especializadas em culturas arvenses registou um aumento significativo (25%), enquanto as explorações com gado perderam aproximadamente a mesma percentagem de SAU, sendo ainda maior a redução da SAU em explorações que combinam as culturas arvenses com a pecuária extensiva. O crescimento da SAU em explorações com gado registou-se, sobretudo, nos territórios de Terras Pobres do Guadiana e Margem Esquerda e Barrancos. Analisando ainda dados estatísticos do RGA de 1999 relativos à pecuária, pode acrescentar-se que o encabeçamento médio nesta região, tendo em conta as áreas de prados e pastagens temporários e permanentes, culturas forrageiras, os pousios e a área de cereal para grão, variava entre as 0,4 e as 0,6 CN/ha. 26

27 Em resumo, pode dizer-se que a evolução do sector agrícola nesta região ao longo da década de 90 registou as seguintes dinâmicas mais importantes: Aumento da SAU total, devido ao aumento das áreas de pousios e PPP pobres; Diminuição acentuada da SAU sem pousios e PPP pobres (o que, em conjunto com a tendência anterior, se traduz numa extensificação muito significativa dos sistemas de produção agrícola regionais); Conversão de sistemas cerealíferos extensivos de sequeiro, com pousios, em pastagens permanentes; Perda de importância da SAU em explorações que combinam a pecuária extensiva com os cereais e outras arvenses; e aumento significativo da SAU em explorações especializadas em herbívoros em regime extensivo e granívoros (suínos extensivo); Aumento da SAU média das explorações, por saída de actividade das pequenas explorações O período Descrição da informação de base A informação utilizada para analisar as dinâmicas agrícolas no período foi disponibilizada pelo IFAP (ex-inga), sendo proveniente dos dados das declarações anuais dos pedidos de ajudas para culturas e animais, bem como dados do parcelário agrícola. Saliente-se o facto de esta informação ter sido disponibilizada associada a uma base territorial georreferenciada (shapefiles), correspondente à delimitação do parcelário agrícola de 2001 e 2007, o que permitiu uma análise espacializada das dinâmicas identificadas. Os dados disponibilizados abrangeram a informação relativa à totalidade da superfície das explorações que estão total ou parcialmente incluídas dentro do limite da ITI de MMB. À data, não se encontrava ainda disponível o novo limite da ZPE de Moura-Mourão- Barrancos, recentemente alterado, pelo que a delimitação considerada para definir a ITI incluiu o limite exterior resultante da sobreposição dos polígonos correspondentes à ZPE de Moura-Mourão-Barrancos (limite antigo) e ao Sítio de Moura/Barrancos. Os dados disponibilizados referentes à campanha de 2000/2001 foram extraídos da informação compilada para a emissão dos documentos P (INGA). Os ficheiros resultantes são: SIG_SITZPE2001 (dados alfanuméricos das explorações com pelo menos uma parcela intersectada pela ITI de MMB) e SITZPE01.dbf, SITZPE01.shp e 27

28 SITZPE01.sbn (informação gráfica de todas as parcelas das explorações que constam no ficheiro SIG_SITZPE2001). Para a campanha 2007/2008, os ficheiros disponibilizados foram: SIG_SITZPE2007 (dados alfanuméricos das explorações com pelo menos uma parcela intersectada pela ITI de MMB) e SITZPE07.dbf, SITZPE07.shp e SITZPE07.sbn (informação gráfica de todas as parcelas que constam no ficheiro SIG_SITZPE2007). Em relação aos dados das candidaturas superfícies (dados declarativos, relativos à ocupação cultural das parcelas), foram disponibilizadas duas tabelas: Tabela 2001 DECLARADOS - Nesta tabela todos os campos dizem respeito aos dados declarados pelo agricultor no momento da sua candidatura para efeitos de ajuda. Por se tratar de dados declarados, podem ocorrer discrepâncias com a informação da parcela na tabela do parcelário (NIF diferentes, áreas menores ). A informação contida nesta tabela inclui os seguintes campos: o CAM_ANO_INI_CAM - Campanha o TER_NINGA N.º INGA do produtor que declarou a parcela no ano em questão o NIF_DECL N.º de contribuinte do Produtor que declarou a parcela na campanha em questão o PAR_NUM_PAR - N.º de Parcelário o PAR_NUM_SEQ_PAR - N_SEQ_da_PARCELA o PCA_NUM_SUB_PAR - N_SEQ_da_SUB_PARCELA o TCU_CODIGO - Código de Cultura o CULTURA - Descrição de Cultura o SEQ_REG - Sequeiro-Regadio o AREA_DECL - Área Declarada o ARV_MSA_DECL - Nº Árvores de Montado, Souto, Alfarrobal e Outras florestais o ARV_OAF_DECL - Nº Árvores de Oliveira, Figueira, Amendoeira e Outras fruteiras Tabela 2007 DECLARADOS - Nesta tabela todos os campos dizem respeito aos dados declarados pelo agricultor quando da sua candidatura para efeitos de ajuda. Tal como na tabela anterior, por se tratar de dados declarados, podem ocorrer discrepâncias com a informação da parcela na tabela do parcelário (NIF diferentes, áreas menores ). A informação contida nesta tabela inclui os seguintes campos: o CAM_ANO_INI_CAM - Campanha 28

29 o o o o o o o o o o o o o o o TER_NINGA N.º INGA do produtor que declarou a parcela no ano em questão NIF_DECL N.º contribuinte do Produtor que declarou a parcela na campanha em questão UPR_NUM_PAR - N.º de Parcelário UPR_NUM_SEQ N_SEQ_da_PARCELA DUP_NUM_SUB_PAR N_SEQ_da_SUB_PARCELA TCU_CODIGO - Código de Cultura CULTURA - Descrição de Cultura DUP_SEQ_REG - Sequeiro-Regadio ARE_EXP - Área de Exploração Declarada ARV_CAS_RIJ - Nº de Árvores de Frutos de Casca Rija ARV_FRU - Nº de Árvores Fruteiras ARV_FTA - Nº de Árvores Florestais ARV_OLI - Nº de Oliveiras QUE_CAS - Nº de Árvores Quercíneas / Castanheiros Relativamente às candidaturas de animais (dados declarativos) foram disponibilizadas três tabelas: Tabela EfectivoPecuario_2001 Nesta tabela todos os campos dizem respeito aos dados declarados pelo agricultor quando da sua candidatura a Indemnizações Compensatórias. Tabela NContr_fora_EfectivoPecuario_Bovinos_Ovinos_Vacas_2001 Nesta tabela encontram-se todos os Contribuintes que não se candidataram a Indemnizações Compensatórias 2001, e que se candidataram ao Prémio Especial aos Bovinos Machos, ao Prémio aos Produtores de Carne de Ovino e Caprino e ao Prémio à Manutenção de Vacas. Tabela EfectivoPecuario_2007 Nesta tabela todos os campos dizem respeito aos dados declarados pelo agricultor aquando da sua candidatura ao Pedido Único Evolução da ocupação cultural Com base nos dados IFAP disponibilizados nos ficheiros referidos anteriormente, construíram-se os quadros seguintes, que mostram a ocupação cultural em 2001 e 2007 nas explorações que cumpriam o critério de possuírem pelo menos uma parcela 29

30 sobreposta com o território da ITI. A informação apresentada encontra-se ordenada por ordem decrescente de representatividade das culturas na ocupação da superfície da ITI. A tabela que mostra a informação relativa a 2001 (Tabela 5.2Erro! A origem da referência não foi encontrada.) permite concluir que nesse ano cerca de 69% da superfície total destas explorações se encontrava incluída dentro da ITI. Neste ano, mais de metade da superfície agrícola da ITI (61%) encontrava-se ocupada com Pastagens. Cerca de 75% da superfície destas explorações incluída na ITI é ocupada por apenas 3 culturas: pastagens, olival e trigo duro. Tabela Ocupação cultural declarada, na superfície total das explorações que têm área dentro da ITI, em 2001 (Fonte: IFAP) Superfície total das Parcelas dentro da ITI explorações Cultura Hectares % na sup. total Hectares % na sup. dentro da ITI Pastagens ,9% ,9% Olival estreme ,2% ,2% Floresta ,9% ,3% Trigo duro ,9% ,3% Retirada de terras (obrigatória e/ou voluntaria) ,8% ,5% Aveia ,5% ,0% Pousio agronómico ,8% ,8% Outras culturas forrageiras ,8% ,7% Culturas arvenses forrageiras ,1% 866 1,3% Girassol ,2% 711 1,1% Trigo mole ,3% 682 1,0% Cevada 658 0,7% 512 0,8% Triticale 660 0,7% 501 0,7% Linho não têxtil 522 0,5% 396 0,6% Incultos ,1% 391 0,6% Sorgo 399 0,4% 266 0,4% Milho 231 0,2% 236 0,4% Tremoço doce 117 0,1% 94 0,1% Vinha fora de região determinada 3 0,0% 78 0,1% Figueiral 174 0,2% 75 0,1% Hortícolas 242 0,2% 47 0,1% Horto industriais 76 0,1% 43 0,1% Cártamo 10 0,0% 10 0,0% Grão-de-bico 56 0,1% 6 0,0% Centeio 4 0,0% 4 0,0% Pomares de frutos frescos 47 0,0% 4 0,0% Fava 3 0,0% 1 0,0% Algodão 7 0,0% - - Beterraba sacarina 32 0,0% - - Consociação de espécies elegíveis 9 0,0%

31 Ervilha 22 0,0% - - Ervilhaca (vicia ervilha willd.)-leguminosas/grão 7 0,0% - - Pimento 3 0,0% - - Tomate para industria 9 0,0% - - Vicia - sementes certificadas 6 0,0% - - Vinha em região determinada 349 0,4% - - Vinha p/passa de uva 13 0,0% - - TOTAL % % Na tabela relativa a 2007 (Tabela 5.3Erro! A origem da referência não foi encontrada.) pode ver-se que as pastagens permanentes continuam a ocupar a maior parte da superfície da ITI incluída em explorações agrícolas, embora com menor peso (51%). As três principais culturas são, agora, as pastagens permanentes, as superfícies forrageiras temporárias e o olival que, no seu conjunto, representam mais de 77% da superfície agrícola total no interior da ITI. O trigo duro, que em 2001 era a terceira cultura ocupando mais de 3500ha, desaparece completamente em Em termos globais, é ainda de notar uma subida da superfície total declarada, que aumentou mais de 5000ha (7,5%) entre 2001 e Tabela Ocupação cultural declarada, na superfície total das explorações que têm área dentro da ITI, em 2007 Cultura Superfície total das explorações Parcelas dentro da ITI % na sup. % na sup. Hectares Hectares dentro da total ITI Pastagens permanentes ,0% ,1% Superfícies forrageiras temporárias ou prados ,9% ,7% Olival - azeite ,5% ,4% Floresta ,6% ,5% Pousio agronómico (terra arável) ,7% ,6% Retirada de terras ,5% ,0% Trigo mole ,3% ,8% Improdutivos ,1% ,8% Cevada ,9% ,4% Aveia para grão ,5% ,4% Girassol 658 0,6% 418 0,6% Florestação de terras agrícolas 468 0,5% 397 0,5% Estábulo 5 0,0% 232 0,3% Bosquetes 50 0,0% 202 0,3% Sorgo 163 0,2% 191 0,3% Vinha em região determinada 546 0,5% 173 0,2% Área social 325 0,3% 146 0,2% Triticale 398 0,4% 126 0,2% Superfície agrícola não utilizada 107 0,1% 116 0,2% 31

32 Ervilha seca 279 0,3% 115 0,2% Figueiral 259 0,3% 96 0,1% Retirada de terras - biológica 24 0,0% 73 0,1% Fava seca 74 0,1% 41 0,1% Luzerna 25 0,0% 21 0,0% Grão-de-bico seco 59 0,1% 16 0,0% Castanha 14 0,0% 14 0,0% Colza/nabita 16 0,0% 13 0,0% Horto industriais 66 0,1% 10 0,0% Hortas familiares 59 0,1% 10 0,0% Pastagens pobres 144 0,1% 7 0,0% Hortícolas reg. Intensivo - ar livre 25 0,0% 3 0,0% Área agrícola em abandono (mais de três anos) 5 0,0% 2 0,0% Pomares de frutos frescos orig. Temperada 22 0,0% 2 0,0% Trevo 1 0,0% 2 0,0% Faveta 5 0,0% 1 0,0% Laranja 15 0,0% 0,3 0,0% Amêndoa 1 0,0% - - Cártamo 8 0,0% - - Ervilhaca -forragens secas 3 0,0% - - Hortícolas sob-forçagem 1 0,0% - - Linho não têxtil 24 0,0% - - Milho 3 0,0% - - Milho doce 20 0,0% - - Noz 6 0,0% - - Outros frutos secos 9 0,0% - - Pequenos citrinos 2 0,0% - - Pêssego 0 0,0% - - Tremoço/tremoçilha 16 0,0% - - Trigo duro 2 0,0% - - Vinha de uva de mesa 5 0,0% - - Vinha fora de região determinada 2 0,0% - - Vinha p/passa de uva 7 0,0% - - TOTAL % % Fonte: IFAP Na Tabela 5.4Erro! A origem da referência não foi encontrada. mostra-se a evolução da ocupação cultural entre 2001 e 2007, por grupos de culturas, ordenadas por ordem decrescente do valor absoluto da variação verificada entre os dois períodos. Como se conclui da análise desta tabela, neste território ocorreram importantes transformações da ocupação cultural ao longo destes anos, que ficaram marcadas sobretudo por uma forte diminuição da áreas de culturas arvenses e de pastagens permanentes (descidas superiores a 4000ha em cada uma das duas culturas), acompanhada por uma subida muito significativa da área de forragens temporárias (aumento de 9400ha). 32

33 Só por si, estes dados revelam aquele que tem sido o principal sentido de evolução recente da especialização produtiva da generalidade das explorações deste território, que passa pela substituição das culturas arvenses pelas actividades de produção animal (especialmente bovinicultura de carne). O principal motor desta alteração prende-se, certamente, com a evolução do quadro de ajudas ao sector verificado neste período, durante o qual ocorreu o desligamento das ajudas directas aos cereais e se manteve ligada a ajuda às vacas aleitantes. Refira-se ainda a redução de pastagem permanente em proveito das forragens temporárias, o que indica uma certa intensificação da produção pecuária (que permanece, no entanto, claramente dentro dos parâmetros da pecuária extensiva). O olival sofreu também um crescimento importante no mesmo período (mais de 1300ha de novos olivais), assim como a floresta (mais 1835ha). Tabela Evolução da ocupação cultural entre 2001 e 2007, por grupos de culturas, nas áreas dentro da ITI (dados declarados) Var. (2007 / 2001) Cultura 2001 (hectares) 2007 (hectares) Hectares % Forragens ,8% Arvenses ,8% Pastagens ,7% Floresta ,1% Improdutivos ,8% Olival ,2% Hortícolas e Industriais ,4% Pousios ,5% Vinha ,1% Leguminosas ,0% Pomares ,1% TOTAL ,5% Fonte: IFAP 33

34 Figura Evolução da ocupação cultural em MMB entre 2001 e 2007 Na Figura 5.3Erro! A origem da referência não foi encontrada. mostra-se a evolução espacializada da ocupação cultural entre 2001 e A informação que se mostra nesta figura é essencialmente a mesma que foi apresentada atrás na Tabela 5.4Erro! A origem da referência não foi encontrada., mas agora com a ilustração da forma como essa evolução decorreu no interior do território da ITI. Da comparação das duas figuras (2001 e 2007) ressalta, desde logo, a redução significativa das áreas de arvenses (cor amarela) e o aumento da superfície de forragens (a verde claro), que se expandiu à custa das culturas arvenses e, também, das pastagens permanentes. A comparação das duas imagens mostra também o aumento da área de olival, assim como das áreas de floresta. Comparando as duas imagens pode ainda observar-se o aumento da superfície total declarada no interior da ITI, apesar da perda de áreas agrícolas associada ao aparecimento da albufeira de Alqueva (algumas das novas áreas cinzentas). Na Figura 5.4Erro! A origem da referência não foi encontrada. mostra-se a distribuição das áreas de montados (considerando como tal as parcelas com 10 ou mais árvores quercíneas - por hectare), verificando-se que as mesmas ocorrem sobretudo nas áreas de pastagens, estando quase ausentes nas áreas onde predominam as culturas arvenses. 34

35 Figura Localização das áreas de montados ( 10 árv/ha) Evolução dos efectivos animais Como se disse atrás, os dados relativos aos efectivos animais para o ano de 2001 foram disponibilizados em duas tabelas distintas, contendo uma delas a informação relativa às candidaturas às Indemnizações Compensatórias e a outra os dados relativos ao Prémio Especial aos Bovinos Machos, ao Prémio aos Produtores de Carne de Ovino e Caprino e ao Prémio à Manutenção de Vacas Aleitantes. No caso dos dados relativos a 2007, toda a informação estava contida numa única tabela, que reunia a informação relativa ao Pedido Único. Por conseguinte, a base de identificação e contabilização dos efectivos pecuários utilizada nos dois momentos não foi exactamente a mesma o que, só por si, levanta problemas de comparação entre os dados dos dois anos em análise. Acresce que a tipologia de animais registados nos dados de 2001 e de 2007 (em termos de espécies, sexo e grupos etários) também não é coincidente, o que mais uma vez prejudica as comparações. 35

36 Seguidamente apresenta-se uma síntese dos dados relativos aos efectivos animais em 2001 e 2007, tal como a informação se encontra organizada nos ficheiros disponibilizados pelo IFAP. Tabela 5.5 Dados IFAP relativos a efectivos animais em 2001 Origem dos dados Dados tabela IFAP NContr_fora_EfectivoPecuario_Bovinos_Ovino s_vacas_2001 (Prémio Especial aos Bovinos Machos, Prémio Espécie /grupo animal Efectivos (cabeças naturais) Bovinos Machos 852 Ovinos e Caprinos 7848 aos Produtores de Carne de Ovino e Caprino e Prémio à Manutenção de Vacas) Vacas Aleitantes 4693 Vacas Aleitantes 18 Bovinos (6 meses até 2 anos) 2346 Dados tabela IFAP EfectivoPecuario_2001 (Indemnizações compensatórias) Outros Bovinos (+2 anos) 7700 Ovinos e Caprinos Equídeos 217 Tabela Dados IFAP relativos a efectivos animais em 2007 Espécie /grupo animal Efectivo (cabeças naturais) Bovinos Fêmeas com mais de 2 Anos não leiteiras Bovinos Fêmeas com menos de 6 meses 3559 Bovinos Fêmeas de 6 Meses a 2 Anos 3652 Bovinos Machos com mais de 2 Anos 1545 Bovinos Machos com menos de 6 meses 3498 Bovinos Machos de 6 Meses a 2 Anos 1880 Caprinos Fêmeas com mais de 12 meses 3837 Caprinos Fêmeas de 6 Meses a 12 Meses 435 Caprinos machos com mais de 12 meses 203 Equídeos Fêmeas com mais de 6 meses 94 Equídeos Machos com mais de 6 meses 39 Ovinos Fêmeas com mais de 12 Meses Ovinos Fêmeas de 6 Meses a 12 Meses 1972 Ovinos Machos com mais de 12 Meses 1092 Suínos Fêmeas com mais de 8 meses 3952 Suínos Machos com mais de 8 meses 2858 Vacas Leiteiras 167 Total Geral

37 Na Tabela 5.7Erro! A origem da referência não foi encontrada. mostra-se um resumo dos dados relativos aos efectivos animais apresentados nas tabelas anteriores, agregados por espécie animal e expresso em cabeças normais 1. Salvaguardadas as dificuldades de comparação já referidas anteriormente, conclui-se que os dados disponíveis, ao indicarem uma quase duplicação do efectivo bovino, vão ao encontro da evolução já referida da especialização produtiva destas explorações, marcada pela substituição dos sistemas tradicionais de culturas arvenses, pela produção de bovinos de carne. Tabela Comparação dos efectivos animais de bovinos e de ovinos e caprinos, entre 2001 e 2007, em cabeças normais Espécie animal Variação Bovinos % Ovinos e caprinos % Com base nos dados relativos à ocupação cultural e aos efectivos animais, calculou-se o encabeçamento pecuário em 2007 nestas explorações, expresso em cabeças normais por hectare de superfície forrageira. Para isso utilizou-se o conceito de superfície forrageira considerado no PRODER, na medida relativa às ITI, segundo o qual superfície forrageira é a terra própria ou de baldio que é utilizada directa ou indirectamente para a alimentação do gado, excepto restolhos de culturas 2. Para o cálculo dos encabeçamentos, a superfície forrageira foi ainda acrescida de uma área equivalente a 10% da superfície de culturas arvenses, de acordo com o procedimento já instituído no calculo dos encabeçamentos pecuários da medida cereal-pousio da ITI de Castro Verde (já em vigor), e que se propõe adoptar também na medida de conservação de aves estepárias no âmbito do presente estudo. De notar que as superfícies de referência utilizadas no cálculo dos encabeçamentos tiveram de incluir também as parcelas situadas fora da ITI, uma vez que os dados de base só nos permitem calcular o encabeçamento médio em toda a exploração, e não em cada parcela. Ou seja, admitiu-se que, para a mesma exploração, o encabeçamento médio é o mesmo nas parcelas localizadas dentro e fora da ITI. 1 A conversão em cabeças normais foi feita com base na tabela actualmente em vigor no âmbito do PRODER. 2 Disponível em 37

38 O valor médio obtido para o encabeçamento pecuário destas explorações em 2007 foi de 0,59 CN/ha. No gráfico da Figura 5.5Erro! A origem da referência não foi encontrada. mostra-se a distribuição da superfície forrageira das explorações com gado, segundo o seu encabeçamento. Da sua leitura conclui-se que mais de metade da superfície forrageira tem um encabeçamento pecuário inferior a 0,50 CN/ha e mais de 75% dessa superfície tem encabeçamento inferior a 0,70 CN/ha. As áreas com encabeçamentos superiores a 1,00 CN/ha representam apenas cerca de 9% da superfície forrageira total. 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% < 0,50 0,50-0,70 0,70-1,00 1,00-1,50 1,50-2,00 2,00 Figura Distribuição da superfície forrageira das explorações com gado (em %) segundo o encabeçamento, em

39 Figura Distribuição dos encabeçamentos pecuários nas explorações com gado, em 2007 Na Figura 5.6Erro! A origem da referência não foi encontrada. apresenta-se a distribuição espacial dos encabeçamentos pecuários. Nas explorações com gado (i.e., com valores superiores a 0 CN/ha) os valores foram calculados para a totalidade das parcelas das explorações. Em termos gerais, pode observar-se que existe algum grau de correspondência entre as parcelas com gado e as áreas de pastagens e forragens (Figura 5.3Erro! A origem da referência não foi encontrada.), assim como com as áreas de montado (Figura 5.4Erro! A origem da referência não foi encontrada.) Comparação entre os períodos e Comparando as principais conclusões que se retiraram das análises feitas nas duas secções anteriores, verifica-se que as principais dinâmicas agrícolas que se identificaram para a década de 90 se mantiveram, sem grandes alterações, no período , com destaque para a tendência de conversão dos sistemas cerealíferos extensivos de sequeiro em sistemas de produção pecuária extensiva. 39

40 Existe, no entanto, uma diferença importante que os dados analisados parecem indicar: é que enquanto na década de 90 a conversão foi sobretudo de áreas de arvenses para áreas de pastagens permanentes, a partir de 2001 a conversão deu-se sobretudo no sentido do aumento das áreas de culturas forrageiras temporárias, à custa não só das áreas de arvenses mas também, agora, das áreas de pastagens permanentes. Ou seja, aparentemente a intensificação pecuária registada levou a que as explorações, para poderem assegurar a cobertura das necessidades alimentares dos seus efectivos pecuários crescentes, tiveram de converter parte das suas áreas de pastagens permanentes para sistemas mais produtivos em termos forrageiros. De facto, comparando apenas a evolução dos efectivos bovinos em 1999, 2001 e 2007, é notório o aumento significativo verificado ao longo destes anos (Figura 5.7Erro! A origem da referência não foi encontrada.) Figura Evolução dos efectivos bovinos entre 1999 e 2007, em cabeças naturais (dados RGA 1999 e IFAP) Objectivos de conservação e medidas propostas Seguindo a linha metodológica geral estabelecida para o desenvolvimento do Estudo, a definição dos objectivos de conservação e das medidas a propor baseou-se na informação do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (PSRN) relativa aos valores naturais e orientações de gestão do Sítio e ZPE de MMB, cruzando-a com os resultados da análise das dinâmicas agrícolas e florestais identificadas no ponto anterior. Deste processo resultou a definição de duas medidas principais a propor para esta ITI, sendo uma delas direccionada para as áreas de montado e a outra para as áreas de culturas 40

41 cerealíferas de sequeiro e outras áreas abertas (áreas estepárias). Nos pontos seguintes descrevem-se os processos de concepção de cada uma destas duas medidas A medida de conservação dos montados A informação do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (PSRN) relativa aos valores naturais e orientações de gestão do Sítio e ZPE de MMB constituiu a referência inicial do processo de concepção desta medida. A abordagem seguida integrou as Orientações de Gestão do PSRN em medidas da ITI, ponderando a contribuição potencial dessas orientações para a diminuição das ameaças e para a eficácia da conservação através da acção das explorações agrícolas. Num primeiro momento realizou-se uma leitura crítica da informação relativa aos factores de ameaça explicitados na ficha do Sítio e da ZPE, tendo-se proposto alguns ajustes à definição desses mesmos factores de ameaça. Num segundo momento foram seleccionadas as orientações de gestão susceptíveis de operacionalização através do PRODER, sendo estas orientações avaliadas quanto à sua importância potencial para a diminuição das ameaças. O cruzamento das orientações de gestão com os valores naturais em que interferem permitiu verificar as que se encontram associadas a valores prioritários e escolher um conjunto de orientações relacionadas com a quase totalidade dos valores naturais elencados nas zonas classificadas integradas na ITI. No sentido de obter uma síntese e uma refinação das escolhas, as orientações de gestão mais importantes foram enquadradas pela informação relativa à evolução dos sistemas de produção agrícola e pela informação disponível quanto a elementos das políticas sectoriais de agricultura e conservação susceptíveis de ponderar as orientações quanto à sua representação na ITI. O processo de síntese conduziu à definição um número limitado de objectivos, que permitem abranger com eficácia um conjunto muito grande de valores naturais. Definidos os objectivos, foram identificados e organizados em ficha de ITI as condições de acesso, o compromisso geral, os compromissos específicos e uma primeira estimativa dos níveis de apoio. Esta primeira versão da medida foi apresentada a um painel de agricultores titulares de explorações agrícolas na zona em estudo, relevantes pela sua especialização e dimensão. 41

42 Nesta sessão, com uma metodologia inspirada nos focus group, a equipa do projecto apresentou e explicou a medida, após o que se pediu aos intervenientes para a criticarem, em discussão dentro do painel e com a equipa, visando avaliar da sua viabilidade geral. Os comentários obtidos foram incorporados numa segunda versão da medida. Esta segunda versão foi novamente apresentada, numa segunda sessão, no final da qual foi solicitado aos participantes que preenchessem uma hipotética ficha de candidatura virtual à medida. A avaliação dos resultados destas candidaturas virtuais foi utilizada como fonte de informação complementar para a produção de uma versão final da medida Factores de ameaça e orientações de gestão do PSRN Na Tabela 5.8Erro! A origem da referência não foi encontrada. resumem-se os factores de ameaça à conservação dos valores naturais identificados no Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (PSRN), relativamente ao Sítio e ZPE de MMB. Tabela Factores de ameaça identificados no PSRN para o Sítio e ZPE de Moura-Mourão-Barrancos FAS1 Perda de mosaico agro-silvo-pastoril; degradação e redução das áreas de montado (por expansão/intensificação da agricultura ou florestação e por falta de regeneração natural, o que compromete a perenidade destes povoamentos, corte para lenha, mobilizações excessivas); florestações com pinheiro-manso (geralmente florestação de terras agrícolas); desmatações extensas, não selectivas. FAS2 Intensificação agrícola, nomeadamente por conversão da agricultura de sequeiro em regadio e expansão de culturas agrícolas permanentes (nomeadamente vinha e olival); intensificação do pastoreio, nomeadamente por suínos. FAS3 Perda de qualidade dos cursos de água e áreas adjacentes; extracção de inertes do leito dos rios; captações de água; abertura de caminhos nas margens; poluição dos cursos de água por efluentes pecuários e domésticos; sobreutilização das linhas de água pelo gado (pisoteio e nitrofilização). FAS4 Instalação de vedações e construção de infra-estruturas, responsáveis por fragmentação do habitat de algumas espécies da fauna. FAS5 Aumento da perturbação sobre as espécies, por intensificação geral das actividades humanas, nomeadamente da actividade cinegética; risco de mortalidade associado à actividade cinegética. FAZPE1 Perda e degradação, e fragmentação do habitat pseudo-estepário, por conversão da agricultura de sequeiro em regadio, expansão de culturas agrícolas permanentes (nomeadamente vinha e olival), florestação de terras agrícolas e construção de infraestruturas. 42

43 FAZPE2 FAZPE3 FAZPE4 Perda de área de montado disperso, por intensificação da agricultura ou florestação. Degradação das áreas de montado, por gestão inadequada; ausência de regeneração compromete perenidade destes povoamentos. Degradação da qualidade do habitat ripícola, por intensificação das actividades humanas (extracção de inertes, captação de águas, florestações, abertura de caminhos, actividade cinegética, explorações pecuárias), que se traduzem em aumento da perturbação sobre as espécies e/ou em aumento da poluição aquática. Aumento da perturbação sobre as espécies, por intensificação geral das actividades humanas (incluindo construção de infra-estruturas). Como se verifica, a maior parte dos factores de ameaça considerados são associados à actividade agrícola e florestal. Os factores de ameaça enunciados fazem sentido em abstracto, embora em concreto exista grande heterogeneidade quanto à sua relevância. É notório também que não foram enunciados alguns factores de grande importância como é o caso do risco de incêndio (apesar de existir uma orientação de gestão reduzir o risco de incêndio para estas áreas classificadas, associada a um número significativo de habitats e espécies, como se pode verificar na Tabela 5.11) e os crescentes riscos fitossanitários associados aos povoamentos de quercíneas. Estes dois últimos factores são porventura das mais importantes ameaças para a zona em causa, aparecendo a segunda apenas de forma difusa na menção à degradação do (...) montado por gestão inadequada. Sendo certo que, se uma dada área se encontra em risco de degradação acelerada, a gestão é por definição inadequada, não é menos certo que as causas do declínio das quercíneas são ainda largamente incertas, não existindo também uma doutrina que possa ser adoptada com segurança pelas explorações para atingirem um estado de gestão adequado. Entre as ameaças mencionadas cuja dimensão será provavelmente menos relevantes num futuro próximo encontram-se: A florestação com pinheiro-manso (dada a impossibilidade do seu apoio pelo PRODER, por não se enquadrar nas orientações do PROF); A fragmentação do habitat por construção de vedações, uma vez que, sobretudo na área de montado, as vedações serão provavelmente um dos meios de gestão mais importantes na gestão dos habitat no quadro desta ITI. A organização da informação relativa às orientações de gestão e aos valores naturais que lhe estão associados visa determinar um conjunto reduzido de orientações às quais estejam associadas a totalidade, ou a quase totalidade, dos valores e que possam ser operacionalizadas através da ITI no contexto da dinâmica das explorações existentes e 43

44 sirvam, da forma mais abrangente possível, objectivos de políticas sectoriais conexos com a ITI. No conjunto do Sítio e da ZPE de MMB foram definidas 73 orientações de gestão decorrentes do Plano Sectorial da Rede Natura 2000, sendo 56 relativas ao Sítio e 24 específicas da ZPE (Tabela 5.9Erro! A origem da referência não foi encontrada.). Tabela Orientações de gestão para o Sítio e ZPE de Moura-Mourão- Barrancos OG1 Assegurar mosaico de habitats OG2 Conservar / promover sebes, bosquetes e arbustos ZPE OG3 Condicionar expansão do uso agrícola OG4 Condicionar a intensificação agrícola ZPE OG5 Condicionar mobilização do solo OG6 Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas ZPE OG7 Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas em áreas contíguas ao habitat OG8 Outros condicionamentos específicos a práticas agrícolas em áreas contíguas ao habitat OG9 Adoptar práticas de pastoreio específicas ZPE OG10 Manter práticas de pastoreio extensivo ZPE OG11 Salvaguardar de pastoreio OG12 Conservar / recuperar povoamentos florestais autóctones ZPE OG13 Conservar / recuperar vegetação dos estratos herbáceo e arbustivo OG14 Manter / melhorar ou promover manchas de montado aberto ZPE OG15 Adoptar práticas silvícolas específicas ZPE OG16 Promover a regeneração natural OG17 Condicionar a florestação ZPE OG18 Reduzir risco de incêndio ZPE OG19 Condicionar a construção de infra-estruturas ZPE OG20 Condicionar expansão urbano-turística ZPE OG21 Condicionar construção de açudes em zonas sensíveis OG22 Condicionar construção de barragens em zonas sensíveis ZPE OG23 Assegurar caudal ecológico OG24 Condicionar transvases OG25 Melhorar transposição de barragens /açudes OG26 Reduzir mortalidade acidental OG27 Conservar / recuperar vegetação ribeirinha autóctone OG28 Monitorizar, manter / melhorar qualidade da água ZPE OG29 Condicionar intervenções nas margens e leito de linhas de água ZPE OG30 Condicionar captação de água ZPE OG31 Condicionar drenagem OG32 Regular uso de açudes e charcas ZPE 44

45 OG33 Regular dragagens e extracção de inertes ZPE OG34 Interditar deposições de dragados ou outros aterros OG35 Implementar gestão cinegética compatível com conservação da espécie ZPE OG36 Ordenar acessibilidades ZPE OG37 Ordenar actividades de recreio e lazer ZPE OG38 Ordenar prática de desporto da natureza OG39 Reduzir mortalidade acidental OG40 Incrementar sustentabilidade económica de actividades com interesse para a conservação ZPE OG41 Condicionar o acesso ZPE OG42 Consolidar galerias de minas importantes OG43 Desobstruir a entrada de abrigos OG44 Impedir encerramento de grutas, minas e algares com dispositivos inadequados OG45 Manter as edificações que possam albergar colónias /populações OG46 Criar novos locais de reprodução, conservar/recuperar os existentes OG47 Recuperar zonas húmidas ZPE OG48 Criar pontos de água: charcas e bebedouros artificiais Lynx pardinus (em áreas prioritárias, para a espécie e suas presas) OG49 Efectuar gestão por fogo controlado OG50 Efectuar desmatações selectivas OG51 Estabelecer programa de repovoamento / fomento / reintrodução de presas OG52 Estabelecer programa de repovoamento / reintrodução Anaecypris hispanica; OG53 Controlar efectivos de animais assilvestrados Lynx pardinus (cães e gatos assilvestrados, em áreas prioritárias) OG54 Impedir introdução de espécies não autóctones /controlar existentes OG55 Manter / recuperar habitats contíguos OG56 Promover a cerealicultura OG57 Condicionar o cultivo de lenhosas OG58 Outros condicionamentos às práticas agrícolas OG59 Manter olival tradicional OG60 Proibir a florestação OG61 Promover o matagal mediterrâneo OG62 Reduzir mortalidade acidental associada a linhas de transporte de energia OG63 Regular o tráfego de embarcações e o estabelecimento de zonas de amarração OG64 Condicionar pesca (em determinadas épocas e nos locais de maior sensibilidade à perturbação) OG65 Ordenar / Regulamentar a actividade de observação de espécies da fauna OG66 Preservar os maciços rochosos e habitats rupícolas associados OG67 Controlar a predação e/ou parasitismo e/ou a competição inter-específica OG68 Controlar efectivos de animais assilvestrados OG69 Estabelecer programa de repovoamento / fomento / reintrodução de presas OG70 Promover alimentação artificial OG71 Criar novos locais de reprodução, conservar/recuperar os existentes OG72 Criar pontos de água: charcas e bebedouros artificiais 45

46 OG73 Interditar circulação de viaturas fora dos caminhos estabelecidos A Tabela 5.10Erro! A origem da referência não foi encontrada. mostra as orientações de gestão agrupadas segundo a sua relevância quanto à inclusão em medidas do PRODER. Foram consideradas relevantes 45 orientações de gestão que satisfazem os seguintes critérios: 1) Dizem respeito a acções exequíveis no contexto de uma exploração agrícola em geral e no contexto das acções do PRODER em particular; 2) Não traduzam restrições ou orientações que decorrem directamente de instrumentos de ordenamento do território, ou legislação sectorial. OG1 OG2 OG3 OG4 OG5 OG6 OG7 OG8 OG9 OG10 OG11 OG12 OG13 OG14 OG15 OG16 OG17 OG18 OG19 OG20 OG21 OG22 OG23 OG24 OG25 OG26 Tabela Selecção de Orientações de relevantes para o estudo (orientações irrelevantes a sombreado) Assegurar mosaico de habitats Conservar / promover sebes, bosquetes e arbustos Condicionar expansão do uso agrícola Condicionar a intensificação agrícola Condicionar mobilização do solo Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas em áreas contíguas ao habitat Outros condicionamentos específicos a práticas agrícolas em áreas contíguas ao habitat Adoptar práticas de pastoreio específicas Manter práticas de pastoreio extensivo Salvaguardar de pastoreio Conservar / recuperar povoamentos florestais autóctones Conservar / recuperar vegetação dos estratos herbáceo e arbustivo Manter / melhorar ou promover manchas de montado aberto Adoptar práticas silvícolas específicas Promover a regeneração natural Condicionar a florestação Reduzir risco de incêndio Condicionar a construção de infra-estruturas Condicionar expansão urbano-turística Condicionar construção de açudes em zonas sensíveis Condicionar construção de barragens em zonas sensíveis Assegurar caudal ecológico Condicionar transvases Melhorar transposição de barragens /açudes Reduzir mortalidade acidental 46

47 OG27 OG28 OG29 OG30 OG31 OG32 OG33 OG34 OG35 OG36 OG37 OG38 OG39 OG40 OG41 OG42 OG43 OG44 OG45 OG46 OG47 OG48 OG49 OG50 OG51 OG52 OG53 OG54 OG55 OG56 OG57 OG58 OG59 OG60 OG61 OG62 OG63 OG64 OG65 OG66 Conservar / recuperar vegetação ribeirinha autóctone Monitorizar, manter / melhorar qualidade da água Condicionar intervenções nas margens e leito de linhas de água Condicionar captação de água Condicionar drenagem Regular uso de açudes e charcas Regular dragagens e extracção de inertes Interditar deposições de dragados ou outros aterros Implementar gestão cinegética compatível com conservação da espécie Ordenar acessibilidades Ordenar actividades de recreio e lazer Ordenar prática de desporto da natureza Reduzir mortalidade acidental Incrementar sustentabilidade económica de actividades com interesse para a conservação Condicionar o acesso Consolidar galerias de minas importantes Desobstruir a entrada de abrigos Impedir encerramento de grutas, minas e algares com dispositivos inadequados Manter as edificações que possam albergar colónias /populações Criar novos locais de reprodução, conservar/recuperar os existentes Recuperar zonas húmidas Criar pontos de água: charcas e bebedouros artificiais Lynx pardinus (em áreas prioritárias, para a espécie e suas presas) Efectuar gestão por fogo controlado Efectuar desmatações selectivas Estabelecer programa de repovoamento / fomento / reintrodução de presas Estabelecer programa de repovoamento / reintrodução Anaecypris hispanica; Controlar efectivos de animais assilvestrados Lynx pardinus (cães e gatos assilvestrados, em áreas prioritárias) Impedir introdução de espécies não autóctones /controlar existentes Manter / recuperar habitats contíguos Promover a cerealicultura Condicionar o cultivo de lenhosas Outros condicionamentos às práticas agrícolas Manter olival tradicional Proibir a florestação Promover o matagal mediterrâneo Reduzir mortalidade acidental associada a linhas de transporte de energia Regular o tráfego de embarcações e o estabelecimento de zonas de amarração Condicionar pesca (em determinadas épocas e nos locais de maior sensibilidade à perturbação) Ordenar / Regulamentar a actividade de observação de espécies da fauna Preservar os maciços rochosos e habitats rupícolas associados 47

48 OG67 OG68 OG69 OG70 OG71 OG72 OG73 Controlar a predação e/ou parasitismo e/ou a competição inter-específica Controlar efectivos de animais assilvestrados Estabelecer programa de repovoamento / fomento / reintrodução de presas Promover alimentação artificial Criar novos locais de reprodução, conservar/recuperar os existentes Criar pontos de água: charcas e bebedouros artificiais Interditar circulação de viaturas fora dos caminhos estabelecidos As Orientações de Gestão relevantes foram ordenadas segundo o número total de valores naturais (espécies e habitats) que lhe estão associados como primeira avaliação da importância potencial da orientação de gestão para a concepção de medidas (Tabela 5.11Erro! A origem da referência não foi encontrada.). Tabela Ordenação das orientações de gestão segundo a quantidade de valores naturais a que estão associadas Total Sítio ZPE 1 OG18 Reduzir risco de incêndio OG10 Manter práticas de pastoreio extensivo OG4 Condicionar a intensificação agrícola OG6 Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas OG40 Incrementar sustentabilidade económica de actividades com interesse para a conservação OG29 Condicionar intervenções nas margens e leito de linhas de água OG27 Conservar / recuperar vegetação ribeirinha autóctone OG56 Promover a cerealicultura OG12 Conservar / recuperar povoamentos florestais autóctones OG17 Condicionar a florestação OG15 Adoptar práticas silvícolas específicas OG35 Implementar gestão cinegética compatível com conservação da espécie (Lince-Ibérico) OG58 Outros condicionamentos às práticas agrícolas OG2 Conservar / promover sebes, bosquetes e arbustos OG7 Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas em áreas contíguas ao habitat OG54 Impedir introdução de espécies não autóctones /controlar existentes OG13 Conservar / recuperar vegetação dos estratos herbáceo e arbustivo OG1 Assegurar mosaico de habitats OG9 Adoptar práticas de pastoreio específicas Manter práticas de pastoreio extensivo OG61 Promover o matagal mediterrâneo OG68 Controlar efectivos de animais assilvestrados OG43 Desobstruir a entrada de abrigos OG55 Manter / recuperar habitats contíguos OG69 Estabelecer programa de repovoamento / fomento / reintrodução de presas OG72 Criar pontos de água: charcas e bebedouros artificiais OG32 Regular uso de açudes e charcas OG57 Condicionar o cultivo de lenhosas

49 28 OG14 Manter / melhorar ou promover manchas de montado aberto OG16 Promover a regeneração natural OG47 Recuperar zonas húmidas OG49 Efectuar gestão por fogo controlado OG3 Condicionar expansão do uso agrícola OG5 Condicionar mobilização do solo Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas OG50 Efectuar desmatações selectivas OG70 Promover alimentação artificial OG71 Criar novos locais de reprodução, conservar/recuperar os existentes OG8 Outros condicionamentos específicos a práticas agrícolas em áreas contíguas ao habitat OG11 Salvaguardar de pastoreio OG59 Manter olival tradicional OG45 Manter as edificações que possam albergar colónias /populações OG67 Controlar a predação e/ou parasitismo e/ou a competição interespecífica OG46 Criar novos locais de reprodução, conservar/recuperar os existentes OG48 Criar pontos de água: charcas e bebedouros artificiais Lynx pardinus (em áreas prioritárias, para a espécie e suas presas) OG51 Estabelecer programa de repovoamento / fomento / reintrodução de presas OG53 Controlar efectivos de animais assilvestrados Lynx pardinus (cães e gatos assilvestrados, em áreas prioritárias) Questões sobre as orientações de gestão do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 relevantes para a construção de medidas na ITI O conjunto de orientações de gestão que adiante se analisam com mais detalhe abrange a quase totalidade dos valores naturais do Sítio e da ZPE, sendo que valores com maior raridade ou vulnerabilidade são directamente afectados por mais do que uma destas orientações de gestão e.g., lince-ibérico (5), espécies de morcegos (7), águia-real (5), florestas de azinho (2). Por outro lado, estas orientações de gestão são muito facilmente interpretáveis no contexto das acções incluídas no PRODER, podendo assim constituir o núcleo essencial de orientações para a concepção de medidas eficazes específicas desta ITI. Orientações de gestão relativas à ocupação do solo e sua qualificação: a) Reduzir o risco de incêndio A orientação de gestão de reduzir risco de incêndio está relacionada com uma quantidade muito significativa de valores naturais, o que decorre da própria natureza da ameaça. Ao mesmo tempo esta orientação de gestão está associada com aspectos 49

50 fundamentais da política florestal a defesa da floresta contra incêndios e a organização de produtores. Os fogos florestais são uma ameaça nas zonas mais florestais da ZPE e Sítio de Moura-Mourão-Barrancos e, em concreto, na subzona de Barrancos. Existe uma associação clara entre risco de incêndio e a não utilização do estrato arbustivo e herbáceo do montado pelo gado. A medida do abandono ou alteração da actividade nas explorações com montado antecipa a variação do risco de incêndio e gradua a forma de aplicar a orientação de gestão em análise. Um aumento do encabeçamento de bovinos ou um aumento significativo das populações de cervídeos, por exemplo, diminuem a necessidade de controlo da vegetação arbustiva e diminuição do risco estrutural de incêndio através do corte de vegetação. A manutenção do padrão actual da utilização do espaço pelo gado ou a diminuição da pressão de controlo sobre a vegetação arbustiva, decorrendo por exemplo de acções de gestão de habitat, implicará que as acções de diminuição do risco estrutural de incêndio sejam ajustadas a essa nova situação, através de um reforço do seu planeamento, de forma a que seja possível maior eficácia na diminuição do risco sem perda de eficácia na conservação dos habitats. b) Manter práticas de pastoreio extensivo Relacionada com a orientação reduzir o risco de incêndio encontra-se a orientação manter práticas de pastoreio extensivo, em segundo lugar quanto ao número de valores que lhe estão associados. Importa clarificar para o caso em concreto o conceito de pastoreio extensivo nas suas relações com a conservação dos valores naturais. Será porventura mais adequado falar de exploração pecuária compatível com a conservação dos valores naturais em detrimento de pastoreio extensivo, uma vez que o extensivo no sentido produtivo pode ter impactos com magnitudes semelhantes ou mesmo superiores. No caso concreto dos sistemas e pastoreio em MMB verifica-se que encabeçamentos globais muito baixos podem ter impactos ambientais importantes sobre espécies e habitats, se o confinamento não for adequado. Com sistema de vedações e adequado plano de pastoreio, mesmo com encabeçamentos superiores, não só as pastagens podem ser mantidas sem degradação como é possível proteger espécies e habitats (e.g., manchas de vegetação, habitat ripícola). A pecuária e o pastoreio em particular estão associados a um conjunto de valores naturais (habitats e espécies). O pastoreio pode promover a conservação de valores naturais, nomeadamente quando usado como ferramenta do controlo da vegetação 50

51 mas pode também interferir negativamente, mesmo em densidades baixas, com a conservação de espécies, das quais são exemplos aves que nidificam no chão, pequenos núcleos populacionais de plantas, ou a regeneração natural de sobreiros e azinheiras. Nestes caso podem existir restrições reais à utilização dos espaços para que seja possível manter ou aumentar esses habitats e espécies. No caso particular da montanheira do porco alentejano, poderão existir restrições que se traduzem na exclusão de áreas da exploração, na necessidade de confinamento dos animais ou a utilização de dispositivos como o arganel. O controlo do pastoreio e a sua utilização como ferramenta de gestão do habitat são a interpretação que parece mais adequada da orientação de gestão manter práticas de pastoreio extensivo. c) Conservar / recuperar povoamentos florestais autóctones Esta orientação de gestão está associada aos factores de ameaça do risco de incêndio e fitossanitária e com um conjunto de 16 dos valores naturais identificados. A conservação e recuperação de povoamentos florestais autóctones tenderá a assumir uma importância crescente nos próximos anos, uma vez que é claro da observação da realidade dos povoamentos de quercíneas que o declínio rápido e a morte súbita de indivíduos se mantém sem sinais de abrandamento nos últimos anos com efeitos sensíveis nas explorações. A conservação da floresta autóctone compreende a manutenção dos estratos arbóreo, arbustivo e herbáceo e a manutenção da regeneração natural, mantendo a diversidade e o desenvolvimento próprios de uma formação florestal desenvolvida. Na ausência de doutrina que oriente na prática a luta contra o declínio das quercíneas, para além das boas práticas agrícolas e florestais de aplicação obrigatória, a ITI deve privilegiar a obtenção de informação ao nível da exploração sobre a evolução do estado sanitário das quercíneas e para a aplicação prioritária dos remédios que vierem a ser recomendados para a solução deste problema. A protecção da regeneração natural e a obtenção de informação de carácter fitossanitário são assim duas das concretizações mais importantes desta orientação de gestão. d) Conservar / promover sebes, bosquetes e arbustos A compartimentação arbustiva é um dos instrumentos para qualificar todo o território da área em análise, estando directamente associado a uma grande parte dos valores 51

52 faunísticos com maior raridade e vulnerabilidade. A compartimentação arbustiva / culturas para a fauna são aplicáveis em todo o território da futura ITI, devendo ser consideradas numa medida conjunta. e) Assegurar mosaico de habitats O mosaico de habitat está naturalmente associado a um mosaico de usos e de dimensão das parcelas agrícolas. Em Moura-Mourão-Barrancos existem diferentes tipos de mosaicos à escala das categorias mais agregadas de ocupação do solo. Em particular na subárea de Barrancos, o mosaico paisagístico é dominado pelo montado que ocupa aqui mais de ¾ do território. As terras agrícolas abertas representam apenas 9% do território, a floresta sem usos agrícolas do sobcoberto é praticamente inexistente. As outras superfícies ocupam 15% do território. Assegurar o mosaico de habitats pressupõe considerar a heterogeneidade a escalas maiores, considerando dentro das grandes categorias de ocupação outras tipologias (e.g., montado com áreas abertas, floresta compartimentada, terrenos agrícolas com orlas). Na área em estudo, a orientação de gestão manutenção do mosaico de habitat está associada a um conjunto de espécies de morcegos e ao lince-ibérico. Em particular para o lince-ibérico, um habitat com um mosaico de ocupações onde se incluam matagais e zonas mais abertas é muito importante. O lince-ibérico selecciona habitats de características mediterrânicas, como bosques, matagais e matos densos. A dieta da espécie é baseada no coelho-bravo, o qual poderá apresentar entre 75 a 95% da biomassa do seu espectro alimentar. O seu habitat potencial tem condições adequadas de alimento e água, disponíveis ao longo do ano, vegetação adequada para abrigo/reprodução e tranquilidade. Mais de 50 a 60% do coberto vegetal dos seus territórios é composto por matagal e cerca de 20% por orlas entre pastagens e matagal, formando uma estrutura em mosaico. Nos seus territórios, durante a época de reprodução, a densidade de coelho-bravo é superior a 4,5 indivíduos por hectare. A conectividade entre os diferentes núcleos é fundamental para a dinâmica da espécie. Interpretando a manutenção do mosaico de habitats como a manutenção de um habitat com um mosaico de ocupações do solo, será possível manter no território em estudo grandes superfícies com um mosaico de ocupações: parcelas de grandes dimensões de montado com pastoreio em sobcoberto (aproximadamente 35%) parcialmente ocupadas com matagais em estado incipiente, pequenas ou muito pequenas parcelas com cereais ou culturas para a fauna (aproximadamente 10%), parcelas de grande dimensão com matagais em fases diferentes de desenvolvimento, incluindo matagais desenvolvidos (aproximadamente 30%), manutenção de maciços florestais de floresta autóctone em 52

53 parcelas geralmente pequenas, em bosquete, ou, mais raramente, em parcelas de maior dimensão (aproximadamente 20%), galerias e outros habitats ripícolas. O factor limitante do mosaico parece ser alguma homogeneidade das parcelas de montado com pastoreio, com coberto arbustivo pouco desenvolvido e a raridade das parcelas de cereal e culturas para a fauna. Orientações de gestão relativas ao condicionamento ou reorientação de actividades: a) Condicionar a intensificação agrícola Esta orientação aplica-se a áreas onde ocorrem espécies que, admitindo um uso agrícola, são prejudicados pela sua intensificação. Na área em estudo, o pastoreio de bovinos e suínos é o caso onde a intensificação é mais susceptível de provocar impactos importantes nos valores naturais. A medida deverá reflectir e antecipar este risco. b) Condicionar o uso de agro-químicos Esta orientação de gestão está directamente ligada à expansão de modos de produção diferenciados como a produção integrada ou a agricultura biológica, ou pelo menos às suas componentes associadas à limitação de agro-químicos. Nas condições actuais das explorações agrícolas da região, os objectivos de condicionamento do uso de agroquímicos são incorporáveis no compromisso geral de adesão à ITI. c) Condicionar a florestação Aplica-se a situações em que a florestação é uma ameaça à conservação de espécies e/ou habitats. Contém condicionantes ao tipo de espécies florestais, compassos de plantação, localização e dimensão das manchas a florestar e ainda à conversão de uso do solo para florestação. Inclui igualmente situações em que se considera que os projectos florestais deverão ser sujeitos a parecer mediante apresentação de plano de gestão florestal específico de forma a ponderar impactes sobre o habitat e propor medidas com vista à sua salvaguarda O PROF 3 do Baixo Alentejo Subregião homogénea da Margem Esquerda, condiciona a florestação e as actividades florestais de forma bastante coerente com as orientações de gestão do Plano Sectorial. O PROF tem como objectivo o aumento da área de azinhal, a diminuição da área de eucaliptal e a manutenção da área de todas as outras espécies, estando as normas de intervenção orientadas para os produtos não lenhosos e conservação da biodiversidade, conservação da água e do solo. 3 Plano Regional de Ordenamento Florestal 53

54 d) Implementar gestão cinegética compatível com a conservação da espécie Aplica-se a actividades com impacto sobre a fauna em determinados períodos (época de reprodução) e em determinadas áreas (proximidade de ninhos ou tocas), e também pela diminuição das populações presa com consequente redução na disponibilidade alimentar. Trata-se de uma orientação de gestão relevante quer quanto ao fomento de populações presa como o coelho-bravo, quer quanto à limitação de alguns processos de caça (e.g., caça de batida) que poderão ter impacto negativo, principalmente, na conservação do lince-ibérico. Orientações de gestão relativas ao fomento de actividades: a) Incrementar sustentabilidade económica de actividades com interesse para a conservação Esta orientação de gestão visa valorizar e promover produtos associados a uma exploração sustentável (agricultura, pastorícia, floresta, explorados em regime extensivo, salinas ou arrozais), compatível com a conservação dos valores a proteger. Inclui: certificação de produtos; criação de DOP (denominação de origem protegida); ecoturismo, entre outros. Na área em estudo as actividades com interesse para a conservação com base na produção e em serviços prestados nas explorações agrícolas poderão ser a caça, a pesca, a apicultura ou a recolha de cogumelos e espargos. Existem também um conjunto de serviços de conhecimento e proximidade que podem ser prestados pelas explorações no apoio de actividades de turismo de natureza, mesmo que não sejam os titulares das explorações a vender directamente os serviços de alojamento e actividades. A adequada remuneração dos serviços ambientais propostos nos objectivos das medidas da ITI poderá ser, na prática, a melhor maneira de concretizar esta orientação de gestão Orientações sectoriais relevantes para a definição dos objectivos de conservação da medida Montados O Plano de Acção para a Conservação do Lince-Ibérico em Portugal (PACLIP) 54

55 À data da elaboração do presente Estudo encontrava-se em execução o Plano de Acção para a Conservação do Lince-Ibérico em Portugal (PACLIP). Portugal e Espanha assinaram, em 31 de Agosto de 2007, o Acordo de cooperação entre a República Portuguesa e o Reino de Espanha relativo ao programa de reprodução em cativeiro do lince-ibérico. Foi também assinado em 5 de Novembro de 2007 o Pacto Ibérico pelo Lince: um plano de emergência para a conservação do lince-ibérico. Uma parte substancial do território do Sítio Moura Barrancos é classificada pelo Plano de Acção para a Conservação do Lince-Ibérico em Portugal como área de habitat potencial da espécieerro! A origem da referência não foi encontrada.. Figura Áreas de habitat potencial para o lince-ibérico No que diz respeito às medidas de conservação in-situ relativas à conservação dos habitat e das populações presa, o PACLIP define que são prioritárias as acções que visem: 1. Manter e recuperar áreas de habitat de ocorrência, reprodução e dispersão; 55

56 2. Dentro áreas adequadas ao lince, incrementar a densidade de coelho-bravo para que sejam atingidos quantitativos compatíveis com a sobrevivência e reprodução de lince. Pretende-se que a medida Montados da ITI possa contribuir para a operacionalização do PACLIP no território abrangido. Sugere-se que no âmbito do PACLIP seja criado e adequadamente regulamentado o estatuto de Exploração Aderente ao PACLIP ou, com uma linguagem porventura mais simples, o estatuto de Agricultor Amigo do Lince (AAL). Numa primeira fase serão admissíveis ao estatuto de AAL todas as explorações que cumpram as seguintes condições: 1. Estejam localizadas nas áreas classificadas que contenham áreas de habitat prioritário do lince-ibérico; 2. Incluam ou tenham um Plano de Ordenamento que permita que venham a incluir mais de 80% da superfície da exploração classificada como habitat prioritário; 3. Apresentem ou tenham um Plano de Ordenamento e Gestão que permita que venham a apresentar uma densidade de coelhos superior 2 coelhos/ha. O Plano Regional de Ordenamento Florestal (PROF Baixo Alentejo) No PROF do Baixo Alentejo (Decreto Regulamentar nº 18/2006 de 20 de Outubro), considerando a subregião homogénea da Margem Esquerda, é a seguinte a hierarquia de funções a desempenhar pela floresta: o o o 1ª função: Protecção 2ª função: Silvopastorícia, caça e pesca nas águas interiores 3ª função: Conservação dos habitats, de espécies e de geo-monumentos Os objectivos definidos pelo PROF para esta subregião são os seguintes, sendo que quer as funções quer os objectivos são coerentes com a proposta da medida Montados da ITI: Controlar e mitigar os processos associados à desertificação. Recuperar as áreas em situação de maior risco de erosão. Financiar a arborização e beneficiação do coberto vegetal nas zonas de maior risco com espécies adequadas ao controlo da erosão e ao fomento da pedogénese. Aumentar a actividade associada à caça. 56

57 Desenvolver a prática da pesca nas águas interiores integrada com os objectivos de conservação. Desenvolver a actividade silvopastoril. Adequar a gestão dos espaços florestais às necessidades de conservação dos habitats, de fauna e da flora classificados. Adequar os espaços florestais à crescente procura de actividades de recreio e de espaços com interesse paisagístico. Recuperar os espaços florestais, sobretudo os mais debilitados em termos de fitossanidade, através da arborização com espécies de elevado potencial produtivo. Aumentar o nível de gestão dos recursos apícolas e o conhecimento sobre a actividade apícola e integrar a actividade na cadeia de produção de produtos certificados. Promover a produção de produtos não-lenhosos, nomeadamente os cogumelos, o pinhão, as plantas aromáticas, condimentares e medicinais. Sensibilizar os proprietários para o correcto aproveitamento da biomassa florestal para fins energéticos Objectivos de conservação a atingir através da medida montados Pretende-se que os objectivos da medida tenham as seguintes características: 1. Sejam o mais específicos possível na sua formulação, para que a medida seja susceptível de uma avaliação de eficácia; 2. Abranjam directa ou indirectamente uma fracção importante dos valores naturais incluídos na ITI; 3. Privilegiem valores naturais cuja conservação seja prioritária ou cuja conservação seja coerente com orientações específicas das políticas de desenvolvimento ou conservação da natureza; 4. Sejam facilmente enquadráveis no universo das medidas agro e silvo-ambientais, bem como de investimentos não produtivos potencialmente realizáveis pelas explorações agrícolas. A fundamentação descrita nos parágrafos anteriores sustenta a definição dos objectivos de conservação que a medida Montados da ITI deverá prosseguir: 1. Manter as zonas de habitat potencial do lince-ibérico em mais de 50% do território, das zonas identificadas no PACLIP, mantendo simultaneamente o controlo do risco de incêndio florestal nas áreas sob intervenção. 2. Aumentar a dimensão da população de coelho-bravo. 57

58 3. Manter os habitats 9240, 9330, 9320, 9340 e 6310, no mínimo com a superfície existente na situação inicial de referência e com melhoria na regeneração do seu estrato arbóreo. 4. Conservar os charcos temporários existentes. 5. Conservar as galerias ripícolas existentes A medida de conservação da avifauna estepária A medida para a conservação da avifauna estepária em Moura-Mourão foi definida no quadro mais amplo das diversas ZPE estepárias (e subáreas estepárias de outras ZPE) incluídas na segunda fase de ITI. Além disso, a dimensão e heterogeneidade da ZPE de Moura-Mourão, bem como a disponibilidade de estudos anteriores sobre a avifauna estepária desta ZPE (sobretudo Leitão, D. 2007; e Madeira et al. 2006), aconselhavam, por um lado, e tornavam possível, por outro, a subdivisão espacial da ZPE com vista à concentração do esforço conservacionista nas subáreas da mesma com algum potencial para a conservação e/ou recuperação do habitat estepário. Por razões análogas, procedeu-se do mesmo modo para a ZPE do Vale do Guadiana. Deste modo, no conjunto das ITI incluídas neste estudo, as subáreas estepárias consideradas para efeitos de concepção e aplicação desta medida foram as seguintes: - Monforte (ZPE) - Veiros (ZPE) - Vila Fernando (ZPE) - São Vicente (ZPE) - Torre da Bolsa (ZPE) - Campo Maior (ZPE) - Évora (ZPE) - Reguengos (ZPE) - Ferrarias (parte incluída em Mourão/Moura) - Mourão (incluída em Mourão/Moura) - Airoso-Panascosa (incluída em Mourão/Moura) - Granja (incluída em Mourão/Moura) - Mentiras (incluída em Mourão/Moura) - Santo Amador/Safara (incluída em Mourão/Moura) - Lameiras/Machados (parte incluída em Mourão/Moura) - Cuba (ZPE) 58

59 - Piçarras (ZPE) - Moreanes (incluída no Vale do Guadiana) - Algodor (incluída no Vale do Guadiana) - Álamo (incluída no Vale do Guadiana) - Tacão (incluída no Vale do Guadiana) - Corte da Velha (incluída no Vale do Guadiana) - Namorados (incluída no Vale do Guadiana) - Corte Gafo 1 (incluída no Vale do Guadiana) - Corte Gafo 2 (incluída no Vale do Guadiana) - Vale de Évora (incluída no Vale do Guadiana) - Neves (incluída no Vale do Guadiana) Estas diversas subáreas apresentam notáveis diferenças entre si quanto ao complexo de espécies-alvo presentes em cada uma delas, quanto à importância de cada subárea para as diversas espécies-alvo e quanto aos sistemas agrícolas e suas dinâmicas actuais. A tabela seguinte resume a principal informação disponível sobre a importância de algumas destas subáreas para as diversas espécies-alvo de aves estepárias. A tabela inclui ainda as médias/totais para a ZPE de Castro Verde, utilizados enquanto referências para interpretar a magnitude dos valores estimados para as outras ZPE/subáreas estepárias. Tabela Importância absoluta e relativa da cada subárea estepária para as diversas espécies-alvo Fontes: Silva e Pinto (2006), Pinto et al. (2005), Pinto, M. e P. Rocha (2006), Cardoso et al. (2003); MCOTA e MADRP (2002); Fichas comunicadas à CE no âmbito do processo de designação das ZPE; Plano Sectorial da Rede Natura

60 Para além destas diferenças no que se refere à ocorrência/abundância das diversas espécies-alvo, as diversas subáreas estepárias apresentam também diferenças muito significativas no que se refere aos sistemas de produção agrícola, usos do solo e suas dinâmicas. Por exemplo, Vila Fernando apresenta um mosaico de habitat (cereal, pousio, pastagem) bastante diversificado, responsável por um rico leque de espécies-alvo, enquanto que, em Évora e Campo Maior, o mosaico de habitat está já mais degradado ou fragmentado pela intensificação/regadio em culturas arvenses e/ou permanentes. Noutros casos, predomina a pastagem permanente mas persistem boas condições de habitat, como se pode concluir da densidade de machos reprodutores de sisão, por exemplo, na subárea Mentiras (em Mourão/Moura); a gestão da pastagem, guardando áreas de vegetação alta para o Verão, poderá, aqui, assegurar a desejável heterogeneidade de mosaico. Atendendo a esta diversidade de subáreas, a primeira questão metodológica era a opção entre: 1. Desenhar uma única medida fixa, mais generalista, a ser aplicada em todas as subáreas; 2. Desenhar uma medida mais especializada, diferente para cada subárea, dependendo do elenco de espécies-alvo presentes (ou mais frequentes) em cada uma, bem como do uso do solo predominante e sua dinâmica; 3. Desenhar uma medida de base generalista (nível 1) a ser aplicada em todas as subáreas, complementada com medidas adicionais (nível 2), de adesão voluntária, a prever para umas subáreas mas não outras, a fim de cobrir necessidades de conservação específicas dessas subáreas ou das espécies-alvo que nelas têm maior potencial. Para discutir esta opção, tomar decisões e iniciar o desenho detalhado da medida, uma vez seleccionada a melhor opção, tiveram lugar 3 reuniões conjuntas da equipa e de peritos na conservação de aves estepárias (2 na ERENA + 1 na SPEA). Nestas reuniões, a discussão baseou-se essencialmente no conhecimento de terreno dos peritos sobre as diversas subáreas, bem como na bibliografia acima referida complementada com a informação contida nas fichas de caracterização das espécies-alvo do Plano Sectorial. Como nas restantes medidas propostas neste estudo, na concepção detalhada desta medida, seleccionaram-se apenas as orientações de gestão que podem ser eficazmente prosseguidas no quadro do PRODER. Por isso, não foram previstas medidas específicas para o grou (dormitórios, por exemplo). A discussão teve ainda em conta a discussão prévia sobre Castro Verde incluída em Santos et al. (2006), bem como a medida estepária proposta nesse trabalho. 60

61 Procurou-se, ainda, na medida do possível, manter esta medida o mais próxima possível da actualmente em vigor no âmbito do PRODER (ITI de Castro Verde), para evitar mudanças contínuas no desenho das medidas Agro-ambientais, que prejudicam a sua previsibilidade a prazo (e portanto a sua atractibilidade) para os potenciais aderentes. Das referidas reuniões, resultou um consenso muito significativo relativamente à selecção da opção 3, por três ordens de razões: 1. o principal problema a resolver (a saber, o da preservação de um mosaico de habitat suficientemente diversificado, mas não fragmentado por zonas de uso do solo inadequado em termos de habitat) é comum a todas as subáreas; 2. esta opção permite uma razoável continuidade com a medida já em vigor para Castro Verde, onde o principal problema de conservação é o mesmo; 3. as medidas adicionais de adesão voluntária (nível 2) conferem a esta solução flexibilidade suficiente para complementar a medida de base comum (nível 1) face às particularidades de cada subárea e das espécies que nelas têm maior potencial. O desenho detalhado da medida levou entretanto à descoberta de um novo problema: o facto de, nas subzonas de predomínio de pastagem permanente (ex.: Mentiras, em Mourão/Moura), ser impossível, para a maior parte das explorações agrícolas, aderir a compromissos relativos a mínimos de áreas de cereal para grão e pousio, por impossibilidade de converter pastagens permanentes em terras aráveis (regra de condicionalidade das ajudas directas, incluindo RPU). Nestes casos, a gestão da pastagem para criar um mínimo de heterogeneidade espáciotemporal do mosaico torna-se a questão-chave para a conservação das aves estepárias, pelo que se decidiu criar uma segunda medida de base para as subáreas em que predominam as pastagens permanentes e já não é praticada a rotação cereal-pousio. Em cada subárea, só poderá aplicar-se uma das duas medidas de base (ou a promoção do sistema extensivo de cereal-pousio ou a gestão de pastagem permanente extensiva), complementada, é óbvio, com as medidas adicionais relevantes em cada caso. Para validar a solução seleccionada, bem como os detalhes de definição da medida, e ainda com o objectivo de obter informação técnico-económica para calcular níveis de pagamento por hectare, teve lugar, no dia 26 de Junho de 2008, uma reunião com a Associação de Agricultores do Distrito de Portalegre (AADP), na sede desta mesma associação (em Portalegre). Para a reunião, a AADP convidou agricultores com elevado grau de conhecimento técnico dos sistemas de produção agrícola praticados nas ZPE abrangidas pela sua área social (Vila Fernando, Veiros, São Vicente, Monforte). Estiveram ainda presentes, nesta reunião, o Presidente e a Directora Geral da Associação. A equipa 61

