CARACTERIZAÇÃO DE VARIEDADES DE LARANJA-DOCE COM DIFERENTES ÉPOCAS DE MATURAÇÃO 1
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- Sabina Chaves Tuschinski
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1 MELHORAMENTO E BIOTECNOLOGIA CARACTERIZAÇÃO DE VARIEDADES DE LARANJA-DOCE COM DIFERENTES ÉPOCAS DE MATURAÇÃO 1 EDSON TOBIAS DOMINGUES 2,4, JOAQUIM TEÓFILO SOBRINHO 2, JORGINO POMPEU JÚNIOR 2,4, JOSÉ ORLANDO DE FIGUEIREDO 2,4 e AUGUSTO TULMANN NETO 3,4 RESUMO Apesar de sua importância comercial, o número de cultivares de laranjas é muito restrito no Brasil, O Banco de Germoplasma do Centro APTA Citros Sylvio Moreira IAC mantém em torno de 650 acessos de laranja-doce e híbridos, os quais vêm sendo avaliados quanto aos aspectos botânicos, genéticos e agronômicos, visando elevar a variabilidade genética e as qualidades agronômicas dos cultivares atuais. Como parte desses trabalhos, visou-se caracterizar, morfologicamente, planta, folha, flor e fruto, por meio de 29 caracteres avaliados qualitativamente e 47 quantitativamente, 44 variedades de laranja doce, representando os principais grupos (com elevada e baixa acidez, sangüíneas e com umbigo) dessa coleção de citros. A análise univariada indicou a existência de grande variabilidade fenotípica para os caracteres estudados. Seis componentes principais, com autovalores > 1, representaram 66,5% da variância total. Houve boa concordância entre as análises de agrupamento pelos dados originais padronizados e pelos escores dos componentes principais, mas os primeiros agruparam lado a lado variedades e/ou clones de origem reconhecidamente comum, mediante mutações somáticas. Termos de indexação: Citrus sinensis (L.) Osbeck, planta, flor, fruto, melhoramento, variabilidade genética, banco de germoplasma. 1 Parte da Tese apresentada pelo primeiro autor ao Departamento de Genética ESALQ/USP, para obtenção do título de Doutor. 2 Centro APTA Citros Sylvio Moreira IAC, Rod. Anhangüera, km 158, Caixa Postal 04, Cordeirópolis (SP). 3 Laboratório de Melhoramento de Plantas, CENA/USP, Caixa Postal 96, Piracicaba (SP). 4 Bolsista do CNPq. ARTIGO TÉCNICO
2 140 EDSON TOBIAS DOMINGUES et al. SUMMARY CHARACTERIZATION OF SWEET ORANGE VARIETIES WITH DIFFERENT HARVEST SEASON Despite of it s commercial importance, the number of sweet oranges cultivars economically explored is very restricted in Brazil. The citrus germplasm collection of Centro APTA Citros Sylvio Moreira Istituto Agronômico de Campinas, Brazil, holds around 650 accessions of sweet orange and hybrids, which have been characterized in terms of their botanical, genetic and agronomical features with the purpose of increasing the genetic variability and improving the agronomic value of current cultivars. As a part of this program, this work aims at morphologically characterizing plants, leaves, flowers and fruits from 44 sweet orange varieties from this collection, representing the main sweet orange groups (with high and low acidity; navel; and blood oranges), by 29 qualitative and 47 quantitative data. Univariated analysis indicated a great phonotypical diversity for the studied characters. Six principal components, with eigen-values > 1, represented 66.5% of total variance. A good correlation was observed between cluster analysis performed with the original standardized data and that performed with the scores of the principal components analysis. However, the former analysis clustered side by side varieties and/or clones of known common origin, by somatic mutations. Index terms: Citrus sinensis (L.) Osbeck, plant, flower, fruit, breeding, genetic variability, germplasm collection. 1. INTRODUÇÃO O Brasil situa-se, hoje, entre os países com maior variabilidade genética disponível para a pesquisa agrícola e correlata em citros, mas o uso dessa variabilidade é incipiente. A falta de informação adequada sobre a variabilidade disponível é uma das principais causas do uso limitado de acessos mantidos em bancos de germoplasma. A caracterização morfológica e fenológica, a avaliação preliminar e a aprofundada, geralmente de cunho agronômico, são etapas essenciais desse processo, que podem ser
3 CARACTERIZAÇÃO DE VARIEDADES DE LARANJA DOCE complementadas com avaliações de ordem reprodutiva ou bioquímica (VALLS, 1988). Para frutíferas arbóreas que, por via de regra, são propagadas vegetativamente, um pequeno número de indivíduos é suficiente para representar o genótipo de um acesso, sendo utilizadas de três a dez plantas por acesso (FERREIRA, 1988). Apesar da importância da caracterização morfológica dos cultivares de laranja para o melhoramento dessa espécie, poucos trabalhos trataram do assunto no Brasil, podendo ser destacados como exemplos mais recentes os de DONADIO et al. (1995) e DOMINGUES (1998). O Banco de Germoplasma (BAG) do Centro APTA Citros Sylvio Moreira do Instituto Agronômico (IAC) possui em torno de 650 acessos de laranja-doce e híbridos (DOMINGUES et al., 1999a), os quais podem vir a ser explorados comercialmente ou utilizados em programas de melhoramento genético para a obtenção de novas variedades copa, produtoras de frutos destinados ao consumo in natura ou para a indústria. No presente trabalho, adaptaram-se descritores para o estudo de laranja-doce deste BAG, visando caracterizar, morfologicamente, planta, folha, flor e frutos, de 44 variedades com épocas de maturação diferentes; por meio de 29 caracteres classificados qualitativamente e 47 medidos quantitativamente, muitos dos caracteres estudados têm interesse agronômico e para o melhoramento de citros. 2. MATERIAL E MÉTODOS Os dados foram coletados de 44 acessos de laranja doce [Citrus sinensis (L.) Osbeck], do Banco de Germoplasma de citros do Instituto Agronômico, instalado no Centro APTA Citros Sylvio Moreira, em Cordeirópolis. Esses estavam enxertados sobre tangerineira Cleópatra (C. reshni Hort. ex. Tanaka) com 9 anos de idade, em espaçamento de 7,5 m x 5,5 m, com 3 plantas por introdução, cujos números e nomes de identificação na coleção de clones velhos, são: 09. Lima; 12. Lima Tardia; 13. Lima Verde; 16. Lima Lisa; 23. Baianinha Piracicaba; 27. Washington Navel; 29. Baiana Retiro; 37. Baianinha ; 54. Lanceta Barão; 56. Do Céu-1; 58. Diva; 61. Cametá; 68. Seleta Branca; 70. Seleta Vermelha; 71. Imperial; 72. Hamlin Reserva; 73. Hamlin; 74. Hamlin Variegada; 79. Rubi Blood; 87. Blood Oval; 93.
4 142 EDSON TOBIAS DOMINGUES et al. Sangüínea de Mombuca; 96. Cipó; 106. Sangüínea de Piracicaba; 112. Non Pareil; 115. Westin; 137. Caipira-DAC; 140. Caipira Comum; 142. Pele de Moça; 147. Lamb s Summer; 148. Pêra de Abril; 149. Pêra sem Sementes; 150. Perão; 151. Pêra Coroada; 152. Pêra Comprida; 153. Pêra Mel; 154. Pêra Rio; 155. Pêra CV; 156. Pêra Ovo; 157. Pêra Caire; 158. Pêra Ipiguá; 161. Valência Late; 163. Valência Variegada; 164. Natal e 165. Natal Bebedouro. As variedades estavam plantadas em área que não apresenta manchas de solo, num latossolo vermelho-escuro orto, de relevo homogêneo e praticamente sem declividade, e o clima da região é do tipo Cwa de Köppen. A manutenção dessa coleção é feita da mesma maneira realizada para um pomar comercial, sem irrigação, com o manejo adequado e uniforme de controle de pragas, doenças e de plantas daninhas, além das correções de ph do solo e de adubação mineral. Cordeirópolis encontra-se a, aproximadamente, 639 m acima do nível do mar, a uma latitude de 22 o 32 S e longitude de 47 o 27 W, sendo a temperatura média de 20,1 o C (14,4 o C a 27,7 o C), e média de mm de chuvas ao ano (COELHO et al., 1984). A caracterização morfológica baseou-se em diferentes caracteres apresentados nos descritores do IBPGR (1988) e em outros que foram considerados de importância para a caracterização de laranjas-doces Caracterização morfológica das plantas As avaliações para caracterização morfológica das plantas foi realizada em junho julho de 1995, as medições, feitas com réguas e fitas métricas e, as medidas, tomadas em metros. Efetuou-se o cálculo do volume de copa de acordo com MENDEL (1956), utilizando a fórmula V = 2/3π R 2 H, onde V representa o volume da copa, R o raio médio e H a altura da copa. Os caracteres avaliados foram os seguintes: altura da planta (m); altura da copa (H) (m); largura da copa (2R); média dos valores tomados na direção da linha e perpendicular a esta (m); volume da copa (V) (m 3 ); circunferência do tronco da planta (m), 0,10 m acima e abaixo da enxertia. A estimativa da densidade de enfolhamento e de produção de frutos foi feita na porção mediana das copas, nos quadrantes norte, sul, leste e oeste, por meio de contagens, sob a projeção de um quadro de madeira de área conhecida (0,50 m x 0,50 m) da superfície da copa até seu centro.
