BIGNONIACEAE JUSS. (LAMIALES) DA REGIÃO DA POUSADA MANTEGA, AMAZÔNIA MERIDIONAL, MATO GROSSO: DISTRIBUIÇÃO E USO

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1 Ciências Biológicas BIGNONIACEAE JUSS. (LAMIALES) DA REGIÃO DA POUSADA MANTEGA, AMAZÔNIA MERIDIONAL, MATO GROSSO: DISTRIBUIÇÃO E USO Autor(a): ANDERSON ALEX SANDRO DOMINGOS DE ALMEIDA¹ Coautores(as): RICARDO DA SILVA RIBEIRO, FRANCIS JUNIOR ARAÚJO LOPES, FABIANA FERREIRA CABRAL³ Instituição: Universidade do Estado de Mato Grosso Orientador(a): CÉLIA REGINA ARAÚJO SOARES LOPES.² Colaboradores(as): DAVID SOUZA VERÃO, INGRID DE LARA RIBEIRO andersonasda@hotmail.com¹ soaresia@unemat.br² ricardo.rick.bio@gmail.com, francis.biology1@gmail.com, fabiherbam@gmail.com³ RESUMO: Bignoniaceae Juss. (Lamiales) está distribuída principalmente nas regiões tropicais, com maior diversidade no neotrópico. Estudos revelam que a família tem sua diversidade e riqueza sub amostrada devido as lacunas de coletas na Amazônia norte mato-grossense e sul do Pará. O objetivo desse trabalho é apresentar uma lista das espécies da família Bignoniaceae, coletadas no levantamento florístico realizado na região da Pousada Mantega, no Rio Teles Pires, abrangendo os municípios de Paranaíta e Apiacás (Mato Grosso) e Jacareacanga (Pará), além do uso e sua distribuição geográfica. As coletas foram realizadas de 2009 a 2013, no rio Teles Pires, nos pontos de pesca da pousada Mantega, seguindo as metodologias especificas. Foram coletadas 16 espécies de Bignoniaceae, distribuídas em 8 gêneros. Os três gêneros mais representativos foram Adenocalymma (ssp. 3), Bignonia (ssp. 3) e Cuspidaria (ssp. 3). Todas as espécies listadas já são citadas com ocorrência para o bioma amazônico. Entretanto, quatro delas não constam na lista da Flora do Brasil com distribuição para Estado de Mato Grosso, embora pelo menos uma, Fridericia japurensis (DC.) L.G.Lohmann, já tinha sido citado em trabalhos anteriores, como nome cientifico desatualizado. Das espécies listadas, cinco delas apresentam algum tipo de uso, seja madeireiro, medicinal ou ornamental. Nesse sentido, esse trabalho contribui para o conhecimento das Bignoniaceae do Mato Grosso e para futura atualizações da Lista da Flora do Brasil, além de chamar atenção para a necessidade de estudos de revisão e de tratamento taxonômico desse grupo para o estado. Palavras-chave: Flora Mato-grossense, Fitogeografia, Amazônia Mato-grossense. ALMEIDA, A. A. S. D. D.; LOPES, C. R. A. S. RIBEIRO, R. D. S.; LOPES, F. J. A.; CABRAL, F. F. BIGNONIACEAE JUSS. (LAMIALES) DA REGIÃO DA POUSADA MANTEGA, AMAZÔNIA MERIDIONAL, MATO GROSSO: DISTRIBUIÇÃO E USO In: 6ª Jornada Científica da Unemat, 6ª. (JC), 2015, Cáceres/MT. Anais... Cáceres/MT: Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT, Vol. 6(2015).

