Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras OS VERBOS RECÍPROCOS INTRANSITIVOS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

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1 Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras OS VERBOS RECÍPROCOS INTRANSITIVOS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO Thaís Fernanda Carvalho Bechir Orientação: Profa. Dra. Luana Amaral Belo Horizonte 2016

2 Thaís Fernanda Carvalho Bechir OS VERBOS RECÍPROCOS INTRANSITIVOS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO Monografia apresentada ao Colegiado de Graduação em Letras da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Letras (habilitação em português com ênfase em estudos linguísticos). Belo Horizonte Faculdade de Letras da UFMG 2016

3 Aos meus amados pais

4 AGRADECIMENTOS A Deus, fonte inesgotável de amor, por ter me concedido o dom das letras. À minha querida mãe, que me apontou o caminho e que me ensinou o que é bondade: obrigada por sempre acreditar em mim. Ao meu pai, que sonhou um futuro de sucesso para mim, sem medir esforços para que eu o alcançasse: obrigada por ser exemplo de força. Aos meus irmãos e melhores amigos, pelas gargalhadas ao longo da vida. Aos meus avós, por serem o alicerce de minha história. Ao Gabriel, meu amor e anjo da guarda, que acreditou em mim, por vezes, mais do que eu mesma: obrigada por sorrir e dizer que tudo daria certo. Aos amigos que reconheci durante os anos, por preencherem meus dias com alegria. À minha orientadora, Profa. Luana Amaral, por conduzir esta pesquisa com paciência e ternura. Sem sua ajuda e estímulo, este trabalho não teria se concretizado: obrigada por confiar em minhas capacidades. À Profa. Márcia Cançado, que despertou em mim o gosto pela linguística e que me introduziu no caminho da Semântica: obrigada pelos ricos ensinamentos e por guiar minha trajetória acadêmica com sabedoria. À Letícia Meirelles, professora e colega de pesquisa, pelos valiosos conselhos e pela disposição em me ajudar sempre que precisei. À UFMG, especialmente à Faculdade de Letras, que me apresentou a professores brilhantes e que me possibilitou adentrar a estrada do conhecimento.

5 Eu queria expressar tudo. Pensava, por exemplo, que, se precisava de um pôr-do-sol, devia encontrar a palavra exata para o pôr-do-sol ou melhor, a mais surpreendente metáfora. Agora cheguei à conclusão (e essa conclusão talvez soe triste) de que não acredito mais na expressão: acredito somente na alusão. Afinal de contas, o que são as palavras? As palavras são símbolos para memórias partilhadas. Se uso uma palavra, então vocês devem ter alguma experiência do que essa palavra representa. Senão a palavra não significa nada para vocês. Acho que podemos apenas aludir, podemos apenas tentar fazer o leitor imaginar. O leitor, se for rápido o suficiente, pode ficar satisfeito com nossa mera alusão a algo. Jorge Luís Borges As fronteiras da minha linguagem são as fronteiras do meu universo Ludwig Wittgenstein

6 RESUMO Esta monografia tem como objeto de estudo os verbos recíprocos intransitivos do português brasileiro (PB). Seguindo a linha de pesquisa de Interface Sintaxe-Semântica Lexical, partimos do princípio de que as propriedades semânticas determinam o comportamento sintático dos verbos. Os verbos recíprocos são tratados na literatura linguística como uma classe verbal única por possuírem uma propriedade semântica a reciprocidade que licencia um comportamento sintático: a alternância simples-descontínua. Nesta composição sintática, os eventos denotados pelos verbos podem alternar entre uma forma simples, em que os participantes da reciprocidade são denotados por apenas um argumento (João e Maria conversaram), e uma forma descontínua, em que os participantes da reciprocidade são denotados por dois argumentos, sendo um deles preposicionado (João conversou com Maria). Contudo, Cançado et al. (2013) apresentam fortes argumentos de que os verbos recíprocos transitivos não formam uma classe verbal canônica no PB. Sendo assim, levantamos a hipótese de que os verbos recíprocos intransitivos, assim como os verbos recíprocos transitivos já analisados por Cançado et al. (2013), não formam uma classe verbal canônica no PB. A fim de verificar nossa hipótese, analisamos, por meio de testes semânticos e sintáticos, os 53 verbos recíprocos intransitivos coletados por Godoy (2008). Além disso, objetivamos propor possíveis representações semânticas para a(s) classe(s) dos verbos recíprocos intransitivos encontrada(s), valendo-nos da linguagem de decomposição de predicados primitivos. A partir de uma discussão sobre classe verbal e sobre o comportamento dos verbos recíprocos, nossa hipótese inicial foi corroborada: concluímos que os verbos recíprocos transitivos e intransitivos não podem ser considerados uma classe verbal, e que a reciprocidade não é uma propriedade relevante gramaticalmente. Ademais, fomos capazes de propor duas estruturas de decomposição de predicados para os verbos recíprocos intransitivos analisados, demonstrando que eles pertencem a duas classes distintas do PB, juntamente com outros tipos de verbos. Contribuímos para o campo de Interface Sintaxe-Semântica lexical, já que nos propusemos a investigar as propriedades semânticas dos verbos que possuem impacto na sintaxe. A partir disso, por fim, colaboramos para a descrição do sistema linguístico do PB a partir do agrupamento dos verbos recíprocos intransitivos em classes. Palavras-chave: verbos recíprocos; interface sintaxe-semântica; semântica lexical; decomposição de predicados.

7 ABSTRACT The object of study of this work is the intransitive reciprocal verbs in Brazilian Portuguese (BP). Following the research field of Syntax-Lexical Semantics Interface, we assume that semantic properties determine the syntactic behavior of verbs. Reciprocal verbs are treated in the linguistic literature as a single verb class for having a semantic property reciprocity that licenses a syntactic behavior: the simple-discontinuous alternation. In this syntactical composition, the events denoted by verbs can switch between a simple form, in which the participants of the reciprocity are denoted by only one argument (John and Mary talked), and a discontinuous form, in which the participants of the reciprocity are denoted by two arguments, and one of them is prepositioned (John talked to Mary). However, Cançado et al. (2013) have presented strong arguments showing that transitive reciprocal verbs do not form a canonical verb class in BP. Thus, we have hypothesized that intransitive reciprocal verbs, as transitive reciprocal verbs already analyzed by Cançado et al. (2013), do not form a canonical verb class in BP. In order to verify our hypothesis, we have analyzed, through semantic and syntactic tests, 53 intransitive reciprocal verbs, which had been collected by Godoy (2008). Moreover, we have intended to propose possible semantic representations for the classes of intransitive reciprocal verbs we have found, by means of predicate decomposition metalanguage. Through a discussion of verb classes and the behavior of reciprocal verbs, our initial hypothesis was confirmed: we concluded that the transitive and intransitive reciprocal verbs cannot be considered a verb class. We also concluded that reciprocity is not a grammatically relevant property. Furthermore, we were able to propose two predicate decomposition structures for the intransitive reciprocal verbs analyzed, demonstrating that they belong to two distinct classes of BP, along with other verbs. We contributed to the Syntax-Lexical Semantics Interface field, as we set out to investigate the semantic properties of verbs that have an impact on syntax. From this, finally, we contributed to the description of BP s linguistic system, by grouping the intransitive reciprocal verbs into classes. Keywords: reciprocal verbs; syntax-semantics interface; lexical semantics; predicate decomposition.