5 CARACTERIZAÇÃO DE VARIEDADES DE LARANJA DOCE Caracterização morfológica das folhas Para essa caracterização, avaliaram-se caracteres qualitativos e quantitativos, para aquelas inseridas na quarta posição, do ápice para a base dos ramos, colhidas na porção mediana da planta, de março a abril de Tomaram-se 15 folhas maduras por clone ou variedade, 5 de cada repetição, efetuandos-se as medições com paquímetros e réguas milimetradas, sendo as medidas tomadas em milímetros. Os caracteres avaliados foram os seguintes: Ciclo vegetativo da folha: 1. persistente; 2. decídua; Tipo de folha: 1. simples; 2. composta (trifoliada); Cor da folha: 1. verde-clara; 2. verde; 3. verde-escura; 4. variegada; Formato da folha: 1. lanceolada; 2. elíptica; 3. ovada; 4. obovada; 5. orbicular; Comprimento da lâmina ou limbo foliar (sem o pecíolo) (mm); Largura da lâmina ou limbo foliar (mm), tomada no ponto mais largo; Comprimento da folha, incluindo pecíolo (mm); Margem foliar: 1. lisa; 2. ondulada; 3. crenada; 4. dentada; 5. serrilhada; Formato do ápice da folha: 1. aguda; 2. acuminada; 3. emarginada; Formato da base da folha: 1. cuneada; 2. atenuada; 3. obtusa; Número de glândulas de óleo no ápice, na porção mediana e na base da lâmina foliar/ 9,6 mm 2, usando marcador com 3,5 mm de diâmetro; Número de glândulas de óleo na porção mediana da lâmina foliar/ 9,6 mm 2, utilizando marcador com 3,5 mm de diâmetro; Número de glândulas de óleo na base da lâmina foliar/ 9,6 mm 2, usando marcador com 3,5 mm de diâmetro; Tipo do pecíolo (comprimento relativo do pecíolo em relação à lâmina foliar): 1. séssil (sem pecíolo); 2. brevipeciolada (pecíolo menor que a lâmina foliar); 3. longipeciolada; Comprimento do pecíolo (mm); Relação do comprimento do pecíolo/ comprimento da lâmina foliar; Tipo da asa do pecíolo: 0. ausente; 1. muito estreita; 2. estreita; 3. mediana; 4. larga; 5. muito larga; Comprimento da asa do pecíolo (mm); Largura da asa do pecíolo (mm); Formato das asas do pecíolo: 1. cordiforme; 2. deltóide; 3. obovada; 4.cuneada Caracterização morfológica das flores Também para a caracterização morfológica das flores, coletaram-se 15 botões florais em máximo desenvolvimento antes da antese (abertura floral), de cada clone ou variedade, 5 de cada repetição, na porção mediana das plantas na florada de agosto-setembro de As medições foram feitas
6 144 EDSON TOBIAS DOMINGUES et al. com paquímetros e réguas milimetradas e, as medidas, tomadas em milímetros. Os caracteres avaliados foram: Arranjamento das flores: 1. solitárias; 2. em inflorescência; Posição da flor ou inflorescência: 1. axilar; 2. terminal; Tipo de inflorescência: 1. panícula; 2. racemo; 3. corimbo; 4. outra; Comprimento do pedicelo (mm); Cor dos botões florais: 1. esverdeada; 2. branca; 3. amarela; 4. púrpura; 5. rosada; 6. outra; Comprimento do botão floral em máximo desenvolvimento antes da antese; Largura do botão floral em máximo desenvolvimento antes da antese; Cor das flores abertas: 1. branca; 2. creme; 3. rosa; 4. outras; Comprimento da pétala (mm); Largura da pétala (mm); Número de estames; Comprimento do estame, tomado da base do filete até o ápice da antera; Comprimento do gineceu, tomado da base do ovário até o ápice do estigma; Posição das anteras em relação ao estigma: 1. acima; 2. na mesma altura; 3. abaixo; Posição das anteras em relação ao estigma (notas do item anterior avaliadas quantitativamente); Distância da antera até o estigma (mm); Estádio das flores na data de 1 o a 4 de setembro de 1995: 0. ausência de flores e botões; 1. poucos botões; 2. predominância de botões; 3. predominância de flores abertas; 4. flores cadentes; 5. predominância de chumbinhos; Número de sépalas; Número de pétalas; Percentual de pólen viável (DOMINGUES et al., 1999b) 2.4. Caracterização morfológica dos frutos Também com base em dados e qualitativos e quantitativos, realizou-se a caracterização morfológica de frutos, colhidos em julho de 1995, ano em que aqueles adquiriram boa coloração pelo frio mais pronunciado daquele inverno. Coletaram-se 15 frutos, 5 de cada repetição, de cada variedade, na altura mediana das copas das plantas, efetuando-se medições com paquímetros e réguas milimetradas (mm), pesagens em balança de laboratório (g) e contagens, para os caracteres avaliados quantitativamente. Os caracteres, qualitativamente, foram classificados ou receberam notas, a saber: Formato do fruto (segundo RADFORD et al., 1974): 1. elíptico; 2. largamente elíptico; 3. circular; 4. oblato; 5. transversalmente elíptico; 6. oval; 7. largamente oval; 8. muito largamente oval; 9. largamente oval depresso; 10. oval depresso; 11. obovado; 12. largamente obovado; 13. muito largamente obovado; 14.
7 CARACTERIZAÇÃO DE VARIEDADES DE LARANJA DOCE largamente obovado depresso, 15. obovado depresso; Formato do ápice do fruto: 1. mamiliforme; 2. angular; 3. convexo; 4. truncado; 5. depresso; Formato da base do fruto: 1. pescoço; 2. convexo; 3. truncado; 4. côncavo; 5. côncavo-colarinho; 6. colarinho com pescoço; Diâmetro do pedúnculo (mm); Diâmetro do umbigo ou, como mais freqüente, da cicatriz estilar; Altura do fruto (mm); Largura do fruto (mm); Peso do fruto (g); Cor do epicarpo (segundo BIESALSKI, 1957); Número de glândulas de óleo/10 mm de casca (epicarpo), tomado na região equatorial do fruto; Número de glândulas de óleo/9,6 mm 2 de casca, tomado na região equatorial do fruto, utilizando furador circular com 3,5 mm de diâmetro; Espessura do flavedo ou epicarpo na zona equatorial do fruto (mm); Espessura do albedo ou mesocarpo na zona equatorial do fruto (mm); Diâmetro do endocarpo (mm); Cor da polpa: 1. verde-clara; 2. verde; 3. amarelo-clara; 4. amarela; 5. laranja; 6. avermelhada; Diâmetro da columela (ou áxis) (mm); Número de gomos por fruto; Formato da columela (ou axis): 1. circular; 2. irregular; 3. estrelado ou radial; Número médio de sementes por fruto; Comprimento médio das sementes (mm); Largura média das sementes (mm). Formato das sementes: 1. fusiforme; 2. cuneiforme; 3. clavada; 4. ovóide; 5. globosa; 6. deltóide; 7. semi-esferóide; Cor da semente (testa): 1. branca; 2. creme; 3. amarela; 4. verde; 5. marrom; Tégmen: 1. avermelhado; 2. verde; 3. cinza; Cor do cotilédone: 1. branco; 2. gelo; 3. creme; 4. verdeclaro; 5. verde-escuro; 6. avermelhado. Foi apresentado o percentual de poliembrionia da semente, segundo DOMINGUES et al. (1999b) Empregaram-se os termos qualitativos e quantitativos, de acordo com o método de classificação ou medição, conforme descrito por CRISCI & ARMENGOL (1983). Os dados quantitativos foram representados da seguinte maneira: uma nota somente indica a predominância daquele valor para o caráter avaliado; quando duas notas prevaleceram em proporções praticamente iguais, foram representadas com a 1 a nota mais freqüente/ 2 a nota mais freqüente, e assim sucessivamente. Para os caracteres tomados quantitativamente, realizou-se a análise univariada pelo programa SANEST 5, sendo as médias contrastadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os 5 ZONTA, E.P. & MACHADO, A.A. Sistema de análise estatística (SANEST) (software).
