Desempenho de Ocimum basilicum L. sob Efeitos de Preparados Homeopáticos. Ocimum basilicum L. Performance under Homeopathic Preparations Effects

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1 Desempenho de Ocimum basilicum L. sob Efeitos de Preparados Homeopáticos Ocimum basilicum L. Performance under Homeopathic Preparations Effects VERDI, Rovier 1 ; HARTHMANN, Oscar Emilio L. 2 ; DEBARBA, Rômulo João 3 ; GIESEL, Alexandre 4 ; PARIZOTTO, Cirio 5. 1 Bolsista Instituto Federal Catarinense, Rio do Sul, SC. Atual Bolsista FAPESC, PPG Produção Vegetal, Centro de Ciências Agroveterinárias Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, SC, rovierverdi@hotmail.com; 2 Instituto Federal Catarinense, Rio do Sul, SC, oscar@ifcriodosul.edu.br; 3 Instituto Federal Catarinense, Rio do Sul, SC, romulo@ifc-riodosul.edu.br; 4 Bolsista pós-doutorado, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, alexandregiesel@yahoo.com; 5 Epagri, Estação Experimental de Campos Novos, Campos Novos, SC, cirio@epagri.sc.gov.br. Resumo: O cultivo de plantas medicinais vem crescendo significativamente, sendo impulsionada pela atual busca por produtos naturais e pela crescente utilização na indústria. O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de preparados homeopáticos no rendimento do óleo essencial de manjericão (Ocimun basilicum L.). O Trabalho foi conduzido no Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul, no período de agosto de 2014 a junho de Tratamentos foram completamente casualidades com 4 repetições e 9 plantas por repetição. Os tratamentos foram compostos pelos preparados homeopáticos de Silicea nas potências 7, 12 e 30 CH, Equisetum nas potências 12, 14 e 16 CH e água destilada. Os resultados obtidos foram submetidos a análise de variância pelo teste F e posterior comparação das média pelo teste Tukey, a 5%. O preparado homeopático Silicea na 30CH foi aquele que apresentou maior incremento na produção de óleo essencial (141%), em comparação a testemunha. A homeopatia é uma técnica viável na produção de plantas medicinais apresentando bons incrementos na produção do óleo essencial de manjericão com baixo custo e sem resíduos. Palavras-chave: Homeopatia, metabolito secundário, plantas medicinais. Abstract: The cultivation of medicinal plants has grown significantly, driven by the current search for natural products and the increasing use in industry. The objective was to evaluate the effect of homeopathic preparations on the yield of the essential oil of basil (Ocimun basilicum L.). The work was conducted at the Federal Institute of Santa Catarina - Campus Rio do Sul, from August 2014 to June The experimental design was entirely randomized with 4 replicates. The treatments consisted of Silicea at 7, 12 and 30CH, Equisetum at 12, 14 and 16Ch and distilled water. Data were submitted to analysis of variance by F test and subsequent comparison of average by the Tukey test, at 5%. The homeopathic preparation Silicea at 30CH showed the highest increase in the production of essential oil (141%) compared to the control. Homeopathy is an interesting tool in the production of medicinal plants showing good increases in essential oil production basil with low cost and without waste. Keywords: Homeopathy, secondary metabolite medicinal plants.