8 SUMÁRIO CAPÍTULO 1: APRESENTAÇÃO DO TRABALHO Introdução Objeto de estudo Hipótese, objetivos e justificativa Metodologia CAPÍTULO 2: REFERENCIAL TEÓRICO A Interface Sintaxe - Semântica Lexical A linguagem de decomposição de predicados primitivos Classes verbais CAPÍTULO 3: A ANÁLISE DOS VERBOS RECÍPROCOS INTRANSITIVOS DO PB A partícula se O aspecto lexical O objeto cognato A decomposição em predicados primitivos Os verbos recíprocos transitivos e intransitivos: uma classe verbal? CAPÍTULO 4: CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXO OS VERBOS RECÍPROCOS INTRANSITIVOS APÊNDICE ANÁLISE DOS VERBOS RECÍPROCOS INTRANSITIVOS... 73

9 9 CAPÍTULO 1: APRESENTAÇÃO DO TRABALHO Neste capítulo, introduzimos o nosso objeto de estudo, apresentamos nossos objetivos e hipóteses e descrevemos a metodologia utilizada em nossa pesquisa. 1.1 Introdução Este trabalho insere-se na linha de pesquisa de Interface Sintaxe-Semântica Lexical e, seguindo a proposta de autores como Fillmore (1970), Levin e Rappaport Hovav (1992, 1995), Cançado (2005, 2010), entre outros, partiremos do princípio de que as propriedades semânticas determinam o comportamento sintático dos verbos. Além disso, de acordo com esta linha de pesquisa, a partir de propriedades semântico-sintáticas compartilhadas, os verbos podem ser agrupados em classes (LEVIN, 1993; CANÇADO et al., 2013). Classes verbais são, portanto, conjuntos de verbos que compartilham propriedades semânticas e propriedades sintáticas. Os verbos recíprocos são tratados como uma classe de verbos na literatura por possuírem, em seu sentido, a informação semântica de reciprocidade entre dois participantes (CHAFE, 1971; FILLMORE, 1972; ILARI, 1987; RAJAGOPALAN, 1987; CROFT, 1991; DOWTY, 1991; GLEITMAN et al., 1996), que licencia uma construção sintática: a alternância simples-descontínua (GODOY, 2008). Segundo Godoy (2008), a reciprocidade é uma propriedade semântica comum aos verbos que são passíveis de alternar sua estrutura sintática entre duas formas: a forma simples e a forma descontínua. Esta propriedade se relaciona ao sentido idiossincrático do verbo, o qual tem impacto em sua sintaxe. Por ser capaz de licenciar uma construção sintática, a reciprocidade é considerada uma propriedade gramaticalmente relevante. Nesse sentido, a reciprocidade é uma relação semântica que o verbo estabelece entre os participantes do evento que descreve, quaisquer que sejam os papéis ou funções dos participantes nesse evento e qualquer que seja o tipo de evento (acional, processual, estativo etc.) (GODOY, 2008, p. 49). Godoy (2008) diferencia os verbos que contêm lexicalmente o sentido da reciprocidade de construções cuja interpretação é recíproca. Sendo assim, ela cita os autores que discutem temas relevantes para um estudo de verbos recíprocos em semântica (DIMITRIADIS, 2004, 2005; DIXON, 1992; HEIM et al., 1991; REINHART; SILONI, 2005; SILONI, 2001, 2007; WILLIAMS, 1991) e também em tipologia (MASLOVA; NEDJALKOV,

10 ; MASLOVA, 2007), que tratam de mecanismos de reciprocidade em sentenças com verbos não recíprocos lexicalmente. Observemos alguns exemplos de mecanismos de reciprocidade: (1) João beijou Maria e Maria beijou João. (2) João e Maria beijaram um ao outro. (3) João e Maria se beijaram. Em (1), temos uma expressão icônica da reciprocidade (MASLOVA; NEDJALKOV, 2005 apud GODOY, 2008), em que a repetição do verbo expressa a duplicidade do evento no mundo. Em (2) e (3), temos expressões não icônicas de reciprocidade, que são dadas gramaticalmente por meio de uma construção do tipo SN V um...o outro ou a partir da partícula se 1. Nas sentenças de (1) a (3), a noção de reciprocidade se dá de forma composicional, e não lexical, uma vez que ela ocorre a partir da composição e da organização dos itens da sentença. Neste trabalho, não analisaremos os mecanismos de reciprocidade, mas focalizaremos os verbos que possuem, marcada no léxico, a propriedade de reciprocidade, seguindo Dixon (1992), Siloni (2001, 2007) e Godoy (2008). Nesse sentido, intencionamos contribuir para os estudos na Interface Sintaxe-Semântica Lexical, por meio de uma análise e de uma discussão a respeito do comportamento sintático e semântico dos verbos lexicalmente recíprocos. No português, consideraremos como exemplos de verbos recíprocos marcados lexicalmente, seguindo o estudo de Godoy (2008), aqueles que possuem, além do traço de reciprocidade propriedade semântica relacionada ao sentido idiossincrático do verbo, uma possibilidade de dupla ocorrência sintática. Essa capacidade de alternância é chamada pela autora de alternância simples-descontínua e é ela que reúne esses verbos em uma única classe. Verbos como dialogar, brigar e negociar são caracterizados por possuírem uma reciprocidade lexical. Nesse sentido, eles alternam entre as formas simples, em que os participantes da reciprocidade são necessariamente denotados por um argumento plural, e descontínua, em os participantes são denotados por dois argumentos, sendo um deles introduzido na sintaxe por preposição (GODOY, 2008). Exemplificamos essa alternância abaixo:

11 11 (4) a. O Carlos e o seu chefe dialogaram. forma simples b. O Carlos dialogou com o seu chefe. forma descontínua (5) a. O João e o Carlos brigaram. forma simples b. O João brigou com o Carlos. forma descontínua (6) a. O dentista e o cliente negociaram a consulta. forma simples b. O dentista negociou a consulta com o cliente. forma descontínua As sentenças de (4) a (6) expressam reciprocidade, porém, não fazem uso de mecanismos composicionais para isso: não há repetição do verbo ou acréscimo de partículas ou sintagmas que denotem reciprocidade. Sendo assim, os verbos dialogar, brigar e negociar são verbos que possuem, em sua entrada lexical, o sentido de reciprocidade, não sendo essa propriedade semântica veiculada a partir de uma construção sentencial, mas de maneira não composicional. Segundo Godoy (2008), para que um verbo seja classificado como recíproco, seu argumento-sujeito na forma simples deve sempre apontar um conjunto de participantes no mundo, em uma denotação plural, mesmo que o SN seja morfossintaticamente singular na sentença. A autora apresenta o seguinte exemplo (GODOY, 2008, p. 35): (7) O casal flertou. (8) *João flertou. (9) Eles flertaram. Em (7), o casal denota mais de um participante no mundo, apesar de ser morfossintaticamente singular. A sentença em (8) é agramatical, uma vez que João é um argumento singular. Em (9), a denotação é plural a partir de um argumento que, mesmo morfossintaticamente, é plural. De maneira semelhante, quando o verbo denota reciprocidade não a seu sujeito, mas ao seu objeto, o argumento-objeto na forma simples é que deve ter uma denotação plural, como notamos no exemplo abaixo (GODOY, 2008, p. 83, grifo meu): (10) O pedreiro nivelou os pisos. 1 Devemos atentar para o fato de que o clítico se é uma marca ambígua, podendo expressar tanto reciprocidade

12 12 Com relação à forma descontínua, não há exigência quanto à denotação dos argumentos. Sendo assim, os participantes denotados podem ser singulares ou plurais nos dois argumentos (GODOY, 2008, p. 35 e p. 83): (11) a. O rapaz flertou com a garota. b. Os rapazes flertaram com as garotas. (12) a. O pedreiro nivelou o piso da sala com o piso da cozinha. b. Os pedreiros nivelaram os pisos da sala com os pisos da cozinha. As sentenças acima são gramaticais: em (a), cada um dos dois argumentos denota apenas um participante; em (b), ambos denotam uma pluralidade de participantes. Em suma, para que um verbo seja classificado como recíproco, segundo Godoy (2008), ele deve: - possuir a propriedade lógico-semântica de reciprocidade entre dois participantes; - exigir um argumento-sujeito com denotação plural na forma simples, quando denotar reciprocidade ao seu argumento-sujeito ou exigir um argumento-objeto plural na forma simples, quando denotar reciprocidade ao seu argumento-objeto; - ser passível de ocorrer na alternância simples-descontínua. 1.2 Objeto de estudo Como vimos, os verbos recíprocos são tratados, na literatura, como parte de uma só classe por possuírem, em seu sentido, a informação semântica de reciprocidade entre dois participantes (CHAFE, 1971; FILLMORE, 1972; ILARI, 1987; RAJAGOPALAN, 1987; CROFT, 1991; DOWTY, 1991; GLEITMAN et al., 1996). Segundo Godoy (2008), a reciprocidade é uma propriedade semântica que pertence a um componente de natureza lógica do significado dos verbos recíprocos. Para explicitar o funcionamento desse componente lógico, Godoy (2008) cita o estudo de Heim et al. (1991) a respeito da anáfora each other, que se estende, para o PB (português brasileiro), ao uso da partícula se. Vejamos o exemplo abaixo: quando reflexividade (MASLOVA, 2007 apud GODOY, 2008), além de outros sentidos.

13 13 (13) The kids like each other. As crianças se gostam. Podemos observar que a construção em (13) é recíproca, mas formada a partir de um verbo não recíproco. O verbo like gostar não pressupõe uma reciprocidade entre seus participantes, uma vez que se pode imaginar o seguinte evento no mundo: (14) John likes Mary, but Mary does not like John. O João gosta de Maria, mas a Maria não gosta de João. Podemos dizer que o verbo gostar não possui, marcado em sua entrada lexical, a propriedade semântica de reciprocidade, visto que sua reciprocidade pode ser negada ou cancelada, como foi feito na sentença em (14). Heim et al. (1991) apud Godoy (2008) propõem que each other e se são operadores lógicos chamados de reciprocators reciprocadores, os quais realizam uma relação lógica entre os participantes do evento. De maneira paralela, Williams (1991) apud Godoy (2008, p. 50) apresenta evidências de que existe um operador intrínseco aos verbos recíprocos, quando cita o verbo collide 2 e demonstra sua agramaticalidade com o operador lógico each other: (15) *They collided each other. Eles colidiram se Verbos do tipo collide designam uma relação de reciprocidade lexical, diferentemente da construção recíproca demonstrada em (13). Sendo assim, a sentença em (15) é agramatical, já que apresenta um verbo que possui uma reciprocidade intrínseca, seguida de um operador de função reciprocadora, resultando em redundância. Sendo assim, é seguindo a ideia de Williams (1991) a respeito da existência de um operador intrínseco aos verbos lexicalmente recíprocos que Godoy considera que a reciprocidade é uma propriedade semântica pertencente a um componente lógico do sentido desses verbos. 2 Para o português, seria necessário um estudo mais profundo a respeito do verbo colidir, uma vez que ele é encontrado de forma gramatical com a partícula se, como em: Dois trens de passageiros se colidiram em uma zona rural na região de Puglia, na Itália (Fonte:

14 14 Seguindo Dixon (1992), Siloni (2001, 2007) e Godoy (2008), focalizaremos, neste trabalho, os verbos que possuem, marcada no léxico, a propriedade de reciprocidade, a exemplo do verbo collide apresentado por Williams (1991). Não trabalharemos, portanto, com os mecanismos de construção sintática da ideia de reciprocidade. Ademais, assumiremos, nesta monografia, juntamente com Cançado et al. (2013), que a reciprocidade está contida no sentido idiossincrático dos verbos recíprocos. De acordo com Godoy (2008), a reciprocidade é uma propriedade semântica partilhada pelos verbos que alternam entre as formas simples e descontínua e, por isso, ela é considerada uma propriedade relevante gramaticalmente. Sendo assim, segundo a autora, apesar de os verbos recíprocos apresentarem diferentes transitividades e não compartilharem uma mesma estruturação temática, o que os identifica em uma única classe é o fato de compartilharem a característica sintática de ocorrência em uma forma simples (um argumento plural) e em uma forma descontínua (dois argumentos, um em sua posição original e outro preposicionado, em posição de adjunção). Observemos as sentenças abaixo, construídas com os verbos recíprocos negociar, misturar e combinar: (16) a. O Jorge e o vendedor negociaram o carro. forma simples b. O Jorge negociou o carro com o vendedor. forma descontínua (17) a. O cozinheiro misturou os ovos e a farinha. forma simples b. O cozinheiro misturou os ovos com a farinha. forma descontínua (18) a. Preto e vermelho combinam. forma simples b. Preto combina com vermelho. forma descontínua Em (16a), temos um verbo recíproco transitivo que denota reciprocidade ao seu argumento externo (Jorge e o vendedor). Em (17a), temos um verbo recíproco transitivo que denota reciprocidade ao seu argumento interno (os ovos e a farinha). Em (18a), temos um verbo recíproco intransitivo que denota reciprocidade ao seu argumento externo (preto e vermelho). Podemos observar, portanto, que há verbos recíprocos tanto transitivos quanto intransitivos. Esse fato evidencia que a razão pela qual esses verbos formam uma classe não está relacionada à sua transitividade (GODOY, 2008). Além disso, segundo Godoy (2008), os verbos recíprocos podem atribuir diferentes papéis temáticos aos seus argumentos. Em (16a), o verbo negociar atribui aos participantes da

15 15 reciprocidade (Jorge e o vendedor) o papel temático de agente 3. Em (17a), o verbo misturar atribui aos participantes da reciprocidade (os ovos e a farinha) o papel temático de paciente 4. Em (18a), o verbo combinar atribui aos participantes da reciprocidade (vermelho e preto) o papel temático de objeto estativo 5. A partir disso, podemos afirmar, juntamente com Godoy (2008), que também não é sua configuração temática que agrupa os verbos recíprocos em uma mesma classe. A propriedade semântica que determina o comportamento sintático da classe dos verbos recíprocos é a reciprocidade, uma relação que o verbo estabelece entre os participantes do evento que descreve, quaisquer que sejam os papéis ou funções dos participantes nesse evento e qualquer que seja o tipo de evento (acional, processual, estativo etc.) (GODOY, 2008, p. 49). Segundo Godoy (2008), para identificar um verbo recíproco, não basta apenas dizer que ele ocorre nas formas simples e descontínua, uma vez que há outros verbos que podem ocorrer nesse tipo de construção. Vejamos os exemplos abaixo: (19) a. A mãe e o bebê dormiram. b. A mãe dormiu com o bebê. (20) a. Mike Tyson e Evander Holyfield lutaram. b. Mike Tyson lutou com Evander Holyfield. Em (19) e (20), temos exemplos de verbos que, de maneira similar, parecem ocorrer na alternância simples-descontínua: em (a), os participantes do evento são denotados por um argumento plural, caracterizando a forma simples; em (b), os participantes são denotados por dois argumentos, sendo um deles preposicionado, o que caracteriza a forma descontínua. No entanto, seguindo a análise de Godoy (2008) apenas o verbo lutar, em (20), é recíproco. Para chegar a essa conclusão, Godoy (2008) propõe um teste para identificar os verbos lexicalmente recíprocos: um verbo é recíproco se a sua forma simples acarreta sentenças descontínuas. A fim de se compreender a escolha da autora pelo acarretamento como instrumento de análise, faz-se necessário compreender, primeiramente, a definição de acarretamento. 3 Agente é o desencadeador de alguma ação, que age com controle (CANÇADO; AMARAL, 2016). 4 Paciente é a entidade que sofre o efeito de alguma ação, havendo mudança de estado (CANÇADO; AMARAL, 2016). 5 Objeto estativo é uma entidade ou situação à qual se faz referência, sem que essa desencadeie a ação ou seja afetada por ela (CANÇADO; AMARAL, 2016).

16 16 Acarretamento é uma relação lógica entre duas sentenças em que, se a primeira delas é verdadeira, a segunda deve ser necessariamente verdadeira, ou seja, a verdade da segunda advém necessariamente da verdade da primeira (CANÇADO, 2009, p. 44). Por causa disso, não é possível, ao mesmo tempo, afirmar a primeira sentença e negar a segunda, de modo a obter uma terceira sentença não contraditória. Observemos um exemplo claro de acarretamento: (21) a. O João comeu uma maçã. b. O João comeu uma fruta. c. O João comeu uma maçã, mas o João não comeu uma fruta 6. Em (21c), afirmamos a primeira sentença (21a), negamos a segunda (21b) e obtivemos uma terceira sentença contraditória. Isso quer dizer que (21a) acarreta (21b), ou seja, o sentido da sentença (21b) está contido no sentido de (21a). Aplicando o teste do acarretamento às sentenças em (19), temos que se é verdade que a mãe e o bebê dormiram, não é necessariamente verdade que a mãe dormiu com o bebê, ou seja, o verbo dormir não é recíproco, já que sua sentença na forma simples (19a), não acarreta sua sentença na forma descontínua (19b). No entanto, aplicando o teste do acarretamento às sentenças em (20), temos que se é verdade que Mike Tyson e Evander Holyfield lutaram, também não é necessariamente verdade que Mike Tyson lutou com Evander Holyfield. Sendo assim, a partir do teste do acarretamento proposto por Godoy (2008) para diferenciar verbos recíprocos de verbos não recíprocos, o verbo lutar, assim como dormir, não seria considerado um verbo recíproco, uma vez que sua sentença na forma simples (20a) não acarreta sua sentença na forma descontínua (20b). Esse resultado difere da análise de Godoy (2008), em que apenas o verbo lutar, em (20), foi considerado recíproco. Observe que vamos, agora, afirmar a primeira sentença, negar a segunda e observar se a sentença obtida é contraditória: (22) A mãe e o bebê dormiram, mas a mãe não dormiu com o bebê. (23) Mike Tyson e Evander Holyfield lutaram, mas Mike Tyson não lutou com Evander Holyfield. 6 O símbolo indica contradição (Cann, 1993).

