Cartilha dos Egressos Um guia prático sobre seus direitos e deveres após a liberdade

Transcrição

1 DEFENSORIA PÚBLICA ESTADO DO RIO DE JANEIRO Defensor Público Geral do Estado José Raimundo Batista Moreira 1º Subdefensor Público Geral do Estado Líbero Atheniense Teixeira Júnior 2º Subdefensor Público Geral do Estado Nilsomaro de Souza Rodrigues Corregedor Geral Yone Cortes de Castro Manso Chefe de Gabinete do Defensor Público Geral Fernando Silvestre Figueiredo Felix Coordenador do Núcleo do Sistema Penitenciário - Nuspen Leonardo Guida Um guia prático sobre seus direitos e deveres após a liberdade

2 CARTILHA DO EGRESSO um guia prático sobre seus direitos e deveres após a liberdade por Nilsomaro de Souza Rodrigues 2º Subdefensor Público Geral do Estado do Rio de Janeiro revisada, atualizada e ampliada por Aline Gama Baptista Defensora Pública do Estado do Rio de Janeiro 2ª Edição 2009

3 Índice Apresentação...11 Prefácio à segunda edição...13 Quem dever ler esta cartilha?...15 O Defensor Público e sua função na execução da pena...16 Dos benefícios...17 A progressão para o regime aberto...17 O que é o regime aberto?...18 O livramento condicional...20 O Indulto...21 A Comutação...22 O trabalho e o estudo do preso...23 Perda do direito ao LC...24 A liberdade por alvará...25 A prescrição da pena...26 A pena de multa...28 As custas...29 Perguntas freqüentes...29 Endereços úteis...32

4 Nem tudo o que se enfrenta pode ser modificado. Mas nada pode ser modificado até que seja enfrentado. Albert Einstein.

5 A é uma iniciativa da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. A colaboração dos Defensores Públicos Leonardo Guida e Silvia Maria Sequeira foram fundamentais para o projeto inicial da cartilha, idealizado pelas colegas Defensoras Ana Paula Calandrini Barata e Mariliza Busto Tognoli.

6 Apresentação Nossa idéia inicial foi a de produzir um material informativo voltado para os apenados. Uma espécie de guia prático, em linguagem simples e acessível, direcionado diretamente aqueles que estão pleiteando algum benefício ou que já o estejam usufruindo muito particularmente do livramento condicional. O trabalho cotidiano, desenvolvido pelos colegas Defensores Públicos, junto às unidades prisionais do nosso Estado evidenciou, entre outras tantas deficiências do sistema prisional, o total desamparo dos egressos nos momentos seguintes à tão sonhada liberdade. Na busca pela (re)integração à sociedade, não são poucas as dificuldades encontradas pelo recém-liberto para garantir direitos básicos como, por exemplo, a recuperação ou expedição de documentos mínimos necessários para assegurar a (re)inserção no mercado de trabalho. Nesse sentido, a cartilha é mais uma contribuição para aqueles que, por obra e desgraça do destino, se viram, de alguma forma, punidos pela justiça, mas que desejam buscar novos horizontes. Hoje, a é uma realidade resultante do esforço conjunto dos Defensores Públicos que atuam no Núcleo do Sistema Penitenciário e de outros dedicados colaboradores. O sonho começa a se concretizar e num futuro próximo a ressocialização dos egressos será um compromisso de todos. Se conseguirmos fazer com que as orientações aqui contidas cheguem aos nossos egressos, já atingiremos o nosso objetivo, convictos ainda mais de estarmos fazendo a nossa parte. Nilsomaro de Souza Rodrigues 2º Subdefensor Geral do Estado do Rio de Janeiro. (Autor) 11