2 1. INTRODUÇÃO A família Bignoniaceae Juss. compreende cerca de 80 gêneros e aproximadamente 827 espécies (LOHMANN & ULLOA, 2007). A família está distribuída principalmente nas regiões consideradas tropicais e subtropicais, sendo mais diversa nas regiões da América do Sul (OLMSTEAD et al., 2009). Segundo LOHMANN (2015) no Brasil ocorrem 33 gêneros e 406 espécies, sendo considerado um dos centros de diversidade e dispersão da família (GENTRY, 1973). No Mato Grosso, principalmente na região norte do estado, a família apresenta grande diversidade de espécies. Mesmo, assim são poucos os trabalhos que tratam da família Bignoniaceae (DUBS, 1998; GENTRY, 1976). Segundo ZAPPI (2011), em seu estudo na região do Parque Estadual do Cristalino, a família Bignoniaceae está entre as mais ricas e diversas. Segundo HOPKINS (2007) a área que compreende o sul do Pará até o norte do Mato Grosso é pouco conhecida quando considerada a diversidade de espécies de Bignoniaceae, uma família muito abundante na flora Amazônica. Têm sido observados diversos usos para a família Bignoniaceae, madeireiro, medicinal e principalmente ornamental, atribuídos às diversas espécies de ipês e jacarandás. O objetivo desse trabalho é apresentar uma lista das espécies da família Bignoniaceae, coletadas no levantamento florístico realizado na região da Pousada Mantega, no Rio Teles Pires, abrangendo os municípios de Paranaíta e Apiacás (Mato Grosso) e Jacareacanga (Pará), além do uso e sua distribuição geográfica. 2. MATERIAL E MÉTODOS Área de Estudo: O presente estudo foi realizado de 2009 a 2013 no Baixo Teles Pires, onde está localizada os pontos de pesca esportiva da Pousada Mantega, abrangendo os municípios de Paranaíta e Apiacás (Mato Grosso) e Jacareacanga (Pará). As amostras foram coletadas e herborizadas de acordo com a metodologia de FIDALGO & BONONI (1984) e depositadas no HERBAM (Herbário da Amazônia Meridional). As identificações foram realizadas com base em comparação com material já depositado no HERBAM e consulta a Web sites (REFLORA, 2015). O sistema de Classificação adotado foi APG III (CHASE & REVEAL, 2009). A nomenclatura e distribuição fitogeográfica foram conferidas de acordo com a Lista de Espécies da Flora do Brasil A análise dos usos das espécies foi com base em dados secundários de diversas bibliografias. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram coletadas 16 espécies de Bignoniaceae, distribuídas em 8 gêneros, sendo que quatro delas, não constam na lista da Flora do Brasil com distribuição para Estado de Mato Grosso. Os gêneros mais representativos foram Adenocalymma (ssp. 3), Bignonia

3 (ssp. 3) e Cuspidaria (ssp. 3). Das espécies apresentadas, com exceção de Handroanthus serratifolius (A.H.Gentry) S.Grose (Aliança Tabebuia), as demais são pertecentes a tribo Bignoneae, que é composta basicamente por lianas e arbusto (OLMSTEAD et al., 2009; LOHMANN, 2006, LOHMANN & ULLOA, 2014). Das 16 espécies (Tabela 1), apenas cinco apresentam utilidade ornamental, medicinal ou madereiro de acordo com o levantamento bibliográfico (POTT & POTT, 1994; LORENZI, 2008; ZOGHBI, 2009). De acordo com GENTRY (1992), a familia Bignoniaceae apresenta alto potencial, devido a suas espécies serem usadas para tratamento de doenças como a diabetes, malária entre outras enfermidades. Além disso, apresenta potencial madeireiro e ornamental sendo utilizada na arborização urbana. Tabela 1 Espécies de Bignoniaceae coletadas na Região da Pousada Mantega. Uso: O (Ornamental), Med. (Medicinal), Mad. (Madereiro) e Distribuição Geográfica. (-----) não foram encontrados dados de uso sobre essas espécies. (*) Espécies que não apresentam distribuição para o Estado de Mato Grosso segundo a Lista Oficial da Flora do Brasil Espécies Uso Distribuição Geográfica Adenocalymma adenophorum (Sandwith) L.G.Lohmann * Adenocalymma biternatum (A.Samp.) L.G.Lohmann AM AM, PA, RO, MT Adenocalymma impressum (Rusby) Sandwith * AM Amphilophium magnoliifolium (Kunth) L.G.Lohmann* AM Amphilophium mansoanum (DC.) L.G.Lohmann AM, PA, RO, RR, TO, BA DF, GO, Bignonia aequinoctialis L. MT, MS, MG, SP AM, PA, RO, RR, TO, MA, GO, MT, ES, MG, RJ Bignonia binata Thunb. O TODOS OS ESTADOS Bignonia corymbosa (Vent.) L.G.Lohmann AM, PA, RO, AC, TO, MA, GO, MT, Callichlamys latifolia (Rich.) K.Schum MS, ES, MG, RJ, AL, PE, PI, BA, CE, SE AM, AP, PA, RO, RR, TO, BA, MA, PI, GO, MS, MT, ES, MG, RJ, SP Cuspidaria floribunda (DC.) A.H.Gentry O AC, AM, RO, DF, GO, MS, MT, MG, Cuspidaria inaequalis (DC. ex Splitg.) L.G.Lohmann RJ, SP AM, CE,

