FACULDADE MOZARTEUM DE SÃO PAULO RODRIGO SOARES MARTINS IMPLANTES CURTOS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
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- Giulia Alencar Barateiro
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1 FACULDADE MOZARTEUM DE SÃO PAULO RODRIGO SOARES MARTINS IMPLANTES CURTOS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO MONTES CLAROS 2016
2 RODRIGO SOARES MARTINS IMPLANTES CURTOS Monografia apresentada à Faculdade Mozarteum de São Paulo, como requisito parcial para a obtenção do titulo De Especialista em Implantodontia. Orientador: Prof. Dr Robertson Wagner Carvalho Batista MONTES CLAROS 2016
3 E o que dizer a você DÉIA? Obrigado pela paciência, pelo incentivo, pela força e principalmente pelo carinho. Valeu a pena toda distância, todo sofrimento, todas as renúncias... Valeu a pena esperar... Hoje estamos colhendo, juntos, os frutos do nosso empenho! Esta vitória é muito mais sua do que minha!!!
4 Agradecimentos A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades. Aos professores, pela orientação apoio e confiança. Ao meu orientador Prof. Dr. Robertson Wagner Carvalho Batista, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos. Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional. À minha esposa Andréia e ao meu filho Bernardo, que souberam entender minha ausência e me apoiaram na busca do conhecimento. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado!
5 Apesar dos nossos defeitos, precisamos enxergar que somos pérolas únicas no teatro da vida e entender que não existem pessoas de sucesso ou pessoas fracassadas. O que existe são pessoas que lutam pelos seus sonhos ou desistem deles. Augusto Cury
6 Resumo Os implantes dentários curtos representam uma opção de tratamento previsível, e sua principal indicação reside na possibilidade de evitar técnicas cirúrgicas invasivas. Não existe consenso na literatura sobre a definição de implante curto. O objetivo desse trabalho foi realizar uma revisão da literatura sobre implantes curtos, relatar as modificações incorporadas a estes implantes, bem como os fatores importantes para maximização dos resultados clínicos. A literatura nos mostra que dentre os fatores preponderantes para o sucesso dos implantes curtos destacam-se a geometria dos implantes combinada com largos diâmetros e tratamento de superfície. Pode-se concluir que os implantes curtos representam uma boa alternativa de tratamento, especialmente para casos com leito ósseo reduzido. No entanto deve-se seguir um rigoroso protocolo de indicação e uso para garantir o sucesso do tratamento. Descritores: Implantes Curtos. Implantes Dentários. Taxa de Sucesso. Biomecânica.
7 Abstract Short dental implants are a predictable treatment option and its main indication is the possibility of avoiding invasive surgical techniques. There is no consensus regarding the definition of short implant. The aim of this study was to review the literature on short implants, reporting the changes incorporated into these implants, as well as the important factors to maximize clinical outcomes. The literature shows that among the important factors for the success of short implants highlight the geometry of combined implants with larger diameters and surface treatment. It can be concluded that the short implants are a good alternative treatment, particularly in cases with low bone bed. However one must follow a strict indication and use of protocol to ensure successful treatment. Keywords: Short implants. Dental implants. Success rate. Biomechanics.
