Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Geologia

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1 Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Geologia 1 1. INTRODUÇÃO A quantidade de água disponível nos dias de hoje em todo o planeta é praticamente a mesma desde que o mundo ganhou forma definitiva. Embora a quantidade de água permaneça a mesma, esta água tem distribuição e utilização diferentes do que era 500 milhões de anos atrás (REBOUÇAS, 1999). Além da quantidade, a qualidade das águas também sofre alterações em decorrência das causas naturais e antrópicas, ou seja, causadas pelo modo de viver do homem e do modelo de desenvolvimento econômico intensivo em recursos naturais. Tundisi (1999) observa que 78% das águas brasileiras estão localizadas na Região Amazônica, o que corresponde a 54,5% do território nacional e abriga 5% da população resultando em uma densidade demográfica de 1 hab/kkm 2. Os restantes 22% estão localizados nas demais regiões do país (45,5% do território nacional), que concentram 95% da população e encontram-se densidades demográficas superiores a 400 hab/km 2. As disponibilidades hídricas desiguais por regiões e as concentrações urbanas, além de afetarem o consumo per capita fazem com que a qualidade da água para o consumo humano (água potável) se deteriore com o tempo, devido aos impactos provocados pelo homem, transformando-se numa das maiores questões ambientais do momento. A inexistência de sistemas eficazes de abastecimento de água e de coleta e tratamento de esgotos produz impactos, visivelmente negativos, na qualidade ambiental de muitos mananciais, além dos impactos na saúde de populações expostas à poluição e dos custos ambientais que serão contabilizados no futuro (BANCO MUNDIAL, 2000). A poluição das águas é alarmante! Para se ter uma idéia da gravidade da situação, o BANCO MUNDIAL (2000) publicou que mais de 60% do esgoto urbano do Brasil, é lançado, sem qualquer tratamento, nos cursos d água. Diante desse quadro preocupante, a água não pode ser tratada de maneira distanciada do homem, da sociedade e da educação ambiental, haja vista que as preocupações com o lixo, com o esgoto, com os rios, com as indústrias que se

2 Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Geologia 2 instalam sem estrutura adequada, com as doenças decorrentes do uso de água poluída crescem cada vez mais e atingem uma grande parcela da população. Há alguns anos tem-se ouvido falar com bastante freqüência em educação ambiental e isso por pessoas das mais diversas áreas de estudo. No entanto, o que se percebe é que, geralmente, há apenas uma preocupação no sentido de recuperar aquilo que já foi destruído pelo homem ou tão somente a detecção das áreas que já foram afetadas pela ação humana. Ao trabalhar com a temática Uma Proposta de Educação Ambiental Contemplando os Recursos Hídricos de Barcarena/PA, procurou-se não só a detecção de problemas ambientais nessa área, mas, sobretudo, trabalhar com a preservação, de forma que os próprios cidadãos conscientizem-se de que não basta só fazer algo para recuperar o que já foi destruído, mas principalmente criar mecanismos para que os danos não se tornem maiores, chegando até mesmo a afetá-los de uma forma direta. Dentro desse contexto, o que se pretende com a elaboração desse trabalho é mostrar um quadro bastante claro sobre os recursos hídricos da região de Barcarena, dentro de uma linguagem bastante acessível à população envolvida no contexto da área de estudo, para que se possa promover um processo de educação ambiental, através de métodos que serão determinados no decorrer do trabalho e que levarão em consideração as características sócio-ambientais da região LOCALIZAÇÃO E ACESSO À ÁREA O Município de Barcarena está situado entre os paralelos 1 15 S a 1 47 S e entre os meridianos W a W, com uma área de aproximadamente 1.316,2 Km². Além de sua proximidade com Belém, outros municípios também estão muito próximos de Barcarena, entre eles estão os municípios de Abaetetuba, Moju e Ponta de Pedras, estabelecendo comunicação continental direta, com exceção deste último, que se aproxima de Barcarena através da Baía do Guajará (Fig. 1.1). O acesso à área se dá por meio de embarcações regulares, saindo de Belém até as vilas de São Francisco e Cafezal, seguindo pelas rodovias PA 481 e 483, ou

3 Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Geologia 3 por balsa, atravessando a Baía do Guajará até o Porto Arapari e, a partir dali, seguindo as PA 151 e 483. Outra forma de acesso é pela Alça Viária, que inicia no quilômetro 10 da margem direita da rodovia BR 316, no sentido Belém Matrituba. A partir daí percorre-se 69km até chegar ao trevo que liga a rodovia PA 151, a qual está interligada à rodovia PA 483, que dá acesso à área de estudo (ALBRAS, 2002) JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA A hidrogeologia, que estuda os recursos hídricos subterrâneos, pode ser classificada como uma ciência ambiental, ostentando assim grande importância para a vida das pessoas, posto que trata de um bem essencial: a água. A importância da água está definida por suas características como recurso de múltiplos usos disponíveis, pois é um elemento fundamental à manutenção da vida e do abastecimento doméstico ou agrícola das áreas industriais e urbanas, entre outros usos. Por causa de tantos atributos e por ser amplamente utilizada para vários fins, surge a conseqüente degradação do recurso hídrico, o que restringe os seus diversos usos como vital elemento e traz a deterioração progressiva da qualidade de vida, em nossos dias. A água está no centro das atenções mundiais seja por causa dos índices de qualidade ou pela quantidade demandada. Esta atenção especial com os recursos hídricos decorre do desenvolvimento ocorrido no mundo que foi, aos poucos, mas consecutivamente, estabelecendo mudanças nos regimes das águas através de ocupação dos solos e de diversos usos desse recurso. Pensar apenas em resolver os problemas atuais de escassez e poluição das águas para geração presente não traz a solução que se quer. Faz-se necessária a construção de um novo comportamento nas sociedades humanas, que as tornem capazes de se sustentar ao longo do tempo.

4 Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Geologia 1 4º 0º 4º 8º 12º AT LANTIC OCE AN 16º 20º 24º 28º 32º 56º 52º 48º 0º 0º 4º 4º 8º 8º 56º 52º 48º Figura 1.1 Localização do Município de Barcarena/PA. Modificado de IBGE (2000).

5 Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Geologia 5 Barcarena, uma área importante por constituir um pólo industrial do Pará, possuir uma densidade populacional que recentemente aumentou bruscamente, haja vista que devido ao processo de industrialização na cidade houve um grande fluxo de pessoas, vindas de municípios próximos e de outros estados; abastecimento de água precário, tanto em qualidade quanto em quantidade; e problemas sociais diversos. Assim, ao trabalhar com a temática Uma proposta de Educação Ambiental Contemplando os Recursos de Barcarena/PA, visa-se não só a detecção de problemas ambientais nessa área, mas, sobretudo, trabalhar com a preservação, de forma que os próprios cidadãos conscientizem-se de que não basta só fazer algo para recuperar o que já foi destruído, mas principalmente criar mecanismos para que os danos não se tornem maiores, chegando até mesmo a afetá-los de uma forma direta OBJETIVOS O objetivo principal do estudo realizado é conscientizar a população, através da hidrogeologia e temas afins, não só acerca do perigo causado pela poluição, que atinge a água, seja ela superficial ou subterrânea, mas principalmente sobre a necessidade de conservá-la, para evitar maiores danos no futuro, caracterizando, dessa forma, a participação da sociedade nos processos de conservação ambiental. Dentre os objetivos específicos deste plano de trabalho, podem ser citados: Analisar o comportamento do fluxo subterrâneo do aqüífero superior no município; Avaliar as qualidades físico-químicas e bacteriológicas das águas produzidas pelas unidades aqüíferas, possibilitando a correlação com as principais doenças que afetam a população do município; Levantar o perfil sócio-ambiental da população envolvida; Abordar, na comunidade, a necessidade de domínio de alguns procedimentos de conservação e manejo dos recursos naturais com os quais interagem, aplicando-os no dia-a-dia;

6 Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Geologia 6 Estabelecer um modelo de educação ambiental mais adequado às características da população envolvida METODOLOGIA A metodologia utilizada para a realização deste trabalho foi composta de sete etapas: 1 - Pesquisa bibliográfica: fase que consistiu em um amplo levantamento e estudo bibliográfico sobre educação ambiental e a área de estudo; 2 Trabalho preparatório para o campo: Confecção do mapa base de Barcarena, à partir de um mapa já georeoferenciado pelo IBGE em 2000 e confecção do questionário sócio-ambiental; 3 - Trabalhos de campo: a fase de campo foi dividida em três etapas que consistiram no levantamento de dados sócio-ambientais da comunidade através de questionários, medidas de nível do lençol freático em poços rasos e uma campanha de coleta de amostras de água; 4 Trabalhos de laboratório: Realização de análises físico-químicas em amostras de águas subterrâneas, nos Laboratórios de Hidroquímica e Cromatografia do Centro de Geociências da Universidade Federal do Pará, de acordo com as metodologias habituais de análise de água; 5 Tratamento dos dados: a partir dos dados obtidos em campo foram confeccionados os mapas de localização dos poços estudados, o mapa de fluxo subterrâneo e de profundidade do nível estático do aqüífero superior da área, os mapas de isoteores de parâmetros físicos e químicos, além da construção de tabelas e gráficos; 6- Interpretações: os resultados obtidos nas etapas anteriores foram interpretados dentro da visão da educação ambiental, caracterizando o quadro dos recursos hídricos da região. A relação com a comunidade local foi feita a partir de todos os dados obtidos nas fases anteriores, para a concretização do objetivo principal deste estudo: educação ambiental através dos aspectos hidrogeológicos; 7- Conclusões e elaboração do texto final: Esta fase consistiu na elaboração das principais conclusões de todo o estudo e na redação de um texto

7 Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Geologia 7 técnico/explicativo para apresentação dos resultados deste Trabalho de Conclusão de Curso. 2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL Situar a água como uma problemática que está sendo enfrentada dentro da Educação Ambiental (EA) é preocupação de toda sociedade, tanto por sua falta quanto por sua abundância. Haja vista que os problemas com o lixo, com o esgoto, com os rios, com as empresas que se instalam sem estrutura adequada e com as doenças decorrentes do uso de água poluída se evidenciam cada vez mais e atingem uma grande parcela da população. A definição oficial de educação ambiental do Ministério do Meio Ambiente diz que: Educação ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a agir individual e coletivamente e resolver problemas ambientais presentes e futuros. A EA surgiu como uma forma para enfrentar os problemas ambientais e evitar uma possível extinção humana, tendo como objetivo principal, o desenvolvimento progressivo sobre o senso de preocupação com o meio ambiente, baseando-se em um completo e sensível entendimento das relações do homem com o ambiente à sua volta (Mellows apud Dias, 2000). A reflexão sobre o conceito de educação ambiental, seus objetivos e temas de estudo, como no caso dos usos da água, mostra os caminhos da preservação e conservação de áreas naturais e do desenvolvimento dos valores humanos. No que tange à natureza, é importante a proteção e preservação do meio natural, de seus recursos hídricos e uma análise crítica das questões ambientais, bem como a busca por uma melhor qualidade de vida OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Segundo Pereira (1993), a Educação Ambiental tem como principal objetivo levar o educando a experiências que lhe capacitem a:

8 Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Geologia 8 Sensibilizar as pessoas para a importância do ecossistema que nos envolve: adquirir consciência do meio ambiente global e ajudá-los a sensibilizar-se por essas questões; Discutir a importância para a saúde e bem-estar do indivíduo; Desenvolver no educando o sentido ético-social dos problemas ambientais: mostrando as pessoas o quanto é importante comprometer-se com uma série de valores, motivando-os a participar ativamente na melhoria e na proteção do meio ambiente; Orientar as pessoas para as relações entre o meio ambiente em que vivemos e o exercício da cidadania: o pleno exercício da cidadania passa pela consciência de nossos direitos e obrigações HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL No final da década de 60 e início da década de 70, a humanidade começou a perceber que sua sobrevivência estaria ameaçada, dada as agressões ambientais observadas em todo o mundo. Foi nessa época que a Educação Ambiental surgiu como uma alternativa promissora para reverter a situação de crise do ambiente, agindo de forma a atenuar ou mesmo prevenir problemas futuros (BUSTOS, 2003). Importantes eventos internacionais foram realizados para consolidar a Educação Ambiental em todo o mundo. Alguns dos mais significantes são mostrados a seguir: Em 1968 surge o Clube de Roma, organização não-governamental constituída por uma associação internacional de cientistas, políticos e empresários, que analisou e publicou o relatório The limits of growth explicando que o crescimento econômico nas sociedades do Primeiro Mundo causou o esgotamento dos recursos naturais e a degradação do meio ambiente. Seus resultados converteram-se em instrumentos de reflexão sobre os padrões de consumo e dos modelos de desenvolvimento (Meadows et al., 1972, apud Bustos, 2003). A Educação Ambiental surgiu oficialmente, no âmbito internacional, em 1972 durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada na cidade de Estocolmo, Suécia. Marco histórico para a questão ambiental global, foi a

9 Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Geologia 9 primeira conferência nesta escala a relacionar o homem ao ambiente onde está inserido, e foi o ponto de partida oficial para as discussões sobre questões ambientais que se sucedem e se intensificam até os dias de hoje. Durante esta conferência a EA foi pela primeira vez considerada um dos elementos mais críticos no contra ataque à crise ambiental, que à época já tomara dimensões mundiais. Tomando-se como base a Conferência de 1972 seguiram-se os debates, seminários, fóruns políticos nacionais e internacionais, constituindo uma resposta concreta à Resolução 96. Esta recomendou a criação do Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA). Diante desta recomendação, a educação ambiental passa a ser considerada campo de ação pedagógica com enfoque interdisciplinar e com caráter escolar e extra-escolar, voltada a todos os estudantes jovens e adultos, para que pudessem cuidar de seu meio ambiente. Como resposta a uma recomendação da Conferência de Estocolmo, foi realizado em Belgrado (atual Sérvia), em 1975, o Workshop Internacional de Educação Ambiental, onde as metas e objetivos da EA e também seus princípios foram estabelecidos, convencionando a chamada Carta de Belgrado (REIGOTA, 1994). A carta de Belgrado teve como essência uma formulação seguindo a perspectiva homem-natureza, revelando a preocupação com as ações duradouras, individuais e coletivas que visem ao desenvolvimento do ser humano, especialmente da juventude, com base na consciência, sensibilidade e responsabilidade em relação aos seus pares, ao meio ambiente e aos problemas que este enfrenta. O intuito era resolver com habilidade as questões em prol da existência humana e seu convívio harmônico com o meio ambiente (BUSTOS, 2003, p.18). Dois anos mais tarde, celebrou-se em Tbilisi, URSS, a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, que constitui, até hoje, o ponto culminante do Programa Internacional de Educação Ambiental. Nessa conferência foram definidos os objetivos e as estratégias pertinentes em nível nacional e internacional. Postulou-se que a Educação Ambiental é um elemento essencial para uma educação global, orientada para a resolução dos problemas por meio da participação ativa dos educandos na educação formal e nãoformal, em favor do bem-estar da comunidade humana (DIAS, 2000).

