OBJETIVISMO E O RELATO OBJETIVISTA
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- Ayrton Antas Duarte
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1 OBJETIVISMO E O RELATO OBJETIVISTA Prof. Thiago C. Almeida A. F. Chalmers, O que é ciência afinal?
2 Objetivismo Introdução Enfatiza que itens do conhecimento transcendem as crenças e estados de consciência dos indivíduos que os projetam e contemplam. Conhecimento é compreendido em termos das crenças dos indivíduos. Individualismo
3 1. Individualismo Individualismo Conhecimento compreendido como um conjunto especial de crenças de indivíduos que reside em seus cérebros ou mentes; Nem toda crença é aceita como constituinte de conhecimento genuíno; É preciso justifica-la recorrendo-se às provas apropriadas.
4 1. Individualismo Crença Justificação Justificação da justificação... Justificação da justificação Justificação da justificação da justificação
5 Individualismo
6 1. Individualismo Fundamentos do Conhecimento Afirmações autojustificantes; Crenças que almejem se tornar conhecimento devem ser justificadas remontando-as de volta aos fundamentos.
7 1. Individualismo Fundamentos baseados no pensar: racionalismo clássico (René Descartes) Fundamentos baseados no observar: empirismo clássico (John Locke)
8 2. Objetivismo Objetivista Prioriza, em sua análise do conhecimento, características dos itens ou corpos de conhecimento com que se confrontam os indivíduos, independentemente das atitudes, crenças ou outros estados subjetivos daqueles indivíduos; O conhecimento é tratado como algo exterior, antes que interior, às mentes ou cérebros dos indivíduos.
9 2. Objetivismo Podemos afirmar que uma folha caiu no meio de uma floresta se ninguém a observou cair?
10 2. Objetivismo O labirinto de proposições que envolve um corpo de conhecimento em algum estágio de seu desenvolvimento terá propriedades que os próprios indivíduos que nele trabalham desconheçam; É possível que relações existam objetivamente entre as partes da estrutura independentemente da consciência que qualquer indivíduo tenha daquela relação.
11 Maxwell defendia a explicação de todo o mundo físico como um sistema material governado pelas leis de Newton, ponto de vista que foi comprometido por sua teoria EM. 2. Objetivismo Evidências a favor da posição objetivista: Poisson descobriu consequências da teoria de Fresnel que este ignorava; A teoria eletromagnética de Maxwell previa a existência das ondas de rádio, geradas por fontes elétricas oscilantes, fato que ele ignorava;
12 2. Objetivismo Oliver Lodge Joseph Larmor Maxwell Lorentz Hertz Einstein
13 2. Objetivismo As situações problemáticas existem dentro da estrutura da ciência, quer sejam apreciadas e aproveitadas pelos cientistas ou não!
14 2. Objetivismo Gaspard-Gustave Coriolis (francês) Jean-Victor Poncelet (francês) Karl Friedrich Mohr (alemão) Julius von Mayer (alemão) DESCOBERTAS SIMULTÂNEAS!!! James Prescott Joule (britânico) William Robert Grove (britânico) Conservação da Energia ~ 1840
15 3. A Ciência como uma Prática Social Elementos da Ciência Além de proposições verbais ou matemáticas a ciência possui: Conjunto de técnicas para articular, aplicar e testar as teorias das quais é formada; Engloba experiências, orientadas pela teoria, com objetivo de explorar e testar a mesma (prática introduzida por Galileu).
16 3. A Ciência como uma Prática Social O conhecimento científico é realizado por um esforço social complexo, e é obtido do trabalho de muitos artífices em sua interação muito especial com o mundo da natureza. Jerome Ravetz (1929)
17 3. A Ciência como uma Prática Social Resultados Reprodução pelos colegas Reprodução pelos árbitros Julgamento da comunidade científica O conhecimento científico é produto de uma atividade social complexa, mais que como a crença ou possessão de um indivíduo!
18 4. O objetivismo apoiado por Popper, Lakatos e Marx Minha... tese envolve a existência de dois sentidos diferentes do conhecimento ou do pensamento: (1) conhecimento ou pensamento no sentido subjetivo [...] e (2) conhecimento ou pensamento num sentido objetivo, [...] O conhecimento no sentido objetivo é o conhecimento sem conhecedor; é o conhecimento sem um sujeito que sabe. (Popper)
19 4. O objetivismo apoiado por Popper, Lakatos e Marx O valor cognitivo de uma teoria nada tem a ver com sua influência psicológica nas mentes das pessoas. Crenças, compromisso e compreensão são estados da mente humana... Mas o valor objetivo, científico de uma teoria... é independente da mente humana que a cria ou a compreende. (Lakatos)
20 4. O objetivismo apoiado por Popper, Lakatos e Marx não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, seu ser social é que determina a sua consciência (Karl Marx)
21 4. O objetivismo apoiado por Popper, Lakatos e Marx Um físico que tenta contribuir para o desenvolvimento da física confronta-se com uma situação objetiva, que delimita as possibilidades de escolha e de ação e que influencia o resultado de tal ação; Da mesma forma, um indivíduo que espera contribuir para a mudança social...
22 5. As limitações do objetivismo de Lakatos Metodologia de Lakatos A metodologia de Lakatos envolve decisões e escolhas dos cientistas envolvidas em, Adoção do núcleo irredutível (irrefutável); Adoção de uma heurística positiva. Um relato que dependa de forma crucial de decisões e escolhas de indivíduos não será objetivo!
23 5. As limitações do objetivismo de Lakatos Lakatos e Popper não dão preceitos adequados para a escolha de teorias, logo deixam de dar um relato da mudança de teorias; Kuhn aceita qualquer escolha sancionada pela comunidade científica.