62 recebeu, previamente à reunião, informação recolhida pela AADP relativa ao uso do solo e a projectos de evolução das diversas explorações agrícolas abrangidas por aquelas ZPE. Esta informação foi também objecto de análise na reunião. Constatou-se haver consenso entre os participantes na reunião quanto à solução seleccionada (opção 3), embora se tenham detectado pontos críticos e/ou correcções a introduzir no desenho mais detalhado da medida de base, como por exemplo: a necessidade de reduzir o encabeçamento em toda a exploração, mesmo na parte fora da ZPE (se existente), e o facto de só se poder receber apoios por hectare nas áreas incluídas na ZPE [problema a resolver na fórmula de cálculo do nível de pagamento por hectare, conforme se detalha numa secção posterior deste capítulo]; a necessidade de permitir que a Estrutura Local de Apoio (ELA) possa fixar um mínimo de cereal para grão inferior a 25%, mesmo para níveis de pagamento por hectare elevados, sob pena de a adesão de explorações com algum gado ficar comprometida [a equipa informou que ia estudar o assunto com base nos dados do IFAP sobre a totalidade das explorações das subáreas estepárias de aplicação da medida, caso viesse a dispor dessa informação]; a prática de assinalar os ninhos de tartaranhão e preservar essas áreas quando da ceifa do cereal foi julgada, por alguns agricultores, como de difícil implementação na prática; [concluiu-se, apesar disso, que se os agricultores querem prestar um serviço, e não receber apenas um subsídio, isso deve traduzir-se em critérios de qualidade do serviço prestado, desde que sejam bem pagos pelo mesmo, de modo a que seja possível, por exemplo, recorrer a serviços externos para a tarefa de marcação dos ninhos]; um número excessivo de parcelas de leguminosas para a fauna (não a sua área total) poderá implicar, sobretudo nas maiores explorações, custos de gestão demasiado elevados; [a equipa propôs-se ajustar este compromisso no sentido de permitir que, nas maiores explorações, possa haver menos (mas maiores) parcelas por cada 50 ha de leguminosas para a fauna]. A medida foi ainda avaliada com base na análise da informação IFAP já disponível para Moura-Mourão, nomeadamente no que se refere à estimativa dos custos de adesão a variantes da medida com formatos ligeiramente diferentes (ver secção posterior deste capítulo) As medidas propostas Nos pontos seguintes descrevem-se as medidas propostas ( tipo de aplicação ), após as alterações que resultaram da reunião com a AADP e dos cálculos e análises entretanto 62

63 elaborados com base na informação IFAP sobre Moura-Mourão. Para estes cálculos, recebemos ainda da parte da AADP informação económica adicional por exemplo, preços locais de venda de pastos, restolhos e fenos. Medida de base 1 Promoção do sistema extensivo de cereal-pousio Condições de acesso: 1) declarar a totalidade da área de campo aberto da exploração com densidade de menos de 10 árvores por hectare com exclusão de áreas ocupadas por rotações intensivas de regadio; 2) área de campo aberto elegível igual ou superior a 5 hectares. Compromissos: 1) Manter as condições de acesso, mantendo a área de campo aberta livre de coberto arbustivo em toda a área declarada. 2) Manter a vegetação arbóreo-arbustiva ao longo das linhas de água, sem prejuízo das limpezas e/ou regularizações necessárias ao adequado escoamento e/ou armazenamento; 3) Utilizar apenas os produtos fitofarmacêuticos aconselhados para a Protecção Integrada ou para o Modo de Produção Biológico. 4) Não efectuar queimadas de restolhos. 5) Manter um encabeçamento em pastoreio igual ou inferior a 0,7 CN por hectare de superfície forrageira + 10% da área de cereal de pragana para grão. 6) Praticar uma rotação de culturas ou afolhamento aprovado pela Estrutura Local de Apoio (ELA) 4 que garanta, em cada ano, um mínimo de: a. 20% a 40% da área de campo aberto ocupada com cereal de pragana para grão; b. 10% a 30% da área de campo aberto em pousio; c. 5% a 10% da área de campo aberto com pousio de 2 ou mais anos (condição que não se terá de cumprir nas explorações sem pousio à partida). 7) A ELA estabelecerá, para cada ZPE ou subárea, os valores mínimos a aplicar dentro das gamas acima indicadas. 4 A rotação deve ser uma rotação extensiva de sequeiro, com eventual regadio complementar no ano de cereal de pragana para grão. A área de cereal de pragana só poderá ocupar parcelas com IQFP igual ou inferior a 2. 63

64 8) Em anos agrícolas de excepção, a ELA poderá autorizar o corte para forragem de uma determinada fracção da área de cereal para grão. 9) Respeitar as datas e as técnicas a aplicar na ceifa do cereal para grão, cortes de forragens e mobilização de pousios e restolhos a indicar anualmente pela ELA, tendo em conta as características do ano agrícola e o estado do ciclo anual das espécies de aves alvo. 10) Assinalar os ninhos de tartaranhão-caçador (Circus pygargus) e preservar, quando da ceifa, uma área de 500 m 2 não ceifada centrada no ninho. 11) As mobilizações do solo devem seguir as curvas de nível em parcelas com IQFP > 1; 12) Fazer, no máximo, uma mobilização anual, excluindo lavoura, excepto se autorizado pela ELA. 13) Nas parcelas sujeitas a monda química, deixar faixas não mondadas de largura igual ou inferior a 12 metros, cuja superfície deve ser igual ou superior a 5% da área da parcela. 14) Nas unidades de produção com mais de 50 hectares, semear e acompanhar até ao fim do seu ciclo, efectuando as necessárias práticas culturais, feijão-frade, grão de bico, ervilhaca, chícharo, gramicha, cezirão, tremoço doce ou outras culturas para a fauna bravia, de acordo com as orientações da ELA, respeitando as seguintes especificações: Escalão (ha de área N.º de folhas não contíguas por elegível) cada 50 hectares de área elegível Área por folha (ha) >50 - <= ,5 >100 - <= >200 0,5 1 15) Garantir a existência de um ponto de água acessível em cada 100 hectares, no período seco crítico; 16) Não instalar cercas sem parecer prévio vinculativo da ELA. 17) Não instalar bosquetes, nem sebes arbóreas, nem proceder a qualquer densificação do coberto arbóreo. 64

65 Medidas complementares ou adicionais Gestão de pousios para o sisão Condições de acesso: 1) ser beneficiário da medida de base 1 e declarar anualmente uma área constante de pousio igual ou inferior à declarada para efeitos da medida de base; 2) não sendo beneficiário da mesma, declarar anualmente uma área constante de pousio não inferior a 1 hectare; Compromissos: 1) Na área de pousio declarada para efeitos desta medida, não pastorear, cortar forragem nem mobilizar o solo entre 15 de Março e 30 de Junho. Dependendo das condições agrícolas e ecológicas do ano, a ELA poderá autorizar o pastoreio ou corte de forragem até 31 de Março. 2) No caso dos solos mais produtivos (capacidade de uso A e B), cortar, até 15 de Março, pelo menos 1/3 da área em faixas intercaladas com largura não inferior a 20 metros. Culturas para a fauna bravia Condições de acesso: 1) Não ser beneficiário da medida de base 1 e declarar anualmente uma área constante não inferior a 1 hectare; Compromissos: 1) Semear e acompanhar até ao fim do seu ciclo, efectuando as necessárias práticas culturais, feijão-frade, grão de bico, ervilhaca, chícharo, gramicha, cezirão, tremoço doce ou outras culturas para a fauna bravia, de acordo com as orientações da ELA, em folhas não contíguas de dimensão inferior a 0,5 hectares. Criação ou recuperação de locais de nidificação para peneireiro-das-torres e rolieiro 65

66 Investimento não produtivo financiado a 100% para o qual os beneficiários das medidas de base são elegíveis; Melhoria de habitat para o cortiçol, o alcaravão, calhandrinhas ou chasco-ruivo Pagamento por hectare adicional em áreas com parecer favorável da ELA para o qual os beneficiários da medida de base 1 são elegíveis; Medida de base 2 Gestão de pastagem permanente extensiva Medida alternativa à medida de base 1, nas ZPE/subáreas cuja zona de campo aberto esteja ocupada, em mais de 70%, com pastagens permanentes. Condições de acesso: 1) declarar a totalidade da área de campo aberto da exploração, com densidade de menos de 10 árvores por hectare; 2) SAU mínima de 20 hectares, com mais de 70% em pastagem permanente. Compromissos: 1) Manter as condições de acesso, mantendo a área de pastagem livre de coberto arbustivo. 2) Não pastorear nem realizar cortes de forragem entre 15 de Março e 30 de Junho em 15% da área de pastagem. Dependendo das condições agrícolas e ecológicas do ano, a ELA poderá autorizar o pastoreio ou corte de forragem até 31 de Março. 3) Respeitar as datas e as técnicas a aplicar na ceifa do cereal para grão, cortes de forragens e mobilização de pousios e restolhos a indicar anualmente pela ELA, tendo em conta as características do ano agrícola e o estado do ciclo anual das espécies de aves alvo. 4) Manter a vegetação arbóreo-arbustiva ao longo das linhas de água, sem prejuízo das limpezas e/ou regularizações necessárias ao adequado escoamento e/ou armazenamento; 5) Utilizar apenas os produtos fitofarmacêuticos aconselhados para a Protecção Integrada ou para o modo de produção biológico. 66

67 6) Manter um encabeçamento em pastoreio igual ou inferior a 0,7 CN por hectare de superfície forrageira. 7) Garantir a existência de um ponto de água acessível em cada 100 hectares, no período seco crítico; 8) Não instalar cercas sem parecer prévio vinculativo da ELA. 9) Não instalar bosquetes, nem sebes arbóreas, nem proceder a qualquer densificação do coberto arbóreo sem parecer prévio vinculativo da ELA Identificação das subáreas estepárias de MMB Uma vez que para garantir o impacte da medida sobre a conservação das aves estepária importa que as áreas a conservar estejam integradas num espaço contínuo com uma extensão tão grande quanto possível, procurou-se identificar, dentro da ITI de MMB, quais as áreas com características estepárias onde se justificasse a aplicação concentrada desta medida. Para isso recorreu-se à informação da ocupação cultural actual na ITI para identificar as subáreas estepárias existentes no interior da mesma. Uma vez identificadas estas subáreas, os seus limites foram ajustados com base nos resultados de Madeira et al. (2006). Os resultados obtidos levaram à identificação de 5 subáreas estepárias, totalizando uma área total de cerca de 21 mil hectares (valor total das áreas declaradas em 2007). Na figura seguinte mostra-se a delimitação das subáreas estepárias que foram consideradas. Para além destas, há ainda que incluir a subárea de Airoso-Panascosa, situada na zona de expansão recente do limite da ZPE, mas para a qual não tivemos acesso a dados IFAP. 67

68 Figura Delimitação das subáreas estepárias Das cerca de 1803 explorações agrícolas que, em 2007, declararam áreas dentro da ITI (dados IFAP), 658 delas (36%) tinham também áreas dentro destas subáreas estepárias. Cerca de 44% da totalidade da área destas últimas explorações estava incluída dentro de alguma das subáreas estepárias e quase 2/3 delas tinham mais de metade da sua área total incluída nas subáreas estepárias. Na Figura 5.10Erro! A origem da referência não foi encontrada. mostra-se a distribuição da ocupação cultural nas subáreas estepárias, em Na Tabela 5.13 mostram-se os dados que caracterizam estas subáreas estepárias em termos de ocupação cultural, com base nos dados declarados IFAP para 2001 e

69 Figura Distribuição da ocupação cultural nas subáreas estepárias em 2007 A análise destes dados permite perceber que as 5 subáreas estepárias não são homogéneas entre si no que se refere ao uso actual das áreas agrícolas (2007). Por exemplo, a subárea Mentiras caracteriza-se pelo quase total domínio das pastagens; na subárea Granja, cerca de metade da superfície é ocupada por forragens (51%) e estas em conjunto com as áreas de pastagens representam mais de 80% da área; as subáreas de Ferrarias-Mourão e Moura-Safara caracterizam-se sobretudo pela diversidade do mosaico de ocupação agrícola, com as culturas arvenses a assumirem alguma expressão e com o olival a ocupar perto de 20% da superfície em Moura-Safara; a subárea Machados é a que apresenta maior representatividade das culturas arvenses e dos pousios, que em conjunto ocupam quase 60% da superfície, sendo a restante área quase toda ocupada pelas culturas forrageiras. Os dados da Tabela 5.13Erro! A origem da referência não foi encontrada., lidos conjuntamente com os da Tabela 5.14Erro! A origem da referência não foi encontrada., permitem perceber as alterações que ocorreram na ocupação cultural 69

70 destas subáreas entre 2001 e A principal tendência verificada refere-se ao aumento da área de forragens, que cresceu muito significativamente em todas as subáreas, quer em valores absolutos quer em percentagem. Tabela Ocupação cultural nas subáreas estepárias, em 2001 e 2007 Ferrarias- Granja Machados Mentiras Moura-Safara Mourão CULTURAS ha % ha % ha % ha % ha % 2001 Pastagens , , , , ,8 Olival 348 8,2 90 2,6 0 0,0 8 0, ,1 Arvenses , , , , ,1 Floresta 97 2,3 8 0,2 0 0,0 78 3, ,2 Pousios 292 6, , , , ,6 Forragens 371 8,8 90 2,6 0 0,0 37 1, ,3 Improdutivos 69 1,6 7 0,2 1 0,1 5 0,2 74 0,8 Vinha 21 0,5 23 0,7 0 0,0 0 0,0 0 0,0 Hort. e Indust ,5 0 0,0 75 7,3 0 0, ,0 Leguminosas 14 0,3 1 0,0 0 0,0 0 0,0 5 0,1 Pomares 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 3 0,0 TOTAL Pastagens , ,1 0 0, , ,1 Olival 371 9,0 44 1,2 0 0,0 8 0, ,1 Arvenses , , ,0 0 0, ,8 Floresta 97 2,4 8 0,2 0 0,0 0 0, ,4 Pousios 294 7, , ,9 22 1, ,5 Forragens , , , , ,2 Improdutivos 80 2,0 6 0,2 33 3,1 8 0, ,8 Vinha 73 1,8 39 1,1 0 0,0 0 0,0 15 0,2 Hort. e Indust. 13 0,3 0 0, ,1 0 0, ,5 Leguminosas 0 0,0 1 0,0 22 2,1 0 0,0 35 0,4 Pomares 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 2 0,0 TOTAL Fonte: IFAP, dados declarados O referido aumento do peso das forragens foi feito sobretudo à custa das áreas de pastagens e de culturas arvenses, que registaram descidas significativas em quase todas as subáreas, chegando ao desaparecimento total das áreas de pastagens na subárea de Machados e da área de culturas arvenses na subárea de Mentiras (onde a área de pastagens praticamente não se alterou). Esta evolução estará certamente associada ao aumento dos efectivos pecuários verificado nesta ITI ao longo do período em análise, que obrigou as explorações a mobilizar área de arvenses para as culturas forrageiras e/ou (dependendo das características e 70

71 possibilidades de cada exploração) a intensificar a produção forrageira através da conversão de áreas de pastagens permanentes em áreas de culturas forrageiras temporárias (mais produtivas, em termos forrageiros, por unidade de área, e permitindo melhor a conservação de forragens para os períodos críticos). Tabela Variação da ocupação cultural nas subáreas estepárias, entre 2001 e 2007 Ferrarias- Moura- Granja Machados Mentiras Mourão Safara ha % ha % ha % ha % ha % Pastagens Olival Arvenses Floresta Pousios Forragens (*) Improdutivos Vinha (*) Hort. e Indust Leguminosas (*) Pomares (*) Sem área em Tipologia e caracterização de sistemas de produção agrícola Com vista a estimar a propensão à adesão à medida de conservação da avifauna estepária por parte das explorações incluídas (total ou parcialmente) nas subáreas estepárias, procurou-se estabelecer uma tipologia de explorações, com base na sua dimensão física e nos sistemas de produção praticados. Para isso, foram seleccionadas as explorações que têm 50% ou mais da sua área total dentro das subáreas estepárias, no pressuposto de que a decisão de aderir ou não à medida assume uma maior importância na gestão destas explorações. As explorações assim seleccionadas foram organizadas e agrupadas, primeiro com base num critério de dimensão física (área total declarada, localizada dentro das subáreas estepárias) e depois com base na especialização produtiva, tendo em conta a existência, ou não, de actividade pecuária (sobretudo actividades de pastoreio extensivo) e, finalmente, pela importância das áreas de culturas arvenses e pousios na ocupação cultural das explorações. A tipologia de explorações e respectivos sistemas de produção agrícola assim obtida é a que se mostra na Tabela 5.15Erro! A origem da referência não foi encontrada.. 71

72 Tabela Tipologia de explorações e sistemas de produção agrícola, nas subáreas estepárias Designação Área (*) Especialização produtiva 1. Grandes/Bovinos Especialização bovinos de carne 2. Grandes Gado / Cereal-Pousio > 200 ha Especialização mista gado e culturas arvenses (cereal / pousio) 3. Médias Gado/Intensivas Especialização mista gado e culturas intensivas 4. Médias Bovinos/Extensivas Especialização mista gado e culturas > 50 a extensivas 5. Médias Sem Gado/Forragens 200ha Especialização culturas forrageiras, sem gado 6. Médias Sem Gado/Cereal-Pousio Especialização culturas arvenses, sem gado 7. Pequenas Gado / Cereal-Pousio Especialização mista gado e culturas arvenses (cereal / pousio) Especialização mista gado e culturas 8. Pequenas Gado / Forragens forrageiras > 10 a 50ha Especialização culturas arvenses, sem 9. Pequenas Sem Gado / Cereal-Pousio gado 10. Pequenas Sem Gado / Forragens Especialização culturas forrageiras, sem gado 11. Mt. Peq. Com Gado Especialização pecuária 12. Mt. Peq. Sem Gado / Cereal-Pousio 10ha 13. Mt. Peq. Sem Gado / Forragens (*) Área total declarada, dentro das subáreas estepárias. Especialização culturas arvenses, sem gado Especialização culturas forrageiras, sem gado Na Tabela 5.16Erro! A origem da referência não foi encontrada. descrevem-se as principais características das explorações tipo atrás referidas, em termos da sua representatividade e ocupação cultural, em hectares e em percentagem. Os valores apresentados são as médias dos valores das explorações que deram origem a cada tipo. Da sua leitura retira-se que a exploração tipo que representa um número maior de explorações é a 12. Mt. Peq. Sem Gado / Cereal-Pousio, a qual representa 22,9% das explorações. No entanto, estas correspondem apenas a 1,7% da área total incluída nas subáreas estepárias. Do outro lado estão as explorações do tipo 1. Grandes/Bovinos, que representam quase 29% da superfície agrícola das subáreas estepárias, embora sejam representativas de apenas 2,9% do total de explorações. 72

73 Tabela 5.16 Tipologia de explorações e sistemas de produção agrícola ocupação cultural Tipologia de explorações / Sistemas de produção agrícola % do número total de explorações seleccionadas % da área total elegível das explorações seleccionadas Arvenses Forragens Pousios Pastagens Olival Outras TOTAL 1. Grandes/Bovinos 2,9% 28,7% 2. Grandes Gado / Cereal-Pousio 3. Médias Gado/Intensivas 4. Médias Bovinos/Extensivas 5. Médias Sem Gado/Forragens 6. Médias Sem Gado/Cereal-Pousio 7. Pequenas Gado / Cereal-Pousio 8. Pequenas Gado / Forragens 9. Pequenas Sem Gado / Cereal Pousio 10. Pequenas Sem Gado / Forragens 1,7% 8,8% 4,6% 9,7% 6,3% 14,9% 4,6% 9,3% 5,4% 9,1% 4,2% 2,2% 5,0% 2,7% 21,3% 8,9% 4,6% 2,6% 11. Mt. Peq. Com Gado 7,5% 0,7% 12. Mt. Peq. Sem Gado / Cereais-Pousio 13. Mt. Peq. Sem Gado / Forragens 22,9% 1,7% 9,2% 0,7% ,2% 49,2% 4,5% 35,6% 1,8% 2,8% 100% ,6% 1,8% 14,6% 8,7% 3,6% 7,7% 60,9% ,6% 43,2% 3,0% 27,5% 8,4% 3,3% 100% ,8% 49,0% 6,3% 32,2% 3,9% 2,8% 100% ,6% 6,1% 11,9% 4,4% 0,0% 100% ,9% 11,3% 25,0% 13,2% 4,6% 100% ,3% 17,5% 24,2% 6,9% 10,1% 11,1% 100% 0, ,27 0,31 0,44 0,19 27,16 0,7% 94,8% 1,0% 1,1% 1,6% 0,7% 100% ,8% 2,7% 39,0% 20,7% 10,7% 100% 0, ,1% 60,9% 0% 19,7% 11,1% 7,2% 100% 1 3 0,08 0, ,8% 59,5% 1,5% 4,7% 18,0% 0,5% 100% 1 0, ,4% 1,5% 40,0% 35,9% 1,3% 100% 0,03 2,54 0,18 0,84 0,22 4 0,9% 66,7% 4,7% 21,9% 5,7% 100% A Tabela 5.17Erro! A origem da referência não foi encontrada. descreve os efectivos pecuários e encabeçamentos, para as explorações tipo com gado, podendo ver-se que os bovinos são a espécie pecuária dominante em quase todos os tipos de explorações. Apenas nos tipos 7 e 11 se verifica o domínio dos ovinos e caprinos, ainda que com efectivos relativamente pequenos. Por outro lado, observa-se também uma tendência para o aumento dos encabeçamentos com a diminuição da dimensão da exploração. De facto, os encabeçamentos mais elevados estão nas explorações de menor dimensão e os mais baixos nas explorações de grande dimensão. 73

74 As vacas de leite praticamente não têm expressão e não se encontrou nenhum tipo de exploração que se dedicasse predominantemente à engorda de bovinos. Os suínos e os equinos praticamente não têm expressão significativa, embora os primeiros ainda representem 10% do efectivo pecuário (expresso em cabeças normais) das explorações do tipo 3. Médias Gado/Intensivas. Tabela Tipologia de explorações e sistemas de produção agrícola efectivos pecuários Tipologia de explorações / Sistemas de produção agrícola Bovinos (total) Bovinos de engorda Vacas leiteiras Ovinos e caprinos Suínos Equinos Efectivo total (CN) Encabeçam. (CN/ha) 1. Grandes/Bovinos 93% 3% 0% 7% 0% 0% 291 0,55 2. Grandes Gado / Cereal-Pousio 3. Médias Gado/Intensivas 4. Médias Bovinos/Extensivas 7. Pequenas Gado / Cereal-Pousio 8. Pequenas Gado / Forragens 90% 5% 0% 10% 0% 0% 69 0,33 63% 2% 0% 27% 10% 0% 101 1,15 96% 3% 0% 4% 0% 0% 65 0,49 28% 0% 1,2% 70,7% 0% 0,9% 17 0,76 62% 0,3% 0% 37,5% 0% 0% 17 0, Mt. Peq. Com Gado 11% 2% 0% 89% 0% 0% 14 4, Estimativa dos custos de adesão à medida Com vista a avaliar os custos de adesão à medida de conservação da avifauna estepária nas explorações com parcelas dentro das subáreas estepárias, partiu-se do conjunto de explorações que deram origem à tipologia atrás apresentada, ou seja, as explorações que têm 50% ou mais da sua área dentro das subáreas estepárias. Para cada uma delas foram simulados os ajustamentos que teriam de fazer para se colocarem em condições de cumprir os compromissos da medida, nomeadamente ao nível das actividades agrícolas e pecuárias praticadas. Estas condições foram: cumprir a percentagem mínima de áreas de culturas arvenses e de pousios dentro da área elegível, bem como a condição de encabeçamento pecuário 74

75 máximo (25%, 15% e 0,70 CN/ha, respectivamente para cada uma destas 3 condições, no cenário inicial). Para estes efeitos, considerou-se como área elegível a superfície das explorações incluída nas subáreas estepárias que, na situação inicial (2007), se encontrava ocupada com culturas arvenses, pousios, forragens, leguminosas e pastagens. No que se refere aos ajustamentos ao nível da ocupação cultural, considerou-se que estes seriam efectuados sem alteração das áreas ocupadas na situação inicial com culturas permanentes, culturas intensivas (hortícolas e industriais) ou pastagens permanentes. Na prática, isto correspondeu a impor às explorações que efectuassem os ajustamentos necessários através de trocas entre as áreas de arvenses, pousios e forragens temporárias. O esquema apresentado na Figura 5.11Erro! A origem da referência não foi encontrada. mostra o processo de ajustamento que se considerou para a adesão das explorações à medida. 75

76 Figura Esquema ilustrativo do processo de ajustamento da ocupação cultural admitido para a adesão das explorações à medida conservação da avifauna estepária Os ajustamentos ao nível dos encabeçamentos foram avaliados tendo em conta os impactes que as alterações impostas ao nível da ocupação cultural produzem na capacidade de produção forrageira das explorações, uma vez que muitas delas tiveram de transferir área de forragens para áreas de arvenses e/ou pousios, para cumprirem as condições de adesão. Assim, considerou-se que os encabeçamentos pecuários seriam reduzidos na mesma proporção da diminuição da produção forrageira resultante das alterações na ocupação cultural das explorações. Neste processo não deixou de se ter em conta que muitas destas explorações têm também áreas forrageiras fora das subáreas estepárias, as quais não sofrem nenhuma alteração com a adesão à medida. Ou seja, para duas explorações que tenham de fazer o mesmo ajustamento cultural na área elegível, terá menor redução global nas disponibilidades forrageiras, em termos percentuais, aquela que tiver mais área forrageira fora das subáreas estepárias. 76

77 Exceptuam-se deste processo de ajustamento as explorações que na situação anterior à adesão têm um encabeçamento superior a 0,70 CN/ha (limite máximo nas condições de acesso à medida). Para estas explorações considerou-se que, nos casos em que a redução das disponibilidades forrageiras implicaria uma redução de efectivos que a levaria a um encabeçamento inferior ao limite apresentado, seria esse o encabeçamento final, na situação pós adesão. Nos casos em que essa redução não era suficiente para impor um encabeçamento inferior aos 0,70 CN/ha, então este limite acabava por ser imposto no processo de cálculo. Finalmente, para cada exploração comparou-se o encabeçamento antes e depois da adesão, obtendo-se o valor percentual da variação observada no número de animais da exploração (expresso em cabeças normais). Obteve-se, portanto o número de cabeças normais que a exploração teria de reduzir para poder cumprir a condição de adesão relativa ao encabeçamento pecuário. Uma vez quantificados, em termos físicos, os ajustamentos que as explorações teriam de efectuar (para cumprirem os compromissos da medida) expressos em hectares ganhos ou perdidos de culturas arvenses, pousios e forragens, e em redução de efectivos pecuários, estimou-se a perda de rendimento decorrente desses ajustamentos ( custo de adesão ). Para isso apuraram-se os valores unitários das margens brutas das actividades envolvidas, desagregados nas suas componentes de produto bruto e custos específicos 5. O apuramento destes montantes baseou-se em informações recolhidas no decurso das reuniões tidas com agricultores locais (nomeadamente com representantes da Associação de Agricultores do Distrito de Portalegre), que foram posteriormente confrontadas com outras fontes para confirmação. Com base nestes elementos, apuraram-se os seguintes valores unitários de custo de adesão para as actividades envolvidas, tendo em conta que para muitas destas actividades o custo é diferente para as explorações com e sem gado: Custo para as Custo para as explorações com gado explorações sem gado Unid. Cereais para grão ,5 /ha Forragem /ha Produção animal /CN Pastagem / Pousio 0-25 /ha Restrição de mondas 4,2 4,2 /ha Culturas para a fauna 117,5 117,5 /ha Os pressupostos que explicam os valores apresentados são os seguintes: 5 Margem bruta = Produto bruto Custos específicos 77

78 Cereais para grão: para o cálculo das receitas considerou-se uma produção de 1500kg/ha de grão, com preço de mercado de 0,17 /kg, ou seja, um rendimento bruto de 255 /ha. Nas explorações sem gado considerou-se ainda a venda da palha e dos restolhos, que foram valorizados em 200 /ha e 12,5 /ha, respectivamente. Os custos de produção específicos foram estimados em 550 /ha. Forragens: considerou-se uma produção média de 4500kg/ha de forragem (enfardada), com preço de mercado de 0,10 /kg, ou seja, um rendimento bruto de 450 /ha. Os custos específicos foram avaliados em cerca de 400 /ha, sendo cerca de metade para pagar a operação da enfardadeira e a outra metade para os restantes custos específicos de produção (preparação do terreno, sementeiras, adubações, etc.). Daí que nas explorações com gado se considere que um hectare de forragens produz um resultado negativo de 200 /ha (custo positivo), já que não há venda de forragem, enquanto nas explorações sem gado, onde a forragem é vendida, há lugar a um resultado líquido positivo de 50 /ha (custo negativo). Produção animal: O valor apresentado baseia-se nos resultados económicos da actividade de produção de bovinos de carne extensivo (dominante na área em estudo). Para chegar ao valor apresentado considerou-se que 80% do efectivo das explorações eram vacas aleitantes (1 vaca aleitante = 1CN), que produzem 0,75 vitelos por ano (efeito conjunto admitido para as taxas de fecundidade, fertilidade e mortalidade dos vitelos à nascença) e que o valor de venda de cada vitelo (ao desmame) era de 500 (500 x 0.8 x 0.75 = 300 ). O valor apresentado é, portanto, o custo associado à perda de 1CN do efectivo pecuário global da exploração. Pastagem/pousio: o valor apresentado corresponde ao preço de mercado actual de venda de pastagem (em áreas de pastagem natural ou de pousio). É nulo nas explorações com gado, pois o aproveitamento é feito pelo gado, e tem custo negativo (i.e., margem bruta positiva) nas explorações sem gado, que vendem a pastagem. Restrição de mondas: o valor apresentado corresponde à perda de produção nas culturas arvenses (grão) devida à restrição de mondar, a qual se estima numa perda de 1/3 da produção, nas áreas a proteger de mondas, i.e., em 5% da superfície de culturas arvenses (1500kg/ha x 0,17 /ha x 0,33 x 0,05 = 4,2 /ha). É igual para as explorações com e sem gado. Culturas para a fauna: O valor apresentado é o que se considera normalmente para este tipo de culturas, estimado com base no custo de produção de um hectare de leguminosas, sem incluir os custos com tratamentos fitossanitários nem com a colheita e transporte. Tal como no caso anterior, o valor é também o mesmo para as 78

79 explorações com e sem gado. De acordo com os compromissos da medida, este custo só foi contabilizado nas explorações com área elegível 50ha Níveis de pagamento por hectare e níveis de adesão: curva de oferta de serviços de conservação Tendo por base os ajustamentos quantificados no ponto anterior e os respectivos custos unitários associados, calculou-se, para cada uma das explorações com mais de 50% da área dentro das subáreas estepárias, o custo total de adesão à medida. Este valor foi depois dividido pela área elegível para obter uma estimativa do custo unitário de adesão à medida de conservação da avifauna estepária, para cada uma destas explorações. O valor obtido pode ser visto como o valor mínimo que teria de se pagar por cada hectare de superfície elegível, em cada exploração, para que esta pudesse aceitar aderir à medida, sem perda de rendimento. Traduz, portanto, o valor unitário da ajuda que teria de ser pago em cada exploração para que esta pudesse ter interesse em aderir. Uma vez obtidos estes resultados, ordenaram-se as explorações que reuniam condições para aderir à medida (i.e., que tinham possibilidade de ajustar a ocupação cultural para cumprir as condições de acesso relativas às áreas mínimas de arvenses e pousios e que tinham 5 ou mais hectares de área elegível) por ordem crescente do respectivo custo unitário de adesão e, pela mesma ordem, calculou-se a soma acumulada da área elegível que adere à medida. Desta forma obteve-se uma série de pares de valores que relacionam custos unitários de adesão com a quantidade total de área elegível aderente. Partindo do pressuposto que uma exploração adere quando o valor do pagamento por hectare ultrapassa o do custo unitário, verifica-se que, quanto maior for o montante unitário da ajuda paga por esta medida, maior será a área elegível aderente. Esta relação entre pagamento por hectare e área aderente traduz a curva da oferta de serviços de conservação do habitat das aves estepárias. Uma curva deste tipo permite saber facilmente qual o montante que é necessário pagar para garantir uma adesão de uma determinada percentagem de área estepária. O gráfico da Figura 5.12Erro! A origem da referência não foi encontrada. mostra a curva de oferta que se obteve para a situação em que os compromissos da medida obrigam a um mínimo de 25% de área de culturas arvenses, 15% de pousios e um encabeçamento máximo na exploração de 0,70 CN/ha. 79

80 ,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0% Figura Curva de oferta de serviços de conservação da avifauna estepária (para mín. 25% de arvenses, 15% pousios e máx. 0,70CN/ha) Da leitura do gráfico da Figura 5.12Erro! A origem da referência não foi encontrada. retira-se, por exemplo, que o valor da ajuda a pagar para assegurar a possibilidade de adesão de 50% da área estepária seria de cerca de 165 /ha. O gráfico mostra que existe um número significativo de explorações que podem aderir à medida com custos muito baixos, as quais correspondem às explorações que, na situação actual, já cumprem (ou estão muito perto de cumprir) os compromissos da medida 6. Estas explorações correspondem a cerca de 30% da superfície elegível. A curva tem uma subida acentuada entre os 35% e os 50%, sensivelmente, voltando a estabilizar a partir daí e até perto dos 70%, num patamar situado entre os 150 e os 200 /ha, após o que volta a subir acentuadamente, por via das explorações que teriam custos unitários muitos elevados de adesão à medida. Trata-se essencialmente de explorações de pequena e média 6 No gráfico da Figura 5.12 vê-se que a curva representada tem início em valores de custo negativos. Isto deve-se ao facto de, no ano de referência (2007), algumas explorações, nomeadamente as de pequena dimensão, apresentarem as suas terras em pousio, portanto sem rendimento. Ao simularem-se os ajustamentos que essas explorações teriam de fazer para aderir à medida, obrigou-se a que as mesmas passassem a ter uma percentagem mínima de área em produção de cereais, passando portanto a apresentar rendimento, ou seja, nestas situações o ajustamento provoca um custo negativo. 80

81 dimensão, com encabeçamentos muito altos, para as quais os custos de cumprir as condições de encabeçamento pecuário seriam muito elevados. Tabela 5.18 Correspondência entre os níveis de adesão e os pagamentos por hectare, para diferentes graus de restrição de acesso à medida de conservação da avifauna estepária Restrições na sup. elegível Encabeçamento máximo Mínima de arvenses Mínima de pousios 0,60 0,70 0,80 1, Valor mínimo da ajuda para garantir a adesão de X% da sup. Elegível ( /ha) Máxima da sup. elegível que pode aderir 78, Valor mínimo da ajuda para garantir a adesão de X% da sup. elegível ( /ha) Máxima da sup. elegível que pode aderir 85, Valor mínimo da ajuda para garantir a adesão de X% da sup. elegível ( /ha) Máxima da sup. elegível que pode aderir 88,6 Na Tabela 5.18Erro! A origem da referência não foi encontrada. mostra-se a relação entre os níveis de pagamento por hectare da medida e os correspondentes níveis de adesão (em percentagem da superfície elegível), para diferentes graus de restrição das condições de acesso: percentagens mínimas de culturas arvenses e pousios de 25/15, 81

82 20/10 e 10/5, respectivamente, e encabeçamentos máximos de 0,60 0,70 0,80 e 1,00CN/ha. Da sua leitura conclui-se que, para as situações testadas, as restrições de encabeçamentos máximos têm um impacte menor nos níveis de adesão do que as restrições nas áreas das culturas arvenses e pousios, uma vez que o efeito da alteração da restrição de encabeçamento só se faz sentir a partir de níveis de adesão bastante elevados ( 70%). Exceptua-se a situação em que a restrição nas percentagens mínimas de arvenses e pousios são mais baixas (15 e 5% respectivamente), uma vez que nessa situação o impacte da adesão está mais dependente do ajustamento das actividades pecuárias do que das alterações na ocupação cultural. Por exemplo, na situação em que as restrições de adesão à medida são mais exigentes em termos de superfícies (25% de arvenses e 15% de pousios), o pagamento por hectare necessário para permitir a adesão de 50% da superfície elegível é sempre de 165 /ha, independentemente do grau de restrição nos encabeçamentos. Estes resultados permitem também perceber a relação que existe entre o grau de exigência imposto pelos compromissos da medida e o nível de adesão máximo correspondente. Por exemplo, na situação em que esses compromissos são mais exigentes (25% de arvenses e 15% de pousios), a percentagem máxima de área elegível que pode aderir à medida é de 78,8%, enquanto que na situação contrária (15% de arvenses e 5% de pousios) esse valor sobe para 88,6%. Com estes dados pode ainda, por exemplo, verificar-se que o nível de pagamento que possibilita uma adesão de 60% da área elegível com as condições de adesão nos níveis mais exigentes de 25% - 15% - 0,60 (175 /ha) é próximo daquele que permite 80% de adesão com as restrições a um nível mais baixo, de 20% - 10% - 0,60 (170 /ha). Apesar de oferecer um pagamento unitário mais baixo, a segunda opção poderá ser mais interessante para os objectivos de conservação, pois permite maior adesão em termos de área total de cereais e pousios [por exemplo, no primeiro caso obtém-se 15% da área elegível ocupada com culturas arvenses (= 25% x 60%), enquanto no segundo caso esse valor é de 16% (= 20% x 80%)]. Por outro lado, ao envolver mais área e mais explorações, abre mais possibilidades de adesões às medidas complementares da medida base. Tendo em conta: que os compromissos adoptados na versão da ficha de ITI que se segue são de um mínimo de 20% para a área de cereais, 10% para os pousios e um máximo de 0,7CN/ha, podendo os dois primeiros ser aumentados pela ELA, para cada uma das subzonas, de acordo com uma apreciação das especificidades da mesma, até 40 e 30% respectivamente; 82

83 que existem uma série de compromissos para os quais não foi possível estimar os custos de cumprimento (exemplo: datas limite de corte ou marcação de ninhos); que é necessário considerar os riscos económicos relacionados com o cumprimento dos compromissos (variações futuras de preço, anos de seca, outras oportunidades económicas durante o período de compromisso). Propõe-se que o pagamento por hectare seja de 200, procurando com isto atingir uma taxa de adesão de 70 a 80%, considerada mínima para que a medida seja eficaz no que se refere aos objectivos de conservação prosseguidos. 83

84 5.3 Ficha da ITI Moura-Mourão-Barrancos 1. Enquadramento Regulamentar Artigos: 36º alínea a), iv), vi), alínea b), v), vii); Artigo 39º; Artigo 41º; Artigo 47º; Artigo 49º do Reg. (CE) n.º 1698/2005 Artigo 27º e Artigo 29º do Reg. (CE) n.º 1974/2006 e Anexo II pontos ; ; ; Códigos de medidas no Anexo II do Reg. (CE) n.º 1974/2006: 214, 216, 225, Território Alvo Área do Sítio de Importância Comunitária Moura-Barrancos (PTCON0053) e da Zona de Protecção Especial Moura-Mourão-Barrancos (PTZPE0045). 3. Objectivos 1. Manter as zonas de habitat potencial do lince-ibérico em mais de 50% do território, nas zonas identificadas no PACLIP, mantendo simultaneamente o controlo do risco de incêndio florestal nas áreas sob intervenção. 2. Aumentar a dimensão da população de coelho-bravo. 3. Manter os habitats 9240, 9330, 9320, 9340 e 6310, no mínimo com a superfície existente na situação inicial de referência e com melhoria na regeneração do seu estrato arbóreo. 4. Manter o habitat de pseudo-estepe associado à rotação cereal-pousio e às pastagens permanentes aderentes em 70% da área elegível. 5. Conservar os charcos temporários existentes. 6. Criar zonas de refúgio para o lince-ibérico. 7. Conservar as galerias ripícolas existentes. 4. Fundamentação A ITI Moura, Mourão Barrancos contém dois conjuntos essenciais de problemas de conservação: 1. A gestão do montado e floresta de azinho e sobro para a conservação. 84

85 2. A manutenção das comunidades de avifauna estepária principalmente nos concelhos de Moura e Mourão. O primeiro conjunto de problemas está associado à manutenção e ampliação da área de habitat potencial para o lince-ibérico nos termos do PACLIP, à conservação e melhoria do estado sanitário dos montados e florestas de azinho e sobro, à gestão do risco estrutural de incêndio florestal e à manutenção dos habitat ripícolas. A manutenção e ampliação do habitat do lince-ibérico e a conservação da floresta e do montado potenciam a conservação de um conjunto alargado de valores incluídos no Sítio e na ZPE, O segundo conjunto de problemas está associado à manutenção de um habitat pseudo-estepário com manutenção de rotações cereal-pousio, ou pastagens permanentes geridas para a avifauna, nas diversas subzonas estepárias da ITI. Os objectivos da Intervenção serão atingidos pela agregação dos resultados obtidos por cada uma das explorações aderentes. A candidatura à medida montado incluirá a aprovação pela ELA de um Programa de Gestão da Biodiversidade que georreferencia, quantifica e justifica as medidas que serão aplicadas na exploração, evidenciando a qualidade e a quantidade do contributo da exploração para os objectivos da ITI. Desde que aprovado, o Programa de Gestão da Biodiversidade é elegível enquanto investimento, a financiar a 100% pela Intervenção. A estrutura dos Programas de Gestão da Biodiversidade será padronizada e apresentada em formato digital. Indicam-se abaixo os objectivos da Intervenção e a forma como estes se relacionam com a conservação dos valores incluídos na ITI. 1) Manter as zonas de habitat potencial do lince-ibérico em mais de 50% do território, nas zonas identificadas no PACLIP, com controlo do risco estrutural de incêndio florestal Matos termomediterrânicos pré-desérticos Prados secos seminaturais e fácies arbustivas em substrato calcário (Festuco Brometalia) 6220 Subestepes de gramíneas e anuais da Thero-Brachypodietea 6310 Montados de Quercus spp. de folha perene 9320 Florestas de Olea e Ceratonia 9330 Florestas de Quercus suber 9340 Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia 1362 Lynx pardinus 85

86 1310 Miniopterus schreibersi 1307 Myotis blythii 1324 Myotis myotis 1305 Rhinolophus euryale 1304 Rhinolophus ferrumequinum 1303 Rhinolophus hipposideros 1302 Rhinolophus mehelyi A405 Aquila adalberti A091 Aquila chrysaetos A215 Bubo bubo A080 Circaetus gallicus A399 Elanus caeruleus A093 Hieraaetus fasciatus A092 Hieraaetus pennatus Passeriformes migradores de matos e bosques Pretende-se promover a gestão dos sistemas de exploração agrícola e pecuária de forma adequada à conservação dos habitats e espécies acima indicados com uma estrutura adequada à conservação do lince-ibérico e, simultaneamente, o controlo do risco estrutural de incêndio. As medidas de eficácia deste objectivo são: - a variação da fracção de habitat potencial no total da superfície da ITI. - a adesão de mais de 50% do território da ITI ocupado pelos habitats indicados no objectivo. 2) Aumentar a dimensão da população de coelho-bravo Lynx pardinus A091 Aquila chrysaetos A405 Aquila adalberti A093 Hieraaetus fasciatus A092 Hieraaetus pennatus Pretende-se melhorar o habitat e aumentar as populações de coelho-bravo, visando melhorar o habitat do lince-ibérico e, simultaneamente, todas as espécies troficamente relacionadas com o coelho-bravo, mesmo que não presentes na lista de espécies do Sítio e da ZPE. Este objectivo será atingido através de um conjunto de Investimentos não Produtivos associados à melhoria do habitat e à gestão das populações de coelho-bravo. 86

87 A medida da eficácia será associada à abundância da espécie. 3) Manter os habitats 9240, 9330, 9320, 9340 e 6310 com a dimensão existente Montados de Quercus spp. de folha perene 9240 Carvalhais ibéricos de Quercus faginea e Quercus canariensis 9320 Florestas de Olea e Ceratonia 9330 Florestas de Quercus suber 9340 Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia Os habitats 9240, 9330 e 9340 são formações florestais raras, ameaçadas por problemas fitossanitários e pelo risco de incêndio. Igualmente ameaçado por problemas fitossanitários se encontra o habitat A conservação destes habitats está associada à prática da gestão florestal sustentável, sendo associada, no caso das quercíneas, ao compromisso geral de adesão à ITI. A questão de gestão florestal sustentável a resolver é a do controlo eficaz do risco estrutural de incêndio de modo compatível com a manutenção destes habitats. Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície e estado de conservação destes habitats na área da ITI. 4) Manter o habitat de pseudo-estepe associado à rotação cereal-pousio e às pastagens permanentes aderentes em 70% da área elegível Subestepes de gramíneas e anuais da Thero-Brachypodietea A133 Burhinus oedicnemus A030 Ciconia ciconia A084 Circus pygargus A399 Elanus caeruleus A135 Glareola pratincola A127 Grus grus A242 Melanocorypha calandra A074 Milvus milvus A129 Otis tarda A420 Pterocles orientalis A128 Tetrax tetrax 87

88 Pretende-se promover a manutenção do sistema extensivo de cereal-pousio e a gestão adequada das áreas de pastagem permanente, tendo em conta a importância que têm como habitat de aves associadas a áreas agrícolas abertas (nomeadamente aves estepárias e migradoras). As medidas que contribuirão para este objectivo são as componentes de base 1 e 2 da medida habitat estepário, bem como as medidas complementares a elas associadas. A eficácia será avaliada através da taxa de adesão às componentes de base 1 e 2 e medidas complementares (relativamente à área elegível a cada uma), bem como da evolução das espécies-alvo Tetrax tetrax e Pterocles orientalis (relativamente à tendência geral das mesmas a nível nacional). 5) Conservar os charcos temporários existentes Charcos temporários mediterrânicos Pretende-se conservar os charcos temporários existentes através da limitação do acesso do gado a esses habitats e a uma zona de protecção a eles associada. Este objectivo será atingido através da medida agro-ambiental Manutenção de Charcos temporários e de investimentos não produtivos. A medida da eficácia será associada ao número de charcos temporários com protecção efectiva. 6) Criar zonas de refúgio para o lince-ibérico 1362 Lynx pardinus Pretende-se criar zonas com uso florestal, cinegético ou turístico de muito baixa intensidade melhorando as condições de habitat para o lince-ibérico nos termos em que estas são definidas pelo PACLIP. Estas zonas incluirão zonas de refúgio, onde não ocorrerá actividade de exploração cinegética, a visitação será limitada e a intervenção florestal e pecuária limitar-se-á às culturas com finalidade de melhoria de habitat e a intervenções sobre o arvoredo. As zonas de refúgio não excederão os 15% da superfície total candidatada às ajudas. 88

89 As medidas de eficácia deste objectivo serão a variação da área de habitat potencial com as características indicadas na medida e a variação da fracção da superfície de refúgio de lince-ibérico na superfície total. 7) Conservar as galerias ripícolas 92A0 92D0 Florestas-galerias de Salix alba e Populus alba Galerias e matos ribeirinhos meridionais (Nerio-Tamaricetea e Securinegion tinctoriae) Os habitats 92A0 e 92D0 são formações florestais associadas a um conjunto importante de espécies de fauna e flora. A conservação destes habitats está associada à prática da gestão florestal sustentável. A conservação destes habitats está incluída na medida silvo-ambiental Biodiversidade Florestal Habitat do lince-ibérico e numa medida específica, para as explorações que não adiram à primeira, sendo o investimento necessário previsto como investimento não produtivo. Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície e estado de conservação destes habitats na área da ITI e à variação dos núcleos de Salix salvifolia e Marsilea batardae. 5. Beneficiários Componente agro-ambiental Agricultores que revistam a natureza privada, detentores de uma Unidade de Produção com parcelas agrícolas situadas, no todo ou em parte, na área de incidência da ITI. Componente silvo-ambiental Agricultores, produtores florestais ou proprietários de espaços florestais (no caso em que a área florestal não esteja a ser objecto de exploração) que revistam a natureza privada, detentores de parcelas florestais na área de incidência da ITI. Investimentos não produtivos Beneficiários de pagamentos agro-ambientais ou silvo-ambientais com incidência no território da ITI. 89

90 6. Condicionalidade e Requisitos mínimos Os beneficiários desta acção comprometem-se a respeitar em toda a área da exploração agrícola os requisitos em matéria de condicionalidade de acordo os artigos 4º e 5º e anexos III e IV do Reg. (CE) nº1782/2003, expressos pelos requisitos legais de gestão, e pelas boas condições agrícolas e ambientais. Os beneficiários comprometem-se ainda a respeitar os requisitos mínimos relativos a utilização de adubos e produtos fitofarmacêuticos. 7. Aplicação da componente agro-ambiental e silvo-ambiental em Unidades de Produção e Investimentos Não Produtivos Para aceder a qualquer pagamento agro-ambiental, o beneficiário deverá cumprir as condições gerais de acesso e respeitar os compromissos gerais na totalidade da área agrícola e agro-florestal declarada. Para cada tipo de pagamento agro-ambiental deverão ainda verificar-se as condições de acesso específicas e respeitar-se os compromissos específicos na respectiva área de incidência. Os pagamentos agro-ambientais serão efectuados através de dois tipos de aplicação alternativos, consoante as características predominantes do uso do solo na subárea estepária em causa: Uma aplicação dirigida para as subáreas onde predomine o sistema extensivo de cereal-pousio; Uma aplicação alternativa à anterior, para as subáreas cuja zona de campo aberto esteja ocupada, em mais de 70%, com pastagens permanentes. Cada uma destas aplicações prevê um pagamento de base, para cumprimento dos compromissos específicos do tipo de aplicação (medida de base) em causa, e pagamentos complementares ou adicionais, a activar com base em parecer da ELA, destinados a assegurar diferentes objectivos específicos de conservação. Para aceder a qualquer pagamento silvo-ambiental, o beneficiário deverá cumprir as condições gerais de acesso e respeitar os compromissos gerais na totalidade da área florestal declarada. 90

91 Para cada tipo de pagamento silvo-ambiental deverão ainda verificar-se as condições de acesso específicas e respeitar-se os compromissos específicos na respectiva área de incidência. Dada a natureza das intervenções em causa, na componente investimentos não produtivos não haverá lugar a pagamentos de natureza forfetária. A concessão do apoio está, na componente silvo-ambiental, condicionada à apresentação de um Programa de Gestão da Biodiversidade que, após parecer da ELA, será objecto de análise e decisão pela Autoridade de Gestão, havendo lugar à comprovação de todas as despesas efectuadas e previamente aprovadas. Aplicação da Componente Agro-Ambiental e Silvo-Ambiental em Unidades de Produção da ITI de Moura-Mourão-Barrancos Condições gerais de acesso Declarar toda a superfície agrícola, agro-florestal e florestal da unidade de produção situada na área geográfica de incidência da ITI. Compromissos gerais Manter as condições gerais de acesso; Manter as árvores, os muros de pedra posta e outros elementos patrimoniais importantes para a paisagem e ainda as sebes arbustivas ou arbóreas, de espécies autóctones, entre as parcelas e nas extremas, não tratando com herbicidas; Manter os pontos de água acessíveis à fauna, no período de Verão; Manter a vegetação arbórea e arbustiva ao longo das linhas de água, sem prejuízo das limpezas e regularizações necessárias ao adequado escoamento; Utilizar apenas os produtos fitofarmacêuticos aconselhados para a Protecção Integrada e aconselhados no Modo de Produção Biológico; Garantir a protecção dos núcleos populacionais de morcegos, nomeadamente através da protecção dos seus abrigos, de acordo com as indicações da ELA. Os abrigos de morcegos deverão constar de carta específica a fornecer pelo ICNB, devendo ser compromisso do candidato comunicar à ELA a detecção de novos abrigos. Registar a localização de exemplares de sobreiro e azinheira em mau estado fitossanitário transmitindo essa informação quando solicitado. 91

92 Medidas da Componente Agro-Ambiental Componentes Condições de acesso Compromissos Habitat de aves estepárias: Componente de base 1 Promoção do sistema extensivo de cereal-pousio Estar incluída na área de habitat estepário (subáreas de Ferrarias- Mourão, Airoso- Panascosa, Granja, Machados e Moura- Safara) Declarar a totalidade da área de campo aberto da exploração com densidade de menos de 10 árvores por hectare, com exclusão de áreas ocupadas por rotações intensivas de regadio; Área de campo aberto elegível igual ou superior a 5 hectares 1. Manter as condições de acesso, mantendo a área de campo aberto livre de coberto arbustivo em toda a área declarada. 2. Manter o encabeçamento em pastoreio igual ou inferior a 0,7 CN por hectare de superfície forrageira + 10% da área de cereal de pragana para grão. 3. Praticar uma rotação de culturas ou afolhamento aprovado pela Estrutura Local de Apoio (ELA) 7 que garanta, em cada ano, um mínimo de: o 20% a 50% da área de campo aberto ocupada com cereal de pragana para grão; o 10% a 30% da área de campo aberto em pousio; o 5% a 10% da área de campo aberto com pousio de 2 ou mais anos (condição que não se terá de cumprir à partida nas explorações sem pousio à partida). A ELA estabelecerá, para cada subárea, os valores mínimos a aplicar dentro das gamas acima indicadas. 4. Em anos agrícolas de excepção, a ELA poderá autorizar o corte para forragem de uma determinada fracção da área de cereal para grão. 5. Respeitar as datas e as técnicas a aplicar na ceifa do cereal para grão, cortes de forragens e mobilização de pousios e restolhos a indicar anualmente pela ELA, tendo em conta as características do ano agrícola e o estado do ciclo anual das espécies de aves alvo. 6. Assinalar os ninhos de tartaranhão-caçador (Circus pygargus) e preservar, quando da ceifa, uma área de 500 m2 não ceifada centrada no ninho. 7. As mobilizações do solo devem seguir as curvas de nível em parcelas com IQFP > 1; 8. Fazer, no máximo, uma mobilização anual, excluindo lavoura, excepto se autorizado pela ELA. 9. Nas parcelas sujeitas a monda química, deixar faixas não mondadas de largura igual ou inferior a 12 metros, cuja superfície deve ser igual ou superior a 5% da área da parcela. 10. Nas unidades de produção com mais de 50 hectares, semear e acompanhar até ao fim do seu ciclo, efectuando as necessárias práticas culturais, feijão-frade, grão de bico, ervilhaca, chícharo, gramicha, cezirão, tremoço doce ou outras culturas para a fauna bravia, de acordo com as orientações da ELA, respeitando as seguintes especificações: 92

93 N.º de folhas não Escalão (ha de Área por contíguas por cada 50 área elegível) folha (ha) hectares de área elegível >50 - <= ,5 >100 - <= >200 0, Garantir a existência de um ponto de água acessível em cada 100 hectares, no período seco crítico; 12. Não instalar cercas sem parecer prévio vinculativo da ELA. 13. Não instalar bosquetes, nem sebes arbóreas, nem proceder a qualquer densificação do coberto arbóreo sem parecer prévio vinculativo da ELA. Habitat de aves estepárias: Componente Gestão de pousios para o sisão Ser beneficiário da Componente de Base 1 e declarar anualmente uma área constante de pousio igual ou inferior à declarada para efeitos da medida de base; a área declarada anualmente será sempre igual ou superior a 20% da área de pousio declarada para efeitos da medida de base. Na área de pousio declarada para efeitos desta medida, não pastorear, cortar forragem nem mobilizar o solo entre 15 de Março e 30 de Junho. Dependendo das condições agrícolas e ecológicas do ano, a ELA poderá autorizar o pastoreio ou corte de forragem até 31 de Março. No caso dos solos mais produtivos (capacidade de uso A e B), cortar, até 15 de Março, pelo menos 1/3 da área em faixas intercaladas com largura não inferior a 20 metros. Habitat de aves estepárias: Componente Culturas para a fauna bravia Não sendo beneficiário da Componente de Base 1, a área de pousio a candidatar deverá estar incluída nas subáreas de Ferrarias-Mourão, Airoso-Panascosa, Granja, Machados ou Moura-Safara; declarar anualmente uma área constante de pousio não inferior a 1 hectare. Não ser beneficiário da componente de base 1; a área a candidatar deverá estar incluída na área de habitat estepário (subáreas de Ferrarias-Mourão, Airoso-Panascosa, Granja, Machados e Semear e acompanhar até ao fim do seu ciclo, efectuando as necessárias práticas culturais, feijão-frade, grão de bico, ervilhaca, chícharo, gramicha, cezirão, tremoço doce ou outras culturas para a fauna bravia, de acordo com as orientações da ELA, em folhas não contíguas de dimensão inferior a 0,5 hectares. 93

94 Habitat de aves estepárias: Componente Melhoria de habitat para o cortiçol, o alcaravão, calhandrinhas ou chasco-ruivo Habitat de aves estepárias: Componente de base 2 Gestão de pastagem permanente extensiva Manutenção de Charcos temporários Moura-Safara); deve ser declarada anualmente uma área constante não inferior a 1 hectare. Ser beneficiário da Componente de base 1 Estar incluída na subárea de habitat estepário Mentiras. Declarar a totalidade da área de campo aberto da exploração, com densidade de menos de 10 árvores por hectare. SAU mínima de 20ha, com mais de 70% em pastagem permanente. Cartografar os Charcos Temporários existentes Pagamento por hectare adicional em áreas objecto de mobilização do solo, com vista a criar zonas de solo nu favoráveis às referidas espécies. A medida mantém alguma flexibilidade, com vista a incorporar recomendações da ELA face às características concretas da parcela e das espécies em causa. Depende sempre de parecer favorável da ELA, que deverá atender ao risco de erosão. 1. Manter as condições de acesso, mantendo a área de pastagem livre de coberto arbustivo. 2. Não pastorear nem realizar cortes de forragem entre 15 de Março e 30 de Junho em 20% da área de pastagem permanente. Dependendo das condições agrícolas e ecológicas do ano, a ELA poderá autorizar, nesses 20% da área de pastagem, o pastoreio ou corte de forragem até 31 de Março. A localização da área não pastoreada nem cortada na Primavera atenderá ao seu interesse como local de reprodução da avifauna e deverá, sempre que possível, ser fixa durante o período do compromisso caso em que há que ter particular atenção ao cumprimento do compromisso 1. A área não pastoreada nem cortada na Primavera deverá obrigatoriamente ser pastada ou cortada imediatamente antes de 15 de Março. 3. Respeitar as datas e as técnicas a aplicar na ceifa do cereal para grão, cortes de forragens e mobilização de pousios e restolhos a indicar anualmente pela ELA, tendo em conta as características do ano agrícola e o estado do ciclo anual das espécies de aves alvo. 4. Manter um encabeçamento em pastoreio igual ou inferior a 0,7 CN por hectare de superfície forrageira. 5. Garantir a existência de um ponto de água acessível em cada 100 hectares, no período seco crítico; 6. Não instalar cercas sem parecer prévio vinculativo da ELA. 7. Não instalar bosquetes, nem sebes arbóreas, nem proceder a qualquer densificação do coberto arbóreo sem parecer prévio vinculativo da ELA. Garantir a manutenção dos Charcos Temporários identificados Associar em torno de cada charco temporário uma zona tampão, com largura de 20 metros, sem mobilização do solo nem utilização pelo gado, procedendo-se à vedação da área sempre 94

95 que necessário para o cumprimento do compromisso. Este investimento será elegível em sede de investimentos não produtivos. Medidas da Componente Silvo-Ambiental Biodiversidade florestal Habitat do lince-ibérico Condições de acesso específicas Área não incluída em nenhuma das subzonas elegíveis para a medida estepária. Ter o estatuto de Exploração Aderente do PACLIP, desde que este estatuto exista. Estar incluída em regime cinegético ordenado (zonas de caça, zonas de interdição à caça, áreas de direito à não caça ou áreas de refúgio). Apresentação de um Programa de Gestão da Biodiversidade (PGB). Cartografar no PGB as áreas com: Coberto arbustivo 50%, e Altura média do coberto 1m e Mais de 60 árvores/ha (Quercus rotundifolia e Quercus suber); Incluir no PGB investimentos não produtivos associados ao aumento das populações de coelho ou permitir a realização dessas acções. Compromissos específicos Manter o encabeçamento total da exploração inferior a 0,5CN/ha; Manter todas as zonas com: Coberto arbustivo 50%, e Altura média do coberto 1m e Mais de 60 árvores/ha (Quercus rotundifolia e Quercus suber); Manter o encabeçamento de suínos em montanheira inferior a 0,1CN/ha (considerando a superfície forrageira total). Manter uma fracção entre 20 a 50% da superfície com ocupação de pousios herbáceos, culturas arvenses ou culturas para a fauna, com a dimensão das orlas entre matagais e zonas herbáceas igual a pelo menos 1,5 vezes o perímetro da área candidata. Garantir a não utilização do processo de caça de batida e de montaria a qualquer espécie, durante o período de compromisso, após a eventual realização de operações de reintrodução do lince-ibérico e caso seja essa a indicação da comissão executiva do PACLIP. Permitir a constituição de Áreas de refúgio do lince-ibérico a estabelecer pela ELA, em 10 a 15% da área candidata. Candidatar uma superfície 50ha Os dois compromissos anteriores terão aplicação a partir do momento em que haja reintrodução do lince na zona, no âmbito do PACLIP, e requerem um acordo com a entidade concessionária da zona de caça, porque implicam uma alteração do Plano de Ordenamento e Exploração Cinegética. Cumprir os compromissos indicados na medida Galerias Ripícolas na área elegível a essa medida. 95

96 Condições de acesso específicas Compromissos específicos Cumprir os compromissos da medida Charcos Temporários na área elegível a essa medida. Cumprir os compromissos da medida Renovação dos povoamentos de sobro e azinho na área elegível a essa medida. Renovação dos povoamentos de sobro e azinho Área não incluída em nenhuma das subzonas elegíveis para a medida estepária. Cumprir os compromissos da medida Manutenção de florestas de zambujeiro e alfarrobeira na área elegível a essa medida. Proteger a regeneração na superfície candidata. Manutenção de galerias ripícolas Manutenção de Florestas de Zambujeiro e Alfarrobeira Incluir zonas com regeneração natural de sobro e azinho, cartografadas no PGB Largura mínima de 20 metros no conjunto das duas margens da linha de água e comprimento mínimo de 250 metros, podendo este ser inferior na situação de vales encaixados. Cartografar no PGB os troços a recuperar com indicação das operações a efectuara e seu programa. Área não incluída em nenhuma das subzonas elegíveis para a medida estepária. Povoamentos puros de Olea, puros de Ceratonia siliqua, mistos de Olea, Ceratonia e Quercus Conservar área da galeria, com remoção de exemplares de espécies exóticas; Promover a recuperação das margens da linha de água, com introdução de paliçadas e posterior colonização com vegetação autóctone, limitando o acesso aos troços recuperados com cercas temporárias; Na faixa ocupada pela galeria ripícola, não proceder ao cultivo ou aplicação de herbicidas numa largura mínima de 10 m a partir da linha de água. Conservar a floresta existente. Tipologia e Nível do Apoio Tipo de Ajuda Área elegível Modulação e Nível da Ajuda Habitat de aves estepárias: Componente de base 1 Promoção do sistema extensivo de cereal-pousio Habitat de aves estepárias: Componente Gestão de pousios para o sisão Área de rotação Área de pousio candidatada à componente 200 /ha 200 /ha 96

97 Habitat de aves estepárias: Componente Culturas para a fauna bravia Habitat de aves estepárias: Componente Melhoria de habitat para o cortiçol, o alcaravão, calhandrinhas ou chasco-ruivo Habitat de aves estepárias: Componente de base 2 Gestão de pastagem permanente extensiva Manutenção de Charcos temporários Biodiversidade Florestal - Habitat lince-ibérico Manutenção de florestas de Zambujeiro e Alfarrobeira Renovação dos povoamentos de sobro e azinho Manutenção de galerias ripícolas Área de culturas para a fauna candidatada no âmbito desta componente Área candidatada a esta componente Área de pastagem permanente candidatada a esta componente de base Área dos charcos temporários incluindo zona tampão Compromisso Específico da Medida Área de floresta de Zambujeiro e Alfarrobeira Áreas em regeneração natural protegida Área de galerias ripícolas 150 /ha 100 /ha 50 /ha /ha 61 /ha 0 < Área 5 ha 200 /ha 100 /ha 0 < Área 5ha 200 /ha Área > 5ha 100 /ha Aplicação de Investimentos Não Produtivos em Unidades de Produção Condições de acesso Âmbito Níveis de apoio Investimentos não produtivos associados a pagamentos agro-ambientais Ser beneficiário das medidas agro-ambientais conexas. Substituição e correcção de cercas não adequadas às aves estepárias (subáreas estepárias); 100% das despesas elegíveis Instalações de vedações e cercas eléctricas; Recuperação e construção de pontos de água estratégicos; Manutenção de infra-estruturas de retenção de água. 97

98 Investimentos não produtivos associados a pagamentos silvo-ambientais Apresentação de um Programa de Gestão da Biodiversidade validado pela ELA para efeitos de candidaturas à ITI, Elaboração do Programa de Gestão da Biodiversidade Instalação de culturas para a fauna 100% das despesas elegíveis Os investimentos e respectiva calendarização têm de estar previstos no Programa de Gestão da Biodiversidade; Os projectos a candidatar deverão ter o parecer da ELA. Translocação para aumento da densidade de coelho-bravo Investimentos associados à melhoria do habitat para o coelho-bravo Instalação e/ou recuperação de cercas e/ou de protectores individuais (protecção contra a acção do gado e da fauna selvagem) Adensamentos e/ou substituição das espécies alvo arbóreas ou arbustivas Intervenções silvícolas de carácter extraordinário, tais como acções de erradicação de plantas invasoras lenhosas Redução do risco estrutural de incêndio Galerias ripícolas 98

99 6 ITI MONTADOS DO ALENTEJO 6.1 Áreas classificadas incluídas As áreas classificadas incluídas nesta ITI são (Figura 6.1): Sítio Cabeção (PTCON0029) Sítio Cabrela (PTCON0033) Sítio Monfurado (PTCON0031) Figura Áreas classificadas da ITI Montados do Alentejo 6.2 Concepção e fundamentação da ITI Caracterização agrícola e florestal Caracterização sumária do meio e do sistema agrário Trata-se de áreas de peneplanície ou serra baixa, com altitudes máximas inferiores a 500m e altitudes médias inferiores a 300m. 99