10 Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Geologia 10 Em 1987, a UNESCO/PNUMA promoveu a Conferência Internacional sobre Educação e Formação Ambiental em Moscou, onde foram analisadas as conquistas e dificuldades na área da EA desde Tbilisi e elaboradas as estratégias internacionais de ações no campo da Educação Ambiental para a década de 90, com o reconhecimento da necessidade da Educação Ambiental nos sistemas educacionais dos países (KOSLOSKY, 2000). De acordo com Dias (1993, apud Koslosky, 2000), o congresso gerou um debate ao avaliar a pobreza e o crescimento populacional dos países em desenvolvimento como sendo o problema básico da deterioração dos recursos naturais, desprezando e minimizando os problemas ambientais das nações desenvolvidas e a imposição de seu modelo de crescimento econômico, este uma séria ameaça à qualidade do meio ambiente. No ano de 1990 foi realizada em Jomtien, Tailândia, a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, que implantou um amplo projeto de educação em nível mundial, para a década que se iniciava, sendo financiada pelas agências UNESCO, UNICEF, PNUD e Banco Mundial. A Conferência apresentou uma visão para o decênio de 1990, cujo principal eixo era a idéia da satisfação das necessidades básicas de aprendizagem. Segundo Shiroma et al. (2002, apud Frigotto & Ciavatta, 2003, p. 97): Além de representantes de 155 governos que subscreveram a Declaração de Jomtien, ali aprovada, comprometendo-se a assegurar uma educação básica de qualidade a crianças, jovens e adultos, dela participaram agências internacionais, organizações não-governamentais, associações profissionais e destacadas personalidades na área da educação em nível mundial. O Brasil, como um signatário entre aqueles com a maior taxa de analfabetismo do mundo, foi instado a desenvolver ações para impulsionar as políticas educacionais ao longo da década, não apenas na escola, mas também na família, na comunidade, nos meios de comunicação, com o monitoramento de um fórum consultivo coordenado pela UNESCO. Em 1992 realizou-se a 2ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como ECO-92 ou Rio-92, no Rio de Janeiro, que revisou o documento de Tbilisi para a EA na agenda 21, retomando, recontextualizando e ampliando princípios e recomendações. O foco principal da conferência foi a busca de uma estratégia internacional que visasse um modelo de gestão ecologicamente racional dos recursos e a preservação da vida. Do ponto de vista educativo, houve a intenção de se propor um

11 Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Geologia 11 modelo educacional voltado ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável, visando a proteção ambiental e a utilização racional dos recursos naturais renováveis para as próximas gerações (BUSTOS, 2003). Durante a Rio-92, aconteceu o Fórum Internacional das ONG s que condescenderam o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, destacado por se tratar de posições não governamentais. Segundo Campos (2000), o Tratado reconhece a educação como direito dos cidadãos e firma posição na educação transformadora, convocando as populações a assumirem suas responsabilidades - individual e coletivamente - e a cuidar do ambiente, seja ele local nacional ou planetário. Assim, a educação ambiental tem como principais objetivos contribuir para a construção de sociedades sustentáveis, socialmente justas e ecologicamente equilibradas. O documento afirma que a EA não é neutra, mas ideológica. Isto a coloca numa perspectiva holística e afirma também que a interdisciplinaridade é de fundamental importância para que a educação possa assumir seu papel na construção de sociedades sustentáveis pela promoção do pensamento crítico e inovador dos educandos, respeitando a diversidade cultural e promovendo a integração entre as culturas (CAMPOS, 2000). Campos (2000) cita ainda que, segundo a recomendação do documento, a educação ambiental deve estar organizada na educação formal, não-formal e informal, e para todas as idades, exigindo a democratização dos meios de comunicação e integrando conhecimentos, aptidões, valores, atitudes e ações. Após a Rio-92 foi criada a Comissão de desenvolvimento Sustentável (CSD), conhecida como Rio 92+5, promovida pelas Nações Unida, no ano de Esta buscou tratar de clima e diminuição da poluição aérea do Primeiro Mundo. Uma grande expectativa girou em torno da reunião em Johannesburgo, na África do Sul, realizada em agosto de 2002, onde ocorreu a Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+10. Verificou-se que as propostas e diretrizes assumidas na Rio-92 reverteram em resultados escassos e extremamente tímidos, no que diz respeito aos direitos humanos básicos, proteção ao meio ambiente e á utilização equilibrada dos recursos naturais. Os principais temas de discussão

12 Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Geologia 12 durante o encontro foram: água/saneamento, agricultura, saúde, biodiversidade e energia (BUSTOS, 2003). Pode-se perceber, analisando-se as diferentes conferências, seminários e congressos ao longo do tempo, uma unanimidade sobre a importância da educação ambiental, para poder alcançar os objetivos do desenvolvimento sustentável, representado pela melhoria na qualidade de vida, embora observe-se que as necessidades são as mesmas e o processo educativo lento (BUSTOS, 2003). Nota-se que, por mais relevante que seja a EA, é necessário reorientar a educação para valores de sustentabilidade, tal como participação, integração e conscientização na formação de um cidadão ativo, crítico e participativo em todos os níveis de ensino EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL Na Educação Ambiental Formal as ações devem ocorrer dentro do sistema formal de ensino, junto à rede escolar pública (estadual e municipal) e privada, com produção de materiais técnicos específicos, treinamento de professores e estímulo aos diferentes atores envolvidos na execução do Programa, a partir de uma abordagem interdisciplinar (IAP, 2004). Desta maneira visa-se à formação de valores e atitudes, apropriação de conhecimentos e incorporação de práticas e comportamentos ambientalmente adequados, visando à melhoria da qualidade de vida EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO-FORMAL A Educação Ambiental não-formal é direcionada à comunidade, a implantação de projetos e ações de educação ambiental junto à comunidade, promovendo a disseminação do conhecimento sobre o ambiente e é essencial para a inserção política, social e econômica da população. Deve ser incorporada como parte do aprendizado, contribuindo decisivamente para ampliar a consciência ambiental e ética, consoantes com o desenvolvimento em bases sustentáveis, favorecendo inclusive, a participação popular nas tomadas de decisões (IAP, 2004).

13 Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Geologia EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FORMAÇÃO DA CIDADANIA Ao se tratar o tema educação e meio ambiente, considera-se que as agressões ao meio em que se vive são maus hábitos que a educação, como um instrumento de socialização, deve mudar, reforçando atitudes de conservação e respeito à natureza. Pode-se afirmar, então que é fundamental a mudança social, apoiada na educação ambiental, para estruturar a problemática dos recursos naturais da sociedade, efetivando assim as transformações internas dos seres humanos em busca da realização pessoal. Na análise da educação ambiental e da cidadania, participam numerosas variáveis ligadas por diferentes tipos de relações. Entender as relações entre meio ambiente, seres humanos e educação é cada vez mais importante para compreender os perigos, as responsabilidades, as razões das mudanças no comportamento humano, bem como os valores do individuo e da coletividade diante de um problema ambiental. Cabe ressaltar que um dos objetivos da educação ambiental é ampliar a consciência do ser humano, para nele provocar mudanças de hábitos em relação ao meio ambiente (BUSTOS, 2003). Segundo Arroyo (1987, apud Bustos, 2003), a participação, por intermédio da educação, na formação do cidadão, traz à discussão o conceito de cidadania por meio da educação ambiental. Na perspectiva da formação dos cidadãos, é fundamental colocar o individuo em contato com a realidade e não só com o conhecimento de conceitos para o convívio harmônico com seus semelhantes. Portanto, a EA torna-se um instrumento de ampliação do conceito de cidadania, que, segundo a ótica das políticas educativas, objetiva a formação do cidadão como co-responsável munido de uma ampla visão nacional, internacional e ecossistêmica que seja sustentada na participação coletiva, no conhecimento e respeito de todas as culturas.

14 Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Geologia CARACTERÍSTICAS DO MEIO FÍSICO Diversos aspectos da região de Barcarena são relevantes para embasar este estudo. Dentre eles se destacam o clima, a hidrografia, o relevo, etc. Nos itens que se seguirão estes componentes do meio físico são descritos CLIMA Na região predomina o clima quente e super-úmido, com temperaturas médias anuais de 27º C, que, de acordo com a classificação de Köppen, enquadrase no regime tropical equatorial (tropical chuvoso) do tipo Af clima de floresta tropical. Esta categoria é caracterizada por temperaturas sempre acima de 18º C, ventos de baixas velocidades, altos índices de umidade relativa do ar (superior a 85%) e precipitação média acima de 2500 mm ao ano (RADAM, 1974). O índice pluviométrico de Barcarena (Fig. 3.1) no período entre 1999 e 2001 mostra que a estação chuvosa ocorre entre os meses de dezembro a maio e a de menos chuva entre junho e novembro, sendo que nos meses de março e abril a precipitação chega a atingir 400 mm, enquanto que no mês de novembro não atinge 30mm (ALBRAS, 2002) jan mar mai jul set nov índice pluviométrico Figura 3.1 Distribuição média mensal da precipitação pluviométrica na região de Barcarena/PA, no período de 1999 a Fonte: ALBRAS,2002.

15 Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Geologia VEGETAÇÃO Segundo dados do RADAM (1974) três tipos de vegetação - condicionados a fatores climáticos, geomorfológicos e antrópicos - predominam na região: a vegetação de floresta densa, a vegetação de várzea e as florestas secundárias, também denominadas de capoeira, resultantes da devastação da floresta, acompanhadas por uma regeneração natural, em princípio com ervas e arbustos heliófilos de larga distribuição. Ao longo das margens dos rios e igarapés, preponderam as Florestas Ciliares e de várzeas nos trechos sob influência de inundações, ocorrendo, também, o mangue e a siriúba, margeando os grandes rios e as Ilhas do município. Sabe-se que a vegetação é um fator importante nos processos de infiltração das águas pluviais no solo. Terrenos com vegetação permitem maior infiltração das águas e, associadamente com o tipo de solo, inclinação do terreno e outros fatores, podem constituir parâmetro de interesse ambiental SOLO Na região de Barcarena, em sua porção continental, os solos predominantes são o Latossolo Amarelo Distrófico, o Podzol Hidromórfico e Concrecionário Laterítico indiscriminado (RADAM, 1974). Latossolo Amarelo Distrófico É um solo muito espesso, de textura média a muito argilosa, com alta capacidade de troca iônica, um baixo conteúdo de matéria orgânica, alta saturação em alumínio, baixo conteúdo de fósforo assimilável e alto conteúdo de fósforo total. Esse tipo de solo ocorre de forma predominante sobre os sedimentos do Grupo Barreiras, formando um relevo plano sob cobertura vegetal de floresta densa. Podzol Hidromórfico É constituído por sedimentos arenosos, pertencentes ao Quaternário. Caracteriza-se por possuir textura arenosa em todo o perfil, com a presença do

16 Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Geologia 16 horizonte A de coloração branca a cinza claro e um horizonte B com acúmulo de húmus e sesquióxidos, acidez elevada e baixo conteúdo de bases trocáveis. Encontra-se bem drenado e com ausência de materiais primários de decomposição. Concrecionário Laterítico É um solo constituído por sedimentos argilosos ou areno-argilosos, com presença de concreções ferruginosas. É moderadamente espesso e formado em superfícies planas ou suavemente onduladas e sob floresta densa. Os solos arenosos são mais úteis na condução da água de infiltração até os mananciais subterrâneos, em detrimento dos solos muito ricos em argilas que possuem menor porosidades relativas. Nesse contexto os solos Podzol Hidromórficos são os mais favoráveis à infiltração hídrica na área RELEVO Barcarena apresenta níveis topográficos pouco elevados, sobretudo nas ilhas sujeitas, em parte, a inundações. Na porção continental torna-se um pouco mais elevada, especialmente na sede, cuja altitude é de 14 metros. A topografia se divide em cinco planos altimétricos (Tab. 3.1), de acordo com o padrão regional, o qual se caracteriza por um relevo suavemente ondulado a plano (RIMA ALBRAS/ ALUNORTE, 1984). Tabela Divisão planialtimétrica da área em estudo (Modificado de RIMA ALBRAS/ ALUNORTE, 1984). NÍVEL ALTIMÉTRICO DESCRIÇÃO 0-3 Várzea baixa, alagável constantemente. 3-5 Várzea alta, alagável periodicamente 5-12 Tesos Falésias do Rio Pará Terras firmas de nível superior

17 Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Geologia 17 O relevo reflete a geologia, estando presentes áreas de várzeas, tesos e as terras firmes, que constituem, regionalmente, um setor da unidade morfoestrutural, Planalto Rebaixado da Amazônia (Baixo Amazonas). As várzeas são representadas pelos terrenos baixos e relativamente planos que se encontram junto às margens dos rios. Na região, as várzeas altas são compostas por restingas, diques e cordões arenosos, com níveis altimétricos variando entre 3 a 12 m, enquanto que as várzeas baixas são representadas por igapós e lagos, com níveis altimétricos variando entre 0 a 3 m. A drenagem é composta por rios que sofrem constante influência das marés(rima ALBRÀS/ ALUNORTE, 1984). Os tesos são as elevações que ficam fora do alcance das águas, por ocasião das inundações, apresentando níveis altimétricos variando entre 5 a 12 m. São os terraços ou níveis baixos associados à planície quaternária, com drenagem caracterizada por rios e retrabalhamento de terraços (RIMA ALBRAS/ ALUNORTE, 1984). As terras firmes são representadas pelos terrenos do Baixo Planalto Amazônico, que estão fora da ação das águas dos rios e das marés. Nestas áreas, o nível altimétrico varia entre 10 a 30 m. São os platôs terciários, com drenagem superficial relativamente inexistente HIDROGRAFIA O principal acidente hidrográfico de Barcarena é a Baía de Marajó que, em sua maior abertura para nordeste, compõe, com outras contribuições hídricas, o Golfão Marajoara. Aliados a esses dois elementos, alguns furos separam a porção continental da porção insular do município, entre os quais o furo do Arrozal, que separa a Ilha de Carnapijó e recebe os rios Barcarena e Itaporanga. Além dos já citados, a hidrografia de Barcarena é composta pelos rios Arienga, Arapiranga, Murucupí e Dendê; pelos igarapés Cujarí, Tauá, Japinzinho, Água Boa, Arumandeua, Água Verde, Guajará, Icarau, Turui, Mucuripe, Pau Amarelo Bacuri, São Felipe, Tucumandeua e Maçarapo; e os furos Cafezal, Araquiça e Arapari.