7 Prefácio à segunda edição A foi a pioneira das cartilhas lançadas com a finalidade de apoio à população carcerária. Sua bem-sucedida iniciativa deu frutos e criou precedentes para o lançamento de outras cartilhas com o mesmo foco de atuação. É com grande entusiasmo que concluo este novo projeto de atualização, se de um lado desafiador revisar a obra dos colegas Defensores, de outro uma necessidade premente de tornar esta cartilha uma das mais modernas de todas, no compasso da dinâmica das relações sociais. O que se espera com este projeto é levar o conhecimento amplo a todos aqueles assistidos da Defensoria Pública, ou não, que se encontram em vias de sair do cárcere. Acreditamos que o conhecimento é poderoso fator de ressocialização, pois ajuda a criar oportunidades para uma parte da população que provavelmente nunca as teve. Assim, crendo que o verdadeiro Estado Democrático de Direito se constrói com os três pilares: educação, trabalho e saúde para todos, nos lançamos na empreitada de contribuir para o primeiro deles: a educação. Sonhamos colher bons frutos. Aline Gama Baptista Defensora Pública 13

8 1. Quem deve ler esta cartilha? A se destina a aqueles internos de unidade prisional, que por terem preenchido os requisitos legais, isto é, terem bom comportamento, e terem também cumprido o tempo de pena necessário, fazem jus ao Livramento Condicional, ao Regime Aberto, ao indulto, ou à liberdade concedida por alvará de término de pena. Nesta Cartilha vamos explicar todos os requisitos mínimos para obter tais benefícios, bem como quais são as regras que devem ser observadas para a manutenção dos mesmos, até o cumprimento integral do tempo necessário à extinção da pena privativa de liberdade. Explicaremos também quais os procedimentos necessários para dar baixa no processo e tirar novamente seus documentos. Por fim trataremos do que pode ocorrer, caso as regras do cumprimento dos benefícios não sejam observadas. 15

9 2. O Defensor Público e sua função na execução da pena nas Unidades Prisionais, bem como os seus familiares. Os demais núcleos de atendimento da Defensoria podem lhe fornecer orientação jurídica na defesa dos seus interesses, nas mais diversas áreas e ainda lhe ajudar a tirar novos documentos, procure o núcleo mais perto de sua casa, ou ligue para Central de Relacionamento com o Cidadão. A ligação é gratuita. 3. Dos benefícios Ele é um servidor público, uma autoridade pública, com formação em direito e aprovado em concurso público. Pela natureza de suas funções, o Defensor Público é um agente político do Estado, ou seja, um garantidor de igualdade de direitos a todas as pessoas. Isto significa que o Defensor Público trabalha para que ninguém seja desrespeitado, garantindo aos seus assistidos uma assistência jurídica de qualidade e gratuita. A Defensoria Pública da Vara de Execuções Penais atende os egressos e os presos em regime aberto, entre outros, bem como a Defensoria do Sistema Penitenciário atende os internos do Sistema, já as Defensorias das Varas Criminais atendem aos sumariantes ( aqueles que estão com o seu processo em andamento ). Nuspen é o Núcleo do Sistema Penitenciário um grupo de Defensores que atende os presos condenados e custodiados A progressão para o regime aberto A progressão para o regime aberto é um benefício que pode ser concedido para o interno que já esteja em regime semi-aberto ou que tenha progredido do fechado para o semi-aberto, após cumprir 1/6 do remanescente de sua pena no regime semi-aberto, ou seja, 1/6 do que falta para a pena acabar, a contar da decisão que concedeu a progressão do regime. 17

10 Para a progressão de regime ser autorizada, é necessário, em regra, que o interno faça exames de progressão, tenha bom comportamento e não esteja respondendo preso por outro processo. Se liga: A progressão para quem tem crime hediondo e foi preso por este a partir de 29 de março de 2007, tem prazo mais longo. São necessários 2/5 do remanescente de pena, cumprida em regime semiaberto e no caso de reincidente 3/5 do remanescente, isto é, do que falta da pena. Estes prazos estão na Lei Federal 11464/2007, e só valem a partir daquela data. Para os crimes cometidos do dia 28 de março para trás, o entendimento dos juízes têm sido de que vale 1/6 para progressão de regime. Atenção: no caso de condenação por um crime hediondo e um não hediondo, deve ser pedido cálculo diferenciado O que é o Regime Aberto? O regime aberto como fala a Lei de Execução Penal pressupõe a aceitação de seu programa e das condições impostas pelo Juiz, ou seja, depende de você interno e somente de você cumprir as condições impostas que podem ser: Art O Juiz poderá estabelecer condições especiais para a concessão de regime aberto, sem prejuízo das seguintes condições gerais e obrigatórias: I - permanecer no local que for designado, durante o repouso e nos dias de folga; II - sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados; III - não se ausentar da cidade onde reside, sem autorização judicial; IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar as suas atividades, quando for determinado. Assim no regime aberto o interno, quase egresso, deve retornar todos os dias à Unidade para dormir e recolher-se nela aos finais-de-semana. Se você não retornar, tal fato poderá ser considerado como fuga, e a partir daí se você não for se justificar para o Juiz da Vara de Execuções, ou mesmo, se sua justificativa não for aceita, você poderá perder o direito ao regime aberto e ter sua cadeia fechada, e ainda ter um mandado de prisão contra você na rua. Lembre-se que cumprir rigorosamente as condições do juiz é sempre a melhor escolha, mas se isso não for possível, procure se justificar o quanto antes, e se apresentar à unidade, para evitar o pior, que é ser preso e ter sua cadeia fechada