8 Lista de ilustrações Figura 1 Variação na terminologia do comprimento de diferentes sistemas de implantes. Por ex, nos implantes tipo Branemark, 8mm significa o comprimento total do implante, enquanto no sistema ITI significa a região rugosa e com roscas (Bernard, et al. 2003) Figura 2 Implantes SPS Roxolid SLACTIVE 4,0 MM Figura 3 Diagrama que mostra o movimento dos implantes de diferentes comprimentos no osso. A esquerda um implante de 6 mm; no meio, um implante monocortical de 12 mm; a direita, um bicortical 12 milímetros 13 Figura 4 Localização de estresse no osso de suporte 6 mm intra ósseo a esquerda e 12mm intra ósseo a direita. Os valores positivos representam tensão de tração e valores negativos representam tensão de compressão Figura 5 Implante Curto Bicon Figura 6 Área de contato osso-implante: da esquerda para a direita - 4x8,5mm; 4x13mm; 5x8,5mm
9 Sumário 1 Introdução Revisão de Literatura Definição de implantes curtos Tratamento de superfície Taxa de sucesso Implantes curtos x implantes convencionais Relação coroa implante Esplintagem Aumento ósseo vertical x implante curto Discussão Conclusão Referências
10 9 1 Introdução Um dos mais complexos procedimentos em cirurgias reconstrutivas é a reabilitação de pacientes portadores de mandíbulas atróficas. Para reabilitação algumas opções de tratamento são relatadas na literatura, tais como utilização de implantes curtos, realização de enxertos ósseos, lateralização do feixe vásculo-nervoso alveolar inferior, entre outros (Romeo et al., 2006). Há muitas opções de tratamento para restaurar as regiões posteriores de maxila e mandibula atróficas em pacientes parcialmente desdentados. O grau de reabsorção e a proximidade com estruturas anatômicas nobres, como o seio maxilar e o nervo alveolar inferior têm em muitos casos, grande influência sobre a planejamento do tratamento. Este pode variar desde cirurgia de grande porte como enxertos autógenos extra-orais, distração osteogênica e lateralização do nervo alveolar inferior, a procedimentos menores, como split crest (separação da crista), implantes inclinados, técnicas de regeneração óssea guiada, pequenos enxertos em bloco intra-orais, elevação da membrana do seio maxilar e implantes curtos (Esposito et al., 2009).. Implantes de superfície tratada aumentaram a versatilidade da implantodontia dentária. O uso rotineiro de implantes curtos (5 ou 7 mm) em osso trabecular de baixa densidade como a tuberosidade maxilar, fornece resultados comparáveis aos implantes convencionais. Entre suas vantagens destacam-se, a técnica cirúrgica, baixa morbidade, e menor período de cura (Lagunas, 2008). A região posterior de mandíbula edêntula frequentemente apresenta-se com grande atrofia do rebordo alveolar, limitando a reabilitação com implantes. Como opção de tratamento para estas restrições surgiram os implantes curtos (Maciel et al., 2012). Os implantes curtos podem ser selecionados, em pacientes com disponibilidade óssea limitada tanto na mandíbula quanto na maxila, com taxas de sucesso elevadas e similares às dos implantes longos. As vantagens são: procedimento mais simples, menos demorado, menos oneroso e baixa morbidade. Reporta-se na literatura que é desejável um maior contato entre a área total da superfície do implante e o osso alveolar, por isso há a procura por implantes de maior comprimento e diâmetro. No entanto, áreas como a região posterior da maxila, devido à expansão do seio maxilar, após a perda dentária, e a região posterior da mandíbula, devido à proximidade com o canal mandibular, muitas vezes impossibilitam a instalação de implantes longos (Daloy, 2013).
11 10 2 Revisão de Literatura 2.1 Definição de implantes curtos A Figura 1 apresenta sistemas de implantes com variação na terminologia do comprimento. Por exemplo, nos implantes tipo Branemark, 8mm significa o comprimento total do implante, enquanto no sistema ITI significa apenas a região intraóssea (Bernard et al., 2003). Figura 1 Variação na terminologia do comprimento de diferentes sistemas de implantes. Por ex, nos implantes tipo Branemark, 8mm significa o comprimento total do implante, enquanto no sistema ITI significa a região rugosa e com roscas (Bernard, et al. 2003). Bernard et al., 2003, p. 594 O conceito de implantes curtos é controverso, sendo mais apropriado definir a região intraóssea do dispositivo no momento da prótese entrar em função (Neves et al., 2006). Renouard e Nisand (2006) em seu estudo retrospectivo para análise das taxas de sobrevivência de implantes curtos na região posterior de maxila consideraram aqueles com comprimento entre 6 e 8,5mm. Implantes cujos comprimentos variam de 4 a 8,5mm podem ser considerados como curtos (Felice et al., 2010). Telleman et al. (2011) avaliaram a taxa de sobrevivência de implantes curtos < 10mm, em sua revisão de literatura, onde 29 artigos foram selecionados. Em sua revisão sistemática Mezzomo et al. (2014), avaliaram as falhas e possíveis complicações em implantes curtos, ao apoiar coroas individuais na região posterior.
