MUNICIPIO DE PORTO ALEGRE GKN DO BRASIL LTDA A C Ó R D Ã O
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- Eugénio Vilaverde Ventura
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1 APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO TRIBUTÁRIO. AÇÃO CAUTELAR DE SUSTAÇÃO DE PROTESTO DE CDA. AÇÃO ANULATÓRIA DE AUTOS DE LANÇAMENTO. CAUÇÃO COM CARTA DE FIANÇA. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PERDA DO OBJETO DA AÇÃO CAUTELAR. INOCORRÊNCIA. Não se configura perda do objeto da ação cautelar, que tem pedido diverso daquele da anulatória, ambas ajuizadas em 19/11/2015. Naquela, a pretensão é de anulação de autos de lançamentos e respectivas CDAs, por inconstitucionalidade de exigência de ISS sobre serviços tomados de prestadores sediados no exterior. A postulação antecipatória de tutela na dita demanda não é relacionada ao protesto, mas sim à expedição de CPDEN. A liminar de sustação de protesto nesta ação, condicionada ao oferecimento de caução, foi deferida em 20/11/2015; já a suspensão da exigibilidade do crédito tributário na ação principal apenas foi alcançada em 12/08/2016, mediante o oferecimento de carta de fiança, pois não restou acolhida a pretensão de caução através de imóvel. Na data da propositura das ações ainda não vigorava o novo CPC, havendo forte corrente jurisprudencial no sentido de que a sustação de protesto deveria ser objeto de ação cautelar e não de antecipação de tutela. APELAÇÃO DESPROVIDA. APELAÇÃO REMESSA NECESSÁRIA Nº (Nº CNJ: ) JUIZ(A) DE DIREITO MUNICIPIO DE PORTO ALEGRE GKN DO BRASIL LTDA VIGÉSIMA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE PORTO ALEGRE APRESENTANTE APELANTE APELADO A C Ó R D Ã O 1
2 Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Desembargadores integrantes da Vigésima Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento à apelação. Custas na forma da lei. Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores DES. ARMINIO JOSÉ ABREU LIMA DA ROSA (PRESIDENTE) E DES. MARCELO BANDEIRA PEREIRA. Porto Alegre, 09 de agosto de DES. ALMIR PORTO DA ROCHA FILHO, Relator. R E L A T Ó R I O DES. ALMIR PORTO DA ROCHA FILHO (RELATOR) MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE apela da sentença de procedência nos autos da ação cautelar de sustação de protesto que lhe move GKN DO BRASIL LTDA. A pretensão contida na inicial é de sustação dos protestos das CDA s nºs 4.706/2015 e 4.679/2015, com pedido liminar. A fundamentação e o dispositivo da sentença restaram assim redigidos (fls. 114/115): Trata-se de ação cautelar para cujo julgamento afigura-se desnecessária a produção de outras provas, de modo que o feito, como posto, encontra-se apto a ser sentenciado. A parte autora postula a sustação dos efeitos do protesto do título nº 4706/2015 do 3º Tabelionato de Protestos, no valor de R$ ,64, com vencimento em 16/11/15, e intimação notarial vencendo em 20/11/15, e o nº 4679/2015 do 2º Tabelionato de Protestos, no valor de R$ ,56, com vencimento em 16/11/2015 e intimação notarial vencendo em 20/11/
3 Conforme José Alberto dos Reis1, requisitos da providência cautelar são a aparência do direito e o perigo de insatisfação desse direito aparente. Em outras palavras, há um corte na cognição ampla, pois (...) o processo cautelar se contenta com o desígnio mais modesto da busca da probabilidade, sendo suficiente (...) mera aparência do direito e do perigo que o ameaça 1. No caso dos autos, ambos os requisitos para a providência cautelar restaram satisfeitos ao longo da instrução processual. Ocorre que, não obstante a revogação da antecipação de tutela alegada pelo Município, na Ação Anulatória nº 001/ , verifica-se que, naquele feito, houve a posterior substituição da caução ofertada por carta de fiança, com o que concordou o Município, tendo sido, em razão disso, deferida a suspensão da exigibilidade dos créditos tributários consubstanciados nos títulos protestados, conforme decisão de fl. 529 daqueles autos. Ademais, tendo em vista o fato dos autos de infração que deram origem aos protestos estarem sendo discutidos na referida ação anulatória, deve ser resguardada a parte contra o abalo de