Melhoria da segurança inclusa na expansão do Canal do Panamá

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Aurélio Vidal Guimarães
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Melhoria da segurança inclusa na expansão do Canal do Panamá Hidrovia comercial mais importante do Hemisfério Ocidental está passando por uma transformação histórica.

1 Melhoria da segurança inclusa na expansão do Canal do Panamá Hidrovia comercial mais importante do Hemisfério Ocidental está passando por uma transformação histórica. Adam Williams 14 May 2012 Guindastes lotam uma área da obra no Canal do Panamá, que passa por um projeto de expansão de US$ 5,25 bilhões (R$ 10,3 bilhões). [Adam Williams] CIDADE DO PANAMÁ A hidrovia comercial mais importante do Hemisfério Ocidental está passando por uma transformação histórica. O Canal do Panamá, com 82 km de extensão, está sendo ampliado, aprofundado e modernizado para permitir que os maiores navios cargueiros do mundo, conhecidos como navios-tanque pós-panamax, passem através do canal interoceânico. O ambicioso projeto, que teve início em 2007, exigirá US$ 5,25

2 bilhões (R$ 10,3 bilhões) em investimentos e melhorias de segurança até sua conclusão no final de Esta é a expansão mais revolucionária da história do canal, comemora Rodolfo Sabonge, vice-presidente de Pesquisa e Análise de Mercado da Autoridade do Canal do Panamá (ACP). A obra afetará as duas extremidades, origem e destino, porque as economias de escala em usar navios maiores beneficiarão toda a cadeia de fornecimento. Os serviços regulares provavelmente irão diminuir à medida que as embarcações maiores passarem a transportar mais que o dobro de contêineres a bordo. As obras no canal e em seu entorno estão progredindo a um ritmo estonteante. Nas laterais do canal e nas proximidades de ambas as embocaduras nos oceanos, milhares de trabalhadores dão duro sob o calor tropical perfurando, cavando e dragando, enquanto caminhões Mack e reboques gigantes transportam concreto e materiais de construção de um lugar para o outro. É o primeiro projeto concreto que o Panamá poderá reivindicar como próprio desde que assumiu o controle do canal em 1999, declarou Julio Adibel, administrador da Autoridade do Canal do Panamá, entrevistado pelo Diálogo durante visita ao local em abril. Projeto irá criar empregos e melhorar qualidade de vida Por quase um século, o Canal do Panamá pertenceu e foi administrado pelo governo americano, que construiu o canal transoceânico de 1904 a Em 2006, sete anos após reaver a posse do canal, os eleitores panamenhos aprovaram em referendo a expansão do mesmo para acompanhar o crescente volume de carga que passa por ali todos os anos. Em 2011, mais de 320 toneladas de carga transitaram pelo canal, de acordo com números oficiais, 205 milhões a mais que no ano anterior. A nova rota traçada pela expansão será mais eficiente e direta, e quase que duplicará a capacidade de carga do canal. Um terceiro conjunto de eclusas que são utilizadas para elevar e descer as embarcações que atravessam o canal de água doce será adicionado. As novas eclusas possuirão áreas de atracação mais profundas, oferecerão uma faixa de circulação adicional para maior trânsito de navios e serão equipadas com portas deslizantes para acelerar o processo de transferência. O projeto de expansão do Canal do Panamá, que envolve um significativo investimento da parte de Estados Unidos, China e Japão, emprega mais de pessoas. Diversos especialistas em economia e comércio regionais preveem que a receita obtida com a expansão do canal fará do Panamá o primeiro país desenvolvido da América Central. A expansão, ao permitir a entrada de navios cargueiros pós-panamax, oferecerá uma vantagem para outros países das Américas, que verão uma maior possibilidade de conexão através do Panamá, afirma Ricardo Sanchez, da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL) das Nações Unidas. A economia panamenha muito provavelmente irá progredir. Mais navios, mais segurança de alta tecnologia Adibel disse que o Panamá sempre foi um país de trânsito. E o país mais estreito da América Latina sempre foi um dos mais vitais ao continente, provendo uma conexão entre as Américas do Sul e do Norte. Porém, com o trânsito cada vez mais volumoso, surgem grandes responsabilidades de segurança, disse Adibel. A região que circunda o Panamá ao norte e ao sul é produtora de grande parte da cocaína do mundo. Os vizinhos do sul, Colômbia e Venezuela, além do próprio Panamá e todas as nações centroamericanas ao norte, constam da lista do Departamento de Estado dos EUA como os 22 principais países