100 Têm uma litologia que varia entre os depósitos de materiais grosseiros não consolidados (areias e cascalheiras), mais recentes, que preenchem as bacias do Tejo e do Sado (dominantes em Cabeção e parte de Cabrela), e os xistos, grauvaques e outras rochas consolidadas do soco antigo (dominantes na Serra de Monfurado e na parte interior de Cabrela). São áreas mais frescas e chuvosas do que a média do Alentejo: as temperaturas anuais médias variam entre 15,5ºC (Cabeção) e 16,8ºC (Cabrela); e as precipitações anuais médias, entre 700mm (Cabeção e Cabrela) e 800mm (Monfurado). A principal característica agrícola e florestal destas áreas é o domínio de formações, mais ou menos densas, de sobreiro e azinheira (predomínio do sobreiro) com utilização do sobcoberto pela exploração pecuária extensiva. Trata-se assim do domínio dos montados. O sobcoberto do montado é aproveitado sobretudo pela exploração de bovinos de carne em pastoreio uma orientação produtiva que se tem vindo a acentuar nas últimas décadas Representatividade Esta ITI inclui 7% da superfície terrestre, 15% da SAU, 2% da superfície florestal estreme e 26% da superfície de montado da rede Natura 2000 em Portugal Continental. Nome Tabela Representatividade na Rede natura 2000 Superfície Total SAU Floresta estreme Montado Cabeção 2,55 5,16 0,67 10,01 Cabrela 2,97 7,17 0,88 11,13 Monfurado 1,26 2,86 0,04 5,17 TOTAL 6,78 15,19 1,59 26,31 Valores em % da superfície total da Rede Natura 2000 Fonte: Santos et al Grandes usos do território A SAU ocupa entre 58% e 69% (Cabeção e Cabrela, respectivamente) da superfície terrestre total de cada uma destas áreas classificadas. Metade a 2/3 (Cabrela e Cabeção, respectivamente) desta SAU isto é, 35% a 39% (Cabrela e Monfurado, respectivamente) da superfície terrestre total correspondem a povoamentos de sobro e 100

101 azinho com aproveitamento agrícola e pastoril do sobcoberto, isto é, a montado, ao qual estão associados muitos dos valores naturais classificados destas áreas. Nome Tabela Grandes usos do território SAU Sob Floresta Total Irrigável coberto de estreme montado Outros usos Total Cabeção 57,6 5,1 37,1 12,0 30,4 100,0 Cabrela 68,8 3,6 35,4 13,4 17,8 100,0 Monfurado 64,9 3,9 38,9 1,6 33,5 100,0 Valores em % da superfície total da área classificada Fonte: Santos et al A floresta estreme (sem aproveitamento do sobcoberto) ocupa apenas 2% (Monfurado) a 13% (Cabrela) da superfície terrestre total. Os restantes 18% (Cabrela) a 34% (Monfurado) da superfície terrestre incluem matagais, como os que ocupam os barrancos e as zonas declivosas de serra, matos baixos, formações herbáceas e áreas sociais Usos da superfície florestal A floresta total (montado + floresta estreme) representa 41% (Monfurado) a 49% (Cabeção) da superfície terrestre total. A superfície florestal com aproveitamento agrícola do sobcoberto, isto é, o montado, representa 73% (Cabrela) a 96% (Monfurado) da superfície florestal total de cada uma das áreas. Tabela Usos da superfície florestal Espécies florestais Total de (em % da floresta total) Nome floresta (em % da superfície total da área) Azinheira Castanheiro Eucalipto Outras folhosas Outras resinosas Outras quercíneas Pinheiro bravo Pinheiro manso Sobreiro Total Cabeção 49,1 7,8 0,0 7,4 1,9 0,0 0,0 1,8 1,5 79,6 100 Cabrela 48,8 34,7 0,0 10,8 0,7 0,0 0,0 1,1 5,2 47,7 100 Monfurado 40,5 16,0 0,0 2,0 0,3 0,0 0,5 0,9 0,0 80,3 100 Fonte: Santos et al

102 Em termos de espécies, predomina o sobreiro, com 48% (Cabrela) a 80% (Monfurado e Cabeção) da superfície florestal total. A azinheira tem um peso bastante significativo em Cabrela (34,7%), mas está bastante menos representada em Monfurado (16%) e Cabeção (8%). Das restantes espécies, apenas o eucalipto (11% em Cabrela, 7% em Cabeção) e o pinheiro-manso (5% em Cabrela) têm algum significado Usos da superfície agrícola utilizada (SAU) As terras aráveis ocupam 37% a 42% da SAU (em Cabrela e Monfurado, respectivamente), os prados e pastagens permanentes, 56% a 63% (em Cabeção e Cabrela, respectivamente), e as culturas permanentes, 2% a 7% (Cabrela e Cabeção, respectivamente). Tabela Usos da SAU Nome Terra arável total SAU irrigável Prados e pastagens permanentes Culturas permanentes Cabeção 40,9 8,9 56,0 7,0 Cabrela 36,8 5,2 62,8 2,0 Monfurado 42,4 6,0 56,1 4,4 MÉDIA 40,0 6,7 58,3 4,5 Valores em % da SAU Fonte: Santos et al Tabela Ocupação cultural Nome Cereais Anuais intensivas* Forragens anuais e prados temporários Outras culturas temporárias Pousios Frutos frescos Frutos secos Vinha Olival Cabeção 8,6 1,4 9,9 0,8 20,5 0,3 0,0 0,4 6,3 Cabrela 8,5 1,3 12,7 0,1 14,2 0,1 0,0 0,1 1,9 Monfurado 6,5 1,0 12,9 0,1 22,0 0,1 0,0 0,4 3,8 MÉDIA 7,9 1,2 11,8 0,3 18,9 0,2 0,0 0,3 4,0 Valores em % da SAU * Inclui horticultura, floricultura, culturas industriais e batata Fonte: Santos et al

103 Nas terras aráveis, é praticada uma agricultura muito extensiva de sequeiro. Os principais usos da terra arável são o pousio (14-22% da SAU), os cereais (7-9% da SAU) e as culturas forrageiras anuais (10-13% da SAU). O olival é a única cultura permanente com alguma expressão (2-6% da SAU). O regadio representa apenas 5% a 9% da SAU Orientação produtiva das explorações agrícolas A pecuária extensiva constitui a orientação produtiva predominante das explorações agrícolas: as explorações especializadas em pecuária extensiva ocupam 51% (Cabeção) a 97% (Monfurado) da SAU. Dentro desta orientação geral, as explorações especializadas em bovinicultura de carne ocupam 3-58% da SAU (Cabeção e Monfurado, respectivamente), as especializadas em ovinicultura, 3-22% (máximo em Cabeção), e as mistas de bovinos de carne e ovinos, 22-26%. Além das explorações especializadas em pecuária extensiva, só as mistas de cereais e pecuária extensiva têm grande expressão, mas apenas em Cabeção (25% da SAU) e em Cabrela (32% da SAU). As especializadas em olivicultura, as mistas de olival e pecuária extensiva, e as especializadas em horticultura e batata têm ainda alguma expressão em Cabeção respectivamente, 6%, 5%, 6% da SAU. Nome Arvenses Tabela Orientação produtiva das explorações agrícolas Arroz Policultura Horticultura e batata Vinha Fruticultura Olival Cult. Perm. mistas Pecuária extensiva Cabeção 0,0 0,0 3,8 5,6 1,1 0,4 6,2 1,1 0,0 3,1 22,4 25,7 51,3 5,1 25,1 0,1 0,2 Cabrela 0,0 0,1 0,0 0,4 0,0 0,1 0,3 0,9 0,0 41,1 2,7 21,9 65,6 0,5 31,8 0,0 0,2 Monfurado 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,9 0,2 0,0 58,1 13,1 26,1 97,3 1,2 0,0 0,0 0,4 MÉDIA 0,0 0,0 1,3 2,0 0,4 0,2 2,5 0,7 0,0 34,1 12,7 24,6 71,4 2,3 19,0 0,0 0,3 Valores em % da SAU Fonte: Santos et al Herbívoros espec. leite Herbívoros especializadas em bovinos Herbívoros especializadas em ovinos e caprinos Herbívoros mistas de bovinos, ovinos e caprinos Total Herb. comb. Cult. Perm. Herb. comb. Cult. Arven. Suínos e aves especializadas Outras Resumidamente, temos uma especialização mais completa da SAU em bovinos de carne em Monfurado (a área mais chuvosa e de maior altitude). Em Cabrela e Cabeção, a 103

104 combinação pecuária extensiva e cereais mantém alguma importância e, em Cabeção (onde as explorações de pequena dimensão têm maior peso), verifica-se ainda uma importância significativa da orientação ovinos e, embora menor, algum peso das orientações olivicultura, horticultura e batata Intensidade dos usos agrícolas O índice de intensidade económica da terra é muito baixo: a margem bruta por hectare de SAU é de apenas 16% a 24% da média comunitária (máximo em Monfurado). O carácter extensivo da produção agrícola e pecuária nestas áreas reflecte-se ainda num baixíssimo nível de emprego: entre 1 e 2 UTA/100ha de SAU. Tabela Intensidade dos usos agrícolas Índice de Nome intensidade UTA/ha SAU económica da terra Cabeção 0,19 0,02 Cabrela 0,16 0,01 Monfurado 0,24 0,02 MÉDIA 0,20 0,02 Fonte: Santos et al Dinâmica e sustentabilidade económica do uso agrícola Dinâmica da SAU e intensificação versus extensificação dos usos agrícolas Na década de 90, registou-se, nestas áreas, um acréscimo de 4-13% da superfície utilizada pela agricultura e pelo pastoreio (SAU). Em Monfurado e Cabrela, foram as componentes mais intensivas da SAU (sobretudo culturas forrageiras anuais) que aumentaram (25-27%), em parte à custa da redução dos pousios e pastagens permanentes. Em Cabeção, as componentes da SAU de uso mais intensivo diminuíram 19%, pelo que o aumento da SAU foi totalmente devido ao aumento das áreas de pousio e pastagem permanente (o que pode estar relacionado com o peso maior dos ovinos nesta área). 104

105 Tabela Dinâmica do uso agrícola e sua sustentabilidade futura Evolução da SAU na década de 90 em % Sustentabilidade económica dos usos agrícolas da SAU inicial Nome SAU sem Percentagem da SAU Percentagem da SAU em pousios e SAU total com MBT/UTA superior a explorações de média ou pastagens 75% da média da UE 15 grande dimensão económica permanentes Cabeção 12,6-18,8 43,2 79,6 Cabrela 3,9 27,0 52,8 84,6 Monfurado 9,2 24,5 50,5 87,1 MÉDIA 8,6 10,9 48,8 83,8 Fonte: Santos et al Nome Tabela Dinâmica do uso agrícola e sua sustentabilidade futura (continuação) SAU média por exploração (ha) Variação do número de explorações na década de 90 (em % do número inicial) Ajustamento estrutural Acréscimo da SAU média por exploração na década de 90 (em % do valor inicial) Variação das UTA empregues na agricultura na década de 90 (em % do valor inicial) Número de pequenas e muito pequenas explorações (em % do número total de explorações) Percentagem da SAU em pequenas e muito pequenas explorações Cabeção 57,7-27,3 55,0-28,1 88,7 20,4 Cabrela 161,3-24,7 37,9-42,3 66,9 15,4 Monfurado 104,3-27,8 51,2-41,1 72,5 12,9 MÉDIA 107,8-26,6 48,0-37,2 76,0 16,2 Fonte: Santos et al Conclui-se assim, ter havido, na década de 90, uma dinâmica de expansão da SAU, com intensificação em Monfurado e Cabrela, e, pelo contrário, com extensificação em Cabeção. Dimensão das explorações agrícolas e ajustamento estrutural Em 1999, a área de SAU média por exploração era de 58 hectares em Cabeção; 104 hectares em Monfurado; e 161 hectares em Cabrela. Apesar de as pequenas e muito pequenas explorações representarem 67-89% do número de explorações (máximo em Cabeção), elas apenas incluíam 13-20% da SAU (máximo em Cabeção). Assim, 80-87% da SAU (Cabeção e Monfurado, respectivamente) estavam incluídos em explorações de média ou grande dimensão económica. 105

106 Nas 3 áreas, houve um significativo declínio no número de explorações, durante a década de 90 (redução entre 25 e 28% do número inicial de explorações), o que permitiu um aumento entre 38 e 55% da área de SAU média por exploração (máximo em Cabeção) um ajustamento estrutural muito rápido. Em 1999, 43-53% da SAU (Cabeção e Cabrela, respectivamente) geravam um rendimento do trabalho agrícola igual ou superior a 75% da média comunitária, o que reflectia a sustentabilidade económica de parte significativa da SAU. Assim, o ajustamento estrutural das explorações agrícolas parece ter prosseguido, nestas áreas classificadas, a um ritmo capaz de manter a sustentabilidade económica de uma parte significativa da SAU. Dinâmica da orientação produtiva das explorações agrícolas Na década de 90, a alteração da orientação produtiva das explorações agrícolas das 3 áreas deu-se exactamente no mesmo sentido: o da expansão dos sistemas de produção agrícola especializados na produção pecuária extensiva (bovinos e/ou ovinos) à custa do declínio dos especializados em diversas produções vegetais cereais, horticultura extensiva, fruticultura e olivicultura, bem como policulturas diversas e dos sistemas de produção mistos que combinam os cereais ou as culturas permanentes com a pecuária extensiva. Dentro da pecuária extensiva, existiu uma diferença entre: Monfurado e Cabrela, por um lado, em que a expansão da pecuária extensiva assentou na especialização em bovinos de carne (que ganhou cerca de 20% da SAU numa década), com diminuição dos sistemas de produção mistos de bovinos e ovinos, e Cabeção, por outro, em que a expansão da pecuária extensiva se baseou mais nos sistemas de produção mistos com bovinos e ovinos, e mesmo nos especializados em ovinos. Prováveis efeitos da reforma da PAC A reforma da PAC de 2003 e os seus efeitos encontram-se entre os principais factores que poderão ter acelerado ou, pelo contrário, invertido as tendências de mudança da década de 90. No que se refere aos efeitos desta reforma, a natureza das actividades agrícolas regionais permite-nos concluir que, pelo facto de as ajudas aos bovinos de carne terem 106

107 permanecido (por enquanto) ligadas ao número de animais efectivamente detidos pelo produtor (ao contrário das ajudas no sector das produções vegetais e nos ovinos, que foram desligadas da produção), a dinâmica dos usos agrícolas que se tinha vindo a afirmar na década de 90 terá sido pouco afectada pelo desligamento das ajudas directas. O desligamento terá apenas tido alguma incidência naquelas explorações em que a pecuária extensiva de ovinos, o olival ou os cereais tivessem ainda um peso económico significativo. Estas explorações terão sido induzidas pela reforma no sentido da especialização em bovinos de carne, sempre que existissem condições estruturais para isso (capacidade de investimento, mão de obra e existência de cercas e outras infraestruturas de apoio ao maneio do gado). No mesmo sentido, a disponibilidade de direitos adicionais a prémio às vacas aleitantes, no contexto da mesma reforma da PAC, criou um incentivo para o aumento dos encabeçamentos bovinos, para a intensificação forrageira (culturas forrageiras anuais e melhoria de pastagens permanentes) a fim de suportar os encabeçamentos bovinos adicionais, e também para a substituição de ovinos por bovinos no caso das explorações ainda mistas. Todas estas tendências foram confirmadas nas reuniões de trabalho com os agricultores destas áreas. Os efectivos bovinos das 3 áreas classificadas incluídas nesta ITI encontram-se hoje próximos ou mesmo acima do máximo sustentável, mesmo considerando apenas os recursos solo e pastagem. Isto fica particularmente claro nos anos de seca, em que a despesa com alimentos comprados no exterior atinge níveis economicamente insustentáveis o que foi amplamente confirmado nas reuniões com os agricultores destas áreas. Além disso, a dimensão do efectivo bovino actual destas áreas, as cargas de pastoreio, os níveis de intensificação forrageira e, sobretudo, a ocupação por pastoreio de todas as superfícies disponíveis constituem, como veremos abaixo, as principais ameaças à biodiversidade do montado e à sua própria sobrevivência (por ausência de regeneração natural do arvoredo). 107

108 6.2.2 Compilação da informação disponível no Plano Sectorial relativamente aos valores naturais, principais factores de ameaça e orientações de gestão relacionadas com a actividade agrícola e florestal Factores de Ameaça Nas tabelas seguintes enumeram-se os factores de ameaça identificados nas fichas dos Sítios Monfurado (Tabela 6.10), Cabrela (Tabela 6.11) e Cabeção (Tabela 6.12). Tabela Factores de ameaça indicados na ficha do Sítio Monfurado (PSRN) FAS1 Intensificação agrícola, nomeadamente por conversão da agricultura de sequeiro em regadio; intensificação do pastoreio, nomeadamente por ovinos. FAS2 Intensificação do pastoreio, FAS3 Degradação de troços dos cursos de água devido à utilização agrícola das suas margens, pisoteio por gado e poluição da água (por agro-pecuárias intensivas) FAS4 Intervenções nos cursos de água (regularizações, cortes de vegetação, represamentos) FAS5 Florestação com exóticas FAS6 Incêndios florestais. FAS7 Construção e ampliação de vias rodoviárias Tabela Factores de ameaça indicados na ficha do Sítio Cabrela (PSRN) FAS1 Degradação de troços de ribeiras devido a utilização agrícola das margens, pisoteio por gado, poluição orgânica e despejo de lixos. FAS2 Intervenções nos cursos de água (regularizações, corte de vegetação, represamentos). FAS3 Florestação em áreas inadequadas, como encostas mais declivosas das principais ribeiras. FAS4 Intensificação agrícola. FAS5 Pressão cinegética e furtivismo. FAS6 Expansão urbano turística. Tabela Factores de ameaça indicados na ficha do Sítio Cabeção (PSRN) FAS1 Degradação dos montados, por gestão inadequada: recurso a maquinaria pesada com a consequente compactação do solo; lavouras muito intensas que favorecem a erosão e lavouras muito próximo do tronco das árvores que são prejudiciais ao sobreiro e azinheira; cultura cerealífera intensiva no sobcoberto e as lavouras muito frequentes que impedem o aparecimento do habitat 6220 e 108

109 constrangem a capacidade de regeneração natural; podas excessivas e descortiçamentos exagerados; sobre-pastoreio, sobretudo por gado bovino (que leva a degradação do sobcoberto). FAS2 Substituição dos montados por plantações de eucalipto ou por pequenos regadios. FAS3 No meio aquático, alguns dos factores que mais influenciam o aumento da poluição estão relacionados com utilização intensiva de adubos e pesticidas, explorações pecuárias com deficiente tratamento de efluentes. Alteração do leito de linhas de água e mobilização de linhas de escorrência. Corte de salgueirais e freixiais. FAS4 Pressão turística, nomeadamente expansão urbana e infra-estruturação associada, resultante das condições proporcionadas pelas barragens de Montargil e Maranhão. Os factores de ameaça de intensificação das actividades agrícolas e pecuárias estão essencialmente associados à bovinicultura, que constitui um factor depressor da regeneração natural do arvoredo e do coberto arbustivo. Não é mencionado o crescente risco fitossanitário associado aos povoamentos de quercíneas. O aumento da florestação com exóticas não está previsto em nenhuma subregião do PROF do Alentejo Central, pelo que formalmente este factor de ameaça perdeu importância. O factor de ameaça degradação do montado por gestão inadequada (...) atribui ao uso de maquinaria pesada com a consequente compactação do solo, às lavouras muito intensas muito próximo do tronco das árvores, à cultura cerealífera intensiva no sobcoberto, às podas excessivas e descortiçamentos exagerados e ao sobre-pastoreio, sobretudo por gado bovino, as causas dessa mesma degradação. Muito provavelmente algumas das causas mencionadas estarão a actuar na degradação do montado e, sendo certo que se uma dada área se encontra em risco de degradação acelerada, a gestão é por definição inadequada, não é menos certo que as causas do declínio das quercíneas são ainda largamente pouco conhecidas, não existindo também uma doutrina que possa ser com segurança adoptada pelas explorações para atingirem um estado de gestão seguramente adequado. 109

110 Orientações de gestão No conjunto dos Sítios de Monfurado, Cabrela e Cabeção, existem 38 orientações de gestão decorrentes do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 com relevância agro-florestal no âmbito da concepção da ITI. Relevância agro-florestal significa que: Dizem respeito a acções exequíveis no contexto de uma exploração agrícola em geral e no contexto das acções do PRODER em particular; Não traduzem restrições ou orientações que decorrem directamente de instrumentos de ordenamento do território, ou legislação sectorial. As Orientações de Gestão relevantes foram ordenadas segundo o número total de valores naturais (espécies e habitats), fornecendo uma medida genérica da importância potencial da orientação de gestão para a concepção de medidas (Tabela 6.13). O conjunto de orientações de gestão mais detalhadamente analisadas abaixo, abrangem a quase totalidade dos valores naturais dos Sítios e das ZPE, sendo que valores com maior raridade ou vulnerabilidade são directamente afectados por mais do que uma orientação destas orientações de gestão, por exemplo: as espécies de morcegos estão relacionadas com 11 a 13 orientações, o lince-ibérico com 14, o rato de Cabrera com 13 e as florestas de sobreiro e azinheira com 9. Tabela Orientações de Gestão indicadas nas fichas dos Sítios Monfurado, Cabrela e Cabeção Cod. Orientações de Gestão Total OG18 Reduzir risco de incêndio 22 OG27 Conservar / recuperar vegetação ribeirinha autóctone 16 OG29 Condicionar intervenções nas margens e leito de linhas de água 14 OG10 Manter práticas de pastoreio extensivo 13 OG54 Impedir introdução de espécies não autóctones /controlar existentes 13 OG13 Conservar / recuperar vegetação dos estratos herbáceo e arbustivo 12 OG1 Assegurar mosaico de habitats 11 OG2 Conservar / promover sebes, bosquetes e arbustos 11 OG4 Condicionar a intensificação agrícola 11 OG6 Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas 10 OG7 Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas em áreas contíguas ao habitat OG9 Adoptar práticas de pastoreio específicas 10 OG12 Conservar / recuperar povoamentos florestais autóctones 10 OG15 Adoptar práticas silvícolas específicas

111 OG55 Manter / recuperar habitats contíguos 9 OG16 Promover a regeneração natural 7 OG17 Condicionar a florestação 7 OG40 Incrementar sustentabilidade económica de actividades com interesse para a conservação 7 OG61 Promover o matagal mediterrâneo 7 OG43 Desobstruir a entrada de abrigos 6 OG14 Manter / melhorar ou promover manchas de montado aberto 5 OG3 Condicionar expansão do uso agrícola 4 OG5 Condicionar mobilização do solo 4 OG8 Outros condicionamentos específicos a práticas agrícolas em áreas contíguas ao habitat 4 OG11 Salvaguardar de pastoreio 4 OG49 Efectuar gestão por fogo controlado 4 OG50 Efectuar desmatações selectivas 4 OG45 Manter as edificações que possam albergar colónias /populações 2 OG58 Outros condicionamentos às práticas agrícolas 2 OG74 Condicionar queimadas 2 OG75 Manter árvores mortas ou árvores velhas com cavidades 2 OG35 Implementar gestão cinegética compatível com conservação da espécie 1 OG47 Recuperar zonas húmidas 1 OG51 Estabelecer programa de repovoamento / fomento / reintrodução de presas 1 OG67 Controlar a predação e/ou parasitismo e/ou a competição interespecífica 1 OG68 Controlar efectivos de animais assilvestrados 1 OG76 Promover a manutenção de prados húmidos 1 OG77 Assegurar a manutenção de usos agrícolas extensivos Objectivos da ITI e lógica da intervenção Na ITI Monfurado, Cabrela e Cabeção a conservação dos montados e florestas de sobro e azinho fornece a matriz para a conservação dos valores naturais dos Sítios nela incluídos. Nos últimos anos, a dinâmica da política e das explorações agrícolas no território da ITI, conduziu a um aumento do encabeçamento de bovinos, que se consubstancia 111

112 actualmente num factor de ameaça à conservação dos montados e florestas de sobreiro e azinheira. Outros habitats e valores, como os charcos temporários mediterrânicos e algumas espécies de plantas, são também afectados por este factor de ameaça. Esta ameaça parece consubstanciar-se já, por exemplo, no estado sanitário dos povoamentos de sobreiro e azinheira. Os objectivos da Intervenção serão atingidos pela agregação dos resultados obtidos por cada uma das explorações. Assim, a candidatura incluirá a aprovação pela ELA de um Programa de Gestão da Biodiversidade que georreferencia, quantifica e justifica as medidas que serão aplicadas na exploração, evidenciando a qualidade e a quantidade do contributo da exploração para os objectivos da ITI. Uma vez aprovado, o Programa de Gestão da Biodiversidade está incluído na lista de investimentos não produtivos contemplados na Intervenção. Indicam-se abaixo os objectivos da Intervenção e a forma como estes se relacionam com a conservação dos valores dos Sítios incluídos na ITI. 1) Aumento da renovação dos povoamentos de sobro e azinho 6310 Montados de Quercus spp. de folha perene 9330 Florestas de Quercus suber 9340 Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia Pretende-se promover a gestão dos sistemas de exploração agrícola e pecuária de forma adequada à conservação dos habitats 6310; 9330 e 9340 e das comunidades que lhes estão associadas. No caso concreto das áreas englobadas na ITI isso implica que seja fomentada a renovação da componente arbórea desses sistemas. Os indicadores de eficácia deste objectivo são: Superfície com regeneração natural de sobreiro e azinheira ocorrente em áreas sem regeneração na situação inicial; Superfície com regeneração natural de sobreiro e azinheira mantida em áreas com regeneração na situação inicial. Este objectivo será atingido através da medida agro-ambiental Restrição de Pastoreio e das medidas silvo-ambientais Renovação dos povoamentos de sobro e azinho, Beneficiação de floresta autóctone e do conjunto de investimentos não produtivos. 112

113 2) Aumento da dimensão das manchas de Quercus faginea (carvalho-cerquinho) e Quercus pyrenaica (carvalho-negral) Carvalhais galaico-portugueses de Quercus robur e Quercus pyrenaica 9240 Carvalhais ibéricos de Quercus faginea e Quercus canariensis Pretende-se promover a gestão dos sistemas de exploração agrícola e pecuária de forma adequada à conservação dos habitats 9230 e 9240 e das comunidades que lhe estão associadas. No caso concreto das áreas englobadas na ITI isso implica que sejam conservadas as manchas onde esses povoamentos ocorrem actualmente, acrescidas da superfície necessária para o seu alargamento por regeneração natural ou plantação. A medida de eficácia deste objectivo é a superfície com povoamentos de Quercus faginea (carvalho-cerquinho) e Quercus pyrenaica (carvalho-negral), incluindo a superfície com regeneração natural. Este objectivo será atingido através da medida agro-ambiental Restrição de Pastoreio, da medida silvo-ambiental Beneficiação de Floresta Autóctone e de Investimentos não Produtivos. 3) Aumento do número e/ou dimensão dos núcleos populacionais de plantas incluídas na lista de valores dos Sítios abrangidos pela ITI 1851 Hyacinthoides vicentina 1434 Salix salvifolia spp. Australis 1669 Myosotis lusitanica 1777 Santolina impressa 1573 Euphorbia transtagana 1593 Halimium verticillatum 1788 Leuzea longifolia 1644 Armeria rouyana 1888 Festuca duriotagana Pretende-se promover o aumento do número e/ou dimensão dos núcleos de vegetação que incluam as espécies indicadas atrás. Este objectivo será atingido através das medidas agro-ambientais Restrição de Pastoreio e Manutenção de núcleos de vegetação, das medidas silvo-ambientais Beneficiação de Floresta Autóctone e Manutenção de galerias ripícolas, e de Investimentos Não Produtivos. As medidas de eficácia deste objectivo são: 113

114 Variação do número dos núcleos de vegetação identificados na situação inicial; Variação da área dos núcleos de vegetação 4) Diversidade do coberto herbáceo 1338 Microtus cabrerae Pretende-se promover a diversificação do coberto herbáceo através da manutenção de zonas cuja estrutura e composição corresponda às necessidades de habitat do rato de Cabrera, contribuindo ainda para a melhoria do habitat de outras espécies ocorrentes na zona. Este objectivo será atingido através das medidas agro-ambientais Restrição de Pastoreio e Manutenção de núcleos de vegetação, das medidas silvo-ambientais Beneficiação de Floresta Autóctone e Manutenção de galerias ripícolas, e de Investimentos não Produtivos. As medidas de eficácia deste objectivo são: Diversidade alfa, beta e gama do coberto herbáceo. Área ocupada com coberto herbáceo favorável ao rato de Cabrera. 5) Diversidade do coberto arbustivo 1362 Lynx pardinus 1310 Miniopterus schreibersi 1324 Myotis myotis 1305 Rhinolophus euryale 1304 Rhinolophus ferrumequinum 1303 Rhinolophus hipposideros 1302 Rhinolophus mehelyi 1308 Barbastella barbastellus 1323 Myotis bechsteinii 9330 Florestas de Quercus suber 9340 Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia Pretende-se promover o aumento e diversificação do coberto arbustivo através das medidas agro-ambientais Restrição de Pastoreio e Manutenção de núcleos de vegetação, das medidas silvo-ambientais Beneficiação de Floresta Autóctone e Manutenção de galerias ripícolas, e de investimentos não produtivos. 114

115 As medidas de eficácia deste objectivo são: Diversidade alfa, beta e gama do coberto arbustivo; Área ocupada por povoamentos florestais com mais de 50% de coberto arbustivo com mais de 1m de altura; Área ocupada pelos habitats 9330 e ) Conservar os charcos temporários existentes Charcos temporários mediterrânicos Pretende-se conservar os charcos temporários existentes através da limitação do acesso do gado a esses habitats e a uma zona de protecção a eles associada. Este objectivo será atingido através da medida agro-ambiental Manutenção de Charcos temporários e de investimentos não produtivos. A medida de eficácia deste objectivo é: Número de charcos temporários com protecção efectiva 7) Aumentar a dimensão da população de coelho-bravo 1362 Lynx pardinus Pretende-se melhorar o habitat e aumentar as populações de coelho-bravo, visando melhorar o habitat do lince-ibérico e, simultaneamente, todas as espécies troficamente relacionadas com o coelho-bravo, mesmo que não presentes na lista de espécies dos Sítios incluídos na ITI. Este objectivo será atingido através de um conjunto de investimentos não produtivos associados à melhoria do habitat e à gestão das populações de coelho-bravo. As medidas de eficácia deste objectivo são: Medidas de abundância da espécie 8) Conservar as galerias ripícolas 91B0 Freixiais termófilos de Fraxinus angustifolia Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior (Alno-Padion, Alnion 91E0 incanae, Salicion albae) 115

116 Pretende-se manter ou beneficiar as galerias ripícolas existentes através de uma medida silvo-ambiental e investimentos não produtivos especificamente vocacionados para servir este objectivo. A medida de eficácia deste objectivo é: Comprimento de linhas de água com galeria ripícola mantida ou com estrutura melhorada, incluindo controlo de espécies invasoras. 116

117 6.3 Ficha da ITI Montados do Alentejo 1. Enquadramento Regulamentar Artigos: 36º alínea a), iv), vi), alínea b), v), vii); Artigo 39º; Artigo 41º; Artigo 47º; Artigo 49º do Reg. (CE) n.º 1698/2005 Artigo 27º e Artigo 29º do Reg. (CE) n.º 1974/2006 e Anexo II pontos ; ; ; Códigos de medidas no Anexo II do Reg. (CE) n.º 1974/2006: 214, 216, 225, Território Alvo Áreas dos Sítios de Importância Comunitária Monfurado (PTCON0031), Cabrela (PTCON0033) e Cabeção (PTCON0029). 3. Objectivos 1. Aumento da renovação dos povoamentos de sobro e azinho. 2. Aumento da dimensão das manchas de Quercus faginea (carvalho-cerquinho) e Quercus pyrenaica (carvalho-negral). 3. Aumento do número e dimensão dos núcleos populacionais de plantas incluídas na lista dos valores dos Sítios abrangidos pela ITI. 4. Aumento da diversidade e heterogeneidade estrutural do coberto herbáceo, proporcionando desta forma condições de habitat para um conjunto alargado de espécies, com especial referência para o rato de Cabrera (Microtus cabrera). 5. Manutenção do sobcoberto arbustivo em pelo menos 20% dos povoamentos florestais, incluindo preferencialmente matos com mais de 25 anos, contribuindo para a diversificação dos habitats florestais à escala da paisagem e proporcionando condições adequadas para espécies sensíveis como o lince-ibérico (Lynx pardinus). 6. Conservar os charcos temporários existentes. 7. Aumentar a dimensão da população de coelho-bravo. 8. Conservar as galerias ripícolas. 117

118 4. Fundamentação da Intervenção Na ITI Montados do Alentejo, a conservação dos montados e florestas de sobro e azinho fornece a matriz para a conservação dos valores naturais dos Sítios nela incluídos. Nos últimos anos, a dinâmica da política agrícola comum e das explorações agrícolas no território desta ITI conduziu a um aumento do encabeçamento de bovinos, que se consubstancia actualmente num factor de ameaça à conservação dos montados e florestas de sobreiro e azinheira. Outros habitats e valores como os charcos temporários mediterrânicos e algumas espécies de plantas são também afectados por este factor de ameaça. Esta ameaça parece reflectir-se já, por exemplo, no estado sanitário dos povoamentos de sobreiro e azinheira. Os objectivos da Intervenção serão atingidos pela agregação dos resultados obtidos por cada uma das explorações. Assim, a candidatura incluirá a aprovação pela ELA de um Programa de Gestão da Biodiversidade, que georreferencia, quantifica e justifica as medidas que serão aplicadas na exploração, evidenciando a qualidade e a quantidade do contributo da exploração para os objectivos da ITI. A elaboração do Programa de Gestão da Biodiversidade, desde que aprovado, está incluída na lista de investimentos não produtivos contemplados na Intervenção. A estrutura dos Programas de Gestão da Biodiversidade será padronizada e apresentada em formato digital. Indicam-se abaixo os objectivos da intervenção e a forma como estes se relacionam com a conservação dos valores dos Sítios incluídos na ITI. 1) Aumento da renovação dos povoamentos de sobro e azinho 6310 Montados de Quercus spp. de folha perene 9330 Florestas de Quercus suber 9340 Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia Pretende-se promover a gestão dos sistemas de exploração agrícola e pecuária de forma adequada à conservação dos habitats 6310; 9330 e 9340 e das comunidades que lhes estão associadas. No caso concreto das áreas englobadas na ITI, isso implica que seja fomentada a renovação da componente arbórea desses sistemas. As medidas de eficácia deste objectivo são: 118

119 Superfície com regeneração natural de sobreiro e azinheira ocorrente em áreas sem regeneração na situação inicial; Superfície com regeneração natural de sobreiro e azinheira mantida em áreas com regeneração na situação inicial. Este objectivo será atingido através da medida agro-ambiental Restrição de Pastoreio e das medidas silvo-ambientais Renovação dos povoamentos de sobro e azinho, Beneficiação de floresta autóctone e do conjunto de investimentos não produtivos. 2) Aumento da dimensão das manchas de Quercus faginea (carvalho-cerquinho) e Quercus pyrenaica (carvalho-negral) Carvalhais galaico-portugueses de Quercus robur e Quercus pyrenaica 9240 Carvalhais ibéricos de Quercus faginea e Quercus canariensis Pretende-se promover a gestão dos sistemas de exploração agrícola e pecuária de forma adequada à conservação dos habitats 9230 e 9240 e das comunidades que lhe estão associadas. No caso concreto das áreas englobadas na ITI, isso implica que sejam conservadas as manchas onde esses povoamentos ocorrem actualmente acrescidas da superfície necessária para o seu alargamento por regeneração natural ou plantação. As medidas de eficácia deste objectivo são: Superfície com povoamentos de Quercus faginea (carvalho-cerquinho) e Quercus pyrenaica (carvalho-negral), incluindo a superfície com regeneração natural; Este objectivo será atingido através das medidas agro-ambientais Restrição de Pastoreio e Manutenção de Pastagens, das medidas silvo-ambientais Beneficiação de bosquetes e do conjunto de investimentos não produtivos. 3) Aumento do número e dimensão dos núcleos populacionais de plantas incluídas lista valores dos Sítios abrangidos pela ITI 1851 Hyacinthoides vicentina 1434 Salix salvifolia ssp. Australis 1669 Myosotis lusitanica 1777 Santolina impressa 1573 Euphorbia transtagana 1593 Halimium verticillatum 1788 Leuzea longifolia 1644 Armeria rouyana 119

120 1888 Festuca duriotagana Pretende-se promover a dimensão dos núcleos de vegetação que incluam as espécies acima indicadas. Este objectivo será atingido através das medidas agro-ambientais Restrição de Pastoreio, Manutenção de núcleos de vegetação, das medidas silvoambientais Beneficiação de bosquetes e Manutenção de galerias ripícolas e do conjunto de investimentos não produtivos. As medidas de eficácia deste objectivo são: Variação do número dos núcleos de vegetação identificados na situação inicial; Variação da área dos núcleos de vegetação. 4) Diversidade do coberto herbáceo 1338 Microtus cabrerae Pretende-se promover a diversificação do coberto herbáceo através da manutenção de zonas cuja estrutura e composição corresponda às necessidades de habitat do rato de Cabrera, contribuindo ainda para a melhoria do habitat de outras espécies ocorrentes na zona. Este objectivo será atingido através das medidas agro-ambientais Restrição de Pastoreio, das medidas silvo-ambientais Beneficiação de bosquetes e Manutenção de galerias ripícolas e de investimentos não produtivos. As medidas de eficácia deste objectivo são: Diversidade alfa, beta e gama do coberto herbáceo; Área ocupada com coberto herbáceo favorável ao rato de Cabrera. 5) Diversidade do coberto arbustivo 1362 Lynx pardinus 1310 Miniopterus schreibersi 1324 Myotis myotis 1305 Rhinolophus euryale 1304 Rhinolophus ferrumequinum 1303 Rhinolophus hipposideros 1302 Rhinolophus mehelyi 1308 Barbastella barbastellus 1323 Myotis bechsteinii 9330 Florestas de Quercus suber 120

121 9340 Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia Pretende-se promover o aumento e diversificação do coberto arbustivo através das medidas agro-ambientais Restrição de Pastoreio, das medidas silvo-ambientais Beneficiação de bosquetes e Manutenção de galerias ripícolas e do conjunto de investimentos não produtivos As medidas de eficácia deste objectivo são: Diversidade alfa, beta e gama do coberto arbustivo; Área ocupada por povoamentos florestais com mais de 50% de coberto arbustivo com mais de 1m de altura; Área ocupada pelos habitats 9330 e ) Conservar os charcos temporários existentes Charcos temporários mediterrânicos Pretende-se conservar os charcos temporários existentes através da limitação do acesso do gado a esses habitats e a uma zona de protecção a eles associada. Este objectivo será atingido através da medida agro-ambiental Manutenção de Charcos temporários e de investimentos não produtivos. A medida de eficácia deste objectivo será avaliada pelo número de charcos temporários com protecção efectiva. 7) Aumentar a dimensão da população de coelho-bravo Lynx pardinus Pretende-se melhorar o habitat e aumentar as populações de coelho-bravo, visando melhorar o habitat do lince-ibérico e, simultaneamente, todas as espécies troficamente relacionadas com o coelho-bravo, mesmo que não presentes na lista de espécies dos Sítios incluídos na ITI. Este objectivo será atingido através de um conjunto de Investimentos não Produtivos associados à melhoria do habitat e à gestão das populações de coelho-bravo. A medida de eficácia constará de uma medida de abundância da espécie. 121

122 8) Conservar as galerias ripícolas 91B0 Freixiais termófilos de Fraxinus angustifolia Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior (Alno-Padion, Alnion 91E0 incanae, Salicion albae) Pretende-se manter ou beneficiar as galerias ripícolas existentes através de uma medida silvo-ambiental e investimentos não produtivos especificamente vocacionados para servir este objectivo. O indicador de eficácia deste objectivo é o comprimento de linhas de água com galeria ripícola mantida ou com estrutura melhorada, incluindo controlo de espécies invasoras. 5. Beneficiários Componente agro-ambiental Agricultores que revistam a natureza privada, detentores de uma Unidade de Produção com parcelas agrícolas situadas, no todo ou em parte, na área de incidência da ITI. Componente silvo-ambiental Agricultores, produtores florestais ou proprietários de espaços florestais (no caso em que a área florestal não esteja a ser objecto de exploração) que revistam a natureza privada, detentores de parcelas florestais na área de incidência da ITI. Investimentos não produtivos Beneficiários de pagamentos agro-ambientais e/ou silvo-ambientais com incidência no território da ITI. 6. Condicionalidade e Requisitos mínimos Os beneficiários desta acção comprometem-se a respeitar em toda a área da exploração agrícola os requisitos em matéria de condicionalidade de acordo os artigos 4º e 5º e anexos III e IV do Reg.(CE) nº1782/2003, expressos pelos requisitos legais de gestão, e pelas boas condições agrícolas e ambientais. Os beneficiários comprometem-se ainda a respeitar os requisitos mínimos relativos a utilização de adubos e produtos fitofarmacêuticos. 122

123 7. Aplicação da Componente Agro-Ambiental e Silvo-Ambiental em Unidades de Produção e Investimentos Não Produtivos Para aceder a qualquer pagamento agro-ambiental, o beneficiário deverá cumprir as condições gerais de acesso e respeitar os compromissos gerais na totalidade da área agrícola e agro-florestal declarada. Para cada tipo de pagamento agro-ambiental deverão ainda verificar-se as condições de acesso específicas e respeitar-se os compromissos específicos na respectiva área de incidência. Para aceder a qualquer pagamento silvo-ambiental, o beneficiário deverá cumprir as condições gerais de acesso e respeitar os compromissos gerais na totalidade da área florestal declarada. Para cada tipo de pagamento silvo-ambiental deverão ainda verificar-se as condições de acesso específicas e respeitar-se os compromissos específicos na respectiva área de incidência. Dada a natureza das intervenções em causa, na componente investimentos não produtivos não haverá lugar a pagamentos de natureza forfetária, mas sim comprovação de todas as despesas efectuadas e previamente aprovadas. A concessão dos apoios está condicionada à apresentação de um Programa de Gestão da Biodiversidade que, após parecer da ELA, será objecto de análise e decisão pela Autoridade de Gestão. 123

124 Aplicação da Componente Agro-Ambiental e Silvo-Ambiental em Unidades de Produção da ITI Montados do Alentejo Condições gerais de Compromissos gerais acesso Declarar toda a superfície Manter as condições gerais de acesso; agrícola, agro-florestal e florestal da unidade de Manter o coberto arbustivo de todas áreas com: produção situada na área Coberto arbustivo 50%, e geográfica de incidência da Altura média do coberto 1m ITI. Manter as árvores, os muros de pedra posta e outros elementos Apresentação de um patrimoniais importantes para a paisagem e ainda as sebes arbustivas ou Programa de Gestão da arbóreas, de espécies autóctones, entre as parcelas e nas extremas, não Biodiversidade a aprovar pela tratando com herbicidas; ELA. Manter os pontos de água acessíveis à fauna, no período de Verão; Manter a vegetação arbórea e arbustiva ao longo das linhas de água, sem prejuízo das limpezas e regularizações necessárias ao adequado escoamento; Utilizar apenas os produtos fitofarmacêuticos aconselhados para a Protecção Integrada e aconselhados no Modo de Produção Biológico; Garantir a protecção dos núcleos populacionais de morcegos, nomeadamente através da protecção dos seus abrigos, de acordo com as indicações da ELA. Os abrigos de morcegos deverão constar de carta específica a fornecer pelo ICNB, devendo ser compromisso do candidato comunicar à ELA a detecção de novos abrigos. Registar a localização de exemplares de sobreiro e azinheira em mau estado fitossanitário transmitindo essa informação quando solicitado. Medidas da Componente Agro-Ambiental Restrição de Pastoreio Condições de acesso específicas Apresentar um Programa de Gestão da Biodiversidade a aprovar pela ELA Cartografar no PGB a subdivisão da área total da exploração nas seguintes áreas: a) Área de matagal (com ou sem arvoredo), com coberto arbustivo 50% e altura média do coberto 1m; Compromissos específicos Na ARP serão assumidos os seguintes compromissos: - não utilização por pastoreio de bovinos e - criação de um coberto vegetal correspondente a um mosaico de: a) pelo menos 5% da ARP, em zonas de baixa, com coberto herbáceo denso, com pelo menos 20 cm de altura; b) pelo menos 20% da ARP de vegetação herbácea alta e heterogénea, com pelo menos 50 cm de altura. c) pelo menos 50% de coberto arbustivo, em que metade tenha altura superior a 1 m no fim do 124

125 b) Área de montado, com coberto arbóreo 10% e com coberto arbustivo inexistente ou com coberto arbustivo <50% ou com coberto arbustivo de altura <1m. c) áreas com coberto arbóreo < 10% ou inexistente e com coberto arbustivo entre 20 e 50%, ou com cobertura 50% e altura <1m). d) Áreas abertas, com coberto arbóreo < 10% ou inexistente e coberto arbustivo < 20% Delimitar no PGB a área de restrição de pastoreio (ARP), a qual corresponde a uma fracção de pelo menos 20% da superfície de montado identificada na alínea b. Indicar no PGB as áreas e o modo de melhoria de pastagens na exploração. período do compromisso. Caso não sejam realizados investimentos em melhoria de pastagens, ajustar o efectivo bovino à redução da superfície forrageira de forma a poder manter o encabeçamento inicial da exploração (em CN/ ha de superfície forrageira passível de pastoreio por bovinos). O encabeçamento da área forrageira utilizada por pastoreio de bovinos poderá ser aumentado até 25% em relação ao encabeçamento inicial (caso em que não será necessário diminuir o efectivo), desde que sejam realizados investimentos em melhoria de pastagens em fracção equivalente da área forrageira; este aumento de encabeçamentos dependerá de validação pela ELA da sustentabilidade ambiental das novas cargas de pastoreio. Garantir a manutenção ou aumento da dimensão dos núcleos de vegetação identificados no PGB de espécies incluídas na tabela integrada na descrição do objectivo 3 (ver fundamentação da intervenção). Garantir a manutenção dos charcos temporários identificados. Manutenção de Núcleos de Vegetação Manutenção de Charcos temporários Cartografar ainda no PGB: - os núcleos de vegetação das espécies indicadas tabela integrada na descrição do objectivo 3 (ver fundamentação da intervenção) existentes na ARP, com indicação da sua composição específica; - os charcos temporários existentes na ARP; - as áreas de regeneração natural de sobro e azinho existentes na ARP; - as áreas de regeneração natural de Quercus faginea e Quercus pyrenaica. Cartografar no PGB os núcleos de vegetação a conservar fora da área de restrição ao pastoreio, com indicação da sua composição específica. Cartografar no PGB os Charcos Temporários existentes fora da área de restrição ao pastoreio. Garantir a renovação, através de regeneração natural ou plantação, dos povoamentos de sobro e azinho incluídos na área de restrição de pastoreio. Garantir a renovação, através da regeneração natural ou plantação de Quercus faginea e Quercus pyrenaica Garantir a manutenção ou aumento da dimensão dos núcleos de vegetação identificados. Associar em torno de cada núcleo uma zona tampão, sem utilização pelo gado com largura de 20m. Garantir a manutenção dos Charcos Temporários identificados. Associar em torno de cada charco temporário uma zona 125

126 tampão, sem utilização pelo gado, com largura de 20m Medidas da Componente Silvo-Ambiental Beneficiação de floresta autóctone Renovação dos povoamentos de sobro e azinho Manutenção de galerias ripícolas Condições de acesso específicas Áreas com densidade de quercíneas superior a 50 árvores/ha e cobertura arbustiva superior a 25% com mais de 50cm de altura. Aplicável às áreas com: 20% Coberto arbustivo < 50% (com ou sem coberto arbóreo) Ou Coberto arbustivo 50%; Altura média do coberto arbustivo < 1m (com ou sem coberto arbóreo) Largura mínima de 20 metros no conjunto das duas margens da linha de água e comprimento mínimo de 250 metros, podendo este ser inferior na situação de vales encaixados. No PGB cartografar os troços a recuperar com indicação das operações a efectuar e seu programa. Compromissos específicos Manter ou desenvolver o estrato arbustivo incluindo as espécies da Tabela Associar em torno de cada mancha de floresta autóctone uma zona tampão, sem utilização pelo gado, com 20 m de largura. Conceber e aplicar um programa de adensamento e renovação do montado em pelo menos 10% da área de povoamento não incluída já na medida Restrição de pastoreio Conservar área da galeria, com remoção de exemplares de espécies exóticas, Promover a recuperação das margens da linha de água, com introdução de paliçadas e posterior colonização com vegetação autóctone, limitando o acesso aos troços recuperados com cercas temporárias; Na faixa ocupada pela galeria ripícola, não proceder ao cultivo ou aplicação de herbicidas numa largura mínima de 10 m a partir da linha de água. Efectuar apenas mobilizações de solo localizadas. Tipologia e Nível do Apoio Componente Tipo de Ajuda Área elegível Modulação e Nível da Ajuda Restrição Pastoreio Área em restrição de pastoreio (ARP) 250 /ha AA Manutenção de Núcleos de Vegetação Área dos núcleos incluindo zona tampão /ha Manutenção de Charcos temporários Área dos charcos temporários incluindo zona tampão /ha 126

127 SA Beneficiação de floresta autóctone Renovação dos povoamentos de sobro e azinho Manutenção de galerias ripícolas Área de manchas de floresta autóctone 200 /ha incluindo zona tampão Área em renovação e adensamento 100 /ha Área de galerias 0 < Área 5ha 200 /ha ripícolas Área > 5ha 100 /ha Aplicação de Investimentos Não Produtivos em Unidades de Produção Condições de acesso Âmbito Níveis de apoio Investimentos não produtivos associados a pagamentos agro-ambientais Apresentação de um Programa de Gestão da Biodiversidade aprovado pela ELA Elaboração do Programa de Gestão da Biodiversidade Instalação de culturas para a fauna. 100% das despesas elegíveis Translocação para aumento da densidade de coelho bravo. Investimentos associados à melhoria do habitat para o coelho-bravo. Investimentos não produtivos associados a pagamentos silvo-ambientais Apresentação de um Programa de Gestão da Biodiversidade aprovado pela ELA. Os projectos a candidatar deverão ter o parecer da ELA. Elaboração do Programa de Gestão da Biodiversidade Instalação e/ou recuperação de cercas e/ou de protectores individuais (protecção contra a acção do gado e da fauna selvagem). 100% das despesas elegíveis Adensamentos e/ou substituição das espécies alvo arbóreas ou arbustivas. Intervenções silvícolas de carácter extraordinário, tais como acções de erradicação de plantas invasoras lenhosas. Redução do risco estrutural de incêndio, incluindo gestão da vegetação arbustiva e abertura de faixas de gestão de combustível. Galerias ripícolas, incluindo os investimentos necessários aos compromissos da respectiva medida silvo-ambiental. 127

128 Tabela 6.14 Lista de espécies Espécie Celtis australis Fraxinus angustifolia Olea europaea sylvestris Phillyrea latifolia Populus nigra Prunus spinosa Pyrus bourgaena Quercus faginea broteroi Quercus suber Quercus pyrenaica Quercus rotundifolia Alnus glutinosa Nome vulgar Lódão-bastardo, agreira, ginginha-do-rei Freixo Zambujeiro, oliveira-brava Aderno-de-folhas-largas Choupo-negro Abrunheiro Catapereiro, pereira-brava, carapeteiro Carvalho-português Sobreiro Carvalho-negral Azinheira Amieiro 6.4 Avaliação do grau de cobertura das orientações de gestão do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 pelas medidas propostas As medidas propostas para a ITI integram plenamente as orientações de gestão previstas no Plano Sectorial para esta zona, como é evidenciado na Tabela No pressuposto de uma taxa de adesão suficiente, verifica-se assim que a quase totalidade das orientações de gestão associadas à actividade florestal e agrícola são postas em prática pela execução das medidas. Tabela Correspondência entre os compromissos e condições de acesso das medidas propostas e as suas orientações de gestão Orientações Compromissos e condições de adesão de Gestão Compromissos Gerais Manter o coberto arbustivo de todas áreas com: Coberto arbustivo > 50% 12;61;16;1;2 Altura média do coberto > 1m Manter as árvores, os muros de pedra posta e outros elementos patrimoniais importantes para a paisagem e ainda as sebes arbustivas ou arbóreas, de 1;2 espécies autóctones, entre as parcelas e nas extremas, não tratando com herbicidas; 128

129 Manter os pontos de água acessíveis à fauna, no período de Verão Manter a vegetação arbórea e arbustiva ao longo das linhas de água, sem prejuízo das limpezas e regularizações necessárias ao adequado escoamento Utilizar apenas os produtos fitofarmacêuticos aconselhados para a Protecção Integrada e aconselhados no Modo de Produção Biológico 2;16;29;54 Não efectuar queimadas 18 Registar a localização de exemplares de sobreiro e azinheira em mau estado fitossanitário transmitindo essa informação quando solicitado. Medida Restrição de Pastoreio Compromissos específicos Manter uma fracção de pelo menos 20% da superfície forrageira nas áreas de montado (tipo b), delimitada no PGB, não utilizada por bovinos e com um coberto vegetal correspondente a um mosaico de: pelo menos 5% em zonas de baixa, com coberto herbáceo denso, com pelo menos 20 cm de altura; pelo menos 20% de vegetação herbácea alta e heterogénea com pelo menos 50 cm de altura. pelo menos 50% de coberto arbustivo, em que metade tenha altura superior a 1 m no fim do período do compromisso. Manter o encabeçamento da exploração calculado em relação à área forrageira utilizada por bovinos, caso não sejam realizados investimentos em melhoria de pastagens; ou Aumentar o encabeçamento da área forrageira utilizada por bovinos até 25%, em relação ao encabeçamento inicial, desde que sejam realizados investimentos em melhoria de pastagens em fracção equivalente da área forrageira. 6;7 12;14 1;2;4,9;10;11; 12;13;14;16;61 Medida Manutenção de Galerias Ripícolas 12;27;29;54 Medida Charcos Temporários Medida Manutenção de núcleos de vegetação 50;13;11 9;10 Medida Renovação dos povoamentos de sobro e azinho 12;16 Medida Beneficiação da floresta autóctone 12;16 Investimentos não produtivos Instalação de culturas para a fauna 51 Instalação e/ou recuperação de cercas e/ou de protectores individuais (protecção contra a acção do gado e da fauna selvagem). Redução do risco estrutural de incêndio 18 Instalação de galerias ripícolas 27 12;16 Manutenção de galerias ripícolas

130 7 ITI NORDESTE ALENTEJANO 7.1 Áreas classificadas incluídas As áreas classificadas incluídas nesta ITI são (Figura 7.1): Sítio Nisa / Lage da Prata (PTCON0044) Sítio S. Mamede (PTCON0007) Sítio Caia (PTCON0030) ZPE Campo Maior (PTZPE0043) ZPE São Vicente ZPE Torre da Bolsa Figura Áreas classificadas da ITI Nordeste Alentejano De notar que as ZPE de São Vicente e de Torre da Bolsa são de constituição recente, tendo sido criadas oficialmente através do Decreto Regulamentar n.º 6/2008, de 26 de Fevereiro, e do Decreto Regulamentar n.º 18/2008, de 25 de Novembro, respectivamente. Por esta razão, a informação a seguir apresentada para a caracterização agrícola e florestal destas duas áreas classificadas assume, nalguns casos, uma apresentação distinta da que é seguida para as restantes áreas classificadas desta ITI, para as quais se dispunha de informação já anteriormente tratada, no contexto do estudo de Santos et al. (2006). 130

131 Por outro lado, deverá também notar-se que a expressão territorial destes dois territórios no conjunto da ITI é muito reduzida, representando cada um deles aproximadamente 2,2% e 0,6% da superfície total da ITI, respectivamente para São Vicente e para Torre da Bolsa. Acresce que ambas as áreas classificadas se encontram parcialmente sobrepostas com o Sítio do Caia. De notar também que a ZPE de Campo Maior se sobrepõe aos sítios do Caia e de São Mamede. Deste modo, e apesar de as análises que se seguem apresentarem também valores para aquela ZPE, os totais para a ITI foram apurados a partir da soma dos valores correspondentes apenas aos 3 Sítios, nos quais se centra a caracterização que se segue. Sempre que se justifique serão também apresentados dados de caracterização para as ZPE de São Vicente e Torre da Bolsa, embora sem perder de vista a sua reduzida importância territorial no contexto da ITI. 7.2 Concepção e fundamentação da ITI Caracterização agrícola e florestal Caracterização sumária do meio e dos sistemas agrários Esta ITI inclui um complexo de áreas de vale e de planaltos, bem como uma serra de média altitude, a Serra de S. Mamede, que culmina a mais de 1000m (ponto mais elevado a sul do Tejo). Apesar disso, as altitudes médias de todas estas áreas classificadas (incluindo a de S. Mamede) são muito inferiores e não superam os 400m. Apesar do pano de fundo mediterrânico associado aos baixos níveis de altitude, existe nesta zona de ITI um claro contraste entre: (1) as áreas mais a norte (S. Mamede e Nisa/Lage da Prata), em que a exposição ao Atlântico é superior, as temperaturas anuais médias mais baixas (15ºC) e as precipitações anuais médias mais elevadas ( mm); e (2) as áreas mais a sul (Caia, Campo Maior, São Vicente e Torre da Bolsa), situadas na depressão do Guadiana, com temperaturas anuais médias mais elevadas (17ºC) e precipitações anuais médias mais baixas (550mm). Além disso, os gradientes de altitude e de exposição associados à Serra de S. Mamede criam uma grande diversidade microclimática, que ultrapassa em muito estas reduzidas gamas de variação da temperatura e da precipitação médias. 131

132 Reflectindo a diversidade ecológica subjacente, os sistemas agrários apresentam também elevados gradientes espaciais: desde as ladeiras xistosas secas do Tejo e seus afluentes (Montalvão), em que se combinam a criação de ovinos com o olival, frequentemente em socalcos; passando pelos planaltos graníticos mais expostos ao Atlântico (Nisa), a norte da Serra, onde surgem montados de sobreiro e de carvalho-negral, em mosaico com giestais e pastagens abertas, todos eles percorridos pelo pastoreio extensivo de bovinos e ovinos;... pelos vales imediatamente a norte da Serra de S. Mamede (Castelo de Vide e Marvão), onde predomina uma policultura de pequena escala, com algum regadio tradicional e presença da oliveira e do castanheiro;... pelas zonas mais altas da Serra, com as suas grandes extensões de pinhal de pinheiro-bravo e de matos baixos de tipo atlântico;... e pelas peneplanícies e cristas quartzíticas a sul da Serra (Arronches e parte do Caia), dominadas por montados de azinho, em mosaico com zonas abertas, ambos integrados em explorações agrícolas de grande dimensão, orientadas para a pecuária extensiva;... até às superfícies aplanadas de bons solos (barros e depósitos recentes) dos vales do Xévora e Caia, com o seu mosaico de manchas de agricultura intensiva de regadio (culturas anuais e olival) e de cerealicultura extensiva, com alguns pousios, pontuado por raras manchas de montado de azinho pouco denso Representatividade Esta ITI inclui 8% da superfície terrestre, 13% da SAU, 5% da superfície florestal estreme e 8% da superfície de montado da rede Natura 2000 em Portugal Continental. Tabela Representatividade na Rede natura 2000 Superfície Floresta Nome SAU Total estreme Montado S. Mamede 6,04 6,50 4,83 6,39 Nisa / Lage da Prata 0,66 1,17 0,50 0,72 Caia 1,61 5,10 0,10 1,26 Campo Maior 0,49 1,55 0,02 0,15 São Vicente 0,002 0, ,001 Torre da bolsa 0,001 0, TOTAL * 8,31 12,78 5,43 8,37 Valores em % da superfície total da Rede Natura 2000 * Não inclui Campo Maior, por estar totalmente sobreposto com S. Mamede e Caia, Fonte: Santos et al

133 Grandes usos do território A SAU ocupa 31% da superfície terrestre total em S. Mamede, 50% em Nisa/Lage da Prata e 90% no Caia e em Campo Maior. O montado com 1/3 da SAU, em S. Mamede, e menos de 10% da SAU, no Caia e em Campo Maior ocupa apenas 3% da superfície terrestre total em Campo Maior, 7% no Caia, e 10% em S. Mamede e em Nisa/Lage da Prata. Nome Tabela Grandes usos do território SAU Sob Floresta Total Irrigável coberto de estreme montado Outros usos Total S. Mamede 30,6 2,0 10,0 36,3 33,1 100,0 Nisa / Lage da Prata 50,3 0,7 10,3 34,2 15,5 100,0 Caia 89,9 29,2 7,4 2,8 7,2 100,0 Campo Maior 89,7 30,6 2,8 1,4 9,0 100,0 Valores em % da superfície total da área classificada Fonte: Santos et al A floresta estreme (sem aproveitamento do sobcoberto) ocupa apenas 1-3% da superfície terrestre total no Caia e em Campo Maior e 34-36% em S. Mamede e Nisa/Lage da Prata. As restantes componentes de ocupação da SAU, que incluem matos baixos, matagais e áreas sociais, representam apenas 7-9% da superfície terrestre total no Caia e em Campo Maior, 16% em Nisa/Lage da Prata e 33% em S. Mamede. Aparece assim, aqui também, um contraste entre (1) um mosaico paisagístico mais equilibrado, em S. Mamede e Nisa/Lage da Prata, com terras agrícolas abertas (20-40%), montado (10%), floresta estreme (34-36%) e matos (16-33%); e (2) um mosaico mais aberto, no Caia e em Campo Maior, com uma matriz dominante de terras agrícolas abertas (82-87%), no seio da qual se distribuem manchas florestais, sobretudo montados, mais ou menos abertos, os quais ocupam, quanto muito, 10% da superfície total. Em relação às áreas estepárias de São Vicente e Torre da Bolsa os dados de uso do solo disponíveis (Tabela 7.3) indicam que a grande maioria da superfície destes territórios é 133

134 ocupada com áreas agrícolas (mais de 90%), sendo a quase totalidade da restante área é ocupada com uso agro-florestal. Tabela Utilização actual do solo nas áreas classificadas de São Vicente e Torre da Bolsa São Vicente Torre da bolsa Áreas agrícolas Áreas agro-florestais (montado) Outras ,5% 92,6% ,2% 0,0% ,3% 7,4% Superfície total % 100% Fonte: São Vicente Informação SIG ICNB sobre uso do solo; Torre da Bolsa Corine Land Cover Usos da superfície florestal A floresta total (montado + floresta estreme) representa uma reduzida fracção da superfície terrestre, em Campo Maior (4%) e no Caia (10%), ocupando uma fracção muito mais significativa da mesma em Nisa/Lage da Prata (45%) e em S. Mamede (46%). Tabela Usos da superfície florestal Nome Total de floresta (em % da superfície total da área) Azinheira Castanheiro Eucalipto Espécies florestais (em % da floresta total) Outras folhosas Outras resinosas Outras quercíneas Pinheiro bravo Pinheiro manso Sobreiro Total S. Mamede 46,2 22,7 0,1 15,1 0,4 0,0 3,3 13,7 0,0 44,7 100,0 Nisa / Lage da Prata 44,5 1,9 0,0 33,1 0,0 0,0 0,0 2,2 0,0 62,8 100,0 Caia 10,2 89,9 0,0 4,9 4,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,3 100,0 Campo Maior 4,2 97,4 0,0 0,0 2,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 Fonte: Santos et al

135 A superfície florestal com aproveitamento agrícola e pastoril do sobcoberto (ou seja, o montado) representa mais de 2/3 da reduzida superfície florestal de Campo Maior e do Caia; representa, contudo, apenas algo mais de 1/5 da extensa superfície florestal de S. Mamede e Nisa/Lage da Prata. Nestas duas áreas classificadas, a floresta estreme domina, assim, claramente, na superfície florestal total. Em termos de espécies, verifica-se, de novo, um grande contraste entre: o predomínio quase absoluto da azinheira, a sul (90% no Caia e 97% em Campo Maior); e uma floresta mais diversa, a norte, em que domina o sobreiro (45% em S. Mamede e 63% em Nisa/Lage da Prata), o qual deixa algum espaço para a azinheira (23% em S. Mamede/zona de Arronches), para o eucalipto (15% em S. Mamede e 33% em Nisa/Lage da Prata), para o pinheiro-bravo (14% em S. Mamede) e para as outras quercíneas (3% em S. Mamede). Em São Vicente e Torre da Bolsa praticamente não existe superfície florestal estreme, sendo que apenas São Vicente apresenta 2% da sua superfície ocupada com áreas de uso misto agro-florestal (áreas de montado) Usos da superfície agrícola utilizada (SAU) As terras aráveis ocupam apenas 19% da SAU em Nisa/Lage da Prata, 51% em S. Mamede e 67-71% em Campo Maior e no Caia (respectivamente). Os prados e pastagens permanentes ocupam 79% da SAU em Nisa/Lage da Prata, 42% em S. Mamede e 9-13% em Campo Maior e no Caia (respectivamente). As culturas permanentes, com um domínio quase absoluto do olival, ocupam 14% da SAU em S. Mamede, 16% em Nisa/Lage da Prata e no Caia, e 25% em Campo Maior. Nas terras aráveis do Caia e de Campo Maior, é praticada uma agricultura mista de sequeiro e regadio, em que predominam os cereais (33-35% da SAU), os pousios (22-25% da SAU) e as culturas anuais intensivas, como as culturas hortícolas e industriais (8-10% da SAU), enquanto que as forragens anuais e prados temporários têm um peso diminuto (1-2% da SAU). Nome Terra arável total Tabela Usos da SAU SAU irrigável Prados e pastagens permanentes Culturas permanentes S. Mamede 50,8 6,7 41,6 13,8 135

136 Nome Terra arável total SAU irrigável Prados e pastagens permanentes Culturas permanentes Nisa / Lage da Prata 19,3 1,4 78,6 16,0 Caia 70,9 32,4 13,2 16,3 Campo Maior 66,7 34,1 8,6 24,9 MÉDIA* 47,0 13,5 44,5 15,4 Fonte: Santos et al * Não inclui Campo Maior, por estar totalmente sobreposto com S. Mamede e Caia Fonte: Santos et al Tabela Ocupação cultural Nome Cereais Anuais intensivas* Forragens anuais e prados temporários Outras culturas temporárias Pousios Frutos frescos Frutos secos Vinha Olival S. Mamede 12,3 1,4 8,2 0,2 28,9 0,2 0,1 0,4 13,0 Nisa / Lage da Prata 2,4 0,0 14,9 0,0 2,1 0,2 0,0 0,6 15,3 Caia 34,9 7,7 2,3 0,7 25,2 0,4 0,0 0,2 15,7 Campo Maior 32,6 9,6 1,2 0,8 22,4 0,7 0,0 0,3 23,8 MÉDIA** 16,5 3,0 8,5 0,3 18,7 0,3 0,0 0,4 14,7 Valores em % da SAU * Inclui horticultura, floricultura, culturas industriais e batata ** Não inclui Campo Maior, por estar totalmente sobreposto com S. Mamede e Caia Fonte: Santos et al Nas terras aráveis de S. Mamede, predominam os pousios (29% da SAU), os cereais (12% da SAU) e as forragens anuais e prados temporários (8%). Nas exíguas terras aráveis de Nisa/Lage da Prata, predominam as forragens anuais e prados temporários (15% da SAU), seguidas dos cereais e dos pousios (cada um, com 2% da SAU). O regadio representa 32-34% da SAU no Caia e em Campo Maior, 7% em S. Mamede e 1% em Nisa/Lage da Prata. 136

