A Aplicação do Direito Internacional dos Conflitos Armados na Guerra de Quarta Geração

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1 ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO Maj Art OTONIEL Alves do Nascimento A Aplicação do Direito Internacional dos Conflitos Armados na Guerra de Quarta Geração Rio de Janeiro 2015

2 Maj Art OTONIEL Alves do Nascimento A Aplicação do Direito Internacional dos Conflitos Armados na Guerra de Quarta Geração Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares. Orientador: Ten Cel Art Marcelo CAVALIERE Rio de Janeiro 2014

3 N244a Nascimento, Otoniel Alves do A Aplicação do Direito Internacional dos Conflitos Armados na Guerra de Quarta Geração / Otoniel Alves do Nascimento f. : il ; 30cm. Trabalho de Conclusão de Curso - Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2014 Bibliografia: f Direito Internacional dos Conflitos Armados. 2. Guerra de Quarta Geração. 3. Aplicação I. Título. ANEXO AG MODELO DE FICHA CATALOGRÁFICA CDD 355.4

4 Maj Art OTONIEL Alves do Nascimento A Aplicação do Direito Internacional dos Conflitos Armados na Guerra de Quarta Geração Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares. Aprovado em de de. COMISSÃO AVALIADORA Marcelo CAVALIERE - Ten Cel - Ms. Presidente Escola de Comando e Estado-Maior do Exército Marcos Heleno Guerson de Oliveira Júnior Ten Cel - Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército TÚLIO Endres da Silva Gomes - Maj - Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

5 DEDICATÓRIA À querida esposa Márcia pelo amor e dedicação, principalmente, o apreço nos momentos difíceis dessa jornada. E, à amada filha Isabela, alegria diária da minha vida e fonte de inspiração permanente.

6 AGRADECIMENTOS Ao Todo Poderoso por todas as dádivas recebidas, À Escola de Comando e Estado Maior que me permitiu Realizar o Curso de Pós-Graduação em nível de especialização, Aos TC CINELLI e CAVALIERE pelas orientações prestadas, A todos que contribuíram para a realização deste trabalho, E, em especial à minha esposa e querida filhinha.

7 O lema do CICV é Inter Arma Caritas, ou seja, Em meio à guerra, Caridade

8 RESUMO O presente trabalho versa sobre a aplicação do Direito Internacional dos Conflitos Armados (DICA) na Guerra de Quarta Geração. Os principais institutos que envolvem a temática proposta englobam os princípios do DICA, as Convenções de Genebra de 1949 e os Protocolos Adicionais I e II inseridos no conceito da guerra moderna, em especial, a Guerra de Quarta Geração. Atualmente, fala-se em Guerra de Quarta Geração, caracterizada por novos cenário operacionais, participação de entes não estatais, novas tecnologias e operações no amplo espectro. Desta maneira, surgem desafios para a aplicação do DICA aos conflitos do século XXI e as formas de interpretação do ius in bellum ganham novos contornos em razão da complexidade dos conflitos armados assimétricos. Com isso, há necessidade de estudar a aplicação do DICA na atualidade, questionando-se a sua efetividade nesse cenário bélico multifacetado e assimétrico. Palavras-chave: Direito Internacional dos Conflitos Armados (DICA) Princípios - Convenções de Genebra de 1949 e seus Protocolos I e II Guerra de Quarta Geração.

9 ABSTRACT This paper focuses on the application of International Law of Armed Conflict (TIP) on Fourth Generation War. The main institutes involving the proposed theme encompasses the principles of TIP, the Geneva Conventions and the 1949 Additional Protocols I and II included in the concept of modern warfare, in particular the Fourth Generation Warfare. Currently, there is talk of Fourth Generation War, characterized by new operational scenario, participation of non-state entities, new technologies and wide range of operations. Thus, there are challenges to implementing the TIP to the conflicts of the twenty-first century and forms of interpretation of ius in bellum gain new dimensions due to the complexity of asymmetric armed conflicts. With this, there is need to study the application of TIP today, questioning whether its effectiveness in this multifaceted and asymmetric warfare scenario. Keywords: International Law of Armed Conflict (TIP) - Principles - the 1949 Geneva Conventions and their Protocols I and II - Fourth Generation Warfare.

10 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Quadro Comparativo: a guerra na era industrial e na era da informçação...46 Quadro 2 Quadro Comparativo: as gerações da guerra moderna...47

11 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CAI Conflitos Armados Internacionais CANI Conflitos Armados Não Internacionais CG III Terceira Convenção de Genebra de 1949 CG IV Quarta Convenção de Genebra de 1949 CICV Comitê Internacional da Cruz Vermelha DICA Direito Internacional dos Conflitos Armados DIH Direito Internacional Humanitário MD Ministério da Defesa ONU Organizações das Nações Unidas PA I Protocolo Adicional I PA II Protocolo Adicional II VANT Veículo Aéreo Não Tripulado

12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO INTERNACIONAL DOS CONFLITOS ARMADOS PRINCÍPIO DA DISTINÇÃO PRINCÍPIO DA LIMITAÇÃO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE PRINCÍPIO DA NECESSIDADE MILITAR PRINCÍPIO DA HUMANIDADE PRINCIPAIS NORMAS DO DIREITO INTERNACIONAL DOS CONFLITOS ARMADOS NORMAS CONSUETUDINÁRIAS NORMAS POSITIVADAS GUERRA DE QUARTA GERAÇÃO BREVE HISTÓRICO DAS GERAÇÕES DAS GUERRAS CONCEITO DE GUERRA DE QUARTA GERAÇÃO PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA GUERRA DE QUARTA GERAÇÃO COMPARAÇÃO COM O COMBATE CONVENCIONAL COM A GUERRA DE QUARTA GERAÇÃO A APLICAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL DOS CONFLITOS ARMADOS NA GUERRA DE QUARTA GERAÇÃO O CONCEITO DE COMBATENTE EM FACE DA PARTICIPAÇÃO DE CIVIS O USO DE EMPRESAS CONTRATADAS CIVIS O EMPREGO DE DRONES EM COMBATE CONCLUSÃO...54 REFERÊNCIAS...57

13 11 1 INTRODUÇÃO A guerra sempre esteve presente na história da humanidade, evoluindo seus métodos ao longo do tempo. O tratamento humanitário nos conflitos surge como uma regra de combate entre os guerreiros e, posteriormente, entre os estados, significando honra e nobreza observar tais normas de conduta. Com isso, surge a necessidade de regulamentar os conflitos armados entre os estados. O Direito Internacional dos Conflitos Armados (DICA), embrião do direito internacional público, também chamado pela doutrina de Direito Internacional Humanitário (DIH) 1, evoluiu ao longo da história das guerras, tendo por premissa regulamentar a conduta dos exércitos no combate, ou seja, trata-se do jus in bello (direito na guerra ou direito durante a guerra). Cabe ressaltar que tal direito não se confunde como o jus ad bello, expressão que se refere ao direito de fazer a guerra. O jus in bello estabelece as normas que devem ser seguidas durante o conflito armado. A sua origem é costumeira. Inicialmente, prevalecia a barbárie. Com a evolução das civilizações, surgem algumas regras que passam influenciar a ação dos guerreiros. O código de Manu proibia o uso de flechas envenenadas, o Antigo Testamento estabelecia uma conduta de guerra e os Incas tratavam os povos vencidos paternalmente. A positivação do direito de guerra provavelmente ocorreu com a Declaração de Paris sobre a guerra marítima em Em 1864, a Convenção para a Melhoria da Sorte dos Feridos e Enfermos dos Exércitos em Campanha é assinada, sendo considerada o marco inicial do DICA. O jus ad bello diz respeito ao direito de usar a força. Os tratados da Paz de Westphalia (1648) marcaram o início da diplomacia moderna, reconhecendo a soberania dos Estados-Nação, concedendo-lhes o monopólio da guerra. Com a Carta da ONU (Organização das Nações Unidas) de 1948, os Estados perderam tal legitimidade, excetuando-se o direito de legítima defesa, transferindo à ONU o direito de agir para manter ou restaurar a paz. O DICA é composto por normas internacionais consuetudinárias ou positivadas, aplicando-se a conflitos armados internacionais ou não-internacionais. Tal direito limita os meios e métodos usados na guerra e protege bens e pessoas 1 As terminologias DICA e DIH são sinônimas, normalmente, os meios acadêmicos adotam DIH como terminologia. No presente trabalho optou-se pela terminologia DICA, consagrada no manual do Ministério da Defesa MD-34-M03.