24 6. Oportunidades Objetivas Grau de fertilidade Representa o conglomerado de oportunidades presentes num programa de pesquisa; É propriedade objetiva do programa de pesquisa ( heurística positiva de Lakatos); Mede a proporção em que o programa contém dentro de si oportunidades objetivas para o desenvolvimento ou a extensão em que ele abre novas linhas de investigação.
25 6. Oportunidades Objetivas Exemplos: Ao unir matemática/física/astronomia Galileu deu início a um programa com alto grau de fertilidade; Teoria ondular de Young x Teoria corpuscular de Newton A teoria de newton possuía maior grau de fertilidade pelo fato da mecânica de partículas estar mais desenvolvida em 1810
26 6. Oportunidades Objetivas Problemas referentes ao grau de fertilidade: (i) Conceito vago demais, não permite medidas quantitativas; (ii) Quanto mais vago o programa, maior seu grau de fertilidade; (iii)destituído de valor como instrumento para o historiador, já que oportunidades de desenvolvimento somente vêm à luz depois que são aproveitadas; (iv)não ajuda a explicar o crescimento da ciência, já que só pode ser analisado em retrospecto.
27 6. Oportunidades Objetivas Conceito vago demais, não permite medidas quantitativas; De fato não há meios de medir o grau de fertilidade de um programa, mas é possível comparar os graus de fertilidade de programas rivais.
28 6. Oportunidades Objetivas Quanto mais vago o programa, maior seu grau de fertilidade; Esta afirmação não é válida. Primeiro por que um curso de ação vago não é contado como uma oportunidade. O mesmo precisa ser especificado de forma precisa, em termos de técnicas definidas experimentalmente, matemática e teoricamente à disposição dos cientistas, juntamente com as teorias e as hipóteses específicas que constituem o núcleo irredutível e o cinturão protetor do programa. Segundo que o desenvolvimento, para o qual uma teoria com alto grau de fertilidade deve fornecer oportunidades, não é um desenvolvimento qualquer, mas um desenvolvimento na direção de predições novas.
29 6. Oportunidades Objetivas Destituído de valor como instrumento para o historiador, já que oportunidades de desenvolvimento somente vêm à luz depois que são aproveitadas; É possível sim traçar o grau de fertilidade de programas para além de seu desenvolvimento, identificando oportunidades criadas dentro do programa que só foram aproveitadas muito depois. Por exemplo, o programa desenvolvido por Ptolomeu fornecia oportunidades para o desenvolvimento da ótica, que não foram aproveitadas até a época de Galileu. No entanto, admitimos que a caracterização adequada das oportunidades objetivas e dos graus de fertilidade são possíveis somente em retrospecto.
30 6. Oportunidades Objetivas Não ajuda a explicar o crescimento da ciência, já que só pode ser analisado em retrospecto. Esta objeção está correta, mas não é um entrave para a proposta. O fato dos cientistas estarem inconscientes do grau de fertilidade constitui a força da proposta, e é justamente o que torna possível um relato objetivista da mudança de teoria, evitando os elementos subjetivos presentes em Lakatos.
31 7. Um relato objetivista das mudanças teóricas na física Suposição sociológica: as sociedades onde se pratica a física conta com cientistas com habilidades e recursos para desenvolver a ciência. Suponhamos agora que apareça uma oportunidade objetiva para o desenvolvimento de um programa: Cedo ou tarde algum cientista (ou grupo de) se aproveitará da oportunidade; Se houver mais de um programa, sucederá aquele que possuir maior grau de fertilidade, mesmo que tenha menor adesão.
32 7. Um relato objetivista das mudanças teóricas na física Alto grau de fertilidade garante sucesso de um programa? Não se pode dizer que as oportunidades darão frutos; Exp: teoria do vortex para átomos e moléculas; É preciso então que o relato objetivista leve em conta não só os graus de fertilidade, mas também sucessos práticos e a extensão em que um programa leva a previsões novas.
33 7. Um relato objetivista das mudanças teóricas na física Predições Novas Grau de Fertilidade
34 7. Um relato objetivista das mudanças teóricas na física Relato objetivista precisa levar em conta a extensão em que os programas tiveram sucesso em conduzir a novos fenômenos e a extensão em que as próprias descobertas ofereceram oportunidades objetivistas para novos caminhos de exploração; Os programas que contêm um núcleo irredutível coerente que oferece oportunidades para progredir se desenvolverão de fato de maneira coerente, uma vez que estas oportunidades sejam aproveitadas. O grau de fertilidade de um programa será aumentado ainda mais se o desenvolvimento conduzir a sucessos de previsão; Exp: Teoria de Newton Lei do inverso do quadrado no núcleo irredutível (coerente); Leis introduzidas que difiram levemente da lei do inverso do quadrado tenderão a desaparecer.
35 8. Alguns Comentários de Advertência O relato objetivista não almeja sugerir que a ciência progride por si só. Ela progride com o trabalho dos cientistas, mas o processo de mudança de teoria transcende as intenções conscientes, as escolhas de decisões dos físicos; O relato só funciona se a suposição sociológica for preenchida, mas nem sempre há garantias de que será; A maneira como incentivos a pesquisas são influenciados por governos e monopólios industriais hoje em dia podem fazer com que algumas oportunidades objetivas não sejam aproveitadas, de modo que o progresso da física esteja ficando cada vez mais controlado por fatores externos à física; O presente relato melhor se aplica em mudanças a longo prazo.
36 OBJETIVISMO E O RELATO OBJETIVISTA Prof. Thiago C. Almeida A. F. Chalmers, O que é ciência afinal?
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