Pró-Reitoria de Graduação Curso de Direito Trabalho de Conclusão de Curso

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1 Pró-Reitoria de Graduação Curso de Direito Trabalho de Conclusão de Curso O PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE DOS TÍTULOS DE CRÉDITO DIANTE DOS AVANÇOS TECNOLÓGICOS DOS MEIOS ELETRÔNICOS NA EMISSÃO DA DUPLICATA MERCANTIL VIRTUAL. Autora: Elaine Missias Gomes Orientador: MSc. Moacir Pereira Calderon Brasília - DF 2013

2 ELAINE MISSIAS GOMES O PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE DOS TÍTULOS DE CRÉDITO DIANTE DOS AVANÇOS TECNOLÓGICOS DOS MEIOS ELETRÔNICOS NA EMISSÃO DA DUPLICATA MERCANTIL VIRTUAL Monografia apresentada ao curso de graduação em Direito da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Direito. Orientador: Prof. MSc. Moacir Pereira Calderon Brasília 2013

3 Monografia de autoria de Elaine Missias Gomes, intitulada O PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE DOS TÍTULOS DE CRÉDITO DIANTE DOS AVANÇOS TECNOLÓGICOS DOS MEIOS ELETRÔNICOS NA EMISSÃO DA DUPLICATA MERCANTIL VIRTUAL, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de bacharelado em Direito da Universidade Católica de Brasília, em / /, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: Prof. MSc. Moacir Pereira Calderon Orientador Direito - UCB Examinador 1 Examinador 2 Brasília 2013

4 Dedico este trabalho ao meu Senhor Jesus Cristo, por tanto me amar e tornar possível a realização desse sonho, ao meu querido e saudoso pai Sebastião S. M. Gomes (in memorian), grande incentivador dos meus estudos.

5 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, que me deu forças para conseguir me manter de pé quando não as tinha mais. À minha família, pela compreensão e por sempre acreditar que eu seria capaz. Ao meu namorado e melhor amigo Henrique, verdadeiro companheiro, pela força, carinho, atenção, incentivo, pelas palavras certas de todas as horas e por me fazer sentir tão amada.

6 Não importa o que aconteça, continue a nadar. (WALTERS, GRAHAM; PROCURANDO NEMO, 2003).

7 RESUMO Referência: GOMES, Elaine Missias. O Princípio da Cartularidade Diante dos Avanços Tecnológicos dos Meios Eletrônicos na Emissão da Duplicata Mercantil Virtual p. Tese de Monografia. (Direito) Universidade Católica de Brasília, Brasília, A presente monografia tem o objetivo de analisar a aplicabilidade e a relativização do princípio da cartularidade ante o impacto da informática nos negócios cambiais, bem como reconhecer a validade da duplicata virtual originada de meios eletrônicos. Com o passar do tempo, o crédito sofreu mudanças decorrentes da necessidade do avanço comercial, a atividade mercantil passou a admitir diferentes formas de circulação de riquezas. A atividade cambial ganhou força com o surgimento de uma nova modalidade de circulação de moeda, ou seja, o título de crédito, permeado por diversos princípios que não mais se adequam à realidade atual. Sendo assim, a cartularidade, que pressupõe a existência de um documento impresso, se apresenta como um princípio quase que em desuso, devido à prática incomum nos dias atuais e em face do rápido avanço tecnológico dos meios eletrônicos. Palavras-chave: Direito Empresarial. Títulos de Crédito. Duplicata Virtual. Cartularidade. Avanços tecnológicos dos meios eletrônicos.

8 ABSTRACT This work has the objective of analyze the cartularidade principle applicability and its relativity in the face of computer business impact and recognize the authenticity s virtual duplicate created by electronic media. With passed time, the credit suffered changes that resulted from the commercial need on advances and business started to accept different forms of wealth circulation. The cambium activity got strongest with appearing of a new money circulation mode, in other words, the credit title, filled by principles that no longer fit the reality. For this reason, cartularidade, that presupposes printed document existence has been shown as a principle which is almost not used due to uncommon practice nowadays and in the face of fast technological advancement of electronic media. Keywords: Business Law. Credit Titles. Virtual duplicate. Cartularidade. Technological advances of electronic media.

9 LISTA DE SIGLAS CCB CPC LD LU MP Código Civil brasileiro Código de Processo Civil Lei de Duplicatas Lei Uniforme Medida Provisória

10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO HISTÓRICO EVOLUTIVO DA ORIGEM DOS TÍTULOS DE CRÉDITO Origem dos títulos de crédito Do Direito Cambiário Conceitos iniciais e classificação dos títulos de crédito Principais tipos de títulos de crédito Letra de Câmbio Nota Promissória Cheque Duplicata Princípios gerais que regem os títulos de crédito Princípio da Literalidade Princípio da Autonomia Princípio da Cartularidade Outros princípios aplicados aos títulos de crédito Princípio da Incorporação Princípio da Independência Normatização: A tutela legal dos títulos de crédito no ordenamento jurídico brasileiro ESTUDO DA DUPLICATA MERCANTIL Conceito, aplicação, causalidade e requisitos legais Outros institutos cambiais aplicados à duplicata mercantil Aceite e recusa de aceite na duplicata mercantil Aval, endosso e protesto... 45

11 2.3 Sistemática da Duplicata virtual A executividade da duplicata em meio eletrônico A PROBLEMÁTICA DA CARTULARIDADE DA DUPLICATA VIRTUAL DIANTE DOS AVANÇOS TECNOLÓGICOS DOS MEIOS ELETRÔNICOS Cartularidade: um princípio em desuso Assinatura Digital: a instituição da infraestrutura de chaves públicas no Brasil ICP Brasil Aspectos legais quanto à cartularidade: Doutrina e jurisprudência O Parágrafo 3º do artigo 889 do Código Civil Brasileiro uma nova visão Importância e necessidade de adequação da legislação cambial em relação aos meios eletrônicos CONCLUSÃO REFERÊNCIAS... 74