11 A Defensoria Pública da Vara de Execuções (VEP) tem atendimento para esses casos, e pode tirar outras dúvidas sobre esse assunto, não deixe de procurar o seu Defensor O livramento condicional Este é um benefício que permite ao interno se tornar um egresso, pois com a chegada da carta de livramento na unidade o interno pode retornar para sua família e viver em liberdade, devendo assinar a cada três meses no Patronato o comparecimento e não cometer novo crime. Para ter direito ao LC o interno tem de cumprir os prazos abaixo. Se não for reincidente tem que cumprir 1/3 da pena; Se for reincidente tem que cumprir 1/2 da pena; Agora só para complicar um pouquinho: se não for reincidente, mas o crime for hediondo deve cumprir 2/3 da pena. Ex: condenação por tráfico de drogas de cinco anos: para obter o livramento condicional o interno deve cumprir 3 anos e 4 meses de pena. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO ART. 35 da nova lei de tráfico. Apesar de não ser hediondo, para esse crime, a nova lei também exige o cumprimento de 2/3 da pena para a concessão do livramento condicional, porém para a progressão de regime permanece a fração de 1/6 da pena. Se Liga 1: se você é reincidente em crime hediondo, ou seja, cometeu um crime hediondo e foi condenado em outro após a primeira condenação definitiva, não tem direito à livramento condicional, mas terá direito à progressão de regime. Se Liga 2: quem quebrou a condicional quando é preso novamente tem que cumprir o resto que falta da pena anterior, mais metade da nova cadeia para O Indulto ter novo livramento. Se a nova cadeia for por crime hediondo você deverá cumprir o que falta da pena anterior, mais dois terços da nova. Obs.: o Juiz pode suspender ou revogar seu LC antes do final da sua pena, se isso acontecer fale com seu Defensor, pois ele poderá recorrer de tal decisão. Se Liga 3: se você cumpriu todo o livramento e não perdeu seu LC, a cadeia é considerada cumprida. É o perdão do resto de pena que falta para cumprir e, para obter tal benefício você tem de cumprir geralmente os mesmos prazos do livramento condicional. Na prática são benefícios muito parecidos e seu Defensor Público vai lhe orientar sobre qual é o mais adequado para o seu caso. Existe também o indulto humanitário que cabe para aqueles internos que possuem doença grave ou incapacidade como paraplegia, tetraplegia ou cegueira. Para fazer o pedido de indulto, nestes casos, é necessário laudo médico comprovando a condição de saúde. Se Liga: o Decreto de Indulto sai todo ano no mês de dezembro e especifica quem tem direito e quem não tem direito a indulto. Quem foi condenado por crime hediondo só terá direito a indulto se o decreto natalino autorizar, mas devemos informar que nos últimos anos tal benefício não tem sido autorizado para estes crimes. OBS.: Mesmo quem está de LC tem direito a indulto, procure saber o que é melhor para você. 21