14 12 envolvidas nos conflitos, sempre em prol da defesa do direito humanitário. Dentre as principais fontes costumeiras se destacam as Convenções de Genebra e as convenções de Haia. Para alguns doutrinadores, os Protocolos Adicionais I e II são considerados como normas positivadas. As três vertentes do DICA são o Direito de Genebra, o Direito de Haia e o Direito de Nova Iorque. O Direito de Haia ( ) restringe meios e métodos de combate, focando na conduta do combatente. Por sua vez, o Direito de Genebra ( ) protege quem não participa ou não participa mais dos conflitos armados. O Direito de Nova Iorque, originado na ONU, é composto por normas que mesclam as duas vertentes anteriores, complementando a legislação aplicável aos conflitos armados. As vertentes supracitadas se baseiam no combate convencional, entretanto, a forma de combater se alterou com a evolução tecnológica. Novos métodos e meios foram implementados ao longo do tempo. Com a ascensão dos estados soberanos após 1648, surgem as chamadas gerações da guerra(lind, 1989). A primeira geração se caracterizava pelo estabelecimento da cultura da ordem militar com batalhas formais de linha e coluna, distinguindo o militar do civil. A segunda geração foi marcada pelo uso do fogo e da manobra, dando ênfase para o uso da artilharia sob a máxima francesa a artilharia conquista e a infantaria ocupa. Ainda, a terceira geração é uma guerra não linear que priorizava a manobra e o movimento, consagrada na II Guerra Mundial embora tenha surgido na I Guerra Mundial com a blitzkrieg alemã. Ou seja, a terceira geração de guerra serviu de base para as Convenções de Genebra de A guerra de quarta geração se caracteriza por novos cenários operacionais, participação de entes não estatais, novas tecnologias e operações no amplo espectro, desorganizando o campo de batalha convencional. Convém mencionar que já se fala em guerra de quinta geração baseada no uso de biotecnologias e da cibernética. Neste contexto da guerra de quarta geração, surgem desafios para a aplicação do DICA aos conflitos do século XXI. As formas de interpretação do jus in bello ganham novos contornos em razão da complexidade dos conflitos armados assimétricos. Portanto, há necessidade de estudar a aplicação do DICA nesse cenário bélico multifacetado que envolve diferentes atores e métodos de combate.

15 13 Considerando o conceito de combatente, o apoio ao combate prestado por civis e o uso de novas tecnologias como os drones, tal trabalho questiona a efetividade das normas do DICA em face das demandas típicas da guerra de quarta geração. Para solucionar tal problemática, o objetivo geral desta pesquisa foi estudar a aplicação do DICA na guerra de quarta geração com base nas principais convenções e normas que envolvem a temática proposta. Esta monografia tinha como objetivos específicos: revisar a literatura sobre os princípios fundamentais e as principais normas que regulam o DICA, descrever a guerra de quarta geração e verificar a aplicação de tal ramo do direito à guerra de quarta geração. As questões de estudos investigadas foram as seguintes: conceito de combatente, participação dos civis na guerra de quarta geração, o emprego de empresas civis contratadas no combate, definição de objetivo militar e o uso dos drones como arma de combate na guerra de quarta geração. Para tanto, os princípios fundamentais do DICA são estudados no capítulo 2; as principais normas do DICA no capítulo 3, enquanto que o capítulo 4 versa sobre a guerra de quarta geração e o capítulo 5 sobre a aplicação do DICA nos conflitos de quarta geração. O presente estudo utilizou o método de abordagem (lógico) dedutivo, que viabiliza uma construção lógica sobre os fatos pesquisados, classificando-se a pesquisa como aplicada e explicativa. Quanto aos meios de investigação, trata-se de pesquisa bibliográfica (pesquisa de revisão), tendo por método a leitura exploratória e seletiva do material de pesquisa, bem como sua revisão integrativa, contribuindo para o processo de síntese e análise da literatura pertinente. A temática em análise é complexa, envolvendo os institutos jurídicos do DICA, a Guerra de Quarta Geração e sua amplitude. Porém, em busca da elucidação da problemática proposta, pretendeu-se aprofundar o objeto de pesquisa analisando com concisão e clareza os assuntos acima mencionados. Como fontes de pesquisa buscou-se as publicações sobre o assunto, incluindo artigos, livros, manuais, monografias, dissertações, legislação e jurisprudência.

16 14 2. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DICA O Direito Internacional tem como fontes as convenções internacionais, o costume internacional, os princípios gerais de direto, a jurisprudência e a doutrina, segundo interpretação do artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, órgão judiciário da ONU: Artigo A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: a) convenções internacionais, de caráter geral ou especial, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados em litígio; b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como lei; c) os princípios gerais de direito reconhecidos pelas Nações civilizadas; d) sem prejuízo dos dispositivos do artigo 59, as decisões judiciais e os ensinamentos dos publicistas mais qualificados das diferentes Nações, como meios auxiliares para determinação de regras de direito. 2. Este dispositivo não prejudicará o poder que tem a Corte de decidir uma questão ex aequo et bono, se as partes concordarem com isto. O Estatuto não estabelece uma hierarquia entre as fontes do Direito Internacional, entretanto, verifica-se que as decisões judiciais e ensinamento dos publicistas são fontes auxiliares e as outras são principais. O DICA, como um dos ramos do direito internacional, adota tais fontes. Neste capítulo, o enfoque é a fonte principiológica do jus in bello. Considerando que os princípios são mandamentos fundamentais de um sistema: Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. (MELLO, 2002, p ) Os princípios unificam um sistema e orientam toda a sua normativa, produzindo um conjunto harmônico de normas jurídicas. Os princípios fundamentais do DICA comumente elencados pela doutrina são os seguintes: humanidade,

17 15 necessidade militar, proporcionalidade, limitação, distinção, entre outros. 2 Tais princípios norteiam as convenções e tratados do DICA e servem de instrumentos para a aplicação do direito ao caso concreto PRINCÍPIO DA DISTINÇÃO O princípio da distinção é de vital importância para o jus in bello, pois define os direitos e responsabilidades dos indivíduos envolvidos em um conflito armado. O Manual do MD que versa sobre a temática em estudo define o princípio da distinção como: distinguir os combatentes e não combatentes. Os não combatentes são protegidos contra os ataques. Também, distinguir bens de caráter civil e objetivos militares. Os bens de caráter civil não devem ser objetos de ataques ou represálias. (BRASIL, 2011, p.14) O Protocolo Adicional I (PA I), em seu art 48, define que: De forma a assegurar o respeito e a proteção da população civil e dos bens de caráter civil, as Partes no conflito devem sempre fazer a distinção entre população civil e combatentes, assim como entre bens de caráter civil e objetivos militares, devendo, portanto, dirigir as suas operações unicamente contra objetivos militares A distinção entre combatentes e civis, objetivos militares e bens civis é fundamental para definir a proteção do DICA, segundo escreve PALMA (2014): Trata-se de uma regra fundamental que orienta o ramo do DIH destinado a restringir meios e métodos de combate. Para que se possa garantir a proteção do DIH, é imprescindível que as Partes beligerantes façam a distinção entre objetivos civis e objetivos militares, sendo que só estes últimos podem ser alvejados. Deste princípio decorrem três comandos: (1) a proibição de atacar pessoas civis; (2) a proibição de realizar ataques indiscriminados que causem danos civis colaterais; (3) a proibição realizar ataques indiscriminados que causem danos civis colaterais excessivos. O artigo 42, seção II, do PA I apresenta os conceitos de forças armadas, de combatente e não combatentes: 2 CINELLI, O manual do MD-34-M03, 2011, preconiza os seguintes princípios: distinção, limitação, proporcionalidade, necessidade militar e humanidade.

18 16 Artigo 42, II Seção - Forças armadas 1 - As forças armadas de uma Parte num conflito compõem-se de todas as forças, grupos e unidades armadas e organizadas, colocadas sob um comando responsável pela conduta dos seus subordinados perante aquela Parte, mesmo que aquela seja representada por um governo ou uma autoridade não reconhecidos pela Parte adversa. Essas forças armadas devem ser submetidas a um regime de disciplina interna que assegure nomeadamente o respeito pelas regras do direito internacional aplicável nos conflitos armados. 2 - Os membros das forças armadas de uma Parte num conflito (que não o pessoal sanitário e religioso citado no artigo 33.º da Convenção III) são combatentes, isto é, têm o direito de participar diretamente nas hostilidades. 3 - A parte num conflito que incorpore, nas suas forças armadas, uma organização paramilitar ou um serviço armado encarregado de fazer respeitar a ordem, deve notificar esse facto às outras Partes no conflito. Logo, todas as forças, grupos e unidades armadas e organizadas, com um comando único, submetidos a um regime disciplinar interno, submetem-se às normas do direito internacional, independentemente se representam um governo ou uma autoridade não reconhecida pela parte contrária. Os integrantes de uma força armada podem ser combatentes ou não combatentes. Os combatentes são os membros das forças armadas que podem participar diretamente nas hostilidades. Ao conceituar combatente, DEYRA (2001) assim se expressa; O sistema estabelecido no artigo 43º do primeiro Protocolo já não fixa a pertença a categorias de formações armadas como condição sine qua non para a atribuição do estatuto de combatente, mas unicamente a pertença a «forças armadas», isto é a qualquer grupo ou unidade armada e organizada colocada sob um comando responsável pela conduta dos subordinados face a uma parte no conflito. Doravante não mais existe uma distinção entre forças regulares e irregulares, exércitos profissionais e milícias, voluntários e movimentos de resistência. Existe um único regime ligado à noção de forças armadas do qual qualquer membro, excepção feita ao pessoal sanitário e religioso, é um combatente. Contudo, apesar de qualquer membro das forças armadas ser um combatente, deverá respeitar duas obrigações para não ser desprovido do seu estatuto: ter um uniforme ou sinal distintivo e usar as armas abertamente. (DEYRA, 2001, p. 54) Segundo consta no manual MD 34-M30 são considerados combatentes: a) os membros das Forças Armadas de uma Parte no conflito, e também os membros das milícias e dos corpos de voluntários que fizerem parte dessas Forças Armadas; b) os membros das outras milícias e dos outros corpos de voluntários, incluindo os dos movimentos de resistência organizados, que pertencerem a uma Parte no conflito e atuarem fora do próprio território, mesmo que esse território esteja ocupado, contanto que essas milícias ou corpos de voluntários, incluindo esses movimentos de resistências organizados, satisfaçam às seguintes condições: - sejam comandados por pessoa responsável pelos seus subordinados;