12 12 INTRODUÇÃO A doutrina noticia o surgimento das relações cambiais durante a Idade Média. Com a expansão marítima, os mercadores da época necessitavam de meios que possibilitassem as operações de comércio devido à diversidade de moedas entre as cidades por onde passavam. No mesmo período, surge o Direito Comercial. O crédito se firmou pelas relações comerciais entre os indivíduos e a necessidade de fazer circular as riquezas. A palavra crédito provém originalmente do latim credere ou creditum, que significa ato de acreditar, confiar ou simplesmente confiança; sendo assim, o título de crédito representa uma relação de confiança do credor para com o devedor, tratase do objeto que possibilita a circulação da moeda por intermédio dos instrumentos cambiais existentes que garantem o direito ao recebimento da coisa confiada. O Código Civil Brasileiro (2002) conceitua título de crédito, no art. 887, como sendo o título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preenche os requisitos da lei. Assim sendo, expõe os princípios que embasam os títulos de crédito, quais sejam a literalidade e a autonomia. Em razão do desenvolvimento socioeconômico das atividades comerciais, é indiscutível a relevância dos requisitos dos títulos de crédito para que o documento cambial possa assim ser reconhecido, possibilitando a satisfação desse documento ao possuidor do crédito. Suma importância tem a legislação no âmbito cambial para a sociedade, tendo em vista a atuação de muitos cidadãos no comércio diante da gestão de pequenas, médias e grandes empresas e, ainda, a importância de atualização da lei por parte do poder legislativo e suas atribuições objetivando o interesse social. Como objetivo geral, a presente monografia tem por fim traçar um paralelo entre a relativização do princípio da cartularidade dos títulos de crédito diante dos avanços tecnológicos dos meios eletrônicos na emissão da duplicata virtual, tendo como foco três objetivos específicos: a abordagem ao aspecto histórico dos títulos de crédito e seus princípios norteadores; a mitigação do princípio supracitado na era

13 13 digital; e, por fim, a necessidade de modificação na norma vigente, vez que o princípio em questão já configura uma realidade superada. O primeiro capítulo dessa pesquisa abordará o histórico dos títulos de crédito e suas diversas nuances evolutivas, bem como conceitos iniciais e características gerais aplicadas aos títulos de crédito, consequentemente, serão abordados os princípios gerais do direito cambiário e as leis aplicadas a esse instituto do direito comercial. O segundo capítulo terá como foco a análise conceitual da duplicata mercantil, sua causalidade e características, bem como a apreciação de diversos outros institutos que podem compor a estrutura deste título de crédito, a exemplo, o aceite, o aval, o endosso, entre outros. Por conseguinte, será previamente abordada a sistemática da duplicata virtual e sua executividade em formato eletrônico. No terceiro e último capítulo será abordada a atual problemática da cartularidade dos títulos de crédito diante dos avanços tecnológicos dos meios eletrônicos, o estudo da duplicata eletrônica e seus aspectos legais, bem como a aplicabilidade das normas diante da atual realidade digital em que vive a sociedade. Também será traçado um paralelo entre o princípio da cartularidade e a necessidade de modificações na lei vigente, visto que se trata de uma realidade superada. O método científico utilizado no presente trabalho foi o dedutivo, tendo em vista a utilização e a confrontação de várias informações já existentes acerca do tema, com o fim de atingir conclusões a partir da análise de teorias maiores consideradas verídicas e teorias menores. A pesquisa feita foi a bibliográfica, embasada em materiais já publicados como livros, artigos e documentos retirados da internet.

14 14 1 HISTÓRICO EVOLUTIVO DA ORIGEM DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 1.1 Origem dos títulos de crédito A todas as pessoas é garantida uma porção de direitos reconhecidos pela ordem pública, originada do próprio direito natural, bem como em normas de grande amplitude, até que se tornem garantias que possibilitam a vida humana. O crédito surge pela necessidade da confiança nas relações da sociedade, revelando a certeza de solvabilidade das pessoas quanto às suas obrigações. O direito firmado em um documento, em vista de suas qualidades, merece credibilidade ou confiança. Reveste-se de certeza, exatidão, confiabilidade, reduzindo ao máximo a insegurança no seu cumprimento (RIZZARDO, 2011, p. 4). No direito romano, inexistia circulação de capital por meio de documentos creditórios, neste período o devedor firmava um elo pessoal com o credor, ou seja, era passível de responder por suas dívidas com o seu próprio corpo, o qual poderia sofrer com a escravidão e cárcere privado ou até mesmo com a retirada de partes de seu corpo para fins de saldar a dívida. Não havia incidência de cobrança sobre os bens do devedor. É interessante mencionar, em primeiro momento, que a execução como conhecemos hoje se originou de um processo evolutivo da sociedade, pois antes de o devedor ter seu patrimônio atingido, o inadimplemento de uma obrigação poderia resultar na própria morte do devedor. Os credores executavam o devedor e dividia seu corpo em diversas partes, em seguida, vendia aos familiares do morto, cada parte por um preço, até obter o valor de seu crédito. Como leciona Requião (1992, p. 290 apud RIZZARDO, 2011, p. 4) a obrigação aderia ao corpo do devedor, ou seja, respondia-se pelo pagamento da dívida com o próprio corpo. Nas palavras de Fazzio Júnior (2008, p. 7) No Direito Romano mais antigo, a execução incidia sobre a pessoa do devedor, do que é exemplo significativo a manus in jectio, que autorizava ao credor manter o devedor em cárcere privado ou escravizá-lo. Nota-se, nesse segundo momento, o surgimento da pena privativa de liberdade decorrente de dívida, porém, atualmente em nosso ordenamento jurídico,

