Efeitos celulares actínicos pós-radioterapia por câncer de colo uterino

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1 Efeitos celulares actínicos pós-radioterapia por câncer de colo uterino C. M. L. Padilha 1,3,4,5 ; A. Bergmann 2 ; C. B. P. Chaves 2 ; L. C. S. Thuler 2 ; M. L. C. Araújo Junior 1 ; S. A. L. de Souza 5 1. Divisão de Patologia, Instituto Nacional de Câncer/INCA, Rio de Janeiro-Brasil 2. Coordenação Geral de Educação e Pesquisa, Instituto Nacional de Câncer/INCA, Rio de Janeiro-Brasil 3. Fundação Técnico Educacional Souza Marques/FTESM, Rio de Janeiro-Brasil 4. RQC: RadQualyCenter Serviços em Física Médica e laboratorial, Rio de Janeiro-Brasil 5. Departamento de Radiologia, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ, Brasil catiamlpadilha@gmail.com RESUMO Introdução: É muito frequente pacientes com câncer de colo uterino serem encaminhadas à radioterapia quando a doença está em estádios avançados, este fato determina altos índices de recidiva loco-regional. O tratamento com radiação provoca alterações morfológicas actínicas, não só nas células epiteliais neoplásicas, mas também nas células normais. Essas alterações induzidas pela radiação, muitas vezes dificultam o diagnóstico diferencial da lesão residual, resultando em um dilema no acompanhamento citopatológico. Objetivo: Descrever as alterações citopatológicas actínicas, em pacientes submetidas a radioterapia por câncer de colo uterino. Metodologia: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética (CAAE: ). As pacientes foram identificadas pelo Registro Hospitalar de Câncer (RHC) do Hospital do Câncer II (HCII) / Instituto Nacional de Câncer (INCA). Foi realizada a reavaliação dos esfregaços citopatológicos e descrição dos efeitos citopáticos actínicos. Essas informações foram complementadas pelo laudo citopatológico dos esfregaços, disponíveis nos arquivos da Divisão de Patologia (DIPAT)/ INCA. Resultados: As alterações citopatológicas mais frequentes observadas, foram: ativação nuclear, aumento citoplasmático, vacuolização citoplasmática, eosinofilia, policromasia, células gigantes multinucleadas, binucleação, vacuolização nuclear, nucléolos proeminentes, como também, a presença de exsudato leucocitário. Conclusão: O diagnóstico citopatológico de persistência tumoral ou recidiva pós-radioterapia é sempre um grande desafio para o profissional, mesmo o experiente.

2 Padilha, CML, et. al. IJC Radio Os estudos e relatos na literatura, sobre alterações citopatológicas actínicas e radioterapia, são escassos. Palavras Chave: Radioterapia, Efeitos Actínicos, Citopatologia, Câncer de Colo Uterino. 1. INTRODUÇÃO No mundo, o câncer do colo do útero representa o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres, excetuando-se os casos de pele não melanoma. Ele é responsável por aproximadamente 265 mil óbitos por ano. No Brasil, é considerado um problema de saúde pública, em 2016, foram registrados casos novos, com um risco estimado de 15,85 casos a cada 100 mil mulheres. É muito frequente pacientes com câncer de colo uterino serem encaminhadas à radioterapia quando a doença está em estádios avançados, este fato determina altos índices de recidiva loco-regional. O tratamento com radiação provoca alterações morfológicas actínicas, não só nas células epiteliais neoplásicas, mas também nas células normais. Essas alterações induzidas pela radiação, muitas vezes dificultam o diagnóstico diferencial da lesão residual, resultando em um dilema no acompanhamento citopatológico. 2. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética (CAAE: ). As pacientes foram identificadas pelo Registro Hospitalar de Câncer (RHC) do Hospital do Câncer II (HCII) / Instituto Nacional de Câncer (INCA). Foram selecionadas 37 pacientes submetidas, inicialmente, a radioterapia por câncer de colo uterino, no INCA em janeiro de 2010 para a identificação das alterações actínicas, nos esfregaços citopatológicos. Essas informações foram complementadas pelo laudo citopatológico dos esfregaços, disponíveis nos arquivos da Divisão de Patologia (DIPAT)/ INCA. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3 Padilha, CML, et. al. IJC Radio Das 37 pacientes selecionadas, no presente estudo, foram excluídas 22 por não possuírem pelo menos 2 exames citopatológicos, após o tratamento radioterápico. Foram analisados 58 esfregaços, das 15 pacientes incluídas no estudo. As alterações citopatológicas mais frequentes observadas, foram: ativação nuclear, aumento citoplasmático, vacuolização citoplasmática, eosinofilia, policromasia, células gigantes multinucleadas, binucleação, vacuolização nuclear, nucléolos proeminentes, como também a presença de exsudato leucocitário. Figura 1: Alterações actínicas pós-radioterapia (Fonte: INCA) Nucléolo Proeminente. Aumento de 400x Eosinofilia. Aumento de 200x Exsudato Leucocitário. Aumento de 100x Células Gigantes Multinucleadas. Aumento de 400x 4. CONCLUSÕES

