Projetos Estratégicos
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- Victoria Lacerda Bardini
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2 SUMÁRIO SUMÁRIO INTRODUÇÃO 5 PROJETOS ESTRATÉGICOS MINISTÉRIO DA DEFESA 7 H-XBR PROJETO SGDC 9 10 PROJETOS ESTRATÉGICOS MARINHA 12 PROSUB PNM SisGAAz PROJETOS ESTRATÉGICOS EXÉRCITO 20 SISFRON GUARANI DEFESA CIBERNÉTICA PROJETOS ESTRATÉGICOS FORÇA AÉREA 28 PROJETO KC-X PROJETO F-X2 PROJETO A-DARTER
3 INTRODUÇÃO Atualmente, o Brasil conta com uma Base Industrial de Defesa (BID) em pleno processo de renovação, o que vem permitindo ao país estar cada vez mais competitivo no mercado internacional. Os equipamentos produzidos pela indústria nacional de defesa apresentam crescente capacidade tecnológica e estão presentes nas mais diversas áreas, desde alimentos, como a ração operacional, até armamentos, munições, blindados, paraquedas, radares e aeronaves de grande porte, por exemplo. Esse fomento ao setor, que cria condições para que o país volte a ocupar uma posição de destaque no mercado internacional, está diretamente ligado a um esforço do Governo Federal, por meio do Ministério da Defesa e das Forças Armadas, em associar a recomposição da capacidade operativa de Marinha, Exército e Aeronáutica à criação de oportunidades para as indústrias brasileiras de defesa. A Estratégia Nacional de Defesa (END), lançada em 2008, estabeleceu a necessidade de reestruturação da capacidade operativa das Forças Armadas e destacou a importância de a indústria nacional de defesa ser a grande provedora desses equipamentos. Com isso, o setor passou a contar com uma série de incentivos, como uma legislação específica, a Lei nº , que estabelece um regime especial de tributação (RETID) e dá prioridade ao desenvolvimento de tecnologias indispensáveis ao país. A combinação desses incentivos com a inclusão das indústrias nacionais em todos os das Forças Armadas propiciou um aquecimento do setor. Segundo estimativas do Ministério da Defesa, somente em 2014 foram autorizadas exportações de produtos de defesa em valores superiores a U$ 600 milhões. Os reflexos positivos também se estendem à geração de empregos. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde), apenas no segmento de armamentos o número de funcionários saltou de 4 mil em 2007 para mais de 7 mil em
4 MINISTÉRIO DIVULGAÇÃO - MARINHA DA DEFESA 6 Ministério da Defesa 7
5 DEFESA H-XBR A obtenção de equipamentos de forma conjunta, por meio da economia de escala, ou seja, possibilitando que um único produto atenda às necessidades operacionais das três Forças Armadas, é uma medida apontada como essencial para otimizar recursos. Aquisições que envolvam transferência e absorção de tecnologia, fazendo com que o país dependa cada vez menos de conhecimentos estrangeiros, são importantes para países que pretendam ter uma política de defesa robusta, mantendo-se competitivos no mercado mundial. Nesse contexto, nasceu o Projeto H-XBR, que prevê a aquisição de 50 helicópteros de transporte EC-725 para uso da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Pioneiro na modalidade de aquisição conjunta, o projeto representa um marco da entrada do Brasil na produção de aeronaves de asas rotativas desse porte. Graças a esse projeto, o país, que antes contava com expertise restrita à fabricação de aviões, atualmente conta com empresas e profissionais capazes de desenvolver e fabricar partes e componentes de helicópteros. Além da implementação, no Brasil, da linha de produção da aeronave e de toda a capacidade de apoio e manutenção para esse tipo de helicóptero, fator que fomenta a produção de componentes pela indústria nacional, também está prevista a criação de um centro de engenharia de helicópteros, o que possibilitará a realização de projetos de modificação de aeronaves em território nacional. O EC-725 realiza missões de transporte tático, de tropas, de cargas, reabastecimento em voo, busca e salvamento, combate e esclarecimento e proteção de superfície marítima. Além disso, o helicóptero é considerado fundamental para prestar apoio em calamidades públicas, como resgate e transporte em enchentes, por exemplo. DIVULGAÇÃO - MARINHA Em 2014, foi entregue a primeira aeronave que teve todas as suas etapas de produção no Brasil, o que representou um marco para o Projeto H-XBR e para a indústria nacional. 8 Ministério da Defesa 9