18 Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Geologia 18 Outro rio de expressão na área é o Moju, cuja foz limita com o município de Acará. A sudoeste, o rio Uruenga limita com Abaetetuba e, a sudeste, o limite com Moju é feito através do Igarapé Cabresto Características da Rede de Drenagem Barcarena possui, como se pode observar na figura 3.2, uma ampla rede hidrográfica, da qual fazem parte numerosos cursos d água, que sofrem influência, segundo Almeida (2005), das marés tanto do rio Tocantins, quanto da baía do Marajó, o que causa o surgimento das áreas alagadas nos município em questão. No que se refere ao padrão de drenagem, observa-se na área uma drenagem com alta densidade, sinuosidade mista, angulosidade média, assimetria forte e apresentando como formas anômalas mais comuns, os cotovelos e arcos OCUPAÇÃO URBANA Quando se pensa em Barcarena, logo vem à mente uma cidade industrial que abriga dois dos principais projetos-metalúrgicos no Pará: ALBRAS e ALUNORTE, voltadas para a produção do alumínio. A implantação destas industrias gerou transformações socioeconômicas na região como um todo, sofrendo, assim, um crescimento populacional elevado, acompanhado por um grande processo de urbanização. A área estudada abrange o complexo industrial de Barcarena, a Vila dos Cabanos (núcleo urbano), bem como as localidades de Laranjal, São Francisco, Vila Nova, Vila de Itupanema e Vila do Conde. Complexo Industrial de Barcarena O complexo industrial de Barcarena envolve as áreas de instalação da Albras, da Alunorte, do Porto (Ponta Grossa), da Substação da Eletronorte e a área de preservação ambiental.

19 Arienga River A S ç a ó m a e S a g a R r R iv re Ic t S Araqu m e ã S ver lip 0º 4º 8º a 56º 56º 52º 52º 48º 48º 4º 0º 4º 8º 12º 16º 20º 24º 28º 32º 0º 4º 8º Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Geologia 19 Vila dos Cabanos A Vila dos Cabanos foi implantada a partir dos primeiros anos da década de 80, com o objetivo de dar apoio urbano ao projeto ALBRAS/ALUNORTE e a uma série de outras atividades produtivas que deveriam compor o complexo industrial de Barcarena (IDESP, 1991) STATE LOCALIZATION PONTA DE PEDRAS COUNTY 752 AT LANTIC OCE AN COUNTY LOCALIZATION MARAJÓ ISLAND BELÉM COUNTY ARAPIRANGA ISLAND Cutaju - Açu Stream pi Ri Ar a ran ga ver G n ra de 48º M A R A J Ó BAY Cui piranga S tre a m Guajar á Pau Grande Stream Uricuteua Stream TRAMBIOCA ISLAND Stream Cata iu - Miri Strea m Japariquara Stream u M R cura iver Pir a manha River Tauerá Riv er Madre ONÇAS ISLAND Bota Stream o Na z ári Stream Stream de Deus Strea Grande Strea m S t Cavado r eam G U A J A R A B Y Á BELÉM COUNTY º 30 S 50 PONTA DE PEDRAS COUNTY C aripi B each tr ea m Arrozal Stream Cupuaçu bac ate Stream A rapijó Ar oz al Strea r m Str ea m Barcarena Riv er Ar araquara S r eam Car n ap i j Samumeira Stream Piram S anha tr eam BELÉM º 30 S Conde Beach Ponta Grossa Beach Guajará de Itupanema Beach Stream Tauá Água Verde Stream Barcare na Stream çu Stre A am Araticu Stream Boa Água Stream eua Arumand St am Caf ezal Str ea ó r Str T a u p o r n a i v e iça m St ream R ive Araua Ri i a AC E ARÁ IV R R ACARÁ COUNTY 9824 Arie n g a Conde Beach R iver Acui Stream Japiinzinho Stream M a rap am ARAPARI ISLAND piim St eam Ja r u - A m Pa ar elo Stream tre Tau apor Ba curi Turuí m Str ea S tre am ar aú tr eam Tucuman deua St ream eam Str Ar apari Stre m ABAETETUBA COUNTY ria Serra da Guajará anga er o Fe Strea Curuperé m MOJU COUNTY ABAETETUBA COUNTY º Figura 3.2-Mapa de drenagem de Barcarena/PA - Modificado de SEICOM (1999)

20 33 Avaliando-se a Vila dos Cabanos nos dias de hoje, observa-se que existe uma grande distância entre o que foi proposto em seu plano urbanístico e o que se acha realmente implantado. Embora fosse idealizada como cidade aberta, a Vila dos Cabanos é hoje um espaço urbano eminentemente segregado, ocupado quase que exclusivamente por funcionários da ALBRAS e suas famílias (IDESP, 1991). Laranjal A localidade de Laranjal constitui atualmente um bairro periférico de Vila dos Cabanos, sendo conseqüência direta das expropriações e do inchamento urbano do espaço social no município. O aglomerado populacional do Laranjal surgiu com o objetivo de abrigar a parte das famílias desapropriadas dos locais definidos para a implantação do complexo ALBRAS/ALUNORTE e o excedente populacional de operários das empresas que prestam serviços às fábricas ou para os moradores da Vila dos Cabanos (IDESP, 1991). O abastecimento de água encanada no bairro é precário, agravando ainda mais as condições de saneamento básico da área, uma vez que já é bastante deficiente devido à inexistência de rede de esgotos sanitários (IDESP, 1991). São Francisco Até 1952, São Francisco foi sede do município de Barcarena. A partir de 1980 sofreu um acelerado crescimento populacional decorrente da sua transformação em local de moradia de segmentos sociais de baixa renda, bem como, da instalação de pequenos estabelecimentos de natureza quase que exclusivamente terciária. Em São Francisco, as edificações são quase todas de madeira, grande parte encontrando-se em precário estado de conservação. O abastecimento de água é feito através de rede pública, que atinge quase todas as edificações da localidade, porém os usuários reclamam da qualidade da água por ser excessivamente ferruginosa (IDESP, 1991).

21 34 Vila Nova Vila Nova está situada à margem direita do rio Pará, próximo ao núcleo populacional de Itupanema. Foi criada com o objetivo de proporcionar assentamento para famílias que ficaram desprovidas de local para moradia, em decorrência das desapropriações ocorridas na região. As edificações de Vila Nova são na grande maioria de madeira, com exceção de alguns poucos prédios de alvenaria, que abrigam, sobretudo pequenos comércios. As redes de abastecimento de água e de fornecimento de energia elétrica foram implantadas em decorrência de reinvidicações e pressões exercidas pelo centro comunitário junto ao poder público (IDESP, 1991). Itupanema Itupanema está situada à margem direita do rio Pará, em um platô posicionado cerca de oito metros acima do nível do mar. Pré - existente ao projeto ALBRAS servia como local de moradia de uma população voltada ao mesmo tempo para a pesca, a caça, o extrativismo vegetal e para o cultivo de pequenas lavouras. A partir dos anos 80 grande parte da mão-de-obra de Itupanema mudou de atividade, passando a exercer trabalho de cunho predominantemente terciário. A madeira e a taipa são os materiais mais encontrados nas moradias, embora edificações de alvenaria já venham sendo construídas (IDESP, 1991). Dispõe de redes de energia elétrica e de abastecimento de água atendendo quase toda sua população. No entanto, não apresenta rede de esgotos sanitários. A solução para esse problema é a construção de fossas, geralmente nos fundos dos lotes (IDESP, 1991). Vila do Conde De acordo com dados do IDESP (1991), a Vila do Conde está situada às margens do rio Pará, sendo habitada por lavradores e pescadores. Permaneceu até o início da década de 70 como um pequeno lugarejo. Na década de 80 houve um acelerado aumento populacional, alcançando um elevadíssimo índice anual de 14,76%.

22 35 No setor mais antigo da Vila predominam edificações de alvenaria. Conta com rede de abastecimento de água, de energia elétrica, escola, posto de saúde, agência dos correios, farmácia, bares e pequenas lojas. A área de expansão é constituída quase completamente por edificações de madeira ou taipa, e até mesmo por palhoças em determinados trechos da margem direita do igarapé Dendê (IDESP, 1991). A rede de energia elétrica estende-se de modo abrangente, atingindo praticamente quase todos os prédios. A rede de abastecimento de água apresenta limitadas dimensões, sendo o abastecimento feito através de poços. A Vila do Conde não dispõe de esgotos sanitários, sendo as fossas a alternativa adotada. Essas fossas localizam-se principalmente nas áreas de expansão, às proximidades dos poços, fato que compromete as condições de saúde da população (IDESP, 1991). 4. CONTEXTO GEOLÓGICO A geologia da região trabalhada condiciona um conjunto de fatores da hidrogeologia da área, incluindo o estado de qualidade das águas, pois, sabe-se, que quando as águas escorrem sobre os tipos litológicos, incorporam e dissolvem íons como cálcio, magnésio, sódio, potássio, cloretos, sulfatos, nitratos e outros. A geologia da área estudada segundo Saraiva (2002) é representada por sedimentos flúvio-lacustrinos terciários do grupo Barreiras, recobertos por sedimentos aluvioneres do Quaternário. O afloramento mais expressivo do Grupo Barreiras na área está representado na falésia de Vila do Conde, onde se percebe uma superposição de sedimentos e níveis de concreções ferruginosas, indicando uma sucessão de fases distintas de acumulação de detritos e alterações químicas (Saraiva, 2002). Através de poços perfurados existentes na área pode-se estudar a geologia de sub-superfície, indicando que no intervalo entre 0 e 100 metros ocorre uma alternância de sedimentos finos a médios, com predominância de siltes e argilas, e um progressivo desaparecimento da fração fina com a profundidade, dando lugar aos arenitos médios a grossos principalmente no intervalo entre 170 a 210 metros de

23 36 profundidade. De 210 até 250 metros, os arenitos voltam a apresentar uma granulometria mais fina com intercalações de lentes de folhelhos esverdeados, às vezes azulados (IPT, 1984). Os sedimentos aluvionares recentes correspondem aos domínios das várzeas inundadas periodicamente pelos rios, igarapés e furos. Estes sedimentos são originados do retrabalhamento dos depósitos aluvionares mais antigos, os tesos (terraços), que foram originados pelo processo de erosão e retrabalhamento dos sedimentos do Grupo Barreiras (Benvenuti, 1995). A geologia de subsuperfície indica que os sedimentos aluvionares quaternários ocorrem até profundidades de aproximadamente 12m e são constituídos por sedimentos areno-argilosos, argilo-arenosos, silto-areno-argilosos, de coloração esbranquiçada, amarelada e avermelhada. Em torno de 6m ocorrem, de forma pontual, níveis de concreções lateríticas e, à cerca de 8m, ocorrem seixos concrecionários (Rodrigues, 1999). 5. CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA A composição química das águas subterrâneas é derivada principalmente das rochas que constituem o aqüífero, pelo tempo de exposição com os tipos litológicos. Essas águas, após se infiltrarem, não voltam à superfície por evapotranspiração, mas por captação de poço tubular ou naturalmente, por fontes surgentes. Desta forma, é imprescindível saber sobre a constituição dos aqüíferos existentes na área. Devido à constituição litológica das duas unidades encontradas (Barreiras e Pós-Barreiras), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) identificou para Barcarena aqüíferos livres e semiconfinados. Segundo Rodrigues (1999), os aqüíferos livres são constituídos por sedimentos aluvionares do quaternário e por sedimentos terciários do Grupo Barreiras. Os aqüíferos da Formação Pirabas não ocorrem na área, pelo menos até a profundidade de aproximadamente 300 metros (IPT, 1984). O aqüífero semiconfinado ocorre no Grupo Barreiras e está subdividido em aqüífero superior e inferior. O primeiro é caracterizado por uma matriz arenosa, fina a média e espessura variável (15 a 47 m), enquanto que o segundo por uma matriz

24 37 arenosa, grosseira, heterogênea e com espessura relativamente constante de, no máximo, 30m. (IPT, 1984). O aqüífero superior está semiconfinado por camadas de siltitos e argilas, apresenta uma vazão de 35.6 m 3 /h, para um rebaixamento de m, num período de 4 min. Sua transmissividade é de m 2 /h e o coeficiente de armazenamento 4.65 x O aqüífero inferior está semiconfinado por argilas e uma camada laterítica na base do aqüífero superior ou topo do inferior. Possui transmissividade de m 2 /h e o coeficiente de armazenamento de 2.8 x 10-4 (IPT, 1984). Os poços nesse aqüífero apresentam vazão de cerca de 180 m 3 /h, para um rebaixamento de 0.1 metros, num período de 12 minutos. 6. ESTUDOS REALIZADOS Um conjunto de temas de relevância para o estudo dos recursos hídricos da região de Barcarena foi realizado, no sentido de embasar propostas de educação ambiental para a área estudada FLUXOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS A água é encontrada na natureza em quantidades que variam aleatoriamente, no tempo e no espaço, podendo ser extremamente vulnerável à deterioração qualitativa. Por ser uma substância fluida, o seu uso em um local afeta não apenas os demais usuários neste mesmo local, mas também aqueles situados ao longo da direção de fluxo. Por esta razão é necessário conhecer o comportamento dos fluxos hídricos subterrâneos com o intuito de se obter uma série de informações sobre os aqüíferos, entre as quais está o conhecimento das áreas de descarga e recarga destes reservatórios, gerando, assim, uma ferramenta importante para servir de suporte na preservação dos mananciais subterrâneos do município, bem como o planejamento do uso e ocupação do solo.