15 15 após a ratificação da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, também conhecida como Pacto de São José da Costa Rica sobre Direitos Humanos, essa possibilidade não mais existe, fato decorrente da promulgação do Decreto Nº 678 de 6 de Novembro de 1992 (BRASIL, 1992), que restringe a aplicação de pena privativa de liberdade somente ao devedor voluntário de pensão alimentícia, excetuando-se a possibilidade de prisão civil por dívida. Sobre a origem do crédito, Rizzardo (2011, p.4) ensina que: No antigo direito romano, o princípio da obrigatoriedade assentava-se num elo ou numa vinculação pessoal entre credor e devedor. Não havia instrumento de segurança formal, nem garantias em bens que dessem lastro à obrigação. Sendo pessoal o vínculo, chegava-se ao extremo de se executar o crédito, ou aquilo que se combinara, e o credor tinha que receber, na própria pessoa do devedor. Iniciou-se a fase da Lex Papiria, no mesmo Direito Romano, na qual a garantia pessoal e corporal do devedor foi substituída pela de seu patrimônio. (REQUIÃO, 2010, p. 414). O histórico dos títulos de crédito tem início na Idade Média com a expansão do comércio, a maior parte dos comerciantes ainda exercia suas atividades por meio da troca ou escambo, atividade que se concretizava na troca de mercadoria e produtos entre uns e outros. Com o passar do tempo, o escambo não mais correspondia às necessidades de uma sociedade em transformação e não mais havia interesse por parte dos grandes comerciantes. No curso da Idade Média, surgiu o delineamento do crédito, estabelecendo-se algumas regras, e instrumentalizando-se em documentos. O desenvolvimento na Europa, e após, em outros continentes, causou o fortalecimento do crédito (RIZZARDO, 2011, p. 4). Assim, a atividade mercantil ganhou força e se transformou em uma nova realidade comercial, havia grande necessidade de se fazer circular bens e valores e o aperfeiçoamento dessa circulação de riquezas seria o ponto de partida para uma nova forma de relação comercial. Surgiu, então, a moeda, meio utilizado para efetivar a troca de mercadoria por outras riquezas, passando a ocorrer nesse momento maior centralização de bens.

16 16 Martins (2002, p. 4) ensina que Com o aparecimento dos títulos de crédito e a possibilidade de circulação fácil dos direitos neles incorporados, o mundo ganhou um dos mais decisivos instrumentos para o desenvolvimento e o progresso. Nesse contexto, o comércio evoluiu e deu-se a exigência de meios mais céleres de circulação de valores com canais seguros e eficazes, que pudessem superar tanto as dificuldades geradas pelas travessias de muitas localidades diferentes, quanto à diversidade de moedas e a falta de segurança nas vias por onde passavam os mercadores e comerciantes. A solução encontrada consistiu na substituição do dinheiro por ordens de pagamentos em papel, o que se ocorreu, primeiramente, por meio da letra de câmbio, conhecida como o primeiro título de crédito a circular. A partir desse fato, o crédito passou a ser o meio mais rápido e eficaz de se negociar, tendo em vista o imediatismo nas relações comerciais. Imediatamente os títulos de crédito foram incorporados à praxe mercantil. Nas palavras de Mamede (2009, p. 3) O crédito é um desses artifícios que atestam a inventividade humana. Para Requião (2010, p. 414) não configura o crédito um agente de produção, pois consiste apenas em transferir a riqueza de A para B. Segundo Vivante (s.d. apud REQUIÃO, 2010, p. 414): [...] que o crédito chegou a ser na economia moderna um objeto de comércio, um valor patrimonial suscetível de troca, e que se retrocederia no processo histórico, que produziu esse resultado, se se devolvesse aos contratantes a faculdade de vincular o crédito à pessoa do credor. De certa forma, o crédito é uma ampliação do conceito de troca, pois configura um capital, vez que o portador do título creditício aguarda revertê-lo em pecúnia, e o dinheiro se torna instrumento de troca por excelência. O crédito passou a ser uma prática operacional de massa, objeto de negociações por parte de bancos e instituições financeiras que monopolizam a captação e negociação entre seus devedores. Na classificação de Ramos (2012, p. 427) a evolução histórica dos títulos de crédito se deu em quatro períodos ou fases: a) período italiano até 1650: nesse período inicial, possuem destaques as cidades marítimas italianas, onde se realizavam as feiras medievais que atraíam os grandes mercadores da época. Outra característica importante

17 desse período é o desenvolvimento das operações de câmbio, em razão da diversidade de moedas entre as várias cidades medievais. 17 b) período francês, de 1650 a 1848: merece destaque, nessa fase do direito cambiário, o surgimento da cláusula à ordem, na França, o que acarretou, consequentemente, a criação do instituto cambiário do endosso, que permitia ao beneficiário da letra de câmbio transferi-la independentemente de autorização do sacador. c) período germânico, de 1848 a 1930: o direito cambiário viveu a terceira fase de sua evolução histórica. Trata-se do período alemão, que se inicia com a edição, em 1948, da Ordenação Geral do Direito Cambiário, uma codificação que continha normas especiais sobre letras de câmbio, diferente das normas do direito comum. O período alemão é bastante destacado pelos doutrinadores por ter consolidado a letra de câmbio, especificamente e os títulos de crédito de uma forma geral como instrumento de crédito viabilizador da circulação de direitos. d) período do direito uniforme, que vigora desde 1930: com a realização da Convenção de Genebra sobre títulos de crédito e a consequente aprovação, no mesmo ano, da Lei Uniforme das Cambiais, aplicável às letras de câmbio e às notas promissórias. 1.2 Do Direito Cambiário Chamamos de direito cambiário o sub-ramo do direito comercial que normatiza todo o arcabouço jurídico aplicado aos títulos de crédito o qual envolve princípios, regras e demais características especiais tornando possível o desempenho da sua principal função, qual seja, a circulação de riquezas. Do latim cambium, que quer dizer ação de trocar mercadorias surgiram técnicas de aperfeiçoamento nas relações comerciais e a necessidade de documentar tais negócios entre comércios distintos e afastados, é a ordem natural da economia que se modifica pela economia creditória que se insere na modalidade de circulação de bens por meio de documentos que imprimem segurança nas transações. Segundo Mamede (2009, p. 10) destaca-se seu aspecto positivo (direito do credor) para permitir a circulação do crédito, a partir da circulação material do instrumento que lhe corresponde, ou seja, do título. Fazzio Júnior (1998, p. 318) uma vez corporificadas no documento, transformam-se em obrigações cartulares, afastam-se de sua origem e conferem ao portador do título, um direito de crédito.