19 17 - possuam um sinal distintivo fixo e susceptível de ser reconhecido à distância; e - transportem as armas à vista. c) as pessoas que acompanharem as forças armadas sem delas fazerem diretamente parte, tais como: os membros civis de tripulação de aviões militares, correspondentes de guerra, fornecedores, membros de unidades de trabalho ou de serviços encarregados do bem-estar dos militares, com a condição de estarem autorizados pelas forças armadas que acompanham; d) a população de um território não ocupado que, na aproximação do inimigo, pegar espontaneamente em armas para combater as tropas invasoras sem ter tido tempo de se organizar em forças armadas regulares, desde que traga as armas à vista e respeite as leis e costumes da guerra. (BRASIL, 2011 p. 20/48) Portanto, o conceito de combatente é imprescindível para a aplicação do princípio da distinção nos conflitos armados. Entretanto, distinguir a população civil das forças armadas se torna difícil, pois nas guerras modernas o civil acaba participando do esforço de guerra. 4 Os integrantes das forças armadas que não participam do combate em si, como o pessoal sanitário e religioso, são chamados de não combatentes. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha preconiza algumas normas do direito internacional humanitário consuetudinário que versam sobre a distinção entre civis e combatentes, destacando as que são aplicadas nos Conflitos Armados Internacionais (CAI) e Conflitos Armados Não Internacionais (CANI): Norma 1. As partes num conflito deverão distinguir a todo o tempo as pessoas civis e os combatentes. Os ataques só poderão ser dirigidos contra os combatentes. Os civis não devem ser atacados. [CAI/CANI] Norma 2. Estão proibidos os actos ou as ameaças de violência cuja principal finalidade seja aterrorizar a população civil. [CAI/CANI] Norma 3. Todos os membros das forças armadas de uma parte num conflito são combatentes, excepto o pessoal sanitário e religioso. [CAI] Norma 4. As forças armadas de uma parte num conflito são compostas por todas as forças, grupos e unidades armadas e organizadas que estejam sob um comando responsável perante essa parte pela conduta dos seus subordinados. [CAI] Norma 5. São civis as pessoas que não sejam membros das forças armadas. A população civil engloba todas as pessoas civis. [CAI/CANI] Norma 6. Os civis gozam de protecção contra ataques, salvo se participam directamente nas hostilidades e enquanto durar essa participação. [CAI/CANI] 5 Assim, são civis todas as pessoas que não integram as forças armadas, gozando de proteção contra ataques, exceto se participarem diretamente. A 4 MELLO, 1997, p HENCKAERTS, DOSWALD-BECK, 2007, p 3-27.

20 18 população civil engloba todas as pessoas civis, proibindo-se atos ou ameaças de violência que aterrorizem tal população. As guerras modernas são desenvolvidas de forma assimétrica não possuindo um campo de batalha convencional. O combate em ambiente urbano é cada vez mais frequente, envolvendo a população civil, o que dificulta a distinção entre o civil que de alguma forma participa dos conflitos armados e o que não participa. O conceito de combatente, por extensão, também se aplica ao guerrilheiro, conforme o Art 43, 3º, PAI: 3 - Para que a protecção da população civil contra os efeitos das hostilidades seja reforçada, os combatentes devem distinguir-se da população civil quando tomarem parte num ataque ou numa operação militar preparatória de um ataque. Dado, no entanto, existirem situações nos conflitos armados em que, devido à natureza das hostilidades, um combatente armado não se pode distinguir da população civil, conservará o estatuto de combatente desde que, em tais situações, use as suas armas abertamente: a) Durante cada recontro militar; e b) Durante o tempo em que estiver à vista do adversário quando tomar parte num desdobramento militar que preceda o lançamento do ataque em que deve participar. Os atos que satisfaçam as condições previstas pelo presente número não são considerados como perfídias nos termos do artigo 37.º, n.º 1, alínea c). Apesar de não se diferenciar da população civil e atuar de forma disfarçada, ao guerrilheiro se aplica o estatuto do combatente e as normas relativas aos prisioneiros de guerra. Duas categorias de pessoas não se enquadram no conceito de combatente: os espiões e os mercenários, nos termos do art 46 do PA I: 1 - Não obstante qualquer outra disposição das Convenções ou do presente Protocolo, o membro das forças armadas de uma Parte no conflito que cair em poder de uma Parte adversa enquanto se dedica a actividades de espionagem não terá direito ao estatuto de prisioneiro de guerra e poderá ser tratado como espião. 2 - O membro das forças armadas de uma Parte no conflito que recolha ou procure recolher, por conta dessa Parte, informações num território controlado por uma Parte adversa não será considerado como dedicandose a actividades de espionagem se, ao fazê-lo, envergar o uniforme das suas forças armadas. 3 - O membro das forças armadas de uma Parte no conflito que residir num território ocupado por uma Parte adversa e que recolha ou procure recolher, por conta da Parte de que depende, informações de interesse militar nesse território, não será considerado como dedicando-se a actividades de espionagem, a menos que, ao fazê-lo, proceda sob pretextos falaciosos ou de maneira deliberadamente clandestina. Além disso, esse residente não perderá o seu direito ao estatuto de prisioneiro de guerra e não poderá ser

21 19 tratado como espião, salvo se for capturado quando se dedique a actividades de espionagem. 4 - O membro das forças armadas de uma Parte no conflito que não for residente de um território ocupado por uma Parte adversa e que se dedicou a actividades de espionagem nesse território não perde o seu direito ao estatuto de prisioneiro de guerra e não pode ser tratado como espião, salvo no caso de ser capturado antes de se juntar às forças armadas a que pertence. Logo, a espionagem é considerada um meio ilícito no âmbito internacional e a sua utilização não ocorre só na guerra, mas em tempo de paz. 6 Ainda, a diferenciação de tratamento que é dada ao guerrilheiro que, também, atua clandestinamente, gera questionamentos em face do 3º, pois o espião não tem direito ao estatuto do combatente e do prisioneiro de guerra enquanto que o guerrilheiro tem. O mercenário recebe tratamento similar ao espião. O art 47 estabelece os requisitos que caracterizam o mercenário: 1 - Um mercenário não tem direito ao estatuto de combatente ou de prisioneiro de guerra. 2 - O termo «mercenário» designa todo aquele que: a) Seja especialmente recrutado no país ou no estrangeiro para combater num conflito armado; b) De facto participe directamente nas hostilidades; c) Tome parte nas hostilidades essencialmente com o objectivo de obter uma vantagem pessoal e a quem foi efectivamente prometido, por uma Parte no conflito ou em seu nome, uma remuneração material claramente superior à que foi prometida ou paga aos combatentes com um posto e função análogos nas forças armadas dessa Parte; d) Não é nacional de uma Parte no conflito, nem residente do território controlado por uma Parte no conflito; e) Não é membro das forças armadas de uma Parte no conflito; e f) Não foi enviado por um Estado que não é Parte no conflito, em missão oficial, na qualidade de membro das forças armadas desse Estado. Portanto, os espiões e os mercenários estão excluídos do conceito de combatente, sendo considerados combatentes ilegítimos. Entretanto, em conflitos armados recentes, as forças armadas regulares vêm utilizando as empresas civis contratadas para determinadas ações no campo de batalha, surgindo novos questionamentos em face da base conceitual do princípio da distinção. As empresas civis contratadas são chamadas de empresas militares de segurança privada. Tais empresas prestam serviços militares ou de segurança, utilizando armamento em prol de um país em guerra. De acordo com o CICV (2013): 6 MELLO, 2001, p. 229.

22 20 As empresas militares e de segurança privadas são entidades comerciais privadas que prestam serviços militares e/ou de segurança, independentemente de como se autodescrevem. Os serviços militares e de segurança incluem, em particular, a provisão de guardas armados e a proteção de pessoas e objetos, como comboios, prédios e outras instalações; a manutenção e a operação de sistemas de armas; a detenção de prisioneiros e a assessoria e a capacitação para as forças locais e para o pessoal de segurança. O CICV considera as empresas militares e de segurança privadas como civis, desde que não sejam incorporadas às forças armadas e não cumpram funções ligadas em combate, ou seja, não participem diretamente das hostilidades. Logo: - não podem ser objetos de ataques; - estão protegidos contra ataques a menos que participem diretamente das hostilidades e durante o período que durar essa participação. Se, no entanto, os funcionários das empresas militares e de segurança privadas realizarem atos que podem ser considerados como participação direta nas hostilidades: - perdem a proteção contra ataques durante o período que durar essa participação; - se forem capturados podem ser julgados pelo simples fato de terem participado das hostilidades, mesmo no caso de não terem cometido nenhuma violação do Direito Internacional Humanitário. Entende-se por "participação direta nas hostilidades" 7, em relação com as atividades que os funcionários das empresas militares e de segurança privadas poderiam cumprir, estão a proteção de bases militares contra ataques de inimigos, a realização de reuniões táticas de inteligência militar e a condução sistemas de armas durante uma operação de combate, por exemplo.(cicv, 2013) O Documento de Montreaux de 2008, elaborado pelo CICV em conjunto com a Suíça, trouxe um catálogo de obrigações jurídicas internacionais e boas práticas que devem ser seguidas pelos Estados em relação ao uso de empresas militares e de segurança privadas em conflitos armados. Atualmente, 46 Estados e duas organizações internacionais participam de tal Documento. 8 Entretanto, surgem novos questionamentos sobre o uso dessas empresas, considerando que de uma forma ou de outra, elas contribuem para o aumento do poder de combate de quem as utiliza. Por força do art 77 do PA I, as crianças entre 15 e 18 anos são consideradas combatentes por extensão, com bem explica DEYRA (2001, p. 57): 7 Vide Guia Interpretativo do CICV sobre Noção de participação direta nas hostilidades segundo o DICA. 8 CICV, 2014.

