Aula 9 Desenvolvimento da linguagem: a aquisição de nomes e verbos (cont.)
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1 Aula 9 Desenvolvimento da linguagem: a aquisição de nomes e verbos (cont.) Pablo Faria HL422A Linguagem e Pensamento: teoria e prática Módulo 1: Aquisição da Linguagem IEL/UNICAMP 28 de setembro de 2016
2 SUMÁRIO PRELIMINARES AQUISIÇÃO DE VERBOS CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA
3 RECAPITULANDO Aquisição lexical é mais que identificar e memorizar palavras; essa é apenas metade da tarefa. É preciso também inferir o significado dos itens lexicais. Se lembram do Saussure?
4 RECAPITULANDO O problema gavagai (Quine, 1960): Quando adultos apontam para um objeto e o nomeiam, o termo pode se referir ao objeto, mas também a alguma parte dele ou sua substância, cor, peso etc., ou seja, há uma infinidade de possibilidades lógicas em termos dos sentidos hipotetizados. Olha, o cachorro!
5 RECAPITULANDO Relações entre palavra e objeto não triviais (sinonímia, hiperonímia, hiponímia etc.): cachorro cachorro, pata, focinho, pele, etc. cachorro cachorro, animal, bicho, labrador, etc.
6 RECAPITULANDO Fatores que parecem contribuir para a aquisição lexical: Contexto ostensivo Capacidade de atenção compartilhada Predisposições da criança: assunção de objeto inteiro, taxonômica e da exclusividade mútua
7 RECAPITULANDO Assunção do objeto inteiro: Novas palavras referem objetos inteiros e não suas partes, substâncias ou outras propriedades (Carey, 1988; Mervis, 1987).
8 PREDISPOSIÇÕES DA CRIANÇA Assunção taxonômica: crianças (já aos 18 meses) estendem palavras a objetos do mesmo tipo ao invés de objetos relacionados tematicamente. Vê isso? Mostre-me outro disso. [condição sem palavra ] Isso é um daco. Mostre-me outro daco. [condição com palavra ]
9 PREDISPOSIÇÕES DA CRIANÇA Assunção de exclusividade mútua: Crianças assumem que cada objeto tem apenas um nome. Ajuda a sobrepor a assunção de objeto inteiro, permitindo-a adquirir outras palavras. Diante de evidência clara, é dispensável. Isso é um pulmão. [fam.] Aqui está uma traquéia. O que é? [teste]
10 PISTAS MORFOSSINTÁTICAS Brown (1957) propôs que crianças usam classes de palavras para inferir o significado de novos itens: Você sabe o que significa sibar? Nessa foto você pode ver sibando. (verbo) Você sabe o que é um sibar? Nessa foto você pode ver um sibar. (nome contável) Você viu algum sibar? Nessa foto você pode ver sibar. (nome não-contável)
11 PISTAS MORFOSSINTÁTICAS Brown (1957) propôs que crianças usam classes de palavras para inferir o significado de novos itens: Aprendizes do verbo: Você pode me mostrar sibando? Aprendizes do nome contável: Você pode me mostrar um sibar? Aprendizes do nome não-contável: Você pode me mostrar sibar?
12 PISTAS MORFOSSINTÁTICAS Brown (1957) propôs que crianças usam classes de palavras para inferir o significado de novos itens: Aprendizes do verbo: tendem a interpretar sibar/sibando como uma ação. Aprendizes do nome contável: tendem a interpretar sibar como o objeto. Aprendizes do nome não-contável: tendem a interpretar sibar como o material manipulado.
13 PISTAS SINTÁTICAS Landau & Gleitman (1985): a criança usa a grade argumental para inferir parte do sentido de novos verbos. Transitiva: João comeu o bolo comer: [João, bolo] Intransitiva: João chegou chegar: [João] Ditransitiva: João deu o presente pra Maria dar: [João, presente, Maria]
14 PISTAS SINTÁTICAS Landau & Gleitman (1985): a criança usa a grade argumental para inferir parte do sentido de novos verbos. João quebrou o copo quebrar: [Arg 1, Arg 2 ], transitivo, sentido causativo João sorriu quebrar: [Arg 1 ], intransitivo, sentido não-causativo
15 PISTAS SINTÁTICAS Aspectos globais do significado de verbos codificados sintaticamente: Número de argumentos: pode indicar mudança de estado (2 args), transferência (3 args) etc. Transitividade: indica causatividade Tipo de complemento: se oracional, indica estado mental ou perceptivo.
16 PISTAS SINTÁTICAS Obviamente, não informam do sentido exato: Apenas restringem as interpretações àquelas compatíveis com os contextos estruturais. A aquisição do sentido exato depende de observações do contexto extra-linguístico. Pressupõe aquisição prévia de outros verbos e construções sintáticas.
17 HL422 P RELIMINARES A QUISIC A O DE VERBOS C ONCLUS A O B IBLIOGRAFIA P ISTAS SINT A TICAS : DANDO UM ZOOM O rato fugiu! O gato perseguiu o rato! O gato estava nervoso!
18 PISTAS SINTÁTICAS Naigles (1990): crianças olham mais tempo para a imagem correspondente à grade argumental. Paradigma do olhar preferencial
19 PISTAS SINTÁTICAS Naigles (1990): crianças olham mais tempo para a imagem correspondente à grade argumental. O pato está gorpando o coelho. O pato e o coelho estão gorpando.
20 PISTAS SINTÁTICAS Naigles (1996): crianças (2;2 a 2;6) usam grades múltiplas para inferir o sentido de verbos inventados. Verbos de contato: touch, bite, scratch, paint. Alternância de omissão de objeto: John was painting the picture John was painting Verbos causativos: break, open. Alternância causativa: John broke the glass The glass broke
21 PISTAS SINTÁTICAS Naigles (1996): crianças (2;2 a 2;6) usam grades múltiplas para inferir o sentido de verbos inventados. Fase de familiarização: uma imagem, acompanhada pelo par de frases correspondente. a. The duck is sibbing the frog. b. The duck is sibbing. c. The frog is sibbing. Fase de teste: duas imagens, uma causativa outra não-causativa e a pergunta Where is sibbing?. Resultados indicam que as crianças usam as grades para inferir o sentido causativo.
22 CONCLUSÕES Adquirir itens lexicais implica adquirir seu significado Há uma infinidade de possibilidades referencias no contexto extra-linguístico e a criança precisa restringi-las Alguns fatores auxiliam a criança: contexto ostensivo, capacidade de atenção compartilhada e predisposições específicas (assunções de objeto inteiro, taxonômica e de exclusividade mútua) Além disso, para aquisição de itens mais abstratos, incluindo verbos, há evidências de que a criança utiliza informações sintáticas, em particular, a morfologia e a grade argumental de verbos
23 PRÓXIMA AULA Desenvolvimento da linguagem: a emergência da sintaxe (parte 1)
24 BIBLIOGRAFIA 1. Costa & Santos (2003), As coisas que os bebés ouvem e nos dizem [cap. 2] (pgs ) 2. SOUZA, Débora de Hollanda. As crianças e o mundo das palavras: considerações sobre a pesquisa em desenvolvimento lexical. Psicol. Reflex. Crit. [online]. 2008, vol.21, n.2, pp ISSN FLETCHER, Paul; MACWHINNEY, Brian. Compêndio da linguagem da criança Sugestão de leitura da primeira parte do capítulo 13 (até a página 309). 4. GUASTI, M. T. (2002) Language acquisition: the growth of grammar. The MIT Press: Cambridge, Massachusetts. (capítulo 3)
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