Direitos da Diversidade Sexual e de Gênero (Aspectos introdutórios)
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- Luciano Conceição Gonçalves
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1 Direitos da Diversidade Sexual e de Gênero (Aspectos introdutórios) Profa. Adriana Galvão Moura Abílio
2 Compreendendo as terminologias
3 Sexo O sexo biológico de um ser humano é definido pela combinação dos seus cromossomos com a sua genitália. Em um primeiro momento, isso infere se você nasceu macho, fêmea ou intersexual. No caso dos intersexuais, a mudança se caracteriza pela indeterminação do sexo biológico, se pensado no binarismo macho e fêmea.
4 Orientação Sexual A orientação sexual, e não opção sexual, diz respeito à inclinação da pessoa no sentido afetivo, amoroso e sexual. Ou seja, ela sente atração por qual gênero/sexo? Confira algumas orientações sexuais abaixo e lembre-se: Homossexuais: é a atração afetiva e sexual por pessoas do mesmo gênero/sexo. Heterossexuais: é a atração e sexual por pessoas do gênero/sexo oposto. Bissexuais: seria a atração afetiva e sexual por qualquer pessoa do binarismo de gênero: homens ou mulheres. Assexuais: a assexualidade diz respeito às pessoas que não sentem atração por nenhum gênero. Mas vale ressaltar que ainda é uma sexualidade em construção.
5 Identidade de Gênero Cisgênero - pessoas que se identificam com o gênero que lhes foi determinado quando de seu nascimento. Transgênero abrange o grupo diversificado de pessoas que não se identificam, em graus diferentes, com comportamentos e/ou papéis esperados do gênero que lhes foi determinado quando de seu nascimento. Homem transexual/transgênero - Pessoa que reivindica o reconhecimento social e legal como homem. Mulher transexual/ transgênero - Pessoa que reivindica o reconhecimento social e legal como mulher. Obs. transexual - sente que sua anatomia não corresponde à sua identidade e tem um forte desejo de modificar o corpo, através da terapia hormonal e da cirurgia de redesignação sexual; Travesti Pessoa que vivencia papéis de gênero feminino. Via de regra, devese referir a elas no feminino, o artigo a é a forma respeitosa de tratamento. Obs. Travesti é uma pessoa que não se identifica com o gênero biológico e se veste e se comporta como pessoas de outro sexo.
6 Fundamentação Constitucional e Internacional Declaração Universal Direitos Humanos de 1948 Princípio de Yogyakarta 2006 Artigo 1º, III CF Princípio da Dignidade Humana Artigo 3º, IV CF- proíbe discriminações odiosas Artigo5º,CF Igualdadeperantealei Artigo 6º Direitos sociais- à saúde
7 Princípios Constitucionais Princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III da CF); Princípio da liberdade; Princípio da Igualdade e respeito a diferença; Princípio da não discriminação por orientação sexual
8 Direitos e Garantias Fundamentais Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana; Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: IV -promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
9 Declaração Universal dos Direitos Humanos Artigo 3º: Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidas nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição
10 Princípios de Yogyakarta Os princípios foram apresentados como uma carta global para os direitos LGBT em 26 de março de 2007 perante o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra. A reunião de especialistas foi realizada em Yogyakarta, na Indonésia, entre 06 e 09 de novembro de Estes princípios não foram adotadas pelos Estados em um tratado, e, portanto, não constituem, por si só, um instrumento vinculativo de direito internacional.
11 Constitucionalização do Direito Civil Direito de Família Do Direito de Família: Novas perspectivas Antes da CF/88: Conceito jurídico de família extremamente limitado e taxativo. (Triangulação clássica: pai, mãe e filho) Após a CF/88: Ampliação do conceito jurídico de família. O pluralismo das relações familiares ocasionou mudanças na estrutura da sociedade. Ex. família monoparental (art. 226, par. 4 CF/88) comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
12 Principais núcleos familiares: Atualização e Prática CASAMENTO Segundo o art do CC/02: O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.
13 União Estável _Art. 226, par. 3 CF/88 _Lei nº 9.278, de 10 de maio de 1996 Art. 1º - É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família
14 Artigo 1723 Código Civil É reconhecida como entidade familiar a união estável entre homem e mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
15 Família Monoparental Art. 226, 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
16 Família Homoafetiva STJ Resp /09/ admitiu a possibilidade jurídica do pedido de reconhecimento da união estável entre homossexuais e determinou que a Justiça Fluminense retome o julgamento da ação, que foi extinta sem análise do mérito. Foi a primeira vez que o STJ analisou os direitos de um casal homossexual com o entendimento de Direito de Família e não do Direito Patrimonial.
17 Competência após decisão do Superior Tribunal de Justiça - STJ Antes da decisão: Vara Cível (direito das obrigações) Depois da decisão: Vara da Família (entidade familiar) * Mudança de interpretação nas decisões que estavam sendo proferidas pelos Tribunais de Justiça dos Estados.
