Desempenho de salsa sob diferentes telas de sombreamento
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1 Desempenho de salsa sob diferentes telas de sombreamento Matheus Tadanobu Ramos Nohama; Luan Fernando Ormond Sobreira Rodrigues; Santino Seabra Junior; Mônica Bartira da Silva; Renan Gonçalves de Oliveira; Maria Cândida Moitinho Nunes. RESUMO Este trabalho teve por objetivo verificar qual a cultivar de salsa é mais produtiva na região de Cáceres-MT e qual o nível de sombreamento mais indicado para o cultivo. Foi desenvolvido na área experimental da UNEMAT, localizada no município de Cáceres-MT, entre junho e agosto de O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados em esquema fatorial 4x2, em que o primeiro fator são as telas de sombreamento de 30%, 40% e 50% e a testemunha (campo aberto), e o segundo fator é referente às cultivares (Lisa Preferida e Graúda Portuguesa), com 4 repetições. As variáveis de desempenho avaliadas foram a produtividade total (Kg m -2 ) e o número de folhas (maço). Até o presente, é possível concluir que para se ter elevadas produções de salsa nas condições climáticas de Cáceres- MT, é necessário conciliar à cultivar Lisa Preferida e telados com 40% de sombreamento. PALAVRAS-CHAVE: Petroselinum crispum, cultivo protegido, produtividade. ABSTRACT Acting of parsley under different shading screens This study aimed to determine which cultivar of parsley is more productive in the region of Cáceres-MT, and what level of shade best suited for cultivation. It was developed in the experimental area UNEMAT located in the city of Cáceres-MT, between June and August The experimental design was randomized blocks in factorial scheme 4x2, where the first factor is the shading screens of 30%, 40% and 50%, and control (open area) and the second factor is related to the cultivars (Lisa Favorita and Graúda Portuguesa), with 4 replications. The performance variables evaluated were the total yield (kg m -2 ) and the number of sheets (pack). To date, we conclude that to have high yields of salsa in the S103
2 climatic conditions of Cáceres-MT, it is necessary to reconcile farming and Lisa Favorite screened with 40% shading. Keywords: Petroselinum crispum, protected cultivation, productivity. INTRODUÇÃO A salsa (Petroselinum crispum), é uma hortaliça herbácea, bastante conhecida no meio gastronômico principalmente por sua grande utilização como tempero e também na ornamentação de pratos (Bertatti,2002). Apesar de ser cultivada em muitos países, essa espécie requer temperaturas mais amenas para um melhor desenvolvimento, por isso geralmente é cultivada no outonoinverno e em alguns lugares, onde se têm elevadas altitudes pode-se observar o cultivo durante todo o ano. Com relação às condições climáticas consideradas boas para o melhor desenvolvimento de salsa é necessário clima ameno, com médias de temperatura entre ºC, porém a região de Cáceres-MT apresenta temperaturas médias no trimestre junho, julho e agosto próximas a 30 ºC, o que pode ser considerado desfavorável para o cultivo de salsa. O cultivo em ambiente protegido pode ser considerado como uma possibilidade de contornar os problemas que se tem com elevadas temperaturas. Martins (2007) destaca que o cultivo protegido vem sendo utilizado para diminuir a sazonalidade de produtos agricultáveis uma vez que podem controlar parcialmente ou, em alguns casos, totalmente, os fatores climáticos, podendo assim fornecer aos consumidores produtos de qualidade mesmo na entressafra. Para se indicar o cultivo em ambiente protegido, em Cáceres, necessariamente deve-se primeiro estabelecer o nível de sombreamento que seja considerado adequado para a cultura da salsa, como ainda não são encontrados trabalhos com esse intuito na região é importante o desenvolvimento de experimentos como o realizado por Luz et al. (2009), em que avaliando o efeito de ambientes no pendoamento de alface, pôde-se observar que houve um efeito significativo principalmente de malhas com 50% de sombreamento, que causou uma diminuição na velocidade de pendoamento. A falta de informações técnicas para as condições de cultivo de salsa em ambientes protegidos pode ser um dos empecilhos para os produtores da região iniciarem-se nessa atividade. Por isso objetivou-se com este trabalho verificar qual a cultivar de salsa é S104