25 Metodologia Para o estudo dos fluxos subterrâneos do aqüífero superior da área de Barcarena utilizou-se da seguinte metodologia: 39 (trinta e nove) poços foram selecionados em duas etapas de campo, a seleção foi feita de modo a contemplar toda a área de estudo (Fig. 6.1); Cadastramento dos poços, considerando informações como localização em coordenadas UTM, tipo de poço entre outras informações; Para cada um dos 39 poços cadastrados, mediram-se os níveis estáticos, utilizando-se de um medidor de nível sonoro; Diminuiu-se da cota topográfica o valor do nível estático, obtendo-se assim, os valores dos potenciais hidráulicos que foram utilizados para determinação das isolinhas na caracterização da superfície potenciométrica e interpretação da direção e sentido do fluxo subterrâneo; Para a construção do mapa de fluxo subterrâneo foram relevantes as localizações geográficas de cada poço e seu valor de potencial hidráulico. Os dados foram tabulados no programa de computador Microsoft Excel ilustrado na Tabela 6.1. Posteriormente estes dados foram transferidos para o programa Surfer 8.0, para avaliação do fluxo natural pelo método da Krigagem (interpolação matemática de dados, traçando-se linhas de isovalores). Tabela 6.1 Dados utilizados para a elaboração do mapa de fluxo subterrâneo do aqüífero superior de Barcarena COORDENADAS POÇOS N (m) E (m) COTA (m) NE (m) CH (m) P ,0 5,6 1,4 P ,8 1,8 27,0 P ,2 5,5 19,7 P ,2 7,6 26,6 P ,1 8,3 9,8 P ,3 11,0 7,3 P ,5 12,2 14,3 P ,6 10,6 10,0 P ,8 1,9 20,9 P ,5 6,4 19,1 P ,0 7,2 2,8

26 39 P ,8 4,5 13,3 P ,1 10,8 5,3 P ,4 2,9 16,5 P ,2 5,9 6,3 P ,7 3,5 8,2 P ,6 4,0 18,6 P ,7 18,0 3,7 P ,0 6,4 12,6 P ,5 11,1 1,4 P ,0 3,5 8,5 P ,5 5,9 6,6 P ,9 6,8 11,1 P ,8 10,3 6,5 P ,3 2,0 16,3 P ,0 5,0 15,0 P ,2 5,7 10,5 P ,3 3,6 5,7 P ,3 6,3 19,0 P ,2 5,9 19,3 P ,2 4,3 20,9 P ,2 3,2 18,0 P ,4 6,0 7,4 P ,1 6,8 11,3 P ,9 2,8 19,1 P ,2 3,4 8,8 P ,1 6,7 8,4 P ,7 11,2 26,5 P ,6 5,4 8, Interpretação dos Resultados A partir dos dados obtidos utilizando a metodologia acima, foram construídos os mapas de profundidade do nível estático e de fluxo subterrâneo. Todos eles para o aqüífero superior na região de Barcarena Comportamento do Nível Estático O Nível Estático do aqüífero corresponde a distancia desde a boca do poço até a água, quando não influenciada por bombeamento. Os poços selecionados não apresentaram variações consideráveis nas profundidades do nível estático. Analisando-se a figura 6.2 pode se verificar que: As profundidades do lençol freático (nível estático) na área estudada variam desde 1,8m até cerca de 18m, com uma média de 6,4m;

27 1 Figura Localização dos poços selecionados para a construção do mapa de fluxo subterrâneo (pontos verdes).

28 1 Grande parte da área monitorada apresenta profundidade abaixo de 05m, ocorrendo no mapa, em todo o setor sul, centro, sudoeste e sudeste, além de uma faixa estreita, orientada na direção NNE; As áreas de relativamente mais alta profundidade do nível estático se encontram a leste da sede de Barcarena e na porção leste do mapa; Essas águas, mesmo as que se encontram em maiores profundidades, provém de aqüíferos livres e, por isso, são muito vulneráveis à poluição. Desta forma, não se recomenda a captação das águas desse aqüífero superior para abastecimento público da população da área. De qualquer modo se for inevitável à utilização dessas águas, devemse preferir as mais profundas, pois deverão ter melhores qualidades Comportamento do Fluxo Subterrâneo A superfície potenciométrica mostrou valores entre 1,4 a 27m e, como já descrito, foram obtidos pela diferença entre a cota da boca do poço em metros e o nível estático do aqüífero (em metros). A superfície potenciométrica representa uma linha que une pontos de mesmos valores de potencial hidráulico. Os fluxos subterrâneos se verificam das superfícies de cotas mais altas para as mais baixas podendo, neste caso, haver deslocamento de contaminantes. Analisando-se o comportamento da superfície potenciométrica mostrada em duas dimensões na figura 6.3, percebe-se os seguintes pontos: Os cursos d água superficial da região de Barcarena são efluentes nas águas subterrâneas. Isso significa um fluxo da água subterrânea no sentido das águas superficiais (como exemplo se tem os rios Barcarena e Tauaporanga); Segundo Almeida (2005), com esse comportamento as águas subterrâneas não poderão ser influenciadas por possíveis vetores contaminantes vindos do rio. Porém o inverso é verdadeiro. Caso contaminados, os lençóis subterrâneos poderão contaminar as águas superficiais, uma vez que o rio está sendo abastecido pelo aqüífero superior;

29 1 Figura 6.2. Mapa de profundidade do nível estático do aqüífero superior de Barcarena/PA

30 1 O mapa de fluxo subterrâneo do aqüífero superior, quando analisado no contexto da base física construída para a área estudada (Fig. 6.2), mostra a existência de, pelo menos, quatro áreas de recarga desse sistema aqüífero. Estas podem ser definidas como a entrada de água na zona saturada - no mapa é caracterizada pelo padrão divergente dos vetores de fluxo, que pode ser feita pela precipitação, por rios, lagos ou por aqüíferos adjacentes; o As áreas de recarga que mais se evidenciam estão localizadas nos setores SW e NE do mapa, próximas à rodovia PA-483 (tendo como referencial a Colônia do Japiim) e imediações da PA-151 (próximo à sede de Barcarena), respectivamente; o As outras duas áreas de recargas, localizam-se a noroeste e leste do mapa de fluxo. A primeira estando próxima à Vila dos Cabanos e a segunda, próxima da localidade de São Luís; Nesses pontos, qualquer fonte poluidora com mobilidade e persistência tem condições de comprometer a qualidade das águas subterrâneas em boa parte da área urbana. Isto porque as direções de fluxo subterrâneo partem desses pontos para toda a área, carreando consigo o poluente. Assim, aconselha-se a utilização dessas áreas como de proteção ambiental ou pelo menos que seja desestimulada a instalação de postos de gasolina, matadouros, curtumes, lixão, ou outros tipos de estabelecimentos ou atividades com alto poder de poluição. No que se refere às áreas de descarga, que são reconhecidas no mapa pelo padrão convergente dos vetores de fluxo, puderam ser observadas cinco áreas de descarga. Essas áreas de descargas estão localizadas ao centro da sede municipal de Barcarena, a nordeste da Vila dos Cabanos, sudoeste da localidade de São Luis, sudeste da Colônia do Japiim e a leste da Vila do Conde.

31 1 Figura 6.3. Mapa superfície potenciométrica do aquífero superior de Barcarena/PA

32 QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS O consumo de água contaminada tem sido associado a diversos problemas de saúde. Algumas epidemias de doenças gastrointestinais, por exemplo, têm como fonte de infecção a água contaminada. Essas infecções representam causa de elevada taxa de mortalidade em indivíduos com baixa resistência, atingindo especialmente idosos e crianças menores de cinco anos (OPS, 2000). A qualidade da água pode ser afetada por diversos motivos, como o destino final do esgoto doméstico e industrial em fossas e tanque sépticos, a disposição imprópria de resíduos sólidos urbanos e industriais, postos de combustíveis, entre outros, que são origem da contaminação das águas por parasitas, bactérias e vírus patogênicos, substâncias orgânicas e inorgânicas. Pode-se obter água para consumo humano de diferentes fontes e uma delas se refere ao manancial subterrâneo, recurso utilizado para abastecer uma parcela dos habitantes de Barcarena. A água subterrânea pode ser captada no aqüífero confinado ou no aqüífero livre. Este fica, via de regra, próximo à superfície, sendo, portanto, mais suscetível à contaminação. Contudo, em função do baixo custo e facilidade de perfuração, a captação de água do aqüífero livre é mais freqüentemente utilizada no Brasil e a cidade alvo deste estudo, não foge à regra desta realidade, já que, em sua maioria, utiliza-se de poços escavados para atender a demanda de água. Devido à falta de saneamento básico, com grande número de fossas rudimentares para a destinação do esgoto doméstico, pode-se presumir o comprometimento da água subterrânea e, pensando desta forma, neste item serão apresentados e discutidos resultados das análises físico-químicas das águas subterrâneas analisadas do sistema hidrogeológico Barreiras, na cidade de Barcarena.

33 Aspectos Metodológicos Para a determinação da qualidade físico-química dessas águas, foram selecionados doze poços, localizados em Barcarena, para a coleta de amostras de água provenientes do aqüífero superior da área, em julho de 2005, contemplando o período de menos chuva da região. Por problemas logísticos e financeiros, não foi possível fazer uma segunda coleta de amostras de água que contemplasse o período chuvoso para comparações e também a parte que diz respeito às análises bacteriológicas. A escolha dos pontos de amostragem (Fig. 6.4) foi feita buscando uma melhor distribuição dos poços na área de trabalho e a facilidade de acesso aos mesmos. O número de amostra obedeceu os dispositivos da Portaria nº 518, de 25 de março de 2004, do Ministério da Saúde. Na porção sudeste da área não foi possível a coleta de água devido à falta de acesso. As amostras foram acondicionadas em frascos de polietileno de 1000 ml e mantidas sob refrigeração até serem levadas para o laboratório de Hidroquímica, da Universidade Federal do Pará UFPA. Durante as coletas os equipamentos foram lavados com água destilada e com a própria água coletada, com o intuito de evitar qualquer contaminação remanescente de outras amostras. Parâmetros medidos no campo Em campo, para cada poço, no momento da coleta, foram medidos o ph (através de um potenciômetro portátil), a condutividade elétrica e sólidos totais dissolvidos (STD), através de um condutivímetro portátil. Também foram determinadas as coordenadas geográficas, de cada poço visitado, através do Global Positioning System GPS. Parâmetros físico-químicos determinados em laboratório Os parâmetros analisados foram: alcalinidade, cloreto, magnésio, cálcio, sódio, potássio, nitrato, sulfato, fosfato, amônia e brometo.

34 3 A análise de alcalinidade foi realizada no laboratório de Hidroquímica e as demais, pelo método de cromatografia, utilizando o cromatógrafo iônico DX 120 da DIONEX, no laboratório de Cromatografia do Departamento de Geociências da Universidade federal do Pará Figura Localização dos poços selecionados para amostragem de água Parâmetros Físico-Químicos Analisados Neste estudo foram analisados os seguintes parâmetros: ph O potencial hidrogeniônico representa a concentração de íons hidrogênio (H+), que indica a condição de acidez, neutralidade ou alcalinidade da água. De acordo com Sperling (1996), este teor pode ser de origem natural através da dissolução de rochas, absorção de gases da atmosfera, oxidação da matéria orgânica e fotossíntese. Pode ter também origem antropogênica, através de

35 4 despejos domésticos (oxidação da matéria orgânica) e despejos industriais (por exemplo, a lavagem ácida de tanques). Condutividade Elétrica A condutividade elétrica é determinada pela presença da concentração de íons dissociados em ânions e cátions, onde, quanto maior a concentração, maior será a condutividade, que é a capacidade da água transmitir corrente elétrica. STD Refere-se à soma dos teores de todos os constituintes minerais presentes na água, isto é, representa a concentração de todo o material dissolvido na água, seja ou não volátil. Alcalinidade É a medida total das substâncias presentes numa água, capazes de neutralizarem ácidos. Em águas subterrâneas a alcalinidade é devida principalmente aos carbonatos e bicarbonatos e, secundariamente, aos íons hidróxidos, silicatos, boratos, fosfatos e amônia (Sperling, 1996). Alcalinidade total é a soma da alcalinidade produzida por todos estes íons presentes numa água, sendo expressa em mg/l de CaCO3. Cálcio (Ca + ) O teor de cálcio nas águas subterrâneas varia geralmente de 10 a 100 mg/l e suas principais fontes são os plagioclásios cálcicos, calcita, dolomita, apatita, entre outros (Custodio & Llamas, 1983 apud Feitosa & Manoel Filho, 1997).

36 5 Magnésio (Mg² + ) O magnésio é um elemento cujo comportamento geoquímico é muito parecido com o do cálcio e, em linhas gerais, acompanha este elemento. Diferentemente do cálcio, contudo, forma sais mais solúveis. Nas águas subterrâneas ocorre com teores entre 1 e 40 mg/l (Custodio & Llamas, 1983 apud Feitosa & Manoel Filho, 1997). Potássio (K + ) Segundo Custodio & Llamas (1983 apud Feitosa & Manoel Filho, 1997) o potássio é um elemento químico abundante na crosta terrestre, mas ocorre em pequena quantidade nas águas subterrâneas, pois é facilmente fixado pelas argilas e intensivamente consumido pelos vegetais. Sódio (Na + ) O sódio é um elemento químico quase sempre presente nas águas subterrâneas. Seus principais minerais fonte (feldspatos plagioclásios) são pouco resistentes aos processos intempéricos, principalmente os químicos. Os sais formados nestes processos são muito solúveis. Nas águas subterrâneas o teor de sódio varia entre 0,1 e 100 mg/l, sendo que há um enriquecimento gradativo deste metal a partir das zonas de recarga (Custodio & Llamas, 1983 apud Feitosa & Manoel Filho, 1997). Cloretos (Cl - ) O cloro está presente nas águas subterrâneas, em teores inferiores a 100 mg/l, formando compostos muito solúveis e tendendo a se enriquecer, junto com o sódio, a partir das zonas de recarga das águas subterrâneas. Teores anômalos são indicadores de contaminação por água do mar, e por aterros sanitários (Custodio & Llamas, 1983 apud Feitosa & Manoel Filho, 1997).

37 6 Brometo (Br - ) Possui comportamento químico semelhante ao do cloreto e é interessante ser estudado para o entendimento da origem das águas salgadas (Feitosa e Manoel Filho, 1997). Nitrato (NO - 3 ) Nitratos podem derivar de água de esgoto e sua presença na água é indício de contaminação. Porém, tal contaminação na água subterrânea só pode ocorrer se, concomitantemente, houver cloreto presente. Nas águas subterrâneas ocorrem em teores, em geral, abaixo de 5mg/L (Sperling, 1996). Amônio (NH + 4 ) A formação de NH4+ é feita através de processos de decomposição da matéria orgânica dissolvida e particulada. Nas águas subterrâneas se encontra em condições redutoras e em pequenas quantidades (Mathess, 1982 apud Costa, 2002). Sulfato (SO -2 4 ) As águas subterrâneas apresentam geralmente teor de sulfato inferior a 100 mg/l. Se estiver em excesso (> 400mg/L) pode causar efeito laxativo e na presença de íons de magnésio e sódio pode provocar distúrbios gastrointestinais (Batalha & Parlatore, 1977 apud Feitosa & Manoel Filho, 1997). Fosfato (PO -3 4 ) O fósforo por via antropogênica pode ser adicionado às águas subterrâneas por derivados de detergentes, efluentes domésticos, inseticidas e pesticidas. Sua concentração varia normalmente entre 0,01 e 1 mg/l, podendo chegar a 10 mg/l (Mathess & Harvey, 1982 apud Feitosa & Manoel Filho, 1997).

