XIV SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ. Necessidades Energéticas e Consequências Ambientais
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- Flávio João Lucas da Costa Rico
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1 1 XIV SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ Necessidades Energéticas e Consequências Ambientais A Coerência do Ordenamento Jurídico Nathalia Carolini Mendes dos Santos Advogada Mestranda em Direito do Trabalho na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. mendes@mendesesavoia.com.br Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee Resumo A teoria do ordenamento jurídico de Norberto Bobbio tem como base os alicerces da unidade, coerência e completude. Para Bobbio, o ordenamento jurídico é considerado um sistema jurídico, sendo o sistema uma totalidade ordenada. A solução encontrada pelo autor para resolução das normas incompatíveis, dentro dessa totalidade ordenada, está na resolução das antinomias. Palavras chave: Positivismo Analítico. Critérios de solução de antinomias. Coerência do Ordenamento Jurídico. Summary The theory of Norberto Bobbio's legal system is based on the foundations of unity, coherence and completeness. For Bobbio, the legal system is considered a legal system, and the system is an ordered totality. The solution found by the author for the resolution of incompatible standards within this orderly totality lies in the resolution of the antinomies. Keywords: Analytical Positivism. Solution criteria for antinomies.coherence of Legal Order. Seção 4 - Monografias, artigos científicos e Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), sobre outros temas e relacionados a qualquer curso. Apresentação: Colóquio Científico 1. Introdução Norberto Bobbio, pertence à corrente filosófica denominada Positivismo Analítico. O autor tenta reelaborar um conceito de ciência jurídica, seguindo a teoria deixada por Hans Kelsen. Bobbio se direcionou decididamente para uma concepção de ciência como linguagem de rigor, e aí descobriu o caminho que procurava. Seus
2 2 estudos de Teoria Geral do Direito foram marcados por essa preocupação e se desenvolveram no sentido de buscar respostas para o problema que, então, preocupavam particularmente a teoria jurídica. [BOBBIO1997] Em seu Livro, Teoria Geral do Direito, dedica a segunda parte, localizada no Capítulo 3, a uma relevante questão, a Coerência do Ordenamento Jurídico. Inicia Bobbio, o capítulo em questão abordando e definindo sistema, como uma totalidade ordenada, isto é, um conjunto de entes, entre os quais há certa ordem, composta de coerência entre si. Posteriormente, ressalta a distinção de sistemas de Kelsen, Del Vecchio, Perassi e, por fim, trata das antinomias jurídicas. 2. Objetivo e Metodologia O objetivo do presente trabalho é analisar a teoria do ordenamento jurídico de Norberto Bobbio, que traz a antinomias como resolução de normas incompatíveis dentro do sistema jurídico. A metodologia utilizada para elaboração e conclusão do presente tema foi qualitativa, isto é, se caracteriza pela qualificação dos dados coletados e análise do problema. 3. A coerência do Ordenamento Jurídico (Capítulo 3) Vale iniciar ressaltando, de forma sucinta, abordagem do capítulo anterior, visto que Norberto inicia o presente com remissão a unidade do Ordenamento Jurídico, que se dedica à construção escalonada do ordenamento jurídico, desenvolvida inicialmente por Kelsen e adotada por Bobbio, para explicar que as normas de um ordenamento jurídico não estão no mesmo plano e, que existem normas hierarquicamente superiores e inferiores, de modo que as inferiores buscam sua validade nas normas hierarquicamente superiores até chegarmos à norma suprema, onde a unidade do sistema repousa. Esta norma suprema é a norma fundamental. Bobbio fala da representação desse sistema, através de uma pirâmide onde o vértice ocupa a norma fundamental e a base os atos executivos. A partir da elucidação inicial, é possível compreender de forma clara, o trazido pelo autor no capítulo subsequente. No capítulo terceiro, do Livro Teoria do Ordenamento Jurídico, Norberto Bobbio afirma que, além de uma unidade, o ordenamento jurídico deverá representar também um sistema. E sistema seria uma totalidade ordenada, um conjunto de entes entre os quais existe certa ordem. Bobbio apresenta a análise do conceito de sistema sob cinco perspectivas. Iniciando a primeira análise com a divisão do ordenamento em dois tipos de sistema, o estático e o dinâmico. Norberto Bobbio, começando pela análise feita por Kelsen, que distingue o sistema estático, como aquele no qual as normas estão relacionadas umas às outras, partindo de uma ou mais normas originárias de caráter geral e sistema dinâmico como aquele em que as normas que o compõem não derivam do seu conteúdo, mas, através da autoridade que as