3 mais produtiva na região de Cáceres-MT e qual o nível de sombreamento mais indicado para o cultivo. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi executado na área experimental da UNEMAT, município de Cáceres- MT, no trimestre junho a agosto de 2010, com altitude média de 118,0 m e com as seguintes coordenadas geográficas 16º04 33 S e 57º39 10 O. O clima é classificado de acordo com Köppen como tropical de altitude, terceiro megatérmico, e sua pluviosidade média anual é de aproximadamente 1317,41 mm, sendo que 76% do volume chuvoso está concentrado de novembro a abril conforme Neves (2006). As variações climáticas durante o experimento podem ser observadas na figura 1. O solo é classificado como Plintossolo Pétrico Concrecionário distrófico, na camada de 0-0,20 m, apresenta as seguintes características físicas: 600 g kg -1 de areia, 128 g kg -1 de silte e 272 g kg -1 de argila; e características químicas: M.O.= 28,0 g dm -3 ; ph= 6,3; P= 102,6 mg dm -3 ; K= 0,32 cmol c dm -3 ; Ca = 4,79 cmol c dm -3 ; Mg = 1,03 cmol c dm -3 ; Al = 0,0 cmol c dm -3 ; CTC = 7,3 cmol c dm -3 ; V = 84,50%. A adubação foi realizada conforme indicada por Trani & Azevedo (1997) e Filgueira (2007). O experimento foi montado conforme delineamento experimental de blocos casualizados em fatorial 4x2 em que o primeiro fator são os ambientes (tela de sombreamento 30%, 40% e 50% e campo aberto) e o segundo fator são as cultivares de salsa (Lisa Preferida e Graúda Portuguesa), com 4 repetições, totalizando 32 parcelas contendo 36 maços cada, onde para critério de avaliação foram coletadas apenas as 8 plantas centrais. Os ambientes apresentavam a dimensão de 100 m² (10x10 m), com diferentes níveis de sombreamento, em que o pé direito do telado era de 2,40 m. Em cada ambiente, foram levantados canteiros com 9,0 m de comprimento e 1,5 m de largura e 0,20 m de altura. Para semeadura, utilizou-se de bandejas de isopor com 128 células, contendo substrado composto (50% de substrato comercial - Solaris ; 25% de terra preta e 25% de esterco bovino curtido), onde para cada 120 l, foram adicionados 174,6 g de termofosfato, 144 g de superfosfato simples e 26,2 de KCl. Foram colocadas 5 sementes por célula e após 39 dias da semeadura se procedeu com o desbaste, sendo conduzidas apenas 3 plântulas S105
4 por célula. As cultivares utilizadas foram Lisa Preferida e Graúda Portuguesa (Top Seed). O transplante foi realizado no mesmo dia do desbaste (39 dias após a semeadura) utilizando-se o espaçamento de 0,25x0,15 m. O experimento foi conduzido sob o sistema de irrigação por micro aspersão por mangueiras do Tipo Santeno, de acordo com as necessidades da cultura, duas vezes por dia e o controle de plantas daninhas foi executado duas vezes por semana, manualmente. Foram avaliadas a produtividade (Kg m -2 ) e o número de folhas (maço), sendo considerado como um maço, cada cova de plantio esse valor para obter um maço foi observado através de visitas à feira local, onde três plantas constituíam um maço. Para o cálculo da produtividade foi necessário proceder a pesagem do material colhido, através de balança digital com 3 casas decimais, e no caso do número de folhas foi feita a contagem direta do número de folhas por maço. As médias foram submetidas a análise de variância, onde se verificou diferença significativa, podendo então proceder com o teste de comparação múltipla de médias Tukey à 5% de probabilidade, através do programa ESTAT (Kronka & Bonzato, 1995). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram observados que para as condições deste estudo que houve interação significativa para os fatores estudados, as cultivares e os ambientes (Tabela 1). Observou-se que a cultivar Lisa Preferida apresentou maior número de folhas quando cultivada em ambientes sombreados, e quando em campo aberto apresentou resultados similares aos obtidos pela cultivar Graúda Portuguesa. Bertatti (2002) verificou que não ocorreram diferenças significativas entre as cultivares Lisa Comum e Lisa Graúda Portuguesa, quanto ao peso de massa fresca, seca e altura de plantas, diferente do que ocorreu neste trabalho. Quando em campo aberto não houveram diferenças entre as cultivares, conforme o que ocorreu no trabalho dito acima. A aquisição de salsa se dá através de maços, sendo que normalmente a preferência é por maços mais densos com plantas saudáveis, se o número de folhas aumenta a densidade do maço aumenta e conseqüentemente esses produtos são os mais consumidos. S106