8 146 EDSON TOBIAS DOMINGUES et al. caracteres cujos dados apresentaram valores iguais a zero, como, por exemplo, número de sementes, foram transformados segundo (x + 0,5). Em vista da quantidade de dados, mencionaram-se, no texto, os genótipos que apresentaram as maiores e as menores médias para os diferentes caracteres e, portanto, diferentes estatisticamente. As tabelas trazem a diferença mínima significativa (dms) e os coeficientes de variação (CV). A partir deste último, pode-se calcular os desvios em relação à média pela fórmula CV = (desvio padrão/média) x 100 (CENTENO, 1981). Pelos dados quantitativos padronizados, realizou-se, ainda, a análise multivariada, estudaram-se as correlações entre os diferentes caracteres avaliados, apresentando-se no texto apenas as significativas e aparentemente mais importantes (correlação produto-momento de Pearson, para ρ < 0,05). Pelas análises dos componentes principais, pôde-se quantificar a importância dos caracteres para explicar a variância avaliada, ressaltando-se os caracteres que contribuíram com valores 0,7 para cada componente, nas análises parciais de planta (8 dados quantitativos), folha (10 dados quantitativos), flor (11 dados quantitativos), fruto (18 dados quantitativos) e na análise conjunta dos 47 caracteres avaliados quantitativamente. Pelas análises dos componentes principais, pôde-se quantificar a importância dos caracteres para explicar a variância observada e, por meio desses componentes, que são ortogonais entre si e, portanto não correlacionados, os genótipos foram agrupados quanto ao grau de similaridade pela técnica UPGMA e distâncias euclidianas. A análise multivariada, que obedeceu às técnicas descritas por CRISCI & ARMENGOL (1983), CRUZ (1990) e MANLY (1994), realizada pelo programa Statistica para Windows, versão 4.5 (STAT SOFT, 1994). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Caracterização morfológica das plantas A Tabela 1 traz os valores médios obtidos para os caracteres referentes à planta. As copas dos genótipos estudados possuem formato variado, predominando, porém, o arredondado ou esferóide. Exceção principal foi notada na variedade Diva, com o formato elipsóide e hábito de crescimento mais ereto.
9 CARACTERIZAÇÃO DE VARIEDADES DE LARANJA DOCE Tabela 1. Valores médios obtidos para os caracteres medidos quantitativamente: altura de planta; altura, largura e volume de copa; circunferência de tronco da planta, tomada 0,10 m acima e abaixo da enxertia; acidez e o Brix do suco (avaliados de 30/5 a 25/8) e número de folhas estimados/ m 2 ; número de frutos adultos, jovens e total estimados/ m 2 para 44 variedades de laranjas doces, avaliadas em junho julho de 1995 (CACSM/IAC, Cordeirópolis) Variedades Altura de planta Dados referentes à copa Circunferência de Número Frutos estimados/ m 2 tronco a 0,10 m folhas/m 2 altura largura volume acima abaixo adultos jovens total m m 3 m Baiana Retiro 3,9 3,9 4,9 48,7 0,50 0, ,3 9,1 3,7 13,1 Baianinha ,6 3,6 4,0 30,8 0,43 0, ,8 17,0 10,4 27,8 Bainaninha Piracicaba 3,6 3,6 4,0 30,5 0,45 0, ,1 29,3 8,1 37,7 Blood Oval 3,1 3,1 2,8 12,7 0,39 0, ,1 38,6 14,3 53,2 Caipira Comum 3,9 3,9 4,2 36,0 0,52 0, ,6 36,3 1,7 38,5 Caipira DAC 3,2 2,9 2,7 10,9 0,35 0, ,4 4,6 1,6 6,6 Cametá 3,1 2,4 2,8 9,7 0,39 0, ,2 0,3 1,9 2,2 Cipó 1,6 1,6 3,6 13,1 0,38 0, ,1 23,4 3,4 27,5 Diva 4,0 3,5 3,5 21,9 0,49 0, ,2 13,9 3,2 17,9 Do Céu-1 3,0 3,0 3,2 15,7 0,40 0, ,1 35,6 3,3 38,9 Hamlin 4,0 4,0 3,6 27,5 0,49 0, ,6 53,0 5,6 59,0 Hamlin Reserva 3,8 3,8 3,8 28,4 0,52 0, ,0 18,0 5,1 23,7 Hamlin Variegada 3,4 3,4 3,8 26,4 0,52 0, ,5 46,2 9,3 56,1 Imperial 3,6 3,6 3,4 21,3 0,47 0, ,1 41,8 0,0 41,8 Lamb s Summer3,8 3,8 3,9 31,1 0,57 0, ,9 4,5 21,6 27,1 Lanceta Barão 2,4 2,0 2,1 4,4 0,27 0, ,9 1,6 1,7 3,2 Lima 3,4 3,3 3,1 16,7 0,38 0, ,3 37,4 4,8 41,3 Lima Lisa 3,3 3,1 2,8 13,0 0,41 0, ,2 26,1 3,8 30,0 Lima Tardia 3,5 3,3 3,1 16,5 0,44 0, ,5 36,2 4,2 40,4 Lima Verde 3,0 3,0 3,4 17,7 0,40 0, ,1 16,6 16,6 33,3 Continua
10 148 EDSON TOBIAS DOMINGUES et al. Tabela 1. Conclusão Variedades Altura de planta Dados referentes à copa Circunferência de Número Frutos estimados/ m 2 tronco a 0,10 m folhas/m 2 altura largura volume acima abaixo adultos jovens total m m 3 m Natal 3,5 3,5 3,2 18,9 0,46 0, ,0 33,4 32,2 66,0 Natal Bebedouro 3,1 3,1 3,2 17,0 0,42 0, ,9 25,7 24,9 51,5 Non Pareil 3,2 3,1 3,6 21,5 0,47 0, ,1 61,8 0,0 61,8 Pele de Moça 3,8 3,8 4,0 31,5 0,55 0, ,5 0,9 40,7 42,0 Pêra Caire 3,0 2,9 3,1 14,4 0,43 0, ,1 8,7 20,2 29,5 Pêra Comprida 3,3 2,8 2,8 11,5 0,43 0, ,0 6,6 24,8 31,4 Pêra Coroada 2,9 2,5 2,0 5,5 0,36 0, ,4 0,3 27,6 27,8 Pêra CV 2,8 2,8 3,1 14,3 0,50 0, ,2 6,2 32,2 38,5 Pêra de Abril 3,6 3,6 3,5 23,6 0,45 0, ,4 17,3 5,6 23,1 Pêra Ipiguá 3,2 2,8 2,6 10,3 0,42 0, ,3 12,7 25,2 38,5 Pêra Mel 3,3 3,1 3,1 16,0 0,45 0, ,1 3,1 27,8 31,5 Pêra Ovo 3,2 3,2 3,2 16,4 0,47 0, ,7 7,6 37,5 45,9 Pêra Rio 3,3 3,3 3,6 21,9 0,47 0, ,0 11,4 22,7 34,8 Pêra Sem Sementes 3,8 3,3 3,6 22,1 0,54 0, ,8 2,2 0,0 2,2 Perão 3,8 3,3 3,2 17,4 0,60 0, ,9 1,5 1,9 3,9 Rubi Blood 4,0 4,0 4,2 36,0 0,56 0, ,2 55,6 0,9 56,7 Sanguínea Mombuca 3,5 3,5 3,4 20,7 0,48 0, ,0 15,0 32,8 48,4 Sanguínea Piracicaba 4,0 4,0 3,5 26,4 0,51 0, ,8 0,5 33,1 33,7 Seleta Branca 3,4 3,4 3,8 24,8 0,45 0, ,1 24,0 4,7 28,8 Seleta Vermelha 3,5 3,5 2,9 15,8 0,41 0, ,8 40,2 2,9 44,0 Valência Late 3,3 3,3 2,9 14,0 0,44 0, ,4 21,1 10,6 32,0 Valência Variegada 3,3 3,3 3,4 19,7 0,45 0, ,0 47,7 10,7 58,5 Washington Navel 3,8 3,8 3,9 29,5 0,47 0, ,3 4,9 2,7 7,9 Westin 3,9 3,9 4,0 32,9 0,51 0, ,9 61,2 23,3 86,3 dms (Tukey, 5%) 0,89 0,85 1,30 15,09 0,13 0,16 932,12 3,28 (1) 2,37 (1) 3,17 (1) CV (%) 7,90 7,72 11,56 20,76 8,73 9,55 27,01 23,30 22,05 16,75 1 d.m.s. aplicável para a raiz quadrada das médias somadas a 0,5.