4 Padilha, CML, et. al. IJC Radio O diagnóstico citopatológico de persistência tumoral ou recidiva pós-radioterapia é sempre um grande desafio para o profissional, mesmo o experiente, pois os efeitos actínicos se assemelham, em alguns casos, com atipias neoplásicas. Os estudos e relatos na literatura, sobre alterações citopatológicas actínicas e radioterapia ainda são escassos. REFERÊNCIAS 1. COSTA MOLP, HERÁCLIO AS, COELHO AVC, ACIOLY VL,, SOUZA PRE, CORREIA MTS. Comparison of conventional Papanicolaou cytology samples with liquid-based cervical cytology samples from women in Pernambuco, Brazil. Braz J Med Biol Res, Ribeirão Preto, v.48, n.9, p , set GRAHAM JB, GRAHAM RM, LUI W. Prognosis in cancer of the uterine cervix based on the vaginal smear before tratament. SR: the sensitization response. Surg. Gynec. Obstet. 99:11, GUPTA S, MUKHERJEE K, GUPTA YN, KUMAR M. Sequential radiation changes in cytology of vaginal smears in carcinoma of cervix uteri during radiotherapy. Int J Gynaecol Obstet. 1987; 25: INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA / INCA. Estimativa 2014: Incidência de Câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Rio de Janeiro: INCA, p. 5. LU CH, CHANG CC, HO ESC, CHEN SJ, LIN SJ, FU TF, CHANG MC. Should adequacy criteria in cervicovaginal cytology be modified after radiotherapy, chemotherapy, or hysterectomy? Cancer Cytopathology, 118: doi: /cncy PADILHA, C.M.L; ARAÚJO JUNIOR, M.L.C.; de SOUZA, S.A.L. Cytopathologic evaluation of patients submitted to radiotherapy for uterine cervix cancer Rev Assoc Med Bras 2017; 63(4): PADILHA, C.M.L.; FELICIANO, G.D.; PADILHA FILHO, L.G. Analysis of Actinic Effect after Radiotherapy in the Uterine Cervix Carcinomas. The Journal of American Science, 1(1), 2005: PANOBIANCO, M.S. et al. Women Diagnosed with Advanced Cancer of the Cervix: Coping with the Disease and Treatment. Revista Brasileira de Cancerologia 2012; 58(3):

5 Padilha, CML, et. al. IJC Radio POWERS, C.N. Radiation treatment effects in cervical cytology. Diagn Cytopathol Jul;13(1): YUAN, G. et al. A phase II study of concurrent chemo-radiotherapy with weekly nedaplatin in advanced squamous cell carcinoma of the uterine cervix. Radiation Oncology 2014, 9: ZANNONI, G.F.; VELONE G.V. Accuracy of Papanicolaou smears in cervical cancer patients treated with radiochemotherapy followed by radical surgery. Am J Clin Pathol Nov;130(5):