23 21...as crianças com idades compreendidas entre os 15 e os 18 anos, recrutadas pelas forças armadas ou que participem num levantamento em massa, têm a qualidade de combatentes, beneficiando do estatuto de prisioneiro de guerra de pleno direito, em caso de captura. Quando se tratar de crianças menores de 15 anos, e apesar das regras do artigo 77 do primeiro Protocolo, estas terão igualmente a qualidade de combatentes quando são recrutadas ou quando integram voluntariamente as forças armadas, e em caso de captura ser-lhes-á reconhecido o estatuto de prisioneiro de guerra. A idade consiste neste contexto um factor que só poderá justificar um tratamento privilegiado. No que concerne esta questão, a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança parece marcar uma regressão. Com efeito, o artigo 38, n 2, in fine autoriza por um lado implicitamente uma participação indirecta de crianças menores de quinze anos nas hostilidades; por outro lado este artigo comporta termos que vêm limitar o alcance desta proibição («as medidas possíveis»). Na melhor das hipóteses são aqui retomadas as disposições dos dois Protocolos, e no cenário mais negativo existe um risco de enfraquecimento do DIH por disposições ambíguas e restritivas. O uso de crianças em combate é uma realidade. Estima-se que participam de conflitos em países como Etiópia e Sudão. Para o entendimento do princípio da distinção, convém diferenciar bens de caráter civil de objetivos militares. Ao conceituar objetivo militar, uma comissão de juristas em 1922 e 1923, enumerou o que era objetivo militar, como menciona MELLO (1997): a) Forças militares, b) Construções militares, c) Fábricas empregadas para a produção de armas, de munições ou de material militar, d) Linhas de comunicação ou de transporte utilizados para fins militares. 9 O art 52 do PA I faz a distinção entre bens civis e objetivos militares: 9 MELLO, 1997, p Os bens de caráter civil não devem ser objeto de ataques ou de represálias. São bens de caráter civil todos os bens que não são objetivos militares nos termos do n.º Os ataques devem ser estritamente limitados aos objetivos militares. No que diz respeito aos bens, os objetivos militares são limitados aos que, pela sua natureza, localização, destino ou utilização contribuam efetivamente

24 22 para a ação militar e cuja destruição total ou parcial, captura ou neutralização ofereça, na ocorrência, uma vantagem militar precisa. 3 - Em caso de dúvida, um bem que é normalmente afeto ao uso civil, tal como um local de culto, uma casa, outro tipo de habitação ou uma escola, presume-se não ser utilizado com o propósito de trazer uma contribuição efetiva à ação militar. O conceito de bens de caráter civil é obtido por exclusão, ou seja, todos os bens que não objetivo militares. Os objetivos militares são caracterizados pela sua natureza, localização, destino ou contribuição efetiva para as operações militares, cuja destruição total ou parcial, captura ou neutralização, gere uma vantagem militar definida. Dessa forma, observa-se que o princípio da distinção é fundamental para a concepção do DICA, dizendo quando esse peculiar ramo do direito público internacional deve ser aplicado. Os conceitos que envolvem esse princípio evoluíram juntamente com a arte da guerra, o que gera novos desafios para os estudiosos do assunto. 2.2 PRINCÍPIO DA LIMITAÇÃO De acordo com o princípio da limitação, os meios e métodos de guerra que produzem sofrimentos desnecessários e danos supérfluos devem ser excluídos durante a condução das operações militares, ou seja, há limites no uso da força. 10 Os estados devem utilizar meios e métodos de guerra que não contrariem as normas do DICA. As Convenções de Haia de 1907 já traziam limitações à escolha de meios de combate por parte dos beligerantes, bem como o emprego de armas que causem males supérfluos ou sofrimentos desnecessários. 11 Posteriormente o PAI reforçou tais proibições em seu art 35: 1 - Em qualquer conflito armado o direito de as Partes no conflito escolherem os métodos ou meios de guerra não é ilimitado. 2 - É proibido utilizar armas, projéteis e materiais, assim como métodos de guerra de natureza a causar danos supérfluos. 3 - É proibido utilizar métodos ou meios de guerra concebidos para causar, ou que se presume irão causar, danos extensos, duráveis e graves ao meio ambiente natural. 10 BRASIL, 2011, p.14.

25 23 Os métodos ou meios de guerra escolhidos não podem causar danos colaterais desnecessários, muito menos, danos graves ao ambiente natural e, principalmente, só devem ser atacados objetivos militares. Portanto, a escolha das armas de guerra é de responsabilidade das partes em conflito, obedecendo o chamado Direito de Haia e os Protocolos de Genebra. O princípio da limitação tem ligação direta com o princípio da distinção. As limitações de armas podem ser restrições genéricas ou específicas, como classifica DEYRA (2001), mencionando como restrições genéricas: as armas irremediavelmente letais, as armas que produzem efeitos traumáticos excessivos e as armas com efeitos indiscriminados, e, restrições específicas previstas pelo direito de guerra. 12 A seguir, alguns exemplos de armas proibidas: 11 Art 22 e 23, Convenções de Haia de DEYRA, 2001, p Projéteis de força explosiva, ou cheios de materiais explosivos ou inflamáveis, com peso inferior a 400 gramas uso proibido pela Declaração de São Petersburgo de Armas envenenadas uso proibido pelo art. 23 do Regulamento da IV Convenção de Haia de Projéteis que se irradiam ou se alastram facilmente pelo corpo humano (balas dum-dum) uso proscrito pela Declaração (IV, 3) de Haia de Armas bacteriológicas uso proibido pelo Protocolo de Genebra de 1925, sobre a proibição do emprego, na guerra, de gases asfixiantes, tóxicos ou similares e de meios bacteriológicos de guerra, e pela Convenção sobre a proibição do desenvolvimento, produção e estocagem de armas bacteriológicas (biológicas) e à base de toxinas e sua destruição, feita em Londres, Moscou e Washington, em Armas químicas, gás asfixiante ou tóxico interdição do emprego pelo Protocolo de Genebra de 1925 sobre a proibição do emprego, na guerra, de gases asfixiantes, tóxicos ou similares e de meios bacteriológicos de guerra e pela Convenção internacional sobre a proibição do desenvolvimento, produção, estocagem e uso de armas químicas e sobre a destruição das armas químicas existentes, feita em Paris, em Armas de fragmentação proibição do uso, pela Convenção sobre a interdição ou a limitação do emprego de certas armas convencionais que podem ser consideradas excessivamente lesivas ou geradoras de efeitos indiscriminados, feita em Genebra, em 1980, em conjunto com seu Protocolo sobre fragmentos não-detectáveis no corpo humano por raios-x (Protocolo I), também feito em Genebra, em Minas terrestres proibições e restrições estatuídas pela Convenção sobre a interdição ou a limitação do emprego de certas armas convencionais que podem ser consideradas excessivamente lesivas ou geradoras de efeitos indiscriminados, feita em Genebra, em 1980, em conjunto com seu Protocolo sobre a interdição ou limitação do emprego de minas, armadilhas e outros artefatos (Protocolo II), também feito em Genebra, em O uso da mina antipessoal foi proibido pela Convenção sobre a proibição do uso, armazenamento, produção e transferência de

26 24 minas antipessoal e sobre sua destruição, feita em Oslo e aberta para assinatura em Ottawa, em Armas incendiárias proibições e restrições estatuídas pela Convenção sobre a interdição ou a limitação do emprego de certas armas convencionais que podem ser consideradas excessivamente lesivas ou geradoras de efeitos indiscriminados, feita em Genebra, em 1980, em conjunto com seu Protocolo sobre a interdição ou limitação do emprego de armas incendiárias (Protocolo III), também feito em Genebra, em Armas a laser produzidas com o objetivo de causar cegueira uso proscrito pela Convenção sobre a interdição ou a limitação do emprego de certas armas convencionais que podem ser consideradas excessivamente lesivas ou geradoras de efeitos indiscriminados, feita em Genebra, em 1980, em conjunto com seu Protocolo sobre armas cegantes a laser (Protocolo IV), também feito em Genebra, em (PALMA, 2014, p ) (Grifo nosso) Nos termos do art 36 do PA I, o estudo, preparação ou aquisição de armas novas inicialmente deve passar por uma autoanálise da Parte, determinando se o seu uso é proibido ou não nas normas do DICA. Atualmente, o uso dos drones em ataques vem provocando discussões sobre o seu enquadramento como arma de guerra em face das normas internacionais de direitos humanos e do jus in bello. Os drones são aeronaves não tripuladas que utilizam de tecnologia bélica embarcada tais como mísseis, radares, câmeras ou sensores térmicos. Um dos drones mais utilizados em campos de batalha atualmente é o Predador de fabricação norte-americana. Já o termo VANT s, sigla para Veículos Aéreos Não Tripulados, tem sido mais usado quando se refere ao uso não bélico. 13 Ao falar sobre tal assunto MAURER (2013) assevera que: Os drones não são mencionados de modo específico nos tratados sobre armas ou outros instrumentos jurídicos do Direito Internacional Humanitário. Contudo, o emprego de qualquer sistema de armas, incluindo drones com armamento, em situações de conflitos armados, está evidentemente sujeito às normas do Direito Internacional Humanitário. Isso significa, entre outras coisas, que, quando utilizarem drones, as partes em conflito devem distinguir em todas as circunstâncias entre combatentes e civis e entre objetivos militares e bens civis. Devem tomar todas as precauções factíveis de modo a poupar a população e infraestrutura civis, devendo suspender ou cancelar um ataque se for previsto que os danos incidentais contra a população ou bens civis forem excessivos em relação à vantagem militar concreta e direta que se espera. Da mesma forma, os drones não podem ser empregados para carregar armas como agentes químicos ou biológicos. Por outro lado, pela perspectiva do Direito Internacional Humanitário, qualquer arma que faça com que seja possível realizar ataques mais precisos, ajudando a evitar ou minimizar a perda acidental de vidas civis, ferimentos a civis ou danos a bens civis, deve ser preferido às armas que não o fazem. Se o uso de drones carregados com armas oferece de fato 13 Drone é uma palavra comum em inglês que significa zangão, o macho das abelhas, termo conhecido dos apicultores: In Revista Ciências do Ambiente On-Line Novembro, 2013 Volume 9, Número 2, p.1.