18 18 A criação dos títulos de crédito foi uma decorrência da criação do crédito. Após uma fase inicial da instituição do crédito em si, impunha-se a necessidade do instrumento, o que ensejou a formação de títulos de crédito (RIZZARDO, 2011, p. 5). O crédito está fundado em um direito a uma prestação futura que se baseia, principalmente na confiança. Ao conseguir fazer com que o capital circule, o crédito torna-se útil e muito mais produtivo. Sendo assim, se torna clara a grande importância dos títulos de crédito para a economia mundial, vez que se trata de documento que permite a mobilidade de valores com mais rapidez e segurança, ou seja, instrumento de circulação de bens e riquezas. Ainda na opinião de Rizzardo (2011, p. 5): Destina-se, além de representar o crédito, a fazer prova do direito, vindo com requisitos previamente estabelecidos por lei, dando-lhes os atributos de certeza e exigibilidade. O crédito existe por si, podendo carecer do documento, ou título que o exterioriza. Todavia, sem o documento que contenha os requisitos necessários, desguarnece-se de certas garantias, dificultando a sua exigibilidade. Não fica o credor impedido de procurar o recebimento, o que se pode fazer por meio de uma ação de rito ordinário. Já a materialização em título aperfeiçoa a sua existência e introduz garantia na imposição do pagamento. Nas palavras de Requião (2010, p. 414) sem dúvida, devido à criação dos títulos de crédito, os capitais, pela rápida circulação, tornam-se mais úteis e, portanto, mais produtivos, permitindo que deles melhor se disponha a serviço da produção de riqueza. Surge o cambium trajeticium, que consistia na troca de moeda conforme o local do comércio e do comerciante para a aquisição de diversos produtos do local de onde era proveniente o mercador. A necessidade de representação de troca de moedas também é lembrada por Wilson de Souza Campos Batalha (1989, p. 5 apud RIZZARDO, 2011, p. 6) É na preocupação de permutar dinheiro presente com dinheiro ausente, na distantia loci, característica do cambium trajecticium, que se pode encontrar a origem do direito cambiário. Da leitura dos conceitos supracitados, observa-se que os títulos de crédito estão intimamente ligados com a economia atual garantido aos portadores de qualquer título o recebimento de um valor que, ao tempo acordado, poderá ser adimplido.

19 19 A ideia da existência de um valor pecuniário demonstra a representatividade do título de crédito como um documento não só com valores, mas com vantagens de ser algo negociável e executável Conceitos iniciais e classificação dos títulos de crédito Pela interpretação literal dos termos, a palavra crédito vem do latim creditum ou credere que quer dizer confiança ou ato de fé, ou seja, o credor acredita que ao tempo disposto no documento, perceberá a prestação a ele devida. Os títulos de crédito são instrumentos que viabilizam a circulação de riqueza e representam meios que possibilitam o exercício pelo seu portador. O termo título de crédito não está ligado a um sentido largo ou amplo, mas está próximo de seu sentido estreito. Refere-se ao documento materializado e grafado em uma base de papel, o qual sustenta a situação jurídica de um crédito e um débito. Ao conceituar título de crédito, Gomes (2003, p.153) também adota o mesmo conceito do comercialista italiano Vivante, que define a expressão título de crédito como o documento necessário ao exercício de um direito literal e autônomo que nele se contém. Para Mamede (2009, p. 6) O título não é um mero documento, mas um instrumento representativo do crédito; documento é o gênero; e instrumento, a espécie. Importante dizer que os títulos diferem-se dos demais documentos que representam direitos e obrigações, pois se referem às relações de crédito e estão sujeitos à circulabilidade, pois o título circula livremente devido à possibilidade de transmissibilidade do crédito; negociabilidade, isto é, a mobilidade imediata do valor sendo objeto de garantia em uma relação jurídica; e executividade, ou seja, o título goza de certa eficiência quando da sua cobrança, podendo ser facilmente pleiteada em juízo. Como principal função, o título de crédito é responsável por representar uma obrigação que preza pela certeza e liquidez para com o credor. O título caracterizase por expressar o crédito impondo a exigibilidade e dando-lhe qualidades e atestando a idoneidade.

20 Ademais, o título constitui um meio de mobilizar o crédito, ou torná-lo circulável, indo de uma pessoa a outra, por endosso ou cessão. Esta, sem dúvida, uma das maiores vantagens que proporciona o título (RIZZARDO, 2011, p. 7). Os títulos de crédito são documentos característicos, seus requisitos o diferenciam de outros documentos comuns. No âmbito do direito, o título de crédito tem natureza de coisa móvel. Claramente, vê-se que o título de crédito é um instrumento, devendo atender às exigências legais para que seja válido e, mutatis mutandis, perdendo sua validade caso não atenda a essas balizas, no mínimo em função do que consta o artigo 104, III, primeira parte do Código Civil, bem como em face do princípio do formalismo cambiário (MAMEDE, 2009, p. 6). 20 p. 8): Nas palavras de Fernando Netto Boiteux (2002, p. 11 apud RIZZARDO, 2011, O título de crédito tem as funções de meio de pagamento e instrumento de crédito ou de investimento. Essas funções interessam não só à atividade empresarial, como também aos atos da vida civil, de modo geral, valendo notar não só o uso dos cheques, títulos de crédito eminentemente comerciais, por não comerciantes, como também o uso de crédito rural, tidos pelo legislador como civis, na atividade empresarial. É o entendimento de Negrão (2012, p. 24): Com essas considerações iniciais há de se ter em mente que os títulos são documentos que se reportam exclusivamente a relações que envolvam crédito e sua disciplina legal provê instrumentos ágeis de transmissibilidade, de segurança e de cobrança em juízo. O Código Civil Brasileiro de 2002 (CCB) adotou a definição concisa e precisa de Vivante (1935, p. 63 apud GONÇALVES, ROBERTO, 2007, p. 595), expressa no art. 887 O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, que somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. O comercialista italiano também conceitua título de crédito como sendo um objeto de comércio, um valor patrimonial suscetível de troca (VIVANTE, [s.d.] apud CAMPINHO, 2003, p. 3). O título de crédito está configurado em uma manifestação unilateral da vontade de quem o emite, torna-se um instrumento ao qual está contida uma prestação obrigacional de cunho pecuniário.

