Valores, Classes e Bem-estar Subjectivo. João Ferreira de Almeida Rui Brites
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1 alores, Classes e Bem-estar Subjectivo João Ferreira de Almeida Rui Brites
2 alores Humanos Os valores possuem uma estrutura hierárquica e expressam metas motivacionais que se diferenciam, precisamente, pelas metas que expressam *. A tipologia de valores usado no ESS, que tem como base o Inventário de alores Humanos proposto por Schwartz, contempla vinte e um indicadores constitutivos de dez tipos de valores motivacionais básicos «transituacionais» agrupados em quatro valores de ordem mais elevada que se diferenciam entre si pelas metas e interesses que perseguem. O esquema seguinte resume a tipologia: *Schwartz, S. H. (1992), Universals in the content and structure of values: Theoretical advances and empirical tests in 20 countries, em M. Zanna (org.), Advances in Experimental Social Psychology, ol. 25, Orlando, Academic: 1-65.
3 A relação entre os valores é dinâmica e pode ser sumarizada através de dimensões ortogonais: autopromoção vs. autotranscendência e abertura à mudança vs. conservação. A figura seguinte mostra essa relação:
4 Tipologia dos alores Humanos de Schwartz*, usada no European Social Survey Abertura à mudança Estimulação (ida excitante) Autodeterminação - (Criatividade, Liberdade) Universalismo (Justiça social, Igualdade) Autotranscendência Benevolência (Ajudar os outros) Hedonismo (Prazer) Realização (Sucesso, Ambição) Conformismo (Obediência) Tradição (Humildade, Devoção) Autopromoção Poder (Autoridade, Riqueza) Segurança (Ordem social) Conservação * cfr. Shalom H. Schwartz: Universal in the content and structure of values: Theoretical Advances and Empirical Tests in 20 countries, in Zanna, M (1992) (ed.) Advances in Experimental Social Psychology. ol. 25. California, Academic Press.
5 Fonte: ESS, round 4, 2008 Prioridade dos alores Humanos na, por país
6 Prioridade dos alores Humanos de ordem mais elevada na, por país + 1,0 identificação 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 Média -0,1-0,2-0,3-0,4-0,5-0,6-0,7-0,8-0,9-1,0 --1,1 identificação (médias centradas individualmente) Noruega Suécia Finlândia Dinamarca R.Unido Alemanha França Bélgica Suíça Holanda Hungria Polónia Eslovénia Eslováquia Estónia Bulgária Espanha Total Autotranscendência Autopromoção Conservação Abertura à mudança Fonte: ESS, round 4, 2008
7 [Abertura à mudança Conservação] vs. [Autotranscendência Autopromoção] na Autotranscendência menos Autopromoção + Autotranscendência + Autopromoção 1,80 1,68 1,56 1,44 1,32 1,20 1,08 0,96 0,84 0,72 Fonte: ESS, round 4, 2008 Media Bulgária Polónia Eslováquia Espanha Estónia Hungria -0,84-0,72-0,60-0,48-0,36-0,24-0,12 0,00 0,12 0,24 Abertura à mudança menos Conservação Finlândia R. Unido Alemanha Bélgica Noruega Media Eslovénia França Dinamarca Suécia Suíça Holanda r=0,492; p<0,001 + Conservação + Abertura à mudança
8 Classes Sociais A tipologia de classes sociais que usamos é baseada na que tem sido desenvolvida por Ferreira de Almeida, Firmino da Costa e F. Luís Machado, que toma em consideração indicadores socioprofissionais também disponíveis no ESS, como a profissão e a situação na profissão, e sócioeducacionais, como os níveis de escolaridade. Com base nesses indicadores foram criadas seis categorias: - Empresários e dirigentes; - Profissionais liberais; - Profissionais técnicos e de enquadramento; - Trabalhadores independentes; - Empregados executantes; - Operários. A figura seguinte, que agrupa os dados dos rounds 1 a 4 do ESS (2002 a 2008), mostra a distribuição das classes na :