6 litar, o que vai garantir segurança total nas transmissões de informações estratégicas do país. Isso trará ainda maior conhecimento e autonomia nas mais diversas operações de proteção, dando força a projetos como o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz) e o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON). Do total de 50 aeronaves previstas no contrato, 16 serão destinadas à Força Aérea Brasileira, 16 ao Exército Brasileiro, 16 à Marinha do Brasil e duas ao Comando da Aeronáutica para atender à Presidência da República. Até o momento, já foram entregues 15 aeronaves: quatro para a Marinha, cinco para o Exército e seis para a FAB, e as duas para o atendimento à Presidência da República. PROJETO SGDC SATÉLITE GEOESTACIONÁRIO DE DEFESA E COMUNICAÇÕES No que diz respeito às áreas de absorção e de transferência de tecnologia, o projeto já representa avanços. Além da capacitação de indústrias do setor aeroespacial, coordenada pela Agência Espacial Brasileira (AEB), aproximadamente cem brasileiros do Ministério da Defesa e demais órgãos que cuidarão do controle do artefato quando ele estiver em órbita, têm participado de treinamento para absorção de tecnologia nas instalações da empresa parceira do Brasil no projeto, a Thales Alenia Space (TAS), na França. Esse processo de capacitação servirá também para apoiar o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), que prevê a construção de outros novos satélites com a participação da indústria nacional. O Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas tem sua entrega prevista para julho de 2016, e seu lançamento deverá ser feito neste mesmo ano, da base de Kouru, na Guiana Francesa. A partir de 2016, o Brasil passará a contar com uma forma mais segura e independente para gerir o trânsito de suas informações com o lançamento do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC). O objetivo do programa é prover meios seguros e soberanos para comunicações estratégicas e de defesa, além de trazer ao país tecnologias espaciais críticas, por meio de programas de transferência e de absorção de tecnologia. O artefato será o primeiro a ser 100% controlado por instituições brasileiras, dando ao Brasil pleno domínio das informações que orbitam o território nacional. Isso porque o satélite terá uma banda de uso exclusivo mi- Além da comunicação totalmente segura em sua banda militar, o SGDC proverá também a cobertura de internet para 100% do território brasileiro. Por ser um satélite de defesa e de comunicações, o artefato contará com uma banda Ka, que possibilitará o acesso à internet para regiões mais afastadas do Brasil, que ainda dependem da construção de rotas de fibra ótica para terem acesso à rede. O custo total do projeto é de aproximadamente R$ 1,7 bilhão de reais, sendo o investimento da área de Defesa de R$ 489 milhões. O projeto está inserido no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o que comprova o compromisso do governo federal com o pleno funcionamento do SGDC e com a consequente independência no domínio de suas informações. 10 Ministério da Defesa 11
7 DIVULGAÇÃO - MARINHA MARINHA 12 Ministério da Defesa 13
8 PROSUB - PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DE SUBMARINOS Inserido na concepção da Construção do Núcleo do Poder Naval, que busca modernizar a capacidade operacional da Marinha do Brasil (MB), o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) tem como objetivo projetar e construir no Brasil quatro submarinos convencionais e, por último, um submarino movido a propulsão nuclear. Para viabilizar esse projeto, uma gigantesca estrutura, com diversos galpões e oficinas, vêm sendo edificada no município de Itaguaí, no estado do Rio de Janeiro (RJ), de forma a assegurar que o país tenha uma estrutura adequada para a construção e a manutenção de submarinos. Em 2013, foi entregue a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), espaço de infraestrutura industrial de submarinos, onde será feita a montagem de seções, como anteparas, conveses, tanques, fixadores e peças de penetração no casco. Em 2014, foi inaugurado o prédio principal do Estaleiro de Construção e a conclusão de todas as obras dessa unidade está prevista