18 DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - ADI 4277 e ADPF /05/ Por unanimidade, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceram a união estável homoafetiva para casais do mesmo sexo. Companheiros em relação homoafetiva duradoura e pública terão os mesmos diretos e deveres das famílias formadas por homens e mulheres. Equiparação da união estável entre pessoas do mesmo sexo à entidade familiar, preconizada pelo artigo do Código Civil(CC).
19 VOTOS DOS MINISTROS Atualização e Prática Ministro Ayres Britto - A família é a base da sociedade, não o casamento". Ministro Luiz Fux - "A homossexualidade não é crime. Então porque o homossexual não pode constituir uma família? Em regra não pode por força de duas questões abominadas pela Constituição: a intolerância e preconceito".
20 Ministra Cármen Lúcia Se a República põe que o bem de todos tem que ser promovido sem preconceito e sem forma de discriminação, como se pode ter norma legal que conduza ao preconceito e violência? (...) Aqueles que optam pela união homoafetiva não pode ser desigualado em sua vida e seus direitos".
21 Ministro Ricardo Lewandowski As uniões de pessoa do mesmo sexo que duram e ostentam a marca da publicidade, devem ser reconhecidas pelo direito (...) Cuida-se, em outras palavras, de retirar tais relações que ocorrem no plano fático da clandestinidade jurídica, reconhecendo a existência do plano legal enquadrando-o no conceito abrangente de entidade família.
22 Ministro Joaquim Barbosa Estamos aqui diante de uma situação de descompasso em que o direito não foi capaz de acompanhar as profundas mudanças sociais. Essas uniões sempre existiram e sempre existirão". Ministro Gilmar Mendes - "A falta de um modelo institucional que proteja essa relação estimula e incentiva o quadro de discriminação. (...) É dever do Estado a proteção, e é dever da Corte dar essa proteção se ela não foi engendrada ou concebida pelo órgão competente..
23 Ministra Ellen Gracie Uma sociedade decente é uma sociedade que não humilha seus integrantes. Ministro Marco Aurélio Melo A Constituição não permite discriminação, por isso deve se equiparar o direito de todos os cidadãos. Ministro Cezar Peluso As normas constitucionais não excluem outras modalidades de entidade familiar (...) Os elementos comuns de ordem afetiva e material de união de pessoas do mesmo sexo guarda exatamente uma comunidade com certos elementos da união estável entre homem e a mulher.
24 CASAMENTO HOMOAFETIVO Resolução 175 CNJ (14/05/2013) - Dispõe sobre a habilitação, celebração de casamento civil, ou de conversão de união estável em casamento, entre pessoas de mesmo sexo. Dados do CNJ aproximadamente 15 mil casamentos homoafetivos, já foram realizados no Brasil desde a vigência da resolução. Obs: Vedação dos cartórios em deixar de cumprir a resolução. Casal pode levar o caso ao juiz corregedor de sua Comarca para que determine o cumprimento da medida. Também pode ser aberto processo administrativo contra o Oficial que se negar a celebrar o casamento ou converter a União Estável em casamento.
25 Casamento Gay no mundo
26 País Ano em que foi aprovado Holanda 2001 Bélgica 2003 Espanha 2005 Canadá 2005 África do Sul 2006 Noruega 2009 Suécia 2009 Portugal 2010 Argentina 2010 Islândia 2010 Dinamarca 2012 Brasil Uruguai 2013 Nova Zelândia 2013 França 2013 Inglaterra 2014 País de Gales 2014 Escócia 2014 Luxemburgo 2014 Finlândia 2015 Irlanda 2015 Estados Unidos México 2013 (Poder Judiciário) 2015 (Poder Judiciário) 2015 (Poder Judiciário)
27 -Três últimos países- Colômbia(28 de abril de 2016) Poder Judiciário Finlândia(1º de março de 2017): Alemanha(30 de junho de 2017)
28 CABIMENTO DA LEI MARIA DA PENHA (Lei /06) Primeiro dispositivo legal a fazer referência expressa às famílias homoafetivas ao proibir discriminação por orientação sexual. Art. 5 Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual
29 Apelação criminal. Lei nº /06. Requerimento de medidas protetivas de urgência. Extinção do feito sem julgamento de mérito por impossibilidade jurídica do pedido. Relação homoafetiva entre duas mulheres. Possibilidade de aplicação Da Lei Maria da Penha. Recurso ministerial provido. Por força de exigência legal, o sujeito passivo, para fins de incidência da proteção e assistência previstas na Lei Maria. da Penha, deve ser mulher. Todavia, no que tange ao agressor, isto é, ao sujeito ativo, a Lei nº /06, no parágrafo único de seu art. 5º, não repetiu o mencionado requisito, permitindo, por conseguinte, sua aplicabilidade também em hipótese de relações homoafetivas entre mulheres. (TJMG, Ap.Crim /001, 2ª C. Crim., Rel. Des. Beatriz Pinheiro Caíres, p. 03/02/2014). Conselho Nacional dos Procuradores Gerais (CNPG) aprovou em agosto de 2016 recomendação para que promotorias de todo o Brasil passem a aplicar a Lei /2006 às vítimas travestis e transexuais em caso de violência doméstica. *PrecedentesdoTribunaldeJustiçadeSãoPauloedoAcre.
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