5 De acordo com Seabra Jr et al. (2009), houve diminuição da temperatura em função do aumento do sombreamento dos ambientes o que proporcionou as cultivares de alface que estavam sendo avaliadas, diminuição da taxa de pendoamento. Possivelmente o sombreamento ocasionou queda de temperaturas no experimento, o que contribui para se explicar que os ambientes foram determinantes para principalmente aumentar o número de folhas. No caso da cultivar lisa, o ambiente que apresentou maior número de folhas foi o telado de sombreamento a 40% (bem como também foi o ambiente em que ocorreu a maior produtividade) e o que apresentou menor número de folhas foi o telado 50%, sendo que campo aberto e telado 30% tiveram uma quantidade média de folhas, sem se diferirem do melhor tratamento e nem do pior. A produtividade dessa cultivar foi maior nos ambientes sombreados, tendo o campo aberto a produtividade mais baixa. A cultivar Graúda Portuguesa apresentou desempenho semelhante nos ambientes com relação ao número de folhas, sendo que apenas no telado com 50% de sombreamento foi onde menos folhas foram produzidas e mesmo assim sem se diferir estatisticamente dos outros tratamentos. Essa cultivar apresentou-se indiferente quanto a produtividade, mas de qualquer forma a Lisa Preferida é considerada como um material melhor, principalmente por que o número de folhas possivelmente é um fator mais limitante do que a produtividade e principalmente quando essa última é semelhante. No experimento realizado por Bertatti et al. (2002) apesar de não se ter diferenças significativas quanto ao número de folhas, a cultivar Lisa Graúda Portuguesa apresentou 19% mais folhas que a cultivar Lisa. Pode-se entender então que as condições de Jaboticabal-SP são mais indicadas para o cultivo de Graúda Portuguesa e de Cáceres- MT, Lisa Preferida. Ficam então necessários estudos complementares que levem em consideração também outras cultivares em relação a diferentes épocas de plantio também, para se aumentar o nível de informações a respeito dessa hortaliça. Até o presente, é possível concluir que para se ter elevadas produções de salsa nas condições climáticas de Cáceres-MT, é necessário conciliar a cultivar Lisa Preferida em telados com 40% de sombreamento. REFERÊNCIAS S107
6 BERTATTI, R Desempenho de cultivares de salsa, no verão, com e sem cobertura de solo, em casa de vegetação. Monografia (Trabalho de Graduação em Agronomia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 31f. FILGUEIRA, FAR Novo manual de Olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 3 ed. Viçosa: Editora UFV, 293p. KRONKA, SN; BANZATO, DA Estat: sistema para análise estatística versão ed. Jaboticabal: FUNEP, 247p. LUZ, AO; SEABRA JR, S; SOUZA, SBS; NASCIMENTO, AS Resistência ao pendoamento de genótipos de alface em ambientes de cultivo. Agrarian 2, n.6: MARTINS, G Cultivo em ambiente protegido o desafio da plasticultura. In: NEVES, SMAS Condição climática de Cáceres/MT. In: Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica - Os climas e a produção do Espaço no Brasil, 2006, Rondonópolis/MT. Anais/artigos do Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica, v.ii. SEABRA JR, S; SOUZA, SBS; THEODORO, VCA; NUNES, MCM; AMORIN, RC; SANTOS, CL; NEVES, LG Desempenho de cultivares de alface tipo crespa sob altas temperaturas. Horticultura Brasileira 27: S3171 -S3176. TRANI, PE; AZEVEDO FILHO, JA de Seção de hortaliças. In: RAIJ. B. van. et al. Recomendações de adubação e calagem para o estado de São Paulo. 2 ed. Campinas: IAC, p.168. (Boletim técnico 100). S108
7 Tabela 1. Produtividade (Kg m -2 ) e número de folhas (maço) de duas cultivares de salsa, cultivada sob diferentes telas de sombreamento 30%, 40% e 50% e em campo aberto [Productivity (kg m -2 ) and number of leaves (bunch) of two varieties of parsley, grown under different shading screens 30%, 40% and 50% and field], Cáceres-MT, Jun Ago, Tratamentos Número de folhas (maço) Produtividade (Kg m -2 ) Lisa Graúda Portuguesa Lisa Graúda Portuguesa Campo Aberto Aab Aa Ab Aa Telado de Sombreamento 30% Aab Bab Aab Aa 40% Aa Bab Aa Ba 50% Ab Bb Aab Aa CV (%) Médias seguidas pela mesma letra Maiúscula nas linhas e Minúsculas nas colunas, não se diferem estatisticamente pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade [Means followed by same capital letter in rows and columns in lowercase, do not differ statistically by Tukey at 5% probability]. Figura 1. Temperaturas médias, mínimas e máximas (ºC) do ar, durante a realização do experimento com salsa, registrados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) [Average temperatures, minimum and maximum ( C) air during the experiment with parsley, recorded by the National Institute of Meteorology], em Cáceres-MT. (2010). S109
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