para o final de Além disso, até 2018, deverão ser entregues os prédios do Estaleiro de Manutenção e da Base Naval, dedicados ao apoio logístico de submarinos. A entrega de importantes unidades que compõem o projeto tornou possível o início da construção de três dos quatro submarinos convencionais, que estão em fases distintas de um cronograma integrado. Além de assegurar a soberania e a proteção das águas jurisdicionais brasileiras, o PROSUB é um dos maiores projetos estratégicos no sentido de absorção e de transferência de tecnologia, colocando o Brasil entre os poucos países que dominam a tecnologia nuclear. Por ser um equipamento de maior mobilidade, autonomia e capacidade de permanência debaixo d água, o submarino nuclear tem forte peso dissuasório, desencorajando possíveis ameaças. Construção do primeiro submarino convencional do Prosub (S-BR1) na UFEM, no Rio de Janeiro FOTO: FELIPE BARRA 14 Ministério da Defesa 15
9 O Programa se destaca pela alta qualificação técnica de profissionais brasileiros que passarão a ter conhecimento para projetar e construir, de forma independente, um submarino. Para dominar tal tecnologia, entre os anos de 2010 e 2012, engenheiros, especialistas e operários brasileiros passaram por um treinamento na França e, atualmente, se dedicam, no Brasil, à multiplicação desse conhecimento na execução do Programa. O PROSUB também tem como marca o fortalecimento da indústria nacional. Apenas na construção das unidades já entregues, mais de 600 empresas nacionais estiveram envolvidas. Ao final do projeto, com a base e o estaleiro, o país poderá efetuar trabalhos de manutenção de submarinos e até exportar submarinos projetados e construídos no Brasil para outros países. FOTO: FELIPE BARRA A expectativa é de que ao longo de todo o projeto sejam gerados milhares de empregos diretos e indiretos, com qualificação de mão de obra especializada. PNM - PROGRAMA NUCLEAR DA MARINHA O Brasil só pôde assumir o desafio de projetar e construir seu próprio submarino nuclear porque o país já domina o chamado ciclo de produção de combustível nuclear, ou seja, a técnica de enriquecimento de urânio, com fins pacíficos. Esse era um dos principais objetivos do Programa Nuclear da Marinha (PNM) e, atualmente, uma Unidade Piloto de Hexafluoreto de Urânio (USEXA) já produz o combustível em escala de demonstração. O próximo passo será a produção em escala industrial do combustível nuclear (hexafluoreto de urânio), o que representa uma das etapas mais importantes para um projeto nuclear. FOTO: FELIPE BARRA Operários trabalhando na construção das seções do submarino Ainda em 2015, deverão ser concluídas as obras da unidade que entrará em operação após obtenção das licenças necessárias junto à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão que regula o setor no país. 16 Ministério da Defesa 17
10 O domínio dessa tecnologia permite ao Brasil dispor de uma alternativa energética para atender ao consumo interno ou para comercialização no mercado internacional. Atualmente, o PNM trabalha também em outro desafio: projetar o protótipo do reator nuclear, um modelo do componente que irá compor a turbina para que seja possível a propulsão do submarino nuclear, o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB). A expressão Amazônia Azul é utilizada para denominar toda a área marítima que pertence ao Brasil e que, portanto, tem a sua vigilância sob a responsabilidade da Marinha. O tamanho das chamadas águas jurisdicionais brasileiras é tão grande que equivale à extensão territorial da Floresta Amazônica, área que ocupa quase a metade de todo o território nacional. Para monitorar essa enorme extensão, o país contará com o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), criado para dotar a Força Naval de meios de última geração que possam proteger as riquezas brasileiras, como plataformas de petróleo e a camada do pré-sal, além de evitar o tráfico de drogas, a pirataria, entre outros ilícitos. Tanto a confecção desse protótipo quanto os diversos testes de eficácia do equipamento serão realizados no Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica (LABGENE), conjunto de 11 prédios que está em fase de construção na cidade de Aramar (SP). No local, turbinas e geradores levarão energia elétrica para sistemas de