17 17 Podemos notar que tanto a sentença em (22) quanto a sentença em (23) não são contraditórias. Abaixo, ilustramos a ausência de acarretamento: (24) A mãe e o bebê dormiram. ~ A mãe dormiu com o bebê 7. (25) Mike Tyson e Evander Holyfield lutaram. ~ Mike Tyson lutou com Evander Holyfield. Se os verbos dormir e lutar, em sua forma simples, não acarretam suas sentenças descontínuas, então, nenhum dos dois, segundo esse teste, poderia ser classificado como recíproco. Isso demonstra que o teste do acarretamento proposto por Godoy (2008) não se mostra eficiente na diferenciação de um verbo que pertence à classe dos verbos recíprocos, lutar, e um verbo que não pertence a essa classe, dormir. Abaixo, demonstramos mais exemplos do teste do acarretamento em verbos classificados como recíprocos: (26) a. Gabriel e Jorge interagiram na festa. forma simples b. Gabriel interagiu com Jorge na festa. forma descontínua c. Gabriel e Jorge interagiram na festa, mas Gabriel não interagiu com Jorge na festa. negação da sentença na forma descontínua d. Gabriel e Jorge interagiram na festa. ~ Gabriel interagiu com Jorge na festa. acarretamento (27) a. O João e a Maria namoram. forma simples b. João namora com a Maria. forma descontínua c. O João e a Maria namoram, mas o João não namora com a Maria. negação da sentença na forma descontínua d. O João e a Maria namoram. ~ João namora com a Maria. acarretamento (28) a. Gabriel e João jogam futebol. forma simples b. Gabriel joga futebol com o João. forma descontínua c. Gabriel e João jogam futebol, mas Gabriel não joga futebol com o João. negação da sentença na forma descontínua 7 O símbolo ~ indica a ausência de acarretamento (Cann, 1993).

18 18 d. Gabriel e João jogam futebol. ~ Gabriel joga futebol com o João. acarretamento (29) a. Batman e Robin duelaram forma simples b. Batman duelou com Robin. forma descontínua c. Batman e Robin duelaram, mas Batman não duelou com Robin. negação da sentença na forma descontínua d. Batman e Robin duelaram. ~ Batman duelou com Robin. acarretamento Por meio dos exemplos apresentados acima, podemos notar que as sentenças na forma simples dos verbos ilustrados, não acarretam suas sentenças descontínuas, uma vez que as sentenças em (c) não são contraditórias. Nesse sentido, por meio do teste do acarretamento, os verbos de (26) a (29), analisados por Godoy (2008) como pertencentes à classe dos verbos recíprocos, não poderiam ser assim agrupados. Isso é uma evidência de que não é tarefa fácil diferenciar a reciprocidade sintática, exemplificada em (19), da reciprocidade lexical, exemplificada em (20), já que, como foi demonstrado, o comportamento de ambas em relação ao acarretamento é o mesmo. A conclusão a que chegamos é que o acarretamento, instrumento formal de análise adotado por Godoy (2008), não se mostra adequado na diferenciação dos dois tipos de reciprocidade. Como vimos, os verbos lexicalmente recíprocos têm uma exigência sintática: seu argumento na forma simples deve indicar um conjunto de participantes, em uma denotação plural, mesmo que o SN seja morfossintaticamente singular na sentença (GODOY, 2008). No entanto, observemos as sentenças abaixo, em que essa regra não parece funcionar de maneira categórica: (30) João interagiu na festa. (31) Mike Tyson lutou ontem à tarde. (32) Gabriel namora há 3 anos. (33) Galvão Bueno comentou a partida de futebol. (34) Juliana discutiu os resultados de sua dissertação. (35) Jorge joga futebol todas as quartas. (36) O pedreiro nivelou o piso. (37) O eletricista conectou o fio.

19 19 De (30) a (35), temos exemplos de verbos que denotam reciprocidade ao seu AE (argumento externo). Em (36) e em (37), temos exemplos de verbos que denotam reciprocidade ao seu AI (argumento interno). Podemos notar, nas sentenças de (30) a (35), que nem todos os verbos classificados por Godoy (2008) como lexicalmente recíprocos exigem, necessariamente, que seu AE tenha uma denotação plural. Da mesma forma, em (36) e em (37), temos exemplos de verbos lexicalmente recíprocos que não exigem que seu AI tenha uma denotação plural. Essa evidência reforça a ideia de que não é simples entender o porquê de esses verbos estarem agrupados em uma mesma classe e, além disso, demonstra a dificuldade de se determinar quando um verbo deve ou não ser considerado lexicalmente recíproco. Neste trabalho, faremos um recorte e tomaremos como objeto de estudo apenas os verbos recíprocos intransitivos. Sendo assim, nossa análise não se estenderá aos verbos transitivos, como negociar e misturar, ilustrados em (16) e (17), mas aos verbos intransitivos como combinar, em (18). Vejamos mais exemplos de verbos recíprocos intransitivos, nosso objeto de análise: (38) a. O João e sua irmã brigaram. b. O João brigou com sua irmã. (39) a. O noivo e a noiva brindaram. b. O noivo brindou com a noiva. (40) a. Cristina e Marta dialogaram. b. Cristina dialogou com Marta. (41) a. Preto e vermelho combinam. b. Preto combina com vermelho. (42) a. Os horários de trabalho de Cristina e Marta coincidem. b. O horário de trabalho de Cristina coincide com o de Marta. (43) a. Os versos dessa música rimam. b. Esse verso dessa música rima com aquele outro. Em (a), exemplificamos as sentenças na forma simples; em (b), exemplificamos as sentenças na forma descontínua. 1.3 Hipótese, objetivos e justificativa