21 21 Trata-se de prova de existência da obrigação, não se confundindo com ela. Corporifica o negócio jurídico realizado e traz em seu conteúdo informações relevantes da obrigação como o valor da prestação, o momento do adimplemento, o local do pagamento, a quem se deve pagar e quem deverá efetivar o pagamento. A circulação do crédito também é algo comum tornando-o um bem móvel, sempre observando as formalidades legais. Diversas são as classificações apresentadas pela doutrina clássica, como forma de melhor agrupá-los são adotados uma gama de critérios capazes de diferenciá-los. É grande a variedade dos títulos de crédito, bem como sua classificação, aqui abordaremos a classificação dada por Coelho (2012, p. 447) que traz quatro critérios: a) Quanto ao modelo: Títulos de crédito livres - podem adotar qualquer forma, desde que atendidos os requisitos da lei; são exemplos a letra de câmbio e a nota promissória. Títulos de crédito vinculados - devem atender a um padrão obrigatório, o emitente não é livre para escolher a disposição formal dos elementos essenciais à criação do título; é o caso do cheque e da duplicata. b) Quanto à estrutura: Ordem de pagamento - o saque do título enseja três relações distintas: a do sacador (que dá a ordem), a do sacado (destinatário da ordem) e a do tomador (beneficiário da ordem); nessa modalidade o cheque, a duplicata e a letra de câmbio. Promessa de pagamento - dá ensejo apenas a duas situações jurídicas, a do promitente, que assume a obrigação de pagar, e a do beneficiário da promessa; exemplo, a nota promissória. c) Quanto à emissão: Títulos causais os que somente podem ser emitidos nas hipóteses autorizadas por lei; como a duplicata mercantil que só pode ser gerada para a documentação de crédito oriundo de compra e venda mercantil. Títulos limitados são os que não podem ser emitidos em algumas hipóteses circunscritas pela lei; exemplo a letra de câmbio que não pode ser sacada pelo comerciante, para documentar o crédito nascido da compra e venda mercantil. Títulos não Causais podem ser criados em qualquer hipótese. São dessa categoria o cheque e a nota promissória. d) Quanto à circulação: Títulos ao portador não ostentam o nome do credor e, por isso, circulam por mera tradição; isto é, basta a entrega do documento para que a titularidade do crédito se transfira do antigo detentor da cártula par o novo. Títulos nominativos à ordem o emitente identifica o titular do crédito e se transferem por endosso, que é ato típico da situação cambiária; Títulos nominativos não à ordem que também identificam o credor, porém circulam por cessão civil de crédito.

22 a abstração: Além dessa classificação tradicional, Bertoldi (2003, p. 36) menciona também 22 São abstratos os títulos que se desvinculam completamente da causa que lhes deu origem, ou seja, a relação fundamental não tem relevância diante do terceiro de boa-fé, mas tão somente entre credor e devedor originais. São exemplos de títulos abstratos o cheque, a nota promissória e a letra de câmbio. Na opinião de Almeida ([s.d.], 1999, apud GOMES, 2003, p.161) A circulação do título ao portador é inerente a sua natureza. A própria emissão do título implica obrigação do devedor de pagar àquele que, por ocasião do pagamento, apresentarse para pagamento. Em oposição ao entendimento de Coelho, Negrão (2012, p. 25) afirma que, o CCB adotou expressamente a tríplice divisão, definindo-os em capítulos distintos, no Título VIII da seguinte forma: a) o Capítulo II trata do título ao portador e seu mecanismo de circulação vem expresso no art. 904: A transferência de título ao portador se faz por simples tradição; b) o Capítulo III dispõe sobre o título à ordem e é encabeçado pelo art. 910: O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou anverso do próprio título; c) finalmente, o Capítulo IV inicia-se com a definição de título nominativo: É título nominativo o emitido em favor de pessoa cujo o nome conste no registro do emitente, CC, art No mesmo sentido, Requião (2010, p. 426) Para atender aos efeitos da circulação dos títulos de crédito, foram, em seu desenvolvimento histórico, surgindo as formas dos títulos de crédito que hoje se classificam em: ao portador, nominativos e à ordem. Vale lembrar que há, na doutrina, outras classificações como nacionalidade, prazo ou prestação, porém, acima listamos as principais. Existem também outros tipos de títulos de crédito, conhecidos como títulos impróprios que não ensejam relação totalmente cambial, submetendo-se apenas em parte ao direito cambiário.

23 Principais tipos de títulos de crédito Neste tópico, mencionaremos rapidamente o conceito geral de cada título, sem, no entanto, adentrarmos ao estudo exaustivo de suas características. Levaremos em consideração o breve conceito e a explanação do que significa cada um desses institutos. Os títulos de crédito propriamente ditos dão direito a uma prestação de coisas fungíveis, ou seja, coisas que podem ser substituídas por outras da mesma espécie, qualidade e quantidade, como por exemplo, o dinheiro (ALMEIDA, 2008, p 13). Instituto típico do direito comercial, o título de crédito representa a dinâmica da atividade mercantil, permitindo a rápida e fácil constituição do crédito, com sua ampla circulação e ágil transferência, fomentando o mercado (DIDIER JR. et al. 2012, p.173). Os títulos de crédito são ditos impróprios quando não se adéquam perfeitamente aos princípios cambiários, revelando suas falhas e limitações. Mas podem ser próprios quando se submetem a todos os princípios do direito cambial e se pode constatar a sua essência como título de crédito. Os títulos de crédito próprios são a letra de câmbio, a nota promissória, o cheque e a duplicata, são cártulas que se ajustam adequadamente aos princípios cambiários (MAMEDE, 2009, p. 9). Inúmeros são os títulos de crédito existentes em nosso ordenamento jurídico, todos regulados por leis especiais, são conhecidos como títulos de crédito por excelência, a doutrina majoritária elenca como os principais e mais usuais, os seguintes: Letra de Câmbio; Nota Promissória; Cheque; Duplicata.