137 Na Tabela 7.7 pode ver-se que nas áreas estepárias de São Vicente e Torre da Bolsa se verifica um largo predomínio das áreas agrícolas abertas (cerca de 90%), com o olival a ocupar 4% da superfície e os montados 2% na ZPE de São Vicente. Acrescente-se que, de acordo com informações recolhidas localmente, na ZPE de Torre da Bolsa foram recentemente efectuadas novas plantações de olival em regime intensivo (regadio) em grandes extensões, pelo que os dados apresentados na Tabela 7.7 relativos a este indicador estarão subavaliados. Tabela 7.7 Ocupação cultural nas áreas classificadas de São Vicente e Torre da Bolsa São Vicente Torre da bolsa* Áreas agrícolas abertas Olival Montado aberto Montado Outras ,5% 88,3% ,0% 4,3% 41-1,2% ,0% ,3% 7,4% Superfície total % 100% Fonte: São Vicente Informação SIG ICNB sobre uso do solo; Torre da Bolsa Corine Land Cover Orientação produtiva das explorações agrícolas Existe um marcado contraste entre a orientação produtiva das explorações agrícolas nas duas áreas classificadas mais a norte e a das duas áreas mais a sul. Em S. Mamede e em Nisa/Lage da Prata, a orientação produtiva predominante das explorações agrícolas é a especialização em pecuária extensiva, que representa 47% da SAU, em S. Mamede, e 62%, em Nisa/Lage da Prata. Em ambos os casos, dominam as explorações mistas de bovinos e ovinos (24-35% da SAU), seguidas das especializadas em bovinos (16-17%) e das especializadas em ovinos (7-11%). Além das explorações especializadas em pecuária extensiva, têm ainda algum significado as que combinam o olival com a pecuária extensiva (14% em S. Mamede; 22% em Nisa/Lage da Prata), as que combinam os cereais com a pecuária extensiva (apenas em 137

138 S. Mamede, com 13%), e as especializadas em olival e outras culturas permanentes (16% em ambas as áreas). S. Nome Mamede Nisa / Lage Prata da Arvenses Tabela Orientação produtiva das explorações agrícolas Arroz Policultura Horticultura e batata Vinha Fruticultura Olival Cult. Perm. mistas Herbívoros espec. leite Pecuária extensiva Herbívoros especializadas em bovinos Herbívoros especializadas em ovinos e caprinos Herbívoros mistas de bovinos, ovinos e caprinos Total Herb. comb. Cult. Perm. Herb. comb. Cult. Arven. Suínos e aves especializadas Caia Campo Maior MÉDIA* Valores em % da SAU * Não inclui Campo Maior, por estar totalmente sobreposto com S. Mamede e Caia Fonte: Santos et al Outras No Caia e em Campo Maior, predominam as explorações especializadas em cereais (com 41% da SAU no Caia e 30% em Campo Maior), as especializadas em horticultura (23% no Caia e 33% em Campo Maior) e as especializadas em olival e outras culturas permanentes (17% no Caia e 30% em Campo Maior). As explorações policulturais ocupam 6% da SAU em Campo Maior e 10% no Caia. As explorações especializadas em pecuária extensiva ocupam apenas 5% da SAU no Caia e são praticamente inexistentes em Campo Maior. Em relação às explorações das ZPE de São Vicente e Torre da Bolsa, os dados da Tabela 7.7 permitem evidenciar a sua forte especialização produtiva em culturas arvenses. Resumidamente, nas 2 áreas do norte dominam as explorações pecuárias extensivas, secundadas pelas especializadas no olival, enquanto que nas áreas do sul predominam a especialização em diversos tipos de culturas anuais, mais ou menos intensivas, e em olival. 138

139 Intensidade dos usos agrícolas O índice de intensidade económica da terra é muito baixo em Nisa/Lage da Prata e em S. Mamede: a margem bruta por hectare de SAU é de 16% e 21% da média comunitária, respectivamente. Estes níveis de intensidade são superiores no Caia e, sobretudo, em Campo Maior, onde sobem para 37% e 42% da média comunitária, respectivamente. O nível de emprego é baixo em qualquer das 4 áreas classificadas: 3 UTA/100ha em Nisa/Lage da Prata, S. Mamede e Caia; e 4 UTA/100ha de SAU em Campo Maior. Tabela Intensidade dos usos agrícolas Nome Índice de intensidade económica da terra UTA/ha SAU S. Mamede 0,21 0,03 Nisa / Lage da Prata 0,16 0,03 Caia 0,37 0,03 Campo Maior 0,42 0,04 MÉDIA* 0,25 0,03 * Não inclui Campo Maior, por estar totalmente sobreposto com S. Mamede e Caia Fonte: Santos et al Dinâmica e sustentabilidade económica do uso agrícola Dinâmica da SAU e intensificação versus extensificação dos usos agrícolas Na década de 90, registou-se, nestas áreas, um acréscimo de 6-7% da superfície agrícola utilizada (SAU), com excepção de Campo Maior, que sofreu uma ligeira retracção da SAU (-1%). Tabela Dinâmica do uso agrícola e sua sustentabilidade futura Evolução da SAU na década de 90 em % Sustentabilidade económica dos usos agrícolas da SAU inicial Nome SAU sem Percentagem da SAU Percentagem da SAU em pousios e SAU total com MBT/UTA superior a explorações de média ou pastagens 75% da média da UE 15 grande dimensão económica permanentes S. Mamede 6,1-22,7 46,6 65,6 Nisa / Lage 6,7-46,7 35,4 54,4 139

140 Nome da Prata Evolução da SAU na década de 90 em % da SAU inicial SAU total SAU sem pousios e pastagens permanentes Sustentabilidade económica dos usos agrícolas Percentagem da SAU com MBT/UTA superior a 75% da média da UE 15 Percentagem da SAU em explorações de média ou grande dimensão económica Caia 6,4-9,0 65,3 81,1 Campo Maior -0,8-10,3 63,2 75,7 MÉDIA* 6,4-26,1 49,1 67,0 * Não inclui Campo Maior, por estar totalmente sobreposto com S. Mamede e Caia Fonte: Santos et al Nome Tabela Dinâmica do uso agrícola e sua sustentabilidade futura (continuação) SAU média por exploração (ha) Variação do número de explorações na década de 90 (em % do número inicial) Ajustamento estrutural Acréscimo da SAU média por exploração na década de 90 (em % do valor inicial) Variação das UTA empregues na agricultura na década de 90 (em % do valor inicial) Número de pequenas e muito pequenas explorações (em % do número total de explorações) Percentagem da SAU em pequenas e muito pequenas explorações S. Mamede 31,9-13,8 23,0-7,7 92,2 34,4 Nisa / Lage da Prata 23,5-2,2 9,0 10,5 95,3 45,6 Caia 39,9-8,6 16,4-21,4 83,6 18,9 Campo Maior 27,9-2,7 2,0-7,7 90,0 24,3 MÉDIA* 31,8-8,2 16,1-6,2 90,4 33,0 * Não inclui Campo Maior, por estar totalmente sobreposto com S. Mamede e Caia Fonte: Santos et al Verifica-se, no entanto, que as componentes da SAU de uso mais intensivo (todas menos as pastagens permanentes e os pousios) sofreram um declínio em todas as áreas. Este declínio foi moderado no Caia e em Campo Maior (declínio de 9-10%), e bastante mais pronunciado em S. Mamede (23%) e, sobretudo, em Nisa/Lage da Prata (47%), revelando-se assim ter havido, nestas duas últimas áreas, uma dinâmica de expansão moderada da SAU, mas com uma marcada extensificação do sistema de produção. 140

141 Dimensão das explorações agrícolas e ajustamento estrutural Em 1999, a área de SAU média por exploração era de 24 hectares em Nisa/Lage da Prata; 28 em Campo Maior; 32 em S. Mamede; e 40 no Caia. As explorações de Campo Maior e do Caia, que apresentavam, como vimos, uma maior produtividade económica da terra (ver indicador de intensidade produtiva), tendiam a ter maior dimensão económica. As pequenas e muito pequenas explorações representavam 90% e 84% do número de explorações em Campo Maior e no Caia, respectivamente, mas incluíam apenas 24% e 19% da SAU daquelas duas áreas. Assim, 76-81% da SAU (Campo Maior e Caia, respectivamente) estavam incluídos em explorações de média ou grande dimensão económica. Já no que se refere a Nisa/Lage da Prata e S. Mamede, as pequenas e muito pequenas explorações representavam, respectivamente, 95% e 92% do número de explorações e 46% e 34% da SAU daquelas duas áreas. Assim, apenas 54-66% da SAU (Nisa/Lage da Prata e S. Mamede, respectivamente) estavam incluídos em explorações de média ou grande dimensão económica. Nas 4 áreas, houve algum declínio no número de explorações, durante a década de 90 (redução entre 2 e 14% do número inicial de explorações), o que permitiu um aumento entre 2 e 23% da área de SAU média por exploração (mínimo em Campo Maior, máximo em S. Mamede). Observa-se assim algum ajustamento estrutural, embora relativamente lento (com excepção de S. Mamede). Em 1999, 36% e 47% da SAU de Nisa/Lage da Prata e S. Mamede, respectivamente, geravam um rendimento do trabalho agrícola igual ou superior a 75% da média comunitária. Os valores correspondentes para Campo Maior e Caia eram de 63% e 65%, respectivamente, revelando uma maior sustentabilidade económica do uso da SAU nestas duas últimas áreas. Dinâmica da orientação produtiva das explorações agrícolas Na década de 90, a alteração da orientação produtiva das explorações agrícolas nestas áreas classificadas deu-se nos seguintes sentidos: expansão dos sistemas de produção agrícola especializados na produção pecuária extensiva (bovinos e/ou ovinos), que representou um ganho de 8% face à SAU inicial e ocorreu, com maior expressão, nas áreas de Nisa/Lage da Prata e S. Mamede; esta expansão deu-se sobretudo por uma grande expansão dos sistemas especializados em bovinos de carne (+11%) e uma reduzida expansão dos 141

142 sistemas especializados em ovinos (+1%), conjugados com um declínio dos sistemas mistos com bovinos e ovinos (-5%); o incremento dos sistemas especializados em ovinos foi superior à média a norte da Serra de S. Mamede (3-6%); os sistemas de produção que combinam a pecuária extensiva com os cereais recuaram generalizadamente (-2% da SAU inicial); os sistemas especializados em cereais e outras culturas anuais (e os policulturais) declinaram generalizadamente, com excepção do Caia e de Campo Maior, onde tiveram uma expansão notável (ganho de 13% relativamente à SAU inicial); os sistemas especializados em olival sofreram uma expansão média muito moderada (0,3% relativamente à SAU inicial), com declínio nas áreas serranas, mas com uma expansão significativa (4%) em Campo Maior e no Caia. Prováveis efeitos da reforma da PAC A reforma da PAC de 2003 e os seus efeitos encontram-se entre os principais factores que poderão ter acelerado ou, pelo contrário, invertido as tendências de mudança observadas na década de 90. No que se refere à expansão dos sistemas de pecuária extensiva, sobretudo baseada na bovinicultura de carne, o facto de as ajudas aos bovinos de carne terem permanecido (por enquanto) ligadas ao número de animais efectivamente detidos e o acréscimo na disponibilidade de direitos a prémio às vacas aleitantes aumentaram o incentivo à especialização em bovinos de carne, o que terá, provavelmente, reforçando a tendência anteriormente observada em Nisa/Lage da Prata e S. Mamede, e, eventualmente, também em partes do Caia (montado e/ou zonas de solos mais marginais). O desligamento das ajudas aos cereais, conjugado com as áreas adicionais de olival com direito a ajuda e com a expansão do regadio público e privado poderão ter sido os principais factores de evolução dos sistemas de produção nas áreas de cultivo mais intensivo de Campo Maior e do Caia, bem como em São Vicente e Torre da Bolsa. Estes factores terão induzido à expansão das plantações de olival intensivo, ao encurtamento dos pousios e à eventual substituição de parte da área de cereais por outras alternativas culturais, em função do preço de mercado e já não da ajuda (que agora é desligada das opções de produção). As rotações tenderão, no futuro, a alterar-se mais frequentemente, uma vez que as opções dos produtores responderão mais directamente às oscilações dos preços dos vários produtos nos mercados mundiais (ver a expansão da área semeada com milho no ano 2007/2008, em resposta aos preços muito elevados deste cereal no início do ano agrícola). 142

143 7.2.2 Compilação da informação disponível no Plano Sectorial relativamente aos valores naturais, principais factores de ameaça e orientações de gestão relacionadas com a actividade agrícola e florestal Factores de Ameaça Nas tabelas seguintes enumeram-se os factores de ameaça identificados nas fichas dos Sítios S. Mamede (Tabela 7.12) e Nisa/Lage da Prata (Tabela 7.13). Quando considerados em conjunto, os factores de ameaça identificados para os dois Sítios no Plano Sectorial da Rede Natura 2000, verifica-se a sua correspondência à situação verificada no terreno. A necessidade de considerar os factores de ameaça em conjunto para os dois Sítios decorre, por exemplo, do facto do risco de incêndio considerado apenas para Nisa, existir também em S. Mamede, ou de o factor de ameaça associado às exóticas, considerado em S. Mamede, existir também em Nisa. Particular interesse tem a identificação pelo PSRN de um factor de ameaça associado à destruição de povoamentos de carvalho-negral com substituição por sobreiro, situação que raramente é ponderada mas que é relevante, nos dois Sítios em análise. Os riscos fitossanitários associados aos povoamentos de quercíneas são referidos apenas de forma difusa e associados à intensificação agrícola. O declínio das quercíneas tem causas ainda largamente incertas, devendo este factor de ameaça ser contextualizado atendendo a essa incerteza Tabela Factores de ameaça indicados na ficha do Sítio S. Mamede (PSRN) FAS1 Florestação intensiva com substituição da floresta original ou dos matos autóctones por monoculturas (eucalipto e pinheiro-bravo), com a consequente redução da biodiversidade e aumento do risco de incêndio; desmatações não selectivas nas actividades silvícolas; cortes, podas inadequadas e arranque do carvalho-negral. FAS2 Intensificação agrícola (com alteração do uso do solo); práticas agrícolas com efeitos de degradação do montado (lavouras profundas, arreias, descortiçamentos inadequados); sobre-pastoreio em áreas mais sensíveis. FAS3 Artificialização das linhas de água, com destruição da vegetação ribeirinha (pela ocupação das margens com culturas e pela poda excessiva da vegetação ripícola); extracção de inertes; captações de água, particularmente no período estival. FAS4 Expansão de espécies exóticas nas orlas dos cursos de água e bermas de 143

144 estradas e caminhos. FAS5 Pressão turística e urbana; forte pressão cinegética e furtivismo. Tabela Factores de ameaça indicados na ficha do Sítio Nisa / Lage da Prata (PSRN) FAS1 Destruição de carvalhais de Quercus pyrenaica, nomeadamente através de florestação com sobreiro em áreas sujeitos a largos períodos de encharcamento, pouco adequados a esta espécie FAS2 Envelhecimento dos montados e redução da regeneração natural. FAS3 Tendência para a intensificação do pastoreio e aumento do gado bovino relativamente ao gado ovino. FAS4 Fogos florestais. FAS5 Pressão cinegética e furtivismo, com consequências nomeadamente na rarefacção do coelho-bravo, que apresenta um padrão de distribuição muito fragmentado na região. FAS6 Extracção de inertes, nomeadamente a exploração de granitos nas pedreiras de Alpalhão. Na ZPE de Campo Maior (Tabela 7.14) é considerado um factor de ameaça relativo à florestação de áreas menos produtivas. Contudo, esta tendência não é reflectida nos objectivos dos PROF para esta região, nomeadamente nas subregiões Peneplanície do Alto Alentejo e Várzea do Caia e Juromenha não se prevê qualquer aumento da área florestal, nem aumento de espécies produtoras de madeira. Tabela Factores de ameaça indicados na ficha da ZPE de Campo Maior (PSRN) FAZPE1 Intensificação agrícola, essencialmente por conversão da agricultura cerealífera de sequeiro em regadio e pelo cultivo de culturas permanentes. FAZPE2 Tendência para a florestação de áreas agrícolas menos produtivas. FAZPE3 Abate ilegal de aves protegidas. FAS1 FAS2 FAS3 Tabela Factores de ameaça indicados na ficha do Sítio do Caia (PSRN) Abate de azinheiras. Intensificação da agricultura (uso de fertilizantes, herbicidas, variedades melhoradas, mecanização, rega, drenagem de terrenos). Abandono da pastorícia extensiva e expansão dos pomares, olivais e culturas arvenses (de sequeiro, regadas ou arroz) sobre os territórios de pastagem extensiva. 144

145 FAS4 FAS5 FAS6 FAS7 FAS8 FAS9 Intensificação na exploração dos montados (mobilizações do solo, aumento de encabeçamento do gado). Intervenções das margens do Rio Guadiana e ribeiras afluentes (cortes de vegetação, movimentos de terras). Construção de infra-estruturas viárias e obras hidráulicas. São importantes factores de ameaça (com impactes negativos não apenas sobre o Sítio Caia, mas também sobre o Sítio Guadiana/Juromenha) as cargas orgânica e de nutrientes lançadas no solo e nas linhas de água, com uma acentuada degradação da qualidade da água. Mesmo com a reduzida ocupação da sub-bacia, a água libertada pela barragem do Caia é já de qualidade deficiente. Para além disso, nas zonas sujeitas ao regadio, onde assume maior importância uma agricultura do tipo intensivo, ocorre uma utilização mais elevada de adubos e pesticidas. Na bacia do Guadiana, a sub-bacia do Caia é uma das áreas onde se registam maiores riscos de exportação de fósforo e uma das que gera maior volume de azoto. A área desde a zona a Este de Arronches até Elvas (onde o Sítio Caia se inclui) está assinalada como altamente vulnerável à contaminação das águas subterrâneas pelo aumento dos nitratos. Para tal concorre esta zona ser, na sua grande maioria, de máxima infiltração Orientações de gestão Nos Sítios de S. Mamede, Nisa/ Lage da Prata e Caia e na ZPE de Campo Maior existem respectivamente 34, 27, 30 e 22 Orientações de Gestão decorrentes do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 com relevância agro-florestal no âmbito da concepção da ITI. Relevância agro-florestal, neste âmbito, significa que: 1) Dizem respeito a acções exequíveis no contexto de uma exploração agrícola em geral e no contexto das acções do PRODER em particular. 2) Não traduzam restrições ou orientações que decorrem directamente de instrumentos de ordenamento do território, ou legislação sectorial. As Orientações de Gestão relevantes foram ordenadas segundo o número total de valores naturais (espécies e habitat), (Tabela 7.16 a Tabela 7.19), fornecendo uma medida genérica da importância potencial da orientação de gestão para a concepção de medidas. 145

146 O conjunto de orientações de gestão mais detalhadamente analisadas abaixo, abrangem a quase totalidade dos valores naturais dos Sítios e da ZPE, sendo que valores com maior raridade ou vulnerabilidade são directamente afectados por mais do que uma destas orientações de gestão, por exemplo: na Serra de S. Mamede as espécies de morcegos estão relacionadas com 11 a 13 orientações e os carvalhais de Quercus pyrenaica com 6 orientações; em Nisa os carvalhais Quercus pyrenaica com 6 orientações, lince-ibérico com 13; na ZPE de Campo Maior, o grou relaciona-se com 17 orientações, a abetarda com 15 e o sisão com 14; no Caia, as subestepes de gramíneas relacionam-se com 6 orientações e o rato de Cabrera com 12. Tabela Valores naturais por orientação de gestão em S. Mamede OG18 Reduzir risco de incêndio 28 OG27 Conservar / recuperar vegetação ribeirinha autóctone 21 OG29 Condicionar intervenções nas margens e leito de linhas de água 17 OG10 Manter práticas de pastoreio extensivo 16 OG54 Impedir introdução de espécies não autóctones / controlar existentes 14 OG7 Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas em áreas contíguas ao habitat OG13 Conservar / recuperar estrato herbáceo e arbustivo 13 OG1 Assegurar mosaico de habitats 12 OG2 Conservar / promover sebes, bosquetes e arbustos 12 OG4 Condicionar a intensificação agrícola 11 OG6 Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas 11 OG9 Adoptar práticas de pastoreio específicas 11 OG12 Conservar / recuperar povoamentos florestais autóctones 11 OG15 Adoptar práticas silvícolas específicas 8 OG43 Desobstruir a entrada de abrigos 8 OG16 Promover a regeneração natural 7 OG17 Condicionar a florestação 7 OG40 Incrementar sustentabilidade económica de actividades com interesse para a conservação OG3 Condicionar expansão do uso agrícola 6 OG14 Manter / melhorar ou promover manchas de montado aberto 6 OG49 Efectuar gestão por fogo controlado 5 OG55 Manter / recuperar habitats contíguos (9240, lince ibérico) 5 OG50 Efectuar desmatações selectivas 4 OG5 Condicionar mobilização do solo 3 OG11 Salvaguardar de pastoreio 3 OG32 Regular uso de açudes e charcas 3 OG45 Manter as edificações que possam albergar colónias /populações

147 OG8 Outros condicionamentos específicos a práticas agrícolas 2 OG47 Recuperar zonas húmidas 2 OG61 Promover o matagal mediterrâneo 2 OG67 Controlar a predação e/ou parasitismo e/ou a competição interespecífica 2 OG35 Implementar gestão cinegética compatível com conservação da espécie 1 OG51 Estabelecer programa de repovoamento / fomento / reintrodução de 1 presas OG53 Controlar efectivos de animais assilvestrados Lynx pardinus (cães e gatos assilvestrados, em áreas prioritárias) 1 Tabela Valores naturais por orientação de gestão em Nisa / Lage da Prata OG18 Reduzir risco de incêndio 8 OG29 Condicionar intervenções nas margens e leito de linhas de água 8 OG7 Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas em áreas contíguas ao habitat OG27 Conservar / recuperar vegetação ribeirinha autóctone 6 OG54 Impedir introdução de espécies não autóctones /controlar existentes 6 OG9 Adoptar práticas de pastoreio específicas 5 OG10 Manter práticas de pastoreio extensivo 5 OG32 Regular uso de açudes e charcas 5 OG15 Adoptar práticas silvícolas específicas 4 OG17 Condicionar a florestação 4 OG40 Incrementar sustentabilidade económica de actividades com interesse para a conservação OG49 Efectuar gestão por fogo controlado 4 OG50 Efectuar desmatações selectivas 4 OG5 Condicionar mobilização do solo 3 OG3 Condicionar expansão do uso agrícola 2 OG16 Promover a regeneração natural 2 OG1 Assegurar mosaico de habitats 1 OG2 Conservar / promover sebes, bosquetes e arbustos 1 OG6 Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas 1 OG11 Salvaguardar de pastoreio 1 OG12 Conservar / recuperar povoamentos florestais autóctones 1 OG13 Conservar / recuperar vegetação dos estratos herbáceo e arbustivo 1 OG35 Implementar gestão cinegética compatível com conservação da espécie 1 OG47 Recuperar zonas húmidas

148 OG51 Estabelecer programa de repovoamento / fomento / reintrodução de 1 presas OG58 Outros condicionamentos às práticas agrícolas 1 OG69 Estabelecer programa de repovoamento / fomento / reintrodução de presas 1 Tabela Valores naturais por orientação de gestão em Campo Maior OG1 Assegurar mosaico de habitats 8 OG4 Condicionar a intensificação agrícola 8 OG6 Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas 8 OG10 Manter práticas de pastoreio extensivo 8 OG40 Incrementar sustentabilidade económica de actividades com interesse para a conservação OG54 Impedir introdução de espécies não autóctones /controlar existentes 8 OG56 Promover a cerealicultura extensiva 8 OG77 Assegurar a manutenção de usos agrícolas extensivos 8 OG57 Condicionar o cultivo de lenhosas 7 OG35 Implementar gestão cinegética compatível com conservação da espécie 5 OG58 Outros condicionamentos às práticas agrícolas 5 OG68 Controlar efectivos de animais assilvestrados 5 OG89 Ordenar / Regulamentar a actividade de observação de espécies da fauna OG17 Condicionar a florestação 2 OG45 Manter as edificações que possam albergar colónias /populações 2 OG46 Criar novos locais de reprodução, conservar/recuperar os existentes 2 OG67 Controlar a predação e/ou parasitismo e/ou a competição interespecífica OG9 Adoptar práticas de pastoreio específicas 1 OG14 Manter / melhorar ou promover manchas de montado aberto 1 OG29 Condicionar intervenções nas margens e leito de linhas de água 1 OG32 Regular uso de açudes e charcas 1 OG59 Manter olival tradicional Tabela Valores naturais por orientação de gestão em Caia OG29 Condicionar intervenções nas margens e leito de linhas de água 17 OG7 Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas em áreas contíguas ao habitat OG54 Impedir introdução de espécies não autóctones /controlar existentes 10 OG18 Reduzir risco de incêndio

149 OG27 Conservar / recuperar vegetação ribeirinha autóctone 8 OG9 Adoptar práticas de pastoreio específicas 7 OG10 Manter práticas de pastoreio extensivo 6 OG8 Outros condicionamentos específicos a práticas agrícolas em áreas 5 contíguas ao habitat OG5 Condicionar mobilização do solo 4 OG15 Adoptar práticas silvícolas específicas 4 OG17 Condicionar a florestação 4 OG4 Condicionar a intensificação agrícola 3 OG13 Conservar / recuperar vegetação dos estratos herbáceo e arbustivo 3 OG16 Promover a regeneração natural 3 OG32 Regular uso de açudes e charcas 3 OG40 Incrementar sustentabilidade económica de actividades com interesse 3 para a conservação OG49 Efectuar gestão por fogo controlado 3 OG50 Efectuar desmatações selectivas 3 OG1 Assegurar mosaico de habitats 2 OG2 Conservar / promover sebes, bosquetes e arbustos 2 OG11 Salvaguardar de pastoreio 2 OG14 Manter / melhorar ou promover manchas de montado aberto 2 OG61 Promover o matagal mediterrâneo 2 OG6 Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas 1 OG12 Conservar / recuperar povoamentos florestais autóctones 1 OG43 Desobstruir a entrada de abrigos 1 OG45 Manter as edificações que possam albergar colónias /populações 1 OG47 Recuperar zonas húmidas 1 OG74 Condicionar queimadas 1 OG77 Assegurar a manutenção de usos agrícolas extensivos Objectivos da ITI e lógica da intervenção A ITI do Nordeste Alentejano contém três conjuntos essenciais de problemas de conservação: 1) A manutenção da biodiversidade florestal, de habitats e espécies na Serra de S. Mamede e Nisa / Lage da Prata, com particular ênfase nos habitats associados ao carvalho-negral e castanheiro; 149

150 2) A gestão de áreas estepárias e comunidades de aves associadas em Campo Maior, Caia, São Vicente e Torre da Bolsa; 3) A conservação de montados de sobro e azinho e pastagens espontâneas associadas. Manutenção da biodiversidade florestal, de habitats e espécies na Serra de S. Mamede e Nisa/Lage da Prata A conservação de habitats florestais incidirá prioritariamente sobre os Sítios da Serra de S. Mamede e Nisa / Lage da Prata dada a sua grande diversidade de habitats naturais e características fitogeográficas particulares. Entre os habitats florestais que relevam, no conjunto, temos as formações de bosque de carvalho-negral Quercus pyrenaica, as formações ripícolas, as formações de bosque de sobreiro e azinheira, os povoamentos de castanheiro e alguns dos matagais que fazem parte do elenco de habitats. Devido à sua orografia, a serra de S. Mamede constitui o limite sul da distribuição de espécies e habitats de características atlânticas, como Narcissus pseudonarcissus subsp. portensis ou o raro briófito Marsupella profunda (anexo II Directiva 92/43/CEE). Nas vertentes norte e oeste ocorrem residualmente urzais-tojais higrófilos, habitat de conservação prioritária (habitat 4020, Anexo I Directiva 92/43/CEE) associado a solos permanentemente húmidos. Este último habitat, apesar de ocorrer numa superfície muito pequena é particularmente relevante até porque a história da sua diminuição se encontra associada ao aumento da área de eucaliptal e à ocupação por culturas florestais do habitat das espécies em causa. Singulares são também os habitats florestais presentes no Sitio S. Mamede, nomeadamente as formações de bosques de caravalho-negral (habitat 9230 Carvalhais galaico-portugueses de Quercus robur e Quercus pyrenaica) e castanheiro (habitat 9260 Florestas de Castanea sativa). O carvalho-negral, espécie de distribuição supra e mesomediterrânica, ocupa sobretudo as vertentes mais húmidas da serra, constituindo os núcleos populacionais mais expressivos no limite sul de distribuição desta espécie. No Sitio S. Mamede, os bosques de carvalho-negral constituem formações remanescentes de formações arbóreas que outrora dominavam a paisagem florestal da região. Actualmente os bosques de carvalho-negral (habitat 9230) ocorrem sobretudo em zonas de afloramentos graníticos e, em áreas de fisiografia mais plana, constituem formações do tipo montado. Nas formações mais densas a flora do sobcoberto é rica em espécies umbrófilas, tanto epifitos (elevada riqueza em espécies de líquenes e briófitos) 150

151 como geófitos (Narcissus sp.) e hemicriptófitos (Viola riviniana, Geum sylvaticum, Brachypodium sylvaticum). O sobreiro é a espécie florestal dominante na área da ITI (mais de 60% da superfície arborizada), em montado, na zona sul da ITI, mas também em formações de bosque ambos considerados na lista de habitats do Sítio de S. Mamede. A floresta ripícola é estruturante da paisagem e habitat de espécies de fauna e flora incluídas na lista dos valores naturais a proteger na ITI. O salgueiro Salix salvifolia ssp. australis é uma das plantas incluída nos valores naturais do Sítio que está associada aos habitats ripícolas. A conservação destes habitats e espécies estão associados à gestão agrícola e florestal das explorações, quer quanto à sua conservação (e.g., uso dos leitos de cheia e margens pelo gado), quer quanto à eficiência da realização de investimentos não produtivos de beneficiação de povoamentos e arborização com espécies ripícolas. Se a floresta da região da ITI for gerida para a biodiversidade ao longo de um período suficientemente longo, será desejável privilegiar os bosques de carvalho-negral, sobreiro, azinheira e castanheiro, em povoamentos puros e mistos. Esta é a orientação que tenderá a aumentar a abundância das espécies e habitats associados aos objectivos de conservação. O PROF do Alto Alentejo inclui a zona do Sítio de S. Mamede, principalmente (cerca de 70%) nas subzonas homogéneas de Serra de S. Mamede, Tejo Superior (cerca de 25%) e uma pequena fracção (5%) na subzona Peneplanície do Alto Alentejo. A função principal que o PROF do Alto Alentejo atribui à subzona da serra de S. Mamede é precisamente a Conservação dos habitats de espécies de fauna e flora, sendo que o Objectivo nº 1 Adequar a gestão dos espaços florestais à conservação dos habitats de espécies de fauna e flora nomeadamente através da criação de medidas de compensação de perda de rendimento associadas às condicionantes da conservação. O PROF considera que a subregião Serra de S. Mamede tem um elevado potencial produtivo lenhoso, estando a função produtiva em segundo lugar na hierarquização feita pelo plano. A fracção do território com utilização florestal é de 78%, sendo de 42% a fracção da superfície arborizada. O eucalipto ocupa 19% e o pinheiro-bravo ocupa 13% do espaço arborizado, concentrado este último no sul do núcleo central da serra de S. Mamede, no concelho de Portalegre. No caso da subzona Tejo Superior, o PROF define a função de produção como a primeira prioridade e a conservação dos habitats de espécies de fauna e flora como a terceira prioridade. Nesta zona os espaços florestais são 82% da área geográfica, sendo 151

152 52% a fracção arborizada da área geográfica. O eucalipto e o pinheiro-bravo representam respectivamente 44 e 18% da superfície arborizada. No conjunto da ITI os espaços florestais são cerca 80% da área geográfica, sendo cerca de 50% a fracção arborizada. O eucalipto e o pinheiro-bravo representam 27% da área geográfica (19 % eucalipto, 8% pinheiro-bravo). O PROF identifica o baixo nível de associativismo florestal como um dos pontos fracos da subregião, não estando constituída nenhuma ZIF na área da ITI. As questões de conservação enunciadas estão associadas à gestão florestal, através da compatibilização da conservação dos povoamentos e núcleos de vegetação com o controlo do risco de incêndio, no âmbito dos Programas de Gestão da Biodiversidade (PGB) que, de acordo com o Decreto-lei 16/2009, de 14 de Janeiro, deverão ser incluídos nos PGF situados em áreas classificadas. As candidaturas à ITI serão fundamentadas por PGB validados pela ELA para efeitos de candidatura. Os PGB georreferenciarão, quantificarão e justificarão as medidas a aplicar na sua área, evidenciando a qualidade e a quantidade do contributo para os objectivos da ITI. Uma vez aprovado, o PGB constituirá o suporte técnico para a candidatura às diversas medidas de apoio contempladas na Intervenção, incluindo investimentos não produtivos. A conservação das comunidades rupícolas de plantas associadas aos habitats 8220 e 8230, onde se integra o endemismo europeu em perigo de extinção Marsupella profunda, está associada à gestão florestal, constituindo zonas de protecção e não intervenção a incluir nos PGB. Também associada à gestão florestal está a conservação de algumas espécies de morcegos com habitat associados às matas de quercíneas ou à floresta ripícola como é o caso do morcego-de-ferradura-mediterrânico Rhinolophus euryale, do morcego-deferradura-pequeno Rhinolophus hipposideros, do morcego-de-ferradura-grande Rhinolophus ferrumequinum, do morcego-de-ferradura-mourisco Rhinolophus mehelyi, do morcego-lanudo Myotis emarginatus, do morcego-rato-grande Myotis miotys e do raro morcego de Bechstein Myotis bechsteinii. Para além da ampliação dos seus habitats será possível incluir dentro de uma medida geral de conservação da biodiversidade florestal compromissos relativos à protecção dos abrigos (cavernas ou outro tipo de abrigos). 152

153 A gestão de áreas estepárias e comunidades de aves associadas nas ZPE de Campo Maior, São Vicente e Torre da Bolsa As áreas estepárias estão associadas à gestão agrícola, com manutenção de rotações cereal-pousio ou gestão de áreas de pastagem permanente. Em comparação com outras áreas estepárias, nas ZPE em causa o mosaico de habitat está já mais degradado ou fragmentado pela intensificação/regadio em culturas arvenses e/ou permanentes. A medida para a conservação da avifauna estepária nestas ZPE foi definida no quadro mais amplo das diversas ZPE estepárias incluídas na segunda fase de ITI. A medida integrou na sua concepção a diversidade quanto ao complexo de espécies-alvo presentes em cada uma das ZPE e a importância para cada uma das espécies-alvo de cada uma das ZPE. Tal como as restantes áreas consideradas, estas ZPE apresentam heterogeneidade quanto ao complexo de espécies-alvo presentes e quanto aos sistemas agrícolas e suas dinâmicas actuais. Tabela Importância absoluta e relativa da cada subárea estepária para as diversas espécies-alvo Fontes: Silva e Pinto (2006), Pinto et al. (2005), Pinto, M. e P. Rocha (2006), Cardoso et al. (2003); MCOTA e MADRP (2002); Fichas comunicadas à CE no âmbito do processo de designação das ZPE; Plano Sectorial da Rede Natura Esta diversidade justifica que, também nestas 3 ZPE, sejam aplicadas duas medidas base generalistas (ditas medidas de nível 1), complementadas com medidas adicionais (ditas 153

154 medidas de nível 2), estas últimas destinadas a cobrir necessidades de conservação específicas das espécies-alvo que nelas têm maior potencial. A primeira das medidas base aplica-se à preservação de um mosaico de habitat suficientemente diversificado, mas não fragmentado por zonas de uso do solo que gerem habitat desfavorável. As medidas adicionais de adesão voluntária (nível 2) conferem a esta solução flexibilidade suficiente para adaptar a medida de base comum (nível 1) às particularidades de cada subárea e das espécies que nelas têm maior potencial. A segunda das medidas base destina-se a áreas com predomínio de pastagem permanente, onde a maior parte das explorações agrícolas têm dificuldades em aderir a compromissos relativos a mínimos de áreas de cereal para grão e pousio, por impossibilidade de converter pastagens permanentes em terras aráveis (regra de condicionalidade das ajudas directas, incluindo RPU). Nestes casos, a gestão da pastagem para criar um mínimo de heterogeneidade espaço-temporal do mosaico torna-se a questão-chave para a conservação das aves estepárias. As duas medidas de base (promoção do sistema extensivo de cereal-pousio ou a gestão de pastagem permanente extensiva), complementadas com as medidas adicionais relevantes em cada caso, aplicam-se de acordo com critério da ELA. Conservação dos montados de sobro e azinho e vegetação associada A tendência de intensificação no uso das pastagens consequência do reforço da especialização na bovinicultura de carne aumenta a pressão sobre as áreas de montado de sobro e azinho e sobre as pastagens espontâneas que aumentam o valor destes habitats para a conservação, em particular no Sítio do Caia. Em particular as pastagens vivazes da associação Poetalia bulbosae integradas nos habitats 6310 e 6220 dependem da existência de pastoreio, sendo o pastoreio de ovinos mais eficaz na conservação destas comunidades quer quanto ao tipo de alimentação quer quanto às características do estrume. O sobre-pastoreio, em particular de bovinos, constitui uma ameaça nomeadamente pela nitrofilização das comunidades. A conservação destes habitats passa pela limitação do encabeçamento nas zonas onde as pastagens espontâneas são importantes, aplicando nessas zonas uma medida de restrição de pastoreio, protegendo simultaneamente a regeneração do montado nas zonas onde esteja a ocorrer. 154

155 Em resumo: A ITI do Nordeste Alentejano mistura três temáticas de conservação de natureza diferentes. Nos Sítios de S. Mamede e Nisa/Lage da Prata pretende-se, através da medida silvo-ambiental Manutenção da biodiversidade florestal, de habitats e espécies na Serra de S. Mamede contribuir para a manutenção da diversidade de habitats florestais, incluindo florestas e montados de quercíneas, povoamentos de castanheiro, matagais e comunidades rupícolas. De acordo com as orientações do PROF, pretende-se estimular simultaneamente a diminuição da área de eucalipto e pinhal-bravo. Nas ZPE de Campo Maior, São Vicente, Torre da Bolsa e Sítio do Caia o objectivo é a conservação dos habitats e populações de aves estepárias, através da medida agro-ambiental especificamente destinada e esse fim. Na zona sul de S. Mamede e no Caia pretende-se conservar os montados de sobro e azinho e as pastagens espontâneas associadas. Justificação dos objectivos e avaliação de eficácia 1) Manter ou aumentar as zonas de floresta aluvial e ripícola e de matos ribeirinhos que incluem os habitat 91E0 (florestas aluviais de amieiros e freixos), 92A0 (florestas galeria de salgueiros e choupos) e 91B0 (freixiais) pelo menos na dimensão existente à data do início do programa. Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior (Alno-Padion, Alnion 91E0 incanae, Salicion albae) 91B0 Freixiais termófilos de Fraxinus angustifolia 92A0 Florestas galeria de Salix Alba e Populus Alba 1427 Marsilea batardae 1434 Salix salvifolia ssp australis A conservação destes habitats, associada à prática da gestão florestal sustentável, está incluída na medida silvo-ambiental Biodiversidade Florestal Serra de S. Mamede e numa medida específica, para as explorações que não adiram à primeira, sendo o investimento necessário previsto como investimento não produtivo. Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície e estado de conservação destes habitats na área da ITI e à variação dos núcleos de Salix salvifolia ssp. australis e Marsilea batardae. 2) Aumentar a área de carvalhais de Quercus pyrenaica incluída no habitat 9230, incluindo formações florestais e de montado. 155

156 9230 Carvalhais galaico-portugueses de Quercus robur e Quercus pyrenaica O habitat 9230 inclui comunidades com interesse do ponto de vista fitogeográfico à escala nacional e é essencial à manutenção da biodiversidade florestal na serra de S. Mamede. A conservação e mesmo o aumento da representação deste habitat está associado à prática da gestão florestal sustentável à escala da região da ITI, quer quanto ao aumento da representação dos povoamentos das quercíneas substituindo uma fracção dos povoamentos de eucalipto e pinheiro, quer quanto à sua inclusão na estratégia de controlo eficaz do risco estrutural de incêndio de modo compatível com a manutenção destes habitats (ver também objectivo 3 abaixo). A conservação destes habitats está incluída na medida silvo-ambiental Biodiversidade Florestal - Serra de S. Mamede e numa medida específica, para as explorações que não adiram à primeira, sendo o investimento necessário previsto como investimento não produtivo. Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície e estado de conservação destes habitats na área da ITI. 3) Aumentar a área dos habitats florestais 9260, 9330 e Florestas de Castanea sativa 9330 Florestas de Quercus suber 9340 Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia (ver objectivo 2) Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície e estado de conservação destes habitats na área da ITI. 4) Manter ou aumentar a área do habitat 6310 e comunidades herbáceas associadas Montados de Quercus spp de folha perene 6220 Subestepes de gramíneas anuais de Thero-Brachypodietea A conservação destes habitats está associada à actividade agrícola, em particular à gestão do pastoreio. A identificação e mapeamento dos valores deverá ser feita na fase de preparação do Programa de Gestão da Biodiversidade. Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície de regeneração natural de sobro e azinho e à variação da superfície do habitat 6220 contendo associações importantes (e.g., Poetalia bulbosae). 156

157 5) Manter ou aumentar a área dos habitat 8220 e Vertentes rochosas siliciosas com vegetação casmofítica Rochas siliciosas com vegetação pioneira da Sedo-Scleranthion ou da Sedo albi Veronicion dillenii 1390 Marsupella profunda A conservação destes habitats está associada à actividade florestal, porque a sua detecção e registo deverá ser feita na fase de preparação do PGB, sendo consideradas zonas de não intervenção florestal. Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície e estado de conservação destes habitats na área da ITI. 6) Aumentar a área do habitat Charnecas húmidas atlânticas temperadas de Erica ciliaris e Erica tetralix À escala da ITI, a questão de gestão florestal sustentável associada à conservação deste habitat é a compensação pela sua diminuição decorrente da actividade florestal. Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície e estado de conservação do habitat na área da ITI. 7) Conservar os charcos temporários existentes e arrelvados anfíbios 3120 Águas oligotríficas muito pouco mineralizadas em solos geralmente arenosos do oeste mediterrânico com Isoiëtes spp Lagos eutróficos naturais com vegetação da Magnopotamium ou da Ydrocharition 3170 Charcos temporários mediterrânicos Pretende-se conservar os charcos temporários e arrelvados anfíbios existentes através da limitação do acesso do gado a esses habitats e a uma zona de protecção a eles associada. Este objectivo será atingido através da medida agro-ambiental Manutenção de Charcos temporários e de investimentos não produtivos. 157

158 A medida da eficácia será associada ao número de charcos temporários e áreas de arrelvados anfíbios com protecção efectiva. 8) Manter ou aumentar a dimensão das populações de aves estepárias, em concreto as populações de tartaranhão-caçador, grou, sisão e abetarda, através da manutenção dos seus habitat, nomeadamente o habitat A084 Circus pygargus A127 Grus grus A128 Tetrax tetrax A129 Otis tarda 6220 Subestepes de gramíneas anuais de Thero-Brachypodietea Pretende-se que a dimensão das populações das quatro espécies de aves e a superfície do habitat 6220 se mantenham, no mínimo, nos níveis do início do programa pelo que a medida da eficácia será a variação das populações e da superfície do habitat. 158

159 7.4 Ficha da ITI Nordeste Alentejano 1. Enquadramento Regulamentar Artigos: 36º alínea a), iv), vi), alínea b), v), vii);artigo 39º; Artigo 41º; Artigo 47º; Artigo 49º do Reg. (CE) n.º 1698/2005 Artigo 27º e Artigo 29º do Reg. (CE) n.º 1974/2006 e Anexo II pontos ; ; ; Códigos de medidas no Anexo II do Reg. (CE) n.º 1974/2006: 214, 216, 225, Território Alvo Áreas dos Sítios de Importância Comunitária S. Mamede (PTCON0007), Nisa/ Lage da Prata (PTCON0044), Caia (PTCON0030) e ZPE de Campo Maior (PTZPE0043), São Vicente e Torre da Bolsa. 3. Objectivos 1. Manter ou aumentar as zonas de floresta aluvial e ripícola e de matos ribeirinhos que incluem os habitat 91E0 (florestas aluviais de amieiros e freixos), 92A0 (florestas galeria de salgueiros e choupos) e 91B0 (freixiais) pelo menos na dimensão existente à data do início do programa. 2. Aumentar a área de carvalhais de Quercus pyrenaica incluída no habitat 9230, incluindo formações florestais e de montado. 3. Aumentar a área dos habitats florestais 9260, 9330 e Manter ou aumentar a área do habitat 6310 e comunidades herbáceas associadas. 5. Manter ou aumentar a área dos habitat 8220 e Aumentar a área do habitat Conservar os charcos temporários existentes. 8. Manter ou aumentar a dimensão das populações de aves estepárias, em concreto as populações de grou, abetarda, sisão e tartaranhão-caçador através da manutenção dos seus habitat, nomeadamente o habitat Fundamentação da Intervenção A ITI do Nordeste Alentejano contém três conjuntos essenciais de problemas de conservação: 159

160 1. A manutenção da biodiversidade florestal, de habitats e espécies na Serra de S. Mamede e Nisa / Lage da Prata, com particular ênfase nos habitats associados ao carvalho-negral e castanheiro; 2. A gestão de áreas estepárias e comunidades de aves associadas em Campo Maior, Caia, São Vicente e Torre da Bolsa; 3. A conservação de montados de sobro e azinho e pastagens espontâneas associadas. Manutenção da biodiversidade florestal, de habitats e espécies na Serra de S. Mamede A conservação dos habitats florestais A conservação de habitats florestais incidirá prioritariamente sobre os Sítios da Serra de S. Mamede e Nisa / Lage da Prata dada a sua grande diversidade de habitats naturais e características fitogeográficas particulares. As questões de conservação enunciadas estão associadas à gestão florestal, através da compatibilização da conservação dos povoamentos e núcleos de vegetação com o controlo do risco de incêndio, no âmbito dos Programas de Gestão da Biodiversidade (PGB) que, de acordo com o Decreto-lei 16/2009, de 14 de Janeiro, deverão ser incluídos nos PGF situados em áreas classificadas. As candidaturas à ITI serão fundamentadas por PGB validados pela ELA para efeitos de candidatura. Os PGB georreferenciarão, quantificarão e justificarão as medidas a aplicar na sua área, evidenciando a qualidade e a quantidade do contributo para os objectivos da ITI. Uma vez aprovado, o PGB constituirá o suporte técnico para a candidatura às diversas medidas de apoio contempladas na Intervenção, incluindo investimentos não produtivos. A conservação das comunidades rupícolas de plantas associadas aos habitats 8220 e 8230, onde se integra o endemismo europeu em perigo de extinção Marsupella profunda, está associada à gestão florestal, constituindo zonas de protecção e não intervenção a incluir nos PGB. Também associada à gestão florestal está a conservação de algumas espécies de morcegos com habitat associados às matas de quercíneas ou à floresta ripícola como é o caso do morcego-de-ferradura-mediterrânico Rhinolophus euryale, do morcego-deferradura-pequeno Rhinolophus hipposideros, do morcego-de-ferradura-grande Rhinolophus ferrumequinum, do morcego-de-ferradura-mourisco Rhinolophus mehelyi, 160

161 do morcego-lanudo Myotis emarginatus, do morcego-rato-grande Myotis miotys, e do o raro morcego de Bechstein Myotis bechsteinii. Para além da ampliação dos seus habitats será possível incluir dentro de uma medida geral de conservação da biodiversidade florestal compromissos relativos à protecção dos abrigos (cavernas ou outro tipo de abrigos). A gestão de áreas estepárias e comunidades de aves associadas nas ZPE de Campo Maior, São Vicente e Torre da Bolsa As áreas estepárias estão associadas à gestão agrícola com manutenção de rotações cereal-pousio. Em comparação com outras áreas estepárias, nas ZPE em causa o mosaico de habitat está já mais degradado ou fragmentado pela intensificação/regadio em culturas arvenses e/ou permanentes. A medida para a conservação da avifauna estepária nestas ZPE foi definida no quadro mais amplo das diversas ZPE estepárias incluídas na segunda fase de ITI. A medida integrou na sua concepção a diversidade quanto ao complexo de espécies-alvo presentes em cada uma das ZPE e a importância para cada uma das espécies-alvo de cada uma das ZPE. Conservação dos montados de sobro e azinho e vegetação associada A tendência de intensificação no uso das pastagens consequência do reforço da especialização na bovinicultura de carne aumenta a pressão sobre as áreas de montado de sobro e azinho e sobre as pastagens espontâneas que aumentam o valor destes habitats para a conservação, em particular no Sítio do Caia. Em particular as pastagens vivazes da associação Poetalia bulbosae integradas nos habitats 6310 e 6220 dependem da existência de pastoreio, sendo o pastoreio de ovinos mais eficaz na conservação destas comunidades quer quanto ao tipo de alimentação quer quanto às características do estrume. O sobre-pastoreio, em particular de bovinos, constitui uma ameaça nomeadamente pela nitrofilização das comunidades. A conservação destes habitats passa pela limitação do encabeçamento nas zonas onde as pastagens espontâneas são importantes, aplicando nessas zonas uma medida de restrição de pastoreio, protegendo simultaneamente a regeneração do montado nas zonas onde esteja a ocorrer. A ITI do Nordeste Alentejano mistura três temáticas de conservação de natureza diferentes. Nos Sítios de S. Mamede e Nisa/Lage da Prata pretende-se, através da medida silvo-ambiental Manutenção da biodiversidade florestal, de habitats e espécies na Serra de S. Mamede contribuir para a manutenção da diversidade de habitats 161

162 florestais, incluindo florestas e montados de quercíneas, povoamentos de castanheiro, matagais e comunidades rupícolas. De acordo com as orientações do PROF, pretende-se estimular a diminuição da área de eucalipto e pinhal-bravo. Na ZPE de Campo Maior e Sítio do Caia o objectivo é a conservação dos habitats e populações de aves estepárias, através da medida agro-ambiental especificamente destinada e esse fim. Na zona sul de S. Mamede e no Caia pretende-se conservar os montados de sobro e azinho e as pastagens espontâneas associadas. Justificação dos objectivos e avaliação de eficácia 1) Manter ou aumentar as zonas de floresta aluvial e ripícola e de matos ribeirinhos que incluem os habitat 91E0 (florestas aluviais de amieiros e freixos), 92A0 (florestas galeria de salgueiros e choupos) e 91B0 (freixiais) pelo menos na dimensão existente à data do início do programa. Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior (Alno-Padion, Alnion 91E0 incanae, Salicion albae) 91B0 Freixiais termófilos de Fraxinus angustifolia 92A0 Florestas galeria de Salix Alba e Populus Alba 1427 Marsilea batardae 1434 Salix salvifolia ssp australis A conservação destes habitats, associada à prática da gestão florestal sustentável, está incluída na medida silvo-ambiental Biodiversidade Florestal Serra de S. Mamede e numa medida específica, para as explorações que não adiram à primeira, sendo o investimento necessário previsto como investimento não produtivo. Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície e estado de conservação destes habitats na área da ITI e à variação dos núcleos de Salix salvifolia ssp australis e Marsilea batardae. 2) Aumentar a área de carvalhais de Quercus pyrenaica incluída no habitat 9230, incluindo formações florestais e de montado Carvalhais galaico-portugueses de Quercus robur e Quercus pyrenaica O habitat 9230 inclui comunidades com interesse do ponto de vista fitogeográfico à escala nacional e é essencial à manutenção da biodiversidade florestal na serra de S. Mamede. A conservação e mesmo o aumento da representação deste habitat está 162

163 associado à prática da gestão florestal sustentável à escala da região da ITI, quer quanto ao aumento da representação dos povoamentos das quercíneas substituindo uma fracção dos povoamentos de eucalipto e pinheiro, quer quanto à sua inclusão na estratégia de controlo eficaz do risco estrutural de incêndio de modo compatível com a manutenção destes habitats (ver também objectivo 3 abaixo). A conservação destes habitats está incluída na medida silvo-ambiental Biodiversidade Florestal Serra de S. Mamede e numa medida específica, para as explorações que não adiram à primeira, sendo o investimento necessário previsto como investimento não produtivo. Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície e estado de conservação destes habitats na área da ITI. 3) Aumentar a área dos habitats florestais 9260, 9330 e Florestas de Castanea sativa 9330 Florestas de Quercus suber 9340 Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia (ver objectivo 2) Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície e estado de conservação destes habitats na área da ITI. 4) Manter ou aumentar a área do habitat 6310 e comunidades herbáceas associadas Montados de Quercus spp de folha perene 6220 Subestepes de gramíneas anuais de Thero-Brachypodietea A conservação destes habitats está associada à actividade agrícola, em particular à gestão do pastoreio. A identificação e mapeamento dos valores deverá ser feita na fase de preparação do Programa de Gestão da Biodiversidade. Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície de regeneração natural de sobro e azinho e à variação da superfície do habitat 6220 contendo associações importantes (e.g., Poetalia bulbosae). 5) Manter ou aumentar a área dos habitat 8220 e Vertentes rochosas siliciosas com vegetação casmofítica 163

164 Rochas siliciosas com vegetação pioneira da Sedo-Scleranthion ou da Sedo albi Veronicion dillenii 1390 Marsupella profunda A conservação destes habitats está associada à actividade florestal, pelo que a sua detecção e registo deverá ser feita na fase de preparação do PGB, sendo consideradas zonas de não intervenção florestal. Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície e estado de conservação destes habitats na área da ITI. 6) Aumentar a área do habitat Charnecas húmidas atlânticas temperadas de Erica ciliaris e Erica tetralix À escala da ITI, a questão de gestão florestal sustentável associada à conservação deste habitat é a compensação pela sua diminuição decorrente da actividade florestal. Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície e estado de conservação do habitat na área da ITI. 7) Conservar os charcos temporários existentes e arrelvados anfíbios 3120 Águas oligotríficas muito pouco mineralizadas em solos geralmente arenosos do oeste mediterrânico com Isoiëtes spp Lagos eutróficos naturais com vegetação da Magnopotamium ou da Ydrocharition 3170 Charcos temporários mediterrânicos Pretende-se conservar os charcos temporários e arrelvados anfíbios existentes através da limitação do acesso do gado a esses habitats e a uma zona de protecção a eles associada. Este objectivo será atingido através da medida agro-ambiental Manutenção de Charcos temporários e de investimentos não produtivos. A medida da eficácia será associada ao número de charcos temporários e áreas de arrelvados anfíbios com protecção efectiva. 164

165 8) Manter ou aumentar a dimensão das populações de aves estepárias, em concreto as populações de tartaranhão-caçador, grou, sisão e abetarda, através da manutenção dos seus habitat, nomeadamente o habitat A084 Circus pygargus A127 Grus grus A128 Tetrax tetrax A129 Otis tarda 6220 Subestepes de gramíneas anuais de Thero-Brachypodietea Pretende-se que a dimensão das populações das quatro espécies de aves e a superfície do habitat 6220 se mantenham, no mínimo, nos níveis do início do programa pelo que a medida da eficácia será a variação das populações e da superfície do habitat. 5. Beneficiários Componente agro-ambiental Agricultores que revistam a natureza privada, detentores de uma Unidade de Produção com parcelas agrícolas situadas, no todo ou em parte, na área de incidência da ITI. Componente silvo-ambiental Agricultores, produtores florestais ou proprietários de espaços florestais (no caso em que a área florestal não esteja a ser objecto de exploração) que revistam a natureza privada, detentores de parcelas florestais na área de incidência da ITI. Entidades gestoras de Zonas de Intervenção Florestal. Investimentos não produtivos Beneficiários de pagamentos agro-ambientais ou silvo-ambientais com incidência no território da ITI. 6. Condicionalidade e Requisitos mínimos Os beneficiários desta acção comprometem-se a respeitar, em toda a área da exploração agrícola, os requisitos em matéria de condicionalidade de acordo os artigos 4º e 5º e anexos III e IV do Reg. (CE) nº1782/2003, expressos pelos requisitos legais de gestão e pelas boas condições agrícolas e ambientais. Os beneficiários comprometem-se ainda a respeitar os requisitos mínimos relativos a utilização de adubos e produtos fitofarmacêuticos. 165

166 7. Aplicação da Componente Agro-Ambiental e Silvo-Ambiental em Unidades de Produção e Investimentos Não Produtivos Para aceder a qualquer pagamento agro-ambiental, o beneficiário deverá cumprir as condições gerais de acesso e respeitar os compromissos gerais na totalidade da área agrícola e agro-florestal declarada. Os pagamentos agro-ambientais serão efectuados através de dois tipos de aplicação alternativos, consoante as características predominantes do uso do solo nas subáreas em causa: Uma aplicação dirigida para as subáreas onde predomine o sistema extensivo de cereal-pousio; Uma aplicação alternativa à anterior, para as subáreas cuja zona de campo aberto esteja ocupada, em mais de 70%, com pastagens permanentes não melhoradas. Cada uma destas aplicações prevê um pagamento de base, para cumprimento de compromissos gerais, e pagamentos complementares ou adicionais, a activar com base em parecer da ELA, destinados a assegurar diferentes objectivos específicos de conservação. Para aceder a qualquer pagamento silvo-ambiental, o beneficiário deverá cumprir as condições gerais de acesso e respeitar os compromissos gerais na totalidade da área florestal declarada. Para cada tipo de pagamento silvo-ambiental deverão ainda verificar-se as condições de acesso específicas e respeitar-se os compromissos específicos na respectiva área de incidência. Dada a natureza das intervenções em causa, na componente investimentos não produtivos não haverá lugar a pagamentos de natureza forfetária. A concessão do apoio está condicionada à apresentação de um Programa de Gestão da Biodiversidade que, após parecer da ELA, será objecto de análise e decisão pela Autoridade de Gestão, havendo lugar à comprovação de todas as despesas efectuadas e previamente aprovadas. 166

167 Aplicação da Componente Agro-Ambiental e Silvo-Ambiental em Unidades de Produção da ITI do Nordeste Alentejano Condições gerais de acesso Declarar toda a superfície florestal, agro-florestal e agrícola da unidade de produção situada na área geográfica de incidência da ITI. Compromissos gerais Manter as condições gerais de acesso; Manter as árvores, os muros de pedra posta e outros elementos patrimoniais importantes para a paisagem e ainda as sebes arbustivas ou arbóreas, de espécies autóctones, entre as parcelas e nas extremas, não tratando com herbicidas; Manter os pontos de água acessíveis à fauna, no período de Verão; Manter a vegetação arbórea e arbustiva ao longo das linhas de água, sem prejuízo das limpezas e regularizações necessárias ao adequado escoamento; Utilizar apenas os produtos fitofarmacêuticos aconselhados para a Protecção Integrada e aconselhados no Modo de Produção Biológico; Registar a localização de exemplares de sobreiro e azinheira em mau estado fitossanitário transmitindo essa informação quando solicitado. Garantir a protecção dos núcleos populacionais de morcegos, nomeadamente através da protecção dos seus abrigos, de acordo com as indicações da ELA. Os abrigos de morcegos deverão constar de carta específica a fornecer pelo ICNB, devendo ser compromisso do candidato comunicar à ELA a detecção de novos abrigos. Medidas Agro-ambientais Componentes Habitat de aves estepárias: Componente de base 1 Promoção do sistema extensivo de cereal-pousio Condições de acesso Estar incluída na ZPE de Campo Maior, São Vicente ou Torre da Bolsa, exceptuando aquelas subáreas em que a ELA decidir colocar em aplicação a componente de base 2. Declarar a totalidade da área de campo aberto da exploração com densidade de menos de 10 árvores por hectare, com exclusão de áreas ocupadas por Compromissos 1. Manter as condições de acesso, mantendo a área de campo aberto livre de coberto arbustivo em toda a área declarada. 2. Manter um encabeçamento em pastoreio igual ou inferior a 0,7 CN por hectare de superfície forrageira + 10% da área de cereal de pragana para grão. 3. Praticar uma rotação de culturas ou afolhamento aprovado pela Estrutura Local de Apoio (ELA) 8 que garanta, em cada ano, um mínimo de: 20 a 50% da área de campo aberto ocupada com cereal de pragana para grão; 10 a 30% da área de campo aberto em pousio; 5 a 10% da área de campo aberto com pousio de 2 ou mais anos (condição que não se terá de cumprir nas explorações sem pousio à partida). A ELA estabelecerá, para cada ZPE ou subárea, os valores 167

168 Componentes Habitat de aves estepárias: Componente Gestão de pousios para o sisão Condições de acesso rotações intensivas de regadio; Área de campo aberto elegível igual ou superior a 5 hectares Ser beneficiário da Componente de Base 1 e declarar anualmente uma área constante de pousio igual ou inferior à declarada para efeitos Compromissos mínimos a aplicar dentro das gamas acima indicadas. 4. Em anos agrícolas de excepção, a ELA poderá autorizar o corte para forragem de uma determinada fracção da área de cereal para grão. 5. Respeitar as datas e as técnicas a aplicar na ceifa do cereal para grão, cortes de forragens e mobilização de pousios e restolhos a indicar anualmente pela ELA, tendo em conta as características do ano agrícola e o estado do ciclo anual das espécies de aves alvo. 6. Assinalar os ninhos de tartaranhão-caçador (Circus pygargus) e preservar, quando da ceifa, uma área de 500 m2 não ceifada centrada no ninho. 7. As mobilizações do solo devem seguir as curvas de nível em parcelas com IQFP > 1; 8. Fazer, no máximo, uma mobilização anual, excluindo lavoura, excepto se autorizado pela ELA. 9. Nas parcelas sujeitas a monda química, deixar faixas não mondadas de largura igual ou inferior a 12 metros, cuja superfície deve ser igual ou superior a 5% da área da parcela. 10. Nas unidades de produção com mais de 50 hectares, semear e acompanhar até ao fim do seu ciclo, efectuando as necessárias práticas culturais, feijão-frade, grão de bico, ervilhaca, chícharo, gramicha, cezirão, tremoço doce ou outras culturas para a fauna bravia, de acordo com as orientações da ELA, respeitando as seguintes especificações: N.º de folhas não Escalão (ha de Área máxima contíguas por cada 50 área elegível) por folha (ha) hectares de área elegível >50 - <= ,5 >100 - <= >200 0, Garantir a existência de um ponto de água acessível em cada 100 hectares, no período seco crítico; 12. Não instalar cercas sem parecer prévio vinculativo da ELA. 13. Não instalar bosquetes, nem sebes arbóreas, nem proceder a qualquer densificação do coberto arbóreo arbóreo sem parecer prévio vinculativo da ELA. 1. Na área de pousio declarada para efeitos desta medida, não pastorear, cortar forragem nem mobilizar o solo entre 15 de Março e 30 de Junho. Dependendo das condições agrícolas e ecológicas do ano, a ELA poderá autorizar o pastoreio ou corte de forragem até 31 de Março. 2. No caso dos solos mais produtivos (capacidade de uso A e B), 168

169 Componentes Condições de acesso da medida de base; a área declarada anualmente será sempre igual ou superior a 20% da área de pousio declarada para efeitos da medida de base. Compromissos cortar, até 31 de Março, pelo menos 1/3 da área em faixas intercaladas com largura não inferior a 20 metros. Habitat de aves estepárias: Componente Culturas para a fauna bravia Habitat de aves estepárias: Componente Melhoria de habitat para o cortiçol, o alcaravão, calhandrinhas ou chascoruivo Habitat de aves estepárias: Componente de base 2 Gestão de Não sendo beneficiário da Componente de Base 1, a área de pousio a candidatar deverá estar incluída na ZPE de Campo Maior; declarar anualmente uma área constante de pousio não inferior a 1 hectare. Não ser beneficiário da componente de base 1; a área a candidatar deverá estar incluída nas ZPE de Campo Maior, São Vicente ou Torre da Bolsa; deve ser declarada anualmente uma área constante não inferior a 1 hectare. Ser beneficiário da Componente de base 1. Estar incluída em subárea das ZPE de Campo Maior, São Vicente ou Torre da Bolsa em que a ELA decida aplicar esta Semear e acompanhar até ao fim do seu ciclo, efectuando as necessárias práticas culturais, feijão-frade, grão de bico, ervilhaca, chícharo, gramicha, cezirão, tremoço doce ou outras culturas para a fauna bravia, de acordo com as orientações da ELA, em folhas não contíguas de dimensão inferior a 0,5 hectares. Pagamento por hectare adicional em áreas objecto de mobilização do solo, com vista a criar zonas de solo nu favoráveis às referidas espécies. A medida mantém alguma flexibilidade, com vista a incorporar recomendações da ELA face às características concretas da parcela e das espécies em causa. Depende sempre de parecer favorável da ELA, que deverá atender ao risco de erosão. 1. Manter as condições de acesso, mantendo a área de pastagem livre de coberto arbustivo. 2. Não pastorear nem realizar cortes de forragem entre 15 de Março e 30 de Junho em 20% da área de pastagem permanente. Dependendo das condições agrícolas e ecológicas 169

170 Componentes pastagem permanente extensiva Manutenção de Charcos temporários Restrição de pastoreio Condições de acesso componente de base em alternativa à componente de base 1. Declarar a totalidade da área de campo aberto da exploração, com densidade de menos de 10 árvores por hectare. SAU mínima de 20ha, com mais de 70% em pastagem permanente. Cartografar os Charcos Temporários existentes Apresentar um Programa de Gestão da Biodiversidade Compromissos do ano, a ELA poderá autorizar, nesses 20% da área de pastagem, o pastoreio ou corte de forragem até 31 de Março. A localização da área não pastoreada nem cortada na Primavera atenderá ao seu interesse como local de reprodução da avifauna e deverá, sempre que possível, ser fixa durante o período do compromisso caso em que há que ter particular atenção ao cumprimento do compromisso 1. A área não pastoreada nem cortada na Primavera deverá obrigatoriamente ser pastada ou cortada imediatamente antes de 15 de Março. 3. Respeitar as datas e as técnicas a aplicar na ceifa do cereal para grão, cortes de forragens e mobilização de pousios e restolhos a indicar anualmente pela ELA, tendo em conta as características do ano agrícola e o estado do ciclo anual das espécies de aves alvo. 4. Manter um encabeçamento em pastoreio igual ou inferior a 0,7 CN por hectare de superfície forrageira. 5. Garantir a existência de um ponto de água acessível em cada 100 hectares, no período seco crítico; 6. Não instalar cercas sem parecer prévio vinculativo da ELA. 7. Não instalar bosquetes, nem sebes arbóreas, nem proceder a qualquer densificação do coberto arbóreo sem parecer prévio vinculativo da ELA. Garantir a manutenção dos Charcos Temporários identificados. Associar em torno de cada charco temporário uma zona tampão, com largura de 20 metros, sem mobilização do solo nem utilização pelo gado, procedendo-se à vedação da área sempre que necessário para o cumprimento do compromisso. Este investimento será elegível em sede de investimentos não produtivos. 1. Proteger a regeneração natural de sobro e azinho 2. Limitar o encabeçamento a um máximo de 0,5CN/ha Cartografar no PGB as áreas do habitat 6220 existentes Cartografar as áreas de regeneração de montado de sobro ou de montado de azinho existentes 170