12 3.5. A Comutação Quem não tiver direito ao indulto poderá ter direito à comutação, que é uma diminuição de parte do que falta para cumprir da pena. No caso de interno ou egresso não reincidente (primário) deve-se cumprir 1/4 da pena até 25 de dezembro no ano anterior ao pedido. Se já cumpriu, você terá diminuído 1/4 de sua pena. No caso de interno ou egresso reincidente, deve-se verificar se este cumpriu 1/3 da pena até 25 de dezembro do ano anterior ao pedido. Se já cumpriu, você terá 1/5 de sua pena diminuída. É bom lembrar que tal benefício geralmente não cabe para aqueles que foram condenados por crime hediondo, mas mesmo assim deve-se ficar de olho no decreto, porque se ele mudar as regras, muda tudo. O melhor fiscal dos seus direitos é você mesmo, fale com seu Defensor para pedir a sua comutação todos os anos, até sua pena acabar, assim, você poderá retornar o mais rápido possível a uma vida plena, sem dever nada à Justiça. Se Liga: Para pedir comutação é necessário ter bom comportamento por até pelo menos um ano antes da data da publicação do decreto presidencial, para que o juiz não venha a negar seu benefício. Você pode pedir Comutação mesmo estando em LC, desta forma seu término de pena será antecipado O trabalho e o estudo do preso Trabalho e estudo ajudam e muito a voltar para a sociedade com a cabeça mais erguida, e ajudam mais ainda porque diminuem o tempo de pena a cumprir. A regra da remição todos já sabem; o que não se pode esquecer é que é responsabilidade da Unidade mandar as suas planilhas, ou folhas de trabalho e estudo, para a Vara de Execuções, fiscalize você mesmo, com a ajuda de seu Defensor, se todos os seus dias trabalhados ou estudados foram calculados na pena e se todas a planilhas estão no processo, mesmo que você esteja de rua. Afinal de contas cautela não faz mal a ninguém.se suas folhas de trabalho não estiverem no processo, o seu Defensor irá pedi-las à Unidade Prisional. Atenção: Muito cuidado - O STF considerou válido o artigo da lei que determina a perda dos dias remidos ( perdoados ) em caso de cometimento de falta disciplinar grave

13 3.7. Perda do direito ao LC Pode-se perder o direito ao LC se o egresso descumpre as condições impostas pelo juiz. Segundo a Lei de Execução Penal, art. 132: penas, diminuir delas o período de rua, que vale como cumprimento de pena e fazer a conta para novo livramento: 1/3 da pena para primário, 1/2 para reincidente e 2/3 para hediondo. Lembrando que o reincidente em hediondo não tem direito ao livramento condicional (art. 89 do Código Penal). Pode-se perder o direito ao LC se o egresso descumpre as condições impostas pelo juiz. Segundo a Lei de Execução Penal, art. 132: Serão sempre impostas ao liberado condicional as obrigações seguintes: a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho; b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação; c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste. 4. A liberdade por alvará Meu alvará cantou, que felicidade! Pode-se também perder o direito ao LC se o egresso vem a ser condenado em novo crime. Se o crime for cometido durante o prazo do LC, sua cadeia fecha, e não terá direito a novo LC por esta pena, também não se conta como pena cumprida o período de rua. Você terá que tirar a cadeia antiga mais metade ou 2/3 conforme o crime - hediondo ou não hediondo. Enquanto o novo processo estiver em curso o LC deve ser suspenso. Só após o trânsito em julgado da nova condenação o LC pode ser revogado. Em caso de absolvição o LC deve ser restabelecido. Já se o crime que causou a perda do direito ao LC for de antes da liberdade condicional, o que pode acontecer é a perda do direito à liberdade, fechando-se a cadeia, e para ter direito a novo LC deve-se somar as 24 Antes de mais nada; leia seu alvará e procure saber do seu Defensor se o alvará é mesmo de término de pena, pois existe o alvará de liberdade provisória, no qual o preso provisório poderá esperar a resposta do processo em liberdade, e se houver condenação deverá se recolher à prisão para cumprir a pena, senão vira procurado pela Justiça, coisa que ninguém quer. 25