24 Letra de Câmbio Noticia a história que esse foi o primeiro título de crédito a surgir com a necessidade da circulação da moeda entre uma cidade e outra, trata-se de um documento de câmbio trajetício, em que o sacador dirige uma ordem de pagamento, que pode ser à vista ou a prazo, ao chamado sacado com intuito de que se pague a um terceiro o crédito mencionado na letra. A letra de câmbio, como outros institutos do direito passou por sucessivas transformações. Como título de crédito, ingressou em nosso ordenamento jurídico pelo Código Comercial de 1850, ratificada pela Convenção de Genebra a que o Brasil aderiu em Para que a Letra de Câmbio tenha validade e se torne título executivo extrajudicial, necessária se faz a aceitação por parte do sacado, do contrário, não haverá o reconhecimento do título e sua execução fica impossibilitada. Regulada pelo Decreto n de 31 de dezembro de (art. 1º) e pelo Decreto , de 24 de janeiro de (Lei Uniforme). A letra de câmbio é uma ordem de pagamento que o sacador dirige ao sacado para que ele pague a importância consignada a um terceiro denominado tomador (ALMEIDA, 2008, p. 23) Na visão de Mamede (2009, p. 181): Trata-se de um instrumento de câmbio muito antigo na história e que sofreu, ao longo dos tempos, variações em seu regulamento legislativo, bem como na prática de sua utilização. Atualmente este título encontra-se regulado por uma convenção internacional, a chamada Lei Uniforme em Matéria de Letras de Câmbio e Notas Promissórias, a qual vige no ordenamento jurídico brasileiro através do Decreto nº de 24 de janeiro de (Lei Uniforme de Genebra), aplicando supletivamente as normas do Decreto de 31 de dezembro de Atualmente, a letra de câmbio é um título em desuso na praxe mercantil, e isso ocorre, sobretudo, em função de sua sistemática de aceite facultativo, que a torna um título totalmente dependente da honestidade e da boa fé do devedor Nota Promissória A nota promissória, igualmente a letra de câmbio, está regulada pelo Decreto n de 31 de dezembro de (Lei Saraiva LS) e pelo Decreto

25 , de 24 de janeiro de (Lei Uniforme). É considerado um título livre, ou seja, não está vinculada a nenhuma causa de origem, se caracteriza por ser uma promessa de pagamento futuro. Legalmente definida no art. 54 do Dec. n de 31 de dezembro de 1.908, in verbis: Art. 54. A nota promissória é uma promessa de pagamento e deve conter estes requisitos essenciais, lançados, por extenso, no contexto (BRASIL, 1908). Trata-se de um título abstrato, por se referir a um compromisso de pagamento futuro e incerto. A nota promissória é uma promessa direta de pagamento do devedor ao credor (REQUIÃO, 2010, p. 525). Importante ressaltar o conceito de Margarino Torres (1969 apud ALMEIDA, 2008, p. 103): A nota promissória é promessa de pagamento, isto é, compromisso solene e escrito, pelo qual alguém se obriga a pagar a outrem certa soma em dinheiro. Na opinião de Mamede (2009, p. 217) é o conceito de nota promissória: É um título de crédito que documenta a existência de um crédito líquido e certo, que se torna exigível a partir de seu vencimento, quando não emitida a vista. É um instrumento autônomo e abstrato de confissão de dívida, emitido pelo devedor que, unilateral e desmotivadamente, promete o pagamento de quantia em dinheiro que especifica, no termo assinalado na cártula. [...] Na nota promissória há uma confissão de dívida, ou seja, a promessa de pagamento é feita pelo próprio devedor (o emitente) a favor de um credor. Difere-se da Letra de Câmbio pelo fato de a nota promissória prescindir de aceite, nesta modalidade figuram apenas duas pessoas, o emitente e o beneficiário. Nota promissória é promessa escrita de pagamento de certa soma em dinheiro. Aquele que emite uma nota promissória afirma que é devedor de outrem e promete pagar-lhe a quantia inserta no título, em determinado tempo (NEGRÃO, 2012, p. 106).

26 Cheque Não se sabe ao certo a quem atribuir a origem do cheque, assim como a letra de câmbio, o cheque é também uma ordem de pagamento que circulava na Idade Média. Rubens Requião (1995, p. 386 apud NEGRÃO, 2012, p. 120) sustenta que a Inglaterra é o berço do cheque, o qual teria sido concebido como uma variante da letra de câmbio e, assim definido como letra de câmbio à vista, sacada sobre um banqueiro. O cheque é uma ordem de pagamento, à vista; autônomo, vez que não está vinculado a nenhuma causa de origem; formal, pois obrigatoriamente sua emissão deve obedecer à forma de um modelo padrão estabelecida por determinada instituição. O cheque está regulamentado, no ordenamento jurídico brasileiro, pelo Decreto n de 07 de janeiro de (Lei Uniforme) e pela Lei n , de 02 de setembro de Para Paulo Restiffe Neto (1973 apud ALMEIDA, 2008, p. 184): O cheque é uma ordem de pagamento à vista, em favor próprio ou de terceiros, contra fundos disponíveis em poder do sacado. Não é título de crédito de natureza causal é instrumento de pagamento que se exaure com o recebimento do seu valor. Roberto Gonçalves (2007, p. 622), ensina que cheque é ordem de pagamento à vista, emitida contra banco ou instituição financeira que lhe seja equiparada, a favor de terceiro ou do próprio emitente, por quem tenha provisão de fundos em poder do sacado. Negrão (2012, p. 121) ressalta as características que identificam o cheque, independente de sua origem, mas que se assemelham a algumas características da letra de câmbio: Ambos são ordens de pagamento e, no cenário internacional, podem ser emitidos ao portador. Distanciam-se, contudo, em outros aspectos: o cheque é sempre emitido à vista, é prestação em dinheiro e, portanto, pressupõe a existência de provisão de fundos do emitente em poder do sacado, que somente pode ser banco ou instituição financeira. É um título de uso muito comum em nosso país, devido a sua característica de rápida circulação no comércio.