27 25 essas vantagens dependerá das circunstâncias específicas. Isso é tema de um contínuo debate devido, entre coisas, à falta de informação sobre os efeitos da maioria dos ataques com drones. No caso de os drones serem utilizados em situações em que não exista um conflito armado, é a legislação nacional relevante e o Direito Internacional dos Direitos Humanos com suas normas sobre a aplicação da lei que devem ser seguidos, e não o Direito Internacional Humanitário. (CICV, 2013) O assunto é complexo, gerando divergências de opinião, considerando que as modernas tecnologias permitem uma transformação na produção das armas, por um lado, a letalidade aumentou significativamente. Por outro, as armas não-letais e os armamentos fabricados para uso específico podem facilitar a aplicação do PA I no combate moderno. Além das armas proibidas, existem meios e métodos e combate que são proibidos, tendo em vista que os estados beligerantes sofrem restrições quanto ao uso da força pelas normas do DICA. Alguns métodos proibidos são perfídia, denegação de quartel, recrutamento forçado de nacional da parte adversa, recrutamento de menores de 18 anos, inanição de civis como método de guerra, represálias armadas, danos graves ao meio ambiente, a prática de atos terroristas, deportação da população civil, entre outros. Desta maneira, o princípio da limitação busca criar regras de combate, cerceando a liberdade de ação das partes beligerantes, impondo-lhes proibições de determinadas armas, meios e métodos de combate nos termos das normas internacionais humanitárias. 2.3 PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE O princípio da proporcionalidade baliza as ações de combate nos termos do art 57, do PA I, evitando-se danos excessivos em relação à vantagem militar concreta e direta esperada: 1 - As operações militares devem ser conduzidas procurando constantemente poupar a população civil, as pessoas civis e os bens de carácter civil. 2 - No que respeita aos ataques, devem ser tomadas as seguintes precauções: a) Os que preparam e decidem um ataque devem:

28 26 i) Fazer tudo o que for praticamente possível para verificar se os objectivos a atacar não são pessoas civis, nem bens de carácter civil, e não beneficiam de uma protecção especial, mas que são objectivos militares, nos termos do n.º 2 do artigo 52.º, e que as disposições do presente Protocolo não proíbem o seu ataque; ii) Tomar todas as precauções praticamente possíveis quanto à escolha dos meios e métodos de ataque de forma a evitar e, em qualquer caso, a reduzir ao mínimo as perdas de vidas humanas na população civil, os ferimentos nas pessoas civis e os danos nos bens de carácter civil que puderem ser incidentalmente causados; iii)abster-se de lançar um ataque de que se possa esperar venha a causar incidentalmente perdas de vidas humanas na população civil, ferimentos nas pessoas civis, danos nos bens de carácter civil ou uma combinação dessas perdas e danos que seriam excessivos relativamente à vantagem militar concreta e directa esperada; b) Um ataque deverá ser anulado ou interrompido quando pareça que o seu objectivo não é militar ou que beneficia de uma protecção especial ou que se possa esperar venha a causar incidentalmente perdas de vidas humanas na população civil, ferimentos nas pessoas civis, danos em bens de carácter civil ou uma combinação dessas perdas e danos, que seriam excessivos relativamente à vantagem militar concreta e directa esperada; c) No caso de um ataque que possa afectar a população civil, deverá ser feito um aviso, em tempo útil e por meios eficazes, a menos que as circunstâncias o não permitam. 3 - Quando for possível escolher entre vários objectivos militares para obter uma vantagem militar equivalente, a escolha deverá recair sobre o objectivo cujo ataque seja susceptível de apresentar o menor perigo para as pessoas civis ou para os bens de carácter civil. 4 - Na condução das operações militares no mar ou no ar, cada Parte no conflito deve tomar, em conformidade com os direitos e deveres decorrentes das regras do direito internacional aplicável aos conflitos armados, todas as precauções razoáveis para evitar perdas. 5 - Nenhuma disposição do presente artigo poderá ser interpretada como autorizando ataques contra a população civil, pessoas civis ou bens de caráter civil. As armas escolhidas e os métodos de ataque devem atingir objetivos militares, vedando qualquer ataque aos bens civis. A população civil, as pessoas civis e os bens civis gozam de uma proteção especial do DICA, nos termos do artigo supracitado. Ao conceituar tal princípio, o Manual do DICA do MD, 2011, afirma que a utilização dos meios e métodos de guerra deve ser proporcional à vantagem militar concreta e direta. Nenhum alvo, mesmo que militar, deve ser atacado se os prejuízos e sofrimento forem maiores que os ganhos militares que se espera da ação. A vantagem militar a ser obtida deve ser equilibrada com os danos colaterais excessivos, buscando-se realizar ações de combate voltadas, essencialmente, para os objetivos militares. Ademais, a vantagem militar obtida terá que ser concreta e direta, favorecendo a consolidação dos objetivos militares propostos pela operação militar.

29 27 Dessa forma, devem ser evitados ataques militares contra pessoas civis e bens de caráter civil, escolhendo-se meios e métodos de ataques adequados que reduzam ao mínimo as perdas de vidas humanas na população civil e os danos aos bens civis. Conforme Manual do DICA do MD (2011, p. 28), dano colateral pode ser definido como dano ou perda causada de maneira fortuita durante um ataque, apesar de todas as precauções tomadas para evitar perdas de vidas humanas na população civil, ferimentos nos civis ou danos em bens de caráter civil. Diferente do dano adicional que diz respeito aos danos e perdas (bens e pessoal) ocorridos no interior de uma área sob a responsabilidade e controle da força adversa, decorrentes dos efeitos de um ataque sem sucesso sobre o alvo planejado. Os danos colaterais são minimizados quando se seleciona um meio eficaz e de precisão cirúrgica para neutralizar o alvo, evitando-se efeitos indiscriminados que ultrapassam o objetivo militar. Considera-se dano colateral todo efeito que ultrapassa a esfera do alvo militar pretendido. Portanto, a decisão de realizar determinado ataque militar precisa considerar quais consequências advirão da ação, visando a atender o princípio da proporcionalidade. Cabe ressaltar que o princípio da proporcionalidade em estudo no DICA diferencia-se do princípio da proporcionalidade do direito interno. O princípio da proporcionalidade do direito interno têm conotações distintas conforme o ramo do direito considerado. Por exemplo, no direito penal impõe limites ao legislador ao indicar que só se justifica a limitação individual para a concretização de interesses coletivos e baliza a aplicação da pena, enquanto que no direito administrativo limita os poderes discricionários da Administração pública. Desta maneira, tal distinção é importante para não se confundir quanto à aplicação de tal princípio no direito da guerra. 2.4 PRINCÍPIO DA NECESSIDADE MILITAR O princípio da necessidade militar proíbe um Estado de empregar força além da que é necessária para o atingimento dos seus objetivos, qualquer que seja o nível de decisão (político, estratégico, operacional ou tático) 14. A necessidade militar 14 CINELLI, 2011, p. 74.

30 28 não justifica o emprego da força de forma desumana, à margem do direito internacional humanitário. A necessidade militar compreende medidas indispensáveis para atingir os objetivos da guerra, considerando-se as leis e costumes da guerra. Dessa forma, só se invoca tal princípio quando há previsão expressa no DICA. Para MELLO (1997, p. 148), o princípio da necessidade militar não é absoluto, mas só pode ser utilizado nos casos previstos nos tratados internacionais. É o caso das exceções constantes no art 54 do PA I, que admite a inobservância das proibições de ataques aos bens indispensáveis à sobrevivência da população civil e no art 56 que permite atacar obras e instalações que contenham forças perigosas em razão da necessidade militar imperiosa. PALMA (2014) exemplifica tal princípio ao mencionar os textos legais que se seguem: Art. 5o, da IV Convenção de Genebra de 1949 (CG IV): Se, num território ocupado, uma pessoa protegida pela Convenção for detida como espião ou sabotador, ou porque sobre ela recai uma legítima suspeita de se entregar a atividades prejudiciais à segurança da Potência ocupante, a referida pessoa poderá, nos casos de absoluta necessidade da segurança militar, ser privada dos direitos de comunicação previstos pela presente Convenção. Art. 143 da CG IV que trata dos representantes das Potências Protetoras: Terão acesso a todos os edifícios ocupados por pessoas protegidas e poderão entrevistá-las sem testemunhas, diretamente ou por intermédio de um intérprete. Estas visitas não poderão ser impedidas, a não ser por razões de imperiosas necessidades militares e somente a título excepcional e temporário. A duração e freqüência não poderão ser limitadas. Art. 71 do Protocolo I de 1977, que trata do pessoal que participa das ações de socorro: 3 - Cada Parte que receba remessas de socorro assistirá, na medida do possível, o pessoal mencionado no n.º 1, no cumprimento da sua missão de socorro. As atividades deste pessoal de socorro não podem ser limitadas, nem as suas deslocações temporariamente restringidas, salvo em caso de necessidade militar imperiosa. O Estatuto de Roma, art. 8º., inciso 2, letra a : iv) Destruição ou a apropriação de bens em larga escala, quando não justificadas por quaisquer necessidades militares e executadas de forma ilegal e arbitrária. (grifo nosso) Diante do exposto, o princípio da necessidade militar limita o uso da força pelos estados nos conflitos armados, determinando que qualquer emprego do poder