12 Capítulo 2. Revisão de Literatura 11 Foram considerados neste estudo implantes cujo comprimento fosse inferior a 10mm. 2.2 Tratamento de superfície Renouard e Nisand (2006) analisaram 96 implantes instalados, medindo entre 5 e 8,5mm, sendo 54 com superfície usinada. O grupo de superfície usinada apresentou 04 falhas (7,4%), e o grupo com tratamento de superfície apresentou apenas 01 falha (1,4 %). Sendo a taxa de sucesso total de 94,6%. Ainda segundo os autores para se obter sucesso é necessária uma maior área de contato osso implante, micro e macrogeometria e tratamento de superfície. Atualmente implantes curtos apresentam resultados semelhantes aos implantes de maior tamanho. A maioria destas avaliações foram realizadas em região posterior de mandíbula com o objetivo de evitar danos neurossensoriais ao nervo alveolar inferior e posterior da maxila evitando levantamentos de seio maxilar. Estes índices de sucesso devem-se principalmente a melhora das superfícies que aumentam o contato osso/implante (Manfro et al., 2013). Os primeiros resultados com implantes curtos foram desencorajadores, pois não apresentavam previsibilidade no tratamento. Com o advento do tratamento de superfície, conceito de estabilidade primária e aprimoramento da técnica cirúrgica pelo operador, a utilização de implantes curtos tornou-se uma alternativa viável para áreas com grande reabsorção óssea, porém, somente em regiões que têm espessura óssea suficiente (Michel et al., 2015). 2.3 Taxa de sucesso Maló, Nobre e Rangert (2007) acompanharam 408 implantes em 237 pacientes, sendo 131 de 7mm e 277 de 8,5mm, instalados através da técnica cirúrgica de 1 estágio. A taxa de sucesso foi de 96,2% em maxila e 97,1% em mandíbula em um período de 05 anos e a perda óssea de 1mm no primeiro ano. Anitua e Orive (2010) realizaram um estudo retrospectivo com 8 anos de acompanhamento, onde os implantes curtos foram instalados tanto na maxila e mandíbula. Cento e sessenta e um pacientes receberam 1287 implantes curtos (<8,5 mm) entre 2001 e 2008). Todas as cirurgias foram realizadas por cirurgiões experientes e as próteses foram feitas por três protesistas. O indice de sucesso foi de 99,3% (9 de implantes foram perdidos). Ferreira (2011), em seu estudo clínico retrospectivo avaliou 188 implantes, sendo que 42% dos casos referiam-se a implantes curtos, < 10mm, relatou uma taxa de sobrevivência de 99%.
13 Capítulo 2. Revisão de Literatura 12 Os dados de 5 anos de um ensaio clínico multicêntrico com os implantes de 4 mm demonstraram uma alta taxa de sobrevida de 94% com perda óssea marginal mínima e condições peri-implante saudáveis. Esse estudo demonstrou que 4 implantes Straumann Standard Plus Short (SPS) podem ser utilizados em próteses parciais fixas com reabsorção mandibular severa sem necessidade de aumento ósseo (Slotte et al., 2012). O implante SPS, com comprimento de 4 mm, é o implante de conexão interna mais curto do mercado (Figura 1). É indicado para próteses dentárias fixas ou removíveis, em situações onde há reabsorção acentuada do osso da mandíbula. O implante SPS oferece mais flexibilidade para tratar pacientes sem a necessidade de complexos procedimentos de enxerto ósseo verticais (Straumann, 2014). Figura 2 Implantes SPS Roxolid SLACTIVE 4,0 MM Fonte: Institut Straumann AG, 2014, p Implantes curtos x implantes convencionais Pierrisnard et al. (2003) mostraram como os implantes se comportam com carga de 100N a 30 graus, lembrando que cargas oblíquas são muito mais deletérias que aquelas que incidem sobre o longo eixo do dente. Como o osso tem a propriedade de viscoelasticidade, esse sofre deformação e dissipa um pouco da carga na mastigação, sendo que o implante mais curto terá uma movimentação maior dentro do osso com maior dissipação de carga, ao passo que os implantes mais longos têm uma menor movimentação dentro do osso concentrando a carga na região de flexura (Figura 2). Além disso o estudo de elementos finitos mostra que a carga se concentra nos primeiros 5mm do implante (Figura 3).