27 Duplicata A duplicata é título de crédito criado pelo direito brasileiro. Sua origem se encontra no Código Comercial de 1850, que impunha aos comerciantes atacadistas, na venda aos retalhistas a emissão da fatura ou conta (COELHO, 2012, p. 519). Regula-se, no ordenamento nacional, pela Lei n de 18 de julho de Emitida a fatura e aceita a duplicata, existe título executivo extrajudicial. A duplicata aceita é título executivo extrajudicial, independentemente de protesto. Se houve aceitação, não é necessário o protesto cambial (DIDIER JR. et al. 2012, p.176). Para Almeida (2008, p. 204), a duplicata pode ser conceituada como um título de crédito que emerge de uma compra e venda mercantil ou da prestação de serviços, na forma que dispõe os artigos 2º e 20 da Lei nº 5.474/68. Como demonstra os referidos artigos na LD: Art. 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador. [...] Art. 20. As empresas, individuais ou coletivas, fundações ou sociedades civis, que se dediquem à prestação de serviços, poderão, também, na forma desta lei, emitir fatura e duplicata. Essa definição demonstra que a duplicata se vincula ao seu ato de origem, ou seja, configura-se em um título causal, pois é necessária a compra ou venda de mercadoria, ou ainda, a prestação de serviços para que se possa justificar a sua emissão. Trata-se de título de natureza vinculada à determinada causa que possibilite a sua extração. Nas palavras de Requião (2010, p. 612): Com a extração da fatura de venda o vendedor poderá sacar uma duplicata correspondente, para circular como título de crédito.

28 28 É preciso atentar para a causalidade da duplicata - que se contrapõe, por exemplo, à abstração do cheque, o qual pode ser emitido para documentar qualquer negócio não significa, de modo algum, a não aplicação do princípio da abstração ao seu regime jurídico. A causalidade da duplicata significa tão somente que ela pode ser emitida nas causas em que a lei expressamente admite a sua emissão. Duplicata mercantil é um título de crédito causal, proveniente de um contrato a prazo de compra e venda mercantil, facultativamente emitido pelo vendedor contra o comprador (CAMPINHO, 2003, p. 55). É equiparada por alguns doutrinadores a uma promessa de pagamento resultante de um contrato celebrado para adimplemento de obrigação futura. Diferencia-se da Nota promissória devido a sua característica obrigatória de causalidade enquanto que essa outra, desde a emissão, independe de qualquer causa e sua origem é livre e independente. Outro ponto divergente interessante é quanto à pessoa responsável pela emissão. Na duplicata, o credor emite o título de crédito em desfavor do devedor, já na nota promissória, o emitente é o próprio devedor que emite o documento em favor do credor. Podem figurar na duplicata o vendedor da mercadoria, conhecido também como sacador e o sacado, nesse caso o comprador ou prestador de serviços. Este tema será tratado pormenorizadamente em título específico mais adiante. 1.3 Princípios gerais que regem os títulos de crédito Os princípios, assim como as normas, também executam importante papel normatizador dentro de um Estado. Princípios são verdades fundantes, que orientam o legislador na elaboração das normas, e o aplicador do direito na aplicação do direito ao caso concreto; vão sendo construídos a partir da evolução de uma sociedade através de seus hábitos e costumes, porém não se trata de algo imutável, visto que a sociedade está em constante desenvolvimento, é primordial que se acompanhe as necessidades de cada época.

29 29 Quanto à aplicabilidade dos princípios, Santos (2012, p. 2): Para que os princípios possam ser aplicados, é preciso observar se estes estão em concordância com o atual estágio da sociedade. Caso os fundamentos que regem aquele princípio, encontrem-se em total discordância com a realidade, se ainda couber uma nova interpretação pode ser injetada, do contrário perde sua eficácia e deixa de ser aplicada ao caso concreto. Cabe aos princípios o papel de complementaridade da interpretação normativa, no caso de algum tipo de lacuna, criado pela desatualização da norma jurídica. Destinam-se a conferir maior segurança e celeridade à circulação do crédito, elemento essencial para a dinamização dos negócios comerciais, os princípios cambiários têm sido objeto de extensos estudos pelos comercialistas (COELHO, 2012, p. 55). Em razão do conceito e da definição jurídica dados ao título de crédito expresso no art. 887 do CCB, podemos extrair algumas características principais dos títulos de crédito, tão importantes qualidades que se constituem em princípios reconhecidos universalmente. Do conceito deixado por Vivante são extraídas três características essenciais dos títulos de crédito e aqui elencadas por Requião (2010, p. 415) como requisitos básicos do título: a) a literalidade; b) a autonomia; c) a cartularidade (documento) Princípio da Literalidade Etimologicamente, a palavra literal significa rigorismo, ou seja, algo está subordinado ao rigor das palavras ou restrito a uma questão formal. Trata-se de princípio que leva em consideração exatamente o que consta por escrito na cártula, ou seja, possui relevante caráter formal vez que, obrigatório o preenchimento completo do título, significa que todas as informações quanto à obrigação cambial devem estar expressamente reveladas no documento para que produza os seus efeitos. Pelo princípio da literalidade só tem validade para o Direito Cambiário aquilo que está literalmente constando escrito no título de crédito. Assim, é possível ao portador ou beneficiário do crédito conhecer todos os direitos contidos no título. Para Rios Gonçalves (2011, p. 13) Ainda que exista uma

