CLASSIFICAÇÃO DE CULTIVARES DE BRÁSSICAS COM BASE NO AUMENTO POPULACIONAL DA TRAÇA-DAS- CRUCÍFERAS
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- Sabina Franca
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1 VIANA CLTP; THULER Classificação RT; GOULART de cultivares RM; VOLPE de brássicas HXL; VACARI com base AM; no BORTOLI aumento SA. populacional Classificação da traça-das-crucíferas de cultivares de brássicas com base no aumento populacional da traça-das-crucíferas. Horticultura Brasileira 26: S3836-S3841. CLASSIFICAÇÃO DE CULTIVARES DE BRÁSSICAS COM BASE NO AUMENTO POPULACIONAL DA TRAÇA-DAS- CRUCÍFERAS Cácia Leila Tigre Pereira Viana 1 ; Robson Thomaz Thuler 1 ; Roberto Marchi Goulart 1 ; Haroldo Xavier Linhares Volpe 1 ; Alessandra Marieli Vacari 1 ; Sergio Antonio De Bortoli 1 1 UNESP - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Departamento de Fitossanidade, Via de acesso Prof. Paulo Donato Castellane s/n, CEP: Jaboticabal-SP; caciat@yahoo.com.br RESUMO A traça-das-crucíferas, Plutella xylostella, é considerada a praga mais importante das plantas da família Brassicaceae, no Brasil e no mundo. O controle químico empregado com freqüência no campo vem provocando casos de resistência. Dessa forma, este trabalho objetivou avaliar o efeito de 6 cultivares de brássicas na biologia da traça-das-crucíferas, buscando materiais que não favoreçam o desenvolvimento da praga. Foram avaliadas as características biológicas: viabilidade e duração das fases larval e pupal, razão sexual, fecundidade, longevidade dos adultos e duração e viabilidade da fase de ovo, calculando-se também o potencial reprodutivo corrigido (PRC). Constatou-se que couve manteiga é o material que proporciona as melhores características para a praga. Couveflor Bola-de-Neve, Brócolis Ramoso Piracicaba Precoce (BRPP), repolho Chatode-Quintal e os híbridos de repolho TPC 668, TPC681, e TPC308 proporcionaram valores intermediários para as características, enquanto o híbrido Midori prejudicou o desenvolvimento de P. xylostella. Pode-se concluir que dentre as cultivares e híbridos testados o repolho Midori é o mais indicado para plantio, por prejudicar o crescimento populacional da traça-dascrucíferas, ocasionando menor número de gerações ao ano, além da possibilidade de sua associação com outras táticas de manejo. PALAVRAS-CHAVE: Brassica oleraceae, Plutella xylostella, potencial reprodutivo. ABSTRACT Brassic cultivars classification based on diamondback moth population increase The diamondback moth, Plutella xylostella, is the most important pest of brassics plants in Brazil and worldwide. However, the insecticides used to control diamondback moth is selecting cases of resistance. The objective this work was to evaluate the effect of 6 varieties on the diamondback moth biology. The biological aspects evaluated were: viability and the length of the larvae and pupae period, sex ratio, female fertility, adult longevity and the length and viability of the egg period; also it was calculated the Corrected Reproductive Potential index (CRP). Kale cultivar Georgia was the material that showed the best pest characteristics. Broccolis Ramoso Piracicaba Precoce (BRPP), Cauliflower Bola-de-Neve, cabbage Chato-de-Quintal and cabbage hybrids TPC 668, TPC681, e TPC308 showed values close to the media characteristics, while the hybrid Midori was the Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago S3836
2 worst to P. xylostella development. By the results, it was possible to conclude that: the hybrid Midori is recommended to crop, because it is food that shows the lower value to the population growth, smaller number of generations a year, and it was possible to be used together with other control tactics. KEYWORDS: Brassica oleraceae, Plutella xylostella, reproductive potential. INTRODUÇÃO Plutella xylostella (L.,1758) (Lepidoptera: Plutellidae), conhecida como traça-dascrucíferas, é um microlepidóptero freqüentemente encontrado em cultivos de brássicas. É uma praga cosmopolita, ocorrendo nas mais diversas regiões do globo, independente das condições climáticas (Imenes et al., 2002). Devido ao alto potencial biótico da praga, o controle químico tem sido o mais utilizado por se tratar de um método rápido e prático, no entanto, o aparecimento de populações da traça resistentes aos inseticidas tem dificultado o seu manejo (Imenes et al., 2002; Castelo Branco et al., 2003). Como alternativa ao uso de agrotóxicos, a utilização de cultivares resistentes tem assumido papel relevante no manejo da traça-dascrucíferas de outras pragas importantes para essa cultura (Ulmer et al., 2002, Thuler et al., 2007). Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito de cultivares híbridos de repolho, de couve, de brócolis e couve-flor na biologia da traça-das-crucíferas. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório de Biologia e Criação de Insetos (LBCI) da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (FCAV- UNESP) em Jaboticabal/SP, sob temperatura de 25+1 o C, umidade relativa de 70+10% e fotofase de 14 h. Na experimentação foram utilizados 6 materiais de brássicas, repolho Midori (RM), repolho Chato-de-Quintal (CQ), híbridos de repolho Top Seed - Agristar ( TPC 668, TPC681, e TPC308 ), couve-flor Bola-de-Neve (CFBN), brócolis Ramoso Piracicaba Precoce (BRPP) e couve manteiga da Georgia (CM). As variedades foram plantadas na área experimental do Campus, sendo que a adubação foi baseada na análise de solo e a irrigação realizada durante os períodos de estiagem, de acordo com o aspecto visual das folhas. Para cada cultivar foram utilizadas 15 placas de Petri (9 cm de diâmetro), perfazendo 15 repetições, com um disco de folha de 8 cm de diâmetro, sobre papel filtro, levemente umedecido com água destilada. Sobre os discos foliares, foram colocadas 12 lagartas de primeiro instar de P. xylostella, recém eclodidas, sendo, posteriormente, as placas fechadas com filme plástico. As avaliações da viabilidade e duração larval iniciaram-se a partir do terceiro dia, em razão do hábito minador do inseto no primeiro estádio. As lagartas foram mantidas nas placas até atingirem a fase de pupa. Nesta fase, os insetos foram transferidos para placas plásticas com orifício (Elisa ) e foram observados até a emergência dos adultos, tendo-se acompanhado a duração, a viabilidade e a razão sexual dos insetos que emergiram. Adultos emergidos foram separados por sexo e transferidos para gaiolas de postura, com 4 repetições por cultivar, dois casais por gaiola. Nessa fase foi observada a fecundidade (número de ovos por fêmea), durante três dias (período de postura viável) e a longevidade dos adultos. Em seguida, os ovos obtidos foram colocados em placas de Petri e observados até a eclosão, determinando-se a viabilidade. Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago S3837
3 Os dados obtidos foram analisados, sendo os valores submetidos inicialmente à análise de variância, e as médias comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Para verificar a possível influência dos tratamentos no desenvolvimento e aumento da população foi calculado o índice potencial reprodutivo corrigido (PRC), segundo Barros (1998): PRC = (rs A)n, em que: rs é a razão sexual = n o de fêmeas/n o de adultos, A é o número de adultos aptos à reprodução, determinado para cada cultivar, em função do número médio de ovos por fêmea (no período determinado), corrigido pelas viabilidades das fases de ovo, larva e pupa; n é o número de gerações do inseto, em 30 dias, obtido pelo quociente: 30 (dias do mês)/duração total da fase imatura do inseto (dias de duração de ovo + larva + pupa). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram observadas diferenças significativas na duração e viabilidade larval e pupal e razão sexual. O peso de pupa, fecundidade e longevidade não sofreram alteração em razão das cultivares (Tabelas 1 e 2). Os insetos alimentados com a couve-flor BN ( Bola-de-Neve ) apresentaram o menor período larval (8,3 dias) e diferiram significativamente dos tratamentos com o repolho Midori e com o híbrido TPC668. Entretanto, não observou-se alta viabilidade larval, sendo semelhante aos tratamentos com repolho Midori e Chato-de-Quintal (Tabela 1). As larvas alimentadas com estas duas cultivares apresentaram viabilidade larval de 27 e 17,7%, e as pupas formadas nesse mesmo tratamento resultaram em 53,1 e 63%,7% de adultos, valores que diferiram significativamente do tratamento com couve manteiga, cultivar em que os insetos são mantidos na população do laboratório (Tabela 1). A cultivar brócolis demonstrou ser um alimento de boa qualidade para o desenvolvimento biológico da traça-das-crucíferas, como pode ser observado nos valores dos parâmetros avaliados com padrão muito próximo ao da couve manteiga. As características biológicas como a razão sexual, o peso de pupas e fecundidade das fêmeas não foram influenciadas pelas variedades testadas, com base na análise univariada dos dados. Por meio do PRC verificou-se uma separação entre as variedades, classificando-as em três grupos distintos quanto à resistência: a couve manteiga é o material que proporciona as melhores