propulsão, tornando possível que o país passe a desenvolver a capacidade tecnológica para projetar, construir, operar e manter um reator nuclear do tipo PWR (Pressurized Water Reactor). Esse reator movido a água pressurizada é o que fará a propulsão nuclear, capaz de mover o submarino e de permitir que ele permaneça por longos períodos debaixo d água. Tanto as turbinas como os geradores foram feitos no Brasil, em parceria com a indústria nacional. Além disso, empresas brasileiras vêm sendo capacitadas pela empresa francesa Direction des Constructions Navales et Services (DCNS), parceira do Brasil no âmbito do PROSUB, dentro do programa de transferência de tecnologia e de nacionalização previstos no projeto. SisGAAz - SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA AMAZÔNIA AZUL O complexo sistema de monitoramento e controle será composto por diversos tipos de sensores que integrarão redes de informação e de apoio à decisão, em vários níveis de atuação. A ideia é que o sistema em suas diversas linhas de atuação forneça aos responsáveis pelo monitoramento todas as informações necessárias, uma espécie de radiografia em terceira dimensão que possibilitará a plena consciência situacional das águas jurisdicionais brasileiras, o que viabilizará uma rápida reação às eventuais ameaças detectadas. Assim como o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), criado pelo Exército para proteger a enorme área de fronteira terrestre, o SisGAAz ampliará as operações interagências, na medida em que as informações levantadas serão passadas de forma integrada para órgãos como Polícia Federal, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e outros. Além da defesa, o sistema terá uso dual (civil e militar), já que terá grande utilidade na prevenção da poluição ambiental, meteorologia, controle da pesquisa científica no mar e do patrimônio genético. Após a fase de conceituação, que envolveu a concepção operacional do sistema, o SisGAAz está atualmente em fase de contratação. A Diretoria de Gestão de Programas Estratégicos da Marinha (DGePEM) analisa as propostas comerciais das empresas candidatas a executar o projeto. Até 2016, deverá ser anunciado o nome da empresa vencedora e assinado o contrato de desenvolvimento do SisGAAz. A previsão inicial de investimentos nesse projeto é de R$ 13 bilhões. 18 Ministério da Defesa 19
11 FOTO: TEREZA SOBREIRA EXÉRCITO 20 Ministério da Defesa 21
12 SISFRON - SISTEMA INTEGRADO DE MONITORAMENTO DE FRONTEIRAS Atento à gravidade do problema e ao aumento da violência que essas atividades ilegais trazem ao país, o Exército Brasileiro criou o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON). Maior projeto de vigilância de fronteiras terrestres em execução no planeta, o SISFRON será permanente e ostensivo. Funcionará como uma verdadeira operação militar, transformando a realidade de estados e municípios brasileiros que sofrem com a violência resultante do mercado negro das fronteiras. Para conseguir monitorar o território, o Sistema terá investimentos que chegam aos R$ 12 bilhões. Tecnologias de ponta serão usadas e velhos mecanismos de controle darão espaço a novos aparelhos que, com a ajuda de satélites e radares, farão varreduras territoriais, enviando informações codificadas para agentes que, em tempo real, serão capazes de abordar criminosos que agem à luz do dia ou sob o manto do luar. Além de garantir maior segurança para seus cidadãos, o SISFRON promoverá avanços para a indústria brasileira e gerará empregos no país. A maior parte dos equipamentos e tecnologias usadas (75%) é nacional e será fabricada no Brasil. Apenas para a primeira fase do Sistema, já foram gerados cerca de 390 empregos diretos e mais de 1,5 mil indiretos. Pilares do SISFRON: 1 Monitoramento: na faixa de fronteira, o Sistema contará com meios de sensoriamento integrado por radares e Veículos Aéreos Não-Tripulados (VANTs), que vão monitorar possíveis ameaças, ilícitos e crimes transnacionais ou ambientais. País de dimensões continentais, o Brasil tem quase 17 mil quilômetros de fronteiras com dez países sul-americanos. Como toda região fronteiriça, o tráfico de drogas, de armas e a exploração sexual infantil, infelizmente, são comuns, e representam um grande desafio para as autoridades policiais de todos os países envolvidos. 