11 CARACTERIZAÇÃO DE VARIEDADES DE LARANJA DOCE As variedades Rubi Blood, Sangüínea de Piracicaba, Diva e Hamlin que apresentaram maior altura de planta (4,0 m), sendo as de menor altura: Pêra Coroada, Pêra CV, Lanceta Barão e Cipó, com valores variando em seqüência de 2,9 m a 1,6 m. Esta última possui ramos recurvados e tende a permanecer na altura da enxertia, podendo ser conduzida como planta trepadeira. As demais revelaram dimensões intermediárias. A variedade Baiana Retiro teve o maior volume de copa (48,7 m 3 ); e as variedades Cametá, Pêra Coroada e Lanceta Barão, o menor (valores inferiores a 10,0 m 3 ). Os demais acessos apresentaram respostas intermediárias, entre 10 e 36 m 3. No tocante à circunferência de tronco, acima e abaixo do ponto de enxertia, a variedade Perão revelou os maiores valores (em torno de 0,60 m), e a variedade Lanceta Barão, os menores diâmetros (0,33 m). Normalmente, valores de circunferência do tronco acima e abaixo do ponto de enxertia semelhantes indicam boa compatibilidade de copa e porta- -enxerto. Embora as variedades estudadas tenham apresentado respostas diferentes para esses caracteres, não se observou região de estrangulamento, de rejeição entre os tecidos ou qualquer outro indício de incompatibilidade entre as variedades copa e o porta-enxerto. As variedades Washington Navel e Baianinha Piracicaba tiveram o maior enfolhamento (acima de folhas contadas na projeção de 1 m 2 até o centro da copa) e, a variedade Pêra sem Sementes, o menor, menos de folhas/m 2. As demais variedades apresentaram valores intermediários. A produção de frutos total estimada/ m 2, somatório dos frutos de uma ou mais floradas presentes nas plantas, em julho de 1995, foi observado superior nas variedades Westin, Natal, Non Pareil, Hamlin e Valência Variegada, com valores de 86,3 a 58,5 frutos/m 2, e as variedades Perão, Lanceta Barão, Cametá e Pêra sem Sementes, com valores médios de 3,9 a 2,2 frutos/m 2. As demais variedades revelaram produções intermediárias. Embora esses dados permitam comparar a capacidade produtiva das variedades estudadas, seria necessário ensaio detalhado com um número maior de repetições para obter dados mais exatos de produtividade. A análise dos componentes principais revelou que os três primeiros componentes, com autovalores acima da unidade, representaram 84,7% da variância total. Os caracteres que mais contribuíram na distinção das varie-
12 150 EDSON TOBIAS DOMINGUES et al. dades no primeiro componente (43,3% da variância total) foram altura de planta e altura, largura e volume de copa. O que mais contribuiu, no segundo componente (27,1% da variância total), foi a circunferência do tronco 10 cm acima e abaixo do ponto de enxertia, e o que mais contribuiu no terceiro componente (14,3% da variância total) foi o número médio de frutos estimados na projeção de 1 m 2, na porção mediana da copa. Pela análise de agrupamento, utilizando a técnica UPGMA, para os dados quantitativos padronizados, obtiveram-se 4 grupos à distância euclidiana igual a 4, representados por uma ou mais variedades, em ordem crescente de similaridade: Baiana Retiro; Cipó, Cametá e Lanceta Barão; Westin e o último grupo formado pelas demais variedades. Foram obtidos, pelos escores da análise dos componentes principais, 6 grupos distintos à distância euclidiana igual a 4, os quais são, em ordem crescente de similaridade: Cipó; Baiana Retiro; Pêra Coroada e, Lanceta Barão; Washington Navel; Perão, Pêra sem Sementes, Cametá e Diva, sendo o sexto e último grupo formado pelas demais variedades Caracterização morfológica das folhas De modo geral, as variedades apresentaram folhas de ciclo persistente, tipo simples, verde-escuras (com exceção da Lanceta Barão, com folhas verdes médias, das variedades Hamlin Variegada e Valência Variegada, com folhas verde-escuras e manchas verdes médios e da variedade Imperial, com folhas variegadas em tons de verde médio e branco). O formato de folha predominante foi o elíptico, porém também se observaram variedades em que predominaram as folhas ovais e as variedades Lanceta Barão e Cametá, de folhas lanceoladas. As folhas apresentaram predominantemente margem crenada, às vezes serrilhada, de ápice de agudo a acuminado e base de atenuada a cuneada, brevipeciolada com asas de muito estreitas a muito largas, mas com predomínio das medianas (Tabela 2). Quanto ao comprimento de folha e de lâmina foliar, as variedades Lima Tardia e Washington Navel apresentaram os maiores valores médios, acima de 110 mm, para o primeiro caráter, e 100,6 mm e 96,6 mm para o segundo respectivamente. As variedades Blood Oval e Pele de Moça tiveram os menores valores (77,4 mm e 74,1 mm, para o primeiro caráter, e 67,9 e 64,4 mm para o segundo).