características da praga; Couve-flor Bola-de-Neve, brócolis Ramoso Piracicaba Precoce (BRPP), repolho Chato-de-Quintal e os híbridos de repolho TPC 668, TPC681, e TPC308 proporcionaram características intermediárias, enquanto o híbrido Midori prejudicou o desenvolvimento de P. xylostella (Figura 1). O híbrido de repolho Midori utilizado neste trabalho foi considerado como MR (Moderadamente Resistente) por Barros (1998) e como S (Suscetível) por Thuler et al. (2007). No entanto, para esta variação na classificação há de se considerar que a característica de resistência é definida, conceitualmente, como relativa, ou seja, mutável em função de condições especificas como ambiente e adubação, que variam entre as regiões onde foram realizados os testes (Lara, 1991). A fecundidade e a razão sexual não foram alteradas. O repolho Midori, influenciou negativamente as características biológicas que estão relacionadas diretamente com o número de gerações da praga: viabilidade, duração larval e pupal, por exemplo. Dessa forma, as variedades que se aproximaram de repolho Midori (Figura 1) apresentam potencial para reduzir a população de insetos de P. xylostella no campo. Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago S3838
4 LITERATURA CITADA BARROS R Efeito de cultivares de repolho Brassica oleracea var. capitata (L.) na biologia da traça-das-crucíferas, Plutella xylostella (L., 1758), e do parasitóide Trichogramma pretiosum Riley, p. Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo, Piracicaba. CASTELO BRANCO M; FRANÇA FH; PONTES LA; AMARAL PST Avaliação da suscetibilidade a inseticidas em populações da traça-das-crucíferas de algumas áreas do Brasil. Horticultura Brasileira 21: IMENES SDL; CAMPOS TB; RODRIGUES NETTO SM; BERGMANN EC Avaliação da atratividade de feromônio sexual sintético da traça das crucíferas, Plutella xylostella (L.) (Lepidoptera: Plutellidae), em cultivo orgânico de repolho. Arquivos do Instituto Biológico 69: LARA, FM Princípios de resistência de plantas a insetos. São Paulo: Ícone, 336. THULER RT; DE BORTOLI SA; HOFFMANN-CAMPO CB Classificação de cultivares de brássicas com relação à resistência à traça-das-crucíferas e à presença de glucosinolatos. Pesquisa Agropecuária Brasileira 42: ULMER B; GILLOTT C; WOODS D; ERLANDSON M Diamondback moth, Plutella xylostella (L.), feeding and oviposition preferences on glossy and waxy Brassica rapa (L.) lines. Crop Protection 21: Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago S3839
5 Tabela 1. Duração e viabilidade (±DP) do período larval e pupal de Plutella xylostella, alimentada com folhas de diferentes cultivares de brássicas (1). (Larvae and pupae period (days) and viability (%) (±SD) of Plutella xylostella feeding on leaves of brassics cultivars (1) ). Jaboticabal, SP, Genótipo Duração (dias) Viabilidade (%) Lagarta Pupa Lagarta Pupa Couve - M 8,7±0,59ab 2,8±0,35bc 91,2±18,4a 100,0±0,0a Repolho - CQ 9,2±0,58ab 2,9±0,33abc 27,0±8,9cd 63,1±29,9b Repolho - Midori 10,7±0,40ª 3,6±0,41a 17,7±4,5d 56,7±34,9b Repolho -TPC668 10,5±0,45ª 3,5±0,50ab 40,5±18,6bc 70,7±29,9ab Repolho -TPC681 10,1±0,63ab 2,8±0,57bc 50,0±15,6b 75,4±20,0ab Repolho -TPC308 9,1±0,40ab 3,3±0,76abc 52,0±25,0b 79,3±21,9 ab Couve-Flor - BN 8,3±1,30b 2,7±0,36c 34,0±18,4bcd 72,0±28,7ab Brócolis - RPP 9,1±0,71ab 3,3±0,90abc 77,0±14,2a 80,0±14,68ab M = Manteiga; CQ = Chato-de-Quintal ; RM = Midori ; BN = Bola De Neve; RPP = Ramoso Piracicaba Precoce. (1)Médias seguidas por letras iguais, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Tabela 2. Longevidade (±DP), de Plutella xylostella, alimentada com folhas de diferentes cultivares de de brássicas (1) (Longevity (days) (±SD) of Plutella xylostella feeding on leaves of brassics cultivars (1) ). Jaboticabal, SP, Genótipo Longevidade (dias) Adulto Couve M 9,1±0,60ª Repolho CQ 5,8±0,38cd Repolho Midori 6,2±0,00abc Repolho -TPC668 6,6±1,79abc Repolho -TPC681 7,2±1,35abc Repolho -TPC308 2,8±0,14d Couve-Flor BN 5,9±0,13bcd Brócolis RPP 9,1±0,38ab M = Manteiga; CQ = Chato-de-Quintal ; RM = Midori ; BN = Bola De Neve; RPP = Ramoso Piracicaba Precoce, (1)Médias seguidas por letras iguais, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade, Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago S3840
6 Figura 1. Potencial reprodutivo corrigido (PRC) de Plutella xylostella, alimentada com diferentes cultivares de brássicas, R= Repolho; BN = Bola-de-Neve ; RS=Resistente; MR=Moderadamente Resistente; S=Susceptível. Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago S3841
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