2 Introdução A produção de óleo essencial brasileira é umas das maiores do mundo, sendo esse um mercado em expansão influenciado, principalmente pela busca dos consumidores por produtos naturais, produzidos com respeito a biodiversidade e preservação ambiental (BIZZO et al., 2009). O manjericão, por apresentar em seu óleo essencial altas concentrações de linalol, é altamente valorizado no mercado e amplamente utilizado nas indústrias de condimentos e cosméticos (CARVALHO FILHO et al., 2006) O Ocimum basilicum L. conhecido popularmente como manjericão é amplamente cultivado no Brasil para o uso condimentar e medicinal (LORENZI & MATOS, 2002). Apresenta atividade digestiva, antitérmica, antiespasmódica, além de efetividade contra infecção bacterianas e parasitas intestinais (BOWN, 1995). Devido as suas propriedades químicas antimicrobianas, inseticidas e repelentes, o óleo essencial de manjericão vem sendo utilizado em conservação de grãos (FERNANDES et al., 2004). A utilização do manjericão está relacionada a composição de suas folhas que são ricas em vitaminas e minerais, além de conter metabólitos secundários como taninos, saponinas, cânfora, timol, estragol, mitil-chavicol, linalol, eugenol, cineno e pireno (MATOS, 2007). As substâncias bioativas estão ligadas ao mecanismo de defesa e a ecofisiologia das plantas, podendo interferir nos processos de saúde e doença (CASTRO et al., 2000). A composição e o rendimento do óleo essencial de manjericão, como de outras plantas, pode variar segundo fatores bióticos e abióticos como a constituição genética da planta e a localização geográfica (VELOSO et al., 2014). Assim como as plantas reagem a fatores bióticos e abióticos, os preparados homeopáticos podem ser uteis em processos adaptativos, agressivos e traumáticos (BONATO, 2007). O metabolismo secundário de onde deriva o óleo essencial pode ser afetado e responder aos preparados homeopáticos, podendo diminuir ou aumentar a quantidade e a qualidade das substâncias bioativas, essa resposta vai depender de diversos fatores como: preparado, dinamização, frequência, via de aplicação e organismo tratado (BONATO & SILVA, 2003; ANDRADE & CASALI, 2011). As pesquisas com plantas bioativas são de fundamental importância para o desenvolvimento de técnicas de cultivo que melhorem a qualidade reduzam o custo de produção, para que os produtos tenham preços competitivos (BIZZO et al., 2009). Os preparados homeopáticos são uma alternativa promissora como terapia não residual, promovendo a manutenção da saúde das plantas e o desenvolvimento equilibrado dentro de sistemas de produção agroecológicos (BOFF, 2008). A homeopatia pode ser utilizada em todos os modelos agrícolas, tanto convencionais como alternativos, através do conhecimento das leis de cura, que a homeopatia

3 fornece, o agricultor pode reestabelece o equilíbrio de seus sistemas produtores (CASALI et al., 2006) O objetivo desse trabalho foi de avaliar os efeitos de preparados homeopáticos no rendimento de biomassa, aspectos morfológicos e na produção de óleo essencial de manjericão, na busca pelo estímulo da produção com altas concentrações de óleo essencial, devido a esse, ser o componente mais valorizado. Metodologia O trabalho foi desenvolvido no Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul - Santa Catarina, Brasil no período de 2014/2015. O experimento foi conduzido em casa de vegetação climatizada e com irrigação automática. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 4 repetições por tratamento e 9 plantas por repetição. Os tratamentos foram compostos por dois preparados homeopáticos em diferentes potências: Silicea nas potências 7, 12 e 30CH (CH = ordem de diluição centesimal hahnemanniana), Equisetum nas potências 12, 14 e 16CH que foram comparadas ao tratamento água destilada (controle). Os preparados homeopáticos foram produzidos no Laboratório de Homeopatia e Saúde Vegetal da EPAGRI de Lages de acordo com as técnicas da Farmacopeia Homeopática Brasileira (BRASIL, 2011). As plantas foram obtidas pela semeadura direta em sacos plásticos com volume de 0,5L de substrato formado pela mistura, na proporção de 1:1 (v/v), de terra de subsolo e composto orgânico. O substrato foi enriquecido com casca de arroz calcinada, fosfato natural e cama aviária de peru, e também, foi realizada a correção de acidez com calcário dolomítico de acordo com a análise de solo e recomendações do Manual Brasileiro de Adubação e Calagem (SBCS, 2004) para alfavaca (Ocimum sp.) sendo esta a única recomendação para o gênero, trabalhada na região sul do país. No momento da aplicação foi preparada uma solução com 10 gotas para cada litro de água destilada, sendo as pulverizações, volume aproximado de 50ml por unidade experimental, realizadas nas primeiras horas do dia em intervalo semanal adotando o procedimento de Duplo-Cego, na implementação dos tratamentos (ANDRADE et al., 2001) Durante o experimento as plantas foram irrigadas diariamente através de irrigação automatizada. Plantas espontâneas foram retiradas manualmente quando necessário. Não foi necessário controle de insetos e doenças. Após 75 dias da semeadura, as plantas foram colhidas com corte realizado à altura de 30 cm acima do solo e submetidas às análises fitométricas: a altura de cada