13 CARACTERIZAÇÃO DE VARIEDADES DE LARANJA DOCE Tabela 2. Valores qualitativos obtidos para forma, margem, forma do ápice e da base da folha; tipo e formato da asa do pecíolo (explicados no texto), e valores médios obtidos para o comprimento e largura da lâmina foliar; comprimento da folha; número de glândulas de óleo no ápice, meio e base da lâmina foliar/ 9,6 mm 2 ; comprimento do pecíolo e relação pecíolo/ lâmina foliar e comprimento e largura da asa do pecíolo para 44 variedades de laranjas-doces no mês de abril de 1995(CACSM/IAC, Cordeirópolis) Variedades Folha Asa pecíolo Lâmina foliar Compr. da folha Glândulas de óleo/ Pecíolo 9,6 mm 2 foliar Asa do pecíolo forma marg. ápice base tipo forma compr. larg. ápice meio base compr. pec./ compr. larg. lam. mm mm mm Baiana Retiro /2 4/2 2 80,1 41,1 95,4 10,1 17,7 14,1 15,3 0,18 8,5 3,7 Baianinha /2 2/3 2 69,9 38,9 79,4 14,0 15,7 14,0 11,9 0,16 6,3 2,9 Baianinha Piracicaba / ,5 44,7 94,9 16,3 17,7 16,3 12,4 0,13 6,8 2,5 Blood Oval 2 2 1/2 1 0/2 2 67,9 36,9 77,4 19,7 24,6 13,9 9,5 0,14 5,3 2,1 Caipira Comum /2 2/3 2 82,3 43,5 94,6 19,1 24,9 18,0 12,4 0,14 7,6 2,5 Caipira DAC 2/3 3 1/2 1/2 2/3 2 71,5 37,5 83,9 18,3 19,4 16,2 13,0 0,18 8,2 3,3 Cametá /2 4 90,2 23,3 103,1 7,7 10,3 7,7 12,8 0,14 8,1 2,4 Cipó 2 3 1/2 2 0/3 3 94,1 55,6 109,0 7,0 9,5 7,0 14,4 0,16 9,1 3,6 Diva 2 2 1/2 1/2 0/2 2 74,2 43,9 82,3 19,6 24,2 18,7 10,7 0,14 6,9 2,9 Do Céu /2 2 71,9 41,5 82,4 15,9 20,9 15,9 10,6 0,15 6,9 2,7 Hamlin 2 3/5 2 1/2 2/3 2 75,0 39,1 88,4 17,3 20,9 17,3 13,3 0,18 8,9 2,9 Hamlin Reserva 2 3 1/ ,6 51,0 108,2 8,9 12,1 8,9 18,1 0,19 12,1 5,4 Hamlin Variegada /2 3 79,9 39,7 91,4 17,3 12,9 9,7 10,7 0,13 6,7 2,2 Imperial /2 4 78,2 43,6 90,8 7,4 11,5 7,4 11,2 0,14 7,2 2,9 Lamb s Summer /3 2 78,2 41,3 91,7 22,2 29,9 21,7 13,8 0,18 8,7 3,9 Lanceta Barão ,3 24,5 99,7 9,3 12,3 9,3 14,1 0,17 9,4 3,0 Lima /2 2/3 3 83,1 47,3 100,3 17,3 10,9 17,3 17,1 0,21 10,4 2,8 Lima Lisa /2 2 2/4 73,4 38,1 84,4 15,1 15,2 15,1 11,3 0,14 5,7 1,9 Lima Tardia /4 100,6 53,7 116,5 13,1 14,7 13,1 16,1 0,16 8,7 2,9 Lima Verde /2 3/2 2 72,3 37,7 85,4 15,9 20,3 15,9 13,1 0,18 7,7 3,5 Continua
14 152 EDSON TOBIAS DOMINGUES et al. Tabela 2. Conclusão Variedades Folha Asa pecíolo Lâmina foliar Compr. da folha Glândulas de óleo/ Pecíolo 9,6 mm 2 foliar forma marg. ápice base tipo forma compr. larg. ápice meio base compr. pec./ lam. Asa do pecíolo compr. larg. mm mm mm Natal 2 3 1/2 1/2 0/2 2 71,9 42,9 83,6 25,9 29,2 25,1 12,6 0,18 8,1 3,0 Natal Bebedouro /2 2 72,7 41,5 85,4 20,5 28,2 21,2 12,8 0,18 7,9 3,5 Non Pareil /2 3 71,7 40,1 81,6 10,9 14,0 10,9 8,6 0,12 5,9 2,7 Pele de Moça /3 2/4 64,4 37,5 74,1 18,1 21,9 17,3 9,4 0,14 5,4 2,3 Pêra Caire 2/3 3 1/2 1/ ,9 40,8 90,5 23,9 29,0 22,0 13,7 0,18 8,6 3,3 Pêra Comprida ,5 32,9 87,2 21,3 24,4 20,5 13,3 0,18 8,2 2,9 Pêra Coroada 2 3 1/2 1 2/3 2 70,0 34,5 83,9 17,7 21,0 16,8 13,3 0,20 8,2 2,7 Pêra CV 2/3 3 1/2 1/ ,3 36,4 86,3 26,7 29,4 23,1 13,8 0,19 7,3 2,8 Pêr a de Abr il /5 1/2 77,3 46,6 91,7 19,9 18,1 14,9 14,1 0,18 8,2 4,3 Pêra Ipiguá 2/3 3 1/2 1/2 2/3 2 71,3 36,1 85,1 27,2 29,7 24,2 13,8 0,19 8,9 2,8 Pêr a Mel /5 4/2 83,5 44,1 101,5 19,8 22,3 18,5 16,8 0,20 10,7 4,0 Pêra Ovo 2 3 1/2 1/ ,3 39,7 87,7 27,3 31,3 22,9 15,5 0,21 10,6 4,1 Pêra Rio 2 3 1/2 1 0/2 2 73,6 38,9 85,3 19,7 21,9 18,0 11,0 0,15 7,0 3,3 Pêra Sem Sementes 2 3 1/2 1 0/2 2/4 81,1 44,7 93,1 16,8 20,3 18,5 11,1 0,13 5,9 2,5 Perão 2 3 1/2 1 0/3 2 81,9 46,1 94,1 16,1 21,6 16,1 12,1 0,14 6,7 3,2 Rubi Blood 2 3 1/2 1 0/2 2 76,8 40,8 88,9 20,1 24,1 20,0 12,1 0,16 7,5 2,9 Sang. Mombuca ,5 48,9 108,6 13,9 17,5 13,9 15,5 0,17 10,4 3,5 Sang. Piracicaba 2 2 1/2 1 0/2 2 70,3 37,4 78,3 19,3 22,7 19,6 8,5 0,12 5,7 3,1 Seleta Branca ,2 45,1 93,8 8,8 12,5 8,8 11,2 0,14 6,4 1,9 Seleta Vermelha 3 3 1/2 1 0/2 4 82,3 45,0 92,4 8,5 11,7 8,5 9,3 0,11 6,2 2,3 Valência Late 2/3 3 1/ /5 72,7 38,1 84,7 25,0 33,5 26,8 11,3 0,16 7,4 2,7 Valência Variegada 2/3 3 1/2 2 0/2 2 70,2 40,9 80,5 21,1 26,0 20,6 10,5 0,15 6,9 2,8 Washington Navel 2 1/ /0 2 96,6 51,0 110,5 16,5 17,1 16,5 13,9 0,14 8,7 3,6 Westin ,5 38,5 82,1 18,3 21,0 11,7 10,5 0,15 6,1 2,4 dms (Tukey, 5%) 19,01 11,78 22,90 4,41 5,08 4,80 6,07 0,07 4,19 2,04 C.V. (%) 18,94 22,21 19,60 20,24 19,56 22,50 37,28 34,61 41,86 52,67
15 CARACTERIZAÇÃO DE VARIEDADES DE LARANJA DOCE As folhas de largura maior foram observadas nas variedades Cipó e Lima Tardia, com 55,6 e 53,7 mm respectivamente, e as de largura menor, nas variedades Lanceta Barão e Cametá (24,5 e 23,3 mm respectivamente). As demais variedades mostraram folhas de dimensões intermediárias. As variedades Pêra Ovo, Pêra Ipiguá, Pêra CV, Natal e Valência Late apresentaram as maiores médias para o número de glândulas de óleo contados no ápice, no meio e na base da lâmina foliar, sendo as maiores médias observadas no meio da lâmina foliar, depois no ápice e, em seguida, na base. Os menores valores para esses caracteres encontraram-se na variedade Cipó. O maior comprimento médio do pecíolo, de asa do pecíolo e largura da asa do pecíolo foram observados na Hamlin Reserva (18,1; 12,1 e 5,4 mm respectivamente); o menor comprimento do pecíolo, na Sangüínea de Piracicaba (8,5 mm), o menor comprimento da asa do pecíolo, na Blood Oval (5,3 mm) e a menor largura da asa do pecíolo, na Seleta Branca (1,9 mm). A relação comprimento do pecíolo sobre o comprimento da lâmina foliar foi maior nas variedades Pêra Ovo e Lima (0,2) e menor na Seleta Vermelha (0,1). Já as demais variedades apresentaram dimensões intermediárias para esses caracteres (Tabela 2). Os três primeiros componentes principais, com autovalores acima da unidade, representaram 88,4% da variância total. Os caracteres que mais contribuíram na distinção das variedades no primeiro componente (43,6% da variância total) foram o comprimento da folha e da lâmina foliar, comprimento de pecíolo e da asa do pecíolo. Os que mais contribuíram no segundo componente (34,6% da variância total) foram o número de glândulas de óleo no ápice, no meio e na base da lâmina foliar e na relação comprimento do pecíolo/comprimento da lâmina foliar. O que mais contribuiu no terceiro componente (10,2% da variância total) foi a largura da lâmina foliar. Pela análise de agrupamento, utilizando a técnica UPGMA, para os dados quantitativos padronizados, foram obtidos 3 grupos à distância euclidiana igual a 5, representados por uma ou mais variedades, em ordem crescente de similaridade: Hamlin Reserva, Cipó, Sangüínea Mombuca, Washington Navel e Lima Tardia; Cametá e Lanceta Barão; e o terceiro grupo, formado pelas demais variedades. Para os escores obtidos pela análise dos componentes principais, foram obtidos 4 grupos distintos à distân-