20 20 Godoy (2008), em uma reflexão a respeito da noção de classe verbal, chega à conclusão de que a propriedade sintática que reúne os verbos recíprocos em uma única classe verbal gramatical é a alternância entre as formas simples e descontínua, não a sua transitividade. Além disso, para a autora, a propriedade semântica associada a esse comportamento sintático é a reciprocidade, uma propriedade lógica, não temática. Neste trabalho, reforçamos, ainda, que a reciprocidade pertence ao sentido idiossincrático dos verbos recíprocos. Em um trabalho mais recente, no entanto, Cançado et al. (2013) mostram que os verbos recíprocos não pertencem a uma mesma classe, diferenciando verbos do tipo conversar, que são intransitivos e não acarretam um resultado final, de verbos como misturar, que são bieventivos 8 e acarretam ficar estado como resultado final, participando da alternância causativo-incoativa 9 (CANÇADO et al., 2013). Lembrando que, na análise de Godoy (2008), ambos os verbos foram considerados como pertencentes à mesma classe dos verbos recíprocos do PB. Observemos o comportamento dos verbos conversar e misturar abaixo: (44) a. Aquela garota conversou muito com a colega na aula ontem. forma causativa b. *Aquela garota ficou conversada. acarretamento ficar estado c. *A colega (se) conversou 10. forma incoativa (45) a. O cozinheiro misturou o ovo com a farinha. forma causativa b. O ovo e a farinha ficaram misturados. acarretamento ficar estado c. O ovo e a farinha (se) misturaram. forma incoativa A partir dos exemplos em (44) e em (45), podemos notar a diferença de comportamento entre os verbos conversar e misturar. Na alternância causativo-incoativa, temos um processo de intransitivização em que o sujeito é apagado e o objeto passa para sua posição. Apenas o verbo misturar, em (45), aceita essa alternância. O comportamento sintático-semântico 8 Verbos bieventivos são aqueles que denotam um evento complexo, composto por dois subeventos, normalmente, um subevento de ação e um subevento de resultado. 9 Processo de intransitivização que permite que um verbo alterne entre uma estrutura transitiva (causativa), e uma estrutura intransitiva (incoativa). A sentença O cozinheiro misturou o ovo com a farinha pode alternar para a forma O ovo e a farinha (se) misturaram, pois o verbo misturar é passível de ocorrer na alternância causativoincoativa. Já a sentença Aquela garota conversou muito com a colega na aula ontem não pode alternar para a forma *A colega conversou, visto que o verbo conversar barra a alternância causativo-incoativa.

21 21 distinto entre os verbos conversar e misturar é uma evidência de que eles não devem ser tomados como pertencentes a uma mesma classe (CANÇADO et al., 2013). Além disso, Cançado et al. (2013) assumem que a alternância simples-descontínua não é uma propriedade sintática específica dos verbos recíprocos. As autoras citam o verbo transitivo roubar (CANÇADO et al., 2013, p. 65), e podemos citar, também, o verbo intransitivo jantar. Esses verbos não são verbos recíprocos, mas apresentam uma alternância similar à simples-descontínua, como já mostramos para dormir: (46) a. João e Maria roubaram a loja. b. João roubou a loja com Maria. (47) a. Cristina e Jorge jantaram. b. Cristina jantou com Jorge. Apesar de os verbos roubar e jantar acima não exigirem um argumento-sujeito plural e não possuírem a propriedade semântica de reciprocidade, em (a), eles aparecem em sentenças na forma simples e, em (b), em uma forma descontínua. A partir disso, Cançado et al. (2013) ilustram que a alternância simples-descontínua não é uma composição sintática comum apenas aos verbos recíprocos, podendo ocorrer com diferentes tipos de verbos no PB. Sendo assim, de acordo com a análise das autoras, os verbos recíprocos transitivos pertencem à ampla classe dos verbos de mudança de estado no PB, mais especificamente, à classe dos verbos de mudança de estado opcionalmente volitivos 11, junto a outros verbos do PB (CANÇADO et al., 2013). Dentro da classe de mudança de estado do PB, foram agrupados os verbos recíprocos transitivos do tipo misturar, tais como conectar, desgrudar e entrelaçar, bem como outros verbos, não recíprocos, tais como quebrar, abrir e congelar. Todos esses verbos foram agrupados em uma mesma classe verbal por possuírem um comportamento semântico-sintático semelhante: como vimos, os verbos desta classe são bieventivos, acarretam ficar estado como resultado final, e participam da alternância causativo-incoativa. Neste trabalho, nossa hipótese inicial é a de que os verbos recíprocos intransitivos, assim como os verbos recíprocos transitivos analisados por Cançado et al. (2013), não formam uma única classe verbal no PB. Esta postulação baseia-se nas evidências apontadas 10 Essa sentença é agramatical no sentido de que a colega é o paciente da ação do verbo.

22 22 pelas autoras, que mostram que tais verbos possuem um funcionamento semântico-sintático distinto. Na seção 1.2, também foram apresentadas novas evidências de que o agrupamento desses verbos não é simples de ser justificado: o teste do acarretamento proposto por Godoy (2008) não foi suficiente para separar os verbos lexicalmente recíprocos daqueles cuja reciprocidade é sintática. Ademais, a argumentação de que os verbos lexicalmente recíprocos requerem, de maneira obrigatória, um argumento com denotação plural na posição de AE ou de AI em sua forma simples, não se mostrou válida para todos os verbos classificados como recíprocos por Godoy (2008). Este trabalho se insere em um amplo programa de pesquisa sobre a descrição e análise do léxico verbal do PB, que vem sendo desenvolvido pelo Nupes 12. Tendo em vista a hipótese levantada, nosso objetivo geral é contribuir para a descrição do sistema linguístico do PB por meio da análise do comportamento semântico-sintático dos verbos recíprocos, que foram considerados por muitos autores como pertencentes a uma classe verbal única. Para que a nossa hipótese seja verificada, temos como objetivos específicos: 1. Analisar os verbos recíprocos intransitivos do PB, a partir do levantamento feito por Godoy (2008). 2. Verificar se os verbos recíprocos intransitivos podem ser agrupados em uma única classe verbal canônica, do tipo medium-grained 13, que compartilhe as mesmas propriedades semânticas e sintáticas, por meio de testes sintáticos e semânticos. 3. Propor possíveis representações semânticas para a(s) classe(s) dos verbos recíprocos intransitivos por meio da linguagem de decomposição de predicados primitivos Discutir o conceito de reciprocidade, por meio da investigação do comportamento dos verbos classificados por Godoy (2008) como recíprocos. Visto que a propriedade da reciprocidade está presente em verbos que apresentam um funcionamento semântico-lexical distinto, parece-nos relevante descrever e definir o funcionamento dos verbos recíprocos intransitivos, da maneira como fazem Cançado et al. 11 Os verbos opcionalmente volitivos são aqueles cujo argumento-sujeito pode agir ou não com intenção. 12 Núcleo de Pesquisa em Semântica Lexical da FALE/UFMG: 13 Medium-grained é um dos níveis de análise para a classificação verbal proposto por Cançado e Gonçalves (2016). Segundo as autoras, para que um grupo de verbos seja classificado a partir deste nível, é necessário que eles possuam toda a estrutura semântica idêntica, e não apenas parte dela. Esta noção será explicada com detalhes no capítulo A decomposição de predicados primitivos será explicitada no capítulo 2.