171 Medidas Silvo-ambientais Biodiversidade Florestal Serra de S. Mamede Condições de acesso específicas Apresentar um Programa de Gestão da Biodiversidade. Inclusão em área de expansão do carvalho negral e do castanheiro a definir pela ELA. Candidatar uma superfície igual ou superior a 10ha. Cartografar no PGB todas as zonas com: - Coberto arbustivo > 50% e - Altura média do coberto arbustivo > 1m e - Mais de 60 árvores/ha (Quercus sp., Castanea sativa) Compromissos específicos Manter os povoamentos existentes (puros ou mistos) de carvalho-negral e castanheiro. Manter as zonas com: - Coberto arbustivo > 50% e - Altura média do coberto arbustivo > 1m e - Mais de 60 árvores/ha (Quercus sp., Castanea sativa) Aumentar a área de carvalho-negral, em povoamentos puros ou mistos com castanheiro, sobreiro ou azinheira, através de regeneração natural ou plantação em pelo menos 15% em relação à previamente existente, garantindo um aumento mínimo de 0,5ha por cada 10ha candidatados que estejam dentro da área de expansão da espécie definida pela ELA. Cartografar no PGB as áreas florestais existentes, incluindo as áreas de regeneração de Quercus sp. Cartografar no PGB todas as áreas de ocorrência potencial das espécies de flora constantes no Objectivo da ITI, assim como todas as áreas de abrigo de morcegos existentes. Aumentar a área de castanheiro, em povoamentos puros ou mistos com carvalho negral, sobreiro ou azinheira, através de regeneração natural ou plantação em pelo menos 15% em relação à previamente existente, garantindo um aumento mínimo de 0,5ha por cada 10ha candidatados e que estejam dentro da área de expansão da espécie definida pela ELA. Diminuir a área de eucalipto no mínimo em 5% da área pré-existente, substituindo-a por sobreiro, azinheira, carvalho-negral ou castanheiro, de acordo com a área de expansão da espécie definida pela ELA. Diminuir a área de pinhal-bravo no mínimo em 5% da área pré-existente, substituindo-a por sobreiro, azinheira, carvalho-negral ou castanheiro, de acordo com a área de expansão da espécie definida pela ELA. Cumprir os compromissos indicados na medida Galerias Ripícolas na área elegível a essa medida. Cumprir os compromissos da medida agroambiental Charcos Temporários na área elegível a essa medida. Cumprir os compromissos da medida Renovação dos povoamentos de Quercus, sp e Castanea 171

172 Condições de acesso específicas Compromissos específicos sativa na área elegível a essa medida. Renovação dos povoamentos de Quercus sp. e Castanea sativa Manutenção de galerias ripícolas Apresentar um Programa de Gestão da Biodiversidade em que: - Sejam cartografadas as zonas de regeneração natural. - Seja evidenciada a articulação entre as zonas de protecção da regeneração da natural e a diminuição do risco estrutural de incêndio. Apresentar um Programa de Gestão da Biodiversidade Cartografar no PGB as galerias com largura mínima de 20m no conjunto das duas margens da linha de água e comprimento mínimo de 250 metros, podendo este ser inferior na situação de vales encaixados. Cumprir os compromissos da medida Promoção dos Urzais na área elegível a essa medida. Proteger a regeneração na superfície candidata. Conservar área da galeria, com remoção de exemplares de espécies exóticas, Promover a recuperação das margens da linha de água, com introdução de paliçadas e posterior colonização com vegetação autóctone, limitando o acesso aos troços recuperados com cercas temporárias; Na faixa ocupada pela galeria ripícola, não proceder ao cultivo ou aplicação de herbicidas numa largura mínima de 10 m a partir da linha de água. Promoção dos Urzais Apresentar um Programa de Gestão da Biodiversidade Efectuar apenas mobilizações de solo localizadas. Garantir o aumento mínimo de 10% da área do habitat identificado em bom estado de conservação Cartografar no PGB a áreas do habitat 4020 Tipologia e Nível do Apoio Tipo de Ajuda Área elegível Modulação e Nível da Ajuda Manutenção da biodiversidade florestal, de habitats e espécies na Serra de S. Mamede Compromisso Específico da Medida Pagamento por hectare de área elegível 32 /ha Pagamento por hectare de área de eucalipto removido 200 /ha Pagamento por hectare de área de pinheiro-bravo removido 80 /ha 172

173 Habitat de aves estepárias: Componente Área de rotação de base 1 Promoção do sistema 200 /ha extensivo de cereal-pousio Habitat de aves estepárias: Componente Gestão de pousios para o sisão Habitat de aves estepárias: Componente Culturas para a fauna bravia Habitat de aves estepárias: Componente Melhoria de habitat para o cortiçol, o alcaravão, calhandrinhas ou chasco-ruivo Habitat de aves estepárias: Componente de base 2 Gestão de pastagem permanente extensiva Restrição de pastoreio Manutenção de Charcos temporários Área de pousio candidatada à 200 /ha componente Área de culturas para a fauna candidatada no 150 /ha âmbito da componente Área candidatada a esta componente 100 /ha Área de pastagem permanente candidatada 50 /ha a esta componente de base Área de montado ou 100 /ha habitat 6220 Área dos charcos 450- temporários incluindo 600 /ha zona tampão Manutenção dos urzais Área de urzal elegível 100 /ha Renovação dos povoamentos de Quercus sp. Manutenção de galerias ripícolas Área em renovação e adensamento Área de galerias ripícolas 100 /ha 0 < Área 5 ha 200 /ha Área > 5 ha 100 /ha Aplicação de Investimentos Não Produtivos em Unidades de Produção Condições de acesso Âmbito Níveis de apoio Investimentos não produtivos associados a pagamentos agro-ambientais Ser beneficiário das medidas Criação ou recuperação de locais de nidificação para agro-ambientais conexas peneireiro-das-torres e rolieiro (ZPE de Campo Maior, Torre da Bolsa e S Vicente). 100% das despesas elegíveis Substituição e correcção de cercas não adequadas às aves estepárias (ZPE de Campo Maior, Torre da Bolsa e S Vicente); Instalações de vedações e cercas eléctricas; Recuperação e construção de pontos de água estratégicos; Manutenção de infra-estruturas de retenção de água. 173

174 Investimentos não produtivos associados a pagamentos silvo-ambientais Apresentação de um Elaboração do Programa de Gestão da Programa de Gestão da Biodiversidade Biodiversidade validado pela ELA para efeitos de Instalação e/ou recuperação de cercas e/ou de candidaturas à ITI, protectores individuais (protecção contra a acção do gado e da fauna selvagem). Os investimentos e respectiva calendarização Adensamentos e/ou substituição das espécies alvo têm de estar previstos no arbóreas ou arbustivas Programa de Gestão da Biodiversidade; Intervenções silvícolas de carácter extraordinário, tais como acções de erradicação de plantas Os projectos a candidatar invasoras lenhosas. deverão ter o parecer da ELA. Redução do risco estrutural de incêndio. 100% das despesas elegíveis Instalação de culturas para a fauna. Promoção dos urzais com vedação de zonas de expansão de maciços ou intervenção sobre a composição ou estrutura dos maciços no sentido de favorecer as espécies alvo. Manutenção de vegetação rupícola com vedação de zonas de expansão. Galerias ripícolas. Conservação de abrigos para morcegos - com limpeza das entradas, trabalhos de consolidação e colocação de vedações de acordo com informação técnica fornecida pela ELA. 7.5 Avaliação do grau de cobertura das orientações de gestão do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 pelas medidas propostas. As medidas propostas para a ITI integram plenamente as orientações de gestão previstas no Plano Sectorial para esta zona, como é evidenciado na Tabela No pressuposto de uma taxa de adesão suficiente, verifica-se assim que a quase totalidade das orientações de gestão associadas à actividade florestal e agrícola são postas em prática pela execução das medidas. 174

175 Tabela Correspondência entre os compromissos e condições de acesso das medidas propostas e as orientações de gestão Orientações Compromissos e condições de adesão de Gestão Compromissos Gerais Manter todas as zonas com: - Coberto arbustivo > 50% 12;61;16;1;2 - Altura média do coberto arbustivo > 1m - Mais de 60 árvores/ha (Quercus sp., Castanea sativa) Manter os pontos de água acessíveis à fauna, no período de Verão 51 Manter a vegetação arbórea e arbustiva ao longo das linhas de água, sem 27;29;54 prejuízo das limpezas e regularizações necessárias ao adequado escoamento; Utilizar apenas os produtos fitofarmacêuticos aconselhados para a Protecção 7;6 Integrada e aconselhados no Modo de Produção Biológico Não efectuar queimadas 18 Registar a localização de exemplares de sobreiro e azinheira em mau estado 12;14 fitossanitário transmitindo essa informação quando solicitado. Garantir a protecção dos núcleos populacionais de morcegos, nomeadamente 43,45 através da protecção dos seus abrigos, de acordo com as indicações da ELA. Medida Biodiversidade Florestal Serra de S. Mamede Condições de acesso específicas Realizar investimentos não produtivos associados aos compromissos específicos 27;29;54;12;14 ;16;2 Candidatar uma superfície igual ou superior a 10ha Cartografar no PGB as áreas florestais existentes, incluindo as áreas de 12;14;16 regeneração de Quercus sp e Castanea sativa Cartografar no PGB todas as áreas de ocorrência potencial das espécies de flora 13 constantes no Objectivo da ITI Identificar e cartografar todas as áreas de abrigo de morcegos existentes 43;45 Compromissos específicos Aumentar a área de carvalho-negral, em povoamentos puros ou mistos com castanheiro, sobreiro ou azinheira, através de regeneração natural ou plantação em pelo menos 15% em relação à previamente existente. Ou aumentar no mínimo 0,5ha por cada 10ha candidatados e que estejam dentro da área de expansão da espécie definida pelo PROF Aumentar a área de bosques de castanheiro, em povoamentos puros ou mistos com carvalho-negral, sobreiro, através de regeneração natural ou plantação em pelo menos 15% em relação à previamente existente. Ou aumentar no mínimo 0,5ha por cada 10ha candidatados e que estejam dentro da área de expansão da espécie definida pelo PROF Diminuir, a área de eucalipto no mínimo em 5% da área pré-existente, substituindo-a por sobreiro, azinheira, carvalho-negral ou castanheiro, de acordo com a área de expansão da espécie definida pelo PROF 54;12 54;12 54;12 175

176 Habitat de aves estepárias Condições de acesso específicas Estar incluída na área de habitat estepário 56 Estar incluída em regime cinegético ordenado (zonas de caça, zonas de interdição à caça, áreas de direito à não caça ou áreas de refúgio). 56,1 Compromissos específicos Áreas sujeitas a uma rotação cereal-pousio extensiva, podendo incluir até 25% de pastagem permanente 56 Encabeçamento máximo de 0,7 CN/ha 10 Garantir a existência de um ponto de água acessível em cada 100ha 72 Respeitar o intervalo de datas e as técnicas a aplicar para corte das forragens e ceifa dos cereais e mobilização dos pousios, a indicar anualmente pela estrutura local de apoio, tendo em conta as características do ano agrícola e o 8 estado do ciclo anual das espécies animais objecto da medida Não proceder à queima do restolho 8 Realizar investimentos não produtivos culturas para a fauna (incluindo luzerna e grão-de-bico) que ocupem pelo menos 5% da superfície candidata 1 Condicionar a exploração cinegética às necessidades específicas das espécies incluídas no objectivo, de acordo com as indicações da ELA, entre 1 de Agosto 35 e 15 de Outubro Medida Galerias Ripícolas 3;9;54 Medida Charcos Temporários Medida Promoção dos Urzais na área elegível a essa medida 50;13;11;16 Medida Renovação dos povoamentos de Quercus, sp e Castanea sativa 12;16 Medida Manutenção de habitats rupícolas 13 Investimentos não produtivos Instalação de culturas para a fauna 51 Instalação e/ou recuperação de cercas e/ou de protectores individuais (protecção contra a acção do gado e da fauna selvagem) 12;16 Redução do risco estrutural de incêndio 18 Instalação de galerias ripícolas 27 Manutenção de galerias ripícolas

177 8 ITI GUADIANA 8.1 Áreas classificadas incluídas As áreas classificadas incluídas nesta ITI são (Figura 8.1): Sítio Guadiana (PTCON0036) ZPE Vale do Guadiana (PTZPE0047) Figura Áreas classificadas da ITI Guadiana 8.2 Concepção e fundamentação da ITI Caracterização agrícola e florestal Uma vez que existe um elevado grau de sobreposição entre as duas áreas classificadas abrangidas por esta ITI, optou-se por analisar apenas a informação relativa à ZPE Vale do Guadiana a mais relevante na componente agrícola e de montado. Exceptuam-se alguns comentários relativos à floresta e às culturas permanentes, baseados também em informação relativa ao Sítio Guadiana Caracterização sumária do meio e do sistema agrário O Vale do Guadiana inclui áreas de peneplanície, serras baixas quartzíticas (São Barão e Alcaria Ruiva) e os vales do Guadiana e seus afluentes, muito encaixados e 177

178 frequentemente orlados por linhas de escarpa. As altitudes são baixas (média pouco acima de 100m), ultrapassando os 300m apenas no topo da Serra de Alcaria Ruiva. A litologia é xistosa, com excepção de alguns alinhamentos quartzíticos, que dão origem às referidas serras. Os solos são geralmente esqueléticos e degradados por décadas de cultivo cerealífero extensivo baseados na prática do alqueive. São áreas mais quentes e secas do que a média do Alentejo: a temperatura anual média é de 18ºC e a precipitação anual média, de 500mm. Domina, à escala regional, um macro-mosaico de montado de azinho mais ou menos aberto combinado com áreas de agricultura extensiva em terra limpa (ou com azinheiras dispersas) e com manchas de mato baixo (esteval), bem como matagais e formações florestais pouco perturbados pela intervenção humana geralmente associados às zonas de relevo mais vigoroso (sobretudo nos vales encaixados do Guadiana e seus afluentes). A agricultura de sequeiro e o pastoreio estão a regredir, alterando-se fundamentalmente o mosaico em favor das áreas de esteval e das novas plantações florestais de azinho, sobro e pinheiro-manso. O aproveitamento tradicional das pastagens do montado e dos pousios do campo aberto por ovinos está a ser parcialmente substituído por bovinos de carne e, mais localizadamente, por suínos Representatividade Esta ITI inclui 4% da superfície terrestre, 5% da SAU, 0,3% da superfície florestal estreme e 3% da superfície de montado da rede Natura 2000 em Portugal Continental. Nome Tabela Representatividade na Rede natura 2000 Superfície Total SAU Floresta estreme Montado Vale do Guadiana (ZPE) 4,02 5,37 0,26 2,81 Valores em % da superfície total da Rede Natura 2000 Fonte: Santos et al Grandes usos do território A SAU ocupa 38% da superfície terrestre total da ITI. Um quinto da SAU isto é, 7% da superfície terrestre total corresponde a montados, essencialmente de azinho. A maior parte da SAU corresponde assim a campo aberto ou com azinheiras dispersas, onde se 178

179 encontra o habitat das aves estepárias (muito relevante para a classificação desta área como ZPE). A floresta estreme (sem aproveitamento do sobcoberto) ocupa apenas 3% da superfície terrestre total. Os restantes 59% incluem fundamentalmente áreas de mato baixo/esteval, com ou sem árvores dispersas, bem como os matagais associados às zonas de relevo mais vigoroso. Nome Vale do Guadiana (ZPE) Tabela Grandes usos do território SAU Sob Floresta Total Irrigável coberto de estreme montado Valores em % da superfície total da área classificada Fonte: Santos et al Outros usos Total 38,0 1,0 6,6 3,0 59,0 100, Usos da superfície florestal A floresta total (montado + floresta estreme) representa 10-12% da superfície terrestre, respectivamente no Vale do Guadiana (ZPE) e no Guadiana (Sítio). A superfície de montado domina na superfície florestal total do Vale do Guadiana (ZPE), enquanto que a floresta estreme (sem uso agrícola ou pastoril do sobcoberto) domina na floresta dos vales encaixados do Guadiana e afluentes (Sítio). Tabela Usos da superfície florestal Nome Total de floresta (em % da superfície total da área) Azinheira Castanheir o Eucalipto Espécies florestais (em % da floresta total) Outras folhosas Outras resinosas Outras quercíneas Pinheiro bravo Pinheiro manso Sobreiro Total Vale do Guadiana (ZPE) 9,6 75,5 0,0 3,8 0,9 0,0 0,0 0,4 16,0 3,4 100,0 Fonte: Santos et al Em termos de espécies, predomina a azinheira, com 65-76% da superfície florestal total (Guadiana e Vale do Guadiana, respectivamente). O pinheiro-manso tem um peso significativo em ambas as áreas (16-19%), enquanto que o sobreiro tem apenas algum peso nas vertentes do Guadiana (12%). O eucalipto ocupa 4% da floresta total no Vale do Guadiana. 179

180 Importa referir aqui que a floresta tem crescido significativamente, nesta área, em grande parte à custa de apoios públicos à florestação de terrenos agrícolas e de pastagem. Tinham sido instalados, até 1999, cerca de hectares de florestações recentes no PNVG (documento intitulado uma ITI para o Vale do Guadiana, subscrito por ONGA, associações de agricultores locais e Câmaras Municipais) Usos da superfície agrícola utilizada (SAU) As terras aráveis ocupam 67% da SAU, os prados e pastagens permanentes, 30% e as culturas permanentes, 4%. Nas terras aráveis, são praticadas rotações muito extensivas de sequeiro, o que explica do peso dos pousios (38% da SAU) e dos cereais (21%); as forragens anuais ocupam 5% da SAU. Nas culturas permanentes, domina claramente o olival, com 3% da SAU, seguido dos frutos secos, sobretudo amendoal, com 1% estas percentagens sobem para 4% e 3%, respectivamente, no Sítio do Guadiana. A área irrigável representa apenas 3% da SAU. Tabela Usos da SAU Nome Terra arável total SAU irrigável Prados e pastagens permanentes Culturas permanentes Vale do Guadiana (ZPE) Valores em % da SAU Fonte: Santos et al ,9 2,7 30,3 4,4 Tabela Ocupação cultural Nome Cereais Anuais intensivas* Forragens anuais e prados temporários Outras culturas temporárias Pousios Frutos frescos Frutos secos Vinha Olival Vale do Guadiana (ZPE) 21,2 3,3 4,5 0,4 37,6 0,2 1,1 0,0 3,1 Valores em % da SAU * Inclui horticultura, floricultura, culturas industriais e batata Fonte: Santos et al

181 Orientação produtiva das explorações agrícolas A orientação produtiva dominante das explorações agrícolas é a combinação entre pecuária extensiva e cereais/culturas arvenses, que ocupa 41% da SAU; seguem-se as explorações especializadas em pecuária extensiva, com 34%, e as especializadas em cereais/culturas arvenses, com 21%. Nas especializadas em pecuária extensiva, dominam as explorações que combinam a ovinicultura com o bovinicultura de carne (26% da SAU), seguidas das especializadas em ovinicultura (8%). Nome Vale do Guadiana (ZPE) Arvenses Tabela Orientação produtiva das explorações agrícolas Arroz Policultura Valores em % da SAU Fonte: Santos et al Horticultura e batata Vinha Fruticultura Olival Cult. Perm. mistas Herbívoros espec. leite Herbívoros especializadas Pecuária extensiva em bovinos Herbívoros especializadas em ovinos e caprinos Herbívoros mistas de bovinos, ovinos e caprinos Total Herb. comb. Cult. Perm. Herb. comb. Cult. Arven. Suínos e aves especializadas Outras Resumidamente, em 1999, predominava ainda, nesta área classificada, a combinação dos cereais de sequeiro com os pousios e os ovinos, a qual potenciou um habitat interessante para a avifauna estepária. Este critério foi decisivo para a classificação da área como ZPE Intensidade dos usos agrícolas O índice de intensidade económica da terra é muito baixo: a margem bruta por hectare de SAU é de apenas 16% da média comunitária. Tabela Intensidade dos usos agrícolas Índice de Nome intensidade UTA/ha SAU económica da terra Vale do Guadiana (ZPE) 0,16 0,01 Fonte: Santos et al

182 O carácter extensivo da produção agrícola e pecuária nesta área reflecte-se ainda num baixíssimo nível de emprego: 1 UTA/100ha de SAU Dinâmica e sustentabilidade económica do uso agrícola Dinâmica da SAU e intensificação versus extensificação dos usos agrícolas Na década de 90, registou-se, nesta área, um declínio de 10% da superfície utilizada pela agricultura e pelo pastoreio (SAU). Além disso, a SAU sem pousios e pastagens permanentes regrediu ainda bastante mais (20%), podendo-se concluir que a expansão das pastagens pobres (ou, eventualmente, dos pousios) terá compensado, ainda que parcialmente, a regressão das componentes de uso mais intensivo da SAU (cereais e outras culturas arvenses). Tabela Dinâmica do uso agrícola e sua sustentabilidade futura Evolução da SAU na década de 90 em % Sustentabilidade económica dos usos agrícolas da SAU inicial Nome SAU sem Percentagem da SAU Percentagem da SAU em pousios e SAU total com MBT/UTA superior a explorações de média ou pastagens 75% da média da UE 15 grande dimensão económica permanentes Vale do Guadiana (ZPE) Fonte: Santos et al ,5-20,3 57,8 73,4 Nome Vale do Guadiana (ZPE) Tabela Dinâmica do uso agrícola e sua sustentabilidade futura (continuação) SAU média por exploração (ha) Fonte: Santos et al Variação do número de explorações na década de 90 (em % do número inicial) Ajustamento estrutural Acréscimo da SAU média por exploração na década de 90 (em % do valor inicial) Variação das UTA empregues na agricultura na década de 90 (em % do valor inicial) Número de pequenas e muito pequenas explorações (em % do número total de explorações) Percentagem da SAU em pequenas e muito pequenas explorações 101,6-30,5 30,2-27,2 78,3 26,6 182

183 Assistiu-se assim, na década de 90, uma dinâmica de declínio da SAU, acompanhada de uma marcada extensificação das terras agrícolas que permaneceram utilizadas indicadoras de alguma marginalidade económica dos sistemas de produção agrícola da área. Dimensão das explorações agrícolas e ajustamento estrutural Em 1999, a área de SAU média por exploração era de 102 hectares. As pequenas e muito pequenas explorações representavam 78% do número de explorações e 27% da SAU. Deste modo, 73% da SAU estavam incluídos em explorações de média ou grande dimensão económica. A origem da marginalidade económica da agricultura desta área não se prende, assim, com a dimensão (mesmo económica) das explorações agrícolas, mas sim com a reduzida margem económica por hectare dos sistemas de produção nelas praticados. Durante a década de 90, houve um significativo declínio no número de explorações, (redução de 31% do número inicial de explorações), o que permitiu um aumento de 30% da área de SAU média por exploração, um ajustamento estrutural que se pode considerar significativo. Em 1999, 58% da SAU geravam um rendimento do trabalho agrícola igual ou superior a 75% da média comunitária. A sustentabilidade económica destas explorações não parece assim estar comprometida pela remuneração das reduzidas quantidades de trabalho empregues (grande dimensão, extensividade e mecanização) mas sim pela reduzida margem económica por hectare de SAU, que as torna muito sensíveis a variações nos preços e das políticas agrícolas (desligamento das ajudas da PAC, por exemplo) Dinâmica da orientação produtiva das explorações agrícolas Na década de 90, a orientação produtiva das explorações agrícolas não sofreu marcadas alterações, embora se tenham notado movimentos pouco significativos nos seguintes sentidos: redução do peso dos sistemas que combinam a pecuária extensiva com os cereais (-3% relativamente à SAU inicial) e dos especializados em cereais (-2%); nos sistemas de pecuária extensiva, expandiu-se ligeiramente o peso dos especializados nos bovinos (+1%) à custa dos mistos de ovinos e bovinos (-1%). 183

184 Resumidamente, perderam alguma importância os cereais e os ovinos, parcialmente em favor dos bovinos. Desde 1999, estas tendências, bem como o declínio da SAU ou a sua extensificação extrema parecem ter-se vindo a acentuar. Prováveis efeitos da reforma da PAC A reforma da PAC de 2003 e os seus efeitos encontram-se entre os principais factores que poderão ter acelerado as tendências de mudança da década de 90. No que se refere aos efeitos desta reforma, o desligamento das ajudas aos cereais pode ter aprofundado o declínio do seu peso nos sistemas de produção (e eventualmente também dos pousios, em favor de pastagem permanente pobre) e conduzido, assim, à especialização pecuária extensiva e à retracção e algum abandono de SAU. O desligamento parcial das ajudas aos ovinos, por um lado, e, por outro, a manutenção das ajudas aos bovinos ligadas ao número de animais efectivamente detidos poderão ter gerado ganhos no sector bovino à custa da ovinicultura tradicional. Esta expansão da bovinicultura terá sido suportada por alguma expansão das áreas de pastagem pobre (com matos) à custa da rotação tradicional cereal(-restolho)-pousio de longa duração, em que se apoiavam os sistemas tradicionais de ovinos e que sustentava as zonas de maior valor enquanto habitat de aves estepárias. Estes desenvolvimentos, que reforçam tendências já esboçadas na década de 90, estariam a conduzir a uma retracção dos espaços abertos de terra limpa e uma homogeneização do mosaico paisagístico típico da região, com perdas assinaláveis em termos de habitat para as aves estepárias. É neste sentido que aponta a análise incluída no documento intitulado uma ITI para o Vale do Guadiana, subscrito por ONGA, associações de agricultores locais e Câmaras Municipais:...sem a manutenção de actividade agrícola e pastoril de carácter extensivo, a simplificação dos ecossistemas tende a ocorrer, eliminando o mosaico, o qual é fundamental para a maioria das espécies animais ameaçadas que estão associadas ao Sítio e ZPE. Recentemente, a implementação do Regime de Pagamento Único (RPU) fez emergir uma tendência de simplificação dos sistemas de agricultura praticados, cujos efeitos são similares, embora de menor amplitude, aos suscitados pelo abandono agrícola e que se corporiza, entre outros aspectos, pelo aumento da importância das pastagens naturais e 184

185 de pousios de duração indeterminada usualmente catalogadas como «pastagens permanentes» no conjunto das ocupações culturais. Esta tendência é particularmente sensível em áreas com vocação agrícola marginal e decorre do facto de, não impondo o RPU nenhuma actividade das que eram exercidas antes de 2005, no âmbito da Política Agrícola Comum (PAC), a solução que se configura como mais racional, numa óptica de minimização do risco, para os agricultores é, não o abandono, pois assim deixariam de ter elegibilidade para receber os pagamentos do RPU, mas a simplificação máxima, ou seja, a aproximação ao mero cumprimento das Boas Condições Agrícola e Ambientais, impostas no âmbito da condicionalidade Compilação da informação disponível no Plano Sectorial relativamente aos valores naturais, principais factores de ameaça e orientações de gestão relacionadas com a actividade agrícola e florestal Factores de Ameaça Nas tabelas seguintes enumeram-se os factores de ameaça identificados nas fichas do Sítio (Tabela 8.10) e da ZPE (Tabela 8.11). Tabela Factores de ameaça indicados na ficha do Sítio Guadiana (PSRN) Implantação de empreendimentos hidráulicos e numerosos açudes (obstáculos à FAS1 passagem da fauna piscícola e, por vezes, submersão da vegetação ribeirinha e de outras áreas sensíveis) Baixo caudal na época de estiagem (por vezes com elevados índices de mortalidade da ictiofauna) sobretudo nos afluentes do rio Guadiana; degradação da qualidade da água FAS2 devido a poluição difusa; sobre utilização das linhas de água pelo gado (pisoteio e nitrofilização) FAS3 Extracção de inertes do leito do rio para exploração (construção civil) FAS4 Captação de água nos períodos secos Obras de regularização das linhas de água com consolidação das margens ou corte da FAS5 vegetação marginal, e alterações do leito do rio para a navegabilidade de embarcações de dimensões superiores às utilizadas actualmente FAS6 Artes de pesca ilegais FAS7 Grandes empreendimentos turísticos Actividades motorizadas de todo-o-terreno e aumento das actividades aquáticas FAS8 motorizadas de recreio (susceptíveis de provocarem poluição da água ou sonora, ou de deteriorarem os valores naturais) FAS9 Abertura de caminhos nas margens do rio e afluentes 185

186 Tabela Factores de ameaça indicados na ficha da ZPE Vale do Guadiana (PSRN) A florestação de terrenos agrícolas (que tem vindo, nos últimos 10 anos, a alterar FAZPE1 as áreas agrícolas extensivas de forma irreversível em vastas extensões da ZPE) O abandono agrícola (as áreas agrícolas sujeitas ao abandono agrícola, muitas vezes associado à gestão cinegética, são rapidamente infestadas por formações FAZPE2 arbustivas os estevais os quais constituem habitats desadequados para as aves estepárias) Perturbação (associada ao rio Guadiana) e a actividade cinegética (perturbação e FAZPE3 perseguição directa) as principais ameaças Fraca qualidade da água do rio Guadiana e a regularização do caudal deste curso FAZPE4 de água Mortalidade de aves devido à rede de linhas de transporte de energia (instaladas e FAZPE5 projectadas) FAZPE6 Ocorrência de fogos em matagais e manchas florestais A maior parte dos factores de ameaça do Sítio do Vale do Guadiana estão tenuemente relacionados com as actividades agrícolas e florestais. O mesmo não se passa com os factores de ameaça considerados para a ZPE. No enunciado dos factores de ameaça para a ZPE, considera-se que o abandono agrícola está muitas vezes associado à gestão cinegética, o que implicitamente traz a gestão cinegética para o domínio dos factores de ameaça. Importa, assim, analisar melhor a importância relativa da actividade cinegética na economia das explorações agrícolas e o tipo e intensidade dos impactos que esta actividade poderá ter sobre os valores naturais em causa. A florestação de terras agrícolas ocorreu com alguma intensidade num passado recente, e importa determinar em que condições poderá ou não ser apoiado pelo PRODER, sendo certo que o PROF do Baixo Alentejo, nas três subregiões abrangidas (Margem Esquerda, Campo Branco e Cintura de Ourique) privilegia modelos de silvicultura diferentes dos que foram permitidos e mesmo estimulados na aplicação do Regulamento n.º 2080/92. As orientações de gestão ligadas às actividades agrícolas responderão só muito parcialmente às ameaças consideradas para o Sítio do Vale do Guadiana. O risco de incêndio é um factor de ameaça de grande importância que não é suficientemente sublinhado no elenco acima descrito. A importância decorre do potencial de ameaça sobre os matagais mais evoluídos, cuja recuperação é lenta e cuja destruição pelo fogo conduz a impactos negativos sobre muitos dos valores faunísticos envolvidos. Os crescentes riscos fitossanitários associados aos povoamentos de quercíneas são também um factor de ameaça importante nesta ZPE e Sítio. 186

187 Orientações de gestão No conjunto da PTZPE0047 e PTCON0036 existem 40 orientações de gestão decorrentes do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 com relevância para tratamento em sede de gestão agrícola e florestal, sendo 10 específicas do Sítio, 8 específicas da ZPE e 22 comuns ao Sítio e à ZPE. A relevância agro-florestal significa que: 1. Dizem respeito a acções exequíveis no contexto de uma exploração agrícola ou florestal em geral e no contexto das acções do PRODER em particular. 2. Não traduzem restrições ou orientações que decorrem directamente de instrumentos de ordenamento do território, ou legislação sectorial. Tabela Orientações de Gestão indicadas nas fichas do Sítio e ZPE Cod. Orientação de Gestão Aplicação OG1 Assegurar mosaico de habitats OG2 Conservar / promover sebes, bosquetes e arbustos OG3 Condicionar expansão do uso agrícola OG4 Condicionar a intensificação agrícola OG5 Condicionar mobilização do solo OG6 Condicionar uso de agro - químicos /adoptar técnicas alternativas OG7 Condicionar uso de agro - químicos /adoptar técnicas alternativas em áreas contíguas ao habitat OG8 Outros condicionamentos específicos a práticas agrícolas OG9 Adoptar práticas de pastoreio específicas OG10 Manter práticas de pastoreio extensivo OG11 Salvaguardar de pastoreio OG12 Conservar / recuperar povoamentos florestais autóctones OG14 Manter / melhorar ou promover manchas de montado aberto OG15 Adoptar práticas silvícolas específicas OG16 Promover a regeneração natural OG17 Condicionar a florestação OG18 Reduzir risco de incêndio OG27 Conservar / recuperar vegetação ribeirinha autóctone OG29 Condicionar intervenções nas margens e leito de linhas de água OG32 Regular uso de açudes e charcas OG35 Implementar gestão cinegética compatível com conservação da espécie OG40 Incrementar sustentabilidade económica de actividades com interesse para a conservação OG45 Manter as edificações que possam albergar colónias /populações OG46 Criar novos locais de reprodução, conservar/recuperar os existentes Sítio + ZPE ZPE Sítio + ZPE Sítio + ZPE Sítio + ZPE Sítio + ZPE ZPE ZPE Sítio + ZPE Sítio + ZPE ZPE Sítio + ZPE ZPE Sítio + ZPE Sítio + ZPE Sítio + ZPE Sítio + ZPE Sítio + ZPE Sítio + ZPE Sítio + ZPE Sítio + ZPE Sítio + ZPE Sítio + ZPE ZPE 187

188 Cod. Orientação de Gestão Aplicação OG47 Recuperar zonas húmidas Sítio + ZPE OG49 Efectuar gestão por fogo controlado ZPE OG50 Efectuar desmatações selectivas ZPE OG51 OG53 Estabelecer programa de repovoamento / fomento / reintrodução de presas ZPE Controlar efectivos de animais assilvestrados Lynx pardinus (cães e gatos assilvestrados, em áreas prioritárias) Sítio + ZPE OG54 Impedir introdução de espécies não autóctones /controlar existentes Sítio + ZPE OG55 Manter / recuperar habitats contíguos (9240 lince-ibérico) Sítio OG56 Promover a cerealicultura ZPE OG57 Condicionar o cultivo de lenhosas Sítio OG61 Promover o matagal mediterrâneo Sítio + ZPE OG67 Controlar a predação e/ou parasitismo e/ou a competição inter-específica Sítio OG68 Controlar efectivos de animais assilvestrados Sítio OG70 Promover alimentação artificial Sítio OG71 Criar novos locais de reprodução, conservar/recuperar os existentes Sítio OG72 Criar pontos de água: charcas e bebedouros artificiais Sítio OG74 Promover a recuperação dos zimbrais Sítio As Orientações de Gestão relevantes foram ordenadas segundo o número total de valores naturais (espécies e habitats) fornecendo uma medida genérica da importância potencial da orientação de gestão para a concepção de medidas. O conjunto de orientações de gestão mais detalhadamente analisadas abaixo, abrangem a quase totalidade dos valores naturais do Sítio e da ZPE, sendo que valores com maior raridade ou vulnerabilidade são directamente afectados por mais do que uma destas orientações de gestão (e.g., lince-ibérico (7), espécies de morcegos (7), águia-real, abutre-negro, águia imperial (8), abetarda (7) e florestas de azinho (2)). Tabela Orientações de Gestão e número de valores naturais relacionados Cod. Orientação de Gestão Total Sítio ZPE OG18 Reduzir risco de incêndio OG6 Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas OG40 Incrementar sustentabilidade económica de actividades com interesse para a conservação OG10 Manter práticas de pastoreio extensivo OG29 Condicionar intervenções nas margens e leito de linhas de água OG4 Condicionar a intensificação agrícola OG1 Assegurar mosaico de habitats OG54 Impedir introdução de espécies não autóctones /controlar

189 Cod. Orientação de Gestão Total Sítio ZPE existentes OG56 Promover a cerealicultura OG27 Conservar / recuperar vegetação ribeirinha autóctone OG7 OG35 Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas em áreas contíguas ao habitat Implementar gestão cinegética compatível com conservação da espécie OG12 Conservar / recuperar povoamentos florestais autóctones OG17 Condicionar a florestação OG16 Promover a regeneração natural OG61 Promover o matagal mediterrâneo OG8 Outros condicionamentos específicos a práticas agrícolas em áreas contíguas ao habitat (estepárias) OG15 Adoptar práticas silvícolas específicas OG5 Condicionar mobilização do solo OG55 Manter / recuperar habitats contíguos OG9 Adoptar práticas de pastoreio específicas OG2 Conservar / promover sebes, bosquetes e arbustos OG14 Manter / melhorar ou promover manchas de montado aberto OG32 Regular uso de açudes e charcas Controlar efectivos de animais assilvestrados Lynx pardinus OG53 (cães e gatos assilvestrados, em áreas prioritárias) OG57 Condicionar o cultivo de lenhosas OG68 Controlar efectivos de animais assilvestrados OG71 OG67 Criar novos locais de reprodução, conservar/recuperar os existentes Controlar a predação e/ou parasitismo e/ou a competição interespecífica OG70 Promover alimentação artificial OG72 Criar pontos de água: charcas e bebedouros artificiais OG3 Condicionar expansão do uso agrícola OG45 Manter as edificações que possam albergar colónias /populações OG47 Recuperar zonas húmidas OG50 Efectuar desmatações selectivas OG49 Efectuar gestão por fogo controlado OG11 Salvaguardar de pastoreio OG46 OG51 Criar novos locais de reprodução, conservar/recuperar os existentes Estabelecer programa de repovoamento / fomento / reintrodução de presas OG74 Promover a recuperação dos zimbrais

190 8.2.3 Objectivos da ITI e lógica da intervenção Da análise dos factores de ameaça e orientações de gestão realizada na secção anterior conclui-se que a ITI do Guadiana contém três conjuntos essenciais de problemas de conservação: 1. A gestão de áreas estepárias e comunidades de aves associadas; 2. A conservação e aumento do habitat potencial do lince-ibérico e de espécies de aves em que se incluem a águia-de-bonelli, a águia-real e a águia-imperial. 3. A conservação de floresta ripícola e comunidades associadas, cuja importância relativa é aumentada pelo facto de o Sítio incluir linhas de água tributárias do Guadiana onde esses habitats e espécies ocorrem. Para além das três grandes questões referidas, importa considerar a especificidade local das hortas tradicionais. Estas hortas, existentes em locais com disponibilidade de água, são elementos constitutivos e diversificadores da paisagem rural da ITI com efeito na riqueza e abundância em espécies, entre as quais algumas incluídas nos valores naturais alvo da ITI. Gestão de áreas estepárias e comunidades de aves associadas As áreas estepárias estão associadas à gestão agrícola e cinegética, muito particularmente à manutenção de rotações cereal-pousio ou pastagens permanentes em Moreanes, Algodor, Álamo e restantes subáreas estepárias incluídas nesta ITI. Esta gestão constitui, simultaneamente, o essencial da gestão do habitat para espécies de caça menor sedentária, em particular a perdiz-vermelha, e o essencial da gestão do habitat para as comunidades de aves estepárias incluídas na lista da ZPE, em particular das quatro espécies incluídas no objectivo da ITI. A medida para a conservação da avifauna estepária no Guadiana foi definida no quadro mais amplo das diversas ZPE e subáreas estepárias incluídas na segunda fase de ITI. A medida integrou na sua concepção a diversidade quanto ao complexo de espécies-alvo presentes em cada uma das ZPE/subáreas e a importância para cada uma das espéciesalvo de cada uma das ZPE/subárea estepária. Tal como as restantes áreas consideradas, a ZPE do Guadiana apresenta heterogeneidade quanto ao complexo de espécies-alvo presentes e quanto aos sistemas agrícolas e suas dinâmicas actuais. Esta diversidade justifica que, também no Vale do Guadiana, sejam aplicadas duas medidas base generalistas (ditas medidas de nível 1), complementadas com medidas 190

191 adicionais (ditas medidas de nível 2), estas últimas destinadas a cobrir necessidades de conservação específicas das espécies-alvo que nelas têm maior potencial. Tabela Importância absoluta e relativa da cada subárea estepária para as diversas espécies-alvo Fontes: Silva e Pinto (2006), Pinto et al. (2005), Pinto, M. e P. Rocha (2006), Cardoso et al. (2003); MCOTA e MADRP (2002); Fichas comunicadas à CE no âmbito do processo de designação das ZPE; Plano Sectorial da Rede Natura A primeira das medidas base aplica-se à preservação de um mosaico de habitat suficientemente diversificado, mas não fragmentado por zonas de uso do solo que gerem habitat desfavorável. Esta opção permite uma razoável continuidade com a medida já em vigor para Castro Verde, onde o principal problema de conservação é o mesmo. As medidas adicionais de adesão voluntária (nível 2) conferem a esta solução flexibilidade suficiente para adaptar a medida de base comum (nível 1) às particularidades de cada subárea e das espécies que nelas têm maior potencial. A segunda das medidas base destina-se a áreas com predomínio de pastagem permanente, onde a maior parte das explorações agrícolas têm dificuldades em aderir a compromissos relativos a mínimos de áreas de cereal para grão e pousio, por impossibilidade de converter pastagens permanentes em terras aráveis (regra de condicionalidade das ajudas directas, incluindo RPU). Nestes casos, a gestão da pastagem para criar um mínimo de heterogeneidade espaço-temporal do mosaico torna-se a questão-chave para a conservação das aves estepárias. 191

192 As duas medidas de base (promoção do sistema extensivo de cereal-pousio ou a gestão de pastagem permanente extensiva), complementadas com as medidas adicionais relevantes em cada caso, aplicam-se de acordo com critério da ELA. Conservação e aumento do habitat potencial do lince-ibérico e das populações de águiade-bonelli, águia-real e águia-imperial. A conservação e aumento da área de habitat potencial para o lince-ibérico traduz um dos objectivos mais importante do PACLIP Plano de Acção para a Conservação do Lince-Ibérico (Lynx pardinus) em Portugal. O esforço de conservação in-situ é indispensável para realizar eficazmente as medidas de conservação ex-situ, que se traduzirão na disponibilidade de exemplares para repovoamento. É essencial obter uma grande dimensão das áreas contínuas com habitat favorável, o que só será possível se essas áreas estiverem associadas a uma gestão agrícola e florestal orientada para esta finalidade. Na ITI do Guadiana existe um vasto território de área de habitat potencial para o lince-ibérico, que estabelece uma ligação à escala regional entre os territórios de Moura-Mourão-Barrancos e os territórios das Serras do Caldeirão e Monchique. O Guadiana é um dos vértices de um verdadeiro triângulo do lince do Sul de Portugal, essencial a uma estratégia bem sucedida de conservação da espécie. Como em outros locais, as medidas de conservação do habitat do lince-ibérico, bem como as medidas destinadas a aumentar a população de coelho-bravo, são favoráveis à conservação de outras espécies e habitats incluídas na lista de valores a conservar no Sítio e ZPE do Guadiana. Em particular, a conservação do habitat do lince-ibérico está associada à manutenção do habitat da águia-de-bonelli, águia-real e águia-imperial, particularmente nas dimensões alimentação, tendendo a aumentar a densidade das presas e tranquilidade, uma vez que os requisitos necessários ao lince-ibérico são essencialmente semelhantes aos necessários a essas aves. Os recursos necessários à nidificação (árvores e bosquetes, em particular eucaliptos ou zonas de escarpa) necessitarão de tratamento específico previsto também na componente silvo-ambiental da ITI. A conservação e melhoria do estado sanitário dos montados e florestas de quercíneas, a conservação dos matagais e a gestão do risco estrutural de incêndio florestal são outras das componentes silvo-ambientais associadas à gestão do habitat do lince-ibérico. Às áreas de habitat potencial para o lince-ibérico está associada, na ITI do Guadiana tal como na generalidade das outras áreas, uma importante actividade cinegética, 192

193 tendencialmente mais associada à caça maior e, em particular ao javali. O factor distintivo da ITI do Guadiana é a importância da actividade cinegética para o rendimento das explorações, tendencialmente maior na ITI do Guadiana. Tabela Incidência das zonas de caça ordenada nos concelhos abrangidos pela ITI ZCA ZCM ZCT % Área Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) % ordenada Alcoutim 23103,2 40,1 1471,0 2, ,6 39,5 82,2 Almodôvar 42227,2 54,4 5248,0 6, ,7 24,4 85,6 Beja 28424,9 24, ,0 27, ,8 39,3 91,3 Castro Marim 16577,9 55,3 4392,0 14,6 876,0 2,9 72,8 Castro Verde 30673,6 54,1 0,0 0, ,0 36,4 90,5 Loulé 46438,5 60,7 3322,7 4,3 1751,1 2,3 67,3 Mértola 46084,9 36,0 8071,4 6, ,9 52,0 94,3 Serpa 50813,9 46, ,6 18, ,2 25,1 89,3 Tendo em atenção a fracção de cada concelho na superfície da ITI e a sua distribuição por freguesias indicada na Tabela 8.16, estima-se que mais de 90% da superfície da ITI esteja abrangido por zonas de caça ordenada, cerca de metade da área corresponderá a Zonas de Caça Turística, 40% a Zonas de Caça Associativa e os 10% restantes a Zonas de Caça Municipal. Tabela Superfície e fracção da superfície total ocupada por freguesia na ITI do Guadiana Concelho Freguesia Superfície (ha) Almodôvar ,16% Almodôvar 988 1,02% Santa Cruz 556 0,57% Senhora da Graça dos Padrões 553 0,57% Beja ,96% Cabeça Gorda 214 0,22% Quintos ,35% Salvada ,39% Trindade 0 0,0005% Castro Verde 304 0,31% Santa Bárbara de Padrões 304 0,31% Mértola ,36% Alcaria Ruiva ,07% Corte do Pinto 773 0,80% Espírito Santo ,74% 193

194 Mértola ,03% Santana de Cambas ,49% São João dos Caldeireiros ,45% São Miguel do Pinheiro 938 0,97% São Pedro de Solis 313 0,32% São Sebastião dos Carros 477 0,49% Serpa ,26% Salvador ,88% Santa Maria ,38% Alcoutim ,58% Alcoutim ,68% Giões 726 0,75% Martim Longo 945 0,97% Pereiro 174 0,18% Castro Marim ,83% Azinhal 686 0,71% Odeleite ,12% Loulé 522 0,54% Loulé 522 0,54% Total % Genericamente considerada, a região da ITI tem uma dimensão média da propriedade elevada (em 1999, a SAU média por exploração era de 102 hectares e 73% da SAU estava incluída em explorações de média ou grande dimensão económica). Isto significa que existem muitas explorações que individualmente consideradas têm importância para os objectivos de conservação da natureza, o que reforça a importância relativa dos Programas de Gestão da Biodiversidade. Também o número de concessões de caça é bastante limitado e a sua superfície média é elevada. A título de exemplo, nos ha da freguesia de Mértola incluídos na ITI existem 35 concessões diferentes (algumas apenas com uma pequena área na freguesia) e não mais de 30 concessionários diferentes. A importância das actividades florestais de produção lenhosa e de produção de cortiça é bastante baixa no contexto da ITI. A floresta total (montado + floresta estreme) representa 10 a 12% da superfície, sendo dominantemente floresta de azinho e povoamentos jovens de pinheiro-manso. A intensidade económica da terra é muito baixa: a margem bruta por hectare de SAU é de apenas 16% da média comunitária com um baixíssimo nível de emprego: 1 UTA/100ha de SAU. Estes factos reforçam a importância da actividade cinegética na formação do rendimento na região. Esta importância relativa tem tendência para aumentar no contexto da ITI. 194

195 Quanto à relação entre a titularidade da exploração agrícola e cinegética podem dividir-se as explorações da área de intervenção da ITI em: a) titular da concessão da exploração cinegética e titular da exploração agrícola coincidentes; b) titulares da concessão cinegética e da exploração agrícola não coincidentes mas com regras de ocupação do solo descritas em contrato; c) titulares da concessão cinegética e da exploração agrícola não coincidentes, onde o único referencial quanto ao ordenamento cinegético é o Plano de Ordenamento e Exploração Cinegética (POEC). A orientação do ordenamento das Zonas de Caça é genericamente conhecida através dos POEC de apresentação obrigatória para a concessão (Decreto-Lei n.º 201/2005, de 24 de Novembro), pelos relatórios anuais de exploração cinegética de apresentação anual e pelos Planos Anuais de Exploração no caso das Zonas de Caça Municipais. A conservação de floresta ripícola e comunidades associadas Alguns dos habitats mais importantes do Sítio Guadiana dizem respeito a cursos de água mediterrânicos intermitentes, aqui se incluindo os matagais ou bosques baixos de loendro (Nerium oleander), tamujo (Fluggea tinctoria) e tamargueira (Tamarix, spp.) associados ao leito de estiagem (92D0), os matos rasteiros de leitos de cheia (6160), as galerias dominadas por choupos e/ou salgueiros (92A0). Associadas a estes cursos de água ocorrem espécies da flora de interesse comunitário, que neste Sítio têm uma percentagem muito significativa da sua população, tais como Marsilea batardae e Salix salvifolia subsp. australis. A conservação destes habitats e espécies estão associados à gestão agrícola e florestal das explorações, quer quanto à sua conservação (e.g., uso dos leitos de cheia e margens pelo gado), quer quanto à eficiência da realização de investimentos não produtivos de beneficiação de povoamentos e arborização com espécies ripícolas. Em resumo: A produção de caça menor sedentária, em particular de perdiz-vermelha e lebre, é coerente com a manutenção de habitat aberto com uma componente de culturas arvenses em rotação com pousios, o qual constitui o essencial do habitat das aves estepárias cuja conservação é objectivo da ITI. A produção de caça menor sedentária é também coerente com a manutenção de habitat favorável para o lince-ibérico, aqui incluindo principalmente o coelho-bravo e a perdiz-vermelha. A caça maior é também 195

196 uma actividade compatível e sinérgica com a conservação dos habitats e espécies objecto da ITI. Contudo, os compromissos terão, para além da gestão do habitat, de incidir sobre os aspectos essenciais da gestão das populações e exploração cinegética (e.g., tranquilidade, processos e meios de caça). Assim, os titulares da exploração cinegética deverão estar directa ou indirectamente associados ao compromisso, como beneficiários directos ou ajustando contratos com os beneficiários que permitam a estes cumprir os compromissos das medidas. Na concepção do conjunto de medidas da ITI, a componente agro-ambiental incide principalmente nos objectivos que dizem respeito aos habitats e comunidades estepárias. Os objectivos de conservação do habitat do lince-ibérico, da águia-de-bonelli, águia-real e águia-imperial, dos matagais, montados e floresta de quercíneas bem como da floresta ripícola estão associados à componente silvo-ambiental. Na componente dominantemente agrícola ou agro-pecuária do território serão predominantes a medidas Habitat de aves estepárias (medidas de base 1 e 2; e medidas adicionais complementares). Nos matagais e florestas terá aplicação mais apropriada a medida Biodiversidade Florestal Habitat do lince-ibérico e um conjunto de outras medidas silvo-ambientais específicas para outros objectivos. A medida Biodiversidade Florestal Habitat do lince-ibérico engloba os compromissos respeitantes a todas as outras medidas enquadradas na componente silvo-ambiental. 196

197 8.3 Ficha da ITI Guadiana 1. Enquadramento Regulamentar Artigos: 36º alínea a), iv), vi), alínea b), v), vii);artigo 39º; Artigo 41º; Artigo 47º; Artigo 49º do Reg. (CE) n.º 1698/2005,Artigo 27º e Artigo 29º do Reg. (CE) n.º 1974/2006 e Anexo II pontos ; ; ; Códigos de medidas no Anexo II do Reg. (CE) n.º 1974/2006: 214, 216, 225, Território Alvo Áreas do Sítio de Importância Comunitária Guadiana (PTCON0036) e Zona de Protecção Especial Vale do Guadiana (PTZPE0047). 3. Objectivos 1. Manter as zonas de floresta aluvial e ripícola e de matos ribeirinhos que incluem os habitat 92A0 e 92D0 pelo menos na dimensão existente à data do início do programa. 2. Manter as zonas de montado e floresta que incluem os habitat 6310, 9240,9320 e 9340 pelo menos na dimensão existente à data do início do programa. 3. Manter os matagais que incluem os habitat 5210 e 5330 pelo menos na dimensão existente à data do início do programa. 4. Conservar os charcos temporários existentes. 5. Aumentar a dimensão da população de coelho-bravo. 6. Manter ou aumentar a dimensão das populações de aves estepárias, em particular as populações de cortiçol-de-barriga-negra, abetarda, sisão e francelho, através da manutenção dos seus habitats, nomeadamente o habitat Aumentar as zonas de habitat potencial e refúgio para o lince-ibérico. 8. Conservar e melhorar os locais de alimentação e reprodução de aves de rapina com elevado valor de conservação (Hieraaetus fasciatus, Aquila chrysaetus e Aquila adalberti). 9. Conservar as hortas tradicionais. 4. Fundamentação da Intervenção A ITI do Guadiana contém três conjuntos essenciais de problemas de conservação: 1. A gestão de áreas estepárias e comunidades de aves associadas; 197

198 2. A conservação e aumento do habitat potencial do lince-ibérico e das populações de águia de Bonelli, águia-real e águia-imperial; 3. A conservação de floresta ripícola e comunidades associadas, cuja importância relativa é aumentada pelo facto de o Sítio incluir linhas de água tributárias do Guadiana onde esses habitats e espécies ocorrem. Gestão de áreas estepárias e comunidades de aves associadas As áreas estepárias estão associadas à gestão agrícola e cinegética, com manutenção de rotações cereal-pousio ou gestão de pastagens permanentes, constituindo, simultaneamente, o essencial da gestão do habitat para espécies de caça menor sedentária, em particular a perdiz-vermelha e o essencial da gestão do habitat para as comunidades de aves estepárias incluídas na lista da ZPE, em particular das quatro espécies incluídas no objectivo da ITI. Conservação e aumento do habitat potencial do lince-ibérico e das populações de águia de Bonelli, águia-real e águia-imperial A conservação e aumento da área de habitat potencial para o lince-ibérico traduz um dos objectivos mais importante do PACLIP Plano de Acção para a Conservação do Lince-Ibérico em Portugal. Na ITI do Guadiana existe um vasto território de área de habitat potencial para o lince-ibérico que estabelece uma ligação à escala regional entre os territórios de Moura-Mourão-Barrancos e os territórios das Serras do Caldeirão e Monchique. As medidas de conservação do habitat do lince-ibérico, bem como as medidas destinadas a aumentar a população de coelho-bravo, são favoráveis à conservação de outras espécies e habitats incluídas na lista de valores a conservar no Sítio e ZPE do Guadiana. A conservação do habitat do lince-ibérico está também associada à manutenção do habitat da águia-de-bonelli, águia-real e águia-imperial, conservação e melhoria do estado sanitário dos montados e florestas de quercíneas, à conservação dos matagais e à gestão do risco estrutural de incêndio florestal. A conservação de floresta ripícola e comunidades associadas, Alguns dos habitats mais importantes do Sítio Guadiana dizem respeito a cursos de água mediterrânicos intermitentes, aqui se incluindo os matagais ou bosques baixos de loendro (Nerium oleander), tamujo (Fluggea tinctoria) e tamargueira (Tamarix spp.) associados ao leito de estiagem (92D0), os matos rasteiros de leitos de cheia (6160), as galerias dominadas por choupos e/ou salgueiros (92A0). Associadas a estes cursos de 198

199 água ocorrem espécies da flora de interesse comunitário, que neste Sítio têm uma percentagem muito significativa da sua população, tais como Marsilea batardae e Salix salvifolia subsp. australis. A conservação destes habitats e espécies estão associados à gestão agrícola e florestal das explorações, quer quanto à sua conservação (e.g., uso dos leitos de cheia e margens pelo gado), quer quanto à eficiência da realização de investimentos não produtivos de beneficiação de povoamentos e arborização com espécies ripícolas. Em resumo: A produção de caça menor sedentária, em particular de perdiz-vermelha e lebre, é coerente com a manutenção de habitat aberto com uma componente de culturas arvenses em rotação com pousios, o qual constitui o essencial do habitat das aves estepárias cuja conservação é objectivo da ITI. A produção de caça menor sedentária é também coerente com a manutenção de habitat favorável para o lince-ibérico, aqui incluindo principalmente o coelho-bravo e a perdiz-vermelha. A caça maior é também uma actividade compatível e sinérgica com a conservação dos habitats e espécies objecto da ITI. Contudo, os compromissos terão, para além da gestão do habitat, de incidir sobre os aspectos essenciais da gestão das populações e exploração cinegética (e.g., tranquilidade, processos e meios de caça). Assim, os titulares da exploração cinegética deverão estar directa ou indirectamente associados ao compromisso, como beneficiários directos ou ajustando contratos com os beneficiários que permitam a estes cumprir os compromissos das medidas. Na concepção do conjunto de medidas da ITI, a componente agro-ambiental incide principalmente nos objectivos que dizem respeito aos habitats e comunidades estepárias. Os objectivos de conservação do habitat do lince-ibérico, da águia de Bonelli, águia-real e águia-imperial, dos matagais, montados e floresta de quercíneas bem como da floresta ripícola estão associados à componente silvo-ambiental. Na componente dominantemente agrícola ou agro-pecuária do território serão predominantes a medidas Habitat de aves estepárias (nível 1, nível 2 e medidas complementares). Nos matagais e florestas terá aplicação mais apropriada a medida Biodiversidade Florestal Habitat do lince-ibérico e um conjunto de outras medidas silvo-ambientais específicas para outros objectivos. A medida Biodiversidade Florestal Habitat do lince-ibérico engloba os compromissos respeitantes a todas as outras medidas enquadradas na componente silvo-ambiental. 199

200 Justificação dos objectivos e avaliação de eficácia 1. Manter as zonas de floresta aluvial e ripícola e de matos ribeirinhos que incluem os habitats 92A0 e 92D0 pelo menos na dimensão existente à data do início do programa. 92A0 Florestas-galerias de Salix alba e Populus alba Galerias e matos ribeirinhos meridionais (Nerio-Tamaricetea e Securinegion 92D0 tinctoriae) 6160 Prados oro-ibéricos de Festuca indigesta 1434 Salix salvifolia ssp australis 1427 Marsilea batardae Os habitats 92A0 e 92D0 são formações florestais associadas a um conjunto importante de espécies de fauna e flora. A conservação destes habitats está associada à prática da gestão florestal sustentável. A conservação destes habitats está incluída na medida silvo-ambiental Biodiversidade Florestal Habitat do lince-ibérico e numa medida específica, para as explorações que não adiram à primeira, sendo o investimento necessário previsto como investimento não produtivo. Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície e estado de conservação destes habitats na área da ITI e à variação da área de núcleos de Salix salvifolia e Marsilea batardae. 2. Manter as zonas de floresta e montado que incluem os habitats 9240, 9320, 9340 e 6310 pelo menos na dimensão existente à data do início do programa Carvalhais ibéricos de Quercus faginea e Quercus canariensis 9320 Florestas de Olea e Ceratonia 9340 Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia 6310 Montados de Quercus spp. de folha perene Os habitats 9240 e 9340 são formações florestais raras, ameaçadas por problemas fitossanitários e pelo risco de incêndio. Igualmente ameaçado por problemas fitossanitários se encontra o habitat A conservação destes habitats está associada à prática da gestão florestal sustentável, sendo associada, no caso das quercíneas, ao compromisso geral de adesão à ITI. A questão de gestão florestal sustentável a resolver é a do controlo eficaz do risco estrutural de incêndio de modo compatível com a 200

201 manutenção destes habitats (ver também ponto 3 abaixo). A conservação destes habitats está incluída na medida silvo-ambiental Biodiversidade Florestal Habitat do lince-ibérico e numa medida específica, para as explorações que não adiram à primeira, sendo o investimento necessário previsto como investimento não produtivo. Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície e estado de conservação destes habitats na área da ITI. 3. Manter os matagais que incluem os habitats 5210 e 5330 pelo menos na dimensão existente à data do início do programa Matagais arborescentes de Juniperus spp Matos termomediterrânicos pré-desérticos A questão de gestão florestal sustentável associada à conservação destes habitats é o controlo eficaz do risco estrutural de incêndio de modo compatível com a manutenção destes habitats. No caso particular dos matagais, a solução do problema deverá ser uma componente essencial do Programa de Gestão da Biodiversidade. Será necessário tornar compatíveis as disposições dos Planos Municipais de Defesa da Floresta contra Incêndios com a necessidade de conservar estes habitats. Para que isto seja possível, é necessária informação detalhada sobre as formações em causa e sobre a justificação técnica da localização das faixas de gestão de combustível. Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície e estado de conservação destes habitats na área da ITI. 4. Conservar os charcos temporários existentes Charcos temporários mediterrânicos Pretende-se conservar os charcos temporários existentes através da limitação do acesso do gado a esses habitats e a uma zona de protecção a eles associada. Este objectivo será atingido através da medida agro-ambiental Manutenção de Charcos temporários e de investimentos não produtivos. A medida da eficácia será associada ao número de charcos temporários com protecção efectiva. 201

202 5. Aumentar a dimensão da população de coelho-bravo Lynx pardinus A091 Aquila chrysaetos A093 Hieraaetus fasciatus A405 Aquila adalberti Pretende-se melhorar o habitat e aumentar as populações de coelho-bravo, visando melhorar o habitat do lince-ibérico e, simultaneamente, todas as espécies troficamente relacionadas com o coelho-bravo, mesmo que não presentes na lista de espécies do Sítio e da ZPE. Este objectivo será atingido através de um conjunto de Investimentos não Produtivos associados à melhoria do habitat e à gestão das populações de coelho-bravo. A medida da eficácia será associada à abundância da espécie. 6. Manter ou aumentar a dimensão das populações de aves estepárias, em particular as populações de cortiçol-de-barriga-negra, abetarda, sisão e francelho através da manutenção dos seus habitat, nomeadamente o habitat A420 Pterocles orientalis A129 Otis tarda A128 Tetrax tetrax A095 Falco naumani 6220 Subestepes de gramíneas anuais de Thero-Brachypodietea Pretende-se que a dimensão das populações das quatro espécies de aves e a superfície do habitat 6220 se mantenham, no mínimo, nos níveis do início do programa pelo que a medida da eficácia será a variação das populações e da superfície do habitat. 7. Aumentar as zonas de habitat potencial e refúgio para o lince-ibérico Lynx pardinus Pretende-se criar zonas de habitat potencial para o lince-ibérico, nos termos em que são definidas pelo PACLIP, com uso florestal, cinegético ou turístico de muito baixa intensidade. Estas zonas incluirão zonas de refúgio, onde não ocorrerá actividade de exploração cinegética, a visitação será limitada e a intervenção, florestal e pecuária limitar-se-á às culturas com finalidade de melhoria de habitat e a intervenções sobre o arvoredo. 202

203 As zonas de refúgio não excederão os 15% da superfície total candidatada às ajudas excepto nas situações em que o próprio beneficiário concorde com a ampliação dessa superfície. As medidas de eficácia deste objectivo serão a variação da área de habitat potencial com as características indicadas na medida e a variação da fracção da superfície de refúgio de lince-ibérico na superfície total. 8. Conservar e melhorar os locais de alimentação e reprodução de aves de rapina com elevado valor de conservação (Hieraaetus fasciatus, Aquila chrysaetus e Aquila adalberti) A091 A093 A405 Aquila chrysaetos Hieraaetus fasciatus Aquila adalberti O vale do Guadiana é uma localização relevante para a conservação destas águias estando recenseados seis casais de águia-real e oito casais de águia-de-bonelli. Pretende-se com este objectivo melhorar os recursos alimentares e proteger os locais de nidificação da população existente. 9. Conservar as hortas tradicionais Estas hortas, existentes em locais com disponibilidade de água são elementos constitutivos e diversificadores da paisagem rural da ITI com efeito na riqueza e abundância em espécies, entre as quais algumas incluídas nos valores naturais alvo da ITI. Estão neste caso, por exemplo, os anfíbios Bufo calamita, Rana perezi e Discoglossus galganoi, espécies de passeriformes migradores, mas também espécies presa mamíferos e aves incluídos nos valores naturais a conservar. 5. Beneficiários Componente agro-ambiental Entidades Gestoras de Zonas de Caça ordenada situadas, no todo ou em parte, na área de incidência da ITI. Agricultores que revistam a natureza privada, detentores de uma 203

204 Unidade de Produção com parcelas agrícolas situadas, no todo ou em parte, na área de incidência da ITI. Componente silvo-ambiental Entidades Gestoras de Zonas de Caça ordenada situadas, no todo ou em parte, na área de incidência da ITI. Agricultores, produtores florestais ou proprietários de espaços florestais que revistam a natureza privada, detentores de parcelas florestais na área de incidência da ITI. Entidades Gestoras de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) situadas, no todo ou em parte, na área de incidência da ITI, bem como outros agrupamentos de produtores ou proprietários com natureza jurídica que lhes permita assumir os compromissos das medidas em causa. Investimentos não produtivos Beneficiários de pagamentos agro-ambientais ou silvo-ambientais com incidência no território da ITI. 6. Condicionalidade e Requisitos mínimos Os beneficiários desta acção comprometem-se a respeitar, em toda a área da exploração agrícola, os requisitos em matéria de condicionalidade de acordo os artigos 4º e 5º e anexos III e IV do Reg. (CE) nº1782/2003, expressos pelos requisitos legais de gestão e pelas boas condições agrícolas e ambientais. Os beneficiários comprometem-se ainda a respeitar os requisitos mínimos relativos a utilização de adubos e produtos fitofarmacêuticos. 7. Aplicação da Componente Agro-Ambiental e Silvo-Ambiental em Unidades de Produção e Investimentos Não Produtivos Para aceder a qualquer pagamento agro-ambiental, o beneficiário deverá cumprir as condições gerais de acesso e respeitar os compromissos gerais na totalidade da área agrícola e agro-florestal declarada. Para cada tipo de pagamento agro-ambiental deverão ainda verificar-se as condições de acesso específicas e respeitar-se os compromissos específicos na respectiva área de incidência. 204

205 Os pagamentos agro-ambientais serão efectuados através de dois tipos de aplicação alternativos, consoante as características predominantes do uso do solo nas subáreas em causa: Uma aplicação dirigida para as subáreas onde predomine o sistema extensivo de cereal-pousio; Uma aplicação alternativa à anterior, para as subáreas cuja zona de campo aberto esteja ocupada, em mais de 70%, com pastagens permanentes. Cada uma destas aplicações prevê um pagamento de base, para cumprimento de compromissos gerais, e pagamentos complementares ou adicionais, a activar com base em parecer da ELA, destinados a assegurar diferentes objectivos específicos de conservação. Para aceder a qualquer pagamento silvo-ambiental, o beneficiário deverá cumprir as condições gerais de acesso e respeitar os compromissos gerais na totalidade da área florestal declarada. Para cada tipo de pagamento silvo-ambiental deverão ainda verificar-se as condições de acesso específicas e respeitar-se os compromissos específicos na respectiva área de incidência. Dada a natureza das intervenções em causa, na componente investimentos não produtivos não haverá lugar a pagamentos de natureza forfetária. A concessão do apoio está condicionada à apresentação de um Programa de Gestão da Biodiversidade que, após parecer da ELA, será objecto de análise e decisão pela Autoridade de Gestão, havendo lugar à comprovação de todas as despesas efectuadas e previamente aprovadas. 205

206 Aplicação da Componente Agro-Ambiental e Silvo-Ambiental em Unidades de Produção da ITI do Guadiana Condições gerais de acesso Compromissos gerais Declarar toda a superfície agrícola, Manter as condições gerais de acesso; florestal e agro-florestal da unidade de produção situada na área geográfica Manter os pontos de água acessíveis à fauna, no período de Verão; de incidência da ITI. Manter a vegetação arbórea e arbustiva ao longo das linhas de água, sem prejuízo das limpezas e regularizações necessárias ao adequado escoamento; Utilizar apenas os produtos fitofarmacêuticos aconselhados para a Protecção Integrada e aconselhados no Modo de Produção Biológico; Garantir a protecção dos núcleos populacionais de morcegos, nomeadamente através da protecção dos seus abrigos, de acordo com as indicações da ELA. Os abrigos de morcegos deverão constar de carta específica a fornecer pelo ICNB, devendo ser compromisso do candidato comunicar à ELA a detecção de novos abrigos; Manter as árvores, os muros de pedra posta e outros elementos patrimoniais importantes para a paisagem e ainda as sebes arbustivas ou arbóreas, de espécies autóctones, entre as parcelas e nas extremas, não tratando com herbicidas; Registar a localização de exemplares de sobreiro e azinheira em mau estado fitossanitário transmitindo essa informação quando solicitado. Medidas Agro-Ambientais Componentes Condições de acesso Compromissos Habitat de aves estepárias: Componente de base 1 Promoção do sistema extensivo de cereal-pousio Estar incluída numa determinada subárea de habitat estepário (subáreas de Moreanes, Algodor, Álamo, Tacão, Corte da Velha, Namorados, Corte Gafo 1, Corte Gafo 2, Vale de Évora e Neves, exceptuando-se aquelas em que a ELA decidir colocar em aplicação a componente de base 2). 1. Manter as condições de acesso, mantendo a área de campo aberta livre de coberto arbustivo em toda a área declarada. 2. Manter um encabeçamento em pastoreio igual ou inferior a 0,7CN/ha de superfície forrageira + 10% da área de cereal de pragana para grão. 3. Praticar uma rotação de culturas ou afolhamento aprovado pela Estrutura Local de Apoio (ELA) 9 que garanta, em cada ano, um mínimo de: 20 a 50% da área de campo aberto ocupada com cereal de pragana para grão; 10 a 30% da área de campo aberto em pousio; 5 a 10% da área de campo aberto com pousio de 2 ou mais anos (condição que não se terá de cumprir à partida nas 206