2 Apoio à Decisão: as informações captadas seguirão, através de uma infovia, a centros de comando e controle em diversos níveis, desde pequenas unidades até os comandos de área, onde profissionais de distintas agências, civis e militares, federais e estaduais, farão a análise e a integração dos dados. 3 Atuação: parte do sistema que vai realizar as ações de proteção e defesa, utilizando os meios operacionais do Exército e de forma integrada com Marinha e Aeronáutica, além dos órgãos federais, estaduais e municipais (operações interagências). Atualmente, o projeto-piloto do SISFRON encontra-se em fase de implantação numa faixa de fronteira de cerca de 600 quilômetros, no estado de Mato Grosso do Sul (MS), no município de Dourados. Apenas para esta unidade, 68 antenas foram implantadas e foram gerados quase oito mil empregos diretos e indiretos. O SISFRON deverá ter como próxima etapa a expansão do Sistema para as regiões Norte e Sul do país, a partir de GUARANI - NOVA FAMÍLIA DE BLINDADOS DE RODAS Se a Pátria querida, for envolvida Pelo inimigo, na paz ou na guerra, Defende a terra Contra o perigo Fibra de Herói No Brasil, a defesa da terra contra o perigo não se faz apenas com veículos que deslizem bem sobre o asfalto, mas também com equipamentos que tenham capacidade de se movimentar em ambientes como o da Floresta Amazônica, que cobre praticamente a metade do território nacional. 22 Ministério da Defesa 23
13 Pensando em conciliar mobilidade e segurança em missão nos mais diversos terrenos, o Projeto Família de Blindados Guarani foi criado. Ele consiste no desenvolvimento de veículos de combate nas plataformas 4x4, 6x6 e 8x8, que não só serão poderosos para operações militares de ataque, mas também representarão um salto qualitativo em missões de defesa, patrulhamento e paz. Planejado para suportar diferentes climas e terrenos, os blindados da Família Guarani realizarão deslocamentos rápidos não só em regiões de floresta, mas também na travessia de rios e córregos. Com capacidade para 11 homens, os blindados contam com uma série de inovações tecnológicas, como baixa assinatura térmica e de radar, o que dificulta sua localização pelos inimigos. Visando uma maior segurança para seus integrantes, a Família Guarani possui ainda proteção blindada para munição perfurante incendiária, conta com navegação por GPS e visão noturna. Com toda sua tecnologia desenvolvida pelo Centro Tecnológico do Exército, o chamado Blindado Guarani, categoria 6x6, terá mais de dez tipos de versões, como morteiro (para ser usado pelas armas de Infantaria e Cavalaria), comunicações, oficina, ambulância, engenharia e defesa química e nuclear, entre outras. Esse fator demonstra a versatilidade do equipamento e sua ampla gama de utilização na atuação da Força Terrestre. Nessa categoria, pelo menos 128 unidades foram entregues a organizações militares de todo o país. Além disso, outras 60 já foram produzidas e ainda serão entregues. A categoria mais pesada da família de blindados, a 8x8, está em fase de desenvolvimento pelos engenheiros do Centro Tecnológico do Exército, e seu mock-up (maquete em tamanho real) será apresentado ainda em A viatura leve multitarefa, 4x4, se encontra em fase final de avaliação para aquisição, em 2015, pelo Exército Brasileiro. Até o final do projeto o Exército passará a contar com quase três mil viaturas divididas entre as três categorias. Cerca de 90% dos componentes utilizados na fabricação do Guarani são de origem nacional FOTO: P.H FREITAS 24 Ministério da Defesa 25
14 DEFESA CIBERNÉTICA Um item que se destaca como prioritário na Estratégia Nacional de Defesa (END) diz respeito à segurança e confiabilidade das comunicações neste início de século XXI. Para garantir que informações estratégicas fluam de maneira rápida e segura num mundo cada vez mais conectado e digitalmente vulnerável, foi criado o projeto Defesa Cibernética, coordenado pelo Exército Brasileiro, desde O objetivo do projeto é dotar o Brasil de uma estrutura de alto nível que envolva não só militares, mas também pessoas do meio acadêmico, de instituições de pesquisa e desenvolvimento e do setor empresarial. Um dos primeiros passos do projeto foi a criação, em 2010, do Centro de Defesa Cibernética (CDCiber), com a responsabilidade de coordenar