14 Capítulo 2. Revisão de Literatura 13 Figura 3 Diagrama que mostra o movimento dos implantes de diferentes comprimentos no osso. A esquerda um implante de 6 mm; no meio, um implante monocortical de 12 mm; a direita, um bicortical 12 milímetros Pierrisnard, 2003 Figura 4 Localização de estresse no osso de suporte 6 mm intra ósseo a esquerda e 12mm intra ósseo a direita. Os valores positivos representam tensão de tração e valores negativos representam tensão de compressão. Pierrisnard, 2005
15 Capítulo 2. Revisão de Literatura 14 Misch et al. (2006) alegaram que a região de maior esforço transmitido ao implante fica junto à crista óssea e que a região apical recebe pouco estresse. Portanto, o comprimento do implante talvez não seja o fator mais importante na distribuição de cargas na interface osso-implante. A taxa de sucesso de implantes curtos de 6 e 8 mm instalados em áreas de pouca disponibilidade óssea foi estimada e comparada com a de implantes longos. Os resultados indicaram que o desempenho clínico dos implantes curtos foi comparável aos implantes longos, tornando possível a reabilitação sem a necessidade de enxertia (Arlin, 2005). Barboza et al. (2008) em um estudo retrospectivo avaliaram 348 implantes curtos (Biohorizons Implant Systems, Inc., Birmingham, AL) com 9 e 10 milímetros de comprimento por 3,5mm, 4mm e 5mm de diâmetro durante seis anos. Os implantes foram instalados nas regiões anteriores e posteriores dos arcos de 153 pacientes, com média de idade de 55 anos, distribuídos em grupos de idade de 21 a 40, de 41 a 60 e de mais de 60 anos, no Instituto Brasileiro de Periodontia. Neste estudo os implantes curtos tiveram taxa de sucesso de 96%, semelhante à taxa de sucesso dos implantes convencionais. Tutak et al. (2013), realizaram um trabalho de revisão bibliográfica sobre o uso de implantes curtos em regiões posteriores com altura óssea reduzida. 34 artigos foram selecionados nas bases de dados MEDLINE (PubMed e Ovídio), ISI WEB OF KNO- WLEDGE e COCHRANE. O estudo concluiu que implantes curtos 6-10mm instalados em região posterior se mostraram eficazes quando comparados ao uso de implantes de comprimento convencional. As atrofias severas da mandíbula apresentam grande dificuldade de tratamento, seja através de próteses convencionais, seja por próteses implanto-suportadas. Várias técnicas são descritas para o aumento vertical do rebordo ósseo. Todas apresentam alta morbidade, dificuldade técnica e prognóstico duvidoso. Os implantes curtos apresentam uma solução mais simples, menos mórbida e atualmente apresentam prognóstico semelhante aos de tamanho convencional (Manfro et al., 2013). Estudos que usaram implantes BiconTM de 6,0 X 5,7 mm (Figura 4), relataram uma taxa de sucesso de 92,2%. Os autores afirmam que essas taxas são comparáveis às taxas de implantes longos, tornando os implantes curtos uma opção aceitável. Os implantes instalados em duas etapas cirúrgicas estão associados com 80% a mais de sucesso (CHIARELLI et al., 2007 apud LEHMANN, 2010).