38 Resultados Obtidos Os resultados das análises físico-químicas realizadas para as águas de Barcarena podem ser vistos na Tabela 6.2. Esses valores foram comparados aos valores máximos permissíveis para consumo humano, de acordo com a portaria nº 518, de 25 de março de 2004, do Ministério da Saúde, que constitui o mais recente dispositivo legal sobre potabilidade da água para consumo humano Tratamento dos Dados Para o tratamento dos resultados obtidos foram confeccionados gráficos para os constituintes de maior importância, utilizando o programa Excell for Windows, no sentido de fornecer uma melhor visualização dos valores obtidos e uma rápida comparação entre as diversas amostras. Para visualização das variações espaciais dos parâmetros de maior importância para os objetivos deste trabalho, foram traçados mapas de isoteores através do programa Surfer for Windows 8.0. Foi confeccionado, ainda, um diagrama de Piper para a obtenção da classificação iônica das águas, utilizando-se o software Aquachem Descrição e Interpretação dos Resultados ph Os valores de ph obtidos na área estudada (Fig. 6.5) variaram entre 3,65 a 6,09, tendo por média 4,3, o que caracteriza as águas como ácidas. Esses valores podem causar a corrosão das tubulações dos poços de captação, doenças como gastrite e afins no organismo humano e restrições nos usos gerais das águas para indústrias (Matta, 2002).

39 Tabela 6.2 Resultados das Análises Físico-químicas para Água Subterrânea do Município de Barcarena/PA. 1 AMOSTRA ALCALINIDADE Na + K + Ca + Mg² + NH 4 + SO 4-2 Cl - NO 3 - PO 4-3 Br - C.E STD ph (mg/l) (mg/l) (mg/l) (mg/l) (mg/l) (mg/l) (mg/l) (mg/l) (mg/l) (mg/l) (mg/l) (μs/cm (mg/l) 0 3,20 0,43 1,04 0, ,18 5, ,1 19 4,69 34,29 11,73 1,25 12,96 0,63 0 1,34 6,08 31, ,6 73 6,09 4,28 5,05 0,29 0,19 0,09 0 2,64 2,57 5, ,9 2 4,58 0 2,13 0,67 0,72 0,39 0 1,23 3,03 6, ,4 19 4,44 0 1,85 2,27 0,12 0, ,21 3, ,3 17 4, ,0 1,33 2,55 1,91 1, ,36 99,23 0, ,8 0 51,36 1,50 0,61 0, ,9 6 44,27 0, ,25 0 2,06 0,19 0 0,28 0,09 1,14 2,73 4, ,5 17 4,18 0 1,66 0,37 0,27 0,32 0,08 0,43 2,47 4, ,9 2 4,11 0 1,40 0,18 0,23 0,16 0,14 0 1,99 0 0,72 3,27 3,9 2 4,09 0 2,28 0,30 0,13 0,18 0,06 1,11 2, ,38 3,9 2 3,88 0 2,56 0,28 0,36 0,31 0,09 0 2,75 10, ,9 2 3,65

40 1 ph ,69 6,09 4,58 4,44 4,25 3,8 4,25 4,18 4,11 4,04 3,88 3, Amostra Figura Variação do ph em Barcarena/PA Apesar de os valores se encontrarem abaixo do valor recomendado pela legislação vigente, que é de 6,0 a 9,5, eles refletem a acidez regional característica das águas amazônicas (Matta, 2002). Estes valores estão relacionados, até certo ponto, com a natureza mineralógica do solo e subsolo (Sioli, 1957 apud Costa, 2002). Lima e Kobayashi (1988, apud Costa, 2002) relacionaram o ph ácido das águas subterrâneas de Barcarena com o perfil geológico da área, rico em argilas cauliníticas, contendo restos de vegetais e sedimentos carbonosos. A distribuição do ph na área pode ser vista na Figura 6.6, onde pode-se perceber que, a sudeste e a oeste, os valores estão em torno de 3,8. Destas porções, indo em direção ao norte da área, os valores aumentam, porém não ultrapassam 6.1. O ph da amostra do poço 02 foi o único com o valor (6,09) aceitável pela portaria 518/2004, as outras amostras ficaram fora da faixa considerada adequada (6,0 a 9,5) para o consumo humano. Como todas as águas apresentaram valores baixos de alcalinidade (ver tabela 6.2), a capacidade de neutralizar os ácidos, segundo Silva (2005) é praticamente nula, e estando esses ácidos presentes nos solos decorrente da decomposição da matéria orgânica, formando assim os ácidos húmicos que entrarão em contato com as águas de infiltração reduzem seu ph. Portanto, pode ser considerado que o valor alto do ph da amostra 02 está associado ao alto valor de alcalinidade, que é de 34, 29 mg/l.

41 2 Figura Distribuição areal do ph em Barcarena/PA Condutividade Elétrica Apesar de a Portaria nº 518/2004 não citar valores de referência, para as águas subterrâneas, a análise deste parâmetro é de fundamental importância, uma vez que a condutividade mede o grau de mineralização iônica das águas que, por sua vez, está diretamente associada à potabilidade da água para consumo humano (Matta,2002). Os valores de condutividade elétrica (Fig. 6.7) na área variaram entre 3,9 e 311 μs/cm a 25 C, com média de 52,3μS/cm. Em apenas duas amostras, referentes aos poços 02 e 06, os valores foram elevados, as demais não ultrapassaram 50μS/cm.

42 3 CONDUTIVIDADE ELÉTRICA µs/cm ,1 155,6 3,9 40,4 37, , ,9 3,9 3,9 3,9 Amostra Figura Variação da condutividade elétrica em Barcarena/PA Verifica-se na figura 6.8 o comportamento geral da condutividade elétrica na área, demonstrando um aumento gradual, desde a área sudeste (menor condutividade) até oeste, onde se tem uma maior condutividade. Ocorrem, na área, dois núcleos isolados, com valores relativamente elevados (acima de 150μS/cm), nas porções norte e oeste. Segundo Silva (2005), na região metropolitana de Belém a condutividade elétrica (C.E) das águas pluviais está por volta de 20 µs/cm. De certa forma, pode-se presumir que as águas dos poços analisados na área tenham influência direta das águas pluviais, já que os valores de condutividade elétrica são muito próximos aos apresentados por essa águas. Araújo (2001 apud Costa, 2002), na região de Santa Isabel do Pará, obteve valores de C.E elevados na zona antiga da cidade, indicando que as fontes contaminantes (fossas), por serem mais antigas, podem ser o fator desses alto valores ou a causa poderia estar relacionada às pequenas distâncias entre as fossas e poços. Assim, presume-se que os valores relativamente altos nos poços 02 e 06 devem-se ao fato da pequena distância entre as fossas e os poços, que não passaram de 15 metros e por se encontrarem em localidades bastante povoadas (Vila dos Cabanos e Vila do Conde, respectivamente), fazendo com que haja um maior número das fontes contaminantes.

43 4 Figura Distribuição areal da condutividade elétrica em Barcarena/PA Sólidos Totais Dissolvidos (STD) Os valores de STD obtidos variaram entre 2 e 147 mg/l, com uma média de 25 mg/l (Fig. 6.9). Os teores mais altos correspondem às amostras dos poços 02 e 06, o que já era esperado por também apresentarem altos valores de condutividade elétrica, já que guardam uma estreita relação, à medida que se tem uma boa estimativa de STD apenas multiplicando o valor da condutividade elétrica por um fator que varia entre 0,55 e 0,75 (Feitosa & Manoel Filho, 1997). Devido à relação direta entre esses parâmetros, conclui-se, ao observar as figuras 6.7 e 6.9, que a distribuição areal dos valores de STD se comportam da mesma forma que os de condutividade elétrica, não sendo necessária, portanto o mapa de isoteores neste caso. Como o valor máximo de STD admitido pela Portaria Nº 518/04 do Ministério da Saúde, para águas de consumo humano, é de 1000 mg/l, e como todas as amostras têm valores inferiores a este limite de potabilidade, não há restrição para o consumo humano destas águas.

44 5 Correlacionando os valores anômalos de STD com os de condutividade elétrica, percebe-se que os mesmos são diretamente proporcionais e, portanto, devem possuir o mesmo motivo para tais valores anômalos. 150 STD 147 (mg/l) Amostra Figura Variação dos Sólidos Totais Dissolvidos em Barcarena/PA Sódio As águas com concentrações elevadas de sódio são prejudiciais às plantas por reduzir a permeabilidade do solo, sendo especialmente nocivas quando as concentrações de Ca e Mg são baixas (Custodio e Llamas, 1983 apud Feitosa e Manoel Filho, 1997). Os valores obtidos para o sódio, que vão de 1,4 a 51,36 mg/l, estão dentro do valor recomendado para água potável pela portaria 518/2004 que é de 200 mg/l (Fig. 6.10). Sódio (mg/l) ,2 11,73 51,36 2,06 5,05 2, ,85 1,66 1,4 2,28 2, Amostra Figura Variação do sódio em Barcarena/PA

45 6 De acordo com a figura 6.11, observa-se que existem dois núcleos com teor maiores de sódio, correspondentes a 34 e 51,36 mg/l e situados a oeste e nordeste da área, respectivamente. Na visualização do mapa de isovalores de sódio (Fig. 6.10), percebe-se,claramente as duas concentrações de valores máximos. Os valores de sódio nas amostras analisadas foram diferentes dos demais nos poços 02, 06 e 07. Um dos fatores para explicar esses teores pode estar relacionado a uma menor proximidade das áreas de recarga em relação ao aqüífero de onde as águas são explotadas, já que, segundo Silva (2005), as águas subterrâneas tendem a se enriquecer nesse elemento à medida que as águas que infiltram pela zona de recarga avançam no subsolo e distanciam-se dessas zonas, pois entram em contato com um maior volume de rocha lixiviando-as e colocando íons de sódio em solução. Cloreto Este parâmetro constitui importante padrão de potabilidade, uma vez que provoca sabor nas águas, corrosões em estruturas de metal, incrustações em tubos de revestimento, aumento da dureza das águas e ações negativas no metabolismo de organismos (Matta,2002). Nas amostras analisadas, os valores obtidos para cloreto, ficaram entre 1,99 e 101,96 mg/l, com uma média de 13,6 mg/l. Como visto na figura 6.12, no geral as amostras apresentam valores inferiores a 5 mg/l, apenas as amostras 06 e 07 possuem valor acima de 40 mg/l. Todas as amostras analisadas apresentaram valores de cloreto bem abaixo do teor máximo recomendado pela Portaria Nº 518/2004, do Ministério da Saúde, para as águas potáveis, que é de 250 mg/l. Uma explicação para os valores altos de cloretos nos poços 06 e 07, e que também pode explicar os maiores valores de sódio, pode ser em razão da proximidade da fonte da mesma em relação à Baía do Marajó e cursos principais de drenagem, visto que a Baía do Marajó é um sistema estuarino e tem razoável concentração de cloreto e de sódio advindo das águas do Oceano Atlântico (SILVA, 2005).

46 7 Figura Distribuição areal do sódio em Barcarena/PA CLORETO mg/l 120,00 100,00 80,00 60,00 40,00 20,00 0,00 3,18 6,08 2,57 3,03 3,21 66,35 101,96 2,73 2,47 1,99 2,96 2, Amostras Figura Variação do cloreto em Barcarena/PA De acordo com a distribuição das isolinhas para os valores de cloreto (Fig. 6.13), observam-se dois núcleos isolados, um a oeste, com 66,35 mg/l; e, o segundo a nordeste, com 101,96 mg/l. Os valores de cloreto são praticamente homogêneos (com exceção dos núcleos isolados já citados), não ultrapassando 5,1mg/L.

47 8 Figura Distribuição areal do cloreto em Barcarena/PA Nitrato O nitrato é o poluente que ocorre com mais freqüência nas águas subterrâneas. Além do uso de fertilizantes agrícolas e criação de animais, os sistemas de saneamento in situ, seja por tanques sépticos ou fossas rudimentares, constituem outra importante fonte de nitrato nas águas subterrâneas. De acordo com Sperling (1996) no sistema digestivo o nitrato é transformado em nitrosaminas, que são substâncias carcinógenas. Crianças com menos de três meses de idade possuem, em seu aparelho digestivo, bactérias que reduzem o nitrato a nitrito. Este se liga muito fortemente a moléculas de hemoglobina, impedindo-as de transportar oxigênio para as células do organismo. A deficiência de oxigênio leva a danos neurológicos permanentes, a dificuldade de respiração (falta de ar) e, em casos mais sérios, à morte por asfixia. Aos seis meses de idade a concentração de ácido hidroclórico aumenta no estômago, matando as bactérias redutoras de nitrato. Diante do risco apresentado, o Ministério da Saúde estabeleceu, através da Portaria nº 518/2004, que a concentração de nitrato na água para consumo humano

48 9 não deve exceder 10 mg de N-NO3-/L (correspondente a 45 mg/l, calculado como NO3- ). No geral os valores de NO3- obtidos não ultrapassaram 6,05 mg/l, sendo que em 05 amostras (41%) não houve a presença deste ânion ( Fig. 6.14). Das amostras analisadas, a que se refere ao poço 06 está acima do valor permitido para ser própria ao consumo humano, possuindo 99,23 mg/l. Contudo, a amostra de água dos poços 02 e 07, apesar de estarem dentro do padrão de potabilidade, já que apresentaram 31,88 mg/l e 44,27 mg/l, respectivamente, também merecem atenção pelo caráter acumulativo da substância e sua alta mobilidade no aqüífero. Estes valores podem estar sendo influenciados pelo sistema de esgoto que é precário, fazendo com que os despejos domésticos sejam lançados diretamente no solo, aliado a este, está o fator de que é nessas áreas, de localização dos poços, que há o maior índice de pessoas residentes, conseqüentemente, há uma maior incidência das fontes de contaminação. Nitrato (mg/l) ,93 31,88 5,82 6,05 3, ,38 4, Amostras Figura Variação do nitrato em Barcarena/PA A distribuição do nitrato na área pode ser observada na figura 6.15, que demonstra a ausência do composto nas porções leste e sul da área analisada, já a noroeste, nordeste e extremo oeste, tem se os maiores valores obtidos.