e integrar as atividades de defesa cibernética no âmbito do Ministério da Defesa. Dentro do projeto, há ainda a implantação da Escola Nacional de Defesa Cibernética e do Comando de Defesa Cibernética, que consolidará os esforços do país visando uma segurança cada vez maior das redes digitais de interesse da Defesa Nacional. Em 2014, uma portaria do Ministério da Defesa estabeleceu normas para potencializar o setor de Defesa Cibernética no país e definiu responsabilidades no sentido de elaborar os projetos e estruturas desses dois órgãos. O documento estabelece que ficará a cargo da Secretaria-Geral e do Estado Maior-Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) do Ministério da Defesa elaborar as propostas de criação de infraestruturas de apoio, estrutura organizacional e demais providências. No caso da Escola Nacional, um grupo de trabalho já foi criado para estudar parcerias que viabilizem o projeto. Além do estabelecimento de uma política de Defesa Cibernética, o projeto já possibilitou o desenvolvimento nacional de importantes softwares, como o primeiro antivírus nacional, chamado Defesa BR, e o Sistema de Operações Cibernéticas (SIMOC). Este último funciona como um simulador e permite que os responsáveis pela Defesa Cibernética Nacional aperfeiçoem técnicas para detectar ataques em redes de dados, identificar vulnerabilidades, criar mecanismos de proteção e capacitar RH. Na área de hardwares, também há o desenvolvimento do Rádio Definido por Software (RDS) e a aquisição de um Super Computador, que está instalado no Instituto Militar de Engenharia (IME), que permite a realização de pesquisas de alto nível e a simulação de sistemas em interação e robótica. 26 Ministério da Defesa 27
15 AGÊNCIA FORÇA AÉREA / JOHNSON BARROS FORÇA AÉREA 28 Ministério da Defesa 29
16 PROJETO KC-X CARGUEIRO KC Ao longo das últimas décadas, a Força Aérea Brasileira (FAB) e a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) apostaram no investimento em ensino e pesquisa para ter, em território nacional, profissionais altamente capacitados. Além disso, buscaram parcerias internacionais que possibilitaram a efetiva transferência de tecnologia, beneficiando a cadeia produtiva nacional. Todo esse esforço teve como coroamento o projeto e o desenvolvimento do cargueiro KC-390. Maior aeronave já produzida no Brasil, o KC-390 também representa um marco na excelência de gerenciamento de projetos da FAB, porque consegue aliar a emissão de requisitos e de pacotes de offset, de forma a impulsionar diversos setores da Base Industrial de Defesa (BID). Ao todo, mais de 50 empresas brasileiras participam do projeto, que conta ainda com a colaboração da Argentina, Portugal e República Tcheca. Com capacidade para operar nos mais diversos cenários, - da floresta Amazônica às pistas de pouso da Antártica - o KC-390 realizará uma série de missões de transporte logístico e de reabastecimento em voo. Por sua capacidade de transportar até 23 toneladas, a aeronave pode ainda acomodar equipamentos de grandes dimensões, como armamentos, aeronaves semidesmontadas e até o blindado Guarani, equipamento do Exército que será usado na proteção da gigantesca fronteira terrestre brasileira. Em 2014, foi assinado o contrato de aquisição de 28 aeronaves para a FAB. Já no início de 2015, foi realizado o voo inaugural do KC-390, dando início à fase de testes dos dois protótipos, prevista para durar até o fim de 2016, quando começam as entregas das aeronaves. As 28 unidades para a FAB serão entregues ao longo de 12 anos. Com valor total de R$ 7,2 bilhões, o contrato prevê o fornecimento de um pacote de suporte logístico, que inclui peças sobressalentes e manutenção. Construção do cargueiro nacional KC-390 na fábrica da Embraer, em Gavião Peixoto (SP) O cargueiro nacional já nasce com grandes possibilidades de exportação para países que também precisarão, em breve, substituir suas aeronaves desse mesmo porte. Com isso, o Brasil deverá passar a fazer parte de um nicho de mercado até então dominado por grandes empresas internacionais. PROJETO F-X2 CAÇAS GRIPEN NG AGÊNCIA FORÇA AÉREA / SGT BATISTA Mesmo ocupando um bom patamar no mercado internacional, o Brasil procura adotar medidas para que se torne cada vez mais competitivo, como acordos de cooperação que possibilitem amplo crescimento tecnológico. Isso porque o país já tem compreensão de que a Defesa é um dos principais setores com capacidade de impulsionar o conhecimento tecnológico, aumentando a exportação de produtos com maior valor agregado e trazendo benefícios à economia brasileira. 30 Ministério da Defesa 31