3 responsáveis pelo narcotráfico. Com isso em mente, o governo panamenho, as forças de segurança e a Autoridade Marítima do Panamá (AMP) uniram-se para criar um sistema de segurança de alta tecnologia para acompanhar o projeto de expansão. Um navio cargueiro holandês, o Nedlloyd Clement, passa pelas Eclusas de Miraflores do Canal do Panamá, que está passando pela maior expansão de sua história. [Larry Luxner] Roberto Linares, administrador da AMP, informa que um registro digital de navios foi projetado para dar acesso às autoridades panamenhas aos escritórios marítimos de todo o mundo. Ao usar esse cadastro, os funcionários do canal poderão ver os números de identificação, licenças, país de origem, carga e rotas de viagem de mais de embarcações internacionais. O registro facilita o processo de passagem dos navios através do canal e permite-nos monitorar o histórico e as viagens de todas as cargas e carregamentos que chegam ao canal, explica Linares. Um grande colaborador do esquema de monitoramento de carga do canal é a Absolute Maritime Tracking System AMTS (Sistema Absoluto de Rastreamento Marítimo), que desenvolveu sistemas de rastreamento para melhorar a segurança marítima, além medidas defensivas antipirataria e de proteção ambiental. Essa empresa possui agentes em mais de 90 países e monitora os principais centros de embarque todos os dias e todas as horas do ano. A AMTS utiliza rastreamento digital e vigilância para monitorar o curso, a velocidade e a posição de embarcações. Quaisquer desvios ou singularidades durante o transporte são sinalizados e informados à AMP. Ações conjuntas para a segurança do canal Além da instalação dos sistemas de monitoramento digital, a fiscalização física e a vigilância do canal serão

4 realizadas pelas forças de segurança do Panamá com a assistência de diversos outros países, inclusive dos Estados Unidos. Desde 2003, os governos dos EUA e do Panamá têm organizado encontros anuais de segurança conhecidos como Fuerzas Aliadas PANAMAX (Forças Aliadas PANAMAX), que consistem em seminários de 10 a 14 dias, focados na proteção do canal contra o narcotráfico, crime e ameaças terroristas. Durante os primeiros exercícios de demonstração do PANAMAX em 2003, apenas três países participaram. Em 2011, mais de militares de 16 países participaram de cenários de treinamento ao vivo e simulados no Panamá e em bases perto da costa americana. As ameaças à segurança oriundas do narcotráfico e do crime na região continuam a crescer e os meios de transporte estão sempre evoluindo. Na América Central, 70% dos crimes estão diretamente ligados ao tráfico de drogas, conta o vice-presidente panamenho, Juan Carlos Varela. Este foco reforçado na segurança marítima ajudará os governos da região a por um fim à ameaça do crime organizado. Durante as demonstrações anuais da PANAMAX, autoridades da área de segurança são instruídas sobre como identificar possíveis ameaças nas proximidades do canal, sejam marítimas, aéreas, espaciais ou cibernéticas. Agentes de segurança são treinados em localizar e noticiar uma ameaça, geralmente através de procedimentos de abordagem, busca e apreensão. Varela assinala que mais de 5% do comércio mundial passa pelo Canal do Panamá e é imperativo que todas as forças de segurança internacionais trabalhem juntas para garantir o transporte seguro de carga. UNODC ajuda na fiscalização de contêineres Em 2010, as Nações Unidas uniram-se às ações de segurança do canal, lançando o Centro de Excelência em Segurança Marítima através de seu Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). O centro direciona seus esforços à fiscalização de transporte de contêineres para confiscar e impedir que produtos ilícitos e falsificados entrem nos mercados através dos portos marítimos. Uma melhor segurança de contêineres pode aumentar os riscos e diminuir os benefícios para o crime organizado, afirmou Francis Maertens, vice-diretor executivo do UNODC durante visita ao Porto de Balboa, ressaltando que menos de 2% dos 420 milhões de contêineres de transporte usados anualmente em todo o mundo são inspecionados, o que significa melhores oportunidades para o tráfico de drogas e de cargas ilícitas. Graças à melhora da inteligência e do compartilhamento de informações, em apenas sete meses as autoridades panamenhas conseguiram confiscar 146 contêineres transportando drogas e produtos falsificados, avaliados em mais de US$ 20 milhões (R$ 39 milhões), disse Maertens em Enquanto o canal se expande e mais navios e cargas navegam entre os oceanos Atlântico e Pacífico, o aumento da segurança será crucial para garantir prosperidade à maior responsabilidade que o Panamá já teve. O canal é o coração do futuro do Panamá e é parte vital do sistema de circulação econômica mundial, asseverou Adibel. É bom ver que o Panamá e boa parte da região estão as tomando medidas necessárias para garantir a segurança da expansão.

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