Efeito da aplicação de silício na incidência da traça-das-crucíferas em repolho.
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1 SILVA, A. L. S; JUNQUEIRA, A. M. R.; FREITAS, L. M. de; SILVA, F. A. S. Efeito da aplicação de silício na incidência Efeito da aplicação de silício na incidência da traça-das-crucíferas em repolho. da traça-das-crucíferas em repolho Horticultura Brasileira 28: S3598-S3602. Efeito da aplicação de silício na incidência da traça-das-crucíferas em repolho. André Luís S. Silva 1 ; Ana Maria R. Junqueira 2 ; Luciana M. de Freitas 2 ; Flávio A. S. Silva 3. 1 Bolsista PIBIC/UnB - CNPq. 2 Universidade de Brasília, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, C. Postal 4508, , Brasília DF. 3 Eng. agrônomo autônomo. alsrp.silva@gmail.com, anamaria@unb.br. RESUMO O experimento foi conduzido na Fazenda Água Limpa, Universidade de Brasília, Brasília-DF. Utilizou-se o cultivar Kenzan. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com oito tratamentos em quatro repetições. Os tratamentos foram compostos de três doses de silício aplicadas via foliar (3, 6 e 9kg/ha), três doses de silício aplicadas via solo (300, 600 e 900 kg/ha), adubação química recomendada para a cultura e testemunha (sem adubação). Os danos da traça foram avaliados de forma direta e indireta. O número de furos nas quatro folhas centrais de 10 plantas por repetição foi avaliado semanalmente durante o ciclo da cultura. Uma escala de notas foi utilizada para avaliar as plantas em função dos danos da traça no momento da colheita. Não foi observado efeito significativo do silício no controle da traça-das-crucíferas. Palavras-chave: Brassica oleracea var. capitata, Plutella xylostella, agrosilício, injúria. ABSTRACT Silicon effect in the incidence of diamondback moth in cabbage plants. The experiment was carried out at Fazenda Agua Limpa, University of Brasilia, Brasilia-DF, from June to September Cultivar Kenzan was evaluated. The experimental design was randomized blocks with eight treatments in four replicates. The treatments were three levels of silicon (3, 6 and 9kg/ha) applied to leaves, three doses of silicon (300, 600 and 900kg/ha) incorporated to the soil, chemical fertilization and control with no fertilization. Insect damages were evaluated directly and indirectly. Insect holes were evaluated weekly in 10 plants per parcel during crop cycle. Grades were attributed to plants at harvest as a function of insect damage. No significant effect of silicon was observed for insect control. Keywords: Brassica oleracea var. capitata, Plutella xylostella, agrosilicio, injury. A traça-das-crucíferas é um inseto da ordem Lepidoptera, da família Plutellidae, considerado o mais problemático para a cultura das Brássicas cultivadas assim como para as silvestres (MEDEIROS, 2004). O inseto é conhecido mundialmente como Diamondback Moth e é considerado o que causa maiores perdas econômicas em cultivos de brassicas através do mundo (VOICE & CHAPMAN, 2000). No Brasil está disseminado nos estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal e Rio Grande do Sul, ocorrendo durante todo o ano (CASTELO BRANCO & GUIMARÃES, 1990; BARROS et al., 1993; MELO et al., 1994). Monnerat (1995, citado por TIBA, 2008) relata que o ciclo de vida varia de 15 a 35 dias dependendo da temperatura. Os ovos são alaranjados, pequenos, elípticos, aplanados, com relevos ondulados. São depositados na parte inferior das folhas, isolados ou em grupos de 2 ou 3, e o período de incubação é de 3 Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S3598