17 O Brasil será responsável pelo desenvolvimento da versão para dois pilotos. A encomenda brasileira envolve 28 unidades monoplaces (para um piloto) e oito biplaces (para dois tripulantes). O contrato envolve ainda o treinamento de pilotos e mecânicos brasileiros na Suécia, apoio logístico e a transferência de tecnologia para indústrias brasileiras. O investimento total será de aproximadamente U$ 5,4 bilhões. As aeronaves serão utilizadas pela FAB em atividades de defesa e policiamento do espaço aéreo, ataque e reconhecimento. A primeira aeronave deverá ser entregue em 2019, e a última em O processo de transferência de tecnologia e de produção dos caças Gripen NG deverá resultar na criação de mais de dois mil postos de trabalho diretos e aproximadamente 20 mil indiretos nos próximos dez anos. DIVULGAÇÃO: SAAB PROJETO A-DARTER MÍSSIL AR-AR DE 5ª GERAÇÃO Nesse contexto, nasceu o Projeto F-X2, que, a partir da necessidade de reequipar a FAB com aviões de caça, representará mais um salto brasileiro no sentido de incorporar avanços tecnológicos importantes em sua Base Industrial de Defesa. Assim como na década de 80, quando o Brasil firmou uma parceria histórica com a Itália no Projeto AMX, trazendo ao domínio nacional o conhecimento para produzir aviões na categoria jatos, agora um acordo de cooperação com a Suécia levará o país a um novo patamar aeroespacial. Assinado em 2014 pela FAB, o contrato com a empresa sueca SAAB prevê a aquisição de 36 aviões de caça Gripen NG. Graças a uma filosofia estratégica de apoiar a indústria nacional, o Brasil conta atualmente com empresas capacitadas e que, por isso, puderam ser incluídas no pacote de compensações negociado pela Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC) com a SAAB, fazendo com que o país também participe do desenvolvimento do Gripen. O Gripen NG será o único caça do Hemisfério Sul capaz de voar a velocidades supersônicas por longas distâncias O Brasil tem acordos de cooperação com vários países e blocos, que possibilitam a troca de conhecimento em diversos campos. Nesse sentido, o projeto de desenvolvimento do míssil A-Darter, fruto de uma parceria entre o Brasil e a África do Sul, desponta como um dos equipamentos de maior integração entre as indústrias dos dois países, e com grande potencial de mercado por ser um míssil de última geração. O A-Darter é um míssil de curto alcance, projetado para atingir alvos aéreos em até 12 quilômetros. Sua principal característica, já testada com sucesso, é a capacidade de realizar manobras de alto desempenho, porque ele conta com um sensor que detecta o alvo e calcula a melhor rota para atingi-lo. Graças à parceria com a África do Sul, que desde a década de 60 tem experiência no ramo de mísseis, atualmente algumas das soluções tecnológicas desenvolvidas para o A-Darter já fazem parte de outros produtos criados pela indústria nacional. Os engenheiros brasileiros envolvidos no 32 Ministério da Defesa 33
18 projeto atuaram, especialmente, na elaboração de programação dos sistemas do míssil. Com 90% do processo de desenvolvimento concluído, no início de 2015, o míssil foi testado com sucesso, a partir de um lançamento feito de um avião de caça Gripen da Força Aérea da África do Sul, tendo atingido o alvo após realizar uma manobra de 90 graus, em uma altitude de 600 metros mais elevada. MINISTRO DE ESTADO DA DEFESA Jaques Wagner SECRETÁRIA-GERAL Eva Maria Cella Dal Chiavon CHEFE DO ESTADO-MAIOR CONJUNTO DAS FORÇAS ARMADAS General José Carlos De Nardi Com isso, o projeto entrou em uma das etapas finais de desenvolvimento do míssil, que deverá ficar pronto no primeiro semestre de A previsão é de que, no futuro, esses mísseis possam equipar os caças Gripen NG, que serão adquiridos pela FAB. Ao todo, R$ 300 milhões foram investidos até o momento, sendo a metade desse valor diretamente em empresas nacionais. 34 Ministério da Defesa 35
19 PRODUÇÃO: ASCOM 36 Ministério da Defesa
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