16 154 EDSON TOBIAS DOMINGUES et al. cia igual a 5, em ordem crescente de similaridade: Hamlin Reserva; Lima; Cametá e Lanceta Barão, sendo o quarto grupo formado pelas demais variedades Caracterização morfológica das flores O florescimento ocorreu em inflorescência, tipo racemo, com flores de 5 sépalas e pétalas, axilares e terminais, com botões e flores predominantemente brancos e posição das anteras ocorrendo acima, na mesma altura e abaixo do estigma. Excetuando-se as variedades Hamlin e Westin, que não floresceram conjuntamente com as demais, todas estavam em florescimento, na mesma época, embora para algumas predominassem os botões e, para outras, os chumbinhos (frutinhos jovens, após a queda das pétalas) (Tabela 3). O comprimento do pedicelo foi maior na variedade Pêra Rio (6,9 mm) e menor na Seleta Branca (2,7 mm). Os comprimentos de botão e de pétala foram maiores na variedade Pêra de Abril, em torno de 20 mm, e menores na variedade Cametá (9,8 mm e 9,9 mm respectivamente). A largura de botão foi maior na variedade Baiana Retiro (9,4 mm), e menor na Cametá e Pêra CV (5,5 mm e 5,2 mm respectivamente). A largura de pétala foi maior na Pêra de Abril (7,1 mm) e menor na Pêra Coroada (3,8 mm). As demais variedades tiveram dimensões intermediárias. A variedade Lima apresentou o maior número médio de estames (25,6) e a Cametá, o menor (17,2); quanto ao comprimento de estames, a Pêra de Abril revelou o maior valor médio (14,1 mm) e a Cametá o menor (7,5 mm). O comprimento médio do gineceu, desde a base do ovário ao estigma, também foi maior na variedade Pêra de Abril (12,9 mm) e menor na Pêra Caire (5,6 mm). Quanto à posição das anteras nos botões, estas se mostraram mais acima do estigma na variedade Pêra Ipiguá (1,1) com valores médios em torno da nota 1, e mais abaixo na variedade Baianinha de Piracicaba (2,9), com valores em torno da nota 3, apresentando os demais acessos respostas intermediárias, com as anteras mais próximas ao estigma nos botões florais. Já a distância média das anteras ao estigma, para os casos em que esta distância foi diferente de zero, foi maior na Pêra Caire (4,3 mm) e menor na Lamb s Summer (0,8 mm). As demais variedades apresentaram respostas intermediárias.
17 CARACTERIZAÇÃO DE VARIEDADES DE LARANJA DOCE Tabela 3. Valores qualitativos obtidos para posição das anteras em relação ao estígma; estádio de floração; comprimento do pedicelo; comprimento e largura do botão floral e da pétala; número e comprimento de estames; comprimento do gineceu; posição das anteras em relação ao estígma; distância da antera até o estigma e percentual de pólen viável para 44 variedades de laranjas doces em setembro de 1995 (CACSM/IAC, Cordeirópolis) 1 Variedades Posição anteras Estádio floral Compr. pedicelo Botão Pétala Estames Compr. compr. larg. compr. larg. n o compr. gineceu Posição anteras Distância ant./est. 1 o 4/9/95 mm mm mm % Pólen viável Baiana Retiro 3 2 3,5 15,0 9,4 14,9 5,0 23,4 9,8 6,5 2,3 1,2 0 Baianinha ,5 15,5 8,1 15,5 6,2 24,1 11,0 9,9 1,3 1,4 0 Baianinha Piracicaba 3 4 3,3 15,0 7,3 14,5 5,5 23,0 9,9 11,4 2,9 1,9 0 Blood Oval 3/1 4 5,5 13,6 7,9 13,5 5,1 18,1 10,3 9,3 1,8 1,5 16 Caipira Comum 3 2 5,2 16,1 8,4 15,7 6,5 24,3 10,4 10,7 2,6 1,2 73 Caipira DAC 2 1 3,9 12,9 6,1 13,9 6,1 21,3 10,5 9,1 1,8 1,2 24 Cametá 2 1 3,4 9,8 5,5 9,9 4,1 17,2 7,5 6,7 2,0 2,3 50 Cipó 3/2 2 5,2 14,8 8,2 15,3 5,7 23,2 10,6 10,9 2,7 1,1 62 Diva 1 3 4,9 14,8 8,0 15,8 6,1 21,7 11,7 10,0 1,1 1,4 26 Do Céu ,3 15,1 7,4 16,0 5,9 24,3 10,5 10,3 2,6 1,2 82 Hamlin Reserva 3 4 3,5 13,7 7,5 14,7 5,1 23,3 10,8 9,9 2,4 1,3 89 Hamlin Variegada 1 1 6,1 15,3 8,1 15,8 6,3 22,6 11,2 10,4 1,5 1,6 85 Hamlin Imperial 2 1 3,3 13,3 7,5 14,3 4,9 23,3 10,5 9,6 2,0 1,0 70 Lamb s Summer2 4 6,1 14,7 7,9 15,1 5,5 19,6 11,2 11,3 2,1 0,8 31 Lanceta Barão 3/2 2 5,3 15,0 7,4 15,8 5,3 24,4 11,3 10,8 2,3 1,2 27 Lima 2 1 5,7 14,1 9,0 17,7 6,7 25,6 11,8 11,1 1,7 1,5 22 Lima Lisa 3/2 1 4,4 14,9 8,5 14,2 6,1 22,9 10,3 11,0 2,5 1,3 74 Lima Tardia 2 1 6,4 14,9 8,1 15,2 6,1 21,6 10,5 10,0 1,8 1,3 37 Lima Verde 2 4 5,0 14,6 7,1 14,7 5,8 21,0 10,7 10,6 1,8 1,1 75 Natal 2/1 3/4 5,3 12,3 6,8 13,2 5,0 19,9 10,5 9,1 1,7 1,0 21 Natal Bebedouro 2 4/5 4,7 12,0 6,4 13,0 4,9 21,1 9,8 8,9 1,9 1,0 31 Continua
18 156 EDSON TOBIAS DOMINGUES et al. Tabela 3. Conclusão Variedades Posição anteras Estádio floral Compr. pedicelo 1 o 4/9/95 mm Botão Pétala Estames compr. larg. compr. larg. n o compr. Non Pareil 3 4 5,3 15,5 8,0 16,3 6,3 21,1 10,1 10,7 2,7 1,2 41 Pele de Moça 1 4 4,5 15,4 7,1 15,8 5,4 23,1 11,9 10,4 1,2 1,3 20 Pêra Caire 2/1 4/5 5,3 10,2 5,9 11,3 4,3 17,4 8,4 5,6 1,5 4,3 35 Pêra Comprida 2 4/5 5,7 13,1 6,6 14,1 4,9 21,1 10,1 9,0 1,9 1,0 43 Pêra Coroada 1 4/5 4,5 11,1 6,1 11,8 3,8 21,6 9,9 7,9 1,0 1,5 43 Pêra CV 1/2 4/5 6,3 12,5 5,2 14,3 4,4 19,5 8,2 7,7 1,7 2,0 39 Pêra de Abril 1 3 5,4 19,2 8,7 20,2 7,1 22,3 14,1 12,9 1,3 1,1 50 Pêra Ipiguá 1 4/5 4,9 11,4 6,1 12,4 4,5 20,5 9,5 7,5 1,1 1,5 37 Pêra Mel 1 4/5 4,9 12,0 6,4 12,9 4,5 19,7 8,7 7,7 1,6 2,2 53 Pêra Ovo 2 4/5 6,7 11,5 5,6 12,7 4,5 18,4 10,3 8,7 1,6 2,7 36 Pêra Rio 2 4/5 6,9 12,3 5,6 13,7 5,1 19,3 10,2 8,8 2,1 3,3 21 Pêra Sem Sementes 2 4/5 4,8 13,2 6,2 14,4 5,1 19,6 10,5 9,1 1,8 1,0 12 Perão 2 4/5 5,4 14,1 6,6 15,3 5,9 20,1 10,7 9,5 1,7 1,0 13 Rubi Blood 3 3/4 4,3 13,5 7,3 14,2 5,9 22,7 9,3 9,5 2,7 0,8 69 Sang. Mombuca 2 2/1 5,5 14,2 7,5 14,6 5,7 23,5 9,9 10,1 2,6 1,1 78 Sang. Piracicaba 3 3 4,4 13,8 7,3 14,4 5,9 19,5 9,7 10,4 2,8 1,2 67 Seleta Branca 1 2 2,7 15,4 7,4 16,5 6,3 20,1 12,1 10,6 1,1 1,3 86 Seleta Vermelha 2 3 6,2 17,3 7,7 18,1 6,9 22,5 12,7 12,1 1,6 1,4 86 Valência Late 1/2 4 6,7 13,0 6,7 13,6 5,5 22,7 10,9 9,5 1,7 1,9 21 Valência Variegada 2 4 6,3 13,2 5,8 13,8 5,5 22,0 10,1 9,5 2,1 2,3 29 Washington Navel 1/3 3 3,4 15,5 7,2 14,5 6,6 24,0 10,7 10,9 1,9 1,9 0 Westin dms (Tukey, 5%).. 1,31 1,61 0,89 1,70 0,94 2,49 1,45 1,69 0,74 0,75 11,36 C.V. (%).. 20,25 8,95 9,67 8,98 13,19 8,89 10,71 13,51 29,81 86,69 25,18 mm Compr. gineceu Posição anteras Distância ant./est. Pólen viável mm % 1 As variedades Hamlin e Westin não foram avaliadas por não apresentarem flores nas datas de coleta.
