PRIMEIRO REGISTRO DE CRYPTOSPORIDIUM SP. EM CHINCHILLA LANIGERA NO BRASIL FIRST REPORT OF CRYPTOSPORIDIUM SP. IN CHINCHILLA LANIGERA IN BRAZIL RESUMO

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Regina Mendes Belmonte
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1 PRIMEIRO REGISTRO DE CRYPTOSPORIDIUM SP. EM CHINCHILLA LANIGERA NO BRASIL FIRST REPORT OF CRYPTOSPORIDIUM SP. IN CHINCHILLA LANIGERA IN BRAZIL Jaqueline Gaspary Alves 1, Aleksandro Schafer da Silva¹, Silvia Gonzalez Monteiro 2 RESUMO O presente trabalho visou relatar a ocorrência de Cryptosporidium sp. em Chinchilla lanigera em um criatório no município de Itaara, RS, Brasil. Foram analisadas 60 amostras de fezes pelo método de centrífugo-flutuação com sulfato de zinco. Os exames mostraram oocistos de Cryptosporidium sp. em seis (10%) amostras fecais de chinchilas, em infecções concomitantes com o gênero Giardia sp. Palavras - chave - Cryptosporidium, Chinchilla, parasitismo. ABSTRACT The present work has aimed at reporting the occurrence of Cryptosporidium sp. in Chinchilla lanigera in a creation house in the municipal district of Itaara, RS, Brazil. Sixty samples of feces have been analyzed by the centrifuge-flotation with zinc sulfate method. The tests have shown oocists of Cryptosporidium sp. in six (10%) fecal samples of chinchillas in concomitant infections with the gender Giardia sp. Key words - Cryptosporidium, Chinchilla, Parasitism. Apicomplexa, sendo todas as espécies INTRODUÇÃO conhecidas, parasita intracelular obrigatório O Cryptosporidium é um com a peculiaridade de ser protozoário de distribuição cosmopolita extracitoplasmático (MACKENZIE et al., sendo encontrado em ampla variedade de 1995), sendo capazes de infectar as espécies animais (CORDEL & ADDIS, microvilosidades das células do epitélio 1994). Esse gênero é classificado como um intestinal e/ou a árvores brônquica de mais eucarionte pertencente ao filo de 150 espécies de vertebrados (FAYER et 1 Acadêmico, Medicina Veterinária, UFSM, Santa Maria, RS, Brasil. 2 Prof. Adj. Dpto de Microbiologia e Parasitologia, CCS, UFSM, sgmonteiro@uol.com.br,

2 187 Primeiro registro de... al., 2000). A criptosporidiose é uma zoonose que causa diarréia autolimitante e de curso benigno em indivíduos imunocompetentes, entretanto, em hospedeiros imunocomprometidos a diarréia prolongada é severa e pode levar à desidratação e à síndrome da má-absorção (BARALDI et al., 1999; SAUDA et al., 1993). O modo de transmissão dos oocistos do protozoário é diverso, sendo possível a contaminação de pessoa para pessoa, animal-homem, homem-animal, animalanimal ou através da ingestão de água contaminada pelos oocistos (BAKER et al., 1998; MACKENZIE et al., 1995) e alimentos (MILLARD et al., 1994; PETERSON, 1995). O coccídeo é resistente à maioria dos produtos químicos utilizados no tratamento da água, e é também bastante resistente a dessecação e ao congelamento (CORDEL & ADDIS, 1994). O presente trabalho visou relatar a ocorrência de Cryptosporidium sp. em Chinchilla lanigera em um criatório no município de Itaara RS, Brasil. MATERIAL E MÉTODOS Foram coletadas 60 amostras de fezes aleatórias de um criatório de chinchilas que possuía 2100 animais, no município de Itaara estado do Rio Grande do Sul. As amostras foram coletadas em saquinhos plásticos descartáveis e acondicionadas em caixa de isopor com gelo. No Laboratório de Parasitologia Veterinária na Universidade Federal de Santa Maria, as amostras foram analisadas pelo método de centrífugo-flutuação com sulfato de zinco (Técnica de Faust e cols, 1939). O grau de infecção parasitária foi classificado pelo número de oocistos do protozoário nas fezes, sendo considerada altíssima infecção quando a número de oocistos foi superior a 300 por lâmina de fezes analisada (PINTO et al., 1994). Os protozoários foram identificados segundo HENRIKSEN & POHLENZ (1981) e REY (2001). RESULTADO E DISCUSSÃO Com base nos resultados observouse oocistos de Cryptosporidium sp. em seis (10%) amostras fecais de chinchilas em infecções concomitantes com o gênero Giardia sp., sendo que os dois parasitas encontravam-se em altíssima infecção (Figura 1). O parasitismo por este protozoário em chinchilas foi relatado por YAMINI & RAJU (1986) ocasionando gastroenterite nos animais do estado de Michigan nos Estados Unidos. No entanto, GURGEL et al. (2005) pesquisando protozoários dos gêneros Cryptosporidium sp., Giardia sp. e Eimeria sp. em criatórios de chinchilas no Rio Grande do Sul, não

A criptosporidiose observada neste estudo, já foi relatada em outras espécies de roedores, sendo que REHG et al.