16 Capítulo 2. Revisão de Literatura 15 Figura 5 Implante Curto Bicon Fonte: BICON DENTAL IMPLANTS, Relação coroa implante Schulte, Flores e Weed (2007) analisaram 889 implantes unitários em 294 pacientes, acompanhados por 2,3 anos com o objetivo de verificar a influencia da relação coroa implante entre os implantes que falharam e os que não falharam. Encontraram uma taxa total de sucesso de 98,2%, mostrando que, a relação coroa implante não influencia o índice de perda de implante, pois não houve diferença estatisticamente significante entre os implantes que falharam e os que obtiveram sucesso. Schneider, Witt e Hammerle (2011) encontraram resultados semelhantes ao analisarem a taxa de sobrevivência dos implantes segundo a proporção coroa implante, nível ósseo marginal e incidência de complicações. Foram instalados100 implantes unitários com coroas unitárias em 70 pacientes. O tempo mínimo de acompanhamento foi de 5 anos e a taxa de sucesso de 95,8%. O trabalho concluiu que a proporção coroa implante não influenciou a performance clínica dos implantes na região posterior das arcadas. De acordo com a revisão sistemática de Mezzomo et al. (2014), a reabilitação com implantes curtos se mostrou previsísvel, pois verificou-se que a proporção coroa/implante não influencia na perda óssea. Pellizer et al. (2013) em um estudo de análise por elementos finitos analisaram o comportamento de implantes do tipo cone morse 3,75 x 8,5mm quando submetidos a força axial (200N) e oblíqua (100N), variando-se a altura da coroa. Concluiram
17 Capítulo 2. Revisão de Literatura 16 que o aumento da coroa ampliou a concentração de tensões, sendo estatisticamente significante para implantes curtos de cone morse e ainda que, o carregamento oblíquo foi mais prejudicial, quando comparado com o carregamento axial. 2.5 Esplintagem Guichet, Yoshinobu e Caputo (2002) em um estudo de fotoelasticidade, verificaram que a ferulização dos implantes proporcionou uma distribuição mais uniforme das cargas. No estudo de Huang et al. (2005), a esplintagem favoreceu a dissipação das cargas em implantes com diâmetros diferentes, auxiliando na taxa de sobrevida. A esplintagem dos implantes apresenta-se como uma alternativa eficiente para otimizar a distribuição das cargas oclusais, principalmente nas regiões posteriores (Block, 2005). Medidas como esplintagem, proporção implante-coroa semelhante, eliminação de contatos oclusais horizontais, diminuição da mesa oclusal e não uso de cantileveres favorecem a biomecânica e aumentam a previsibilidade do tratamento (Galvão et al., 2011) Michel et al. (2015) em sua revisão de literatura sobre o uso de implantes curtos e extracurtos unitários em região posterior de mandíbula atrófica, mostraram que, coroas unitárias apresentaram semelhante taxa de sobrevida comparada às coroas esplintadas. Todavia, a não esplintagem fornece melhores condições de higienização para o paciente. 2.6 Aumento ósseo vertical x implante curto Felice et al. (2010) compararam aumento ósseo vertical com implante curto. Em duas mandíbulas aumentadas não foi possível instalar implantes de 10mm. Um implante foi perdido no grupo curto, e quatro implantes foram perdidos no grupo aumentado. Ocorreram quatro complicações pós cirúrgicas no grupo enxertado. Os autores concluiram que se houver entre 7 e 8mm de osso a melhor opção consiste na instalação de implantes de 7mm, uma vez que apresentam menor tempo de cadeira, menor morbidade e menor custo para o paciente. Considerando um implante como um cilindro, temos a fórmula para o cálculo de sua área AT = 2πR(R+H). Desta forma a Figura 5, nos mostra que em um implante 4 x 8,5mm a área total é de 100πmm². Aumentando-se o comprimento do implante em 4,5mm, mantendo-se o mesmo diâmetro, teremos 136πmm² de área total no implante de 13mm de comprimento. No entanto, mantendo-se o comprimento inicial
18 Capítulo 2. Revisão de Literatura 17 de 8,5mm e aumentando-se 1mm no diâmetro, a área total de contato osso implante seria de 135πmm² no implante de 5 x 8,5mm. Dessa forma o cálculo mostra que em situações limítrofes, talvez seja mais prudente o emprego de implantes de menor comprimento e maior diâmetro, ao uso de implantes de comprimento convencional associados à técnicas cirúrgicas mais complexas de aumento ósseo vertical. (Dias, 2013) Figura 6 Área de contato osso-implante: da esquerda para a direita - 4x8,5mm; 4x13mm; 5x8,5mm Fonte: Autoria própria