3 3 colocou. Apesar da concordância com a definição do sistema estático, diverge quanto ao dinâmico, pois crê que em um sistema dinâmico duas normas em contraste são legitimas e o seu conteúdo deve ser examinado, não apenas analisando a autoridade que as emanou. As demais perspectivas com fim de elucidar o conceito de sistema nos trazem o conceito de dois doutrinadores italiano, quais são Del Vecchio e Perassi. O quarto conceito de sistema passa do plano doutrinário ao efetivo exercício da atividade jurídica, que vê o sistema como uma totalidade ordenada, de passível aclaramento das normas obscuras, mesmo de encontro com a interpretação literal. Enfim, de acordo com a filosofia do direito de Norberto Bobbio, há três significados diferentes para sistema. O primeiro deles entende que um dado ordenamento jurídico é sistema enquanto todas as suas normas jurídicas são deriváveis de alguns princípios gerais, considerados da mesma maneira que os postulados de um sistema científico. Um segundo significado de sistema, extraído de Savigny, é utilizado para indicar um ordenamento da matéria, ou seja, partindo do conteúdo das simples normas com a finalidade de construir conceitos sempre mais gerais e classificações ou divisões da matéria inteira. O terceiro significado de sistema é, segundo Bobbio, o mais interessante, pois estabelece a necessidade de, no ordenamento jurídico, inexistirem normas incompatíveis. Essa existência é denominada de antinomias. E o Direito não tolera antinomias. 3.1 O problema das Antinomias A antinomia jurídica pode ser definida como aquela situação que se verifica entre duas normas incompatíveis, pertencentes ao mesmo ordenamento e tendo o mesmo âmbito de validade. [BOBBIO1997] Há vários tipos de antinomias, porém, dividem-se basicamente em antinomias aparentes (aquelas passíveis de solução), e as antinomias reais insolúveis - (aquelas onde o intérprete é abandonado a si mesmo, ou pela falta de um critério, ou por conflito entre os critérios dados). 3.2 Critérios para solução das antinomias São três as regras fundamentais para a solução das antinomias: o critério cronológico, o hierárquico e o da especialidade. O critério cronológico é aquele com base no qual, entre duas normas incompatíveis, prevalece a norma posterior. O critério hierárquico é aquele pelo qual, entre duas normas incompatíveis, prevalece a hierarquicamente superior. Por fim, o critério da especialidade é aquele pelo qual, de duas normas incompatíveis, uma geral e uma especial, prevalece a segunda norma. O autor conclui que nenhum dos três critérios pode resolver o problema da antinomia entre duas normas que são, simultaneamente, contemporâneas, do mesmo nível e ambas gerais.
4 4 Para solucionar este problema, acrescenta um quarto critério, que consistiria em estabelecer uma graduação de prevalência entre as três formas da norma jurídica (imperativas, proibitivas e permissivas). No que diz respeito à eventual ocorrência de conflito dos três critérios propostos (antinomia de segundo grau), o autor sugere que: a) no conflito entre os critérios hierárquico e cronológico, prevalecerá o primeiro; b) no conflito entre o critério de especialidade e o cronológico, prevalecerá o primeiro; c) no conflito entre o critério hierárquico e o da especialidade, não há resposta a priori, devendo o interprete avaliar a situação conforme as circunstâncias. Ao concluir o abordado capítulo, Bobbio salienta que a coerência não é condição de validade, mas, condição para a justiça do ordenamento, visto que a aplicação de duas normas contraditórias, claramente, gerará diferentes decisões em casos semelhantes, o que violará princípios importantes do ordenamento jurídico, são eles a certeza e justiça. 4. Conclusão com abordagem crítica sobre a coerência do ordenamento trazida por Norberto Bobbio A Teoria do Ordenamento Jurídico de Norberto Bobbio é uma tentativa do autor para resolver problemas deixados pela Teoria da Norma, que não conseguiu sanar a questão da completude das antinomias ou deixou respostas insatisfatórias. O Autor passa, nessa toada, a fazer críticas sistemáticas aos critérios trazidos em sua obra anterior e posteriormente compilada em um único livro. Bobbio destaca a exigência da coerência de sistemas e que tal necessidade já vem dos romanos, assim, ainda que seja um fenômeno antigo, foi intensificado nas sociedades modernas. Entretanto, a necessidade de previsibilidade e segurança jurídica, típicas de uma sociedade moderna não são garantidas, através da Teoria de Norberto Bobbio Noberto Bobbio utiliza sua técnica para solução apenas das normas jurídicas, como se fosse sinônimo de regra, o que vai à contramão de Ronald Dworkin e Robert Alexy, para quem normas são gêneros que abrangem regras e princípios. Vale dizer, que nesse ponto a técnica de Bobbio é limitada. Trazendo a Teoria de Bobbio para a perspectiva jurídica atual, a mesma não parece válida, pois no sistema brasileiro hodierno, toda interpretação é Constitucional. Assim, as técnicas propostas por Norberto Bobbio até serviriam para solucionar conflitos constitucionais, mas não solucionar todos os conflitos, assim como não solucionariam casos difíceis, que geralmente envolvem princípios e ponderação do aplicador da Lei.
5 5 5. Referências BOBIO, Norberto, Teoria do Ordenamento Jurídico, 10ª Edição, UNB, 1997.
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