crédito, naturalmente decorrente do protesto dos títulos, que podem efetivamente ser indevidos. JULGO, portanto, PROCEDENTE a ação cautelar ajuizada por GNK DO BRASIL LTDA. contra o MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE, para tornar definitiva a liminar de fls. 55/55v, sustando os efeitos dos protestos dos títulos nº 4706/2015 e nº 4679/2015. Fica liberada a caução tomada por termo nestes autos, em razão da substituição por carta de fiança na Ação Anulatória nº 001/ Sucumbente, arcará o Município com o reembolso das custas processuais e com honorários advocatícios, que vão fixados, considerando o trabalho exigido e o tempo decorrido, em 10% sobre o valor da causa atualizado pelo IPCA-E, nos termos do art. 85, 2º, 3º, inc. I, e 4º, inc. III, do NCPC. Em não havendo recurso voluntário, remetam-se os autos ao eg. TJRS em remessa necessária, nos termos do art. 496, inc. I, do NCPC. (...) Transitada em julgado e satisfeitas eventuais custas pendentes, intimem-se para desentranhamento de documentos. Em suas razões recursais, aduz que ocorreu a perda do objeto da ação cautelar. Na ação de procedimento comum, tombada sob o nº 001/ , a 3
4 empresa requereu liminarmente a sustação dos protestos, oferecendo imóvel como caução. Indeferido o pedido liminar, requereu a empresa a substituição da caução por carta de fiança, o que aceitou o município, nos termos do art. 835, 2º, do CPC. Restou deferida naquela ação a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, em 12/08/2016. Tal decisão levou à perda do objeto da cautelar, que deve ser extinta por tal motivo, arcando a empresa com os ônus da sucumbência, em razão do princípio da causalidade. A pretensão da ação cautelar poderia ser obtida, como o foi, na ação de procedimento comum, inclusive distribuída anteriormente. Em contrarrazões, pugna a apelada pela manutenção da sentença. O Ministério Público nesta Corte opina pelo desprovimento do recurso. Registro que restou observado o disposto nos arts. 931 e 934 do CPC, tendo em vista a adoção de sistema informatizado. É o relatório. V O T O S DES. ALMIR PORTO DA ROCHA FILHO (RELATOR) Busca a autora através da presente ação cautelar, ajuizada em 19/11/2015 (fl. 02), a sustação dos protestos das CDA s nºs 4.706/2015, do 3º Tabelionato de Protestos e 4.679/2015, do 2º Tabelionato de Protestos, no valor de R$ ,56 (fls. 47 a 50). Cinge-se a insurgência recursal à pretensão de extinção da cautelar por perda do objeto, em razão da suspensão da exigibilidade do crédito tributário obtida na ação anulatória apensa, em 12/08/2016, condenando-se a empresa nos ônus sucumbenciais. Não merece provimento o recurso. A Lei nº /12 introduziu o parágrafo único ao art. 1º da Lei nº 9.492/97, incluindo as CDA s dentre os títulos sujeitos a protesto, nos seguintes termos: Art. 1º Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida. 4
5 Parágrafo único. Incluem-se entre os títulos sujeitos a protesto as certidões de dívida ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas autarquias e fundações públicas. (Incluído pela Lei nº , de 2012) No âmbito do Município de Porto Alegre, há também expressa previsão legal de protesto de CDA consoante o art. 68-A da Lei Complementar Municipal nº 7/73 (Código Tributário Municipal), que assim prevê: Art. 68-A Fica o Executivo Municipal autorizado a: (Redação dada pela Lei Complementar nº 686/2011) (...) II - levar a protesto a Certidão da Dívida Ativa, desde que o crédito ao qual se refere a certidão a ser protestada não tenha sido objeto de ajuizamento de ação de execução fiscal e não esteja com a exigibilidade suspensa; (Redação dada pela Lei Complementar nº 706/2012) (...) A realização do protesto extrajudicial da CDA, cuja constitucionalidade foi recentemente reconhecida pelo Plenário do STF na ADI nº 5135/DF, em sessão de 09/11/2016, de relatoria do eminente Min. Luis Roberto Barroso, ainda sem publicação do inteiro teor da decisão, tem por objetivo tornar mais eficiente a cobrança da dívida ativa da Fazenda Pública. Não se pode falar em perda do objeto desta ação que tem pedido diverso daquele da anulatória em apenso, ambas ajuizadas em 19/11/2015 (fl. 02 no apenso). Naquela, a pretensão é de anulação dos autos de lançamento nºs /2014, /2014 e /2015, e as respectivas CDAs, por inconstitucionalidade de exigência de ISS sobre serviços tomados de prestadores sediados no exterior, não definindo a LC 116/2003 e a Lei Municipal nº 07/73 o contribuinte nesses casos (fl. 22 no apenso). A postulação antecipatória de tutela naquela demanda não é relacionada ao protesto, mas sim à expedição de CPDEN. Ademais, a liminar de sustação de protesto nesta ação, condicionada ao oferecimento de caução, foi deferida em 20/11/2015 (fls. 55 a 58); já a suspensão da 5