19 CARACTERIZAÇÃO DE VARIEDADES DE LARANJA DOCE DOMINGUES et al. (1999b), avaliando o percentual de pólen viável por meio da coloração com carmim acético a 25% e contagem sob microscópio ótico, observaram valores desde 12,1% na Pêra sem Sementes até 88,8% na Hamlin Reserva. Os clones de laranja Hamlin mostraram maior percentual de pólen viável. Não se observou presença de pólen nas variedades produtoras de laranjas de umbigo, originadas da variedade Bahia. As variedades Pêra, Valência e Natal, as quais são os principais cultivares da citricultura paulista e nacional, apresentaram baixos percentuais de pólen viável. Os dois primeiros componentes principais, com autovalores acima da unidade, representaram 65,9% da variância total. Os caracteres que mais contribuíram na distinção das variedades no primeiro componente (51,2% da variância total) foram comprimento e largura, de botão e de pétala, número e comprimento de estames, e comprimento de gineceu. O caráter que mais contribuiu no segundo componente (14,7% da variância total) foi a posição da antera em relação ao estigma. Por meio da análise de agrupamento, utilizando a técnica UPGMA, para os dados quantitativos padronizados, foram obtidos 4 grupos à distância euclidiana igual a 4,5, representados por uma ou mais variedades, em ordem crescente de similaridade: Pêra Caire e Cametá; Pêra de Abril e Seleta Vermelha; Baiana Retiro, sendo o quarto grupo formado pelos demais acessos. Para os escores obtidos por meio da análise dos componentes principais, obtiveram-se 7 grupos distintos à distância igual a 4,5, os quais, representados por uma ou mais variedades, foram, em ordem crescente de similaridade: Lima; Baiana Retiro; Pêra CV; Pêra Caire; Washington Navel e Baianinha Piracicaba, sendo o sexto grupo formado pela Seleta Branca, Pêra de Abril e Seleta vermelha, e, o último, pelas demais variedades Caracterização morfológica dos frutos de 1995 e 1997 Na Tabela 4, encontram-se os valores referentes aos frutos, que apresentaram, predominantemente, o formato arredondado (3), largamente obovado (12) e muito largamente obovado (13), segundo relação de proporção definida por RADFORD (1974). Algumas variedades, no entanto, apresentaram frutos tendendo para largamente elípticos (2); outras, oblatos (4), ou como a Seleta Branca, que apresentou frutos transversalmente elípticos (5) e com os estiletes ainda presentes nos frutos adultos, o que não se obser-
20 158 EDSON TOBIAS DOMINGUES et al. vou nas demais variedades. O formato predominante do ápice dos frutos variou do convexo ao truncado e, a base, do convexo ao côncavo, à exceção da Lima Verde, cujos frutos, de maturação tardia, ainda apresentavam frutos com a base em forma de pescoço na época de avaliação. A coloração dos frutos variou de verde-amarelada para os mais tardios, como a Lima Verde (R1), Natal e Valência (D2 a D3), a amarelo-alaranjada e, em alguns casos, amarelo-avermelhada (E2 a F4); a coloração da polpa variou da mesma maneira, de verde-clara na Lima Verde, a vermelha na laranja Sangüínea de Mombuca. O formato da columela variou de circular a radial, predominando este último, e as sementes, de coloração creme, predominantemente deltóides, com o tégmen avermelhado e cotilédones brancos ou creme (Tabela 4). O diâmetro do pedúnculo foi maior na Baiana Retiro (4,3 mm), e menor na Natal Bebedouro (2,5 mm). O diâmetro da cicatriz do estilete ou do umbigo esteve em torno de 1,0 mm, na Lima Verde, e apresentou valores crescentes até as variedades de umbigo, onde a Washington Navel (Bahia) se destacou, com diâmetro médio de umbigo de 17,2 mm (Tabela 4). A laranja Washington Navel apresentou maiores altura (79,3 mm), largura (79,0 mm) e peso médio (263,8 g), e a Lanceta Barão, os menores valores para esses caracteres (49,3 mm, 49,4 mm e 69,4 g respectivamente). O percentual médio de acidez dos frutos, de junho a dezembro de 1995 a 1997, variou de 0,08% nas Limas a 1,9% na Pêra Ipiguá. O teor de sólidos solúveis, no mesmo período, variou de 10,3 o Brix na Pêra de Abril a 14,2 o Brix na Lanceta Barão (Tabela 4). A variedade Caipira-DAC apresentou o maior número médio de glândulas de óleo/10 mm de casca (11,3), e as laranjas Lima Verde, Seleta Branca e Pêra de Abril, os menores (8,6). O número de glândulas de óleo/9,6 mm 2 foi maior na Seleta Branca (11,2) e menor na Hamlin Reserva (5,3). A espessura do flavedo, camada mais externa da casca, foi maior na Pêra de Abril (2,2 mm), enquanto, a maioria dos genótipos apresentou esse valor em torno de 1 mm. O albedo, outro componente que determina a espessura da casca do fruto, foi mais espesso na Hamlin Reserva (5,4 mm) e menos espesso na Pêra CV (2,0 mm). As demais variedades apresentaram respostas intermediárias (Tabela 4). O diâmetro do endocarpo foi maior nas laranjas Washington Navel e Baiana Retiro (em torno de 68,0 mm) e menor na Lanceta Barão (42,2 mm). A espessura da columela foi maior na Baiana Retiro (12,3 mm) e menor na Lamb s Summer (5,0 mm). O número médio de gomos foi maior na Caipira-
21 CARACTERIZAÇÃO DE VARIEDADES DE LARANJA DOCE DAC (11,9) e menor na Pêra Ovo (9,6). O número médio de sementes por fruto foi superior na Caipira Comum, Imperial e Cipó (20,9, 20,4 e 19,3 respectivamente) e as variedades Baiana Retiro, Washington Navel, Perão, Pêra sem Sementes, Cametá e Diva, apresentaram menos de uma semente, em média, por fruto. O comprimento das sementes foi maior na Sangüínea de Piracicaba (14,3 mm) e menor na Pêra de Abril (11,2 mm). Já a largura média das sementes foi maior na Non Pareil (8,5 mm), e menor na Cametá (5,5 mm). Já as outras variedades revelaram respostas intermediárias. As sementes das variedades aqui estudadas apresentaram de média (30 a 60%) a elevada poliembrionia (acima de 60%) quando se quantificaram os embriões nas sementes. Com exceção da Pêra de Abril, que se apresentou monoembriônica. De modo geral, as médias dos caracteres ligados às dimensões dos frutos e número de sementes foram mais elevadas em 1995 que em A época de maturação dessas variedades também foi avaliada (DOMINGUES et al., 2003). Os cinco primeiros componentes principais, com autovalores acima da unidade, representaram 75,8% da variância total. Os caracteres que mais contribuíram na distinção das variedades no primeiro componente (33,9% da variância total) foram altura, largura e peso de fruto, espessura do albedo e diâmetros do endocarpo e da columela. O caráter que mais contribuiu no segundo componente (14,6% da variância total) foi o comprimento de sementes. O terceiro componente (11,7% da variância) recebeu maior contribuição da espessura do flavedo. A análise de agrupamento, utilizando a técnica UPGMA, pelos escores obtidos por meio da análise dos componente principais resultou em 10 grupos à distância euclidiana igual a 11, apresentados em ordem crescente de similaridade: Seleta Branca; Baiana Retiro; Washington Navel; Hamlin Reserva; Natal Bebedouro; Lanceta Barão; Pêra de Abril e Pêra sem Sementes; Valência Variegada; Rubi Blood e Hamlin e o décimo grupo formado pelas demais variedades. Pelas médias originais padronizadas, os resultados foram concordantes, obtendo-se 6 grupos distintos à distância igual a 6, em ordem crescente de similaridade, a saber: Baiana Retiro e Washington Navel; Pêra de Abril; Hamlin Reserva; Seleta Branca; Lanceta Barão, sendo o último grupo constituído pelas outras variedades.