3 Alves, J.G. et al. 188 encontraram oocistos de Cryptosporidium sp. e Eimeria sp., mas em 8 % dos animais analisados verificaram cistos de Giardia sp.. Figura 1 - Protozoários identificados nas fezes das chinchilas em 400 vezes de aumento: oocisto de Cryptosporidium sp. (A) e cisto de Giardia sp. (B). A criptosporidiose observada neste estudo, já foi relatada em outras espécies de roedores, sendo que REHG et al. (1979) observaram Cryptosporidium cuniculus na luz intestinal de dois coelhos aparentemente saudáveis e AYDIN & OZKUL (1996) em infecções experimentais evidenciaram que Cryptosporidium obtido de camundongos infectam outros animais (cães, porquinho da índia, coelhos e ovelhas), porém sem produzir sinais clínicos. Conforme BIANCIADI et al. (2004) cães e gatos podem servir como reservatórios de Cryptosporidium e sofrerem da doença em casos de baixa na imunidade. LALLO & BONDAN (2006) relataram a prevalência de 8,8% de oocistos de Cryptosporidium parvum em amostras fecais de cães de instituições em São Paulo, sendo que estes animais não apresentavam sinais clínicos da criptosporidiose. Neste estudo as chinchilas apresentavam-se imunodeprimidas possivelmente devido a infecção mista pelo gênero Giardia sp. BEER et al. (2006) em infecção experimental de Cryptosporidium parvum em ratos, observaram que os animais infectados apresentavam comprometimento

4 189 Primeiro registro de... do coração e fígado em infecções crônicas, além de retardo no crescimento, dado este também foi observado nas chinchilas deste estudo que apresentaram um crescimento inferior aos animais não infectados pelo protozoário. CONCLUSÃO Com base neste trabalho, conclui-se que o gênero Cryptosporidium sp. parasita roedores da espécie Chinchilla lanigera em criatórios do Brasil. REFERÊNCIAS AYDIN, Y.; OZKUL, L.A. Infectivity of Cryptosporidium muris directly isolated from the murine stomach for various laboratory animals. Veterinary Parasitology. v.66, p , BARALDI, S.R. et al. Ocorrência de Cryptosporidium parvum e Isospora belli na região de Campinas, SP. Revista do Instituto Adolfo Lutz. v.58, n.1, p , Parazitologiia i Parazitarnye Bolezni. v.1, p.3-7, BIANCIARDI, P. Prevalence of Giardia antigen in stool samples from dogs and cats. Revue de Medecine Veterinaire. v.155, n.8-9, p , CORDEL, R.L.; ADDIS, D.G. Cryptosporidiosis in child care settings: A review of the literature and recommendations for prevention and control. The Pediatric infectious disease journal. v.13, p , FAYER, R. et al. Epidemiology of Cryptosporidium: transmission, detection and identification. International Journal for Parasitology. v.30, n.12-13, p , HENRIKSEN, S.M.; POHLENZ, J.F. Staining of Cryptosporidia by a modified Ziehl-Neelsen technique. Acta Veterinária Scandinavica. v.22, p , BAKER, L. et al. Opportunistic protozoa in humans. Advances Parasitology. v.40, p , BEER, T.V. et al. Intestinal cryptosporidiosis at an early age and its negative consequences. Meditsinskaia LALLO, M.A.; BONDAN, E.F. Prevalência de Cryptosporidium sp. em cães de instituições da cidade de São Paulo. Revista de Saúde Publica. v.40, n.1, p , 2006.

5 Alves, J.G. et al. 190 MACKENZIE, W.R. et al. An outbreak of cryptosporidiosis associated with a resort swimming pool. Epidemiology and Infection. v.115, p , MILLARD, P.S. et al. An outbreak of cryptosporidiosis from fresh pressed apple cider. The Journal of the American Medical Association. v.272, p , Brazil. Journal Parasitology. v.79, n.3, p , YAMINI, B.; RAJU, N.R. Gastroenteritis associated with a Cryptosporidium sp. in a chinchilla. Journal of the Amercia Veterinary Medical Association. v.189, n.9, p , PETERSEN, C. Cryptosporidium and the food supply. The Journal-Lancet. v.345, p , PINTO, R.M. et al. Helminth parasites of conventionally maintained laboratory mice. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. v.89, n.1, p.33-40, REHG, J.E. et al. Cryptosporidium cuniculus in the rabbit (Oryctolagus cuniculus). Contemporary Topics in Laboratory Animal Science, v.29, n.5, p , REY, L. Parasitologia. 3º ed., Guanabara koogan, Rio de Janeiro, RJ. 2001, 856p. SAUDA, F.C. et al. Prevalence of Cryptosporidium sp. and Isospora belli amang AIDS patients attending Santos Reference Center for AIDS, São Paulo,

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