30 30 obrigação expressa em documento apartado que guarde relação com o título, caso nele não esteja mencionada, não estará integrada. O princípio da literalidade tem o condão de manifestar que o conteúdo do título encontra-se nele expresso, valendo dizer que não está no mundo o que nele não está escrito (GRAHL, 2003, p. 25). Para Waldemar Ferreira ([s.d], apud GRAHL, p. 25): a literalidade é responsável por atribuir liquidez, certeza e segurança aos títulos de crédito. Observando o valor nele expresso, pode ser transformado em dinheiro, com certeza e segurança. Para o credor, o princípio da literalidade constitui a garantia de que pode exigir todas as obrigações decorrentes das assinaturas lançadas na cambial. E, para o devedor, a de que não será obrigado a mais do que o mencionado no documento. (GONÇALVES, ROBERTO, 2007, p. 599). Nas palavras de Carvalho de Mendonça (1955, p. 52 apud NEGRÃO, 2012, p. 43) determina o seu conteúdo e a sua extensão; é, portanto, medida do direito inscrito no título. O que está escrito é exatamente a quantidade do crédito do portador e a extensão da obrigação do devedor. A respeito da literalidade, ainda nas palavras de Negrão (2012, p. 44) afirma o seguinte: Em todos esses casos a lei exige a inscrição da operação cambial na própria cártula porque desse ato é que se extraem o crédito, sua modalidade e tratamento jurídico, o quantum exigível, quem está obrigado a pagar e, ainda, a existência ou não de direito de crédito de uns contra os outros, conforme ordem de intervenção lançada no título. Segundo Requião (2010, p. 415), O título é literal porque sua existência se regula pelo teor de seu conteúdo. As particularidades existentes no título de crédito existem exatamente para dar validade a ele, assim, a literalidade menciona o direito do credor de poder exigir o seu crédito com base no conteúdo expresso no documento. O título de crédito se enuncia em um escrito, e somente o que está nele inserido se leva em consideração; uma obrigação que dele não conste, embora sendo expressa em documento separado, nele não se integra (REQUIÃO, 2010, p. 415).

31 31 Importante observar o posicionamento de Ramos (2012, p. 433), a saber: Quando se diz que o título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito literal nele representado, faz-se referência expressa ao princípio da literalidade, segundo o qual o título de crédito vale pelo que nele está escrito. Nem mais, nem menos. Em outros termos, nas relações cambiais somente os atos que são devidamente lançados no próprio título produzem efeitos jurídicos perante o seu legítimo portador. Ademais, verifica-se que o título de crédito somente será válido se obedecer aos critérios e requisitos exigidos pela lei, no entanto, para a questão da literalidade só será considerado válido o que estiver escrito no título, ou seja, a sua literalidade. Importante mencionar a relevante opinião de Ramos (2012, p. 433) que a literalidade é o princípio que assegura às partes da relação cambial a exata correspondência do entre o teor do título e o direito que ele representa. Daí a importância desse princípio no cumprimento de sua principal função que é a circulação do crédito: a certeza que o portador do título tem, ao ler o seu conteúdo, do seu crédito. Assim, o credor tem a possibilidade de exigir a totalidade do conteúdo do título e o devedor tem a prerrogativa de somente ser cobrado pelo que livremente se propôs a expressar na cártula, não se admitindo cobrança além dos limites expressos no documento cambial Princípio da Autonomia Em se tratando de autonomia, infere-se que se trata de obrigações contidas no título que são autônomas entre si, ou seja, elas se comunicam, mas uma não infere na existência da outra, ou ainda, se houver a ocorrência de vício ou nulidade em uma eventual relação posterior devido à circulação do título, nada contaminará as relações futuras que vierem a decorrer do título. Posto isso, resta caracterizado a grande importância desse princípio, devido à explícita garantia de segurança nas relações cambiais. Segundo o princípio da autonomia, quando um único título representa mais de uma obrigação, a eventual invalidade de uma delas não prejudica as demais obrigações (GONÇALVES, ROBERTO, 2007, p. 599).

32 32 Para Negrão (2012, p. 40) a autonomia é o princípio que melhor garante a plena negociabilidade dos títulos de crédito, concedendo-lhe agilidade, dada à segurança jurídica com que se reveste o escrito cartular. Alguns doutrinadores subdividem esse princípio em dois outros, também de igual importância, quais sejam: a abstração e a inoponibilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa fé. Pela abstração entende-se que ocorre pelo fato de o título se desvincular da relação à causa que originou sua emissão. Para Mamede (2009, p.2) o princípio da abstração traduz uma ausência de causa necessária para a emissão da cártula, que, destarte, pode decorrer de qualquer tipo de negócio jurídico e não de um negócio em especial. A abstração somente aparece quando o título é posto em circulação, ou seja, quando ele passa a vincular duas pessoas que não contrataram entre si (possuidor atual e devedor emitente do título), de modo que são unidos apenas pela cártula (GONÇALVES, RIOS, 2011, p. 15). Para Coelho (2012, p. 55), a abstração prescreve que, após o título ser posto em circulação, ele se desliga da relação negocial originária e, em consequência, eventuais vícios desta relação não são óbices à cobrança do título. Fazzio Junior (2008, p. 320) aponta a abstração como um atributo que pode ou não existir, conforme o título de crédito, denominando-a como eventual, ou seja, essa característica não pode ser encontrada em todos os títulos de crédito, mas apenas em alguns. Consiste a abstração na desvinculação do título em relação ao negócio que o originou. Há títulos que se desconectam da relação obrigacional. As cambiais são títulos abstratos, mas a duplicata não o é, visto ser um título causal (FAZZIO JUNIOR, 2008, p. 320). Pela chamada inoponibilidade de exceções, que caracteriza um ato processual, o qual impede o devedor de alegar vícios e defeitos contra o portador de boa fé do título, ele não pode ser atingido por defesas relativas a negócios jurídicos dos quais não participou, pois o título chega até ele livre de vícios que decorreram de relações passadas. De acordo com Roberto Gonçalves (2007, p. 600), o devedor não pode alegar, em seus embargos, matéria de defesa estranha à sua relação direta com o exequente, salvo provando a má fé deles.

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