4 planta individualmente a partir do ponto de corte, com o auxílio de uma trena métrica, realizado a contagem de ramos secundários, fazendo-se a separação das folhas dos caules e flores e acondicionado em sacos de papel Kraft. As amostras foram secas em estufa com circulação de ar forçada a uma temperatura de 50 C até atingir peso constante segundo método de Soares (2007). A biomassa da parte aérea seca foi posteriormente pesada em balança analítica para determinação de massa seca de folhas e de caules. Para a determinação do da área foliar foi utilizado um vazador com área conhecida, destacaram-se 20 discos foliares uniformemente de toda a planta logo após a colheita, evitando-se a amostragem da nervura central conforme Huerta e Alvim (1962). Os discos foram submetidos a mesma metodologia de secagem do restante da biomassa. Através da área conhecida dos discos foliares destacados, da massa seca dos mesmos e do massa seca total das folhas, tomados através de uma balança analítica, pode ser estimadas as áreas foliares totais das plantas. As amostras de folhas secas foram armazenadas em sacos de papel Kraft e congeladas em freezer até a extração do óleo essencial. A extração foi feita no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) de Lages por arraste de vapor em aparelho Cleavanger, os dados foram obtidos em gramas por tratamento sendo transformado para percentagem em matéria seca de folhas, através da correlação entre a massa de óleo essencial obtido, com a massa seca das folhas utilizadas para a extração. Os dados obtidos foram submetidos as análise de variância pelo teste F (p 0,05) e as medias comparadas pelo teste de Tukey (p 0,05) com o auxílio do programa estatístico SISVAR 5.6. (FERREIRA, 2014) Resultados e discussões Para características morfológicas do manjericão, tais como biomassa seca das folhas e de caules, altura de ramos, número de ramos secundário e área foliar total, não foi verificada a diferença significativa pelo teste F a 5% de probabilidade, sob ação dos preparados homeopáticos (Tabela 1). Tabela 1. Rendimento da biomassa e aspectos morfológicos do manjericão (Ocimum basilicum L.) sob aplicação de preparados homeopáticos. Rio do Sul, SC, Tratamentos Massa Seca Ramos Área Foliar Caules (g) 1 Folhas (g) 1 Altura (cm) 1 Secundário (n planta -1 ) 1 Total (m²) 1

5 Água destilada Silicea 7CH Silicea 12CH Silicea 30CH Equisetum 12CH Equisetum 14CH Equisetum 16CH 7,30 ns 7,99 7,13 8,43 8,21 7,53 8,15 7,05 ns 6,35 6,43 7,58 7,93 6,98 7,78 35,17 ns 33,61 34,11 38,19 40,33 36,03 38,06 8,19 ns 8,00 7,86 8,28 8,92 8,28 7,86 C.V. (%) ,66 ns 3,75 3,63 3,40 3,47 3,60 3,25 ns = não significativo pelo teste F (p 0,05); 1 =Valores médio da parcela experimental, composta por 9 plantas; CH: Ordem de diluição centesimal hahnemanniana; C.V.: Coeficiente de variância. Resultados semelhantes foram encontrados por Capra (2011), quando aplicado os preparados homeopáticos de Silicea 6, 12, 30CH, Equisetum 7DH em plantas de carqueja (Baccharis trimera L.), em que, na estufa os valores encontrados de massa seca da parte área, comprimento do maior ramo e número de ramos secundários não apresentaram diferença. Plantas de Artemísia que foram tratadas com Arnica montana em cinco dinamizações (1, 2, 3, 4 e 5 CH) não apresentou variação no rendimento da sua biomassa (CARVALHO et al., 2005). Assim como Duarte (2007), em experimento testando diversos preparados homeopáticos e suas influências na morfofisiologia em Eucalipto (Eucalyptus citriodora), submetidos a estresse hídrico, não encontrou diferença estatística em área foliar total, produção de biomassa da parte aérea fresca e seca, comprimento da raiz principal e biomassa da raiz seca. O rendimento do óleo essencial em matéria seca de manjericão variou de 1,43% no tratamento de Equisetum 12CH até 3,79% no tratamento com Silicea 30CH (Figura 1). Luz et al., (2009), comparando doses de cama de franco no rendimento e composição química do óleo essencial de dois genótipos de manjericão, encontro variação de 1,36% a 5,17% de óleo essencial na matéria seca. Isso mostra que os valores encontrados no presente trabalho estão dentro do esperado para a espécie. Figura 1. Rendimento de óleo essencial do manjericão (Ocimum basilicum L.), em resposta à preparados homeopáticos. Rio do Sul, SC