14 O término de pena provoca a extinção da pena e permite que o egresso tenha vida nova e possa tirar novamente seus documentos, e tenha ainda de volta todos os direitos e deveres de um cidadão comum. Não deixe de procurar o seu Defensor da Vara de Execuções e dar baixa no seu processo, para evitar problemas com a justiça e dificuldades para arrumar emprego, principalmente cargos públicos. Para fazer essa continha direito é bom lembrar que as cadeias, se forem mais de uma, não devem ser somadas para contar a prescrição. Assim, a prescrição para a pena de seis anos é a da letra C e para a de quatro anos é da letra D. 5. A prescrição da pena depois da sentença O nome é complicado, mas a explicação você vai pegar rapidinho. Prescrição é a perda do direito da Justiça de punir a pessoa pelo crime cometido. Cada tempo de pena para cumprir, tem um tempo de prescrição a ser contado, então olhe abaixo e guarde na cabeça, o que diz o artigo 109 do Código Penal: a) Prescreve em 20 anos, se sua pena for maior que 12 anos; b) Prescreve em 16 anos, se a sua pena for maior que 8 e não for maior que 12; c) Prescreve em 12 anos, se a sua pena é maior que 4 e não é maior que 8 anos; d) Prescreve em 8 anos, se a sua pena é maior que 2 anos e não é maior que 4 anos; e) Prescreve em 4 anos, se a sua pena é maior que 1 ano e não é maior que 2 anos; f) Prescreve em 2 anos, se a pena é igual ou menor que um ano. Se Liga 1: No caso de egresso menor de 21 ou maior de 70 os prazos caem pela metade. Já para o reincidente tudo piora, pois com a nova condenação além de aumentar em 1/3, o prazo começa a contar todo de novo. Então ser reincidente não é mesmo bom negócio. Se liga 2: O prazo que o estado tem para iniciar a execução começa quando a sentença se torna definitiva para a acusação, ou seja, quando não cabe recurso nenhum ou quando só cabe recurso da defesa. Portanto sua apelação, que é da defesa, em nada lhe prejudica, o que muda a contagem do prazo é a existência de recurso da acusação. Se liga 3: Caso seja descumprido o LC ou você não seja egresso, mas evadido, a prescrição começa a contar do descumprimento ou evasão e o prazo se conta pelo que falta para acabar a pena. Mas lembrese essa situação não é a melhor para você, o ideal é não dever nada a justiça, nem ser foragido. Exemplo: Se sua pena é de 6 anos e você cumpriu 2 e evadiu ou saiu de LC, faltam quatro para acabar, e a prescrição é a da letra C

15 6.1. As custas Multa é uma coisa, custas refere-se a outra coisa totalmente diferente. Estas são a soma do que a Justiça gastou pra julgar seu processo e se você foi condenado é sua responsabilidade pagar. Se você não tem condições de pagar as custas do seu processo, seu Defensor pode pedir ao juiz a isenção do pagamento. Não deixe a dívida rolar, procure logo cumprir com suas obrigações ou pedir isenção, melhor pra você que não fica devendo nada à Justiça. 6. A pena de multa A pena de multa anda junto com a pena privativa de liberdade, e uma vez na rua é o momento de procurar a VEP para fazer o pagamento. Podendo pagar, sem prejuízo de seu sustento e dos seus filhos, pague sempre para poder dar baixa no seu processo. Se a coisa está difícil, procure o auxílio do Defensor da VEP para que você possa se justificar ao juiz e pedir até mesmo um parcelamento. A sinceridade neste caso é o melhor remédio Se Liga: a pena de multa prescreve no mesmo tempo que a pena privativa de liberdade, veja o quadrinho anterior Perguntas freqüentes a) Fui condenado por um crime hediondo e outro não hediondo. Quando vencerá meu LC? Resposta: Se você for primário, terá que cumprir 2/3 do crime hediondo e 1/3 do não hediondo; no caso de você ser reincidente no crime não hediondo, terá que cumprir 2/3 do crime hediondo e 1/2 do crime não hediondo. Este cálculo se chama de cálculo diferenciado. 29