207 Componentes Condições de acesso Compromissos Declarar a totalidade da área de campo aberto da exploração com densidade de menos de 10 árvores por hectare, com exclusão de áreas ocupadas por rotações intensivas de regadio; Área de campo aberto elegível igual ou superior a 5ha explorações sem pousio à partida). A ELA estabelecerá, para cada subárea, os valores mínimos a aplicar dentro das gamas acima indicadas. 4. Em anos agrícolas de excepção, a ELA poderá autorizar o corte para forragem de uma determinada fracção da área de cereal para grão. 5. Respeitar as datas e as técnicas a aplicar na ceifa do cereal para grão, cortes de forragens e mobilização de pousios e restolhos a indicar anualmente pela ELA, tendo em conta as características do ano agrícola e o estado do ciclo anual das espécies de aves alvo. 6. Assinalar os ninhos de tartaranhão-caçador (Circus pygargus) e preservar, quando da ceifa, uma área de 500 m2 não ceifada centrada no ninho. 7. As mobilizações do solo devem seguir as curvas de nível em parcelas com IQFP > 1; 8. Fazer, no máximo, uma mobilização anual, excluindo lavoura, excepto se autorizado pela ELA. 9. Nas parcelas sujeitas a monda química, deixar faixas não mondadas de largura igual ou inferior a 12 metros, cuja superfície deve ser igual ou superior a 5% da área da parcela. 10. Nas unidades de produção com mais de 50 hectares, semear e acompanhar até ao fim do seu ciclo, efectuando as necessárias práticas culturais, feijão-frade, grão de bico, ervilhaca, chícharo, gramicha, cezirão, tremoço doce ou outras culturas para a fauna bravia, de acordo com as orientações da ELA, respeitando as seguintes especificações: Escalão (ha de área elegível) N.º de folhas não contíguas por cada 50ha de área elegível Área por folha (ha) >50 - <= ,5 >100 - <= >200 0, Garantir a existência de um ponto de água acessível em cada 100ha, no período seco crítico; 12. Não instalar cercas sem parecer prévio vinculativo da ELA. 13. Não instalar bosquetes, nem sebes arbóreas, nem proceder a qualquer densificação do coberto arbóreo sem parecer prévio vinculativo da ELA. 207

208 Componentes Condições de acesso Compromissos Habitat de aves estepárias: Componente Gestão de pousios para o sisão Ser beneficiário da Componente de Base 1 e declarar anualmente uma área constante de pousio igual ou inferior à declarada para efeitos da medida de base; a área declarada anualmente será sempre igual ou superior a 20% da área de pousio declarada para efeitos da medida de base. 1. Na área de pousio declarada para efeitos desta medida, não pastorear, cortar forragem nem mobilizar o solo entre 15 de Março e 30 de Junho. Dependendo das condições agrícolas e ecológicas do ano, a ELA poderá autorizar o pastoreio ou corte de forragem até 31 de Março. 2. No caso dos solos mais produtivos (capacidade de uso A e B), cortar, até 31 de Março, pelo menos 1/3 da área em faixas intercaladas com largura não inferior a 20 metros. Habitat de aves estepárias: Componente Culturas para a fauna bravia Não sendo beneficiário da Componente de Base 1, a área de pousio a candidatar deverá estar incluída numa determinada subárea de habitat estepário (subáreas de Moreanes, Algodor, Álamo, Tacão, Corte da Velha, Namorados, Corte Gafo 1, Corte Gafo 2, Vale de Évora e Neves, exceptuando aquelas em que a ELA decidir colocar em aplicação a componente de base 2); declarar anualmente uma área constante de pousio não inferior a 1ha. Não ser beneficiário da componente de base 1; a área a candidatar deverá estar incluída numa determinada subárea de habitat estepário (subáreas de Moreanes, Algodor, Álamo, Tacão, Corte da Velha, Namorados, Corte Gafo 1, Corte Gafo 2, Vale de Évora e Neves); deve ser Semear e acompanhar até ao fim do seu ciclo, efectuando as necessárias práticas culturais, feijão-frade, grão de bico, ervilhaca, chícharo, gramicha, cezirão, tremoço doce ou outras culturas para a fauna bravia, de acordo com as orientações da ELA, em folhas não contíguas de dimensão inferior a 0,5ha. 208

209 Componentes Condições de acesso Compromissos Habitat de aves estepárias: Componente Melhoria de habitat para o cortiçol, o alcaravão, calhandrinhas ou chascoruivo Habitat de aves estepárias: Componente de base 2 Gestão de pastagem permanente extensiva Manutenção de Charcos temporários declarada anualmente uma área constante não inferior a 1 hectare. Ser beneficiário da Componente de base 1. Estar incluída numa determinada subárea de habitat estepário: das subáreas de Moreanes, Algodor, Álamo, Tacão, Corte da Velha, Namorados, Corte Gafo 1, Corte Gafo 2, Vale de Évora e Neves, aquelas em que a ELA decidir colocar em aplicação esta componente de base em alternativa à componente de base 1. Declarar a totalidade da área de campo aberto da exploração, com densidade de menos de 10 árvores por hectare. SAU mínima de 20ha, com mais de 70% em pastagem permanente. Cartografar os Charcos Temporários existentes Pagamento por hectare adicional em áreas objecto de mobilização do solo, com vista a criar zonas de solo nu favoráveis às referidas espécies. A medida mantém alguma flexibilidade, com vista a incorporar recomendações da ELA face às características concretas da parcela e das espécies em causa. Depende sempre de parecer favorável da ELA, que deverá atender ao risco de erosão. 1. Manter as condições de acesso, mantendo a área de pastagem livre de coberto arbustivo. 2. Não pastorear nem realizar cortes de forragem entre 15 de Março e 30 de Junho em 20% da área de pastagem permanente. Dependendo das condições agrícolas e ecológicas do ano, a ELA poderá autorizar, nesses 20% da área de pastagem, o pastoreio ou corte de forragem até 31 de Março. A localização da área não pastoreada nem cortada na Primavera atenderá ao seu interesse como local de reprodução da avifauna e deverá, sempre que possível, ser fixa durante o período do compromisso caso em que há que ter particular atenção ao cumprimento do compromisso 1. A área não pastoreada nem cortada na Primavera deverá obrigatoriamente ser pastada ou cortada imediatamente antes de 15 de Março. 3. Respeitar as datas e as técnicas a aplicar na ceifa do cereal para grão, cortes de forragens e mobilização de pousios e restolhos a indicar anualmente pela ELA, tendo em conta as características do ano agrícola e o estado do ciclo anual das espécies de aves alvo. 4. Manter um encabeçamento em pastoreio igual ou inferior a 0,7CN/ha de superfície forrageira. 5. Garantir a existência de um ponto de água acessível em cada 100ha, no período seco crítico; 6. Não instalar cercas sem parecer prévio vinculativo da ELA. 7. Não instalar bosquetes, nem sebes arbóreas, nem proceder a qualquer densificação do coberto arbóreo sem parecer prévio vinculativo da ELA. Garantir a manutenção dos Charcos Temporários identificados. Associar em torno de cada charco temporário uma zona 209

210 Componentes Condições de acesso Compromissos Manutenção das Hortas Tradicionais Submeter à aprovação da ELA uma descrição das hortas tradicionais existentes, que identifique a sua localização, as actividades e modos de produção tradicionalmente praticados e os principais elementos de património agro-rural tradicional (muros de pedra, poços, levadas ou outros equipamentos de rega tradicionais, outros) tampão, com largura de 20 metros, sem mobilização do solo nem utilização pelo gado, procedendo-se à vedação da área sempre que necessário para o cumprimento do compromisso. Este investimento será elegível em sede de investimentos não produtivos. Manter as condições de acesso, praticando os sistemas de agricultura tradicional aprovados pela ELA. Medidas Biodiversidade Florestal Habitat do Lince-Ibérico Medidas Silvo-Ambientais Condições de acesso específicas Compromissos específicos Apresentar um Programa 1) Manter todas as zonas com coberto arbustivo > 50% de de Gestão da altura média > 1m e com mais de 60 árvores/ha (Quercus Biodiversidade (PGB). sp., medronheiro de porte arbóreo, etc.); 2) Manter o encabeçamento total da exploração inferior a Candidatar uma área igual 0,5CN/ha; ou superior a 50ha. 3) Manter o encabeçamento de suínos em montanheira inferior a 0,1CN/ha (considerando a superfície forrageira total) Cartografar no PGB todas 4) Manter uma fracção entre 20 a 50% da superfície com as zonas com: ocupação de pousios herbáceos, culturas arvenses ou - Coberto arbustivo > 50% culturas para a fauna, com a dimensão das orlas entre e matagais e zonas herbáceas igual a pelo menos 1,5 vezes o - Altura média do coberto perímetro da área candidata. > 1m, e 5) Garantir a não utilização do processo de caça de batida e - Mais de 60 árvores/ha de montaria a qualquer espécie, durante o período de (Quercus sp., medronheiro compromisso, após a eventual realização de operações de de porte arbóreo, etc.) reintrodução do lince-ibérico e caso seja essa a indicação da comissão executiva do PACLIP. Ter o estatuto de 6) Permitir a constituição de Áreas de refúgio do lince-ibérico Exploração Aderente do a estabelecer pela ELA, em 10 15% da área candidatada. PACLIP 10 7) Cumprir os compromissos indicados na medida Galerias Ripícolas na área elegível a essa medida. 210

211 Medidas Renovação dos povoamentos de Quercus, sp. Condições de acesso específicas Estar incluída em regime cinegético ordenado (zonas de caça, zonas de interdição à caça, áreas de direito à não caça ou áreas de refúgio). Comprometer-se, em sede do PGB, a realizar investimentos associados ao aumento das populações de coelho; ou permitir a realização dessas acções. Apresentar um Programa de Gestão da Biodiversidade Cartografar as zonas de regeneração natural no PGB. Compromissos específicos 8) Cumprir os compromissos da medida Charcos Temporários na área elegível a essa medida. 9) Cumprir os compromissos da medida Manutenção de matagais na área elegível a essa medida 10)Cumprir os compromissos da medida Renovação dos povoamentos de Quercus, sp na área elegível a essa medida 11)Cumprir os compromissos da medida Habitat de grandes águias Proteger a regeneração na superfície candidata. Manutenção de galerias ripícolas Manutenção de matagais Evidenciar no PGB a articulação entre as zonas de protecção da regeneração da natural e a diminuição do risco estrutural de incêndio. Apresentar um Programa de Gestão da Biodiversidade Cartografar no PGB as galerias com largura mínima de 20m no conjunto das duas margens da linha de água e comprimento mínimo de 250m, podendo este ser inferior na situação de vales encaixados. Apresentar um Programa de Gestão da Biodiversidade. Conservar área da galeria, com remoção de exemplares de espécies exóticas, Promover a recuperação das margens da linha de água, com introdução de paliçadas e posterior colonização com vegetação autóctone, limitando o acesso aos troços recuperados com cercas temporárias; Na faixa ocupada pela galeria ripícola, não proceder ao cultivo ou aplicação de herbicidas numa largura mínima de 10m a partir da linha de água. Garantir a manutenção do habitat na área identificada. Cartografar no PGB as áreas dos habitats 5210 e

212 Medidas Habitat de grandes águias Condições de acesso específicas Apresentar um Programa de Gestão da Biodiversidade. Compromissos específicos Permitir a constituição de áreas de protecção aos ninhos de águia (raio de 300m em torno do ninho), sendo a localização dos ninhos supervisionada pela ELA; Incluir no PGB o condicionamento do corte (incluindo para reconversão ou para replantação) de povoamentos de eucalipto e pinheiro às necessidades da manutenção de locais de nidificação para as águias; Realizar acções de controlo do risco estrutural de incêndio nas áreas de protecção aos ninhos de águias de acordo com as indicações da ELA; Manter uma fracção entre 20 e 50% da superfície com ocupação de pousios herbáceos, culturas arvenses ou culturas para a fauna, com a dimensão das orlas entre matagais e zonas herbáceas igual a pelo menos 1,5 vezes o perímetro da área candidata. Incluir no PGB uma componente de controlo do risco estrutural de incêndio articulada com a necessidade de conservar os ninhos de águias; Estar incluída em regime cinegético ordenado (zonas de caça, zonas de interdição à caça, áreas de direito à não caça ou áreas de refúgio); Prever no PGB a realização de investimentos não produtivos associados ao aumento das populações de coelho ou permitir a realização dessas acções. Tipologia e Nível do Apoio Tipo de Ajuda Área elegível Modulação e Nível da Ajuda Biodiversidade Florestal Compromisso Específico da Habitat Lince-Ibérico Medida 61 /ha Habitat de aves estepárias: Componente de base 1 Promoção do sistema extensivo de cereal-pousio Área de rotação 200 /ha Habitat de aves estepárias: Área de pousio candidatada à Componente Gestão de componente pousios para o sisão 200 /ha 212

213 Habitat de aves estepárias: Componente Culturas para a fauna bravia Habitat de aves estepárias: Componente Melhoria de habitat para o cortiçol, o alcaravão, calhandrinhas ou chasco-ruivo Manutenção de Charcos temporários Área de culturas para a fauna candidatada no âmbito da 150 /ha componente Área candidatada a esta 100 /ha componente Área dos charcos temporários /ha incluindo zona tampão Manutenção de matagais Área de matagal elegível 30 /ha Renovação dos povoamentos de Quercus sp Manutenção de galerias ripícolas Habitat de grandes águias Manutenção das Hortas Tradicionais Áreas em regeneração natural protegida Área de galerias ripícolas Compromisso Específico da Medida Área de hortas tradicionais aprovada pela ELA 100 /ha 0 < Área 5 ha 200 /ha Área >5ha 100 /ha 61 /ha 600 /ha Aplicação de Investimentos Não Produtivos em Unidades de Produção Condições de acesso Âmbito Níveis de apoio Investimentos não produtivos associados a pagamentos agro-ambientais Ser beneficiário das medidas agroambientais conexas. nidificação para peneireiro-das-torres e Criação ou recuperação de locais de rolieiro. 100% das despesas elegíveis Substituição e correcção de cercas não adequadas às aves estepárias (subáreas estepárias); Instalações de vedações e cercas eléctricas; Recuperação e construção de pontos de água estratégicos; Manutenção de infra-estruturas de retenção de água. Investimentos não produtivos associados a pagamentos silvo-ambientais Apresentação de um Programa de Gestão da Biodiversidade validado pela ELA para efeitos de candidaturas à ITI, Elaboração do Programa de Gestão da Biodiversidade Instalação de culturas para a fauna 100% das despesas elegíveis Os investimentos e respectiva calendarização têm de estar previstos no Programa de Gestão da Instalação e/ou recuperação de cercas e/ou de protectores individuais (protecção contra a acção do gado e da fauna selvagem) 213

214 Biodiversidade; Os projectos a candidatar deverão ter o parecer da ELA. Adensamentos e/ou substituição das espécies alvo arbóreas ou arbustivas Intervenções silvícolas de carácter extraordinário, tais como acções de erradicação de plantas invasoras lenhosas Redução do risco estrutural de incêndio Translocação para aumento da densidade de coelho-bravo Investimentos associados à melhoria do habitat para o coelho-bravo Galerias ripícolas Conservação de abrigos para morcegos - com limpeza das entradas, trabalhos de consolidação e colocação de vedações de acordo com informação técnica fornecida pela ELA 8.4 Avaliação do grau de cobertura das orientações de gestão do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 pelas medidas propostas As medidas propostas para a ITI integram plenamente as orientações de gestão previstas no Plano Sectorial para esta zona, como é evidenciado na Tabela No pressuposto de uma taxa de adesão suficiente, verifica-se assim que a quase totalidade das orientações de gestão associadas à actividade florestal e agrícola são postas em prática pela execução das medidas. Tabela Medidas propostas e relação com as orientações de gestão Orientações Medidas, compromissos e condições de acesso de Gestão Compromissos Gerais Manter todas as zonas com: - Coberto arbustivo > 50% 12;61;16;1;16 - Altura média do coberto > 1m - Mais de 60 árvores/ha (Quercus sp.,) Manter os pontos de água acessíveis à fauna, no período de Verão 72 Manter a vegetação arbórea e arbustiva ao longo das linhas de água, sem prejuízo das 27;29 limpezas e regularizações necessárias ao adequado escoamento; Utilizar apenas os produtos fitofarmacêuticos aconselhados para a Protecção Integrada e 7;6 aconselhados no Modo de Produção Biológico Não efectuar queimadas 18;74 214

215 Registar a localização de exemplares de sobreiro e azinheira em mau estado fitossanitário transmitindo essa informação quando solicitado. Medida Biodiversidade Florestal - Habitat do Lince-Ibérico Condições de acesso específicas Ter o estatuto de Exploração Aderente do PACLIP 35;51 Estar incluída em regime cinegético ordenado (zonas de caça, zonas de interdição à caça, áreas de direito à não caça ou áreas de refúgio). 35;51;68;40 Realizar investimentos não produtivos associados ao aumento das populações de coelho ou permitir a realização dessas acções. 51 Compromissos específicos Manter o encabeçamento total da exploração inferior a 0,5CN/ha; 10;77;9;11 Manter o encabeçamento de suínos em montanheira inferior a 0,1CN/ha (considerando a 10;77;9;11 superfície forrageira total) Manter uma fracção entre 20%- 50% da superfície com ocupação de pousios herbáceos, culturas arvenses ou culturas para a fauna, com a dimensão das orlas entre matagais e 1;2;6;18 zonas herbáceas igual a pelo menos 1.5 vezes o perímetro da área candidata. Garantir a não utilização do processo de caça de batida e de montaria a qualquer 35 espécie, durante o período de compromisso. Permitir a constituição de Áreas de refúgio do lince-ibérico, em 10-15% da área 87;50 candidata, com a localização potencial a estabelecer pela ELA. Habitat de aves estepárias Condições de acesso específicas Estar incluída na área de habitat estepário 56 Estar incluída em regime cinegético ordenado (zonas de caça, zonas de interdição à caça, áreas de direito à não caça ou áreas de refúgio). 56,1 Compromissos específicos Áreas sujeitas a uma rotação cereal-pousio extensiva, podendo incluir até 25% de pastagem permanente. 56 Encabeçamento máximo de 0,7 CN/ha 10 Garantir a existência de um ponto de água acessível em cada 100 ha no período crítico seco 72 Respeitar o intervalo de datas e as técnicas a aplicar para corte das forragens e ceifa dos cereais e mobilização dos pousios, a indicar anualmente pela estrutura local de apoio, tendo em conta as características do ano agrícola e o estado do ciclo anual das espécies 8 animais objecto da medida Não proceder à queima do restolho 8 Realizar investimentos não produtivos culturas para a fauna (incluindo luzerna e grão-de-bico) que ocupem pelo menos 5% da superfície candidata 1 Condicionar a exploração cinegética às necessidades específicas das espécies incluídas no objectivo, de acordo com as indicações da ELA, entre 1 de Agosto e 15 de Outubro 35 Medida Galerias Ripícolas 3;9;54 Medida Charcos Temporários medida 61;50;78;13;9 Medida Manutenção de matagais na área elegível a essa medida ;11;6 Medida Renovação dos povoamentos de Quercus, sp 12;16 Investimentos não produtivos Instalação de culturas para a fauna 51 Translocação para aumento da densidade de coelho-bravo 51 Investimentos associados à melhoria do habitat para o coelho-bravo 1;2;50;72 Instalação e/ou recuperação de cercas e/ou de protectores individuais (protecção contra a acção do gado e da fauna selvagem). 12;16 Redução do risco estrutural de incêndio 18 Instalação de galerias ripícolas 27 Manutenção de galerias ripícolas

216 9 ITI ZONAS ESTEPÁRIAS 9.1 Áreas classificadas incluídas As áreas classificadas abrangidas por esta ITI correspondem às ZPE de Monforte, Veiros, Vila Fernando, Évora (Norte e Sul), Reguengos, Cuba e Piçarras (Figura 9.1). A criação destas ZPE é recente, tendo sido oficializada através do Decreto Regulamentar n.º 6/2008, de 26 de Fevereiro. Figura Áreas classificadas (ZPE) da ITI Zonas Estepárias 216

217 9.2 Concepção e fundamentação da ITI Caracterização agrícola e florestal De acordo a cartografia de uso e ocupação do solo nas áreas classificadas incluídas nesta ITI, fornecida pelo ICNB, estas ZPE caracterizam-se por um predomínio das áreas agrícolas abertas, que ocupam em média 83% da sua superfície total (varia entre 98% em Cuba e 62% em Piçarras). A grande maioria destas áreas corresponderá a culturas cerealíferas de sequeiro (terras aráveis, com rotação extensiva de cereal-pousio), embora possa incluir também áreas de culturas forrageiras, pastagens temporárias ou permanentes, e ainda culturas anuais mais intensivas de regadio. Tabela Utilização actual do solo nas áreas classificadas da ITI Zonas Estepárias Monforte Veiros Vila Fernando Évora Reguengos Cuba Piçarras Áreas agrícolas abertas Olival Vinha Montado aberto Montado Eucaliptal Pinheiro Manso Florestação sobreiro Outras ,4% 88,7% 78,4% 69,5% 78,6% 97,9% 62,2% ,6% 4,0% 2,6% 1,0% 1,0% 1,0% ,5% 0,9% 0,3% 1,3% ,0% 3,5% 12,6% 8,4% 10,2% 1,1% 21,6% ,3% 5,0% 15,1% 7,7% ,2% 0,1% 1,0% ,4% 0,0% ,5% 16,0% ,2% 1,7% 0,1% 0,3% Superfície total % 100% 100% 100% 100% 100% 100% Fonte: Informação SIG ICNB sobre uso do solo nas novas áreas estepárias O montado representa em média cerca de 11% da superfície total, sendo que 8% corresponde a montado aberto (22% em Piçarras e cerca de 1% em Cuba). De notar, no 217

218 entanto, que as áreas de novas florestações de sobreiro representam 16% da superfície total em Piçarras e 3,5% em Évora. As culturas permanentes têm pequena expressão (cerca de 3% da superfície total em média), correspondendo sobretudo a áreas de olival e vinha. A floresta extreme tem pouca expressão (representa em média 2% da superfície total), correspondendo sobretudo a pequenas manchas de eucalipto e de pinheiro bravo. Na Figura 9.2 mostra-se, esquematicamente, o uso dos solos em cada uma das áreas classificadas desta ITI. Monforte Vila Fernando Piçarras Reguengos 218

219 Cuba Veiros Évora (Norte e Sul) Fonte: Cartografia ICNB Figura Uso dos solos nas áreas classificadas da ITI Zonas Estepárias Dinâmicas agrícolas Para analisar as dinâmicas agrícolas verificadas num passado recente nos territórios onde se inserem estas áreas classificadas, recorreu-se aos dados dos recenseamentos gerais de agricultura de 1989 e 1999, do INE. Na tabela seguinte mostram-se alguns indicadores mais relevantes que permitem perceber quais foram as principais alterações ocorridas na década de 90. Começando por analisar os indicadores estruturais, verifica-se que neste período houve uma diminuição generalizada no número de explorações (com excepção de Évora Sul, onde houve um aumento de 13% do número de explorações). 219

220 Tabela Indicadores de caracterização e dinâmica agrícola das áreas classificadas Cuba Piçarras Évora Norte Évora Sul Reguengos Vila Fernando Veiros Monforte Indicadores estruturais (valores em hectares e variação 89/99) N.º explorações SAU % -26% -10% 13% -20% -3% -5% -16% % 3% 34% 41% 59% -10% -18% 50% SAU s/ pousios e s/ pastagens permanentes -6% 23% 10% 76% -10% -73% -54% 75% SAU/Exploração Área irrigada % 40% 48% 27% 102% -3% -14% 80% , % -95% 211% 470% -33% 93% -34% 264% Principais culturas (valores em hectares e variação 89/99) Cereais Pousios Prados temp. e forragens Pastagem permanente % -54% 6% -24% 30% -25% -49% -35% % -59% -10% -36% -35% 9% 16% -46% (1) -49% 9% 86% 103% 205% 55% 127% (1) 269% 1802% 634% 12% 249% 11% 343% Principais efectivos pecuários (valores em n.º de animais e variação 89/99) Bovinos Ovinos % 21% 2% 53% 227% 35% 49% 124% % 24% -52% 2% 8% -2% -4% 106% Fonte: INE, RGA de 1989 e 1999, dados por freguesia (nas áreas classificadas que abrangem mais do que uma freguesia, os valores apresentados são uma média ponderada pela percentagem da área que cabe em cada freguesia). (1) Sem área em 1989 A evolução da SAU registou tendências diferentes nas várias áreas classificadas, tendo aumentado em Piçarras, Évora Norte e Sul, Reguengos e Monforte, e diminuído em Cuba, Vila Fernando e Veiros. São de destacar sobretudo os aumentos significativos verificados em Reguengos e em Monforte, com valores superiores a 50%. Em consequência da evolução verificada no número de explorações e na SAU, a dimensão média das explorações aumentou no período em análise, com excepção de Vila 220

221 Fernando e Veiros (a SAU média por exploração diminuiu 13% nas freguesias abrangidas pela zona de Veiros). Retirando à SAU as áreas de pousios e de pastagens permanentes, ou seja, considerando apenas a evolução da área efectivamente cultivada, verificam-se algumas diferenças importantes relativamente à leitura que se fez atrás de evolução da SAU total. Por exemplo, em Reguengos a SAU total aumentou 59%, mas foi sobretudo à custa das pastagens permanentes e dos pousios, pois retirando estas áreas verifica-se que a área agrícola efectivamente cultivada diminuiu (-10%). A evolução da área irrigada teve duas tendências distintas: em metade das áreas consideradas houve aumento da área irrigada, geralmente bastante significativo (aumentos entre 93% em Vila Fernando e 729% em Cuba). Na outra metade houve redução das áreas irrigadas, que por vezes foi também muito significativa, como é o caso de Piçarras que quase perdeu toda a área irrigada durante a década de 90 (descida de 95%). Também em Vila Fernando e Veiros se verifica que a diminuição observada da SAU se deu sobretudo nas áreas cultivadas, já que a queda é bastante maior quando se retiram da SAU as áreas de pastagens permanentes e de pousios. Noutras áreas classificadas, no entanto, a evolução foi em sentido contrário: a subida da SAU resultou principalmente de um aumento das áreas efectivamente cultivadas. É o caso de Piçarras, Évora Sul e Monforte. Em relação à evolução das áreas das principais culturas (acrescido da pastagem permanente), verificou-se uma diminuição da área de cereais na generalidade dos territórios, com excepção de Évora Norte e Reguengos. Os pousios também perderam área, excepto em Vila Fernando e Veiros. Os prados temporários e culturas forrageiras aumentaram a sua área, com excepção Piçarras e Veiros. A pastagem permanente foi a única classe de uso que registou uma subida generalizada em todas as áreas consideradas, nalguns casos com aumentos muitos significativos, como em Évora Norte (freguesia de N. Sr.ª de Machete) que registou um aumento de 1800%. Em relação aos efectivos das principais espécies pecuárias, verificou-se no período em análise um aumento generalizado dos efectivos bovinos (com excepção de Cuba), que nalguns casos foi bastante significativo, com subidas superiores a 100%, como é o caso de Reguengos (227%) e Monforte (124%). A evolução dos efectivos ovinos foi mais diferenciada, tendo registado aumentos (menos significativos que nos bovinos) em Piçarras, Évora Sul, Reguengos e Monforte, e descidas em Cuba, Évora Norte, Vila Fernando e Veiros. 221

222 Os dados apresentados parecem, portanto, indicar que a evolução da actividade agrícola observada nestes territórios durante a década de 90 não terá sido igual em todos os territórios: casos houve em que parece ter havido alguma intensificação de usos agrícola, com aumento da SAU efectivamente cultivada e aumento da área regada, onde o crescimento dos efectivos bovinos foi relativamente moderado, comparativamente ao conjunto (caso de Évora Norte, Évora Sul e Monforte); noutros casos, a evolução parece ter sido no sentido de desinvestimento nos cereais e conversão para pecuária (bovinos), como é o caso de Reguengos, onde a SAU efectivamente cultivada diminuiu, bem como a área irrigada, e aumentaram significativamente os efectivos bovinos. Deverá, no entanto, ter-se em atenção que os dados em análise se referem às explorações das freguesias onde se localizam estas áreas classificadas e que a superfície destas é geralmente bastante inferior à dimensão territorial das freguesias. Poderá, por isso, acontecer que as dinâmicas e tendências aqui observadas se reportem a zonas exteriores às áreas classificadas, iludindo a realidade das zonas a incluir na ITI. Em síntese, as principais dinâmicas observadas parem ter sido: 1. Intensificação do uso agrícola (regadio); 2. Conversão dos sistemas extensivos de cereal-pousio para a pecuária extensiva (principalmente bovinos); 3. Florestação de terras (verificada nas ZPE de Piçarras e Évora Sul, conforme se retira dos dados das tabelas apresentadas anteriormente). Nos anos mais recentes (desde 2000), estas dinâmicas poderão ter-se alterado (intensificando-se ou invertendo-se) em resultado, nomeadamente, da reforma da PAC de No que se refere à expansão dos sistemas de pecuária extensiva, sobretudo baseada na bovinicultura de carne, o facto de as ajudas aos bovinos de carne terem permanecido (por enquanto) ligadas ao número de animais efectivamente detidos e o acréscimo na disponibilidade de direitos a prémio às vacas aleitantes aumentaram o incentivo à especialização em bovinos de carne, o que poderá ter reforçado a tendência anteriormente observada em Reguengos. O desligamento das ajudas aos cereais, conjugado com as áreas adicionais de olival com direito a ajuda e com a expansão do regadio público e privado poderão ter sido os principais factores de evolução dos sistemas de produção nas áreas de melhor aptidão agrícola. Estes factores terão induzido à expansão das plantações de olival intensivo, ao encurtamento dos pousios e à eventual substituição de parte da área de cereais por outras alternativas culturais, em função do preço de mercado e já não da ajuda (que 222

223 agora é desligada das opções de produção). As rotações tenderão, no futuro, a alterar-se mais frequentemente, uma vez que as opções dos produtores responderão mais directamente às oscilações dos preços dos vários produtos nos mercados mundiais (ver a expansão da área semeada com milho no ano 2007/2008, em resposta aos preços muito elevados deste cereal no início do ano agrícola) Representatividade Esta ITI inclui 2% da superfície terrestre, 6% da SAU e 5% da superfície de montado da rede Natura 2000 em Portugal Continental. A superfície florestal estreme praticamente não tem expressão. Tabela Representatividade na Rede natura 2000 Nome Superfície Floresta SAU Total estreme Montado Monforte 0,0% 0,3% 0,0% 0,1% Veiros 0,1% 0,3% 0,0% 0,1% Vila Fernando 0,3% 0,8% 0,0% 0,6% Évora (Norte e Sul) 0,8% 1,6% 0,0% 2,3% Reguengos 0,3% 0,9% 0,0% 0,7% Cuba 0,2% 0,7% 0,0% 0,0% Piçarras 0,2% 0,3% 0,0% 0,7% TOTAL 2,2% 5,8% 0,0% 4,6% Valores em % da superfície total da Rede Natura Concepção das medidas agro-ambientais A concepção das medidas de conservação da avifauna estepária foi desenvolvida no âmbito da ITI de Moura-Mourão-Barrancos, tirando partido da disponibilidade da informação IFAP que foi possível obter para as explorações desse território. Para uma explicação detalhada da abordagem que foi seguida remete-se, portanto, para o ponto deste relatório, onde se explica a metodologia de concepção e fundamentação das medidas propostas para a ITI de Moura-Mourão-Barrancos. De referir, no entanto, que, tal como é explicado no ponto , a concepção das medidas de conservação da avifauna estepária que foi desenvolvida no âmbito da ITI de Moura-Mourão-Barrancos, teve em conta a extensão da sua aplicação a todas as áreas 223

224 estepárias desta 2ª Fase de ITI, o que se concretizou, por exemplo, através dos contactos que foram tidos com agricultores dos territórios da ITI Zonas Estepárias, para aferição e validação da aplicabilidade das medidas a estes territórios. 224

225 9.3 Ficha da ITI Zonas Estepárias 1. Enquadramento regulamentar Artigos: 36º alínea a), iv), vi), alínea b), v), vii); Artigo 39º; Artigo 41º; Artigo 47º; Artigo 49º do Reg. (CE) n.º 1698/2005 Artigo 27º e Artigo 29º do Reg. (CE) n.º 1974/2006 e Anexo II pontos ; ; ; Códigos de medidas no Anexo II do Reg. (CE) n.º 1974/2006: 214, 216, 225, Territórios alvo Áreas das seguintes ZPE: Monforte Veiros Vila Fernando Évora (Norte e Sul) Reguengos Cuba Piçarras 3. Objectivos Manutenção do habitat das aves estepárias. 4. Fundamentação da intervenção Incentivar uma gestão agrícola compatível com os valores faunísticos a proteger as aves estepárias. 5. Beneficiários Componente agro-ambiental Agricultores que revistam a natureza privada, detentores de uma Unidade de Produção com parcelas agrícolas situadas, no todo ou em parte, nas áreas de incidência da ITI. 225

226 Investimentos não produtivos Beneficiários de pagamentos agro-ambientais com incidência no território da ITI. 6. Condicionalidade e Requisitos mínimos Os beneficiários desta acção comprometem-se a respeitar em toda a área da exploração agrícola os requisitos em matéria de condicionalidade de acordo os artigos 4º e 5º e anexos III e IV do Reg. (CE) nº1782/2003, expressos pelos requisitos legais de gestão, e pelas boas condições agrícolas e ambientais. Os beneficiários comprometem-se ainda a respeitar os requisitos mínimos relativos a utilização de adubos e produtos fitofarmacêuticos. 7. Aplicação da Componente Agro-Ambiental em Unidades de Produção e Investimentos Não Produtivos Os pagamentos agro-ambientais serão efectuados através de dois tipos de aplicação alternativos, consoante as características predominantes do uso do solo na ZPE ou subzona em causa: Uma aplicação dirigida para as ZPE ou subzonas onde predomine o sistema extensivo de cereal-pousio; Uma aplicação alternativa à anterior, para as ZPE ou subzonas cuja área de campo aberto esteja ocupada, em mais de 70%, com pastagens permanentes. Cada uma destas aplicações prevê um pagamento de base, para cumprimento de compromissos gerais, e pagamentos complementares ou adicionais, a activar com base em parecer da ELA, destinados a assegurar diferentes objectivos específicos de conservação. Aplicação da Componente Agro-Ambiental em Unidades de Produção da ITI Estepárias Componentes Condições de acesso Compromissos Habitat de aves estepárias: Componente de Declarar a totalidade da área de campo aberto da exploração 1. Manter as condições de acesso, mantendo a área de campo aberta livre de coberto arbustivo em toda a área declarada. base 1 com densidade de 2. Manter um encabeçamento em pastoreio igual ou inferior a Promoção do menos de 10 árvores 0,7 CN por hectare de superfície forrageira + 10% da área sistema por hectare, com 226

227 extensivo de cereal-pousio exclusão de áreas ocupadas por rotações intensivas de regadio; Área de campo aberto elegível igual ou superior a 5ha de cereal de pragana para grão. 3. Praticar uma rotação de culturas ou afolhamento aprovado pela Estrutura Local de Apoio (ELA) 11 que garanta, em cada ano, um mínimo de: o 20% a 50% da área de campo aberto ocupada com cereal de pragana para grão; o 10% a 30% da área de campo aberto em pousio; o 5% a 10% da área de campo aberto com pousio de 2 ou mais anos (condição que não se terá de cumprir à partida nas explorações sem pousio à partida). A ELA estabelecerá, para cada ZPE ou subárea, os valores mínimos a aplicar dentro das gamas acima indicadas. 4. Em anos agrícolas de excepção, a ELA poderá autorizar o corte para forragem de uma determinada fracção da área de cereal para grão. 5. Respeitar as datas e as técnicas a aplicar na ceifa do cereal para grão, cortes de forragens e mobilização de pousios e restolhos a indicar anualmente pela ELA, tendo em conta as características do ano agrícola e o estado do ciclo anual das espécies de aves alvo. 6. Assinalar os ninhos de tartaranhão-caçador (Circus pygargus) e preservar, quando da ceifa, uma área de 500 m 2 não ceifada centrada no ninho. 7. As mobilizações do solo devem seguir as curvas de nível em parcelas com IQFP > 1; 8. Fazer, no máximo, uma mobilização anual, excluindo lavoura, excepto se autorizado pela ELA. 9. Nas parcelas sujeitas a monda química, deixar faixas não mondadas de largura igual ou inferior a 12 metros, cuja superfície deve ser igual ou superior a 5% da área da parcela. 10. Nas unidades de produção com mais de 50 hectares, semear e acompanhar até ao fim do seu ciclo, efectuando as necessárias práticas culturais, feijão-frade, grão de bico, ervilhaca, chícharo, gramicha, cezirão, tremoço doce ou outras culturas para a fauna bravia, de acordo com as orientações da ELA, respeitando as seguintes especificações: Escalão (ha de área elegível) N.º de folhas não contíguas por cada 50ha de área elegível Área por folha (ha) >50 - <= ,5 >100 - <= >200 0, Garantir a existência de um ponto de água acessível em 227

228 cada 100ha, no período seco crítico; 12. Não instalar cercas sem parecer prévio vinculativo da ELA; 13. Não instalar bosquetes, nem sebes arbóreas, nem proceder a qualquer densificação do coberto arbóreo sem parecer prévio vinculativo da ELA. 14. Manter a vegetação arbóreo-arbustiva ao longo das linhas de água, sem prejuízo das limpezas e/ou regularizações necessárias ao adequado escoamento e/ou armazenamento; 15. Utilizar apenas os produtos fitofarmacêuticos aconselhados para a Protecção Integrada ou para o Modo de Produção Biológico. Não efectuar queimadas de restolhos. Habitat de aves estepárias: Componente Gestão de pousios para o sisão Ser beneficiário da Componente de Base 1 e declarar anualmente uma área constante de pousio igual ou inferior à declarada para efeitos da medida de base; a área declarada anualmente será sempre igual ou superior a 20% da área de pousio declarada para efeitos da medida de base. Na área de pousio declarada para efeitos desta medida, não pastorear, cortar forragem nem mobilizar o solo entre 15 de Março e 30 de Junho. Dependendo das condições agrícolas e ecológicas do ano, a ELA poderá autorizar o pastoreio ou corte de forragem até 31 de Março. No caso dos solos mais produtivos (capacidade de uso A e B), cortar, até 15 de Março, pelo menos 1/3 da área em faixas intercaladas com largura não inferior a 20 metros. Habitat de aves estepárias: Componente Culturas para a fauna bravia Habitat de aves estepárias: Componente Melhoria de habitat para o cortiçol, o alcaravão, calhandrinhas ou Não sendo beneficiário da Componente de Base 1, declarar anualmente uma área constante de pousio não inferior a 1ha. Não ser beneficiário da componente de base 1 e declarar anualmente uma área constante não inferior a 1 hectare. Ser beneficiário da Componente de base 1. Semear e acompanhar até ao fim do seu ciclo, efectuando as necessárias práticas culturais, feijão-frade, grão de bico, ervilhaca, chícharo, gramicha, cezirão, tremoço doce ou outras culturas para a fauna bravia, de acordo com as orientações da ELA, em folhas não contíguas de dimensão inferior a 0,5 hectares. Pagamento por hectare adicional em áreas objecto de mobilização do solo, com vista a criar zonas de solo nu favoráveis às referidas espécies. A medida mantém alguma flexibilidade, com vista a incorporar recomendações da ELA face às características concretas da parcela e das espécies em causa. Depende sempre de parecer favorável da ELA, que deverá atender ao risco de erosão. 228

229 chasco-ruivo Habitat de aves estepárias: Componente de base 2 Gestão de pastagem permanente extensiva Estar incluída nas subáreas de habitat estepário em que a ELA decida aplicar esta componente de base em alternativa à componente de base 1. Declarar a totalidade da área de campo aberto da exploração, com densidade de menos de 10 árvores por hectare. SAU mínima de 20ha, com mais de 70% em pastagem permanente. 1. Manter as condições de acesso, mantendo a área de pastagem livre de coberto arbustivo. 2. Não pastorear nem realizar cortes de forragem entre 15 de Março e 30 de Junho em 20% da área de pastagem permanente. Dependendo das condições agrícolas e ecológicas do ano, a ELA poderá autorizar, nesses 20% da área de pastagem, o pastoreio ou corte de forragem até 31 de Março. A localização da área não pastoreada nem cortada na Primavera atenderá ao seu interesse como local de reprodução da avifauna e deverá, sempre que possível, ser fixa durante o período do compromisso caso em que há que ter particular atenção ao cumprimento do compromisso 1. A área não pastoreada nem cortada na Primavera deverá obrigatoriamente ser pastada ou cortada imediatamente antes de 15 de Março. 3. Respeitar as datas e as técnicas a aplicar na ceifa do cereal para grão, cortes de forragens e mobilização de pousios e restolhos a indicar anualmente pela ELA, tendo em conta as características do ano agrícola e o estado do ciclo anual das espécies de aves alvo. 4. Manter um encabeçamento em pastoreio igual ou inferior a 0,7 CN por hectare de superfície forrageira. 5. Garantir a existência de um ponto de água acessível em cada 100 hectares, no período seco crítico; 6. Não instalar cercas sem parecer prévio vinculativo da ELA. 7. Não instalar bosquetes, nem sebes arbóreas, nem proceder a qualquer densificação do coberto arbóreo sem parecer prévio vinculativo da ELA. 8. Manter a vegetação arbóreo-arbustiva ao longo das linhas de água, sem prejuízo das limpezas e/ou regularizações necessárias ao adequado escoamento e/ou armazenamento; 9. Utilizar apenas os produtos fitofarmacêuticos aconselhados para a Protecção Integrada ou para o modo de produção biológico. Tipologia e Nível do Apoio Tipo de Ajuda Área elegível Habitat de aves estepárias: Área de rotação cereal-pousio Componente de base 1 - Promoção do sistema extensivo de cereal-pousio Habitat de aves estepárias: Área de pousio candidatada à Componente Gestão de pousios componente para o sisão Habitat de aves estepárias: Área de culturas para a fauna Componente Culturas para a fauna candidatada no âmbito da bravia componente Modulação e Nível de Ajuda 200 /ha 200 /ha 150 /ha 229

230 Habitat de aves estepárias: Componente Melhoria de habitat para o cortiçol, o alcaravão, calhandrinhas ou chasco-ruivo Habitat de aves estepárias: Componente de base 2 Gestão de pastagem permanente extensiva Área candidatada a esta componente Área de pastagem permanente candidatada a esta componente de base 100 /ha 50 /ha Aplicação de Investimentos Não Produtivos em Unidades de Produção Criação ou recuperação de locais de nidificação para peneireiro-das-torres e rolieiro. Investimento não produtivo financiado a 100% para o qual os beneficiários das medidas de base são elegíveis. Substituição e correcção de cercas não adequadas às aves estepárias (subáreas estepárias); Instalações de vedações e cercas eléctricas; Recuperação e construção de pontos de água estratégicos; Manutenção de infra-estruturas de retenção de água. 230

231 10 ITI MONCHIQUE 10.1 Áreas classificadas incluídas Nesta ITI inclui-se o Sítio e ZPE de Monchique PTCON0037 (Figura 10.1). Figura Áreas classificadas incluídas na ITI Monchique 10.2 Concepção e fundamentação da ITI Caracterização agrícola e florestal Caracterização sumária do meio e do sistema agrário A área desta ITI inclui o maciço eruptivo de Monchique, bem como as áreas serranas circundantes, mais baixas, das Serras de Silves, Espinhaço de Cão e sul de Odemira. No contexto do Sul de Portugal, as altitudes podem ser consideradas bastante elevadas no maciço de Monchique quase sempre acima dos 400m e atingindo mais de 900m na Foia e intermédias geralmente entre m nas zonas serranas circundantes. 231

232 A litologia é dominada pelos sienitos nefelínicos no maciço eruptivo de Monchique e pelos xistos nas zonas serranas circundantes. O relevo é muito movimentado e os solos geralmente esqueléticos. O núcleo do maciço de Monchique e a vertente norte do mesmo são claramente mais frescos e chuvosos (mais atlânticos) que as zonas envolventes, atingindo-se aí temperaturas anuais médias inferiores a 15ºC e precipitações anuais médias de mais de 1200mm. As zonas serranas xistosas circundantes são claramente mais quentes e secas temperaturas e precipitações anuais médias de 16,5ºC e mm, respectivamente acentuando-se assim a componente mediterrânica. A floresta e os matos constituem a matriz do mosaico paisagístico, com pequenas manchas agrícolas, muito particularmente a agricultura tradicional em socalcos associada aos vales do maciço eruptivo de Monchique. A agricultura está em rápida regressão, acentuando-se, ainda mais, a já dominante componente florestal. Nesta componente, relevam os povoamentos de eucalipto, no maciço eruptivo, e os povoamentos de sobreiro e os matos, nas serras xistosas circundantes Representatividade Esta ITI inclui 4% da superfície terrestre, 1,6% da SAU, 6% da superfície florestal estreme e 0,5% da superfície de montado da rede Natura 2000 em Portugal Continental, sendo que, também neste contexto, a floresta se assume como dominante. Nome Tabela Representatividade na Rede natura 2000 Superfície Total SAU Floresta estreme Montado Monchique 3,99 1,64 5,98 0,45 Valores em % da superfície total da Rede Natura 2000 Fonte: Santos et al Grandes usos do território A SAU ocupa apenas 12% da superfície terrestre total. Apenas 1/10 da SAU (isto é, 1% da superfície terrestre total) corresponde a montados. A floresta estreme (sem aproveitamento do sobcoberto) domina claramente o uso do solo, com 68% da superfície terrestre total. 232

233 Os restantes 20% incluem fundamentalmente áreas de mato. Em virtude dos incêndios que assolaram esta região, em anos mais recentes, o peso dos matos será hoje maior e o dos povoamentos florestais menor do que a realidade que estes números (de 1999) retratam. Nome Tabela Grandes usos do território SAU Sob Floresta Total Irrigável coberto de estreme montado Outros usos Total Monchique 11,7 4,1 1,1 68,0 20,3 100,0 Valores em % da superfície total da área classificada Fonte: Santos et al Usos da superfície florestal A floresta total (montado + floresta estreme) representa 69% da superfície terrestre. A superfície de montado é quase inexistente e, portanto, a floresta total é quase toda floresta estreme. Tabela Usos da superfície florestal Espécies florestais Total de (em % da floresta total) Nome floresta (em % da superfície total da área) Azinheira Castanheiro Eucalipto Outras folhosas Outras resinosas Outras quercíneas Pinheiro bravo Pinheiro manso Sobreiro Total Monchique 69,0 0,4 0,5 54,8 10,1 0,2 0,0 3,0 0,9 30,2 100,0 Fonte: Santos et al Em termos de espécies, predomina o eucalipto, com 55% da superfície florestal total (concentrados no maciço eruptivo), sendo que o sobreiro ocupa ainda uma parte muito significativa: 30% (sobretudo nas áreas serranas xistosas mais baixas). 233

234 Das restantes espécies, apenas as outras folhosas (10%) e o pinheiro-bravo (3%) têm expressão territorial significativa. O castanheiro, apesar da sua tipicidade no contexto das paisagens do maciço eruptivo, ocupa apenas 0,5% da superfície florestal total da ITI. É de sublinhar que os incêndios florestais mais recentes, para além de terem reduzido a área de povoamentos florestais (aumentando a de matos), terão também eventualmente modificado a composição da floresta por espécies relativamente à realidade que era retratada por estes números do último Inventário Florestal Usos da superfície agrícola utilizada (SAU) As terras aráveis ocupam 55% da SAU, os prados e pastagens permanentes, 38% e as culturas permanentes, 8%. Nas terras aráveis, dominam os pousios (19% da SAU), os cereais (16%), as forragens anuais (12%) e as culturas intensivas anuais (7%). Entre as culturas permanentes, apenas os frutos frescos (4% da SAU), o olival (2%) e os frutos secos (1%) têm algum significado. A área irrigável representa 38% da SAU. Estes números médios para a área da ITI, no seu conjunto, incluem e confundem duas realidades bastante distintas: a agricultura tradicional em socalcos, geralmente mais intensiva e irrigada, dos vales do maciço eruptivo de Monchique (a que estarão fundamentalmente associados as culturas anuais intensivas, a área de regadio e as fruteiras) e uma agricultura extensiva, associada às zonas serranas xistosas, mais baixas e secas (a que estarão sobretudo associados os pousios e as pastagens permanentes). Tabela Usos da SAU Nome Terra arável total SAU irrigável Prados e pastagens permanentes Culturas permanentes Monchique 54,5 35,2 38,4 7,5 Valores em % da SAU Fonte: Santos et al

235 Tabela Ocupação cultural Nome Cereais Anuais intensivas* Forragens anuais e prados temporários Outras culturas temporárias Pousios Frutos frescos Frutos secos Vinha Olival Monchique 15,5 6,5 12,1 1,0 18,7 3,8 1,2 0,3 2,0 Valores em % da SAU * Inclui horticultura, floricultura, culturas industriais e batata Fonte: Santos et al Orientação produtiva das explorações agrícolas Existiam, em 1999, 3 grandes tipos de orientação produtiva das explorações agrícolas nesta ITI. Por um lado, as explorações especializadas em pecuária extensiva (mistas e bovinos) ocupavam 1/3 da escassa SAU regional, fracção que sobe para quase metade se incluirmos as explorações que combinam a pecuária extensiva com culturas arvenses. Existiam, por outro lado, explorações baseadas na produção vegetal, que ocupavam conjuntamente 37% da SAU, predominando as policulturais (12%), as especializadas em culturas arvenses (8%), em fruticultura (8%), em horticultura e batata (6%) e as explorações com culturas permanentes mistas (3%). A restante fracção da SAU regional estava sobretudo ocupada por explorações especializadas em suinicultura. As explorações pecuárias extensivas estariam sobretudo associadas às áreas serranas xistosas, as especializadas em diversos tipos de produção vegetal e policulturais aos vales do maciço eruptivo de Monchique (socalcos, regadio) e as suiniculturas também ao maciço eruptivo de Monchique. 235

236 Nome Arvenses Tabela Orientação produtiva das explorações agrícolas Arroz Policultura Horticultura e batata Vinha Fruticultura Olival Cult. Perm. mistas Herbívoros espec. leite Herbívoros especializadas Pecuária extensiva Monchique Valores em % da SAU Fonte: Santos et al em bovinos Herbívoros especializadas em ovinos e caprinos Herbívoros mistas de bovinos, ovinos e caprinos Total Herb. comb. Cult. Perm. Herb. comb. Cult. Arven. Suínos e aves especializadas Outras Intensidade dos usos agrícolas O índice de intensidade económica da terra é relativamente elevado: a margem bruta por hectare de SAU representa 87% da média comunitária. O carácter intensivo da produção agrícola nesta área depende de um significativo nível de emprego por unidade de superfície: 15 UTA por cada 100ha de SAU. Ambos os indicadores incluem e confundem, mais uma vez, os sistemas de policultura e produção vegetal tradicional (e suinicultura) mais intensivos dos vales de Monchique com os sistemas de pecuária extensiva ainda existentes em 1999 embora já residuais nas serras xistosas mais baixas. Tabela Intensidade dos usos agrícolas Índice de Nome intensidade UTA/ha SAU económica da terra Monchique 0,87 0,15 Fonte: Santos et al Dinâmica e sustentabilidade económica do uso agrícola Apesar de a SAU ocupar pouco mais de 10% da superfície terrestre total da ITI, registou-se ainda, na década de 90, um declínio de 13% da SAU. Além disso, a SAU sem pousios e pastagens permanentes regrediu ainda mais (17%). Assistiu-se assim, na década de 90, a uma dinâmica de declínio da SAU, acompanhada de extensificação das 236

237 terras agrícolas que permaneceram utilizadas indicadoras da marginalidade económica dos sistemas de produção agrícola. Em 1999, a área de SAU média por exploração era de 9 hectares. As pequenas e muito pequenas explorações representavam 93% do número de explorações e 57% da SAU. Deste modo, apenas 43% da SAU estavam incluídos em explorações de média ou grande dimensão económica. A origem da marginalidade económica da agricultura desta área está assim relacionada com a reduzida dimensão física das explorações agrícolas. Durante a década de 90, houve um significativo declínio no número de explorações, (redução de 47% do número inicial de explorações), que permitiu um aumento de 63% da área de SAU média por exploração, um ajustamento estrutural significativo, apesar de a SAU média por exploração permanecer ainda bastante reduzida (9ha) no fim da década. Em 1999, apenas 37% da SAU geravam um rendimento do trabalho agrícola igual ou superior a 75% da média comunitária. A reduzida sustentabilidade económica das explorações estava assim relacionada com a reduzida dimensão das explorações, de que resulta uma reduzida remuneração do trabalho empregue. A retracção e extensificação de uma SAU já residual parece ser o melhor indicador da problemática de gestão agrícola desta ITI, a que está associada uma reduzida capacidade de intervenção por pastoreio sobre o domínio não cultivado (matos e povoamentos florestais). Se a isto adicionarmos a relevância da superfície territorial ocupada por povoamentos florestais (quase 70% em 1999) e a reduzida dimensão da propriedade florestal, teremos, em síntese, caracterizada a problemática de gestão agrícola e florestal desta ITI. A análise dos valores naturais abaixo desenvolvida confirma amplamente este diagnóstico no que se refere também, em particular, à gestão agrícola e florestal para a biodiversidade. 237

238 Tabela Dinâmica do uso agrícola e sua sustentabilidade futura Evolução da SAU na década de 90 em % Sustentabilidade económica dos usos agrícolas da SAU inicial Nome SAU sem Percentagem da SAU Percentagem da SAU em pousios e SAU total com MBT/UTA superior a explorações de média ou pastagens 75% da média da UE 15 grande dimensão económica permanentes Monchique -13,4-16,7 36,8 43,4 Fonte: Santos et al Nome Tabela Dinâmica do uso agrícola e sua sustentabilidade futura (continuação) SAU média por exploração (ha) Variação do número de explorações na década de 90 (em % do número inicial) Ajustamento estrutural Acréscimo da SAU média por exploração na década de 90 (em % do valor inicial) Variação das UTA empregues na agricultura na década de 90 (em % do valor inicial) Número de pequenas e muito pequenas explorações (em % do número total de explorações) Percentagem da SAU em pequenas e muito pequenas explorações Monchique 8,7-47,0 63,4-45,6 92,6 56,6 Fonte: Santos et al Compilação da informação disponível no Plano Sectorial relativamente aos valores naturais, principais factores de ameaça e orientações de gestão relacionadas com a actividade agrícola e florestal Factores de Ameaça Nas tabelas seguintes enumeram-se os factores de ameaça identificados nas fichas do Sítio (Tabela 10.10) e da ZPE (Tabela 10.11). FAS1 FAS2 FAS3 FAS4 FAS5 Tabela Factores de ameaça indicados na ficha do Sítio Monchique (PSRN) Florestação intensiva com espécies exóticas. Incêndios florestais. Destruição da vegetação autóctone (matos e bosques mediterrânicos e vegetação ribeirinha). Poluição da água (sobretudo efluentes provenientes de suiniculturas). Falta de ordenamento cinegético, com consequências nomeadamente na rarefacção do coelho-bravo, que actualmente apresenta um padrão de 238

239 FAS6 FAS7 FAS8 FAS9 distribuição muito fragmentado na região Furtivismo. Expansão de espécies exóticas invasoras, (Acacia spp.). Abertura de caminhos e aumento significativo da perturbação humana; Exploração de inertes. Tabela Factores de ameaça indicados na ficha da ZPE Monchique (PSRN) FAZPE1 Actividade de florestação intensiva com espécies exóticas. FAZPE2 Incêndios florestais. FAZPE3 Destruição da vegetação autóctone (matos e bosques mediterrânicos e vegetação ribeirinha). FAZPE4 Rarefacção do coelho-bravo, que actualmente apresenta um padrão de distribuição fragmentado na região. FAZPE5 Abertura desordenada de caminhos e aumento significativo da perturbação. FAZPE6 Actividade cinegética desordenada/furtivismo. FAZPE7 Exploração de inertes. Corte de árvores de grande porte, que constituem plataformas de nidificação FAZPE8 de águia-de-bonelli e outras rapinas, ou das manchas de floresta onde essas árvores ocorrem. Os factores de ameaça enunciados, maioritariamente associados ao ordenamento e gestão florestal, mantêm a sua relevância tendo em conta os valores naturais existentes e a evolução dos sistemas florestais e agrícolas da região da ITI, tendo contudo esses factores de ameaça relevância diferente. Assim, a florestação intensiva com espécies exóticas está limitada pelo disposto nos PROF Planos Regionais de Ordenamento Florestal que incidem sobre a zona, estando prevista a diminuição da superfície de eucalipto no horizonte de vinte anos. Quando comparado com o factor de ameaça incêndios florestais, a florestação intensiva com espécies exóticas é menos relevante. Também o furtivismo diminuiu de forma significativa a sua importância numa região quase totalmente abrangida por zonas de caça ordenada, sendo comparativamente menos importante que, por exemplo, a rarefacção de coelho-bravo. Nota-se, como em outras áreas, que não foi enunciado um factor de ameaça de grande importância dos crescentes riscos fitossanitários associados aos povoamentos de quercíneas, que é porventura uma das mais importantes ameaças para a zona em causa. A falta de ordenamento cinegético não é, formalmente, um factor de ameaça porque a quase totalidade da área é abrangida por zonas de caça ordenada, embora seja 239

240 reconhecido que o ordenamento cinegético não tem tido efeitos suficientemente relevantes no restabelecimento de populações de coelho-bravo Orientações de gestão No Sítio de Importância Comunitária e Zona de Protecção Especial de Monchique (PTCON0037) foram definidas 72 orientações de gestão, decorrentes do Plano Sectorial da Rede Natura 2000, sendo 40 específicas do Sítio, 7 específicas da ZPE e 25 comuns ao Sítio e à ZPE (Tabela 10.12). Tabela Orientações de Gestão indicadas nas fichas do Sítio e ZPE Cod. Orientação de Gestão Aplicação OG1 Assegurar mosaico de habitats Sítio + ZPE OG2 Conservar / promover sebes, bosquetes e arbustos Sítio + ZPE OG3 Condicionar expansão do uso agrícola Sítio OG4 Condicionar a intensificação agrícola Sítio + ZPE OG5 Condicionar mobilização do solo Sítio + ZPE OG6 Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas Sítio OG7 Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas em áreas contíguas ao habitat Sítio OG8 Outros condicionamentos específicos a práticas agrícolas em áreas contíguas ao habitat Sítio OG9 Adoptar práticas de pastoreio específicas Sítio + ZPE OG10 Manter práticas de pastoreio extensivo Sítio + ZPE OG11 Salvaguardar de pastoreio Sítio OG12 Conservar / recuperar povoamentos florestais autóctones Sítio + ZPE OG13 Conservar / recuperar vegetação dos estratos herbáceo e arbustivo Sítio + ZPE OG14 Manter / melhorar ou promover manchas de montado aberto ZPE OG15 Adoptar práticas silvícolas específicas (árvores de grande porte)+ práticas relativas a habitats Sítio + ZPE OG16 Promover a regeneração natural Sítio OG17 Condicionar a florestação Sítio + ZPE OG18 Reduzir risco de incêndio Sítio + ZPE OG19 Condicionar a construção de infra-estruturas Sítio + ZPE OG20 Condicionar expansão urbano-turística Sítio OG21 Condicionar construção de açudes em zonas sensíveis Sítio + ZPE OG22 Condicionar construção de barragens em zonas sensíveis Sítio + ZPE OG23 Assegurar caudal ecológico Sítio OG24 Condicionar transvases Sítio OG25 Melhorar transposição de barragens /açudes Sítio 240

241 Cod. Orientação de Gestão Aplicação OG26 Reduzir mortalidade acidental (linhas transporte energia) Sítio + ZPE OG27 Conservar / recuperar vegetação ribeirinha autóctone Sítio OG28 Monitorizar, manter / melhorar qualidade da água Sítio OG29 Condicionar intervenções nas margens e leito de linhas de água Sítio OG30 Condicionar captação de água Sítio OG31 Condicionar drenagem Sítio OG32 Regular uso de açudes e charcas Sítio OG33 Regular dragagens e extracção de inertes Sítio + ZPE OG34 Interditar deposições de dragados ou outros aterros Sítio OG35 Implementar gestão cinegética compatível com conservação da espécie (Bubo bubo; C. galicus; H. fasciatus e lince-ibérico) Sítio + ZPE OG36 Ordenar acessibilidades Sítio OG37 Ordenar actividades de recreio e lazer Sítio + ZPE OG38 Ordenar prática de desporto da natureza Sítio OG39 Reduzir mortalidade acidental Sítio OG40 Incrementar sustentabilidade económica de actividades com interesse para a conservação (Lince, habitats + espécies de aves) Sítio + ZPE OG41 Condicionar o acesso Sítio + ZPE OG42 Consolidar galerias de minas importantes Sítio OG43 Desobstruir a entrada de abrigos Sítio OG44 Impedir encerramento de grutas, minas e algares com dispositivos inadequados Sítio OG45 Manter as edificações que possam albergar colónias /populações Sítio OG47 Recuperar zonas húmidas Sítio OG49 Efectuar gestão por fogo controlado Sítio OG50 Efectuar desmatações selectivas Sítio OG51 Estabelecer programa de repovoamento / fomento / reintrodução de presas Lince Sítio OG52 Estabelecer programa de repovoamento / reintrodução Anaecypris hispanica; Sítio OG53 Controlar efectivos de animais assilvestrados Lynx pardinus (cães e gatos assilvestrados, em áreas prioritárias) Sítio + ZPE OG54 Impedir introdução de espécies não autóctones /controlar existentes Sítio + ZPE OG55 Manter / recuperar habitats contíguos (Lince; Centaurea) Sítio OG58 Outros condicionamentos às práticas agrícolas Sítio OG59 Manter olival tradicional ZPE OG60 Proibir a florestação Sítio OG61 Promover o matagal mediterrâneo Sítio + ZPE OG64 Condicionar pesca (em determinadas épocas e nos locais de maior sensibilidade à perturbação) ZPE OG65 Ordenar / Regulamentar a actividade de observação de espécies da fauna ZPE OG68 Controlar efectivos de animais assilvestrados Sítio + ZPE 241

242 Cod. Orientação de Gestão Aplicação OG69 Estabelecer programa de repovoamento / fomento / reintrodução de presas Sítio OG70 Promover alimentação artificial ZPE OG71 Criar novos locais de reprodução, conservar/recuperar os existentes ZPE OG72 Criar pontos de água: charcas e bebedouros artificiais ZPE OG73 Interditar circulação de viaturas fora dos caminhos estabelecidos Sítio OG74 Condicionar queimadas Sítio OG76 Promover a manutenção de prados húmidos Sítio + ZPE OG78 Promover a recuperação de zimbrais Sítio OG79 Condicionar ou interditar corte, colheita e captura de espécies Sítio + ZPE OG80 Apoiar tecnicamente o alargamento de estradas e limpeza de taludes Sítio OG87 Definir zonas de protecção para a espécie / habitat Sítio OG88 Criar alternativas à colheita de espécies, promovendo o seu cultivo Sítio A Tabela mostra as orientações de gestão consideradas relevantes quanto à sua possível inclusão em medidas do PRODER (a Tabela integra as orientações de gestão consideradas irrelevantes neste sentido). Foram consideradas relevantes as 45 orientações de gestão que satisfazem os seguintes critérios: 1) Dizem respeito a acções exequíveis no contexto da exploração agrícola ou florestal em geral e no contexto das acções do PRODER em particular. 2) Não traduzem restrições ou orientações que decorrem directamente de instrumentos de ordenamento do território, ou legislação sectorial. As Orientações de Gestão relevantes foram ordenadas segundo o número total de valores naturais (espécies e habitats) fornecendo uma medida genérica da importância potencial da orientação de gestão para a concepção de medidas. Tabela Orientações de gestão consideradas irrelevantes para o estudo Cod. Orientação de Gestão OG30 OG31 OG33 OG34 OG36 OG37 OG38 OG39 OG41 OG42 Condicionar captação de água Condicionar drenagem Regular dragagens e extracção de inertes Interditar deposições de dragados ou outros aterros Ordenar acessibilidades Ordenar actividades de recreio e lazer Ordenar prática de desporto da natureza Reduzir mortalidade acidental Condicionar o acesso Consolidar galerias de minas importantes 242

243 Cod. OG44 OG52 OG60 OG64 OG65 OG73 Orientação de Gestão Impedir encerramento de grutas, minas e algares com dispositivos inadequados Estabelecer programa de repovoamento / reintrodução Anaecypris hispanica; Proibir a florestação Condicionar pesca (em determinadas épocas e nos locais de maior sensibilidade à perturbação) Ordenar / Regulamentar a actividade de observação de espécies da fauna Interditar circulação de viaturas fora dos caminhos estabelecidos Tabela Orientações de gestão consideradas relevantes para o estudo Cod. Orientação de Gestão Total Sítio ZPE 1 OG18 Reduzir risco de incêndio OG17 Condicionar a florestação Condicionar intervenções nas margens e leito de linhas de OG29 água OG10 Manter práticas de pastoreio extensivo OG15 Adoptar práticas silvícolas específicas OG4 Condicionar a intensificação agrícola Impedir introdução de espécies não autóctones /controlar OG54 existentes Conservar / recuperar vegetação dos estratos herbáceo e 8 OG13 arbustivo OG27 Conservar / recuperar vegetação ribeirinha autóctone OG1 Assegurar mosaico de habitats OG12 Conservar / recuperar povoamentos florestais autóctones OG61 Promover o matagal mediterrâneo OG2 Conservar / promover sebes, bosquetes e arbustos OG7 Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas em áreas contíguas ao habitat OG9 Adoptar práticas de pastoreio específicas OG5 Condicionar mobilização do solo OG6 Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas Incrementar sustentabilidade económica de actividades 18 OG40 com interesse para a conservação OG55 Manter / recuperar habitats contíguos Condicionar ou interditar corte, colheita e captura de OG79 espécies OG3 Condicionar expansão do uso agrícola OG16 Promover a regeneração natural Manter / melhorar ou promover manchas de montado OG14 aberto