23 23 (2013) com relação aos verbos recíprocos transitivos que pertencem à classe dos verbos de mudança de estado. Nesse sentido, a realização dessa pesquisa se justifica uma vez que nos propomos a analisar por qual(is) classe(s) os verbos recíprocos intransitivos do PB se distribuem. Além disso, o que motiva esta pesquisa é verificar o estatuto da reciprocidade enquanto propriedade semântico-lexical, ou seja, verificar se ela é uma propriedade gramaticalmente relevante no PB. 1.4 Metodologia Os dados apresentados neste trabalho foram coletados por meio de uma pesquisa realizada por Godoy (2008), a partir do Dicionário Gramatical de Verbos do Português Contemporâneo do Brasil, de Borba (1990) 15. A autora listou, dos 5000 verbos de Borba, cerca de 200 verbos recíprocos, dentre os quais foram escolhidos 126 para sua análise, tendo os outros sido excluídos por falta de intuição. Como nos propusemos a trabalhar apenas com os verbos recíprocos intransitivos, foram selecionados, da pesquisa de Godoy (2008), um total de 53 verbos. Destes verbos, foram utilizados, nesta pesquisa, apenas Dos 22 verbos que foram eliminados de nossa análise, 7 são verbos sobre os quais não tínhamos intuição, como, por exemplo, conchavar, confabular e mancomunar. Os 15 verbos restantes foram eliminados uma vez que consideramos que eles não são basicamente intransitivos, mas transitivos. Cançado e Amaral (2010) discutem diferentes propostas de alguns autores a respeito do clítico se, como Kaine (1975), Grimshaw (1982), Reinhart e Siloni (2005), Kemmer (1993), Maldonado (1999), Chierchia (2004) e Koontz-Garboden (2009). A partir de uma análise dessas propostas, as autoras propõem que os verbos basicamente transitivos que podem sofrer intransitivização são marcados morfologicamente com o clítico se. Nesse sentido, as autoras assumem que existem verbos que são basicamente transitivos e verbos que são basicamente intransitivos, ou seja, os verbos teriam, segundo sua proposta, uma forma básica e uma derivada. Segundo Haspelmath (1993) apud Cançado e Amaral (2016), a forma derivada de uma sentença é sempre marcada, seja sintática, fonológica ou morfologicamente. Cançado e Amaral (2016) argumentam que, nas línguas 15 Desenvolvido por uma equipe de professores da Unesp, este dicionário apresenta uma lista de verbos do PB, tendo sido elaborado a partir de uma coleta exaustiva de dados de língua escrita. 16 Esses verbos encontram-se listados no anexo desta monografia.

24 24 românicas, se o clítico se aparece marcando a forma intransitiva de uma sentença, isso significa que ela é a forma derivada, e sua contraparte transitiva é a forma básica. Vejamos um exemplo: (48) a. A janela (se) fechou 18. forma derivada b. O vento fechou a janela. forma básica Visto que verbo fechar acima aceita a partícula se em sua forma intransitiva (48a), dizemos que fechar é um verbo de forma básica transitiva (48b), o qual pode sofrer uma intransitivização. Além disso, vimos, na seção 1.2, que o se é um operador lógico com função reciprocadora (HEIM et al., 1991 apud GODOY, 2008). Seguindo Williams (1991) apud Godoy (2008), mostramos o verbo collide e sua agramaticalidade com o reciprocador each other (*They collided each other). A partir disso, podemos concluir que sentenças com verbos lexicalmente recíprocos são agramaticais quando acrescidas do se. Isso pode ser explicado pelo fato de que verbos lexicalmente recíprocos já possuem, marcada em sua entrada lexical, a propriedade de reciprocidade. Portanto, quando se juntam a outro operador com função reciprocadora, como o se, formam uma sentença redundante. Sendo assim, neste trabalho, consideramos como verbos basicamente intransitivos, nosso objeto de estudo, apenas aqueles que não aceitam, em sua forma intransitiva, o clítico se. Assumimos, portanto, que o clítico se marca que a forma intransitiva do verbo é derivada, não sendo sua forma básica. Ademais, assumimos que o se deve ser agramatical e redundante em uma sentença com um verbo lexicalmente recíproco. Verbos como harmonizar, confraternizar, entrosar e contrastar, por aceitarem o clítico se, foram eliminados de nossa análise. Eles são, então, basicamente transitivos. Além disso, por aceitarem a partícula se, colocamos em dúvida o fato de esses verbos serem lexicalmente recíprocos 19. Abaixo, apresentamos alguns exemplos reais dessas ocorrências, encontradas a partir de uma pesquisa no Google: 17 A análise destes verbos encontra-se no apêndice desta monografia. 18 Em alguns dialetos, a partícula se pode ser apagada. 19 Um estudo mais a fundo sobre o fato de os verbos eliminados de nossa análise não serem lexicalmente recíprocos fica em aberto para trabalhos futuros. Apenas apresentamos evidências de que esses verbos não podem

25 25 (49) Quando o Direito é obedecido, as relações sociais se harmonizam (trecho retirado do discurso de Michel Temer) 20. [grifo nosso] (50) Servidores do Inpa se confraternizam durante o encerramento da 1ª Semana de Qualidade Vida no Trabalho (manchete de notícia) 21. [grifo nosso] (51) Novatos do Linense se entrosam com nova equipe (legenda de vídeo retirada do site globo.com) 22. [grifo nosso] (52) Se você aplicar uma segunda cor para acentuar o trabalho assegure-se de que as cores se contrastam (retirado do livro Design Para Quem Não é Designer, de Robin Williams). [grifo nosso] Conversar, lutar, coincidir e rimar, por sua vez, são alguns exemplos dos verbos recíprocos basicamente intransitivos que foram tomados como objeto de análise deste trabalho. Esses verbos não aceitam a partícula se em sua forma intransitiva. Podemos notar que as sentenças formadas por esses verbos, em que é acrescentada a partícula se, ficam agramaticais: (53) *As crianças se conversaram. (54) * Mike Tyson e Evander Holyfield se lutaram. (55) * O casal se convive bem. (56) * Esse verso se rima. Observamos o comportamento dos 31 verbos recíprocos intransitivos com o intuito de verificar se eles compartilhavam as mesmas propriedades sintáticas e semânticas e, para isso, analisamos seu aspecto lexical, sua estrutura argumental e suas possíveis construções sintáticas. Além disso, fizemos uso de alguns testes sintático-semânticos que consideramos relevantes para observar se esses verbos possuem um comportamento similar, os quais envolveram observar se eles aceitam um objeto cognato, tentar formular paráfrases desses verbos, e tentar encontrar sua parte idiossincrática. Os verbos analisados passaram por julgamentos de aceitabilidade feitos, primeiramente, a partir de nossa intuição de falantes do ser considerados em nossa análise. Na defesa desta monografia, a Professora Letícia Meirelles notou que o se parece marcar a reciprocidade, mas apenas quando esta é acompanhada de uma mudança na transitividade verbal. 20 Disponível no site: 21 Disponível no site: 22 Disponível no site:

