Modelo de Instituição de Microfinanças: o caso da SCMEPP
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- Pedro Henrique de Paiva Ferreira
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1 A partir de debates com os especialistas do setor público e da iniciativa privada, por ocasião da regulamentação do setor, surgiu a figura da Sociedade de Crédito ao Microeemprededor (SCM). Entretanto, as SCMs não conseguiram cumprir, na sua plenitude, o papel de instituições financeiras adequadas para ofertar microcrédito. Desse modo, surgiu a necessidade do aperfeiçoamento de seu modelo institucional, hoje remodelada para sociedade de crédito ao microempreendedor e à empresa de pequeno porte (SCMEPP), que tem atuação relevante na disseminação de crédito para micro e pequenos empreendedores, contudo não tem atingido as camadas mais demandantes de crédito, os empreendedores informais, rurais e urbanos. Por que isso ocorreu?
2 Quando as SCMs foram criadas, pretendia-se que as ONGs que operavam microcrédito, com o título de OSCIPs, migrassem, gradualmente, para o sistema financeiro tradicional. A Res. 2627, de 1999, falava em transformação das OSCIPs em SCM. Já a Res. 2874, de 2001, referia-se a controle das SCMs por OSCIPs) Esse perfil de instituição atrairia investidores e fundeadores e preservaria os objetivos e ideologias do microcrédito, garantindo o provimento de crédito para os empreendedores de baixa renda.
3 Esse modelo, que conjugava o viés social e a experiência em microcrédito das ONGs com atributos de instituições reguladas que garantiriam o seu crescimento e perenidade, era um modelo inteligente. Era similar ao aplicado em alguns outros países, como o Peru, onde as Empresas de Desarollo de la Pequeña e Micro Empresa (EDPYMEs) são entidades reguladas e muitas vezes controladas por ONGs.
4 Passados mais de dez anos da criação das SCMs, nenhuma OSCIP seguiu o caminho imaginado, e as atuais SCMEPPs, até o momento, não atingiram os empreendedores de baixa renda. Os investidores que constituíram SCM(EPP)s eram: pequenos empreendedores -> sem capital para financiar o custo de aprendizagem oriundos do setor financeiro formal -> sem experiência em microcrédito Também não tinham experiência em captar recursos das entidades que apoiavam o microcrédito com recursos para funding e desenvolvimento institucional. Por esses motivos, não quiseram e nem poderiam mergulhar de cabeça nesse mercado desconhecido.
5 Porque as OSCIPs não migraram suas operações para as SCM(EPP)s? Algumas respostas possíveis: Não concordavam, ideologicamente, com o modelo; Tinham receio da supervisão do Banco Central, pelo fato de se tratar de um terreno desconhecido, ou entendiam que a supervisão lhes traria custos de observância das normas tidos como desnecessários; Inércia; Perceberam que o ambiente normativo era desfavorável em relação ao das OSCIPs; Recebiam mais apoio como ONG do que receberiam como SCM(EPP); Faltou incentivo para a migração.
6 Algumas sugestões para tornar a SCMEPP mais atrativa para as OSCIPs e para outros investidores: Possibilitar a captação de recursos do público Sugerimos que as SCMEPPs possam fazer a opção pela permissão para captarem poupança do público ou para não captarem esses recursos. Caso queiram captar esses recursos, estariam sujeitas à normas mais rígidas; Melhorar as condições de crédito do funding para as SCMEPPs (Ex. CAIXA = TJLP+5% -> alto quando SELIC cai) Flexibilização das condições de aplicação dos recursos do PNMPO (clientela MEI, ME, EPP e informal com renda bruta de até R$ 240 mil, valor máximo do crédito, taxa de juros máxima e TAC para beneficiário final) Eliminar relatórios com informações sobrepostas para fundeadores e órgãos públicos; Possibilitar a captação de recursos de outras fontes, tais com fundos de pensão e outros fundos de investimento (norma deveria dizer de quem não podem captar); Possibilitar a aplicação de recursos em qualquer empresa que ache vantajoso o crédito oferecido por essas entidades;
7 Algumas sugestões para tornar a SCMEPP mais atrativa para as OSCIPs e para outros investidores: Eliminar todas as normas que gerem mais custo do que benefício para as SCMEPPs, tais como exigência de Ouvidoria, registro no CETIP de aplicações de caixa de baixo valor etc.; Permitir a prestação de serviços financeiros, em geral, aos clientes (serviços de cobrança bancária, pagamento e recebimento de contas, seguros); Criar um agressivo programa de desenvolvimento institucional para financiar a migração de OSCIPs para SCMEPP e também para promover o fortalecimento institucional das SCMEPPs existentes. Permitir que as SCMEPPs fossem constituídas como sociedades anônimas de capital aberto, visando possíveis futuras negociações na bolsa de valores.
8 Com essas medidas, as SCMEPPs Aumentariam a penetração no mercado de empreendedores de baixa renda, pois as SCMEPPs controladas pelas OSCIPs poderiam desenvolver toda a sua vocação; As SCMEPPs com enfoque em MEs e EPPs teriam melhores condições para desenvolverem seus projetos; As SCMEPPs multi-segmentos teriam melhores condições de crescer e atuar eficientemente, diluindo mais seus custos fixos; As instituições ficariam mais eficientes, na medida em que seus custos operacionais tenderiam baixar.
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