2 a 4 dias A lagarta é inicialmente esbranquiçada, mas adquire pouco depois coloração verdeclara com a cabeça parda, e sobre o corpo notam-se pequenos pêlos escuros e esparsos. Apresenta quatro ínstares larvais, sendo que no quarto inicia a confecção do casulo. Atingem o máximo de desenvolvimento com 8 a 10 mm de comprimento após 9 a 10 dias da eclosão das lagartas. A cabeça das lagartas de primeiro e segundo ínstares possui coloração preta, distinta do marrom-esverdeado da cabeça das lagartas de terceiro e quarto instares. O período larval varia de 6 a 30 dias (MAU & KESSING, 2007) e segundo MEDEIROS et al (2003), a 28 C o ciclo pode ser reduzido para 7 a 11 dias. A pupa fica dentro de um tênue casulo de seda branca (MONNERAT, 1995; apud TIBA, 2008) e se fixa na face inferior das folhas ou em outras áreas protegidas da planta. O período pupal apresenta, em média, 8 dias (MAU E KESSING, 2007), e pode ser reduzido, conforme Medeiros et al. (2003) a 28 C, variando entre 3 a 5 dias. A mariposa é um microlepidóptero de coloração parda, o adulto apresenta cerca de 10 mm de comprimento, e apresenta estampado no dorso, quando as asas estão fechadas, um desenho prismático branco que lembra um diamante esculpido (SILVA JUNIOR, 1987). Cada fêmea pode ovipositar, em média, 160 ovos durante seu ciclo de vida (MONNERAT, 1995 apud TIBA, 2008). Do ponto de vista econômico, a fase larval é a única responsável pelos danos, e uma mortalidade precoce desta fase é mais importante que um controle após as lagartas estarem estabelecidas (HARCOURT, 1957). O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito da aplicação de silício, via foliar e também no solo, sobre os danos causados pela Plutella xylostella. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Fazenda Água Limpa (FAL), Universidade de Brasília, Brasília-DF, de junho a setembro de Utilizou-se o cultivar Kenzan. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com oito tratamentos em quatro repetições. Os tratamentos foram compostos de três doses de silício aplicadas via foliar (3, 6 e 9kg/ha), três doses de silício aplicadas via solo (300, 600 e 900 kg/ha), adubação química recomendada para a cultura e testemunha (sem adubação). O espaçamento entre plantas foi de 0,40m e entre sulcos de 0,80m, com a população de 48 plantas por parcela. A parcela era constituída por quatro fileiras de 4,5 m de comprimento cada, abrangendo área total de 13,5 m². Nos tratamentos com aplicação foliar, o sílicio foi misturado ao espalhante adesivo e água, sendo aplicado nas folhas com regador 21 dias após o transplantio e, a partir de então, em aplicações semanais. Nos tratamentos com aplicação no solo, o silício em sua totalidade foi aplicado dois dias antes do transplante das mudas. Os demais nutrientes foram aplicados no solo em todos os tratamentos, com exceção da testemunha. A dose dos nutrientes NPK foram, respectivamente, 150 kg/ha, 400 kg/ha e 100 kg/ha, sendo aplicados na proporção N 20% no plantio, 20% na primeira adubação de cobertura, 30% na segunda adubação de cobertura e 30% na terceira adubação de cobertura; P 100% no plantio; K seguindo o mesmo parcelamento usado para N. A fonte de silício utilizada foi o agrosilício. O transplantio das mudas foi realizado 30 dias após a semeadura em bandeja de poliestireno. A irrigação foi feita por gotejamento, sendo realizadas aplicações de micronutrientes a cada quinze dias após o transplante. O procedimento de amostragem para a traça-das-crucíferas foi feito de forma direta e indireta. De forma direta, a avaliação Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S3599
3 teve início 21 dias após o transplante onde foi observado o número de furos nas quatro folhas centrais da planta, em dez plantas por parcela, procedimento repetido semanalmente durante o ciclo da cultura. De forma indireta, as observações foram feitas através da atribuição de notas, no momento da colheita, a dez plantas por parcela, conforme escala de notas sugeridas por Castelo Branco et al. (1996): nota 1 = folhas raspadas ou sem dano; nota 2 = folhas com furos pequenos (pouco dano); nota 3 = folhas com furos grandes (com dano); nota 4 = plantas com folhas totalmente danificadas (muito dano). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo Teste de Scott Knott, ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Não foram observadas diferenças estatísticas significativas entre os tratamentos para número de furos da traça nas datas avaliadas, com exceção do observado no 56º dia, no qual as plantas que receberam silício no solo apresentaram médias menores. Não foi observada alta infestação do inseto o que pode ter levado a não diferenciação entre os tratamentos. No somatório do número de furos, as médias foram agrupadas em dois grupos, não sendo observada diferença estatística significativa entre a testemunha e o tratamento com adubação química. Entre as doses de silício, embora tenha sido observada diferença estatística significativa entre as médias, não foi possível observar qualquer tendência ou efeito positivo do silício na redução do número de furos na planta. As plantas da parcela testemunha receberam nota menor, ou seja, apresentaram melhor aspecto comparado às demais. No entanto, essa nota não diferiu estatisticamente da nota atribuída às plantas das parcelas onde o silício foi colocado no solo, sendo um indicativo de que o silício aplicado ao solo pode vir a contribuir para redução dos danos da traça. REFERÊNCIAS BARROS, R; et al. Controle químico das traças das crucíferas, Plutella xylostella (L.) (Lepidoptera: Plutellidae), em repolho. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v. 22, n. 3, p , CASTELO BRANCO, M; GUIMARÃES, AL. Controle das traças das crucíferas em repolho. Horticultura Brasileira,v.10, n. 1, p CASTELO BRANCO, M; VILLAS BÔAS, GL; FRANÇA, FH. Nível de dano de traça-dascrucíferas em repolho. Horticultura Brasileira, Brasília, v.14, n.2, p , HARCOURT, DG. Biology of the diamondback moth, Plutella maculipennis (Curt.) (Lepidoptera: Plutellidae), in Eastern Ontario. II. Life-history, behavior, and host relationships. Canadian Entomologist, Ottawa, v. 89, p , MAU, RFL; KESSING, JLM. Plutella xylostella (Linnaeus). Disponível em: < Acesso em: 05 fev Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S3600
4 MEDEIROS, PT; DIAS, JMCS; MONNERAT, RG; SOUZA, NR. Instalação e manutenção de criação massal da traça-das-crucíferas (Plutella xylostella). Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. (Circular Técnica, 29, 2003). Disponível em: < publica/trabalhos/ct029.pdf>. Acesso em: 05 fev MEDEIROS, PT Estirpes brasileiras de Bacillus thuringiensis efetivas no controle biológico da traça-das-crucíferas Plutella xylostella. Cuiabá: UFMT. 81p (Tese mestrado). MELO, PE; CASTELO BRANCO, M; MADEIRA, NR. Avaliação de genótipos de repolho para a resistência a traça das crucíferas. Horticultura Brasileira, v. 12, n. 1, p ,1994. SILVA JÚNIOR, AA. Repolho: Fitologia, Fitotecnia, Tecnologia Alimentar e Mercadologia. 1ª ed. Florianópolis, EMPASC, p. TIBA, LM Efeito de alguns inseticidas sobre a mariposa Plutella xylostella (L., 1958) (Lepidoptera, Plutellidae) por meio de iscas esterilizantes. Piracicaba: USP ESALQ. 58p (Tese mestrado). VOICE, DG; CHAPMAN, RB. Imported insecticide resistance in diamondback moth. New Zealand Plant Protection, v.53, p.83-86, Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S3601
5 Tabela 1. Furos da traça-das-crucíferas e notas atribuídas às plantas de repolho, cv. Kenzan, em função de diferentes doses de silício (Diamondback moth holes and grades atributted to cabbage plants, cv. Kenzan, as a function of silicon doses). Brasília, DF. UnB-FAV-NUCOMP, Tratam. 21 dias 28 dias 35 dias 42 dias 49 dias 56 dias 63 dias 70 dias Somatório Nota 1 0,42a* 0,22a 0,67a 1,72a 2,27a 1,50b 2,00a 1,32a 10,15a 1,25a 2 0,42a 0,27a 2,20a 1,85a 4,30a 0,52a 3,35a 1,40a 14,32a 1,48a 3 0,42a 0,82a 0,95a 1,95a 7,17a 1,32b 3,60a 1,90a 18,20b 1,98c 4 0,72a 0,57a 0,95a 1,10a 5,17a 0,45a 3,07a 1,97a 14,02a 1,70b 5 1,00a 0,80a 1,20a 3,30b 6,10a 0,57a 4,15a 2,35a 19,47b 1,73b 6 0,37a 0,80a 1,00a 1,25a 5,50a 0,65a 3,12a 2,17a 14,60a 1,55a 7 0,50a 1,32a 1,07a 2,47b 5,92a 0,37a 2,90a 1,65a 16,22b 1,58a 8 0,57a 0,52a 1,22a 3,40b 4,82a 0,30a 1,90a 1,55a 14,30a 1,48a CV (%) 30,96 41,42 43,93 55,31 61,14 37,08 48,16 44,53 73,13 36,53 * Média de 10 plantas em quatro repetições. Dados transformados em (x +1) 0,5. Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste Scott-Knott, ao nível de 5% de probabilidade. Testemunha (sem adubação) = 1; Adubação recomendada = 2; 3kg/ha de silício via foliar = 3; 6kg/ha de silício via foliar = 4; 9kg/ha de silício via foliar = 5; 300kg/ha de silício via solo = 6; 600kg/ha de silício via solo = 7; 900kg/ ha de silício via solo = 8. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S3602
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