244 Cod. Orientação de Gestão Total Sítio ZPE 24 Implementar gestão cinegética compatível com OG35 conservação da espécie OG43 Desobstruir a entrada de abrigos OG49 Efectuar gestão por fogo controlado OG50 Efectuar desmatações selectivas OG8 Outros condicionamentos específicos a práticas agrícolas em áreas contíguas ao habitat OG11 Salvaguardar de pastoreio Estabelecer programa de repovoamento / fomento / OG51 reintrodução de presas OG59 Manter olival tradicional OG74 Condicionar queimadas OG32 Regular uso de açudes e charcas Manter as edificações que possam albergar colónias OG45 /populações OG58 Outros condicionamentos às práticas agrícolas OG68 Controlar efectivos de animais assilvestrados OG72 Criar pontos de água: charcas e bebedouros artificiais Criar alternativas à colheita de espécies, promovendo o OG88 seu cultivo Ordenar / Regulamentar a actividade de observação de 40 OG89 espécies da fauna OG47 Recuperar zonas húmidas OG70 Promover alimentação artificial Criar novos locais de reprodução, conservar/recuperar os OG71 existentes OG76 Promover a manutenção de prados húmidos OG78 Promover a recuperação dos zimbrais OG87 Definir zonas de protecção para a espécie / habitat Objectivos da ITI e lógica da intervenção A análise e revisão dos factores de ameaça e orientações de gestão incluídos no Plano Sectorial da RN 2000 bem como os elementos de caracterização agrícola e florestal da área de incidência da ITI, que constituem o objecto das secções anteriores permitiram identificar os principais objectivos de gestão agrícola e florestal para esta ITI: 1) Manter ou recuperar as zonas de floresta aluvial e ripícola e de matos ribeirinhos que incluem os habitat 91E0, 92B0, 92A0 e 92D0 pelo menos na dimensão existente à data do início do programa; 244

245 2) Manter ou recuperar as zonas de floresta e montado que incluem os habitat 9240, 9260, 9330, 9340 e 6310 pelo menos na dimensão existente à data do início do programa; 3) Manter ou recuperar os matagais que incluem os habitat 4020, 5210, 5230 e 5330 pelo menos na dimensão existente à data do início do programa; 4) Aumentar a dimensão da população de coelho-bravo; 5) Manter ou aumentar a dimensão das populações de águia-de-bonneli, águia-cobreira e bufo-real; 6) Aumentar as zonas de habitat potencial e refúgio para o lince-ibérico. O prosseguimento destes objectivos requer considerar dois conjuntos essenciais de problemas de conservação: 1) A gestão dos núcleos de vegetação da zona central da Serra de Monchique, de litologia sienítica, incluindo as galerias ripícolas, matagais e núcleos de floresta, que constituem a maior parte dos habitat incluídos no objectivo da medida. 2) A conservação do lince-ibérico e de espécies de aves em que se incluem a águia-de-bonneli, a águia-cobreira e o bufo-real, bem como alguns dos habitats incluídos no objectivo da medida, no que diz respeito à zona da Serra de Silves. O primeiro conjunto de problemas está associado à gestão florestal, através da compatibilização da conservação dos povoamentos e núcleos de vegetação com o controlo do risco de incêndio, no âmbito dos Programas de Gestão da Biodiversidade (PGB) que, de acordo com o Decreto-lei 16/2009, de 14 de Janeiro, deverão ser incluídos nos Planos de Gestão da Floresta (PGF) de proprietários individuais ou de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) situados em áreas classificadas. O segundo conjunto de problemas está associado à manutenção e ampliação da área de habitat potencial para o lince-ibérico nos termos do PACLIP, à conservação e melhoria do estado sanitário dos montados e florestas de quercíneas, à gestão do risco estrutural de incêndio florestal, atendendo à necessidade de conservar núcleos de matagal mais evoluídos, à manutenção dos habitat ripícolas e à manutenção de boas condições de nidificação dos casais de águia-de-bonelli existentes. A manutenção e ampliação do habitat do lince-ibérico e a conservação da floresta e do montado potenciam a conservação de um conjunto alargado de valores incluídos no Sítio e na ZPE, nos quais se incluem também os valores associados à conservação da águia-de-bonneli, da águia-cobreira e do bufo-real. Na ITI de Monchique, a abordagem eficaz da conservação da biodiversidade através da actividade produtiva passa essencialmente pelas actividades florestais. Este facto é bem patente nos indicadores enunciados pelo PROF Algarve e pelo PROF do Alentejo 245

246 Litoral 12 relativos à fracção dos espaços florestais nas subregiões homogéneas que constituem o território do Sítio de Importância Comunitária e Zona de Protecção Especial PTCON0037 (Figura 10.2 e Figura 10.3). O PROF estima, com base em cartografia de ocupação do solo datada de 1995, que a percentagem dos espaços florestais na superfície territorial é de 90%, 82% e 78% nas subregiões de Monchique, Meia-Serra e Serra de Silves respectivamente (PROF Algarve) e de 91% e 80% nas subregiões homogéneas da Serra do Algarve e Colinas de Odemira respectivamente (PROF Alentejo Litoral). A estimativa da fracção do território ocupada com espaços florestais é superior a 85% para a ITI, no seu conjunto, e, atendendo à tipologia dos valores naturais em presença, é a gestão dos espaços florestais que determina a conservação. Fracção da subregião na área da ITI Fracção da área florestal na subregião Meia-Serra Serra de Silves Monchique Serra do Algarve (PROF Alentejo Litoral) Colinas de Odemira (PROF Alentejo Litoral) 1% 19% 55% 15% 10% 82% 78% 90% 91% 80% Assim, os factores que estão associados à gestão eficiente e eficaz dos espaços florestais são aqueles que determinarão a eficiência a eficácia da conservação da natureza nesses espaços. Figura PROF Algarve Mapa Síntese (adaptado) 246

247 Figura PROF Alentejo Litoral Mapa Síntese (adaptado) Um dos problemas estruturais mais importante na gestão dos espaços florestais é a agregação de explorações em unidades que permitam uma gestão economicamente eficiente das mesmas. Esta agregação é relevante para todos os tipos de actividades florestais, lenhosas ou não lenhosas. As actividades necessárias à conservação carecem também de espaços florestais de dimensão adequada. Por exemplo, não é possível gerar habitat para o lince-ibérico à escala de uma exploração de 5 ou mesmo de 50ha, ou conceber um sistema de protecção florestal que conserve eficazmente a diversidade botânica da Serra de Monchique com base em pequenas explorações geridas independentemente umas das outras. Tanto o PROF Alentejo Litoral como o PROF Algarve afirmam que: A reestruturação fundiária é essencial para se conseguir a constituição de áreas que sejam, de facto, unidades com gestão única e de dimensão suficiente para apresentarem uma rendibilidade mínima que satisfaça não só as aspirações dos investidores florestais, mas também a produção de externalidades consideradas relevantes para a sociedade. Este é um problema transversal a todas as subregiões homogéneas. É importante realçar que a resolução destas questões é tão relevante para a produção de bens directos (ex.: madeira) como para a de bens e serviços indirectos (ex.: manutenção da diversidade biológica ou o recreio). 247

248 O Decreto-Lei nº 15/2009, de 14 de Janeiro, estabelece o regime de criação de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF). As ZIF em desenvolvimento no território da ITI são, potencialmente, o principal instrumento de agrupamento de território para actividades de gestão florestal 13. As acções a desenvolver pelas ZIF são enquadradas pelos respectivos Planos de Gestão da Floresta (PGF). As questões de conservação enunciadas estão associadas à gestão florestal, através da compatibilização da conservação dos povoamentos e núcleos de vegetação com o controlo do risco de incêndio, no âmbito dos Programas de Gestão da Biodiversidade (PGB) que, de acordo com o Decreto-lei 16/2009, de 14 de Janeiro, deverão ser incluídos nos PGF situados em áreas classificadas. Os PGF devem conformar-se aos PROF, neste caso ao PROF Algarve (Decreto - Regulamentar nº 17/2006 de 20 de Outubro) e ao PROF Alentejo Litoral (Decreto - Regulamentar nº 39/2007 de 5 de Abril), nomeadamente quanto aos objectivos específicos definidos para as subregiões homogéneas que correspondem aos fins que se pretendem alcançar no período de vigência do plano (20 anos). São particularmente relevantes, na subregião homogénea da Serra de Monchique, os Objectivos 1, 4, 5 e 6.4 e 8.4; na subregião Serra de Silves, os objectivos 2.4, 5, 6 e 10; na subregião Meia Serra 14, os Objectivos 1.4, 8 e 10, e, na subregião da Serra do Algarve do PROF do Alentejo Litoral, os Objectivos 1.3 e 5, porque é neles que são explícita ou implicitamente incluídos os objectivos de conservação da ITI. Da análise dos objectivos dos PROF acima referidos podem extrair-se as seguintes conclusões relevantes, quer para a elaboração dos PGB quer para a concepção da ITI: São objectivos do PROF adequar os espaços florestais à conservação dos habitats da fauna e flora, nomeadamente, no caso do PROF Algarve, favorecendo e expandindo os habitats com elevado valor ecológico e de suporte à fauna e flora protegida, em especial os habitats de suporte à águia-de-bonelli e ao lince-ibérico. Os PROF pretendem recuperar as áreas de acordo com o potencial florestal da região e reconhecem o elevado potencial para a produção de lenho da subregião homogénea da Serra de Monchique e da subregião homogénea da Serra do Algarve do PROF Alentejo Litoral. Contudo, é objectivo dos PROF reduzir a área de eucalipto em todas as subregiões, aumentar a área de sobreiro e azinheira, travando o declínio destas espécies, e aumentar a área de castanheiro. Os PROF têm também como objectivo recuperar e manter as populações cinegéticas, favorecendo e expandindo os seus habitats. As candidaturas à ITI serão fundamentadas por PGB validados pela ELA para efeitos de candidatura. Os PGB georreferenciarão, quantificarão e justificarão as medidas a aplicar 248

249 na sua área, evidenciando a qualidade e a quantidade do contributo para os objectivos da ITI. Uma vez aprovado, o PGB constituirá o suporte técnico para a candidatura às diversas medidas de apoio contempladas na Intervenção, incluindo investimentos não produtivos. 249

250 10.3 Ficha da ITI Monchique 1. Enquadramento Regulamentar Artigos: 36º alínea a), iv), vi), alínea b), v), vii); Artigo 39º; Artigo 41º; Artigo 47º; Artigo 49º do Reg. (CE) n.º 1698/2005 Artigo 27º e Artigo 29º do Reg. (CE) n.º 1974/2006 e Anexo II pontos ; ; ; Códigos de medidas no Anexo II do Reg. (CE) n.º 1974/2006: 214, 216, 225, Território Alvo Áreas do Sítio de Importância Comunitária e Zona de Protecção Especial de Monchique (PTCON0037) 3. Objectivos 1) Manter ou recuperar as zonas de floresta aluvial e ripícola e de matos ribeirinhos que incluem os habitats 91E0, 92B0, 92A0 e 92D0, tendo por referência a dimensão existente à data do início do programa. 2) Manter ou recuperar as zonas de floresta e montado que incluem os habitats 9240, 9260, 9330, 9340 e 6310, tendo por referência a dimensão existente à data do início do programa. 3) Manter ou recuperar os matagais que incluem os habitats 4020, 4030, 5210, 5230 e 5330, tendo por referência a dimensão existente à data do início do programa. 4) Aumentar a dimensão da população de coelho-bravo. 5) Manter ou aumentar a dimensão das populações de águia-de-bonneli, águia-cobreira e bufo-real. 6) Aumentar as zonas de habitat potencial e refúgio para o lince-ibérico. 4. Fundamentação da Intervenção A ITI Monchique contém dois conjuntos essenciais de problemas de conservação: 250

251 1) A gestão dos núcleos de vegetação da zona central da Serra de Monchique, de litologia sienítica, incluindo as galerias ripícolas, matagais e núcleos de floresta, que constituem a maior parte dos habitat incluídos no objectivo da medida. 2) A conservação do lince-ibérico e de espécies de aves em que se incluem a águia-de-bonneli, a águia-cobreira e o bufo-real, bem como alguns dos habitats incluídos no objectivo da medida, no que diz respeito à zona da Serra de Silves. O primeiro conjunto de problemas está associado à gestão florestal, através da compatibilização da conservação dos povoamentos e núcleos de vegetação com o controlo do risco de incêndio, no âmbito dos Programas de Gestão da Biodiversidade (PGB) que, de acordo com o Decreto-lei 16/2009, de 14 de Janeiro, deverão ser incluídos nos PGF de proprietários individuais ou de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) situados em áreas classificadas. O segundo conjunto de problemas está associado à manutenção e ampliação da área de habitat potencial para o lince-ibérico nos termos do PACLIP, à conservação e melhoria do estado sanitário dos montados e florestas de quercíneas, à gestão do risco estrutural de incêndio florestal, atendendo à necessidade de conservar núcleos de matagal mais evoluídos, à manutenção dos habitats ripícolas e à manutenção de boas condições de nidificação dos casais de águia-de-bonelli existentes. A manutenção e ampliação do habitat do lince-ibérico e a conservação da floresta e do montado potenciam a conservação de um conjunto alargado de valores incluídos no Sítio e na ZPE, nos quais se incluem também os valores associados à conservação da águia-de-bonneli, da águia-cobreira e do bufo-real. As candidaturas à ITI serão fundamentadas por Programas de Gestão da Biodiversidade (PGB) que incluam o território candidatado e nele traduzam as orientações do PROF, sem prejuízo da sua ratificação pela ELA para efeitos de candidatura. Os PGB georreferenciarão, quantificarão e justificarão as medidas a aplicar na sua área, evidenciando a qualidade e a quantidade do contributo para os objectivos da ITI. Uma vez aprovado, o PGB constituirá o suporte técnico para a candidatura às diversas medidas de apoio contempladas na Intervenção, incluindo Investimentos Não Produtivos. Na concepção do conjunto de medidas da ITI, a componente Silvo-Ambiental é dominante. O território da ITI tem uma utilização predominantemente florestal (90% na subregião homogénea de Monchique definida pelo PROF Algarve, 78% na subregião homogénea Serra de Silves e 82% na subregião Serra de Silves definidas pelo mesmo Plano e 91% na subregião homogénea da Serra do Algarve do PROF Alentejo Litoral), e os principais valores naturais a conservar encontram-se em espaços com utilização florestal com objectivos de conservação dos habitats e de espécies de fauna e flora explicitamente designados no PROF. O território da ITI, dominantemente florestal, 251

252 apresenta variações de tipologia quanto à fracção dos espaços arborizados na superfície florestal total e quanto à composição desses mesmos espaços. Neste contexto, foi concebida uma medida Silvo-Ambiental (Biodiversidade Florestal - Habitat do lince-ibérico) de aplicação horizontal no universo da ITI e um conjunto de outras medidas silvo-ambientais específicas para outros objectivos. A medida Biodiversidade Florestal - Habitat do lince-ibérico engloba os compromissos respeitantes a todas as outras medidas no que se refere às áreas elegíveis para as mesmas que ocorram no território candidatado. Justificação dos objectivos e avaliação de eficácia 1) Manter ou recuperar as zonas de floresta aluvial e ripícola e de matos ribeirinhos que incluem os habitats 91E0, 92B0, 92A0 e 92D0, tendo por referência a dimensão existente à data do início do programa. Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior (Alno-Padion, Alnion 91E0 incanae, Salicion albae) Florestas-galerias junto aos cursos de água intermitentes mediterrânicos com 92B0 Rhododendron ponticum, Salix e outras espécies 92A0 Florestas-galerias de Salix alba e Populus alba Galerias e matos ribeirinhos meridionais (Nerio Tamaricetea e Securinegion 92D0 tinctoriae) 1259 Lacerta schreiberi 1078 Callimorpha quadripunctaria Os habitats 91E0, 92B0, 92A0 e 92D0 são formações florestais associadas a um conjunto importante de espécies de fauna e flora. A conservação destes habitats está associada à prática da gestão florestal sustentável. A conservação destes habitats está incluída na medida silvo-ambiental horizontal e numa medida específica, para as explorações que não adiram à primeira, sendo o investimento necessário previsto como investimento não produtivo. Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície e estado de conservação destes habitats na área da ITI e à variação das populações de Callimorpha quadripunctaria que a eles está associada. 2) Manter ou recuperar as zonas de floresta e montado que incluem os habitats 9240, 9260, 9330, 9340 e 6310, tendo por referência a dimensão existente à data do início do programa. 252

253 9240 Carvalhais ibéricos de Quercus faginea e Quercus canariensis 9260 Florestas de Castanea sativa 9330 Florestas de Quercus suber 9340 Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia 6310 Montados de Quercus spp. de folha perene Os habitats 9240, 9260, 9330, 9340 e 6310 são formações florestais raras, ameaçadas por problemas fitossanitários e pelo risco de incêndio. A conservação destes habitats está associada à prática da gestão florestal sustentável, sendo associada, no caso das quercíneas, ao compromisso geral de adesão à ITI. A questão de gestão florestal sustentável a resolver é a do controlo eficaz do risco estrutural de incêndio de modo compatível com a manutenção destes habitats (ver também ponto 3 abaixo). Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície e estado de conservação destes habitats na área da ITI. 3) Manter ou recuperar os matagais que incluem os habitats 4020, 4030, 5210 e 5230, tendo por referência a dimensão existente à data do início do programa Charnecas húmidas europeias de Erica ciliaris e Erica tetralix 4030 Charnecas secas europeias 5210 Matagais arborescentes de Juniperus spp Matagais arborescentes de Laurus nobilis 5330 Matos termomediterrânicos pré -desérticos 1434 Centaurea fraylensis Os habitats 4020, 4030, 5210, 5230 e 5330 são formações de matagais muito específicas da ecologia da Serra de Monchique, cuja manutenção é ameaçada pela alteração de uso e pelos incêndios. O endemismo lusitano Centaurea fraylensis, cujos núcleos é objectivo conservar, está frequentemente associado à ocorrência do habitat 4030, não sendo, no entanto, exclusivo deste habitat. A questão de gestão florestal sustentável a resolver no PGB é a do controlo eficaz do risco estrutural de incêndio de modo compatível com a manutenção destes habitats. No caso particular dos matagais, a solução do problema deverá ser uma componente essencial do Programa de Gestão da Biodiversidade. Será necessário tornar compatíveis as disposições dos Planos Municipais de Defesa da Floresta contra Incêndios com a necessidade de conservar estes habitats. Para que isto seja possível, é necessária 253

254 informação detalhada sobre as formações em causa e sobre a justificação técnica da localização das faixas de gestão de combustível. Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície e estado de conservação destes habitats na área da ITI, bem como ao número e dimensão nos núcleos de Centaurea fraylensis detectados e conservados. 4) Aumentar a dimensão da população de coelho-bravo Lynx pardinus A093 Hieraaetus fasciatus A215 Bubo bubo Pretende-se melhorar o habitat e aumentar as populações de coelho-bravo, visando melhorar o habitat do lince-ibérico e, simultaneamente, todas as espécies troficamente relacionadas com o coelho-bravo, mesmo que não presentes na lista de espécies do Sítio e da ZPE. Este objectivo será atingido através de um conjunto de Investimentos não Produtivos associados à melhoria do habitat e à gestão das populações de coelho-bravo. A medida da eficácia será associada à abundância da espécie. 5) Manter ou aumentar a dimensão das populações de águia-de-bonneli, águia-cobreira e bufo-real A080 Circaetus gallicus A093 Hieraaetus fasciatus A215 Bubo bubo 70% Da população reprodutora da águia-de-bonelli em Portugal (Hieraaetus fasciatus) ocorre no Sul do País, sendo a área da ITI de elevada importância para a conservação da espécie. A nidificação desta espécie no Sul de Portugal e na ZPE em particular ocorre maioritariamente em árvores, sendo a espécie particularmente exigente na escolha das árvores a utilizar. A ITI inclui vários territórios de reprodução de águia-de-bonelli onde os factores chave da conservação se centram na gestão florestal, em particular na gestão do risco estrutural de incêndio e nas normas de reconversão de povoamentos. A medida da eficácia deste objectivo será associada à manutenção e ocupação dos ninhos de águia-de-bonelli identificados. 254

255 6) Aumentar as zonas de habitat potencial e refúgio para o lince-ibérico Lynx pardinus Pretende-se criar zonas de habitat potencial para o lince-ibérico, nos termos em que são definidas pelo PACLIP, com uso florestal, cinegético ou turístico de muito baixa intensidade. Estas zonas incluirão zonas de refúgio, onde não ocorrerá actividade de exploração cinegética, a visitação será limitada e a intervenção, florestal e pecuária limitar-se-á às culturas com finalidade de melhoria de habitat e a intervenções sobre o arvoredo. As zonas de refúgio não excederão os 15% da superfície total candidatada às ajudas. As medidas de eficácia deste objectivo serão a variação da área de habitat potencial com as características indicadas na medida e a variação da fracção da superfície de refúgio de lince-ibérico na superfície total. 5. Beneficiários Componente silvo-ambiental Entidades Gestoras de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) situadas, no todo ou em parte, na área de incidência da ITI. Agricultores, produtores florestais ou proprietários de espaços florestais (no caso em que a área florestal não esteja a ser objecto de exploração) que revistam a natureza privada, detentores de parcelas florestais na área de incidência da ITI. Entidades Gestoras de Zonas de Fundos de Investimento Imobiliário Florestais com activos situados, no todo ou em parte, na área de incidência da ITI. Investimentos não produtivos Beneficiários de pagamentos silvo-ambientais com incidência no território da ITI. 6. Condicionalidade e Requisitos mínimos Os beneficiários desta acção comprometem-se a respeitar, em toda a área da exploração agrícola, os requisitos em matéria de condicionalidade de acordo os artigos 4º e 5º e anexos III e IV do Reg. (CE) nº1782/2003, expressos pelos requisitos legais de gestão e pelas boas condições agrícolas e ambientais. 255

256 Os beneficiários comprometem-se ainda a respeitar os requisitos mínimos relativos a utilização de adubos e produtos fitofarmacêuticos. 7. Aplicação da Componente Silvo-Ambiental em Unidades de Produção e Investimentos Não Produtivos Para aceder a qualquer pagamento silvo-ambiental, o beneficiário deverá cumprir as condições gerais de acesso e respeitar os compromissos gerais na totalidade da área florestal declarada. Para cada tipo de pagamento silvo-ambiental deverão ainda verificar-se as condições de acesso específicas e respeitar-se os compromissos específicos na respectiva área de incidência. Dada a natureza das intervenções em causa, na componente investimentos não produtivos não haverá lugar a pagamentos de natureza forfetária. A concessão do apoio está condicionada à apresentação de um Programa de Gestão da Biodiversidade, incluído no PGF da área candidata, que, após parecer da ELA, será objecto de análise e decisão pela Autoridade de Gestão, havendo lugar à comprovação de todas as despesas efectuadas e previamente aprovadas. 256

257 Aplicação da Componente Silvo-Ambiental em Unidades de Produção da ITI de Monchique Condições gerais de Compromissos gerais acesso Declarar toda a superfície Manter as condições gerais de acesso; florestal e agro-florestal da unidade de produção Manter as árvores, os muros de pedra posta e outros elementos situada na área geográfica patrimoniais importantes para a paisagem e ainda as sebes de incidência da ITI. arbustivas ou arbóreas, de espécies autóctones, entre as parcelas e nas extremas, não tratando com herbicidas; Estar incluído numa zona com Plano de Gestão Manter todas as zonas que tenham cumulativamente as seguintes Florestal (PGF), incluindo características: nesse PGF um Programa - Coberto arbustivo > 50% de Gestão da - Altura média do coberto > 1m Biodiversidade. - Mais de 60 árvores/ha (Quercus sp., medronheiro de porte arbóreo, etc.); Manter os pontos de água acessíveis à fauna, no período de Verão; Manter a vegetação arbórea e arbustiva ao longo das linhas de água, sem prejuízo das limpezas e regularizações necessárias ao adequado escoamento; Utilizar apenas os produtos fitofarmacêuticos aconselhados para a Protecção Integrada e aconselhados no Modo de Produção Biológico; Garantir a protecção dos núcleos populacionais de morcegos, nomeadamente através da protecção dos seus abrigos, de acordo com as indicações da ELA. Os abrigos de morcegos deverão constar de carta específica a fornecer pelo ICNB, devendo ser compromisso do candidato comunicar à ELA a detecção de novos abrigos. Registar a localização de exemplares de sobreiro e azinheira em mau estado fitossanitário transmitindo essa informação quando solicitado. Manter as árvores longevas e cavernosas existentes desde que não constituam focos de problemas fitossanitários. 257

258 Medidas Silvo-Ambientais Biodiversidade Florestal Habitat do Lince-Ibérico Condições de acesso específicas Apresentar um PGB, integrado em PGF, que incide sobre uma área total com pelo menos 200ha. Ter o estatuto de Exploração Aderente do PACLIP 15 Estar incluída em regime cinegético ordenado (zonas de caça, zonas de interdição à caça, áreas de direito à não caça ou áreas de refúgio). Incluir no PGB que abrange a área candidata uma componente de controlo do risco estrutural de incêndio, articulada com a necessidade de conservação do habitat de lince ibérico. Compromissos específicos Manter o encabeçamento total da exploração inferior a 0,5CN/ha; Manter o encabeçamento de suínos em montanheira inferior a 0,1CN/ha (considerando a superfície forrageira total) Manter uma fracção entre 20 a 50% da superfície com ocupação de pousios herbáceos, culturas arvenses ou culturas para a fauna, com a dimensão das orlas entre matagais e zonas herbáceas igual a pelo menos 1,5 vezes o perímetro da área candidata. Garantir a não utilização do processo de caça de batida e de montaria a qualquer espécie, durante o período de compromisso, após a eventual realização de operações de reintrodução do lince-ibérico e caso seja essa a indicação da comissão executiva do PACLIP. Realizar investimentos não produtivos associados ao aumento das populações de coelho ou permitir a realização dessas acções. Permitir a constituição de Áreas de refúgio do lince-ibérico a estabelecer pela ELA, em 10 a 15% da área candidata, com a localização potencial a indicar pela ELA. Cumprir os compromissos da medida Habitat da águia-de-bonelli na área elegível a essa medida Cumprir os compromissos indicados na medida Galerias Ripícolas na área elegível a essa medida. Cumprir os compromissos da medida Charcos Temporários na área elegível a essa medida. Cumprir os compromissos da medida Manutenção de matagais na área elegível a essa medida. 258

259 Cumprir os compromissos da medida Renovação dos povoamentos de Quercus, sp na área elegível a essa medida. Habitat da Águia-de- Bonelli Incluir no PGB o condicionamento do corte (incluindo para reconversão ou replantação) de povoamentos de eucalipto e pinheiro às necessidades da manutenção de locais de nidificação para a águia-de- Bonelli Manter a área existente de castanheiro Castanea sativa. Permitir a constituição de áreas de protecção aos ninhos de águia-de-bonelli (raio de 300 a 500m em torno do ninho), sendo a localização dos ninhos supervisionada pela ELA. Realizar acções de controlo do risco estrutural de incêndio nas áreas de protecção aos ninhos de águia-de-bonelli de acordo com as indicações da ELA. Incluir no PGB que abrange a área candidata uma componente de controlo do risco estrutural de incêndio articulada com a necessidade de conservar os ninhos de águia-de-bonelli. Estar incluída em regime cinegético ordenado (zonas de caça, zonas de interdição à caça, áreas de direito à não caça ou áreas de refúgio). Manutenção de Charcos temporários Realizar investimentos não produtivos associados ao aumento das populações de coelho ou permitir a realização dessas acções. Cartografar no PGB os Charcos Temporários existentes Garantir a manutenção dos Charcos Temporários identificados. Associar em torno de cada charco temporário uma zona tampão sem utilização pelo gado com a dimensão de 20m 259

260 Renovação dos povoamentos de Quercus, sp. Manutenção de galerias ripícolas Cartografar as zonas de regeneração natural no PGB. Evidenciar no PGB a articulação entre as zonas de protecção da regeneração da natural e a diminuição do risco estrutural de incêndio. Galerias com largura mínima de 20m no conjunto das duas margens da linha de água e comprimento mínimo de 250m, podendo este ser inferior na situação de vales encaixados. Cartografar no PGB os troços a recuperar com indicação das operações a efectuar e seu programa. Proteger a regeneração na superfície candidata. Conservar área da galeria, com remoção de exemplares de espécies exóticas. Promover a recuperação das margens da linha de água, com introdução de paliçadas e posterior colonização com vegetação autóctone, limitando o acesso aos troços recuperados com cercas temporárias; Na faixa ocupada pela galeria ripícola, não proceder ao cultivo ou aplicação de herbicidas numa largura mínima de 10m a partir da linha de água. Manutenção de matagais Cartografar no PGB as áreas dos habitats 4020, 4030, 5210, 5230 e Evidenciar no PGB a articulação entre as zonas de conservação dos matagais e as faixas de gestão de combustível destinadas à diminuição do risco estrutural de incêndio. Efectuar apenas mobilizações de solo localizadas. Garantir a manutenção da área identificada. Detecção e protecção dos núcleos de Centaurea fraylensis Tipologia e Nível do Apoio Tipo de Ajuda Área elegível Modulação e Nível da Ajuda Biodiversidade Florestal Habitat Lince-Ibérico Compromisso Específico da 90 /ha Medida Habitat da águia-de- Bonelli Compromisso Específico da Medida 90 /ha 260

261 Manutenção de Charcos temporários Manutenção de matagais Renovação dos povoamentos de Quercus sp Área dos charcos temporários incluindo zona tampão Área de matagal elegível Área em renovação e adensamento 450 /ha 90 /ha 100 /ha Manutenção de galerias ripícolas Área de galerias 0 < Área 5ha 200 /ha ripícolas Área > 5ha 100 /ha Aplicação de Investimentos Não Produtivos em Unidades de Produção Condições de acesso Âmbito Níveis de apoio Apresentação de um Programa de Gestão da Biodiversidade validado pela ELA para efeitos de candidaturas à ITI, Elaboração do Programa de Gestão da Biodiversidade Instalação de culturas para a fauna; 100% das despesas legíveis. Os investimentos e respectiva calendarização têm de estar previstos no Programa de Gestão da Biodiversidade; Os projectos a candidatar deverão ter o parecer da ELA. Translocação para aumento da densidade de coelho-bravo. Investimentos associados à melhoria do habitat para o coelho-bravo. Instalação e/ou recuperação de cercas e/ou de protectores individuais (protecção contra a acção do gado e da fauna selvagem). Adensamentos e/ou substituição das espécies alvo arbóreas ou arbustivas Intervenções silvícolas de carácter extraordinário, tais como acções de erradicação de plantas invasoras lenhosas. Redução do risco estrutural de incêndio. Galerias ripícolas. 261

262 10.4 Avaliação do grau de cobertura das orientações de gestão do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 pelas medidas propostas As medidas propostas para a ITI integram plenamente as orientações de gestão previstas no Plano Sectorial para esta zona, como é evidenciado na Tabela No pressuposto de uma taxa de adesão suficiente, verifica-se assim que a quase totalidade das orientações de gestão associadas à actividade florestal e agrícola são postas em prática pela execução das medidas. Tabela Correspondência entre os compromissos e condições de acesso das medidas propostas e as orientações de gestão Orientações de Compromissos e condições de acesso Gestão Compromissos Gerais Manter todas as zonas com: - Coberto arbustivo > 50% - Altura média do coberto > 1m 12;61;16;1 - Mais de 60 árvores/ha (Quercus sp., medronheiro de porte arbóreo, etc.) Manter os pontos de água acessíveis à fauna, no período de Verão 72 Manter a vegetação arbórea e arbustiva ao longo das linhas de água, sem prejuízo das limpezas e regularizações necessárias ao 27;29 adequado escoamento Utilizar apenas os produtos fitofarmacêuticos aconselhados para a 7;6 Protecção Integrada e aconselhados no Modo de Produção Biológico Não efectuar queimadas 18;74 Registar a localização de exemplares de sobreiro e azinheira em mau estado fitossanitário transmitindo essa informação quando 12 solicitado. Medida Biodiversidade Florestal Habitat do Lince-Ibérico Condições de acesso específicas Ter o estatuto de Exploração Aderente do PACLIP 35;51 Estar incluída em regime cinegético ordenado (zonas de caça, zonas de interdição à caça, áreas de direito à não caça ou áreas de 35;51;68;40 refúgio). Realizar investimentos não produtivos associados ao aumento das 51 populações de coelho ou permitir a realização dessas acções. Ter um PGB que incide sobre uma área total com pelo menos 262

263 200ha Compromissos específicos Manter o encabeçamento total da exploração inferior a 0.5 CN/ha; 10;77;9;11 Manter o encabeçamento de suínos em montanheira inferior a ;77;9;11 CN/ha (considerando a superfície forrageira total) Manter uma fracção entre 20% 50% da superfície com ocupação de pousios herbáceos, culturas arvenses ou culturas para a fauna, 1;2;6;18 com a dimensão das orlas entre matagais e zonas herbáceas igual a pelo menos 1,5 vezes o perímetro da área candidata. Garantir a não utilização do processo de caça de batida e de 35 montaria a qualquer espécie, durante o período de compromisso. Permitir a constituição de Áreas de refúgio do lince-ibérico, em 10 15% da área candidata, com a localização potencial a 87;50 estabelecer pela ELA Cumprir os compromissos da Medida Habitat da Águia-de-Bonelli 5;50;17;11 na área elegível a essa medida Cumprir os compromissos indicados na medida Galerias Ripícolas 3;9;54 na área elegível a essa medida. Cumprir os compromissos da medida Charcos Temporários na área elegível a essa medida. Cumprir os compromissos da medida Manutenção de matagais na 61;50;78;13;9;11 área elegível a essa medida ;6 Cumprir os compromissos da medida Renovação dos povoamentos 12;16 de Quercus sp na área elegível a essa medida Manter a área existente de castanheiro Castanea sativa. Investimentos não produtivos Instalação de culturas para a fauna 51 Translocação para aumento da densidade de coelho-bravo 51 Investimentos associados à melhoria do habitat para o coelhobravo 1;2;50;72 Instalação e/ou recuperação de cercas e/ou de protectores individuais (protecção contra a acção do gado e da fauna 12;16 selvagem). Redução do risco estrutural de incêndio 18 Instalação de galerias ripícolas 27 Manutenção de galerias ripícolas 27 Elaboração dos PGB 263

264 11 ITI CALDEIRÃO 11.1 Áreas classificadas incluídas Nesta ITI inclui-se o Sítio e ZPE do Caldeirão PTCON0057 (Figura 11.1). Figura Áreas classificadas da ITI Caldeirão 11.2 Concepção e fundamentação da ITI Caracterização agrícola e florestal Caracterização sumária do meio e do sistema agrário Esta ITI está centrada na Serra do Caldeirão. As altitudes são superiores a 400m numa parte muito significativa da área. A litologia é xistosa, o relevo muito movimentado e os solos esqueléticos. A Serra do Caldeirão é um pouco mais fresca e nitidamente mais chuvosa do que a peneplanície alentejana a norte e o Barrocal algarvio a sul. De facto, no Caldeirão, as 264

265 temperaturas anuais médias são inferiores a 16ºC e as precipitações anuais médias variam entre 700mm e mais de 1000mm. Trata-se, no entanto, apenas de uma variante um pouco mais húmida de um clima claramente mediterrânico. Os matos e a floresta constituem a matriz do mosaico paisagístico, com pequenas manchas agrícolas e de pastagem, em acentuada regressão. A rápida regressão da agricultura e do pastoreio acentuam a dominância dos matos, matagais e floresta, criando um terreno propício para os incêndios florestais de grandes proporções Representatividade Esta ITI inclui 2,5% da superfície terrestre, 1,3% da SAU, 0,7% da superfície florestal estreme e 0,9% da superfície de montado da rede Natura 2000 em Portugal Continental. Nome Tabela Representatividade na Rede natura 2000 Superfície Total SAU Floresta estreme Montado Caldeirão 2,48 1,34 0,71 0,89 Valores em % da superfície total da Rede Natura 2000 Fonte: Santos et al A Grandes usos do território A SAU ocupava, em 1999, apenas 15% da superfície terrestre total da ITI. Apenas 1/5 desta SAU (isto é, 3,4% da superfície terrestre total) correspondia a montados. A floresta estreme (sem aproveitamento do sobcoberto) representava apenas 13% da superfície terrestre total. Os outros usos, incluindo grandes extensões de matos baixos e matagais mais evoluídos, com algum arvoredo disperso, dominavam o mosaico paisagístico da área, com 72% da superfície terrestre total. 265

266 Nome Tabela Grandes usos do território SAU Sob Floresta Total Irrigável coberto de estreme montado Outros usos Total Caldeirão 15,4 2,1 3,4 13,0 71,6 100,0 Valores em % da superfície total da área classificada Fonte: Santos et al Usos da superfície florestal A floresta total (montado + floresta estreme) representa 16% da superfície terrestre. Em termos de espécies, predomina claramente o sobreiro, com 78% da superfície florestal total. Das restantes espécies, apenas as outras folhosas (11%), o pinheiro-manso (5%), o eucalipto (5%) e o pinheiro-bravo (1%), têm alguma expressão territorial. Tabela Usos da superfície florestal Espécies florestais Total de (em % da floresta total) Nome floresta (em % da superfície total da área) Azinheira Castanheiro Eucalipto Outras folhosas Outras resinosas Outras quercíneas Pinheiro bravo Pinheiro manso Sobreiro Total Caldeirão 16,4 0,5 0,0 4,5 10,6 0,0 0,0 1,1 5,1 78,2 100,0 Fonte: Santos et al Usos da superfície agrícola utilizada (SAU) As terras aráveis ocupavam, em 1999, 30% da SAU, os prados e pastagens permanentes, 20% e as culturas permanentes, 52%. Nas terras aráveis, dominavam as forragens anuais (11% da SAU), os pousios (8%) e os cereais (8%). Entre as culturas permanentes, dominavam os frutos secos (26% da SAU), o olival (16%) e os frutos frescos (9%). A área irrigável representava 14% da SAU. Estas estimativas devem ser tratadas com alguma precaução, pois que o único processo disponível para afectar as áreas das diversas culturas por freguesias à área das mesmas 266

267 incluída na ITI é susceptível de ter contaminado a informação do Caldeirão com algumas características do sistema agrário do vizinho Barrocal, como a predominância das culturas permanentes, dos frutos secos, do olival e da fruticultura. Tabela Usos da SAU Nome Terra arável total SAU irrigável Prados e pastagens permanentes Culturas permanentes Caldeirão 30,3 13,5 19,6 51,5 Valores em % da SAU Fonte: Santos et al Tabela Ocupação cultural Nome Cereais Anuais intensivas* Forragens anuais e prados temporários Outras culturas temporárias Pousios Frutos frescos Frutos secos Vinha Olival Caldeirão 7,8 1,7 10,8 0,9 7,9 8,6 26,1 1,3 15,5 Valores em % da SAU * Inclui horticultura, floricultura, culturas industriais e batata Fonte: Santos et al Orientação produtiva das explorações agrícolas Os erros acima referidos no único processo disponível para a afectação das áreas das diversas culturas por freguesia entre as áreas da freguesia pertencentes ao Caldeirão e ao Barrocal levam-nos a não analisar os dados sobre a orientação produtiva das explorações abaixo apresentados. Apenas se refere a provável sobreavaliação, que neles se observa, relativamente ao peso das orientações Fruticultura e Culturas Permanentes mistas e a provável subavaliação do peso da pecuária extensiva. 267

268 Nome Arvenses Tabela Orientação produtiva das explorações agrícolas Arroz Policultura Horticultura e batata Vinha Fruticultura Olival Cult. Perm. mistas Herbívoros espec. leite Herbívoros especializadas Pecuária extensiva Caldeirão Valores em % da SAU Fonte: Santos et al em bovinos Herbívoros especializadas em ovinos e caprinos Herbívoros mistas de bovinos, ovinos e caprinos Total Herb. comb. Cult. Perm. Herb. comb. Cult. Arven. Suínos e aves especializadas Outras Intensidade dos usos agrícolas O índice de intensidade económica da terra (margem bruta por hectare de SAU equivalente a 73% da média comunitária) bem como o emprego por hectare de SAU (12 UTA por cada 100ha) parecem relativamente elevados. No entanto estes indicadores estarão algo sobreavaliados pelo erro de estimativa que tem vindo a ser referido. Tabela Intensidade dos usos agrícolas Índice de Nome intensidade UTA/ha SAU económica da terra Caldeirão 0,73 0,12 Fonte: Santos et al Dinâmica e sustentabilidade económica do uso agrícola Apesar de a SAU ocupar apenas 15% da superfície terrestre total da ITI, ela está ainda em franca regressão: declínio de 30% da SAU durante os anos 90. O declínio da SAU sem pousios e pastagens permanentes foi menor (-16%). Pode, deste modo, concluir-se que o abandono de SAU incidiu mais nos componentes mais extensivos da SAU cereais, pousios e pecuária extensiva. Em 1999, a área de SAU média por exploração era de apenas 6 hectares. As pequenas e muito pequenas explorações representavam 97% do número de explorações e 78% da 268

269 SAU. Deste modo, apenas 22% da SAU estavam incluídos em explorações de média ou grande dimensão económica. Durante a década de 90, houve um significativo declínio no número de explorações, (redução de 39% do número inicial de explorações), que permitiu um aumento de 14% da área de SAU média por exploração, um ajustamento estrutural claramente insuficiente para aumentar significativamente a viabilidade económica das explorações agrícolas. Tabela Dinâmica do uso agrícola e sua sustentabilidade futura Evolução da SAU na década de 90 em % Sustentabilidade económica dos usos agrícolas da SAU inicial Nome SAU sem Percentagem da SAU Percentagem da SAU em pousios e SAU total com MBT/UTA superior a explorações de média ou pastagens 75% da média da UE 15 grande dimensão económica permanentes Caldeirão -30,6-16,4 24,8 21,9 Fonte: Santos et al Nome Tabela Dinâmica do uso agrícola e sua sustentabilidade futura (continuação) SAU média por exploração (ha) Variação do número de explorações na década de 90 (em % do número inicial) Ajustamento estrutural Acréscimo da SAU média por exploração na década de 90 (em % do valor inicial) Variação das UTA empregues na agricultura na década de 90 (em % do valor inicial) Número de pequenas e muito pequenas explorações (em % do número total de explorações) Percentagem da SAU em pequenas e muito pequenas explorações Caldeirão 5,9-39,1 14,0-51,2 96,5 78,1 Fonte: Santos et al Deste modo, em 1999, apenas 25% da SAU geravam um rendimento do trabalho agrícola igual ou superior a 75% da média comunitária. A marginalidade económica das explorações agrícolas do Caldeirão está assim relacionada com a reduzida dimensão das explorações, de que resulta uma reduzida remuneração do trabalho empregue. A retracção de uma SAU já quase residual parece ser o melhor indicador da problemática de gestão agrícola desta ITI, a que está associada uma reduzida capacidade de intervenção por pastoreio sobre o domínio não cultivado (matos e povoamentos florestais). Se a isto adicionarmos a relevância da superfície territorial ocupada por matos 269

270 e floresta (quase 85% em 1999) e a reduzida dimensão da propriedade florestal, teremos, em síntese, traçada a problemática de gestão agrícola e florestal desta ITI Compilação da informação disponível no Plano Sectorial relativamente aos valores naturais, principais factores de ameaça e orientações de gestão relacionadas com a actividade agrícola e florestal Factores de Ameaça Nas tabelas seguintes enumeram-se os factores de ameaça identificados nas fichas do Sítio (Tabela 11.10) e da ZPE (Tabela 11.10). FAS1 FAS2 FAS3 FAS4 FAS5 FAS6 Tabela Factores de ameaça indicados na ficha do Sítio Caldeirão (PSRN) Destruição da vegetação autóctone (matos e bosques mediterrânicos e vegetação ribeirinha). Incêndios florestais. Falta de ordenamento cinegético, com consequências nomeadamente na rarefacção do coelho-bravo, que actualmente apresenta um padrão de distribuição muito fragmentado na região. Furtivismo. Abertura excessiva de caminhos e aumento significativo da perturbação. Florestação com espécies exóticas. Tabela Factores de ameaça indicados na ficha da ZPE Caldeirão (PSRN) FAZPE1 Área moderadamente sujeita a florestação com espécies exóticas. FAZPE2 Destruição da vegetação autóctone (coberto arbustivo e arborescente). FAZPE3 Rarefacção do coelho-bravo, que actualmente apresenta um padrão de distribuição fragmentado na região. FAZPE4 Abertura excessiva de caminhos e aumento significativo da perturbação. FAZPE5 Actividade cinegética desordenada/furtivismo. FAZPE6 Incêndios florestais. FAZPE7 Corte de árvores de grande porte, que constituem plataformas de nidificação de águia-de-bonelli e outras rapinas, ou das manchas de floresta onde essas árvores ocorrem. 270

271 Na consideração dos factores de ameaça não foram tidos em conta os crescentes riscos fitossanitários associados aos povoamentos de quercíneas, que é porventura a maior e menos bem conhecida ameaça à conservação das florestas e montados da região. Foi identificada como ameaça a arborização com exóticas. Sendo certo que a arborização com eucalipto é um factor de ameaça na região da ITI, a verdade é que os objectivos do PROF Algarve prevêem uma diminuição da área desta espécie nessa mesma região. Em estações com maior produtividade, exposições norte, mais altas e com menor inclinação, a arborização com eucalipto tem uma remuneração elevada e compete directamente com a utilização do território para a conservação da biodiversidade. O factor de ameaça associado à falta de ordenamento cinegético é aparentemente contraditório com a cobertura quase total do território com zonas de caça ordenada. Por outro lado, as causas da rarefacção do coelho-bravo não radicam na falta de ordenamento cinegético, podendo, pelo contrário, a recuperação dessas mesmas populações estar associada à dinâmica de gestão das zonas de caça Orientações de gestão No Sítio e ZPE Caldeirão (PTCON0057), existem 39 orientações de gestão decorrentes do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 com relevância agro-florestal no âmbito da concepção da ITI, sendo 14 específicas do Sítio e 9 específicas da ZPE Relevância agro-florestal significa que: 1) Dizem respeito a acções exequíveis no contexto de uma exploração agrícola em geral e no contexto das acções do PRODER em particular. 2) Não traduzem restrições ou orientações que decorrem directamente de instrumentos de ordenamento do território, ou legislação sectorial. As orientações de gestão relevantes foram ordenadas segundo o número total de valores naturais espécies e habitats (Tabela 11.12), fornecendo uma medida genérica da importância potencial da orientação de gestão para a concepção de medidas. Tabela Orientações de Gestão indicadas nas fichas do Sítio e ZPE Cod. Orientações de Gestão Total Sítio ZPE OG40 Incrementar sustentabilidade económica de actividades com interesse para a conservação

272 Cod. Orientações de Gestão Total Sítio ZPE OG18 Reduzir risco de incêndio Condicionar intervenções nas margens e leito de OG linhas de água OG10 Manter práticas de pastoreio extensivo Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas OG alternativas em áreas contíguas ao habitat OG17 Condicionar a florestação OG27 OG54 OG35 Conservar / recuperar vegetação ribeirinha autóctone Impedir introdução de espécies não autóctones /controlar existentes Implementar gestão cinegética compatível com conservação da espécie OG1 Assegurar mosaico de habitats OG4 Condicionar a intensificação agrícola OG15 Adoptar práticas silvícolas específicas OG61 Promover o matagal mediterrâneo OG77 OG12 OG13 Assegurar a manutenção de usos agrícolas extensivos Conservar / recuperar povoamentos florestais autóctones Conservar / recuperar vegetação dos estratos herbáceo e arbustivo OG56 Promover a cerealicultura extensiva OG5 Condicionar mobilização do solo OG9 Adoptar práticas de pastoreio específicas OG14 Manter / melhorar ou promover manchas de montado aberto OG2 Conservar / promover sebes, bosquetes e arbustos OG46 Criar novos locais de reprodução, conservar/recuperar os existentes OG50 Efectuar desmatações selectivas OG51 Estabelecer programa de repovoamento / fomento / reintrodução de presas OG3 Condicionar expansão do uso agrícola OG11 Salvaguardar de pastoreio OG16 Promover a regeneração natural OG32 Regular uso de açudes e charcas OG49 Efectuar gestão por fogo controlado

273 Cod. Orientações de Gestão Total Sítio ZPE OG59 Manter olival tradicional OG84 Preservar os maciços rochosos e habitats rupícolas OG6 OG8 OG45 Condicionar uso de agro-químicos /adoptar técnicas alternativas Outros condicionamentos específicos a práticas agrícolas em áreas contíguas ao habitat Manter as edificações que possam albergar colónias /populações OG47 Recuperar zonas húmidas OG68 Controlar efectivos de animais assilvestrados OG72 Criar pontos de água: charcas e bebedouros artificiais OG74 Condicionar queimadas OG85 Substituir povoamentos florestais exóticos por povoamentos florestais autóctones O conjunto de orientações de gestão mais detalhadamente analisadas abaixo, abrangem a quase totalidade dos valores naturais dos Sítios e das ZPE, sendo que valores com maior raridade ou vulnerabilidade são directamente afectados por mais do que uma destas orientações de gestão, por exemplo: lince-ibérico, com 13, águia-de-bonelli, com 21, bufo-real, com 13, águia-cobreira, com 12, e as florestas de sobreiro, com Objectivos da ITI e lógica da intervenção A análise e revisão dos factores de ameaça e orientações de gestão incluídos no Plano Sectorial da RN 2000 bem como os elementos de caracterização agrícola e florestal da área de incidência da ITI, que constituem o objecto das secções anteriores, permitiram identificar os principais objectivos de gestão agrícola e florestal para esta ITI: 1) Manter ou recuperar as zonas de floresta aluvial e ripícola e de matos ribeirinhos que incluem os habitat 92A0 e 92D0 tendo por referência a dimensão existente à data do início do programa; 2) Manter ou recuperar as zonas de floresta e montado que incluem os habitats 9330 e 6310, tendo por referência a dimensão existente à data do início do programa; 3) Aumentar a dimensão da população de coelho-bravo; 4) Manter ou aumentar a dimensão das populações de águia-de-bonneli, águia-cobreira e bufo-real; 273

274 5) Aumentar as zonas de habitat potencial e refúgio para o lince-ibérico. A questão essencial de conservação a abordar na ITI do Caldeirão é a gestão dos montados e florestas de sobreiro e as suas relações com a ampliação da área de habitat potencial para o lince-ibérico e com a conservação de espécies de aves em que se incluem a águia-de-bonneli, a águia-cobreira e o bufo-real. Os valores naturais incluídos no Sítio e na ZPE do Caldeirão encontram-se mais associados à Serra xistosa. Contudo, o Sítio do Caldeirão engloba também algumas zonas de litologia calcária do Barrocal algarvio, zona biogeograficamente muito distinta da serra xistosa e cujos valores não são considerados na definição do Sítio. A concepção da ITI incidirá apenas sobre a zona da Serra. A melhoria do estado sanitário dos montados e florestas de sobreiro, a manutenção dos habitats ripícolas, a gestão dos matagais e a melhoria do coberto herbáceo, num contexto de gestão do risco estrutural de incêndio florestal, são elementos essenciais ao aumento do habitat potencial para o lince-ibérico e à conservação da águia-de-bonelli, águia-cobreira e bufo-real. A gestão florestal e a sua tradução no âmbito dos Programas de Gestão da Biodiversidade (PGB) associados aos planos de gestão florestal (PGF) de proprietários individuais ou de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF), é o instrumento de planeamento para a gestão do habitat e controlo do risco de incêndio na área da ITI. Na ITI do Caldeirão, a abordagem eficaz da conservação da biodiversidade através da actividade produtiva passa essencialmente pelas actividades florestais. Os indicadores enunciados pelo PROF Algarve para a zona do Sítio e ITI 16 são apresentados na Figura O PROF Algarve estima, com base em cartografia de ocupação do solo datada de 1995, que a percentagem dos espaços florestais na superfície total é de 81% e 78%, respectivamente nas subregiões homogéneas da Serra do Caldeirão e Serra de Silves. A estimativa da fracção do território ocupada com espaços florestais é superior a 80% para a ITI, no seu conjunto e, atendendo à tipologia dos valores naturais em presença, é a gestão dos espaços florestais que determina o sucesso da conservação. Fracção da subregião na área da ITI Fracção da área florestal na subregião Serra de Silves Caldeirão 19% 21% 78% 81% 274

275 Assim, os factores que estão associados à gestão eficiente e eficaz dos espaços florestais são aqueles que determinarão a eficiência a eficácia da conservação da natureza nesses espaços. Figura PROF Algarve Mapa Síntese (adaptado) Um dos problemas estruturais mais importante na gestão dos espaços florestais é a agregação de explorações em unidades que permitam uma gestão economicamente eficiente das mesmas. Esta agregação é necessária para todos os tipos de actividades florestais, lenhosas ou não lenhosas. As actividades necessárias à conservação necessitam também de espaços com dimensão adequada. Por exemplo, não é possível gerar habitat para o lince-ibérico à escala de uma exploração de 5 ou mesmo de 50ha, ou conceber um sistema de protecção florestal que com base em pequenas explorações. O PROF Algarve afirma que: A reestruturação fundiária é essencial para se conseguir a constituição de áreas que sejam, de facto, unidades com gestão única e de dimensão suficiente para apresentarem uma rendibilidade mínima que satisfaça não só as aspirações dos investidores florestais, mas também a produção de externalidades consideradas relevantes para a sociedade. Este é um problema transversal a todas as subregiões homogéneas. 275

276 É importante realçar que a resolução destas questões é tão relevante para a produção de bens directos (ex.: madeira) como para a de bens e serviços indirectos (ex.: manutenção da diversidade biológica ou o recreio). O Decreto-Lei nº 15/2009, de 14 de Janeiro, estabelece o regime de criação de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF). As ZIF em desenvolvimento no território da ITI são, potencialmente, o principal instrumento de agrupamento de território para actividades de gestão florestal 17. As acções a desenvolver pelas ZIF são enquadradas pelos respectivos Planos de Gestão da Floresta (PGF). As questões de conservação enunciadas estão associadas à gestão florestal, através da compatibilização da conservação dos povoamentos e núcleos de vegetação com o controlo do risco de incêndio, no âmbito dos Programas de Gestão da Biodiversidade (PGB) que, de acordo com o Decreto-lei 16/2009, de 14 de Janeiro, deverão ser incluídos nos PGF situados em áreas classificadas. Os PGF devem conformar-se aos PROF, neste caso ao PROF Algarve (Decreto-Regulamentar nº 17/2006 de 20 de Outubro), nomeadamente quanto aos objectivos específicos definidos para as subregiões homogéneas que correspondem aos fins que se pretendem alcançar no período de vigência do plano (20 anos). São particularmente relevantes, na subregião homogénea da Serra do Caldeirão, os Objectivos 2, 3, 4 e, principalmente, os objectivos 7 e 8; na subregião Serra de Silves, os objectivos 2.4, 5, 6 e 10, porque é neles que são explícita ou implicitamente incluídos os objectivos de conservação da ITI. Da análise dos objectivos do Planos Regionais de Ordenamento Florestal acima referidos podem extrair-se as seguintes conclusões relevantes, quer para a elaboração dos PGB quer para a concepção da ITI: São objectivos do PROF adequar os espaços florestais à conservação dos habitats da fauna e flora, nomeadamente, no caso do PROF Algarve, favorecendo e expandindo os habitats com elevado valor ecológico e de suporte à fauna e flora protegida, em especial os habitats de suporte à águia-de-bonelli e ao lince-ibérico. Os PROF pretendem recuperar as áreas de acordo com o potencial florestal da região e reconhecem o elevado potencial para a produção de lenho da subregião homogénea da Serra do Caldeirão. Contudo, é objectivo dos PROF reduzir a área de eucalipto em todas as subregiões, aumentar a área de sobreiro e azinheira, travando o declínio destas espécies. Os PROF têm também como objectivo recuperar e manter as populações cinegéticas, favorecendo e expandindo os seus habitats. 276

277 As candidaturas à ITI serão fundamentadas por PGB validados pela ELA para efeitos de candidatura. Os PGB georreferenciarão, quantificarão e justificarão as medidas a aplicar na sua área, evidenciando a qualidade e a quantidade do contributo para os objectivos da ITI. Uma vez aprovado, o PGB constituirá o suporte técnico para a candidatura às diversas medidas de apoio contempladas na Intervenção, incluindo investimentos não produtivos. Na concepção do conjunto de medidas da ITI, a componente Silvo-Ambiental é dominante. O território da ITI tem uma utilização predominantemente florestal (81% na subregião homogénea do Caldeirão, 78% na subregião homogénea Serra de Silves e 82% na subregião Serra de Silves, definidas pelo PROF Algarve) e os principais valores naturais a conservar encontram-se em espaços com utilização florestal com objectivos de conservação dos habitats e de espécies de fauna e flora explicitamente designados no PROF. O território da ITI, dominantemente florestal, apresenta variações de tipologia quanto à fracção dos espaços arborizados na superfície florestal total e quanto à composição desses mesmos espaços. Neste contexto, foi concebida uma medida silvo-ambiental (Biodiversidade Florestal - Habitat do lince-ibérico) de aplicação horizontal no universo da ITI e um conjunto de outras medidas silvo-ambientais específicas para outros objectivos. A medida Biodiversidade Florestal Habitat do lince-ibérico engloba os compromissos respeitantes a todas as outras medidas no que se refere às áreas elegíveis para as mesmas que ocorram no território candidatado. Justificação dos objectivos e avaliação de eficácia 1) Manter ou recuperar as zonas de floresta aluvial e ripícola e de matos ribeirinhos que incluem os habitats 92A0 e 92D0 tendo por referência a dimensão existente à data do início do programa 92A0 92D0 Florestas-galerias de Salix alba e Populus alba Galerias e matos ribeirinhos meridionais (Nerio-Tamaricetea e Securinegion tinctoriae) Os habitats 92A0 e 92D0 são formações florestais associadas a um conjunto importante de espécies de fauna e flora. A conservação destes habitats está associada à prática da gestão florestal sustentável. A conservação destes habitats está incluída na medida silvo-ambiental horizontal e numa medida específica, para as explorações que não adiram à primeira, sendo o investimento necessário previsto como investimento não produtivo. 277

278 Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície e estado de conservação destes habitats na área da ITI. 2) Manter ou recuperar as zonas de floresta e montado que incluem os habitats 9330 e 6310, tendo por referência a dimensão existente à data do início do programa Florestas de Quercus suber 6310 Montados de Quercus sp. de folha perene Os habitats 9330 e 6310 são formações ameaçadas por problemas fitossanitários e pelo risco de incêndio. A conservação destes habitats está associada à prática da gestão florestal sustentável, sendo associada, no caso das quercíneas, ao compromisso geral de adesão à ITI. A questão de gestão florestal sustentável a resolver é a do controlo eficaz do risco estrutural de incêndio de modo compatível com a manutenção destes habitats. 3) Aumentar a dimensão da população de coelho-bravo Lynx pardinus A093 Hieraaetus fasciatus A215 Bubo bubo Pretende-se melhorar o habitat e aumentar as populações de coelho-bravo, visando melhorar o habitat do lince-ibérico e, simultaneamente, todas as espécies troficamente relacionadas com o coelho-bravo, mesmo que não presentes na lista de espécies do Sítio e da ZPE. Este objectivo será atingido através de um conjunto de investimentos não produtivos associados à melhoria do habitat e à gestão das populações de coelho-bravo. A medida da eficácia será associada à variação da abundância da espécie. 4) Manter ou aumentar a dimensão das populações de águia-de-bonneli, águia-cobreira e bufo-real A080 A093 A215 Circaetus gallicus Hieraaetus fasciatus Bubo bubo 278

279 70% da população reprodutora da águia-de-bonelli em Portugal (Hieraetus fasciatus) ocorre no Sul do País, sendo a área da ITI de elevada importância para a conservação da espécie. A nidificação desta espécie no Sul de Portugal e na ZPE em particular ocorre maioritariamente em árvores, sendo a espécie particularmente exigente na escolha das árvores a utilizar. A ITI inclui diversos territórios de reprodução de águia-de-bonelli onde os factores chave da conservação se centram na gestão florestal, em particular na gestão do risco estrutural de incêndio, e nas normas de reconversão de povoamentos. A medida da eficácia deste objectivo será associada à manutenção e ocupação dos ninhos de águia-de-bonelli identificados. 5) Aumentar as zonas de habitat potencial e refúgio para o lince-ibérico Lynx pardinus Pretende-se criar zonas de habitat potencial para o lince-ibérico, nos termos em que são definidas pelo PACLIP, com uso florestal, cinegético ou turístico de muito baixa intensidade. Estas zonas incluirão zonas de refúgio, onde não ocorrerá actividade de exploração cinegética, a visitação será limitada e a intervenção florestal e pecuária limitar-se-á às culturas com finalidade de melhoria de habitat e a intervenções sobre o arvoredo. As zonas de refúgio serão no máximo 15% da área candidata. As medidas de eficácia deste objectivo serão a variação da área de habitat potencial com as características indicadas na medida e a variação da fracção da superfície de refúgio de lince-ibérico na superfície total. 279

280 11.3 Ficha da ITI Caldeirão 1. Enquadramento Regulamentar Artigos: 36º alínea a), iv), vi), alínea b), v), vii); Artigo 39º; Artigo 41º; Artigo 47º; Artigo 49º do Reg. (CE) n.º 1698/2005. Artigo 27º e Artigo 29º do Reg. (CE) n.º 1974/2006 e Anexo II pontos ; ; ; Códigos de medidas no Anexo II do Reg. (CE) n.º 1974/2006: 214, 216, 225, Território Alvo Área do Sítio e ZPE Caldeirão (PTCON0057). 3. Objectivos 1) Manter ou recuperar as zonas de floresta aluvial e ripícola e de matos ribeirinhos que incluem os habitat 92A0 e 92D0 tendo por referência a dimensão existente à data do início do programa; 2) Manter ou recuperar as zonas de floresta e montado que incluem os habitats 9330 e 6310, tendo por referência a dimensão existente à data do início do programa; 3) Aumentar a dimensão da população de coelho-bravo; 4) Manter ou aumentar a dimensão das populações de águia-de-bonneli, águia-cobreira e bufo-real; 5) Aumentar as zonas de habitat potencial e refúgio para o lince-ibérico. 4. Fundamentação da Intervenção A questão essencial de conservação a abordar na ITI do Caldeirão é a gestão dos montados e florestas de sobreiro e as suas relações com a ampliação da área de habitat potencial para o lince-ibérico e com a conservação de espécies de aves em que se incluem a águia-de-bonneli, a águia-cobreira e o bufo-real. Os valores naturais incluídos no Sítio e na ZPE do Caldeirão encontram-se mais associados à Serra xistosa. Contudo, o Sítio do Caldeirão engloba também algumas zonas de litologia calcária do Barrocal 280

281 algarvio, zona biogeograficamente muito distinta da serra xistosa e cujos valores não são considerados na definição do Sítio. A concepção da ITI incide apenas sobre a zona da Serra. A melhoria do estado sanitário dos montados e florestas de sobreiro, a manutenção dos habitats ripícolas, a gestão dos matagais e a melhoria do coberto herbáceo, num contexto de gestão do risco estrutural de incêndio florestal, são elementos essenciais ao aumento do habitat potencial para o lince-ibérico e à conservação da águia-de-bonelli, águia-cobreira e bufo-real. A gestão florestal e a sua tradução no âmbito dos Programas de Gestão da Biodiversidade (PGB) integrados nos planos de gestão florestal (PGF) de proprietários individuais ou de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF), é o instrumento de planeamento para a gestão do habitat e controlo do risco de incêndio na área da ITI. As candidaturas à ITI serão fundamentadas por Programas de Gestão da Biodiversidade (PGB) que incluam o território candidatado e nele traduzam as orientações do PROF, sem prejuízo da sua ratificação pela ELA para efeitos de candidatura. Os PGB georreferenciarão, quantificarão e justificarão as medidas a aplicar na sua área, evidenciando a qualidade e a quantidade do contributo para os objectivos da ITI, enquadrando estes no Programa de Gestão da Biodiversidade do seu modelo de exploração. Uma vez aprovado, o PGB constituirá o suporte técnico para a candidatura às diversas medidas de apoio contempladas na Intervenção, incluindo investimentos não produtivos. Na concepção do conjunto de medidas da ITI, a componente silvo-ambiental é dominante. O território da ITI tem uma utilização predominantemente florestal (81% na subregião homogénea do Caldeirão, 78% na subregião homogénea Serra de Silves e 82% na subregião Serra do Caldeirão definidas pelo PROF Algarve) e os principais valores naturais a conservar encontram-se em espaços com utilização florestal com objectivos de conservação dos habitats e de espécies de fauna e flora explicitamente designados no PROF. O território da ITI, dominantemente florestal, apresenta variações de tipologia quanto à fracção dos espaços arborizados na superfície florestal total e quanto à composição desses mesmos espaços. Neste contexto, foi concebida uma medida silvo-ambiental (Biodiversidade Florestal - Habitat do Lince-Ibérico) de aplicação horizontal no universo da ITI e um conjunto de outras medidas silvo-ambientais específicas para outros objectivos. A medida Biodiversidade Florestal Habitat do Lince-Ibérico engloba os compromissos respeitantes a todas as outras medidas no que se refere às áreas elegíveis para as mesmas que ocorram no território candidatado. 281

282 Justificação dos objectivos e avaliação de eficácia 1) Manter ou recuperar as zonas de floresta aluvial e ripícola e de matos ribeirinhos que incluem os habitat 92A0 e 92D0 tendo por referência a dimensão existente à data do início do programa 92A0 92D0 Florestas-galerias de Salix alba e Populus alba Galerias e matos ribeirinhos meridionais (Nerio-Tamaricetea e Securinegion tinctoriae) Os habitats 92A0 e 92D0 são formações florestais associadas a um conjunto importante de espécies de fauna e flora. A conservação destes habitats está associada à prática da gestão florestal sustentável. A conservação destes habitats está incluída na medida silvo-ambiental horizontal e numa medida específica, para as explorações que não adiram à primeira, sendo o investimento necessário previsto como investimento não produtivo. Os indicadores de eficácia a considerar dizem respeito à variação da superfície e estado de conservação destes habitats na área da ITI. 2) Manter ou recuperar as zonas de floresta e montado que incluem os habitats 9330 e 6310, tendo por referência a dimensão existente à data do início do programa Florestas de Quercus suber 6310 Montados de Quercus sp. de folha perene Os habitats 9330 e 6310 são formações ameaçadas por problemas fitossanitários e pelo risco de incêndio. A conservação destes habitats está associada à prática da gestão florestal sustentável, sendo associada, no caso das quercíneas, ao compromisso geral de adesão à ITI. A questão de gestão florestal sustentável a resolver é a do controlo eficaz do risco estrutural de incêndio de modo compatível com a manutenção destes habitats. 3) Aumentar a dimensão da população de coelho-bravo Lynx pardinus A093 Hieraaetus fasciatus A215 Bubo bubo 282

283 Pretende-se melhorar o habitat e aumentar as populações de coelho-bravo, visando melhorar o habitat do lince-ibérico e, simultaneamente, todas as espécies troficamente relacionadas com o coelho-bravo, mesmo que não presentes na lista de espécies do Sítio e da ZPE. Este objectivo será atingido através de um conjunto de investimentos não produtivos associados à melhoria do habitat e à gestão das populações de coelho-bravo. A medida da eficácia será associada à variação da abundância da espécie. 4) Manter ou aumentar a dimensão das populações de águia-de-bonneli, águia-cobreira e bufo-real A080 A093 A215 Circaetus gallicus Hieraaetus fasciatus Bubo bubo 70% da população reprodutora da águia-de-bonelli em Portugal (Hieraetus fasciatus) ocorre no Sul do País, sendo a área da ITI de elevada importância para a conservação da espécie. A nidificação desta espécie no Sul de Portugal e na ZPE em particular ocorre maioritariamente em árvores, sendo a espécie particularmente exigente na escolha das árvores a utilizar. A ITI inclui diversos territórios de reprodução de águia-de-bonelli onde os factores chave da conservação se centram na gestão florestal, em particular na gestão do risco estrutural de incêndio e nas normas de reconversão de povoamentos. A medida da eficácia deste objectivo será associada à manutenção e ocupação dos ninhos de águia-de-bonelli identificados. 5) Aumentar as zonas de habitat potencial e refúgio para o lince-ibérico Lynx pardinus Pretende-se criar zonas de habitat potencial para o lince-ibérico, nos termos em que são definidas pelo PACLIP, com uso florestal, cinegético ou turístico de muito baixa intensidade. Estas zonas incluirão zonas de refúgio, onde não ocorrerá actividade de exploração cinegética, a visitação será limitada e a intervenção florestal e pecuária limitar-se-á às culturas com finalidade de melhoria de habitat e a intervenções sobre o arvoredo. As zonas de refúgio serão no máximo 15% da área candidata. 283