16 b) Quanto tempo irá demorar para sair meu benefício? Resposta: Não há uma regra, nem um prazo definido em lei para um benefício sair. Ao seu Defensor Público cabe fazer o pedido de exames à classificação, a esta cabe entregar os exames ao Defensor Público ou encaminhá-los à VEP, mas isso não basta, nós dependemos de que o juiz leia o pedido e autorize o benefício. Em alguns casos alguns benefícios demoram muito mais do que outros porque a FAC (Folha de Antecedentes Criminais) tem de ser esclarecida ou porque o interno é reincidente e possui muitos processos ou ainda porque falta algum documento no processo. Seu Defensor Público cuidará de providenciar os esclarecimentos e documentos necessários, mas poderá esbarrar na burocracia de alguns órgãos públicos e é isso que causa a demora. c) Estou trabalhando na unidade para remir a minha pena. Quanto tempo posso descontar da minha pena? Quando vou ganhar LC? Quando minhas folhas de freqüência podem ir para à VEP? Resposta: O trabalho do preso funciona assim: para cada três dias trabalhados, descontamos um dia da pena. Cada folha assinada contém, em média, 21 dias. Sendo assim, se você trabalhar um ano inteiro você deverá descontar aproximadamente dois meses e 24 dias. Agora faça a continha para o LC do jeito que ensinamos na cartilha. Suas folhas de frequência podem descer desde o momento que sua cadeia tem tombamento e devem continuar descendo após a sua liberdade, até que não falte nenhuma no cálculo. d) A classificação disse que meu alvará/livramento prejudicou. O que é isso? Resposta: O prejuízo ocorre quando o alvará ou carta de livramento passa pela Polinter ou SEAP e lá o computador acusa que o liberado responde ainda algum processo, ou contra ele há mandado de prisão. Se o prejuízo é real, ou seja, o liberado responde a outro processo e há mandado de prisão na rua, o jeito é aguardar o julgamento. Se o prejuízo não é real, isto é, a pessoa responde em liberdade o outro processo, será necessário que seu Defensor Público esclareça isto nos órgãos competentes, mas até o novo alvará chegar pode demorar por causa da burocracia estatal. e) Consegui meu LC, mas não sei como fazer para cumprir, já que minha casa é em outro Estado ou mesmo em outro Município. O que eu posso fazer? Resposta: A melhor coisa para a ressocialização é o apoio da família, isto todo mundo sabe. Existe para isso a possibilidade de pedir ao juiz do seu processo que mande cópia da sentença do livramento ao Juiz do lugar onde você vai residir e à autoridade incumbida da observação do cumprimento de sua execução. Na prática sua execução será transferida e, autorizado pelo juiz o cumprimento do livramento em outro Estado. Tal procedimento demora um pouco, mas está previsto na lei e é uma garantia sua, seu Defensor vai brigar por ela

17 Conselho Estadual Antidrogas - CEAD Rua Fonseca Teles, andar - São Cristóvão R.J Tel.: / / / / / Conselho Penitenciário do Estado do Rio de Janeiro Rua Senador Dantas nº 15-9º andar Tel / Secretaria Municipal de Assistência Social - Projeto Agentes da Liberdade Endereços úteis. Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro Rua Marechal Câmara, Castelo Tel.: CENTRAL DE RELACIONAMENTO COM O CIDADÃO. Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (NUDEDH) Rua Marechal Câmara, Castelo Tel.: / R. Alfonso Cavalcanti 455, 5º andar, sala Cidade Nova Tel.: Hospital São Francisco de Assis (Tratamento de Soropositivos - AIDS) Avenida Presidente Vargas, Cidade Nova Tel.: / Pastoral Carcerária / CNBB - Leste I Avenida Gomes Freire, 275-A - Centro Tel.: / / / Núcleo do Sistema Penitenciário da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (NUSPEN) Avenida Rio Branco, 147/12º andar - Centro/RJ Tel.: / / Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ Rua Marechal Câmara, 150/6º andar - Castelo Tel.: / Comissão Permanente de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (CDDHC - ERJ) Rua 1º de Março, s/no, sala Castelo (Palácio Tiradentes) Tel.: / /

18 Participaram Foto da capa: Aline Gama Concepção de capa e ilustrações: Cacau Peres Fotos da cartilha: Aline Gama Nossos sinceros agradecimentos, sem a participação de vocês, o sonho de continuidade terminaria na 1ª edição. Valeu! Nilsomaro/Autor 34 35

19 Anotações Anotações