31 29 militar se restringe ao estritamente necessário para o cumprimento dos objetivos, independentemente do nível de decisão considerado. 2.5 PRINCÍPIO DA HUMANIDADE O princípio da humanidade evoca o respeito à dignidade da pessoa humana e todo o arcabouço jurídico que protege a vida humana. Conforme COUPLAND (2001, p ): O princípio da humanidade inclui a vontade de reduzir a capacidade de se entregar a violência armada e de limitar seus efeitos sobre a segurança e a saúde. A humanidade assim interpretada englobaria o humanitarismo, a moralidade, o desenvolvimento, os direitos humanos e a segurança humana. O princípio da humanidade conduz à proibição de uma guerra sem limites, tendo origem na guerra justa defendida por São Tomás de Aquino, como salienta MELLO (1997, p. 123): O princípio da humanidade pode-se dizer que ele tem seu fundamento último na unidade do gênero humano e ainda no fato de que a guerra, pelo menos, a partir do século XVIII, é considerada como sendo entre coletividades estatais e não entre indivíduos. O princípio da humanidade pode ter a sua teorização traçada até a Idade Média, quando Santo Thomas considera que uma das condições para a guerra justa é a intenção reta nas hostilidades. A finalidade deste princípio é amenizar a necessidade que tende a predominar na guerra. A dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil nos termos do art 1º, III, CF, concedendo direitos e garantias fundamentais e inerente à personalidade humana. Como ensina MORAES (2007, p. 16): A dignidade é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos.

32 30 O princípio da humanidade limita os efeitos da guerra, vedando a humilhação e tratamento desumano na condução das operações militares. Com isso, busca-se atenuar as calamidades da guerra, primando-se pela observância do DICA. Neste contexto, armas e métodos que agravam inutilmente os sofrimentos dos homens postos fora de combates são proibidos em respeito aos direitos humanos.

33 31 3 PRINCIPAIS NORMAS DO DIREITO INTERNACIONAL DOS CONFLITOS ARMADOS Conforme o art 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, órgão judiciário principal da ONU, as fontes de direito internacional consideradas nos julgamentos são: convenções e tratados internacionais, direito consuetudinário internacional, princípios gerais de direito, jurisprudência e doutrina. Dentre as principais fontes do DICA destacam-se as Convenções de Genebra (1949) e Protocolos Adicionais I e II. As Convenções de Genebra e o Protocolo Adicional I são aplicados aos conflitos armados internacionais, ou seja, guerra entre as forças armadas de dois ou mais Estados. O Protocolo Adicional II se refere aos conflitos armados não internacionais. 3.1 NORMAS CONSUETUDINÁRIAS As quatro Convenções de Genebra de 1949 (e todas as outras normas positivas antes delas) que estabelecem normas sobre a proteção das vítimas nos conflitos armados são consideradas normas consuetudinárias, ou seja, não há que se falar em adesão, assinatura e ratificação. Tais convenções são consideradas normas consuetudinárias tendo em vista que decorrem de uma evolução histórica dos costumes internacionais na condução das guerras, consagrando práticas que são aceitas como se fossem leis. O DICA consuetudinário é fundamental para os conflitos da guerra de quarta geração, pois preenche as lacunas jurídicas deixadas pelos tratados internacionais seja nos conflitos internacionais como em conflitos não internacionais, contribuindo para a proteção às vítimas dos conflitos armados. Após o fim da II Guerra Mundial, vários tratados internacionais de direitos humanos foram celebrados, dentre os quais as quatro Convenções de Genebra em 1949, regulando o tratamento com os feridos das forças armadas em combate, os feridos em zonas marítimas, os prisioneiros de guerra e civis envolvidos em combate, respectivamente. As quatro Convenções de Genebra se aplicam aos conflitos armados internacionais, ou seja, refere-se aos conflitos das forças armadas entre dois ou mais Estados. Ainda é oportuno destacar que o artigo 3º é comum às quatro

34 32 Convenções se aplicando aos conflitos armados não internacionais, isto é, um confronto entre as forças armadas de um governo e grupos armados (ou entre grupos armados entre si) quando os grupos possuem certo grau de organização e a violência chega a certos níveis de intensidade Primeira Convenção de Genebra (1949) A Primeira Convenção de Genebra (1864) se originou dos esforços de uma comissão chefiada pelo suíço Henry Dunant, autor do Livro Um Souvenir de Solférino publicado em 1862, que retrata a Batalha de Solferino (1859) entre os exércitos austríaco e franco-piemontês, destacando as atrocidades cometidas e o socorro prestado aos soldados feridos. Assim, o trabalho dessa comissão resultou na assinatura da Convenção de 1864 na cidade de Genebra. Como destaca COMPARATO (Ano Página): A comissão genebrina, que teve na origem da convenção de 1864 foi revista, a fim de se estenderem seus princípios aos conflitos marítimos (Convenção de Haia de 1907) e aos prisioneiros de guerra (Convenção de Genebra de 1929). Em 1925, outra Convenção, igualmente assinada em Genebra, proibiu a utilização, durante a guerra, de gases asfixiantes ou tóxicos, bem como de armas bacteriológicas. As convenções sobre soldados feridos e prisioneiros de guerra foram revistas e consolidadas em três convenções celebradas em Genebra em 1949, sob os auspícios da Comissão Internacional da Cruz Vermelha. Na mesma ocasião, foi celebrada uma Quarta convenção, tendo por objetivo a proteção da população civil em caso de guerra. A Primeira Convenção de Genebra (1949) versa sobre a proteção dos feridos e doentes das forças armadas em combate, ordenando o respeito e o cuidado com os feridos ou doentes sem discriminação. Como o seu primeiro texto é de 1864, teve aplicação durante a I Guerra Mundial, protegendo as ambulâncias e hospitais de todo ato hostil, identificados com o símbolo da cruz vermelha com fundo branco. Esta Convenção (versões anteriores , 1906, 1929) possui 64 artigos, estruturados da seguinte forma: capítulo I disposições gerais, capítulo II Dos feridos e dos doentes, capítulo III- Das formações e estabelecimentos sanitários, capítulo IV Do pessoal, capítulo V Dos edifícios e material, capítulo VI Dos transportes sanitários, capítulo VII Do sinal distintivo, capítulo VIII Execução da Convenção, capítulo IX Da repressão dos abusos e das infrações, disposições

35 33 finais, Anexo I Zonas e localizações sanitárias e Anexo II modelo de cartão de identificação para os integrantes dos serviços sanitários e religioso das forças armadas. Dessa forma, tal norma protege os doentes e feridos das forças armadas, o pessoal sanitário e religioso e os transportes e unidades sanitárias, estabelecendo os emblemas distintivos que devem ser utilizados. Assim, não é permitido atacar as unidades sanitárias e os comboios de saúde, visando permitir um atendimento de saúde aos feridos e doentes sem discriminação Segunda Convenção de Genebra (1949) A Segunda Convenção de Genebra substitui a Convenção de Haia de 1907 para a adaptação à Guerra Marítima dos princípios da Convenção de Genebra de Logo, mantém a estrutura da Primeira Convenção de Genebra, estendendo-se ao combate marítimo com objetivo de melhorar as condições dos feridos, enfermos e náufragos das forças armadas no mar, incluindo a proteção aos navios hospitais. As normas da Primeira Convenção se repetem. Todos os feridos, enfermos e náufragos devem ser respeitados e protegidos em quaisquer circunstâncias, não atentando contra a sua vida e tratando-os com humanidade. Qualquer dos adversários que aprisione feridos, enfermos ou náufragos membros das forças armadas deve tratá-los como seus próprios feridos. Serão ainda tomadas todas as medidas possíveis para recolher os mortos e impedir que eles sejam despojados. Nenhum cadáver deve ser enterrado, incinerado ou imerso antes de devidamente identificado. Além disso, as unidades sanitárias, militares ou civis sob o controle da autoridade competente são igualmente protegidas, no interesse direto dos feridos, dos enfermos e dos náufragos. Trata-se do pessoal, material, estabelecimentos e instalações sanitárias, bem como dos transportes organizados com fins sanitários reconhecíveis por meio do emblema da cruz vermelha, do crescente vermelho ou do cristal vermelho sobre fundo branco. 15 O texto da Segunda Convenção de Genebra está estruturado em 63 artigos da seguinte forma: capítulo I Disposições gerais, capítulo II Dos feridos dos 15 CICV, 2014, P.5-6.