9 100 Classes Sociais na (percentagens) ,1 19,2 24,3 21,0 17,9 13,7 22,2 23,8 16,9 20,0 33,1 40,3 32,6 30,0 33,6 23, ,1 32,8 28,1 29,7 39,1 30,8 28,6 29,8 29,3 31,5 30, ,3 3,8 7,3 33,1 32,9 27,1 2,0 2,8 2,9 9,2 8,5 10,4 2,4 2,0 4,9 35,2 31,4 20,2 3,0 4,0 3,2 12,9 14,0 14,7 5,3 4,0 3,1 28,9 32,6 29,5 5,0 3,6 4,3 11,3 10,1 11,6 2,0 34,5 4,0 7,9 23,5 13,0 16,5 1,5 12,4 26,6 32,1 35,3 29,3 3,2 8,5 4,4 8,8 27,2 17,7 17,2 12,9 1,3 2,0 3,7 2,6 7,5 8,4 8,1 6,9 5,1 26,6 3,1 10,5 Noruega Suécia Finlândia Dinamarca R.Unido Holanda Bélgica Alemanha Suíça França Polónia Hungria Eslovénia Espanha Total Empresários e Dirigentes Profissionais técnicos e de enquadramento Empregados 9 Executantes Fonte: ESS, base acumulada, Profissionais Liberais Trabalhadores independentes Operários
10 Prioridade dos alores Humanos de ordem mais elevada na, por classe social + 0,8identificação 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 Média 0,0-0,1-0,2-0,3-0,4-0,5-0,6-0,7 (médias centradas individualmente) -0,8 - identificação Empresários e Dirigentes Fonte: ESS, round 4, 2008 Profissionais Liberais Profissionais técnicos e de enquadramento Trabalhadores independentes Empregados Executantes Autotranscendência Autopromoção Conservação Abertura à mudança Operários
11 [Abertura à mudança Conservação] vs. [Autotranscendência Autopromoção] na, por classe social Autotranscendência menos Autopromoção + Autotranscendência + Autopromoção 1,48 1,44 1,40 1,36 1,32 1,28 1,24 1,20 1,16 Trabalhadores Independentes Media Operários Empregados Executantes Profissionais Técnicos e de Enquadramento Profissionais Liberais Empresários e Dirigentes -0,50-0,40-0,30-0,20-0,10 0,00 0,10 0,20 + Conservação Media + Abertura à mudança Abertura à mudança menos Conservação Fonte: ESS, round 4, 2008
12 ,4 15,2 61,4 21,0 Bem-estar económico na e em, por classe social 1,4 7,4 38,1 53,1 2,7 20,5 68,6 8,2 2,4 10,0 44,8 42,9 1,0 10,2 63,8 25,0 1,3 7,3 41,9 49,5 12,6 31,8 50,3 5,3 4,5 20,1 51,2 24,2 11,1 31,5 52,5 4,9 4,3 16,8 48,6 30,4 17,4 34,5 45,7 2,4 6,3 20,7 49,9 23,1 (percentagens) 11,2 28,4 52,5 7,9 3,6 14,1 46,0 36,2 Empresários e Dirigentes Profissionais Liberais Profissionais técnicos e de enquadramento Trabalhadores independentes Empregados Executantes Operários Total O rendimento actual permite viver confortavelmente O rendimento actual dá para viver É difícil viver com o rendimento actual 12 Fonte: ESS, base acumulada, É muito difícil viver com o rendimento actual
13 Dificuldade em tomar posições políticas em e na, por classe social 3,2 1,5 25,1 34,5 27,3 9,9 9,8 38,5 30,9 17,5 3,2 24,0 28,3 31,0 15,2 9,4 34,9 31,2 20,0 4,5 8,0 29,4 31,9 26,8 3,9 6,7 32,5 35,1 22,4 3,3 2,3 3,2 1,7 4,6 4,1 5,0 3,2 13,5 30,7 35,0 18,4 23,0 33,2 29,1 10,0 16,6 28,6 35,5 16,2 21,7 34,1 31,4 8,6 13,8 24,2 41,0 19,3 23,3 33,2 29,2 9,3 (percentagens médias) 17,8 28,1 35,5 15,4 5,8 27,2 33,7 26,5 6,7 Empresários e Dirigentes Profissionais Liberais Prof.Técnicos e enquadramento Trabalhadores independentes Empregados Executantes Operários Total É muito difícil É difícil Nem é difícil nem é fácil É fácil É muito fácil 13 Fonte: ESS, base acumulada,
14 Bem-estar subjectivo A felicidade e a satisfação com a vida são duas das principais dimensões do Bem-estar subjectivo. O ESS contempla a recolha de informação no seu módulo permanente, através das seguintes questões: B24: Tudo somado, qual é o seu grau de satisfação com a vida em geral? C1: Considerando todos os aspectos da sua vida, qual o grau de felicidade que sente? O índice sintético de Bem-estar subjectivo* sintetiza estas duas dimensões e permite fazer comparações entre países e grupos sociais. *er nota metodológica sobre a sua construção.