22 160 EDSON TOBIAS DOMINGUES et al. Tabela 4. Valores obtidos para caracteres medidos qualitativamente: formato de fruto (ff), de ápice (fa) e da base do fruto (fb); cor do epicarpo e da polpa; formato da columela ou áxis (fc); formato e cor das sementes (f) e (c); cor do tégmen (t) e do cotilédone (cc) (explicados no texto), e valores médios obtidos para os caracteres medidos quantitativamente: diâmetro do pedúnculo e de umbigo; altura, largura e peso de fruto; número de glândulas de óleo/10 mm e por 9,6 mm 2 de casca; espessuras flavedo, albedo, endocarpo e columela; número de gomos e de sementes/fruto; comprimento e largura de semente para 44 variedades de laranjas-doces avaliadas em junho-julho de 1995 e 1997 e acidez e sólidos solúveis ( o Brix) de junho a dezembro Variedades Fruto CorÁxis Semente Diâmetro Fruto ff fa fb casca polpa fc f c t cc ped. umb. alt. larg. peso mm g Baiana Retiro 3/12 3 2/3 E3/E4 E ,3 15,1 77,8 78,9 259,4 B. Piracic. 3/ E3 E3 2/ ,7 5,7 71,1 71,0 186,2 B /12 3 2/3 E3 E3/F3 3/ ,9 5,2 66,2 66,3 156,2 Blood Oval F3/E3 F2 2 6/ ,9 1,1 68,0 62,9 139,1 Caipira com. 3/14 3/4 2 E3 E3 3 6/ ,6 2,8 67,7 69,7 174,4 Caipira DAC 3/4 3 3/4 F3 E3 3 6/ ,1 2,2 57,8 61,3 122,0 Cametá 3/ E3 E /1 2,9 1,7 56,7 56,7 97,4 Cipó 3/2 3 3/2 E3/E4 E ,2 1,8 66,5 66,0 155,0 Diva 13/3 3 2/3 E1,5 E3/D4 3 6/ ,6 1,8 60,9 61,8 124,6 Do Céu-1 3 3/4 2/3 E3 E4 3 6/ ,8 2,0 61,0 63,9 128,1 Ham.Reserva 13/14 3/4 2/4 D3 E3 3 6/ ,4 1,5 68,3 75,8 198,0 Hamlin 3/4 3 3 E4 E ,9 2,0 61,9 63,3 129,1 HamlinVar. 3/13 3/4 2/3 E3 E3 3 6/ ,7 1,7 61,4 62,4 124,6 Imperial 3 3/4 2/3 E3 E3 3 6/ ,6 1,6 63,8 64,4 144,4 Lamb s Sum /3 E2/E3 E3 3/ ,2 2,0 60,4 55,8 104,7 Lanc. Barão 3/12 3 2/3 E3 E3 3/2 3/ ,7 1,2 49,3 49,4 69,4 Lima 3 3/4 3 E3 E3 3/2 6/ ,6 1,4 58,5 59,0 103,7 Lima Lisa 3 3 3/2 E3 E ,8 1,7 62,7 61,3 121,8 Lima Tardia 3/4 3/4 3 E3 E ,4 1,7 58,4 58,9 108,6 Continua
23 CARACTERIZAÇÃO DE VARIEDADES DE LARANJA DOCE Tabela 4. Continuação Variedades Fruto CorÁxis Semente Diâmetro Fruto ff fa fb casca polpa fc f c t cc ped. umb. alt. larg. peso mm g Lima Verde /1 R1 D ,5 1,1 67,1 57,4 121,5 Natal 12/2 3/4 2 D2 D ,4 1,6 58,5 55,6 95,4 Natal Bebed. 13/3 3 2 D3 E2 3 6/ ,5 1,4 62,4 60,2 119,9 Non Pareil 3 3/4 2 E3/E4 D3/F3 3 6/ ,5 1,9 66,5 66,7 155,2 Pele Moça /3 E3 E ,0 2,2 57,2 58,0 106,4 Pêra Caire F3 E ,8 1,5 64,1 59,4 128,4 Pêra Compr F3 E3 3/1 6/ ,1 1,1 65,1 56,2 112,5 Pêra Coroada D3 E3/E ,7 1,6 55,6 52,2 85,4 Pêra CV E3 E3/F3 3 6/ ,0 1,6 64,9 57,3 117,5 Pêra de Abril /4 E3 E3 3/2 6/ ,3 2,4 77,3 70,5 185,7 Pêra Ipiguá 3/ E3 E2 3 6/ ,3 1,3 58,7 55,4 99,8 Pêra Mel E2 F3 3 6/ ,4 1,4 62,9 57,3 112,4 Pêra Ovo 13/12 3 2/3 E3 E ,8 1,5 61,6 56,6 109,0 Pêra Rio /4 E3 E3 3/ ,1 1,8 64,4 60,0 127,6 Pêra s/sem /3 E2 E3 3/ ,3 1,3 74,4 67,8 175,5 Perão 3/ F3 E3/F ,2 1,3 68,6 63,7 152,9 Rubi Blood 3/14 3 2/3 F4 E ,3 1,9 61,2 65,2 141,5 Sang. Piracic /3 D2 D3/F3 3 6/ ,8 3,2 59,7 62,2 119,3 Sang. Momb. 3/12 3 2/3 E3 D ,7 1,3 63,9 63,0 135,8 Sel. Branca 13/5 3/4 2/4 E1 E2/D2 3/ /3 4,1 1,6 68,3 74,8 201,2 Sel. Vermelha 13/14 3 2/3 F4/E4 E4 3 6/ ,6 2,0 64,7 67,6 156,0 Valência Late 3/ F3 E3/F ,9 1,5 60,8 63,4 138,3 Valência Var. 3 3/4 2/3 D3 E3/D3 3 6/ ,6 1,8 61,2 61,1 119,9 Wash. Navel 3/ F4 E3 2/ ,9 17,2 79,3 79,0 263,8 Westin 3/4 3 2/4 F4 E ,8 2,4 56,7 62,4 123,8 dmstukey,5% 0,43 1,82 3,17 3,14 17,34 CV (%) 17,4 95,73 6,64 6,67 16,83 Continua
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