36 34 doentes e dos náufragos, capítulo III Dos navios hospitais, capítulo IV Do pessoal, capítulo V Dos transportes sanitários, capítulo VI Do sinal distintivo, capítulo VII Da execução da convenção, capítulo VIII Da repressão dos abusos e das infrações, disposições finais e o Anexo II modelo de cartão de identificação do pessoal sanitário e religioso. Com isso, o combate marítimo passa a contar com a proteção do DICA, protegendo-se os feridos, doentes, náufragos e navios hospitais, humanizando-se os conflitos armados travados no mar Terceira Convenção de Genebra (1949) A Terceira Convenção de Genebra de 1949 (CG III) substituiu a Convenção relativa aos prisioneiros de guerra de 1929, estabelecendo normas sobre o tratamento que deve ser dado aos prisioneiros de guerra, ampliando as condições estabelecidas nas Convenções anteriores. A aplicação desse estatuto de prisioneiro de guerra tem ligação com o conceito de combatente já estudado. Dessa maneira, o combatente deve sempre se diferenciar da população civil, por meio de uniforme ou de outro sinal distintivo quando realizar qualquer operação militar. Em situação excepcional, basta que se distingam pelo porte ostensivo de armas para o combate, nos termos artigo 44 do Protocolo Adicional I. Também estendeu-se tal norma protetiva à população do território não ocupado que, quando o inimigo se aproxima, toma espontaneamente as armas para combater as tropas de invasão, no caso de trazer ostensivamente as armas e de respeitar as leis e costumes de guerra (levante em massa), conforme o artigo 4, item 6, da CG III: A população de um território não ocupado que, à aproximação do inimigo, pegue espontaneamente em armas, para combater as tropas de invasão, sem ter tido tempo de se organizar em força armada regular, desde que transporte as armas à vista e respeite as leis e costumes da guerra. Desta forma, cabe ressaltar que se trata de uma situação excepcional e que as armas devem ser transportadas de forma ostensiva, respeitando-se as leis e costumes da guerra.

37 35 Os prisioneiros de guerra têm direito a um tratamento digno e humano, observando a dignidade da pessoa humana, conforme preconizam os artigos 13 e 14 da CG III. Assim, os prisioneiros de guerra devem todos ser tratados da mesma maneira; só o estado de saúde, o sexo, a idade, a graduação ou as aptidões profissionais podem justificar um tratamento privilegiado (art 16, CG III). Eles devem indicar, a pedido, os seus sobrenomes e nomes, a sua idade, a sua graduação e o seu número de matrícula. Mas não se pode obrigá-los a fornecer outras informações (art 17, CG III). 16 A CG III estabelece as condições que devem ser obedecidas na situação de cativeiro, determinando que a Potência detentora fornecerá gratuitamente aos prisioneiros de guerra alimentação e vestuário suficientes, condições de alojamento não inferiores às das suas próprias tropas, e os tratamentos médicos requeridos pelo seu estado de saúde (CG III, 15, 25, 26, 27, 30). Os prisioneiros de guerra, à exceção dos oficiais, podem ser obrigados a trabalhar, com uma modesta remuneração, e em condições pelo menos iguais às dos nacionais da potência detentora. Todavia, não podem ser obrigados a uma atividade de caráter militar ou a trabalhos perigosos, insalubres ou humilhantes (CG IlI, 49-54). O repatriamento dos prisioneiros de guerra enfermos graves ou feridos graves deve ocorrer de imediato, entretanto, os repatriados não poderão retornar ao serviço militar ativo. Ao final dos conflitos armados, os prisioneiros de guerra devem ser liberados e repatriados sem demora, de acordo com o art 118, CG III: Os prisioneiros de guerra serão libertados e repatriados sem demora depois do fim das hostilidades ativas. Na ausência de disposições para este efeito num acordo entre as Partes no conflito para pôr fim às hostilidades, ou na falta de um tal acordo, cada uma das Potências detentoras estabelecerá e executará sem demora um plano de repatriamento conforme o princípio enunciado no parágrafo anterior. Num e noutro caso, as medidas adotadas serão levadas ao conhecimento dos prisioneiros de guerra. As despesas de repatriamento dos prisioneiros de guerra serão em todos os casos repatriadas de uma maneira equitativa entre a Potência detentora e a Potência de que dependem os prisioneiros de guerra. A CG III contém 143 artigos, estruturados da seguinte maneira: Título I Disposições gerais, Título II Proteção geral aos prisioneiros de guerra, Título III Cativeiro, Título IV Fim do cativeiro, Título V Departamento de informações e 16 CICV, 2014, p.11.

38 36 sociedades de auxílio respeitantes aos prisioneiros de guerra, Título VI Execução da Convenção e Anexos I a V. Assim, os direitos dos prisioneiros de guerra são garantidos, buscando-se resguardar sua integridade física e dar condições mínimas de higiene e saúde nos cativeiros. Com isso, essa Convenção objetiva evitar a repetição das atrocidades cometidas nos campos de concentração durante a II Guerra Mundial, passando a tratar os prisioneiros de guerra com dignidade e respeito Quarta Convenção de Genebra (1949) As Convenções de Genebra adotadas antes da II Guerra Mundial não tratavam dos civis (somente dos combatentes). Entretanto, as consequências de tal guerra foram desastrosas para os civis, dizimando-se populações e aprisionando de forma insalubre milhares de civis em campos de concentração. Fruto dessas experiências, a Quarta Convenção de Genebra de 1949 (CG IV) passou a proteger os civis em tempo de guerra. Conforme destaca o CICV (2014): A maior parte da Convenção trata do estatuto e tratamento das pessoas protegidas, distinguindo entre a situação dos estrangeiros no território de uma das partes em conflito e dos civis em território ocupado. Estipula as obrigações da Potência Ocupante em relação à população civil e contém disposições pormenorizadas sobre o socorro humanitário às populações em território ocupado. Também apresenta um regime especial para o tratamento dos internados civis. Possui três anexos com modelos de acordo para zonas sanitárias e de segurança, de regulamentos sobre o socorro humanitário e de cartões de identidade. A CG IV contém normas de proteção para as pessoas afetas por um conflito armado, independente de sua nacionalidade e do território onde residam. Inexistindo meios suficientes de abastecimento, algumas medidas de socorro em alimentos, medicamentos, vestuários devem ser tomadas com o consentimento dos Estados envolvidos, nos termos do artigo 23: Cada Parte contratante concederá a livre passagem de todas as remessas de medicamentos, material sanitário e dos objetos necessários ao culto, destinados unicamente à população civil da outra Parte contratante, mesmo inimiga. Autorizará igualmente a livre passagem de todas as remessas de víveres indispensáveis, vestuários e fortificantes destinados às crianças, com menos de 15 anos, mulheres grávidas e parturientes.

39 37 A obrigação para uma Parte contratante de permitir livre passagem das remessas indicadas no parágrafo precedente está sujeita à condição de esta Parte ter a garantia de que não existem sérios motivos para recear que: a) As remessas possam ser desviadas do seu destino, ou b) A inspeção possa não ser eficaz, ou c) O inimigo possa daí tirar uma manifesta vantagem para os seus esforços militares ou economia, substituindo estas remessas por mercadorias que deveria, de outra forma, fornecer ou produzir, ou libertando as matérias, produtos ou serviços que teria, por outro lado, de utilizar na produção de tais mercadorias. Em territórios ocupados, caso o Estado ocupante não tenha condições de garantir os alimentos e os tratamentos médicos necessários à população sob sua responsabilidade, deverá aceitar o socorro em nome desta, de acordo com o prescrito nos artigos 55 e 59 da CG IV. Os civis afetados pelo conflito armado têm direito às garantias fundamentais, não podendo existir discriminação étnica, religiosa, de sexo, cor, raça, ou seja, de qualquer natureza. As mulheres e crianças devem ser tratadas com respeito e dignidade, de forma prioritária. Mesmo em país inimigo, os civis poderão abandonar o território inimigo em segurança, atendidas as determinações dos artigos 38 a 43 dessa Convenção. A CG IV é composta de 159 artigos estruturados da seguinte forma: Título I Disposições gerais, Título II Proteção geral das populações contra determinadas consequências da guerra, Título III Estatuto e tratamento das pessoas protegidas, Título IV Execução da Convenção e Anexos. Assim, a CG IV visa a proteger as populações contra as consequências da guerra, buscando minimizar os danos colaterais dos conflitos armados sobre os civis. Com os conflitos armados de Quarta Geração cresce a importância da aplicação da CG IV, considerando que nesse tipo de guerra os civis são diretamente afetados. Entretanto, como tais conflitos ocorrem normalmente em ambiente urbano, a participação de civis ocorre de diferentes formas, muitas vezes, aumentando o poder de combate das forças armadas em guerra. Com isso, surgem questionamentos sobre o papel dos civis em face do conceito de combatente. 3.2 NORMAS POSITIVADAS Além dos tratados internacionais de DICA já mencionados, cabe ressaltar que as normas positivadas abrangem os dois Protocolos Adicionais às quatro