19 18 3 Discussão Zielak et al. (2015) em seu estudo piloto através da análise fotoelástica analisaram o comportamento biomecânico de implantes curtos sobre uma carga axial de 10 e 20 N. Concluiram que o sucesso clinico de um implante dentário está diretamente relacionado ao seu comportamento biomecânico, sendo que, nos implantes curtos uma menor distância entre as roscas externas é salutar para melhorar o desempenho. Atualmente, ainda não há na literatura, consenso sobre a definição de implantes curtos. Alguns autores os classificam como aqueles cujo comprimento varia entre 7 e 10mm (Neves et al., 2006; Telleman et al., 2011; Mezzomo et al., 2014), há aqueles que consideram sua medida sendo igual ou menor a 8mm (Renouard; Nisand, 2006; SA et al., 2014), e ainda novas tendências que tendem a classificá-los como sendo os menores ou igual a 7mm (Anitua et al., 2014). Um estudo retrospectivo realizado por Sverzut (2006), analisou as falhas precoces de implantes dentários. Concluiu que os implantes curtos (de 6 a 9 milímetros) tem um fator de risco quatro vezes maior do que implantes com maiores comprimentos. Assim também em uma meta-análise Pommer et al. (2011), descobriram que implantes curtos demonstraram uma taxa de falha significativamente maior em comparação com os implantes mais longos com diferenças significativas observadas tanto na região anterior e posterior da maxila, enquanto nenhuma diferença foi apreciada na mandíbula. Santiago Júnior et al. (2010), em sua revisão bibliográfica, concluiu que os implantes curtos, representam uma boa alternativa de tratamento, principalmente em regiões com leito ósseo reduzido. Fernandes et al. (2012) encontraram resultados semelhantes, desde que sejam observados os princípios biomecânicos da implantodontia. Conde Neto e Mori (2012) em um estudo utilizando o método dos elementos finitos, avaliaram implantes da marca Straumann 4.1 x 6mm (curto) e 4.1 x 10mm (padrão), concluiram que o modelo de implante curto na situação de cortical espessa apresentou melhores resultados biomecânicos quando comparado ao implante padrão na situação de cortical fina. A grande maioria dos autores são unânimes em dizer que o tratamento com implantes curtos, é tão previsível quanto o emprego dos implantes convencionais (Arlin, 2005; Lagunas, 2008; Silva, 2010; Daloy, 2013; Tutak et al., 2013; Michel et al., 2015). Em contraponto (Sverzut, 2006; Pommer et al., 2011), demonstraram que os implantes curtos apresentam uma taxa de falha quatro vezes maior quando comparados aos implantes convencionais.
20 Capítulo 3. Discussão 19 Houve grande concordância entre os autores ao analisarem as taxas de sobrevivência dos implantes curtos, sendo que houve variações, dependendo do tempo do estudo, porém estas sempre ficaram acima dos 90% (Maló; Nobre; Rangert, 2007; Barboza et al., 2008; Anitua; Orive, 2010; Ferreira, 2011; Lops et al., 2012; Slotte et al., 2012). O grande índice de sucesso atribuído pelos autores, se deve ao tratamento de superfície dos implantes, sua macro e microgeometria aliados a um correto planejamento para que não haja sobrecarga aos implantes. Grande parte da carga deve ser dissipada axialmente ao longo eixo do implante. Para tanto é aconselhável um enceramento diagnóstico e a confeccção de um guia cirúrgico para o correto posicionamento dos implantes. Outro fator primordial, é a estabilidade primária, que nos casos de implantes curtos deve sempre ser almejada. A utilização de implantes de maior comprimento advém do fato de se propiciar um maior contato osso implante melhorando assim a ancoragem e estabilidade primária. Entretanto estudos utilizando elementos finitos mostram que grande parte da carga incide nos primeiros 5mm do implante (Pierrisnard et al., 2003). A fim de se melhorar a área de contato osso-implante os autores defendem o aumento do diâmetro do parafuso, (Renouard; Nisand, 2005). Diversos autores relataram as limitações no tratamento de pacientes com grande reabsorção óssea, principalmente na região posterior da maxila, devido à proximidade com o seio maxilar e a região posterior da mandíbula em virtude do nervo alveolar inferior (Bell et al., 2002; Polo et al., 2005; Romeo et al., 2006; Renouard; Nisand, 2006; Esposito et al., 2009; Maciel et al., 2012; Alvarenga et al., 2013). Como opção ao tratamento de enxertia óssea vários autores concordam com a utilização