6 exigibilidade do crédito tributário na ação de procedimento comum apenas foi alcançada em 12/08/2016, mediante o oferecimento de carta de fiança, pois não restou acolhida a pretensão de caução através de imóvel (fl. 529 no apenso). E na data da propositura das ações ainda não vigorava o novo CPC, havendo forte corrente jurisprudencial no sentido de que a sustação de protesto deveria ser objeto de ação cautelar e não de antecipação de tutela. APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO CAUTELAR DE SUSTAÇÃO DE PROTESTO. A ação cautelar de sustação de protesto foi ajuizada sob a égide do Código de Processo Civil de 1973, que amparava a medida em seu art. 798 e seguintes, não havendo falar em falta de interesse de agir tão somente porque a pretensão poderia ter sido formulada em antecipação de tutela na ação principal. APELAÇÃO PROVIDA. SENTENÇA DESCONSTITUÍDA. (Apelação Cível nº , Décima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Roberto Imperatore de Assis Brasil, Julgado em 22/02/2017) AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. EMBARGOS MONITÓRIOS. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. PRETENSÃO DE NATUREZA ACAUTELATÓRIA. PROTESTO. SUSTAÇÃO. SUSPENSÃO. INVIABILIDADE. O instituto da antecipação de tutela de direito material é tutela de urgência que possibilita ao juízo alcançar no todo ou em parte o que possa ser reconhecido pelo futuro provimento definitivo (art. 273). No caso de ser postulado como antecipação de tutela providência de natureza cautelar (art. 796), que em regra requisita ação autônoma (art. 798), o juiz poderá de ofício nos próprios autos, converter um pedido em outro. - A sustação de protesto recomenda medida cautelar autônoma em tempo hábil a que em caso de provimento possa ser alcançado o seu objeto antes de ser lavrado o protesto. Realizado o protesto é inviável o seu cancelamento ou mesmo a suspensão antes do contraditório. RECURSO DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento nº , Décima Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: João Moreno Pomar, Julgado em 30/06/2016) Ademais, ainda não foi proferida sentença na ação principal (anulatória), mantendo-se hígida a liminar concedida na cautelar. 6
7 Transcrevo trecho do parecer da ilustre Procuradora de Justiça Lisiane Del Pino, que bem enfrentou a questão (fls. 133/134): No apelo ora em análise, sustenta o recorrente que a suspensão da exigibilidade do crédito tributário importaria a perda do objeto da ação cautelar, razão pela qual o processo deveria ser extinto sem resolução do mérito. Sem razão. Não fosse a diferença de objeto entre as ações (o que é natural, considerando uma ser cautelar e a outra anulatória satisfativa), na cautelar, buscava a ora apelada a sustação dos protestos, e não a suspensão da exigibilidade dos créditos tributários. Desse modo, a suspensão da exigibilidade obtida nos autos da anulatória (ação principal) não importa a perda do objeto da cautelar. Caberia, então, a extinção do feito com resolução do mérito, confirmando a medida liminar deferida, como o fez o juízo a quo. Ante o exposto, conheço da apelação e NEGO-LHE PROVIMENTO. DES. ARMINIO JOSÉ ABREU LIMA DA ROSA (PRESIDENTE) - De acordo com o(a) Relator(a). DES. MARCELO BANDEIRA PEREIRA - De acordo com o(a) Relator(a). DES. ARMINIO JOSÉ ABREU LIMA DA ROSA - Presidente - Apelação Remessa Necessária nº , Comarca de Porto Alegre: "NEGARAM PROVIMENTO À APELAÇÃO. UNÂNIME." Julgador(a) de 1º Grau: JOAO PEDRO CAVALLI JUNIOR 7
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