284 As medidas de eficácia deste objectivo serão a variação da área de habitat potencial com as características indicadas na medida e a variação da fracção da superfície de refúgio de lince-ibérico na superfície total. 5. Beneficiários Componente silvo-ambiental Entidades Gestoras de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) situadas, no todo ou em parte, na área de incidência da ITI. Agricultores, produtores florestais ou proprietários de espaços florestais (no caso em que a área florestal não esteja a ser objecto de exploração) que revistam a natureza privada, detentores de parcelas florestais na área de incidência da ITI. Entidades Gestoras de Zonas de Fundos de Investimento Imobiliário Florestais com activos situados, no todo ou em parte, na área de incidência da ITI. Investimentos não produtivos Entidades Gestoras de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) situadas, no todo ou em parte, na área de incidência da ITI. Beneficiários de pagamentos silvo-ambientais com incidência no território da ITI. Entidades Gestoras de Zonas de Fundos de Investimento Imobiliário Florestais com activos situados, no todo ou em parte, na área de incidência da ITI. 6. Condicionalidade e Requisitos mínimos Os beneficiários desta acção comprometem-se a respeitar, em toda a área da exploração agrícola, os requisitos em matéria de condicionalidade de acordo os artigos 4º e 5º e anexos III e IV do Reg. (CE) nº1782/2003, expressos pelos requisitos legais de gestão e pelas boas condições agrícolas e ambientais. 7. Aplicação da Componente Silvo-Ambiental em Unidades de Produção e Investimentos Não Produtivos Para aceder a qualquer pagamento silvo-ambiental, o beneficiário deverá cumprir as condições gerais de acesso e respeitar os compromissos gerais na totalidade da área florestal declarada. Para cada tipo de pagamento silvo-ambiental deverão ainda verificar-se as condições de acesso específicas e respeitar-se os compromissos específicos na respectiva área de incidência. 284

285 Dada a natureza das intervenções em causa, na componente investimentos não produtivos não haverá lugar a pagamentos de natureza forfetária. A concessão do apoio está condicionada à apresentação de um Programa de Gestão da Biodiversidade, incluído no PGF da área candidata, que após parecer da ELA será objecto de análise e decisão pela Autoridade de Gestão, havendo lugar à comprovação de todas as despesas efectuadas e previamente aprovadas. Aplicação da Componente Silvo-Ambiental em Unidades de Produção da ITI do Caldeirão Condições gerais de acesso Declarar toda a superfície florestal e agro-florestal da unidade de produção situada na área geográfica de incidência da ITI. Estar incluído numa zona com Plano de Gestão Florestal (PGF), incluindo nesse PGF um Programa de Gestão da Biodiversidade. Compromissos gerais Manter as condições gerais de acesso; Manter as árvores, os muros de pedra posta e outros elementos patrimoniais importantes para a paisagem e ainda as sebes arbustivas ou arbóreas, de espécies autóctones, entre as parcelas e nas extremas, não tratando com herbicidas; Manter todas as zonas que tenham cumulativamente as seguintes características: - Coberto arbustivo > 50% - Altura média do coberto > 1m - Mais de 60 árvores/ha (Quercus sp., medronheiro de porte arbóreo, etc.); Manter os pontos de água acessíveis à fauna, no período de Verão; Manter a vegetação arbórea e arbustiva ao longo das linhas de água, sem prejuízo das limpezas e regularizações necessárias ao adequado escoamento; Utilizar apenas os produtos fitofarmacêuticos aconselhados para a Protecção Integrada e aconselhados no Modo de Produção Biológico; Garantir a protecção dos núcleos populacionais de morcegos, nomeadamente através da protecção dos seus abrigos, de acordo com as indicações da ELA. Os abrigos de morcegos deverão constar de carta específica a fornecer pelo ICNB, devendo ser compromisso do candidato comunicar à ELA a detecção de novos abrigos. 285

286 Registar a localização de exemplares de sobreiro e azinheira em mau estado fitossanitário transmitindo essa informação quando solicitado. Manter as árvores longevas e cavernosas existentes desde que não constituam focos de problemas fitossanitários. Biodiversidade Florestal Habitat do Lince-Ibérico Medidas Silvo-ambientais Condições de acesso específicas Compromissos específicos Apresentar um PGB, integrado em Manter o encabeçamento total da PGF, que incida sobre uma área exploração inferior a 0,5CN/ha; total com pelo menos 200ha. Manter o encabeçamento de suínos Ter o estatuto de Exploração em montanheira inferior a 0,1CN/ha Aderente do PACLIP, desde que (considerando a superfície forrageira este estatuto já exista. total); Estar incluída em regime cinegético ordenado (zonas de caça, zonas de interdição à caça, áreas de direito à não caça ou áreas de refúgio). Prever no PGB a realização de investimentos não produtivos associados ao aumento das populações de coelho ou permitir a realização dessas acções. Incluir no PGB que abrange a área candidata uma componente de controlo do risco estrutural de incêndio, articulada com a necessidade de conservação do habitat de lince-ibérico. Manter uma fracção entre 20 e 50% da superfície com ocupação de pousios herbáceos, culturas arvenses ou culturas para a fauna, com a dimensão das orlas entre matagais e zonas herbáceas igual a pelo menos 1,5 vezes o perímetro da área candidata; Garantir a não utilização do processo de caça de batida e de montaria a qualquer espécie, durante o período de compromisso, após a eventual realização de operações de reintrodução do lince-ibérico e caso seja essa a indicação da comissão executiva do PACLIP. Permitir a constituição de Áreas de refúgio do lince-ibérico a estabelecer pela ELA até um máximo de 15% da área candidata; Cumprir os compromissos da medida Habitat da Águia-de-Bonelli na área elegível a essa medida; 286

287 Cumprir os compromissos indicados na medida Galerias Ripícolas na área elegível a essa medida; Conservar os charcos temporários existentes através da limitação do acesso do gado a esses habitats e a uma zona de protecção a eles associada; Habitat da Águia-de- Bonelli Renovação dos povoamentos de Quercus, sp Incluir no PGB o condicionamento do corte (incluindo para reconversão ou para replantação) de povoamentos de eucalipto e pinheiro às necessidades da manutenção de locais de nidificação para a águia-de-bonelli; Incluir no PGB que abrange a área candidata uma componente de controlo do risco estrutural de incêndio articulada com a necessidade de conservar os ninhos de águia-de-bonelli; Estar incluída em regime cinegético ordenado (zonas de caça, zonas de interdição à caça, áreas de direito à não caça ou áreas de refúgio). Prever no PGB a realização de investimentos não produtivos associados ao aumento das populações de coelho ou permitir a realização dessas acções. Cartografar as zonas de regeneração natural no PGB; Evidenciar no PGB a articulação entre as zonas de protecção da Cumprir os compromissos da medida Renovação dos povoamentos de Quercus, sp. na área elegível a essa medida. Permitir a constituição de áreas de protecção aos ninhos de águia-de- Bonelli (raio de 300 a 500m em torno do ninho), sendo a localização dos ninhos supervisionada pela ELA; Realizar acções de controlo do risco estrutural de incêndio nas áreas de protecção aos ninhos de águia-de- Bonelli de acordo com as indicações da ELA; Manter uma fracção entre 20 e 50% da superfície com ocupação de pousios herbáceos, culturas arvenses ou culturas para a fauna, com a dimensão das orlas entre matagais e zonas herbáceas igual a pelo menos 1,5 vezes o perímetro da área candidata. Proteger a regeneração na superfície candidata. 287

288 regeneração da natural e a diminuição do risco estrutural de incêndio. Manutenção de galerias ripícolas Incluir no PGB que abrange a área candidata uma componente de controlo do risco estrutural de incêndio, articulada com a necessidade de conservação destes habitats. As galerias com largura mínima de 20m no conjunto das duas margens da linha de água e comprimento mínimo de 250m, podendo este ser inferior na situação de vales encaixados; Cartografar no PGB os troços a recuperar com indicação das operações a efectuar e seu programa. Conservar área da galeria, com substituição de espécies alóctones; Promover a recuperação das margens da linha de água, com introdução de paliçadas e posterior colonização com vegetação autóctone, limitando o acesso aos troços recuperados com cercas temporárias; Na faixa ocupada pela galeria ripícola, não proceder ao cultivo ou aplicação de herbicidas numa largura mínima de 10m a partir da linha de água; Efectuar apenas mobilizações de solo localizadas. Tipologia e Nível do Apoio Tipo de Ajuda Área elegível Modulação e Nível da Ajuda Biodiversidade Florestal Habitat do Lince-ibérico Habitat da águia-de- Bonelli Renovação dos povoamentos de Quercus sp. Manutenção de galerias ripícolas Compromisso Específico da Medida Compromisso Específico da Medida Área em renovação e adensamento Área de galerias ripícolas 90 /ha 90 /ha 100 /ha 0 < Área 5ha 200 /ha Área > 5ha 100 /ha 288

289 Aplicação de Investimentos Não Produtivos em Unidades de Produção Condições de acesso Âmbito Níveis de apoio Apresentação de um Programa de Gestão da Biodiversidade validado pela ELA para efeitos de candidaturas à ITI, Os investimentos e respectiva calendarização têm de estar previstos no Programa de Gestão da Biodiversidade; Os projectos a candidatar deverão ter o parecer da ELA. Elaboração do Programa de Gestão da Biodiversidade Instalação de culturas para a fauna; Translocação para aumento da densidade de coelho-bravo; Investimentos associados à melhoria do habitat para o coelho-bravo; 100% das despesas elegíveis Instalação e/ou recuperação de cercas e/ou de protectores individuais (protecção contra a acção do gado e da fauna selvagem); Adensamentos e/ou substituição das espécies alvo arbóreas ou arbustivas; Intervenções silvícolas de carácter extraordinário, tais como acções de erradicação de plantas invasoras lenhosas; Redução do risco estrutural de incêndio; Galerias ripícolas Avaliação do grau de cobertura das orientações de gestão do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 pelas medidas propostas As medidas propostas para a ITI integram plenamente as orientações de gestão previstas no Plano Sectorial para esta zona, como é evidenciado na Tabela

290 No pressuposto de uma taxa de adesão suficiente, verifica-se assim que a quase totalidade das orientações de gestão associadas à actividade florestal e agrícola são postas em prática pela execução das medidas. Tabela Correspondência entre os compromissos e condições de acesso das medidas propostas e as orientações de gestão Orientações Compromissos e condições de acesso de Gestão Compromissos Gerais Manter todas as zonas com: - Coberto arbustivo > 50% - Altura média do coberto > 1m 12;61;16;1 - Mais de 60 árvores/ha (Quercus sp., medronheiro de porte arbóreo, etc.) Manter os pontos de água acessíveis à fauna, no período de Verão 72 Manter a vegetação arbórea e arbustiva ao longo das linhas de água, sem prejuízo das limpezas e regularizações necessárias ao 27;29 adequado escoamento Utilizar apenas os produtos fitofarmacêuticos aconselhados para a 7;6 Protecção Integrada e aconselhados no Modo de Produção Biológico Não efectuar queimadas 18;74 Registar a localização de exemplares de sobreiro e azinheira em mau estado fitossanitário transmitindo essa informação quando 12 solicitado. Medida Biodiversidade Florestal Habitat do Lince-Ibérico Condições de acesso específicas Ter o estatuto de Exploração Aderente do PACLIP 35;51 Estar incluída em regime cinegético ordenado (zonas de caça, zonas de interdição à caça, áreas de direito à não caça ou áreas de 35;51;68;40 refúgio). Realizar investimentos não produtivos associados ao aumento das 51 populações de coelho ou permitir a realização dessas acções. Ter um PGB que incide sobre uma área total com pelo menos 200ha. Compromissos específicos Manter o encabeçamento total da exploração inferior a 0,5CN/ha; 10;77;9;11 Manter o encabeçamento de suínos em montanheira inferior a 10;77;9;11 0.1CN/ha (considerando a superfície forrageira total) Manter uma fracção entre 20 e 50% da superfície com ocupação de 1;2;6;18 pousios herbáceos, culturas arvenses ou culturas para a fauna, com 290

291 Orientações Compromissos e condições de acesso de Gestão a dimensão das orlas entre matagais e zonas herbáceas igual a pelo menos 1,5 vezes o perímetro da área candidata. Garantir a não utilização do processo de caça de batida e de 35 montaria a qualquer espécie, durante o período de compromisso. Permitir a constituição de Áreas de refúgio do lince-ibérico, em 10 a 15% da área candidata, com a localização potencial a estabelecer 87;50 pela ELA Cumprir os compromissos da Medida Habitat da Águia-de-Bonelli 5;50;17;11 na área elegível a essa medida Cumprir os compromissos indicados na medida Galerias Ripícolas 3;9;54 na área elegível a essa medida. Cumprir os compromissos da medida Charcos Temporários na área elegível a essa medida. Cumprir os compromissos da medida Manutenção de matagais na 61;50;78;13;9; área elegível a essa medida 11;6 Cumprir os compromissos da medida Renovação dos povoamentos 12;16 de Quercus, sp na área elegível a essa medida Manter a área existente de castanheiro Castanea sativa. Investimentos não produtivos Instalação de culturas para a fauna 51 Translocação para aumento da densidade de coelho-bravo 51 Investimentos associados à melhoria do habitat para o coelhobravo 1;2;50;72 Instalação e/ou recuperação de cercas e/ou de protectores individuais (protecção contra a acção do gado e da fauna 12;16 selvagem). Redução do risco estrutural de incêndio 18 Instalação de galerias ripícolas 27 Manutenção de galerias ripícolas 27 Elaboração dos PGB - 291

292 12 ITI RIOS SABOR E MAÇÃS E VALE DO CÔA 12.1 Áreas classificadas incluídas As áreas classificadas incluídas nesta ITI são (Figura 12.1): Sítio e ZPE Rios Sabor e Maçãs (PTCON0021 e PTZPE0037) ZPE Vale do Côa (PTZPE0039) Figura Áreas classificadas da ITI Rios Sabor e Maçãs e Vale do Côa 12.2 Concepção e fundamentação da ITI A abordagem seguida para estudar o caso da ITI dos Rios Sabor e Maçãs e do Vale do Côa foi diferente da adoptada nas restantes ITI. De facto, na abordagem seguida para estes territórios, procurou-se demonstrar os dois tipos seguintes de evidências: 1) Que os problemas de conservação e de gestão agro-florestal verificados nestes territórios são semelhantes aos verificados na ITI do Douro Internacional (já em vigor), o que desde logo aconselha a uma proximidade de medidas a propor nas duas regiões; 2) Que as características morfológicas e de uso do solos nos territórios abrangidos pelas áreas classificadas da Rede Natura 2000 dos Rios Sabor e Maçãs e do Vale do Côa levam a que as superfícies elegíveis para a aplicação das principais medidas de gestão agrícola 292

293 e florestal a implementar se encontram, não no interior desses territórios (vales encaixados dos rios), mas sim nas áreas envolventes (planaltos). Estas duas situações levam a concluir que uma proposta de ITI que vise a conservação dos valores naturais destas áreas classificadas, baseada na mesma tipologia de medidas já em vigor na ITI do Douro Internacional, só se justifica se houver a possibilidade de estender a área de aplicação das medidas em causa até às regiões agrícolas (planálticas) envolventes, de modo a abranger efectivamente as superfícies elegíveis relevantes para a aplicação dessas medidas. Nos pontos seguintes apresentam-se os argumentos que evidenciam os dois tipos de evidência acima descritos e que justificam a conclusão aqui avançada Valores naturais e orientações de gestão do PSRN para as áreas classificadas da Rede natura 2000 dos Rios Sabor e Maçãs, Vale do Côa e Douro Internacional Neste ponto procura-se demonstrar a proximidade bastante grande entre a problemática da gestão agrícola e florestal para a conservação nas áreas classificadas dos Rios Sabor e Maçãs (Sítio e ZPE) e do Vale do Côa (ZPE) e nas áreas classificadas do Douro Internacional (Sítio, ZPE e PN). Todas as 14 espécies alvo de aves incluídas na ZPE do Rio Sabor e Maçãs e 17 das 18 (95%) espécies alvo de aves classificadas na ZPE do Vale do Côa são também espécies alvo na ZPE do Douro Internacional e Vale do Rio Águeda. Na Tabela 12.1, põem-se em comparação as orientações de gestão (OG) constantes do PSRN para as ZPE do Vale do Côa (VC), Sabor e Maçãs (SM) e Douro Internacional e Vale do Rio Águeda (DI). Da sua observação conclui-se que todas as OG indicadas para a Agricultura e Pastorícia nas ZPE do Vale do Côa e Rios sabor e Maçãs estão também presentes na lista de OG da ZPE do Douro Internacional e Vale do Rio Águeda. Aliás, essa lista é totalmente coincidente nas ZPE de VC e DI e quase coincidente na ZPE de SM. Nas OG respeitantes à Silvicultura, cerca de metade das que são indicadas para a ZPE de VC e 2/3 das indicadas para a ZPE de SM estão também indicadas para a ZPE do DI. 293

294 Tabela Orientações de gestão presentes nas fichas do PSRN para as ZPE de Vale do Côa (VC), Sabor e Maçãs (SM) e Douro Internacional e Vale do Rio Águeda (DI) Agricultura e pastorícia ORIENTAÇÕES DE GESTÃO VC SM DI Assegurar mosaico de habitats X X X Promover cerealicultura extensiva X X Reduzir risco de incêndio X X X Manter / melhorar ou promover manchas de montado aberto X X Manter práticas de pastoreio extensivo X X X Incrementar sustentabilidade económica de actividades com interesse para a conservação X X X Manter olival tradicional existente X X X Conservar / promover sebes, bosquetes e arbustos X X X Silvicultura Reduzir risco de incêndio X X Assegurar mosaico de habitats Manter / melhorar ou promover manchas de montado aberto Promover a regeneração natural X X X Conservar / promover sebes, bosquetes e arbustos Conservar / recuperar povoamentos florestais autóctones X X X Promover áreas de matagal mediterrânico X X X Promover a manutenção de prados húmidos X X Impedir a introdução de espécies não autóctones / controlar as existentes Conservar / recuperar vegetação ribeirinha autóctone X X X Conservar / recuperar vegetação dos estratos herbáceo e arbustivo X X X Incrementar sustentabilidade económica de actividades com interesse para a conservação Fonte: ICNB, PSRN X X X X X X Na Tabela 12.2 comparam-se as OG apontadas para os Sítios Rio Sabor e Maçãs e Douro Internacional, podendo constatar-se que todas as OG do Sítio SM estão contidas nas OG do DI (com excepção da OG Promover a cerealicultura extensiva, que só surge no Sítio SM) e que 83% das OG do DI são também referidas para o SM. 294

295 Tabela Orientações de gestão presentes nas fichas do PSRN para os Sítios Sabor e Maçãs (SM) e Douro Internacional (DI) Agricultura e pastorícia ORIENTAÇÕES DE GESTÃO SM DI Manter práticas de pastoreio extensivas X X Adoptar práticas de pastoreio específicas X X Salvaguardar de pastoreio X X Assegurar a manutenção de usos agrícolas extensivos Condicionar a intensificação agrícola X X Condicionar a expansão do uso agrícola X X Assegurar mosaico de habitats X X Condicionar a mobilização do solo X X Condicionar queimadas Conservar / promover sebes, bosquetes e arbustos X X Promover a cerealicultura extensiva Outros condicionamentos específicos a práticas agrícolas X X Outros condicionamentos específicos a práticas agrícolas em áreas contíguas ao habitat 3130 Condicionar uso de agro-químicos / adoptar técnicas alternativas X X Condicionar uso de agro-químicos / adoptar técnicas alternativas em áreas contíguas aos habitas 3130, 3150, 3170, 3260, 3290, Chondrostoma polylepis, Emys orbicularis, Lutra lutra, Mauremys leprosa, Rutilus alburnoides, Rutilus arcasii, Unio crassus Silvicultura Adoptar práticas silvícolas específicas X X Condicionar a florestação X X Conservar / recuperar povoamentos florestais autóctones X X Conservar / recuperar vegetação dos estratos herbáceo e arbustivo X X Manter árvores mortas ou árvores mortas com cavidades Proibir a florestação X X Promover a recuperação dos zimbrais X X Promover áreas de matagal mediterrânico X X Promover a regeneração natural Reduzir risco de incêndio X X Fonte: ICNB, PSRN X X X X X X X X X Estes resultados mostram que nestes três territórios existe, de facto, uma grande proximidade no que se refere aos problemas de conservação dos valores naturais relacionados com a gestão agrícola e florestal, como se havia afirmado inicialmente. 295

296 Avaliação das áreas elegíveis às medidas relevantes de gestão agrícola e florestal e sua relação como os limites das áreas classificadas A ITI Douro Internacional actualmente em vigor no PRODER (Acção 2.4.6) prevê pagamentos agro e silvo-ambientais através das seguintes medidas ( tipo de aplicação ): Pagamentos Agro-Ambientais: 2) Ajuda à conservação da estrutura ecológica de base Área elegível: Área agrícola e agro-florestal Exclui-se o espaço florestal não arborizado com aproveitamento forrageiro. Engloba as culturas temporárias, culturas permanentes, culturas plurianuais, pastagem permanente, outras superfícies agrícolas e culturas sob coberto de espaço florestal arborizado. 4) Manutenção da rotação de sequeiro cereal-pousio Área elegível: Área de rotação de sequeiro cereal-pousio. 5) Sementeira directa Área elegível: Área de rotação de sequeiro cereal-pousio em sementeira directa. 6) Manutenção de pastagens permanentes com alto valor natural Área elegível: Área de pastagens permanentes de regadio e sequeiro com alto valor natural. Pagamentos Silvo-Ambientais: 5) Manutenção de maciços, bosquetes ou núcleos de espécies arbóreas ou arbustivas autóctones e de exemplares e formações reliquiais ou notáveis Área elegível: Área de maciços, bosquetes ou núcleos de espécies arbóreas ou arbustivas autóctones e de exemplares e formações reliquiais ou notáveis (a indicar pela ELA) 6) Manutenção de galerias ripícolas Área elegível: Área de galerias ripícolas 7) Conservação da rede de corredores ecológicos Área elegível: Área de formações inseridas dentro da rede de corredores ecológicos estabelecidos nos PROF (a indicar pela ELA) Cerca de metade das espécies alvo de aves classificadas das ZPE do Douro Internacional, Sabor e Maçãs e Vale do Côa correspondem a aves de rapina. Estas utilizam estes territórios classificados na Rede Natura 2000 essencialmente como áreas de nidificação, refúgio e dormitório (encostas escarpadas dos vales dos rios), utilizando as zonas envolventes como territórios de caça, onde preferem as áreas agrícolas de campo aberto. Neste sentido, das medidas agro-ambientais acima descritas (ITI Douro Internacional), aquela que tem maior relação directa com a conservação das aves de rapina destes 296

297 territórios refere-se sobretudo à medida de manutenção da rotação de sequeiro de cereal-pousio. Na Figura 12.2 mostra-se a localização das áreas agrícolas de campo aberto (terra arável) existentes na zona em estudo (corresponde às áreas identificadas com os códigos 211 e 212 no Corine Land Cover 2000). Como se observa, estas áreas estão praticamente ausentes nos territórios propostos para as novas ITI Rios Sabor e Maçãs e Vale do Côa, localizando-se precisamente na envolvente destas (áreas agrícolas de planalto). Figura As ITI Rios Sabor e Maçãs, Vale do Côa e Douro Internacional e sobreposição com as áreas agrícolas (terra arável) Na mesma figura pode ver-se que esta situação também ocorre na ITI do Douro Internacional, onde a maior parte da superfície elegível da medida de manutenção da 297

AS MEDIDAS AGRO-AMBIENTAIS Conciliação da Actividade Agrícola com a Conservação da Biodiversidade

AS MEDIDAS AGRO-AMBIENTAIS Conciliação da Actividade Agrícola com a Conservação da Biodiversidade AS MEDIDAS AGRO-AMBIENTAIS Conciliação da Actividade Agrícola com a Conservação da Biodiversidade ACOS João Madeira Seminário Desafios para a sustentabilidade do meio rural Mértola, 18 de Novembro de 2010

Leia mais

Manutenção da Actividade Agrícola em Zonas Desfavorecidas. Agro-Ambientais e Silvo-Ambientais

Manutenção da Actividade Agrícola em Zonas Desfavorecidas. Agro-Ambientais e Silvo-Ambientais Manutenção da Actividade Agrícola em Zonas Desfavorecidas Agro-Ambientais e Silvo-Ambientais Manutenção da Actividade Agrícola em Zonas Desfavorecidas Manutenção da Actividade Agrícola fora da Rede Natura

Leia mais

Programa de Desenvolvimento Rural do Continente para

Programa de Desenvolvimento Rural do Continente para Programa de Desenvolvimento Rural do Continente para 2014-2020 Medida 7 AGRICULTURA e RECURSOS NATURAIS Ação 7.10 SILVOAMBIENTAIS Enquadramento Regulamentar Artigo 34º - Serviços silvo ambientais e climáticos

Leia mais

nome do indicador ÁREA AGRÍCOLA E FLORESTAL COM ELEVADO VALOR NATURAL

nome do indicador ÁREA AGRÍCOLA E FLORESTAL COM ELEVADO VALOR NATURAL nome do indicador ÁREA AGRÍCOLA E FLORESTAL COM ELEVADO VALOR NATURAL unidades de medida - Área em ha - Peso das áreas agrícolas de elevado valor natural na SAU (%) - Peso da área florestal de elevado

Leia mais

PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS. Grupo Parlamentar. Projeto de Resolução n.º 552/XIII-2ª

PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS. Grupo Parlamentar. Projeto de Resolução n.º 552/XIII-2ª Projeto de Resolução n.º 552/XIII-2ª Recomenda ao Governo que se criem as condições para garantir a coexistência entre a salvaguarda dos valores naturais na ZPE Mourão/Moura/Barrancos e Sítio Moura/Barrancos,

Leia mais

Primeiro ano de aplicação do greening em Portugal

Primeiro ano de aplicação do greening em Portugal INFORMAÇÃO MARÇO 2016 Primeiro ano de aplicação do greening em Portugal Em 2015, foi o primeiro ano de aplicação da reforma da PAC, tendo sido implementado o Regime de Pagamento Base (RPB), que substituiu

Leia mais

Testes de Diagnóstico

Testes de Diagnóstico INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NA FORMAÇÃO AGRÍCOLA agrinov.ajap.pt Coordenação Técnica: Associação dos Jovens Agricultores de Portugal Coordenação Científica: Miguel de Castro Neto Instituto Superior de Estatística

Leia mais

O principal objectivo da Reforma da PAC é o de promover uma agricultura capaz de desempenhar as seguintes funções:

O principal objectivo da Reforma da PAC é o de promover uma agricultura capaz de desempenhar as seguintes funções: A Reforma da PAC de Junho de 2003 e o Futuro da Agricultura em Portugal O principal objectivo da Reforma da PAC é o de promover uma agricultura capaz de desempenhar as seguintes funções: produzir bens

Leia mais

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, DO DESENVOLVIMENTO RURAL E DAS PESCAS

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, DO DESENVOLVIMENTO RURAL E DAS PESCAS 1434-(2) Diário da República, 1.ª série N.º 47 6 de Março de 2008 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, DO DESENVOLVIMENTO RURAL E DAS PESCAS Portaria n.º 229-A/2008 de 6 de Março O Regulamento (CE) n.º 1698/2005,

Leia mais

PORTARIA N.º 36/2005

PORTARIA N.º 36/2005 PORTARIA N.º 36/2005 DR n.º 11 SÉRIE I-B, 17 de Janeiro, Ministérios da Agricultura, Pescas e Florestas e do Ambiente e do Ordenamento do Território PÁGINAS DO DR : 291 a 293 Resumo: Estabelece as regras

Leia mais

A agricultura de regadio e o desenvolvimento rural

A agricultura de regadio e o desenvolvimento rural A agricultura de regadio e o desenvolvimento rural V CONGRESSO NACIONAL DO MILHO Hotel Altis Lisboa, 14-Fev-2007 José Manuel Lima Santos Departamento de Economia Agrária e Sociologia Rural Instituto Superior

Leia mais

VII Congresso Ibérico sobre Recursos Genéticos Animais

VII Congresso Ibérico sobre Recursos Genéticos Animais VII Congresso Ibérico sobre Recursos Genéticos Animais A Pecuária em Portugal no Horizonte 2020 Francisco Avillez (Professor Emérito do ISA, UTL) Évora, 13 de Setembro de 2012 Esquema da apresentação 1.

Leia mais

Acção 7.1 Agricultura Biológica e Acção 7.2 Produção Integrada Execução relativa ao ano de 2015

Acção 7.1 Agricultura Biológica e Acção 7.2 Produção Integrada Execução relativa ao ano de 2015 Acção 7.1 Agricultura Biológica e Acção 7.2 Produção Integrada Execução relativa ao ano de 2015 Neste INFO AMBIENTE E ÁGUA faz-se uma primeira análise aos dados apresentados no Relatório de Execução Anual

Leia mais

Câmara Municipal de Vagos Dezembro de 2010

Câmara Municipal de Vagos Dezembro de 2010 Fundamentação para a Elaboração da Alteração ao Plano de Pormenor da Zona Industrial de Vagos & Justificação para a não sujeição da Alteração ao Plano de Pormenor da Zona Industrial de Vagos a Avaliação

Leia mais

Estrutura Local de Apoio Baixo Alentejo (ELA_AA) Apoio Zonal. Outras Áreas Estepárias (OAE) Regulamento Interno

Estrutura Local de Apoio Baixo Alentejo (ELA_AA) Apoio Zonal. Outras Áreas Estepárias (OAE) Regulamento Interno Regulamento Interno Estrutura Local de Apoio Alto Alentejo ELA_AA Estrutura Local de Apoio Baixo Alentejo (ELA_AA) Apoio Zonal Outras Áreas Estepárias (OAE) Regulamento Interno Considerando: O disposto

Leia mais

Relatório Breve do Workshop de 15 Fevereiro 2016

Relatório Breve do Workshop de 15 Fevereiro 2016 Relatório Breve do Workshop de 15 Fevereiro 2016 Participantes / Parceiros: Investigação e Organização: Financiadores: 9:00 9:30 Café Boas Vindas e Acolhimento 9:30 10:00 Apresentação do programa do dia

Leia mais

Nas últimas duas décadas, o nível de instrução dos agricultores e a sua idade média aumentaram

Nas últimas duas décadas, o nível de instrução dos agricultores e a sua idade média aumentaram Nas últimas duas décadas, o nível de instrução dos agricultores e a sua idade média aumentaram O Instituto Nacional de Estatística produz, desde o início dos anos 80, um vasto conjunto de estatísticas

Leia mais

FUNDO FLORESTAL PERMANENTE PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO, DA GESTÃO E DO ORDENAMENTO FLORESTAIS

FUNDO FLORESTAL PERMANENTE PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO, DA GESTÃO E DO ORDENAMENTO FLORESTAIS APOIO PARA A ELABORAÇÃO DO INVENTÁRIO DA ESTRUTURA DA PROPRIEDADE NO ÂMBITO DAS ZONAS DE (Portaria n.º 77/2015, de 16 de março, alterada pela Portaria n.º 163/2015, de 2 de junho, e Declaração de Retificação

Leia mais

Primeiros Resultados RECENSEAMENTO GERAL DA AGRICULTURA 1999

Primeiros Resultados RECENSEAMENTO GERAL DA AGRICULTURA 1999 Informação à Comunicação Social 3 de Novembro de 2 Primeiros Resultados RECENSEAMENTO GERAL DA AGRICULTURA EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS b EM MENOR NÚMERO b COM MAIOR DIMENSÃO b MELHOR EQUIPADAS b COM MENOS MÃO-DE-OBRA

Leia mais

A Agricultura e o Desenvolvimento Territorial Integrado Sistemas de Agricultura e Atractividade dos Territórios Rurais

A Agricultura e o Desenvolvimento Territorial Integrado Sistemas de Agricultura e Atractividade dos Territórios Rurais 11 Maio 2016, 1º Roteiro Visão 2020 Agricultura Portuguesa A Agricultura e o Desenvolvimento Territorial Integrado Sistemas de Agricultura e Atractividade dos Territórios Rurais Teresa Pinto Correia ICAAM,

Leia mais

PROJETO LIFE ESTEPÁRIAS

PROJETO LIFE ESTEPÁRIAS PROJETO LIFE ESTEPÁRIAS CONSERVAÇÃO DA ABETARDA, SISÃO E PENEIREIRO-DAS- TORRES NAS ESTEPES CEREALÍFERAS DO BAIXO ALENTEJO (LIFE07/NAT/P/654) PARCERIA Beneficiário Coordenador Beneficiários Associados

Leia mais

Caracterização e Enquadramento da região ZV de Elvas

Caracterização e Enquadramento da região ZV de Elvas Caracterização e Enquadramento da região ZV de Elvas Elvas 27 de novembro de 2014 Elaborado por: Nuno Correia Divisão Administrativa DRAP / Zona Vulnerável de Elvas Enquadramento Geográfico Distrito: Portalegre

Leia mais

FUNDO FLORESTAL PERMANENTE PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO, DA GESTÃO E DO ORDENAMENTO FLORESTAIS

FUNDO FLORESTAL PERMANENTE PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO, DA GESTÃO E DO ORDENAMENTO FLORESTAIS (Portaria n.º 77/2015, de 16 de março, alterada pela Portaria n.º 163/2015, de 2 de junho, retificada pela Declaração de Retificação n.º 25/2015 (DR 1.ª série, N.º 111, de 9 de junho) e Portarias n.º 42/2016,

Leia mais

1. Introdução Avaliação ex-ante como ponto de partida Principais objectivos Avaliação de natureza operacional 3

1. Introdução Avaliação ex-ante como ponto de partida Principais objectivos Avaliação de natureza operacional 3 1. Introdução 2 2. Avaliação ex-ante como ponto de partida 2 3. Principais objectivos 3 3.1. Avaliação de natureza operacional 3 3.2. Avaliação de natureza estratégica 4 4. Implementação 4 4.1. Avaliação

Leia mais

PARTE II Dinâmicas da Agricultura a Norte: Extensificação e Especialização na Diversidade

PARTE II Dinâmicas da Agricultura a Norte: Extensificação e Especialização na Diversidade QUAL O FUTURO DA AGRICULTURA PARA TRÁS OS MONTES? PARTE II Dinâmicas da Agricultura a Norte: Extensificação e Especialização na Diversidade Artur Cristóvão e Luís Tibério acristov@utad.pt; mtiberio@utad.pt

Leia mais

Encontro Técnico Blueprint- Protecção dos recursos hídricos da Europa Perspectivas para Portugal Práticas agrícolas e qualidade da água

Encontro Técnico Blueprint- Protecção dos recursos hídricos da Europa Perspectivas para Portugal Práticas agrícolas e qualidade da água Blueprint Protecção dos recursos hídricos da Europa Perspectivas para Portugal IPQ 9 Abril 2014 Encontro Técnico Blueprint- Protecção dos recursos hídricos da Europa Perspectivas para Portugal Práticas

Leia mais

SIP Sistema de Identificação Parcelar

SIP Sistema de Identificação Parcelar SIP Sistema de Identificação Parcelar O que é o Parcelário? Acesso ao isip https://isip.ifap.min-agricultura.pt/ Área Reservada do Portal (www.ifap.pt) 2 SIP Forte componente SIG de Gestão Informação em

Leia mais

Em Defesa da Biodiversidade

Em Defesa da Biodiversidade 08/03/28 PG001 Grupo Portucel Soporcel Em Defesa da Biodiversidade Paula Guimarães 1º Encontro de Empresas Business & Biodiversity Centro Cultural de Belém Lisboa, 2008.05.21 08/03/28 PG002 Agenda 1. O

Leia mais

Estrutura Local de Apoio (ELA) Alentejo Central Apoio Zonal. Outras Áreas Estepárias (OAE) Regulamento Interno

Estrutura Local de Apoio (ELA) Alentejo Central Apoio Zonal. Outras Áreas Estepárias (OAE) Regulamento Interno Regulamento Interno Estrutura Local de Apoio Alentejo Central ELA_AC Estrutura Local de Apoio (ELA) Alentejo Central Apoio Zonal Outras Áreas Estepárias (OAE) Considerando: Regulamento Interno O disposto

Leia mais

AGROGLOBAL Aplicação da reforma da PAC 1º Pilar. DATA 10/09/2014 Valada do Ribatejo

AGROGLOBAL Aplicação da reforma da PAC 1º Pilar. DATA 10/09/2014 Valada do Ribatejo AGROGLOBAL 2014 Aplicação da reforma da PAC 1º Pilar DATA 10/09/2014 Valada do Ribatejo Enquadramento 1º Pilar Notas Finais Alterações às Medidas de Mercado Decisões Nacionais Pagamentos Diretos Impactos

Leia mais

As ajudas atribuídas pelo INGA na campanha 1999/2000 totalizaram 128,8 milhões de contos abrangendo beneficiários.

As ajudas atribuídas pelo INGA na campanha 1999/2000 totalizaram 128,8 milhões de contos abrangendo beneficiários. INTRODUÇÃO Pelo terceiro ano consecutivo o INGA, através da publicação do Balanço da Campanha vem disponibilizar aos interessados um manancial de informação recolhido no desempenho das suas funções de

Leia mais

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE AGRICULTURA BIOLÓGICA

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE AGRICULTURA BIOLÓGICA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE AGRICULTURA BIOLÓGICA Desde 1985 Pela Saúde da Terra e do Homem 7300 Associados de Norte a Sul do País Projeto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida

Leia mais

5688 Diário da República, 1.ª série N.º de Dezembro de 2010

5688 Diário da República, 1.ª série N.º de Dezembro de 2010 5688 Diário da República, 1.ª série N.º 240 14 de Dezembro de 2010 conforme planta anexa à presente portaria e que dela faz parte integrante. Efeitos da sinalização A concessão referida no artigo anterior

Leia mais

Revisão da PAC pós 2013 Impacto e consequências na Agricultura Portuguesa

Revisão da PAC pós 2013 Impacto e consequências na Agricultura Portuguesa Revisão da PAC pós 2013 Impacto e Seminário O Futuro da Produção de Leite em Portugal 1 Dr. Bruno Dimas Director-Adjunto do GPP MAMAOT Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do

Leia mais

PROJETO ECO XXI Ação de Formação 14/02/2012 AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

PROJETO ECO XXI Ação de Formação 14/02/2012 AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL PROJETO ECO XXI Ação de Formação 14/02/2012 INDICADOR 20 AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL Indicador 20 Agricultura e Desenvolvimento Rural Sustentável Pontuação Total máxima 3,5 pontos (Válido

Leia mais

o Futuro da PAC pós 2013

o Futuro da PAC pós 2013 O Futuro da PAC pós 2013 Seminário A agricultura no Alentejo: Apoios Financeiros e o Futuro da PAC pós 2013 Dr. Bruno Dimas Director Adjunto Santiago do Cacém 28 Maio 2011 1 I. Desenvolvimento da negociação

Leia mais

2. Termos de referência 2.1 Área de Intervenção 2.2 Enquadramento no PDM

2. Termos de referência 2.1 Área de Intervenção 2.2 Enquadramento no PDM Janeiro 2010 Fundamentação para a Elaboração do Plano de Pormenor do Conjunto das Azenhas do Boco Termos de Referência Índice 1. Introdução 2. Termos de referência 2.1 Área de Intervenção 2.2 Enquadramento

Leia mais

Ordenamento do Espaço Rural

Ordenamento do Espaço Rural Ordenamento do Espaço Rural Ano lectivo 2005/2006 Capítulo 4 Ordenamento do Espaço Rural 1 4.1 A Política Nacional de Ordenamento do Território 2 Ordenamento do Território Assenta no sistema de gestão

Leia mais

Jornal Oficial da União Europeia L 111/5

Jornal Oficial da União Europeia L 111/5 5.5.2009 Jornal Oficial da União Europeia L 111/5 REGULAMENTO (CE) N. o 363/2009 DA COMISSÃO de 4 de Maio de 2009 que altera o Regulamento (CE) n. o 1974/2006 que estabelece normas de execução do Regulamento

Leia mais

2. Território Alvo Área delimitada pelo polígono da ZPE Castro Verde, com as alterações que vierem a ser adoptadas.

2. Território Alvo Área delimitada pelo polígono da ZPE Castro Verde, com as alterações que vierem a ser adoptadas. CONTINENTE 2007 2013 Novembro 2007 Desenvolvimento Rural 2007-2013 ACÇÃO 2.4.10 - Intervenção Territorial Integrada Castro Verde 1. Enquadramento Regulamentar Artigos: 36º alínea a), iv), vi), alínea b),

Leia mais

Parcelário (isip)

Parcelário (isip) Parcelário (isip) 14.12.2016 1. O que é o Parcelário 2. Principais Fontes de Atualização 3. Interação com outras Entidades 4. Projetos em curso 2 1. O que é o Parcelário 1.O que é o Parcelário Enquadramento

Leia mais

Pedido Único a 2009 Pedido de Apoio Medidas Agro e Silvo Ambientais a 2010

Pedido Único a 2009 Pedido de Apoio Medidas Agro e Silvo Ambientais a 2010 SÍNTESE ESTATÍSTICA CANDIDATURAS - 27 a 29 Pedido de Apoio Medidas Agro e Silvo Ambientais - 28 a 21 ÍNDICE GERAL GLOSSÁRIO DE SIGLAS... 1 NOTA INTRODUTÓRIA... 3 1. CANDIDATURAS CONTINENTE... 4 1.1. PEDIDO

Leia mais

INTERVENÇÃO TERRITORIAL INTEGRADA ZONAS DA REDE NATURA DO ALENTEJO

INTERVENÇÃO TERRITORIAL INTEGRADA ZONAS DA REDE NATURA DO ALENTEJO INTERVENÇÃO TERRITORIAL INTEGRADA ZONAS DA REDE NATURA DO ALENTEJO Para a conservação dos recursos naturais e necessário a manutenção de alguns sistemas agrícolas e florestais com eles relacionados. O

Leia mais

POSEUR CONSERVAÇÃO DA NATUREZA

POSEUR CONSERVAÇÃO DA NATUREZA SESSÃO DE ESCLARECIMENTO NO ÂMBITO DOS AVISOS DE AGOSTO DE 2015 Autoridade de Gestão do PO SEUR ICNF, I.P. 27 AGOSTO 2015 CALENDÁRIO DOS AVISOS 1º Aviso (encerrado em Junho 2015) Convite exclusivo ao ICNF

Leia mais

Convite Público. Convite nº Centro-SAU Eixo Prioritário 2 Valorização do espaço regional. Regulamento Específico Saúde

Convite Público. Convite nº Centro-SAU Eixo Prioritário 2 Valorização do espaço regional. Regulamento Específico Saúde Convite Público Eixo Prioritário 2 Valorização do espaço regional Regulamento Específico Saúde Convite nº Centro-SAU-2014-10 1 Nos termos do artigo 9º, do Regulamento Específico Saúde (adiante designado

Leia mais

Rita Calca. 1ª Sessão de trabalho 21 Novembro Castro Verde

Rita Calca. 1ª Sessão de trabalho 21 Novembro Castro Verde 1ª Sessão de trabalho 21 Novembro 2012 - Castro Verde No âmbito do Projecto Capacitação de explorações agrícolas para a certificação de sustentabilidade Apresentação: CERTIFICAÇÃO DA GESTÃO FLORESTAL FSC

Leia mais

23 Abril 2013 Fórum Municipal de Castro Verde Organização Financiamento Apoio

23 Abril 2013 Fórum Municipal de Castro Verde Organização Financiamento Apoio Iván Vazqez 23 Abril 2013 Fórum Municipal de Castro Verde Organização Financiamento Apoio Faça clique para editar o estilo Promotor Financiamento REGIÃO DO BAIXO ALENTEJO ESTEPE CEREALÍFERA OU PSEUDO-ESTEPE

Leia mais

(Atos não legislativos) REGULAMENTOS

(Atos não legislativos) REGULAMENTOS 1.8.2014 L 230/1 II (Atos não legislativos) REGULAMENTOS REGULAMENTO DE EXECUÇÃO (UE) N. o 834/2014 DA COMISSÃO de 22 de julho de 2014 que estabelece regras para a aplicação do quadro comum de acompanhamento

Leia mais

ORIENTAÇÃO TÉCNICA 1. OBJETO

ORIENTAÇÃO TÉCNICA 1. OBJETO ORIENTAÇÃO TÉCNICA 1. OBJETO Constitui objeto do presente documento de Orientação Técnica a explicitação de informações complementares relativas à atribuição do título de reconhecimento do Estatuto de

Leia mais

CÂMARA MUNICIPAL DE MONTEMOR-O-NOVO

CÂMARA MUNICIPAL DE MONTEMOR-O-NOVO CÂMARA MUNICIPAL DE MONTEMOR-O-NOVO PLANO DE INTERVENÇÃO EM ESPAÇO RURAL NO LOCAL DA REBOLA JUSTIFICAÇÃO DA NÃO SUJEIÇÃO A AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA Fevereiro de 2011 JUSTIFICAÇÃO DA NÃO SUJEIÇÃO

Leia mais

Pagamento por práticas agrícolas benéficas para o clima e o ambiente- Greening

Pagamento por práticas agrícolas benéficas para o clima e o ambiente- Greening Pagamento por práticas agrícolas benéficas para o clima e o ambiente- Greening 1 Introdução Os agricultores com direito ao Regime de Pagamento Base (RPB), têm direito ao pagamento por práticas agrícolas

Leia mais

CONGRESSO POLÍTICA AGRÍCOLA - HORIZONTE Pagamentos Diretos 1º Pilar. 26 novembro 2014 Teatro Municipal da Guarda - ACRIGUARDA

CONGRESSO POLÍTICA AGRÍCOLA - HORIZONTE Pagamentos Diretos 1º Pilar. 26 novembro 2014 Teatro Municipal da Guarda - ACRIGUARDA CONGRESSO POLÍTICA AGRÍCOLA - HORIZONTE 2020 Pagamentos Diretos 1º Pilar 26 novembro 2014 Teatro Municipal da Guarda - ACRIGUARDA 1. Enquadramento 2. Decisões Nacionais 1º Pilar 3. Impactos na Beira Interior

Leia mais

99d253777e4844c6a310725f3bf08a73

99d253777e4844c6a310725f3bf08a73 DL 169/2015 2015.03.27 Ministério d A agricultura é uma atividade muito vulnerável ao risco proveniente de acontecimentos climáticos adversos. Nesse sentido, a partilha do risco do exercício desta atividade

Leia mais

Estrutura Local de Apoio Baixo Alentejo (ELA_BA) Apoio Zonal. Castro Verde (CV) e Apoio Zonal Outras Áreas Estepárias (OAE) Regulamento Interno

Estrutura Local de Apoio Baixo Alentejo (ELA_BA) Apoio Zonal. Castro Verde (CV) e Apoio Zonal Outras Áreas Estepárias (OAE) Regulamento Interno Regulamento Interno Estrutura Local de Apoio Baixo Alentejo ELA_BA Estrutura Local de Apoio Baixo Alentejo (ELA_BA) Apoio Zonal Castro Verde (CV) e Apoio Zonal Outras Áreas Estepárias (OAE) Regulamento

Leia mais

S.R. DA AGRICULTURA E AMBIENTE Despacho Normativo n.º 13/2016 de 29 de Fevereiro de 2016

S.R. DA AGRICULTURA E AMBIENTE Despacho Normativo n.º 13/2016 de 29 de Fevereiro de 2016 S.R. DA AGRICULTURA E AMBIENTE Despacho Normativo n.º 13/2016 de 29 de Fevereiro de 2016 Considerando o Regulamento (UE) n.º 228/2013, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de março de 2013, que estabelece

Leia mais

Sessão Restrita da Secção Permanente de Estatísticas de Base Territorial para a revisão da Tipologia de Áreas Urbanas Plano de Acção

Sessão Restrita da Secção Permanente de Estatísticas de Base Territorial para a revisão da Tipologia de Áreas Urbanas Plano de Acção DOCT/2428/CSE/BT Sessão Restrita da Secção Permanente de Estatísticas de Base Territorial para a revisão da Tipologia de Áreas Urbanas Plano de Acção No âmbito das competências da Secção Permanente de

Leia mais

PLANO DE PORMENOR DA ZONA INDUSTRIAL DE SANTA COMBA DÃO Termos de Referência

PLANO DE PORMENOR DA ZONA INDUSTRIAL DE SANTA COMBA DÃO Termos de Referência PLANO DE PORMENOR DA ZONA INDUSTRIAL DE SANTA COMBA DÃO Novembro de 2007 ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO - OPORTUNIDADE DE REVISÃO DO PLANO DE PORMENOR DA ZONA INDUSTRIAL DE SANTA COMBA DÃO 2 2. ENQUADRAMENTO LEGAL

Leia mais

SISTEMAS DE INCENTIVOS

SISTEMAS DE INCENTIVOS MEDIDA 3 - VALORIZAÇÃO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA Ação 31 JOVENS AGRICULTORES Aviso Nº 06 / Ação 3.1 / 2018 Enquadramento legal Portaria n.º 31/2015, de 12 de fevereiro, alterada pela portaria nº 46/2018, de

Leia mais

Aplicação da Reforma da PAC Novas Ajudas

Aplicação da Reforma da PAC Novas Ajudas Pagamentos Diretos 1º Pilar Pagamentos directos Aplicação da Reforma da PAC Novas Ajudas DRAP Centro, de Março de 2015 Pagamentos Directos Decisões nacionais Prioridades para a aplicação dos pagamentos

Leia mais

S.R. DA AGRICULTURA E FLORESTAS Despacho Normativo n.º 11/2012 de 3 de Fevereiro de 2012

S.R. DA AGRICULTURA E FLORESTAS Despacho Normativo n.º 11/2012 de 3 de Fevereiro de 2012 S.R. DA AGRICULTURA E FLORESTAS Despacho Normativo n.º 11/2012 de 3 de Fevereiro de 2012 Considerando o Regulamento (CE) n.º 247/2006, do Conselho, de 30 de janeiro, que estabelece medidas específicas

Leia mais

Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios ÍNDICE ÍNDICE DE FIGURAS... 6 ÍNDICE DE QUADROS... 7 ÍNDICE DE GRÁFICOS...

Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios ÍNDICE ÍNDICE DE FIGURAS... 6 ÍNDICE DE QUADROS... 7 ÍNDICE DE GRÁFICOS... ÍNDICE ÍNDICE DE FIGURAS... 6 ÍNDICE DE QUADROS... 7 ÍNDICE DE GRÁFICOS... 10 LISTA DE ABREVIATURAS... 12 REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS... 14 CADERNO I PLANO DE ACÇÃO... 19 1. ENQUADRAMENTO DO PLANO NO ÂMBITO

Leia mais

AVISO DE ABERTURA DE CONCURSO

AVISO DE ABERTURA DE CONCURSO AVISO DE ABERTURA DE CONCURSO Eixo Prioritário 4 Protecção e Valorização Ambiental ACÇÕES DE VALORIZAÇÃO E QUALIFICAÇÃO AMBIENTAL Centro-VQA-2009-13-BM-13 1 Nos termos do Regulamento Específico Acções

Leia mais

Cenários da evolução futura da agricultura em Portugal

Cenários da evolução futura da agricultura em Portugal Congresso Estratégias para as novas agriculturas Cenários da evolução futura da agricultura em Portugal Francisco Avillez (Professor Emérito do ISA/UTL e Coordenador Científico da AGROGES) Lisboa, 5 de

Leia mais

EIXO 4 QUALIFICAÇÃO AMBIENTAL E VALORIZAÇÃO DO ESPAÇO RURAL AVISO DE ABERTURA DE CONCURSO N.º 3

EIXO 4 QUALIFICAÇÃO AMBIENTAL E VALORIZAÇÃO DO ESPAÇO RURAL AVISO DE ABERTURA DE CONCURSO N.º 3 EIXO 4 QUALIFICAÇÃO AMBIENTAL E VALORIZAÇÃO DO ESPAÇO RURAL REGULAMENTO ESPECÍFICO: ACÇÕES DE VALORIZAÇÃO DO LITORAL AVISO DE ABERTURA DE CONCURSO N.º 3 Nos termos do regulamento específico Acções de Valorização

Leia mais

FUNDO FLORESTAL PERMANENTE DEFESA DA FLORESTA CONTRA INCÊNDIOS ANÚNCIO DE ABERTURA DE PROCEDIMENTO CONCURSAL N.º 03/0127/2018

FUNDO FLORESTAL PERMANENTE DEFESA DA FLORESTA CONTRA INCÊNDIOS ANÚNCIO DE ABERTURA DE PROCEDIMENTO CONCURSAL N.º 03/0127/2018 FUNDO FLORESTAL PERMANENTE DEFESA DA FLORESTA CONTRA INCÊNDIOS ANÚNCIO DE ABERTURA DE PROCEDIMENTO CONCURSAL N.º 03/0127/2018 REALIZAÇÃO DE GESTÃO DE COMBUSTÍVEL COM RECURSO A PASTORÍCIA - PREVENÇÃO DOS

Leia mais

Programa de Desenvolvimento Rural

Programa de Desenvolvimento Rural SEMINÁRIO INOVAÇÃO NA AGRICULTURA, AGRO-INDÚSTRIA E FLORESTA Políticas e medidas de apoio à investigação e inovação nos sectores agrícola, agroindustrial e florestal Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020

Leia mais

ÍNDICE. Av. República, 412, Cascais Tel Fax

ÍNDICE. Av. República, 412, Cascais Tel Fax Anexo 1 Informação de base e conceitos utilizados na definição das categorias de viabilidade das explorações agrícolas adoptadas no âmbito da construção dos cenários para os sectores da produção vegetal

Leia mais

LIFE Food & Biodiversity: critérios efetivos de biodiversidade para selos e rótulos do sector alimentar

LIFE Food & Biodiversity: critérios efetivos de biodiversidade para selos e rótulos do sector alimentar LIFE Food & Biodiversity: critérios efetivos de biodiversidade para selos e rótulos do sector alimentar Carlos MGL Teixeira, Nuno Sarmento Maretec/IST OVIBEJA, Beja, 27 de Abril de 2018 O projecto LIFE

Leia mais

Seminário Impacto do Regime de Pagamento Base na Política Agrícola Comum Organização CAP

Seminário Impacto do Regime de Pagamento Base na Política Agrícola Comum Organização CAP Seminário Impacto do Regime de Pagamento Base na Política Agrícola Comum Organização CAP Bruno Dimas - GPP FNA, Santarém, 5 de junho 2018 Impacto do RPB na Política Agrícola Comum 1. ENQUADRAMENTO REGULAMENTAR

Leia mais

Estrutura Local de Apoio Costa Sudoeste (ELA_CSW) Apoio Zonal. Outras Áreas Estepárias (OAE) Regulamento Interno

Estrutura Local de Apoio Costa Sudoeste (ELA_CSW) Apoio Zonal. Outras Áreas Estepárias (OAE) Regulamento Interno Regulamento Interno Estrutura Local de Apoio Costa Sudoeste ELA_CSW Estrutura Local de Apoio Costa Sudoeste (ELA_CSW) Apoio Zonal Outras Áreas Estepárias (OAE) Regulamento Interno Considerando: O disposto

Leia mais

Jornal Oficial da União Europeia L 314/39

Jornal Oficial da União Europeia L 314/39 15.11.2006 Jornal Oficial da União Europeia L 314/39 DECISÃO DA COMISSÃO de 14 de Novembro de 2006 relativa a requisitos mínimos para a recolha de informação durante as inspecções de locais de produção

Leia mais

Política Agrícola Comum

Política Agrícola Comum Workshop Conservação e restauro de habitats prioritários de montanha e biodiversidade associada Política Agrícola Comum 2014-2020 Pagamento Greening Medidas Agroambientais nos Prados e Pastagens Eng.º

Leia mais

Dia de Campo sobre Olival Tradicional

Dia de Campo sobre Olival Tradicional Dia de Campo sobre Olival Tradicional Vila Verde de Ficalho, 23 de setembro de 2014 José Francisco Ferragolo da Veiga jfveiga@drapal.min-agricultura.pt DRAP Alentejo Direção Regional de Agricultura e Pescas

Leia mais

A - MEMÓRIA DESCRITIVA TIPO

A - MEMÓRIA DESCRITIVA TIPO A - MEMÓRIA DESCRITIVA TIPO 1. DESIGNAÇÃO DA OPERAÇÃO Neste ponto deverá ser definida, de forma clara e tão concisa quanto possível a designação da operação (até 20 palavras A designação da operação funcionará

Leia mais

ENAAC - Grupo Sectorial Agricultura, Floresta e Pescas. Estratégia de Adaptação da Agricultura e das Florestas às Alterações Climáticas

ENAAC - Grupo Sectorial Agricultura, Floresta e Pescas. Estratégia de Adaptação da Agricultura e das Florestas às Alterações Climáticas ENAAC - Grupo Sectorial Agricultura, Floresta e Pescas Estratégia de Adaptação da Agricultura e das Florestas às Alterações Climáticas 1 Estratégia de Adaptação da Agricultura e das Florestas às Alterações

Leia mais

C ARTA C IRCULAR N.º 07/2009

C ARTA C IRCULAR N.º 07/2009 CONSELHO DIRECTIVO DATA DE EMISSÃO: 08-06-2009 ENTRADA EM VIGOR: 01-04-2009 Âmbito: Linha de Crédito para Apoio às Empresas de Produção, Transformação e Comercialização de Produtos Agrícolas, Pecuários

Leia mais

Análise sumária da evolução das características estruturais das explorações agrícolas Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas (IEEA) 2016

Análise sumária da evolução das características estruturais das explorações agrícolas Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas (IEEA) 2016 Análise sumária da evolução das características estruturais das explorações agrícolas Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas (IEEA) 2016 A disponibilização pelo INE dos resultados do Inquérito

Leia mais

Plano de Gestão Plurianual Intervenção Territorial Integrada Peneda-Gerês

Plano de Gestão Plurianual Intervenção Territorial Integrada Peneda-Gerês G1 Plano de Gestão Plurianual Intervenção Territorial Integrada Peneda-Gerês O Plano de Gestão aplica-se a todos os beneficiários Baldio do apoio agro-ambiental Gestão do pastoreio em áreas de Baldio e

Leia mais

PROGRAMA OPERACIONAL SUSTENTABILIDADE E EFICIÊNCIA NO USO DE RECURSOS RESUMO PARA OS CIDADÃOS

PROGRAMA OPERACIONAL SUSTENTABILIDADE E EFICIÊNCIA NO USO DE RECURSOS RESUMO PARA OS CIDADÃOS PROGRAMA OPERACIONAL SUSTENTABILIDADE E EFICIÊNCIA NO USO DE RECURSOS 2014-2020 [RELATÓRIO DE EXECUÇÃO ANUAL DE 2017 DO PO SEUR] RESUMO PARA OS CIDADÃOS ÍNDICE 1. Objetivos Estratégicos, Eixos Prioritários

Leia mais

COMISSÃO MINISTERIAL DE COORDENAÇÃO DO PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

COMISSÃO MINISTERIAL DE COORDENAÇÃO DO PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO Despacho Considerando que os regulamentos específicos do Programa Operacional Potencial Humano (POPH) são aprovados pela respectiva Comissão Ministerial de Coordenação, nos termos do n.º 5 do artigo 30º

Leia mais

A Política Agrícola Comum pós 2013

A Política Agrícola Comum pós 2013 PAC pós 2013 A Política Agrícola Comum pós 2013 Possíveis Cenários em Portugal Bruno Dimas Diretor Adjunto do GPP AGRO 2012 Auditório do Parque de Exposições de Braga 23 Março 2012 1 PAC pós 2013 I. Ponto

Leia mais

QUERCUS- ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA. Relatório de avaliação da implementação da Directiva Quadro da Água

QUERCUS- ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA. Relatório de avaliação da implementação da Directiva Quadro da Água QUERCUS- ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA Janeiro de 2016 Índice Enquadramento... 3 Resultados do de planeamento... 3 RH1... 4 RH2... 4 RH3... 5 RH4... 6 RH5... 6 RH7... 8 RH8... 8 Panorama

Leia mais

Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de Agosto R E N

Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de Agosto R E N Condições para a viabilização usos e acções referi nos n.ºs 2 e 3 do artigo 20º do Decreto- Lei n.º 166/2008, de 22 de Agosto, sujeitas a parecer prévio da DRA. Demonstração do cumprimento requisitos respectivamente

Leia mais

AVISO PARA SUBMISSÃO DE CANDIDATURAS EM REGIME DE BALCÃO PERMANENTE COMUNIDADE INTERMUNICIPAL PINHAL INTERIOR NORTE

AVISO PARA SUBMISSÃO DE CANDIDATURAS EM REGIME DE BALCÃO PERMANENTE COMUNIDADE INTERMUNICIPAL PINHAL INTERIOR NORTE AVISO PARA SUBMISSÃO DE CANDIDATURAS EM REGIME DE BALCÃO PERMANENTE COMUNIDADE INTERMUNICIPAL PINHAL INTERIOR NORTE O presente Aviso para Submissão de Candidaturas é definido nos seguintes termos: 1. Âmbito

Leia mais

b) Planta de implantação do Plano de Pormenor da UNOP 8 de Tróia (desenho n.º 1 dos elementos de constituição do PP)

b) Planta de implantação do Plano de Pormenor da UNOP 8 de Tróia (desenho n.º 1 dos elementos de constituição do PP) O presente relatório diz respeito à Proposta de Alteração da Delimitação da Reserva Ecológica Nacional (REN) na área de intervenção do Plano de Pormenor da UNOP 8 de Tróia (adiante designado por PP), no

Leia mais

Rede de Informação de Contabilidade Agrícola RICA / FADN

Rede de Informação de Contabilidade Agrícola RICA / FADN Rede de Informação de Contabilidade Agrícola RICA / FADN Lisboa 27-11-2015 Índice Parte I Parte II Apresentação RICA Utilização da informação RICA 2 Base Legal Criada em 1965 pelo Reg. (CE) 79/65 Revogado

Leia mais

Intervenções Territoriais Integradas

Intervenções Territoriais Integradas Intervenções Territoriais Integradas PG MN DV DI PG - Peneda-Gerês MN - Montesinho-Nogueira DI - Douro Internacional DV - Douro Vinhateiro SE - Serra da Estrela TI - Tejo Internacional AC - Aire e Candeeiros

Leia mais

PDR Jovens Agricultores Investimentos na Exploração Agrícola

PDR Jovens Agricultores Investimentos na Exploração Agrícola PDR 2014-2020 Jovens Agricultores + 3.2 - Investimentos na Exploração Agrícola PSZ CONSULTING 2015 Índice Índice... 1 1 Prémio aos Jovens Agricultores... 2 1.1 Enquadramento... 2 1.2 Beneficiários... 2

Leia mais

Monitorização dos resultados de remoção de invasoras

Monitorização dos resultados de remoção de invasoras Monitorização dos resultados de remoção de invasoras Relatório de monitorização do Projecto LIFE Biodiscoveries (LIFE13 BIO/PT/000386) 1. Enquadramento: A monitorização dos resultados de remoção de invasoras

Leia mais

Avaliação Ambiental de Planos Municipais de Ordenamento do Território a integração da agenda ambiental e da sustentabilidade no planeamento local

Avaliação Ambiental de Planos Municipais de Ordenamento do Território a integração da agenda ambiental e da sustentabilidade no planeamento local Avaliação Ambiental de Planos Municipais de Ordenamento do Território a integração da agenda ambiental e da sustentabilidade no planeamento local JOÃO CABRAL FAUTL 2011 A integração da agenda ambiental

Leia mais

JUSTIFICAÇÃO PARA A NÃO SUJEIÇÃO DO PLANO DE PORMENOR DE SALVAGUARDA DO CENTRO HISTÓRICO DE SINES A AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA

JUSTIFICAÇÃO PARA A NÃO SUJEIÇÃO DO PLANO DE PORMENOR DE SALVAGUARDA DO CENTRO HISTÓRICO DE SINES A AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA JUSTIFICAÇÃO PARA A NÃO SUJEIÇÃO DO PLANO DE PORMENOR DE SALVAGUARDA DO CENTRO HISTÓRICO DE SINES A AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA CÂMARA MUNICIPAL DE SINES DEPARTAMENTO DE AMBIENTE, PLANEAMENTO E URBANISMO

Leia mais

Relatório Anual de Actividades 2008

Relatório Anual de Actividades 2008 Relatório Anual de Actividades 2008 DIVISÃO DE CONTROLO 07-03-2009 DIRECÇÃO REGIONAL DE AGRICULTURA E PESCAS DO NORTE LUÍS SOBRAL DIAS Índice... 3 Resumo... 3 Alinhamento estratégico dos objectivos...

Leia mais

Monitorização e Reporte (M&R) Objectivos, Processo e Metas

Monitorização e Reporte (M&R) Objectivos, Processo e Metas Monitorização e Reporte (M&R) Objectivos, Processo e Metas Alexandra Fonseca, Ana Luisa Gomes, Ana Sofia Santos, Danilo Furtado, Henrique Silva, Rui Reis Instituto Geográfico Português Tópicos Objectivos

Leia mais

projecto LIFE Lince Press-Kit Moura/Barrancos Contactos Coordenação e Equipa técnica

projecto LIFE Lince Press-Kit Moura/Barrancos Contactos  Coordenação e Equipa técnica projecto LIFE Lince Moura/Barrancos http://projectos.lpn.pt/lifelince Contactos Coordenação e Equipa técnica E mail programa.lince@lpn.pt Website projectos.lpn.pt/lifelince Press-Kit Liga para a Protecção

Leia mais

3.1 - Jovens Agricultores Investimentos na Exploração Agrícola PSZ CONSULTING

3.1 - Jovens Agricultores Investimentos na Exploração Agrícola PSZ CONSULTING PDR 2014-2020 3.1 - Jovens Agricultores + 3.2 - Investimentos na Exploração Agrícola PSZ CONSULTING Índice Índice... 1 1 Prémio aos Jovens Agricultores... 2 1.1 Enquadramento... 2 1.2 Beneficiários...

Leia mais

CADEIAS CURTAS E MERCADOS LOCAIS

CADEIAS CURTAS E MERCADOS LOCAIS Este documento não dispensa a consulta de todos os normativos regulamentares que estão subjacentes à respetiva tipologia de apoio. V02_Janeiro 2019 ÍNDICE 1. Enquadramento... 3 2. Regulamentação... 3 3.

Leia mais

BOLETIM INFORMATIVO Nº 1

BOLETIM INFORMATIVO Nº 1 BOLETIM INFORMATIVO Nº 1 Nota de abertura: O Programa de Desenvolvimento Rural constitui, a par com o primeiro Pilar da PAC, um dos principais instrumentos de política de apoio ao complexo agroflorestal,

Leia mais

1. Introdução Enquadramento legal Base de Dados Georreferenciada para o Litoral da RAA Análise dos usos e atividades...

1. Introdução Enquadramento legal Base de Dados Georreferenciada para o Litoral da RAA Análise dos usos e atividades... 1 Índice 1. Introdução... 5 2. Enquadramento legal... 7 3. Base de Dados Georreferenciada para o Litoral da RAA... 9 4. Análise dos usos e atividades... 11 5. Notas conclusivas... 19 6. Anexos... 21 3

Leia mais

Licenciamento de instalações de armazenamento de GPL GUIA DE PROCEDIMENTOS

Licenciamento de instalações de armazenamento de GPL GUIA DE PROCEDIMENTOS Licenciamento de instalações de armazenamento de GPL GUIA DE PROCEDIMENTOS (de acordo com Decreto-Lei nº195/2008 e Portarias nº 1188/2003 e nº 1515/2007) Introdução Por força do Programa de Simplificação

Leia mais