49 10 Figura 6.15 Variação areal do nitrato em Barcarena/PA Amônia É uma substância tóxica não persistente e não cumulativa, formada no processo de decomposição de matéria orgânica (uréia - amônia). O caminho de decomposição das substâncias orgânicas nitrogenadas é chegar ao nitrato, passando primeiro pelo estágio de amônia, por isso, a presença desta substância, dependendo da concentração, indica uma poluição recente. Como mostrado na figura 6.16, em metade das amostras analisadas não houve a presença de amônia e nas demais os valores variaram entre 0,06 e 1,1 mg/l. Estes teores estão dentro da concentração limite permitida pelo Ministério da Saúde, porém Custodio & Llamas (1976 apud Costa, 2002) atentaram para valores superiores a 0,06 mg/l nas águas subterrâneas, já como indicativos de contaminação, que pode se dar por esgotos domésticos, fossas, lixos, fertilizantes agrícolas ou dejetos industriais. Na figura 6.17 pode-se observar que em uma faixa de norte a sul da área não se tem a presença do amônia. No geral, o mesmo ocorre na porção oeste, onde se

50 11 tem apenas a presença no seu extremo, sendo representada pela amostra de maior teor. AMÔNIA (mg/l) 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0, ,1 0 0,09 0,08 0, ,06 0,09 Amostra Figura Variação da amônia em Barcarena/PA Nas porções nordeste e sudeste tem-se o composto em valores que não ultrapassam 0,14 mg/l. Pode-se dizer que o valor anômalo desse parâmetro no poço 6 se deve à influência de fatores externos, tais como fossas, lixos ou dejetos industriais (Custódio e Llamas, 1976). Essas fontes são bastante prováveis, já que a área é desprovida de sistema de esgoto, sendo a disposição dos despejos domésticos feita através de tanques sépticos e/ ou negros, e também por estar próxima às indústrias. Figura Distribuição areal do amônia em Barcarena/PA

51 Considerações Gerais sobre a Qualidade das Águas De acordo com o resultado encontrado, pode-se dizer que as águas analisadas estão próprias para o consumo humano, no que se refere ao padrão físico-químico, com exceção da amostra do poço 06, onde a concentração de nitrato está acima do permitido pela portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde. Contudo, algumas amostras apresentaram valores físico-químicos anômalos quando comparadas às demais analisadas. Esses valores restringem-se aos poços 02, 06 e 07 nos seguintes parâmetros: ph, condutividade elétrica, sólidos totais dissolvidos (STD), sódio, cloreto, nitrato e amônia. A alta taxa de precipitação, a composição quartzo-arenosa dos solos pobres em cátions alcalino-terrosos (Ca2+, Mg2+) e o relativamente denso carpete de vegetação geram condições de formação de águas subterrâneas muito doces (STD<100 mg L-1) e ácidas (ph 3,6-6) tendo como íons principais sódio e cloreto. A partir dos resultados obtidos pode-se concluir que os valores anômalos se devem, geralmente, à poluição antropogênica, devido à falta de sistema de esgoto adequado, somado ao fato de que os poços, que são rasos, são mal construídos e explotam água de aqüíferos livres, que são bastante susceptíveis à contaminação, pois não possuem uma camada confinante, que possam proteger esse reservatório de água. Recomenda-se que haja um monitoramento sistemático nesses poços, pois, como já explicitado, estão bastante vulneráveis aos diversos fatores de contaminação existentes em Barcarena Classificação Iônica das Águas A análise da contribuição dos íons maiores, no processo de seleção dos tipos hidroquímicos, pode ser visualizada nos diagramas de classificação de águas. Diante do exposto, visando classificar as águas subterrâneas do aqüífero superior de Barcarena, os resultados das análises físico-químicas foram plotados no

52 13 diagrama de Piper (Fig. 6.18), evidenciando os valores dos íons dominantes (Ca2+, Mg 2+, Na + + K +, HCO3 -, SO4 - e Cl - ). Os valores destes íons foram plotados inicialmente em dois triângulos, de cátions e ânions, sendo posteriormente projetados para um losango, possibilitando a classificação e individualização de eventuais distintos grupos de águas, que podem ser sulfatadas ou cloretadas cálcicas ou magnesianas, sulfatadas ou cloretadas sódicas, bicarbonatadas sódicas e bicarbonatadas cálcicas ou magnesianas. A adoção dessa metodologia permitiu classificar a grande maioria das amostras como águas cloretadas-sódicas. A maioria das amostras evidenciou uma homogeneidade quanto à constituição dos cátions principais e dos ânions. Essa classificação está de acordo com aquela estabelecida por Matta (2002) para as águas subterrâneas da região de Belém e Ananindeua, pertencentes a este mesmo sistema hidrogeológico. Figura Diagrama de Piper usado para a classificação das águas de Barcarena/PA

53 CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL DA ÁREA Ao ser levantada a hipótese de que podem haver divergências significativas entre os problemas ambientais concretos e a percepção social, foi feita uma pesquisa sócio-ambiental estruturada na elaboração de um diagnóstico da situação de como os moradores de Barcarena utilizam e conservam os recursos hídricos do município. Esse diagnóstico se baseia em uma análise mais ampla dos impactos sócioambientais causados pelo processo de desenvolvimento da cidade e uma análise sobre a percepção dos usuários residenciais, com as presumíveis diferenciações entre grupos sociais hierarquizados por níveis de renda, de instrução e outros critérios definidores de padrões, estilos e condições de vida objetiva e subjetivamente desiguais. A pesquisa sócio-ambiental se deu por meio da aplicação de um questionário padrão (ANEXO 01) a uma amostra da população do município, buscando descrever e analisar o grau de informação, as atitudes e a avaliação que os usuários domésticos fazem de aspectos centrais da água em seu cotidiano, seja nos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário, seja como elemento da paisagem urbana, refletido no plano mental de alguns usuários como sendo o mais adequado. Essa pesquisa teve como principais objetivos: 1) caracterizar as condições de acesso dos domicílios aos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário, como também suas respectivas práticas de uso e consumo destes bens e serviços; 2) apreciar os conhecimentos e a percepção destes segmentos sobre a qualidade dos recursos hídricos e o serviço de abastecimento de água da cidade, visando determinar possíveis influências da formação sócio-cultural e do grau de informação sobre as respectivas práticas de consumo; 3) avaliar atitudes e motivações que favoreçam, por parte dos cidadãos, a adoção de práticas que não comprometam a qualidade da água e, secundariamente, a outros aspectos do meio ambiente;

54 15 4) identificar padrões de resposta às questões sobre informação, percepção, atitudes e práticas relativas à água a partir de aspectos sociais, culturais e espaciais da amostra e de seu universo (nível de instrução, ocupação, gênero etc.); 5) fornecer subsídios para o planejamento de campanhas de economia e programas de conservação da água. O questionário é composto por 38 questões, agrupadas em quatro blocos temáticos, a saber: i) caracterização do domicílio; ii) caracterização do grupo familiar/doméstico; iii) saúde; iv) nível de informação (conhecimentos gerais). A população de interesse, da qual foram extraídas as amostras, era formada pelo conjunto das famílias residentes na área, sendo o domicílio permanente tomado como indicador de família e unidade amostral de base. Para calcular o tamanho da amostragem, foram considerados os dados do IBGE estimados para 2005, que indicam para Barcarena uma população de habitantes. A partir deste dado, previu-se uma amostragem correspondente a 1% da população, sendo a maioria dos informantes do sexo feminino Resultados Obtidos e Interpretações O trabalho de campo foi realizado no período de 17 a 18 de julho de Com as informações obtidas através dos questionários foi possível a construção de diversos Figuras e análises cruzadas, podendo assim, identificar padrões sociais de resposta a várias questões relacionadas a conhecimentos gerais sobre a água e até que ponto o grau de informação sobre os problemas de qualidade da água depende do nível de instrução ou da classe social do entrevistado. Da mesma forma que as questões abordadas foram agrupadas em blocos, os Figuras, a seguir, seguirão a mesma lógica, só que não na mesma seqüência. Caracterização do Grupo Familiar Doméstico Como se pode depreender da figura 6.19, 52% das pessoas residentes nos domicílios cadastrados são do sexo masculino. Este percentual não se distancia

55 16 muito do percentual estimado pelo IBGE para a população do município no ano de 2005, que corresponde a 50,7%. É interessante notar que, apesar de a maioria da população domiciliar ser do sexo masculino, as mulheres sempre estavam por trás das respostas dadas ao questionário, já que são elas que passam a maior parte do tempo na casa. Portanto, são elas que mais se envolvem com as questões domésticas e, conseqüentemente, sabedoras dos problemas que podem alterar a qualidade da água, estando, assim, mais sensíveis no caso de se ter que desenvolver um projeto de educação hidroambiental na área. Sexo dos habitantes do domicílio 48% 52% Masculino Feminino Figura População de Barcarena/PA, por sexo. Na figura 6.20, o número de crianças (39,5%) é preponderante sobre os demais membros que constituem os domicílios. Isso é um aspecto positivo, pois ao se desenvolver um trabalho de conscientização, independente do assunto a ser focado, a criança é mais receptiva às informações que possam justificar a necessidade dessa conscientização, uma vez que ainda é um ser em formação, sem os vícios da sociedade. A escolaridade é um fator que pode contribuir para o uso adequado ou não dos recursos hídricos de Barcarena. No entanto, os dados expressos na figura 6.21 não são muito animadores, já que 46% da população, a maioria, não têm nem o ensino fundamental completo, o que pode influenciar, e muito, na forma como essas pessoas vêm usando e conservando a água disponível no município, principalmente se considerar que essas pessoas já apresentam uma defasagem idade/série, quer dizer, ultrapassaram a idade com a qual deveriam estar freqüentando a série correspondente àquela idade.

56 17 Idade População de Barcarena/PA residente por faixa etária 4,6 50 a 59 4,6 8,7 30 a ,6 15 a a 9 Menos de 1 ano 2,6 10,7 13, % Figura População de Barcarena/PA, por faixa etária. É interessante ressaltar que a partir dos dados contidos nessa figura seria possível determinar quais ferramentas/ instrumentos poderiam ser aplicados na abordagem dessa comunidade para a execução de um projeto de educação ambiental, posto que apenas 11% da população não sabem ou têm dificuldade para ler qualquer tipo de material escrito. Grau de Escolaridade Ensino Superior Completo 1 Ensino Superior Incompleto Ensino Médio Completo Ensino Médio Incompleto Ensino Fundamental completo Ensino Fundamental Incompleto Semi-analfabeto Analfabeto % Figura Proporção da População residente em Barcarena/PA, por Grau de Escolaridade.

57 18 Caracterização do Domicílio Ao se perguntar aos informantes sobre os eletrodomésticos que possuem em suas residências (Fig. 6.22), a resposta contrasta com as necessidades da população. Verificou-se que 91% dos moradores têm televisão em suas casas, 68% têm rádio e 84%, geladeira. O número de televisão superou o de geladeira, que seria muito mais útil numa casa, uma vez que conserva melhor determinados alimentos. Com isso, constata-se que as pessoas dão prioridade ao lazer. Contudo, por meio desses instrumentos de lazer, rádio e televisão, a população pode se manter informada. Eletrodomésticos nos Domicílios Rádio Televisão Geladeira Sim Não % das Respostas Figura Eletrodomésticos existentes nos domicílios cadastrados em Barcarena/PA. Um fator de relevância para a proliferação de doenças de veiculação hídrica e de contaminação das águas de abastecimento humano é a condição dos terrenos das habitações. Terrenos alagados normalmente se associam a proliferação de bactérias e outros organismos relacionados aos vetores de doenças, enquanto nos terrenos mais secos isso é mais dificultado (Almeida, 2005). Em vista disso, perguntou-se aos moradores qual a condição do terreno onde suas casas são construídas e a constatação é a de que 80% construíram suas casas em terrenos secos, como demonstra a figura Isso deve estar relacionado ao fato de que grande parte das residências encontra-se afastada de rios ou igarapés (Fig. 6.24).

58 19 Condição do Terreno 20% 80% Alagável Seco Figura Condição do terreno onde estão locados os domicílios cadastrados em Barcarena/PA. Domicílio próximo a Rio/Igarapé 15% 85% Sim Não Figura Condição do terreno onde estão locados os domicílios cadastrados em Barcarena/PA. Como as figuras claramente mostraram, a população pesquisada não está tão propensa a doenças devido à localização geográfica e física dos terrenos. Mesmo quando chove, de acordo com o que representa a figura 6.25, 86% dos domicílios não costumam alagar, talvez, justamente, por sua localização. Portanto, pode-se hipotetizar que as doenças de veiculação hídricas não estariam diretamente ligadas aos mananciais do município, mas à falta de saneamento e cuidados com a água potável consumida.

59 20 Domicílio alaga quando chove? 86% 14% Sim Não Figura Condição do terreno onde estão locados os domicílios cadastrados em Barcarena/PA Saúde Este bloco temático está subdividido em quatro tópicos, a saber: lixo, doenças, esgoto e água. Os mesmos foram agrupados na temática saúde por estarem interligados e, de certa forma, influenciarem na qualidade de vida dos moradores de Barcarena. Além disso, todos eles podem servir de base para o desenvolvimento do projeto de educação hidroambiental. Lixo A figura 6.26 retrata que a maior parte do lixo da região de Barcarena é coletada. Apenas 13,2% recebem um outro destino: é jogado na via pública, queimado ou reciclado. O que é interessante notar é que a educação ambiental ainda não é uma constante entre esses moradores, haja vista o número de pessoas que reciclam ou que pelo menos tem cuidado em separar o lixo para a reciclagem é mínimo, atingindo o percentual de 1%. Não obstante isso, a coleta que foi constatada se dá em três períodos distintos, conforme dados expressos na figura 6.27: semanal (11%), em dias alternados (44%) e diariamente (45%).

60 21 Essa discrepância no período da coleta não se concentra numa única localidade do município, ou seja, varia de um lugar para o outro. O difícil acesso a algumas localidades, assim como o número de habitantes que se concentra em uma dada área o que implica numa diminuição da produção de lixo - são prováveis explicações para essa ocorrência. Destino do Lixo Reciclado 1 Rua Queimado Coletado 4,7 7, % das Respostas 86,8 Figura Destino que a população de Barcarena/PA dá para o Lixo doméstico. Coleta do Lixo Semanal 11 Dias Alternados Diária % das Respostas Figura Freqüência da Coleta de Lixo em Barcarena/PA. Apesar das explicações apontadas, nenhuma justifica a coleta semanal do lixo, já que esta tem como conseqüência o acúmulo do lixo em locais inapropriados, pois mesmo que a população da localidade cuja coleta de lixo é efetuada semanalmente produza poucos detritos, não pode armazená-los em suas residências até o recolhimento dos mesmos.