6 *Valores são medias da parcela experimenta, compostas por 9 plantas e acompanhadas do desvio padrão. CH: Ordem de diluição centesimal hahnemanniana. Os tratamentos Silicea 30CH, Equisetum, 14 e 16CH apresentaram superioridade na quantidade de óleo essencial quando comparados com a testemunha. Os incrementos foram de 141%, 95% e 102% respectivamente. Em plantas de menta (Mentha arvensis L), tratadas com Arsenicum album e Sulphur em 4 dinamizações (6, 12, 24 e 30CH), todos os tratamentos apresentaram incremento substancial na produção de óleo essencial (BONATO et al, 2009). O trabalho feito por Capra (2011) constatou que os preparados Silicea D7, Silicea CH12 e Equisetum D7 apresentaram aumento significativo nos teores de saponina na parte aérea das plantas de carqueja (Baccharis trimera L.). Os aumentos foram de 46%, 41% e 36% respectivamente em relação ao tratamento testemunha. As variáveis referentes ao rendimento de biomassa e aspectos morfológicos não sofreram alterações significativas com a aplicação dos preparados homeopáticos (Tabela 1), enquanto o rendimento de óleo essencial respondeu expressivamente (Figura 1). A aplicação do preparado homeopático Phosphorus 3C gerou o aumento de 250% do óleo essencial em relação ao controle álcool 70% e o aumento de 320% em relação a água destilada, e não alterou significativamente as variáveis de biomassa e morfológicas (DUARTE, 2007). Plantas em ambiente sombreado sob aplicação de Silicea CH6 e D7 não tiveram variação em sua matéria seca, mas apresentaram um incremento de 21% a 25% de quercetina na matéria seca quando comparadas com o tratamento controle (CAPRA et al., 2014). Isso confirma que as plantas bioativas são uteis em pesquisa básicas como testadora de preparados homeopáticos, devido as respostas serem detectadas no metabolismo secundário, o qual está diretamente relacionado à adaptação e defesa a fatores bióticos e abióticos (ANDRADE & CASALI, 2011). Apesar dos preparados Silicea 7, 12CH e Equisetum 12CH não terem apresentado diferença significativa (Figura 1) os mesmos tenderam a interferirem negativamente

7 na produção de óleo essencial do manjericão, o que demonstra a necessidade de se conhecer o efeito dos preparados correlacionados com as dinamizações. A resposta de um organismo a qualquer homeopatia vai depender de vários fatores como; a dinamização, tempo de aplicação e da forma de aplicação (BONATO, 2007). Quando existe entre o preparado homeopático e o organismo uma similitude há uma resposta da energia vital, contrapondo a energia do medicamento na mesma intensidade podendo ser estimulante ou antagônico ao resultado esperado, isso vai depender da dinamização e do organismo (ANDRADE et al., 2011). Os preparados homeopáticos apresentam grande potencial de utilização na área vegetal, sendo um excelente método para a agricultura familiar e orgânica, pois diminui os custos e aumenta a produção de uma forma segura e sustentável, facilitando a independência e aumentando a renda dos agricultores (BONATO et al., 2009). Conclusões Os tratamentos Silicea 30CH, Equisetum 14 e 16CH apresentam estímulo à produção do óleo essencial de manjericão. As variáveis morfológicas não foram afetadas pelos preparados homeopáticos. Preparados homeopáticos apresentam efeitos em vegetais e podem ser utilizado para o incremento na produção orgânica de óleos essenciais. Referências bibliográficas ANDRADE, F. M. C. et al. Efeito de homeopatias no crescimento e na produção de cumarina em chambá (Justicia pectoralis Jacq.). Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 4, n. 1, p , ANDRADE, F.M.C.; CASALI, V.W.D. Homeopatia, agroecologia e sustentabilidade. Revista Brasileira de Agroecologia, v. 6, n. 1, p , BIZZO, Humberto R.; HOVELL, Ana Maria C.; REZENDE, Claudia M. Brazilian essential oils: general view, developments and perspectives. Quimica Nova, v. 32, n. 3, p , BOFF, P. (coord.). Agropecuária saudável: da prevenção de doenças, pragas e parasitas a terapêutica não residual. Lages: EPAGRI/UDESC, p. BONATO, C.M. Homeopaty in vegetal models. International Journal of High Dilution Research, v. 6, n. 21, p , 2007.

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