de implantes curtos, minimizando assim o desconforto, reduzindo a morbidade, diminuindo custos e acelerando o tratamento (Neves et al., 2006; Galvão et al., 2011; Maciel et al., 2012; Aguilera, 2012; Simão, 2013; Daloy, 2013; Alvarenga et al., 2013; Manfro et al., 2013). Alguns autores consideram viável a união do implante curto a outro (ferulização), no momento da confecção da prótese a fim de se melhorar a dissipação das cargas (Guichet; Yoshinobu; Caputo, 2002; Huang et al., 2005; Block, 2005; Galvão et al., 2011). Já Michel et al. (2015) mostraram que, coroas unitárias apresentaram semelhante taxa de sobrevida comparada às coroas esplintadas, e ainda que, a não-esplintagem favorece melhores condições de higienização para o paciente. A proporção coroa implante, normalmente desfavorável, quando do emprego de implantes curtos foi avaliada. Não houve consenso entre os autores, alguns mostram que a relação coroa implante não influencia o índice de perda de implante, pois não houve diferença estatisticamente significante entre os implantes que falharam e os que obtiveram sucesso (Schulte; Flores; Weed, 2007; Schneider; Witt; Hammerle, 2011;
21 Capítulo 3. Discussão 20 Mezzomo et al., 2014). No entanto um trabalho utilizando os elementos finitos, mostrou que o aumento do comprimento da coroa nos implantes curtos é prejudicial ao osso circundante, principalmente nos casos de forças oblíquas (Pellizer et al., 2013). As técnicas de aumento ósseo vertical, foram citadas por alguns autores, muito embora algumas áreas enxertadas também falharam, seja por não se conseguir o volume desejado no momento da reabertura, seja após o procedimento de instalação de implantes. Os autores defenderam a utilização de implantes curtos nos casos em que o remanescente ósseo seja em torno de 07 e 08 mm em detrimento à técnicas mais invasivas de enxertia (Felice et al., 2010).
22 21 4 Conclusão Pode-se concluir que os implantes curtos representam uma boa alternativa de tratamento, especialmente para casos com leito ósseo reduzido. No entanto deve-se seguir um rigoroso protocolo de indicação e uso para garantir o sucesso do tratamento.
23 22 Referências Aguilera, A. C. {Elevación de las tasas de supervivencia clinica de los implantes cortos. Revision de la literatura}. J Odontostomat, v. 6, n. 2, p , Disponível em: < Alvarenga, R. L. et al. {Reabilitação de mandíbula atrófica com implantes curtos e placa de titânio: apresentação de um caso clínico}. Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial, v. 54, n. 4, p , ISSN Disponível em: < pii/s >. Anitua, E. et al. Implant Survival and Crestal Bone Loss Around Extra-Short Implants Supporting a Fixed Denture: The Effect of Crown Height Space, Crown-to-Implant Ratio, and Offset Placement of the Prosthesis. Int J Oral Maxillofac Implants, v. 29, n. 3, p , may-jun Anitua, E.; Orive, G. {Short implants in maxillae and mandibles: a retrospective study with 1 to 8 years of follow-up.}. Journal of periodontology, v. 81, n. 6, p , ISSN Disponível em: < Arlin, M. L. {Short dental implants as a treatment option: results from an observational study in a single private practice.}. The International journal of oral & maxillofacial implants, v. 21, n. 5, p , ISSN Barboza, E. et al. {Desempenho clinico dos implantes curtos: um estudo retrospectivo de seis anos}. Revista de Periodontita, v. 17(4), p , Bell, R. B. et al. {Staged reconstruction of the severely atrophic mandible with autogenous bone graft and endosteal implants}. Journal of Oral and Maxillofacial Surgery, v. 60, n. 10, p , ISSN Bernard, J. et al. The anchorage of Branemark and ITI implants of different lengths. I. An experimental study in the canine mandible. Clinical Oral Implants Research, University of Geneva, v. 14, n. 5, p , September Block, Y. G. I. M. F. M. S. Indications for Splinting Implant Restorations. J Oral Maxillofac Surg, p , Conde Neto, J. A.; Mori, M. Estudo sobre o comportamento biomecânico de implantes curtos com variação da espessura cortical óssea por meio do método dos elementos finitos Dissertação (Mestrado) Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, São Paulo. Daloy, L. P. IMPLANTES CURTOS: indicações, vantagens, fatores de risco e taxas de sucesso FUNORTE, Ipatinga. Dias, P. D. E. Implantes Curtos X Enxerto Ósseo Vertical. Protimplant: [s.n.], Disponível em: <
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