61 22 Talvez a ineficiência da coleta nesses lugares seja o responsável pelos dados revelados na figura 6.28: o lixo acaba sendo depositado, com um percentual pequeno, porém considerável, em cursos d água, beira de estradas e terrenos baldios ou, então, isso pode ser um reflexo cultural, quer dizer, mesmo havendo uma coleta de lixo regular no município, as pessoas também costumam jogar lixo em outros lugares que estão ao seu alcance, sem, portanto, refletirem no mal que tal prática pode acarretar. Locais nos quais costuma depositar o lixo doméstico Cursos D'água Beira de estradas Terreno Baldio ,2 15,6 5, % das Respostas Nunca Frequentemente Sempre Figura Locais que a população de Barcarena/PA costuma depositar o lixo doméstico Nestes locais, segundo aponta a figura 6.29, o número de lixo inorgânico produzido é bastante elevado, totalizando entre metal, plástico, papel e vidro 85%. Só isso já seria motivo suficiente para se desenvolver um trabalho de educação ambiental na cidade, pois se sabe que todos esses materiais levam um tempo elevado para se decompor, causando, assim, sérios riscos ambientais. Também, mesmo que a quantidade de lixo orgânico seja inferior a de inorgânico, isso não impede nem resguarda a população de doenças, já que os 15% de lixo orgânico produzido é suficiente para atrair agentes causadores de doenças. Doenças de veiculação hídrica Segundo a Sabesp (2006), Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, cerca de 80% das doenças dos paises em desenvolvimento, como o Brasil, são de veiculação hídrica, ou seja, estão relacionadas à água. Dentre essas doenças, as mais comuns entre os moradores de Barcarena (Fig.6.30) é a diarréia,

62 23 com 53%, aparecendo a coceira e a dengue em segundo e terceiro lugares, com 44% e 30%, respectivamente. A esquistossomose, a cólera e a leptospirose apresentam uma baixa incidência entre os moradores, totalizando 4%. Tipo de Lixo Jogado 15% 19% 16% 21% 29% Metal Plástico Papel Vidro Material Orgânico Figura Tipo de material que a população de Barcarena costuma jogar em cursos d água, beiras de estradas e terrenos baldios. Doenças Coceira Cólera Lepstospirose Dengue Esquistossomose Diarréia % das Respostas Sim Não Figura Principais doenças de veiculação hídrica que ocorrem em Barcarena/PA Com relação à incidência de pragas domésticas nos domicílios (Fig. 6.31), constatou-se um número considerável de mosquitos (39%) que sempre estão presentes nas habitações, seguido das baratas, que totalizam 19,5%, ficando as moscas e os ratos em último lugar, com 13% e 8,5%, respectivamente. É válido

63 24 ressaltar que todos estes animais que circulam no domicílio das pessoas entrevistadas são vetores de veiculação de doenças hídricas. Incidência de Pragas Domésticas no Domicílio Mosquitos Moscas Baratas Ratos ,5 30,5 28,5 21,5 8,5 7, % das respostas Sempre Frequente Raro Nunca Figura Incidência de pragas domésticas nos domicílios entrevistados de Barcarena/PA Esgoto O sistema de esgoto é um dos principais aspectos preponderantes para o desenvolvimento humano, por isso deveria ser pensado pela administração pública, quer ela seja federal, quer seja estadual, quer seja municipal, pois muitos dos problemas relacionados à água estão ligados à falta de saneamento básico. Isto porque, sem ele, os resíduos, tanto doméstico quanto hospitalar e industrial podem ser despejados diretamente nos rios, córregos, igarapés e lagos, causando, assim, a contaminação não só desses mananciais, mas também dos subterrâneos. Nesse sentido, ao ser trabalhada a questão do esgoto com a população de Barcarena, pôde-se perceber a carência desse sistema no município, como bem demonstram as figuras que se seguem. Uma das perguntas de relevante importância para se conhecer a questão do esgoto na cidade diz respeito à disposição do sanitário, já que se o banheiro for localizado dentro do domicílio é possível afirmar que os detritos humanos não poderiam, teoricamente, ser despejados no chão, podendo, portanto, ser depositado em fossas sépticas ou simplesmente ser levado por uma rede de tubulação, podendo ter vários destinos, como valas a céu aberto, rios, igarapés etc. O mesmo

64 25 já não pode ser assegurado se o banheiro for localizado fora da residência. Em ambos os casos, as duas situações são preocupantes, principalmente quando não se conhece o destino final desses detritos. Assim, a figura 6.32 demonstra que o percentual de banheiros construídos fora do domicílio ainda é elevado, se for considerado que os detritos podem estar sendo despejados diretamente no solo, causando um sério risco à qualidade das águas, visto que podem se infiltrar no solo e contaminar a água subterrânea ou ainda, por meio da água das chuvas, serem levados para os mananciais superficiais. Disposição do Sanitário 36% 64% Dentro da casa Fora da casa Figura Disposição dos sanitários nos domicílios de Barcarena/PA. Os dados da figura 6.33 comprovam que a maior parte dos detritos são despejados em fossas sépticas. Ainda assim, 54,4% dos detritos são despejados em outros locais, e é esse percentual que preocupa, posto que, independente do local despejado, indicado na figura abaixo, podem causar o problema mencionado na análise do Figura anterior. Destino da Água Usada no Sanitário Respostas Rio 4,9 Fossa Negra 11,6 Vala 14,7 Rede Geral de Esgoto 23,2 Fossa Séptica 45, % das Respostas Figura Destino que se dá para as águas usadas no sanitário em Barcarena/PA

65 26 Em se tratando do destino das águas servidas (Fig. 6.34), a distribuição foi diversificada, havendo uma diminuição no uso de fossas sépticas e da rede geral de esgoto, aumentando, portanto, a utilização das fossas negras, rios e valas. Destino das Águas Servidas Rio 7,9 Respostas Vala Fossa Negra Fossa Séptica 20, ,4 Rede Geral de Esgoto 20, % das Respostas Figura Destino que se dá para as águas servidas em Barcarena/PA Os dados demonstrados na figura 6.35 comprovam o que já havia sido constatado a partir dos dados expressos nas figuras 6.32, 6.32 e 6.34: não há um sistema de esgoto que atenda todo o município de Barcarena, uma vez que 65% dos informantes entrevistados afirmam não ter em seus domicílios sistema de esgoto encanado, daí a justificativa para o fato de 35,3% (Fig. 6.34) das águas servidas serem despejadas diretamente em rios e valas. Domicílio Possui Esgoto Encanado? 65% 35% Sim Figura 6.35 Presença de esgoto encanado nos domicílios de Barcarena/PA Não Já as informações representadas na figura 6.36 ilustram a falta de conhecimento e o descaso da população com relação ao meio em que vivem, posto que o percentual de informantes que afirmam não saber se o esgoto é tratado ou não é bastante expressivo, representando 40% das respostas. Entretanto, independentemente desse percentual, o problema da questão ambiental em

66 27 Barcarena é preocupante, pois 52% da população afirmam que o esgoto da cidade não é tratado, informação que, mais uma vez, confirma que o sistema de esgoto do município é precário. O Esgoto é Tratado? Não Sabe 40 Não 52 Sim % das Respostas Figura 6.36 Conhecimento dos entrevistados sobre o tratamento do esgoto de Barcarena/PA As informações contidas na figura 6.37 também corroboram a análise da figura 6.36, já que 74% dos respondentes declaram não saber o destino final do esgoto e mesmo os 26% que revelam conhecer esse destino apontam o rio como destino final, isto implica dizer que, de certa maneira, essa população terá sua saúde afetada, haja vista utilizarem o rio não só como fonte de onde extraem seus alimentos e para o consumo de água, mas também como fonte de lazer. Destino Final do Esgoto 74% 26% Rio Não sabe Figura 6.37 Conhecimento dos entrevistados sobre o Destino Final do esgoto de Barcarena/PA

67 28 Água Como se pode depreender da figura 6.38, a principal fonte de abastecimento de água no município de Barcarena é proveniente de poço, representando 64% do abastecimento da cidade. Partindo-se dessa informação, perguntou-se aos informantes sobre o tipo de poço que abastece os seus domicílios e obteve-se como resposta majoritária a utilização de poço amazonas (65%), conforme ilustra o Figura 30, os outros 35% da população retiram a água que abastece as residências de poços tubulares. Principal Fonte de Abastecimento de Água 64% 36% Rede Geral Poço Figura 6.38 Principal fonte de abastecimento de água utilizada pela população de Barcarena/PA. O percentual de utilização de poços amazonas (Fig. 6.39) é preocupante porque não tem nenhuma estrutura na sua escavação, ou seja, ele é apenas escavado, não havendo algum cuidado com relação à qualidade da água. Isso ocorre porque o custo desse tipo de poço é baixo, estando qualquer pessoa habilitada a fazê-lo, pois, para que se obtenha um poço amazonas, muitos aspectos que deveriam ser considerados para a perfuração de um poço são deixados de lado, tais como: vazão, aspectos geométricos, vulnerabilidade e tipo do aqüífero. Tipo de poço 65% 35% Tubular Amazonas Figura 6.39 Tipo de poço utilizado para abastecimento dos domicílios de Barcarena/PA

68 29 No que concerne à profundidade dos poços (Fig. 6.40), 68% deles têm, em média, de 11 a 20 metros e 24%, de 3 a 10m. Profundidade do Poço 68% 8% 24% 3-10m 11-20m 21-30m Figura 6.40 Profundidade dos poços que abastecem os domicílios de Barcarena/PA Segundo normas da ABNT, as distâncias mínimas entre poço e fossa devem ser de 30m. Entretanto, de acordo com o que demonstra a figura 6.41, apenas 6% respeitam essa distância. Logo, os 94% têm a qualidade da água de suas residências em risco, pois quanto mais próximo for o poço da fossa, maiores as probabilidades de interação entre eles e, consequentemente, maior será o risco de contaminação do lençol freático. Distância Fossa/Poço 30m ou mais m m 38 Até 10m % das Respostas Figura 6.41 Distância, em metros, entre a fossa e o poço pertencentes aos domicílios em Barcarena/PA. Ainda com relação ao perigo de contaminação do lençol freático, a declividade do terreno é um fator preponderante para tal (Fig. 6.42), posto que o fluxo da água tende a se deslocar no sentido de uma cota topográfica mais elevada para a de menos elevação. Assim sendo, se a fossa for construída em um nível superior ao da construção do poço, que é caso de 26% dos domicílios de Barcarena,

69 30 os detritos que ali estão depositados seguirão o mesmo fluxo da água, tendo como conseqüência a contaminação do poço. Declividade no Terreno no Sentido Fossa/Poço 26% 74% Sim Não Figura Percentagem de domicílios de Barcarena/ PA que possuem declive no terreno, no sentido Fossa/Poço. Ao ser perguntado aos moradores sobre o custo da água da rede geral, contatou-se que, para obterem a água proveniente dessa rede, muitos pagam apenas uma taxa de consumo, mas como se tratava de poucos entre os entrevistados, a figura 6.43 representa quanto eles pagam por consumo, sem considerar a taxa. Então, logo se nota que a maioria deles, 41%, tem em média um custo de R$ 21,00 a R$ 30,00 e 20% dos moradores tem um consumo médio de médio de R$ 31,00 a R$ 40,00. Isso significa dizer que, dentro de suas possibilidades econômicas, há um uso mais racional de água entre essa parcela da população, pois se sabe que o valor da água consumida é cobrado de acordo com o número de metros cúbicos consumidos. Portanto, o que causa apreensão é a parcela da população que não paga pela água; logo, não há entre estes a preocupação em economizar água. Embora 70% dos informantes afirmem pagar pelo consumo de água da rede geral, isso não é suficiente para evitar a falta desta nos domicílios de Barcarena. A figura 6.44 demonstra claramente isso: 59% dos entrevistados informaram que há falta de água na rede geral e a freqüência dessa falha no abastecimento de água da cidade é melhor ilustrada na figura 6.45, a qual demonstra dados interessantes: de um grupo de 57,2% de indivíduos entrevistados, 28,6% afirmaram que em suas residências a falta de água é diária e a outra metade, em dias alternados. Os outros

70 31 42,8% dos entrevistados asseguram que a falta de água ou ocorre uma ou duas vezes por semana ou raramente. O certo é que, independente do número de dias, a falta de água existe no município. Custo da Água da Rede Geral 31,00-40,00 20 Respostas (R$) 21,00-30,00 10,00-20,00 Não Paga % das Respostas Figura 6.43 Custo da Água da Rede Geral de Abastecimento de Barcarena/PA. Falta Água na rede Geral? 41% 59% Sim Não Figura 6.44 Domicílios que enfrentam problemas quanto ao abastecimento pela rede geral de abastecimento de água de Barcarena/PA Quando se trata da fonte de água para beber, a figura 6.46 ilustra que em 66% dos domicílios a principal fonte é o poço, ou seja, praticamente o mesmo percentual de informantes (64%) que afirmou ter como principal fonte de abastecimento de água o poço (Fig. 6.38). Isto significa dizer que dos 36% que asseguraram ser abastecidos pela rede geral (Fig. 6.38), 6% não confiam na qualidade dessa fonte de abastecimento, preferindo beber água mineral.

71 32 Frequência da Falta de Água na Rede geral Raramente 31,4 Respostas Duas vezes por Semana Uma vez por Semana Dias Alternados Diária 5,7 5,7 28,6 28, % das Respostas Figura 6.45 Freqüência da Falta de Água da Rede Geral nos domicílios de Barcarena/PA. Fonte da Água para Beber 6% 28% 66% Poço Rede Geral Água Mineral Figura 6.46 Fonte de Água que a população de Barcarena/PA utiliza para beber É importante chamar a atenção para o fato de que, independentemente da fonte de água utilizada para beber, deveria existir uma preocupação com o tratamento dado à água para beber, seja ela de rede geral ou de poço. Contudo, há ainda um percentual significativo de 12,3% da população, conforme figura 6.47, que não trata da água. Isso os torna suscetíveis às doenças de veiculação hídrica. Tratamento da Água para Beber Respostas Outro Não Trata Coada Filtrada Fervida Hipocloritada 2,8 9,4 12, , % das Respostas Figura 6.47 Tratamento que a população de Barcarena/PA dá para água de beber.

72 33 Como a maioria das residências tem como principal fonte de abastecimento o poço, já era previsto que os moradores usariam como fonte para cozinhar a água advinda de poços, conforme o indicado na figura Fonte da Água para Cozinhar 1% 31% 68% Poço Rede Geral Água Mineral Figura 6.48 Fonte de água que a população de Barcarena/PA utiliza para cozinhar seus alimentos. Além do uso da água para beber e para cozinhar, esse recurso natural é utilizado em outras atividades domésticas (Fig. 6.49), dentre as quais estão o banho e a lavagem de roupa como as que mais consomem água, sendo que a lavagem de roupa é a que mais se sobressai, correspondendo a 50,5% das respostas dadas. Não obstante isso, um dado (Fig. 6.50) que chama a atenção para esta atividade doméstica é o fato de a mesma ser executada com uma freqüência muito alta: 44,2 % dos informantes afirmaram que lavam roupa diariamente, o que, aliado ao dado: não ter custo com o consumo de água (Fig.6.43), só vem a reforçar o desperdício deste recurso. Tal atitude só poderia ser justificada pelo pensamento errôneo que as pessoas têm a respeito da quantidade de água no ambiente, isto é, que a água nunca vai acabar, que ela existe em abundância na natureza, o que não deixa de ser verdadeiro, pois a água em si não vai deixar de existir, apenas a própria para o consumo que sim e é esta que eles não estão sabendo usar de forma adequada e isso não é de conhecimento da maioria das pessoas.