15 B24: Tudo somado, qual é o seu grau de satisfação com a vida em geral? 9,0 8,5 8,0 7,5 7,0 6,5 6,0 5,5 5,0 4,5 4,0 C1: Considerando todos os aspectos da sua vida, qual o grau de felicidade que sente? (médias na ) (médias) Noruega Suécia Finlândia Dinamarca R. Unido Alemanha França Bélgica Suíça Holanda Hungria Escala: 0=extremamente insatisfeito/infeliz; 10=extremamente satisfeito/feliz Polónia Eslovénia Eslováquia Estónia Bulgária Espanha Total Satisfação com a vida em geral Grau de felicidade que sente Centro da escala Fonte: ESS, round 4, 2008
16 Índice de Bem-estar subjectivo* na, por país Dinamarca Finlândia Suíça Noruega Suécia Holanda Espanha Bélgica R. Unido Alemanha Eslovénia Polónia França Eslováquia Estónia Hungria Bulgária -1,25-1,00 -,75 -,50 -,25,00,25,50,75 1,00 Fonte: ESS, round 4, 2008 (médias dos valores estandardizados ) média *Felicidade + Satisfação com a vida. ariância explicada: 86,1%; Alpha de Cronbach=0,83. alor de referência: 0=média
17 Fonte: ESS, round 4, 2008 Bem-estar subjectivo na
18 Índice de Bem-estar subjectivo* na e, por classe social Em presários e Dirigentes Profissionais Liberais Profissionais técnicos e de enquadram ento Trabalhadores independentes Em pregados Executantes Operários média Fonte: ESS, round 4, ,60 -,50 -,40 -,30 -,20 -,10,00,10,20,30
19 * p< 0,05; ** p<0,001 Predictores do Bem-estar subjectivo (Regressão linear múltipla)
20 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00-0,05-0,10-0,15-0,20-0,25 Predictores do Bem-estar subjectivo na e em (Regressão linear múltipla: Modelo 5, Betas significativos) (Betas - valores estandardizados) : R 2 aj =0,37 : R 2 aj =0,23 Benevolência Universalismo Autodeterminação Hedonismo Realização Poder Segurança Conformismo Tradição Satisfação com a economia Satisfação com a Democracia Avaliação do estado da Educação Satisfação com os Serviços de Saúde Autoposicionamento político Grau de religiosidade Permite viver confortavelmente É difícil viver (a) É muito difícil viver (a) ive com cônjuge/ companheiro (a) Operário (a) (a) Dummy alores Transituacionais Satisfação política Posição política e Religião Rendimento subjectivo do agregado
21 Apêndice
22 Nota metodológica: Índice sintético de Bem-estar subjectivo Nas ciências sociais muitos conceitos são medidos através de indicadores múltiplos (Saris)*. Na sua construção devem ser tidos em conta os seguintes critérios: (1) os itens devem ser avaliados sobre a qualidade e, nas comparações entre países, terá de ser assegurada a sua equivalência** (2) os pesos devem ser escolhidos para o cálculo dos scores compostos, e (3) a qualidade dos scores compostos tem de ser determinada. Assim, o índice sintético de Bem-estar subjectivo foi construído com o recurso a uma Análise de Componentes Principais com uma só componente, cujos scores estandardizados ponderam estatisticamente as respostas dos inquiridos. *Cfr. Saris, W. consultado em 02/11/2010. ** Através da tradução, retroversão e sua análise por peritos.
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