4 Cuspidaria lateriflora (Mart.) DC. O AC, AM, PA, RO, RR, MA, MT Fridericia japurensis (DC.) L.G.Lohmann * AM Handroanthus serratifolius (A.H.Gentry)S.Grose Med. AC, AM, AP, PA, RO, RR, TO, AL, e BA, CE, MA, PB, PE, PI, RN, SE, Mad. DF, GO, MS, MT, ES, MG, RJ, SP, PR Tanaecium pyramidatum (Rich.) L.G.Lohmann Med. TODOS OS ESTADOS Tanaecium truncatum (A.Samp.) L.G.Lohmann AC, AM, AP, PA, RO RR, TO, MA, MT Todas as espécies acima listadas apresentam distribuição fitogeográfica para o domínio amazônico. Entretanto, as espécies Adenocalymma adenophorum (Sandwith) L.G.Lohmann, Adenocalymma impressum (Rusby) Sandwith, Amphilophium magnoliifolium (Kunth) L.G.Lohmann e Fridericia japurensis (DC.) L.G.Lohmann, não constam na lista da Flora do Brasil como distribuição para o Estado de Mato Grosso, embora apresente distribuição para os estados circunvizinhos pertencentes ao Bioma Amazônico (LOHMANN, 2015). Embora Fridericia japurensis (DC.) L.G.Lohmann não conste como ocorrente no estado na flora do Brasil, a mesma já tinha sido citada em DUBS (1998). Nesse sentido, não consideramos aqui como novo registro de ocorrência para essa espécie. Esse fato, chama a atenção da necessidade de atualização dos nomes científicos dessa literatura básica para a flora de Mato Grosso, o Prodromus Florae Mattogrossensis, no que diz respeito a família Bignoniaceae. DUBS (1998) cita 96 espécies, distribuídas em 32 gêneros, enquanto são citadas para o MT na flora do Brasil (2015), apenas 28 gêneros e 98 espécies, considerando revisões taxonômicas atuais. Nesse sentido, torna-se urgente estudos de tratamento taxonômico para a família Bignoniaceae para o Estado de Mato Grosso. 4. CONCLUSÃO O alto potencial medicinal, ornamental e madeireiro dessas espécies contribuem para inseri-las em listas prioritárias para conservação. Este estudo contribui para futuras atualizações da Lista da Flora do Brasil, principalmente quanto à espécie Fridericia japurensis (DC.) L.G.Lohmann que já era citada em outros estudos e ainda não consta como distribuição para o Estado de Mato Grosso. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHASE, M.W. & REVEAL, J.L A phylogenetic classification of the land plants to accompany APG III. Botanical Journal of the Linnean Society, v.161, p

5 DUBS, B. Prodromus Florae Matogrossensis. The Botany of Mato Grosso, Betrona- Verlag, Küsnacht. Part 1. Checklist of Angiosperm, part 2. Types from Mato Grosso, n. 3, FEARNSIDE, P.M Deforestation in Brazilian Amazonia: History, rates and consequences. Conservation Biology 19(3): FIDALGO, O. & BONONI, V. L (Coord.). Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. Instituto de Botânica, São Paulo. (Manual n. 4). GENTRY, A. H. Studies in Bignoniaceae 18: Notes on S. Moore's Mato Grosso Bigno.niaceae Annals of the Missouri Botanical Garden Vol. 63, No. 1 (1976), pp GENTRY, A. H Generic delimitations of Central American Bignoniaceae. Brittonia, New York, v. 25, p GENTRY, A. H. A synopsis of Bignoniaceae ethnobotany and economic botany. Annals of the Missouri Botanical Garden, p , HOPKINS, M.J.G Modelling the known and unknown plant biodiversity of the Amazon Basin. Journal of Biogeography, 34: LOHMANN, L.G. & ULLOA ULLOA, C. Bignoniaceae in iplants prototype Checklist. (accesso 24 Agosto 2014). LOHMANN, L.G Untangling the phylogeny of neotropical lianas (Bignonieae, Bignoniaceae). American Journal of Botany 93: LOHMANN, L.G., TAYLOR, C.M. A new generic classification of tribe Bignonieae Bignoniaceae). Ann. Missouri Bot. Gard. 99, , LOHMANN, L.G. Bignoniaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: < Acesso em: 15 Set LORENZI, H. & MATOS, F.J.A Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2 ed. Nova Odessa, Instituto Plantarum. 512 p. OLMSTEAD, R.G.; ZJHRA, M.L.; LOHMANN, L.G.; GROSE, S.O. & ECKERT, A.J A molecular phylogeny and classification of Bignoniaceae. American Journal of Botany 96: POTT, A.; POTT, V. J. Plantas do Pantanal. Embrapa, Corumbá, MS, Reflora Herbário Virtual. Disponível em: Acesso em18/9/2015. ZAPPI, D. C., SASAKI, D., MILLIKEN, W., IVA, J., H., GRACIELI S., BIGGS, N., & FRISBY, S., (2011). Plantas vasculares da região do Parque Estadual Cristalino, norte de Mato Grosso, Brasil. Acta Amazonica, 41(1),