73 34 Nível de Informação Um dos fatores que contribuem para que muitos problemas sociais sejam evitados diz respeito ao nível de informação e de conhecimento que os indivíduos possuem acerca de todas as áreas do conhecimento humano. Atividade Doméstica que mais Consome Água no Domicílio Outros 4 Atividade Doméstica Não Sabe Cozinha Banho Casa Louça Roupa ,5 50, % das Respostas Figura 6.49 Atividade Doméstica que mais utiliza água nos domicílios de Barcarena/PA. Frequência da Lavagem de Roupas Duas vezes por Semana 22 Respostas Uma vez por Semana Dias Alternados Diária 10,5 23,3 44, % das Respostas Figura 6.50 Freqüência da lavagem de Roupas nos Domicílios de Barcarena/PA. Dessa forma, fez-se necessário, no questionário sócio-ambiental, a reserva de um espaço destinado à obtenção de dados referentes ao nível de informação que a população de Barcarena tem a respeito de assuntos sobre o meio ambiente.

74 35 Esses dados são imprescindíveis, pois como se pretende desenvolver nessa área um programa de educação hidroambiental os mesmos servirão de base estratégias para a criação de estratégias que permitam a abordagem da comunidade a ser envolvida no programa elaborado. Assim, ao se perguntar se o entrevistado se considera bem informado (Fig. 6.51), três respostas foram obtidas: sim, não e razoavelmente, todas com um percentual muito próximo um do outro (31%, 32% e 37%, respectivamente). Esse percentual leva à afirmação de que vale a pena investir num programa de educação hidroambiental nesse município, já que somados o número de informantes que não se consideram bem informados e razoavelmente informados totalizam 69% dos entrevistados, ou seja, uma população que precisa ser ou ter mais esclarecimentos sobre os problemas ambientais da cidade. O Entrevistado se Considera Bem Informado? 32% 31% 37% Sim Razoavelmente Não Figura 6.51 Percentual da população de Barcarena/PA que se considera bem, razoável ou sem nenhuma informação quanto ao meio ambiente Para manterem-se informados, esses indivíduos listaram, como explicita a figura 6.52, por ordem de preferência, como as três melhores formas de se obter informações a televisão, a escola e o jornal e como segunda melhor opção, sobressaíram-se rádio, palestra, jornal e televisão, sendo que estes dois últimos obtiveram o mesmo percentual de indicação, 16%; e como terceira opção foram indicados jornal, livro e escola, todos com um índice de 14% da preferência, seguidos de palestra e revista, com 11% cada. Entretanto, apesar de a televisão ter sido indicada como a número 1 na preferência de 52% da população, talvez não seja indicada como o meio mais eficaz

75 36 para a implantação de um programa desse tipo, já que para o desenvolvimento do mesmo é exigido que haja uma interação entre os envolvidos no programa, ou seja, a população a ser atingida e o próprio problema a ser abordado. Assim, se for usada a televisão como forma de veiculação do programa, além do fato de que este pode barrar em vários fatores como a falta de patrocínio, a falta de apoio governamental, pode esbarrar em uma questão a qual é considerada a mais séria: o cidadão que poderia estar diretamente envolvido no programa pode passar a atuar como um agente passivo, isto é, ao invés de atuar a favor da causa, pode se transformar em apenas um receptor das informações a serem veiculadas na Tv. Diante dessa situação, poder-se-iam indicar como meios mais eficazes a escola, a palestra e o jornal este último seria um jornal com informações, matérias específicas sobre os mais variados problemas ambientais, bem como as ações realizadas pela população para que os problemas ali indicados fossem ou sejam solucionados ou pelo menos amenizados. Os dados da figura 6.53 reforçam que as estratégias de abordagem as quais permitem a interação entre a pessoa e o meio são mais eficazes, tendo em vista que, pelo menos, 50% dos entrevistados acreditam que sua participação pode resolver ou minimizar os problemas ambientais do município, aumentando, todavia, esse percentual se for considerado que a população de 42% a qual não sabe se sua participação mudaria alguma coisa é um público em potencial a ser trabalhado. Tipos Formas de se Obter Informação Cursos 11 7 Escola Rádio Televisão Pessoas Revista Livro Palestra Jornal % de Preferência 1º Lugar 2º Lugar 3º Lugar Figura Preferência da população de Barcarena/PA quanto às formas de se obter Informação

76 37 Logo, os dados levam à inferência de que se no município for implantado um programa de educação hidroambiental e se esses informantes forem solicitados a participar do mesmo, eles terão uma boa aceitação, podendo, então, contribuir significativamente para a melhoria do bem-estar da população na cidade. Portanto, os problemas ambientais existentes no município e que são de conhecimento de no mínimo 63% da população informante, de acordo com a figura 6.54, poderiam, se não fossem sanados por completo, ser amenizados. Participação do Entrevistado Pode Resolver ou Minimizar os Problemas Ambientais no Município? 42% 50% 8% Sim Não Não Sabe Figura 6.53 Participação ativa da população de Barcarena/PA para atenuação de problemas ambientais no município O Município Possui Problemas Ambientais? 18% 19% 63% Sim Não Não Sabe Figura 6.54 Percentual da População de Barcarena/PA que considera que o Município possui problemas ambientais

77 38 Segundo os entrevistados, os principais motivos dos problemas ambientais no município (Fig. 6.55) são o lixo, com 29% de indicação; a poluição industrial, apontada com 26%; e o esgoto, com 16%. Mas ainda são apontados o desmatamento, a população e a prefeitura, com 9%, 6% e 2%, respectivamente. 12% dos informantes não souberam apontar quais seriam os motivos causadores dos problemas ambientais. Esses 12% são suficientes para reforçar a necessidade de se implantar um programa de educação hidroambiental na cidade, a fim de que esclareça a seus moradores sobre de que forma eles poderiam participar para resolver os problemas indicados na figura Além disso, há a necessidade de se esclarecer, também, a população que foi apontada como sendo um dos responsáveis pelos problemas ambientais do município. Os dados expressos na figura 6.56 corroboram uma das informações contidas na figura 6.55: a de que as indústrias são causadoras dos problemas ambientais, já que 62% dos informantes afirmam que as indústrias podem afetar o meio ambiente. Essas informações são procedentes e fazem parte do conhecimento comum da população, uma vez que a região de Barcarena concentra um grande pólo industrial. A figura 6.57 mostra dentre as formas apontadas como minimizadoras dos problemas ambientais uma forma muito simples de a população estar contribuindo para isso, que seria não jogar o lixo em locais impróprios (56%). Motivos dos Problemas Ambientais no Município Prefeitura 2 População 6 Desmatamento 9 Esgoto 16 Poluição Industrial 26 Lixo 29 Não Sabe % das Respostas Figura 6.55 Principais motivos, indicado pela população, dos problemas ambientais de Barcarena/PA

78 39 As Indústrias Podem Afetar o Meio Ambiente? 30% 8% 62% Sim Não Não Sabe Figura 6.56 Resposta dos entrevistados de Barcarena/PA sobre as indústrias como fonte de poluição do meio ambiente Entretanto, este problema só seria resolvido em parte, pois mesmo que não joguem lixo nos locais os quais consideram inapropriados, o problema estaria no destino final que é dado a esse lixo pelo serviço de coleta da prefeitura. Contudo, há a indicação de uma outra medida, também viável e eficaz, dependendo da forma como for trabalhada, que é a conversa para conscientizar, com 30%. Como os Problemas Podem ser Minimizados com a Participação do Entrevistado? 3% 11% 30% 56% Não Jogar Lixo Não Fazer Queimadas Conversar Para Conscientizar Buscar por seus Direitos Figura Formas Apontadas pela população de Barcarena/PA como minimizadoras dos problemas ambientais

79 PROPOSTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL A educação ambiental deve ser vista como um importante instrumento para a conservação dos recursos hídricos, pois, segundo Freire (1967), é um processo que usa como artifício a transformação e a conscientização. A primeira por visar constantemente a humanização do ser humano, a mudança de atitudes, a reflexão, a tomada de decisões por meio das experiências de diálogo, bem como a análise de questões problemáticas; a segunda, por sensibilizar e motivar as pessoas a adquirirem o conhecimento das ciências e do seu meio ambiente, possibilitando que participem com responsabilidade social e política como cidadãos (FREIRE, 1967). Segundo Bustos (2003) as estratégias mais utilizadas no processo de educação ambiental abrangem: a sensibilização social mediante a mobilização das comunidades escolares, locais ou regionais; a promoção de campanhas ambientais nas comunidades; encontros técnicos; cursos e oficinas, tanto para capacitar líderes como educadores e grupos sociais; incentivo à difusão por meio da elaboração de material didático e informativo, para subsidiar as metodologias. No final da década de 70 o município de Barcarena sofreu um grande processo de industrialização, que causou impactos devido ao modelo de planejamento que se projetou para a região. Dentre os problemas ocasionados está o desprezo à natureza e à população que lá residia. Através dos questionários sócio-ambientais passados foi constatada a falta de conhecimento das pessoas com relação à economia de água, mostrando que as mesmas não sabem que a qualidade da água pode ser comprometida pelos seus atos. Assim, enquanto não houver a conscientização da população para uma educação ambiental, qualquer proposta para conservação dos recursos hídricos se torna sem sucesso, mesmo com grandes investimentos. E a única forma de se obter tal conscientização é através de campanhas educativas que consigam motivar a população.

80 Objetivo da Proposta O projeto foi definido com foco no saneamento ambiental, de forma a contemplar as diversas necessidades identificadas em relação à água, ao esgoto e ao lixo. O objetivo principal dessa proposta de educação ambiental, envolvendo as águas superficiais e subterrâneas, é despertar a consciência e o senso crítico das comunidades habitantes no município de Barcarena, para, em um segundo momento, permitir que elas busquem soluções para melhorarem as condições do ambiente em que vivem e para solucionarem conjuntamente os problemas que as afligem Problemas Existentes em Barcarena De acordo com o resultado do questionário sócio-ambiental e no que se pôde perceber nas viagens de campo feitas na cidade, ficou evidente que Barcarena possui problemas no que diz respeito ao saneamento. Estes compreendem os sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário, a coleta e disposição de resíduos sólidos, a drenagem urbana e o controle de vetores. Na figura 6.58 pode-se ter uma dimensão dos efeitos diretos na saúde e no meio ambiente, no que se refere à eficácia dos sistemas de água e esgotos. Diante do exposto serão resumidos os principais problemas na área, relacionado-os aos recursos hídricos da região: Condições sanitárias precárias De acordo com o questionário passado aos moradores de Barcarena, constatou-se que as condições sanitárias são precárias, já que os sanitários construídos geralmente despejam os detritos humanos diretamente no solo ou em fossas negras, o que causa risco à qualidade das águas, pois podem se infiltrar no solo e contaminar a água subterrânea ou ainda, por meio da água das chuvas, serem levados para os mananciais superficiais.

81 42 Figura Modelo de efeitos diretos na saúde e no meio ambiente provenientes da implementação de sistemas de água e esgotos. Fonte: Soares et. al.(2002)

82 43 Outra característica é a proximidade entre esses sanitários (ou fossas) e os poços existentes nos domicílios (Fig. 6.59), que não seguem a distância mínima de 30 metros recomendada pela ABNT, causando também risco à qualidade da água, pois quanto mais próximo for o poço da fossa, maiores as probabilidades de interação entre eles e, conseqüentemente, maior será o risco de contaminação do lençol freático. Não obstante esse problema, não há também preocupação no que se refere à inclinação do terreno no sentido fossa/poço. Isto preocupa, pois se sabe que o fluxo da água tende a se deslocar no sentido de uma cota topográfica mais elevada para a de menos elevação. Assim sendo, se a fossa for construída em um nível superior ao da construção do poço, os detritos que ali estão depositados seguirão o mesmo fluxo da água, tendo como conseqüência a contaminação da explotada no poço. Figura 6.59 Proximidade entre um sanitário que despeja os dejetos humanos diretamente no solo e o poço escavado, em Barcarena/PA. Também são comuns na região os sanitários construídos próximos ou sobre igarapés (Fig. 6.60). Este fator causa um sério dano, tanto à saúde humana, quanto

83 44 ao meio ambiente, já que as excreções humanas são despejadas nesses mananciais. Figura 6.60 Sanitário construído sobre um córrego no município de Barcarena/PA Esgoto escorrendo a céu aberto Segundo Nilander (2004) o sistema coletor de esgotos de Barcarena foi ampliado no início dos anos 90 para atender as demais comunidades próximas à sede municipal. As 18 bocas que desaguavam continuamente águas cinzas ou negras na baía ou no mangue continuaram até 1996, quando foi inaugurada a primeira etapa do sistema de esgoto sanitário, atendendo uma população de 25 mil habitantes da sede municipal, da Vila do Conde, São Francisco e Vila dos Cabanos. Diante do exposto e baseando-se nas entrevistas feitas com os moradores percebe-se que não há um sistema de esgoto que atenda todo o município, desta forma as águas servidas são despejadas diretamente em rios e valas/valetas (Fig. 6.61).

84 45 Figura 6.61 Esgoto lançado diretamente em valetas no município de Barcarena/PA Serviços de coleta de lixo insuficientes e ineficientes O lixo de Barcarena é composto por aproximadamente 70% de lixo industrial, 20% de resíduos comerciais, 5 10% de resíduos domésticos/ construção civil e 1% de lixo hospitalar. Sabe-se que somente 15% são de fato rejeitos não recicláveis. E, do restante, 50% é lixo orgânico que pode ser reciclado na compostagem e 35% é potencialmente reciclável em processos industriais (NILANDER, 2004). Segundo o autor, atualmente cerca de 75% dos moradores de Barcarena não tem acesso ao sistema de coleta de lixo convencional porta a porta e os 25% restantes, que moram em locais de fácil acesso para os caminhões da coleta, dispõem de lixeiras comunitárias. Assim, a população que não dispõe desse serviço joga o lixo nas ruas (Fig. 6.62), próximas aos rios (Fig.6.63), córregos e praias.

85 46 Figura 6.62 Lixo exposto nas ruas de Barcarena/PA Figura 6.63 Lixo jogado no rio, em Barcarena/PA

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