26 26 PB. Além disso, para confirmar nossa intuição, realizamos buscas no site Google na tentativa de encontrar ocorrências reais de nossos dados. Parece importante justificar a nossa escolha por um estudo metodológico pautado em nossa intuição de falantes, e não em dados de fala reais da língua. A introspecção, tratamento da linguagem conhecido desde Chomsky (1957), é o fator que nos possibilita o trabalho com dados negativos, ou seja, com sentenças agramaticais. Isso seria impossível a partir de um corpus com dados de fala reais. Além disso, como alegam Cançado et al. (2013), seria inviável a busca, por meio de corpora, de todos os tipos de sentenças que pretendíamos analisar. Utilizamos como abordagem teórica a decomposição de predicados, que será apresentada no capítulo 2. Essa metalinguagem foi utilizada de maneira a representar o sentido lexical dos verbos analisados. Apresentamos, ao final deste trabalho, um anexo com os 53 verbos recíprocos intransitivos coletados por Godoy (2008) e evidenciamos quais foram os verbos eliminados de nossa análise. Além disso, apresentamos um apêndice contendo os 31 verbos escolhidos para a elaboração desta pesquisa, juntamente com suas informações semântico-sintáticas relevantes.

27 27 CAPÍTULO 2: REFERENCIAL TEÓRICO Neste capítulo descrevemos o arcabouço teórico que subjaz nossa pesquisa. Para tanto, mostraremos quais os pressupostos básicos das abordagens na Interface Sintaxe- Semântica Lexical; explicitaremos o conceito de classe verbal e descreveremos o funcionamento da linguagem de decomposição de predicados primitivos, que é a metalinguagem utilizada nesta pesquisa. 2.1 A Interface Sintaxe - Semântica Lexical A Semântica Representacional surge na literatura linguística com a preocupação de relacionar a língua com os construtos e representações mentais dos falantes. Cançado e Amaral (2016) apresentam o tipo de abordagem que se faz nessa área. Segundo as autoras, é levado em conta, na Semântica Representacional, o significado cognitivo, mas não as relações da língua com o mundo. A Semântica Lexical se insere em uma abordagem representacional, contando com duas principais correntes de estudo, sendo que uma delas possui um viés estruturalista, e a outra lida com a interface entre a semântica e a sintaxe. A Semântica Estruturalista, que tem sua origem junto aos estudos de Saussure (2006 [1916]), lida com as noções de campo semântico, análise componencial e relações entre palavras, tais como hiponímias e polissemias. Seu foco é, portanto, o estudo do sentido das palavras e suas correlações (CANÇADO; AMARAL, 2016). A Interface Sintaxe-Semântica Lexical, por sua vez, irrompe na década de 60, com os estudos de Fillmore (1968, 1970, 1971). Esse campo centra-se na postulação de que há uma relação ordenada entre papéis semânticos e sintáticos e procura investigar quais propriedades semânticas são gramaticalmente relevantes, ou seja, se propõe a averiguar quais propriedades semânticas determinam o comportamento sintático dos verbos. Segundo Cançado e Amaral (2016), a alternância verbal ou alternância de diátese faz referência a diferentes formas de a língua organizar sua estrutura sintática. A partir dela, demonstram-se evidências de que existem propriedades sintáticas cuja ocorrência possui restrições semânticas. Com a intenção de compreender de que maneira se dão as alternâncias verbais, os semanticistas lexicais fazem uso de noções como as de papel temático, de aspecto lexical e de decomposição de predicados.

28 28 A alternância causativo-incoativa, por exemplo, configura-se como um processo semântico-lexical no qual o verbo alterna sua estrutura argumental entre as formas transitiva e intransitiva (CANÇADO et al., 2013). Em termos de papel temático, por exemplo, sua ocorrência apenas é possível se, na estrutura argumental de um verbo transitivo, tivermos um AE com o papel temático de causa 1 e um AI com o papel temático paciente. Isso se configura como uma evidência de que a semântica do verbo é capaz de determinar sua configuração sintática. Podemos observar que um verbo como quebrar, cuja estrutura argumental é {Causa, Paciente}, pode alternar entre as formas causativa e incoativa/intransitiva, como demonstramos em (1). Em contrapartida, o verbo pagar, cuja estrutura argumental é {Agente, Beneficiário 2 }, não ocorre na forma incoativa, o que é ilustrado em (2): (1) a. O João queimou o papel. forma causativa b. O papel (se) queimou. forma incoativa (2) a. O dono da loja pagou o funcionário. forma causativa b. *O funcionário (se) pagou. forma incoativa Autores como Fillmore (1970), Dowty (1989, 1991, 2001), Pinker (1989), Dixon (1992), Levin e Rappaport Hovav (1992, 1995, 2005), Van Valin (1993, 2005), Wunderlich (1997, 2012), Cançado (2005), entre outros, assumem que, para se fazer uma classificação adequada dos verbos, é necessário agrupá-los a partir de propriedades semântico-sintáticas que eles têm em comum. Ou seja, classificar verbos implica agrupá-los a partir do reconhecimento de suas propriedades semânticas capazes de licenciar determinadas construções sintáticas (LEVIN, 1993; CANÇADO et al., 2013). Os verbos de mudança de estado são um exemplo de uma classe verbal segundo o ponto de vista da Interface Sintaxe-Semântica Lexical, uma vez que, de acordo com a análise de Cançado et al. (2013), eles compartilham a propriedade semântica de representar um evento em que uma entidade muda de estado, acarretando necessariamente o sentido ficar estado, em que esse estado é expresso por um adjetivo relacionado ao verbo. Além disso, sintaticamente, todos os verbos dessa classe são passíveis de sofrer a alternância causativo- 1 Causa é o desencadeador de alguma ação, sem controle sobre ela (CANÇADO; AMARAL, 2016). 2 Beneficiário é o ser animado que é beneficiado ou prejudicado no evento descrito (CANÇADO; AMARAL, 2016, p. 32).

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