40 38 Convenções de Genebra de 1949 adotados em Tais Protocolos visam a proteger as vítimas dos conflitos armados internacionais (Protocolo I) e não internacionais (Protocolo II). Em 2005, o Protocolo III foi aprovado, criando um emblema adicional, o Cristal Vermelho, que possui o mesmo estatuto internacional que os emblemas da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho Protocolo Adicional I O Protocolo Adicional I (PA I) foi adotado em 10 de junho de 1977 pela Conferência Diplomática sobre a Reafirmação e o Desenvolvimento do Direito Internacional Humanitário aplicável aos Conflitos Armados. Tal documento complementa as Convenções de Genebra de 1949, tendo por premissa a proteção das vítimas dos conflitos armados internacionais e trazendo algumas inovações em termos de limitação dos métodos e meios de combate. O PA I é composto de 102 artigos e anexos, divididos da seguinte forma: Título I Disposições gerais, Título II Feridos, Enfermos e Náufragos, Título III Métodos e meios de combate Estatuto do Combatente e do Prisioneiro de Guerra, Título IV População Civil, Título V Execução das Convenções e do presente Protocolo, Título VI Disposições finais e Anexo. Uma das inovações consta do art 1, item 4, os conflitos armados nos quais os povos lutam contra a dominação colonial, a ocupação estrangeira e contra os regimes racistas, no exercício do direito de livre determinação dos povos, consagrado na Carta das Nações Unidas e na Declaração sobre os Princípios de Direito Internacional referente às Relações de Amizade e Cooperação entre os Estados. Esses conflitos passam a ser oficialmente considerados conflitos armados internacionais. Os artigos 8 a 34 complementam as regras da I e II Convenção de Genebra, estendendo as normas de proteção de feridos, doentes e náufragos, no que se refere ao transporte médico. Trata também do pessoal sanitário civil, dos equipamentos e suprimentos para unidades civis e dos transportes médicos da mesma forma que o pessoal sanitário das unidades militares. Os artigos tratam da condução das hostilidades, ou seja, questões que até então eram reguladas pelas Convenções de Haia de 1899 e 1907 e pelo direito internacional consuetudinário, reafirmando o previsto nas Convenções de Haia no

41 39 âmbito dos novos Estados que não participaram da elaboração daqueles documentos. Os artigos 43 e 44 dão uma definição de forças armadas e combatentes: ANTIGO 43 Forças Armadas 1. As Forças Armadas de uma Parte em conflito compõem-se de todas a forças, grupos e unidades armados e organizados, colocados sob um comando responsável pela conduta de seus subordinados perante essa Parte, mesmo quando esta está representada por um governo ou por uma autoridade não reconhecidos por uma Parte adversa. Tais Forças Armadas deverão estar submetidas a um regime de disciplina interna que as faça cumprir, interalia, as normas de Direito Internacional aplicáveis aos conflitos armados. ARTIGO 44 Combatentes e Prisioneiros de Guerra 1. Todo combatente, tal como está definido no Artigo 43, que caia em poder de uma Parte adversa será prisioneiro de guerra 2. Conquanto todos os combatentes sejam obrigados a observar as normas de Direito Internacional aplicáveis aos conflitos armados, a violação de tais normas não privará um combatente de seu direito de ser considerado como tal ou, se cai em poder de uma Parte adversa, de seu direito der ser considerado prisioneiro de guerra, exceto como disposto nos parágrafos 3 e Com o propósito de promover a proteção da população civil contra os efeitos das hostilidades, os combatentes são obrigados a distinguir-se da população civil no curso de um ataque ou de uma operação militar preparatória de um ataque. Contudo, reconhecendo-se que nos conflitos armados existem situações nas quais, devido à índole das hostilidades, um combatente armado não pode distinguir-se da população civil, este combatente conservará sua condição como tal, sempre que, nessas circunstâncias, porte suas armas abertamente: a) durante cada engajamento militar, e b) durante o tempo em que seja visível para o inimigo enquanto esta tomando parte em um deslocamento militar que antecede ao lançamento de um atague do qual irá participar. Não se considerarão como atos perfídios, no sentido da alínea c) do parágrafo 1 do Artigo 37 os atos que reúnem as condições enunciadas no presente parágrafo. Entre os artigos mais importantes ressaltam-se àqueles sobre a proteção da população civil contra os efeitos das hostilidades. Eles contêm uma definição de objetivos militares e proibições de ataque a pessoas e objetos civis. Como destaca o CICV (2014): A regra fundamental obriga a que se faça sempre a distinção entre a população civil e os combatentes, assim como entre os bens de caráter civil e os objetivos militares e, por conseqüência, obriga a que as operações sejam dirigidas apenas contra objetivos militares (Art, 48).

42 40 Toda e qualquer pessoa que não pertença às forças armadas é uma pessoa civil (Art 50). São bens de caráter civil aqueles que não são objetivos militares, isto é, que não tragam uma contribuição efetiva à ação militar e cuja destruição não ofereceria nesse caso nenhuma vantagem militar precisa (Art 52). São proibidos os ataques sem discriminação (Art 51). As pessoas civis e os bens civis não só não devem ser objeto de ataques, mas devem também ser tomadas todas as precauções, no ataque dos objetivos militares ou na colocação desses objetivos, para evitar ou reduzir ao mínimo as perdas e danos civis causados incidentalmente (Art 57, 58). Em caso algum estas perdas e danos serão excessivos relativamente à vantagem militar concreta e direta esperada (Art 51, 57). A presença ou a movimentação da população civil não devem ser utilizadas para colocar certos pontos ou certas zonas ao abrigo das operações militares (Art 51), sendo proibido devastar pela fome a população civil, destruir os bens indispensáveis à sua sobrevivência e causar danos extensivos, duráveis e graves ao meio ambiente (Art 54, 55). Os bens culturais, as instalações contendo forças perigosas, as localidades não defendidas e as zonas desmilitarizadas (incluindo as zonas de segurança e as zonas neutralizadas) são objeto de uma proteção particular e de uma sinalização apropriada, assim como os membros e as instalações dos organismos da defesa civil (Art 53, 56, 59, 60 e 61-67, Anexo I, Cap. V e VI). Para ser considerada localidade não defendida devem ser preenchidos os requisitos do art 59, 2: 2. As autoridades competentes de uma Parte em conflito podem declarar localidade não defendida qualquer lugar habitado que se encontre nas proximidades ou no interior de uma zona onde as Forças Armadas estão em contato e que está aberta a ocupação por uma Parte adversa. Tal localidade terá de reunir as seguintes condições: a) todos os combatentes, assim como as armas e o material militar móveis deverão ter sido evacuados; b) não se fará uso hostil das instalações ou dos estabelecimentos militares fixos; c) nem as autoridades nem a população cometerão atos de hostilidades; d) não se empreenderá nenhuma atividade em apoio de operações militares. A proibição de atacar a população civil, de destruir os bens indispensáveis à sua sobrevivência, assim como de atacar as instalações contendo forças perigosas e os bens culturais é igualmente válida nos conflitos armados não internacionais

43 41 (P.ll, 13, 14, 15, 16). Compete em particular aos comandantes militares, vigiar a observação destas normas (Art, 86, 87). 17 Dessa forma, o PA I complementa as Convenções de Genebra, aumentando a proteção das vítimas dos conflitos armados internacionais, reafirmando o conceito de forças armadas, de combatente e o tratamento que deve ser dado à população civil. Assim, busca-se dar condições mínimas de sobrevivência aos civis não envolvidos nos conflitos, facilitando a instalação dos organismos de defesa civil Protocolo Adicional II O Protocolo Adicional II (PA II) de 1977 complementa as Convenções de Genebra de 1949, protegendo as vítimas dos conflitos armados não internacionais. Tal documento ressalta que os princípios humanitários consagrados no artigo 3 comum às Convenções de Genebra constituem o fundamento do respeito pela pessoa humana em caso de conflito armado que não seja internacional. Os instrumentos internacionais relativos aos direitos do homem oferecem à pessoa humana uma proteção fundamental, lembrando que, para os casos não previstos pelo direito em vigor, a pessoa humana fica sob a salvaguarda dos princípios da humanidade e das exigências da consciência pública conforme consta no preâmbulo do PA II como cláusula de Mártens. O PA II é composto de 28 artigos e Anexo, com a seguinte divisão: Título I Âmbito do Protocolo, Título II Tratamento humano, Título III Feridos, doentes e náufragos, Título IV População civil, Título V Disposições finais e Anexo. Tendo como premissa distinguir os conflitos armados internacionais dos não internacionais, considerando que hoje as guerras de Quarta geração já não são travadas entre dois ou mais Estados e são caracterizados como guerras civis, embora envolvam indiretamente Estados. Trata-se do primeiro tratado internacional que se aplica às guerras civis e estabelece restrições relativas ao uso da força nesses conflitos, visando a diminuir os impactos sobre os civis não envolvidos nas hostilidades. Dessa maneira, tal protocolo amplia a aplicação do DICA aos conflitos armados não internacionais, ou seja, basicamente às guerras civis. 17 CICV, 2014, p

44 42 4 GUERRA DE QUARTA GERAÇÃO 4.1 HISTÓRICO DAS GERAÇÕES DAS GUERRAS Inicialmente, as guerras envolviam tribos, famílias, religiões. Após a Paz de Westphalia em 1648, os Estados passam a exercer o monopólio da guerra. Com isso, começam as gerações das guerras, como explica LIND (2005, p.13): As quatro gerações começaram com a Paz de Westphalia, em 1648, o tratado que findou a Guerra dos Trinta Anos. Com esse tratado, o Estado estabeleceu um monopólio de guerra. Anteriormente, muitas entidades diferentes haviam combatido em guerras: famílias, tribos, religiões, cidades, e empresas, usando diversos meios, não somente exércitos e marinhas. (Dois desses meios, a extorsão e o assassinato, estão de novo de moda.) Atualmente, entidades militares acham difícil imaginar combater uma guerra contra forças armadas que não sejam similares a elas próprias. A Primeira Geração da guerra moderna se caracteriza por batalhas formais, organizadas sob a cultura da ordem militar típica dos exércitos nacionais. A Segunda Geração foi marcada pelos conflitos de atrito, baseados no apoio de fogo: O objetivo era o atrito, e a doutrina foi resumida pelos franceses como sendo a artilharia conquista a infantaria ocupa. 18 A Terceira Geração se originou na Primeira Guerra Mundial com a blitzkrieg, conhecida como a guerra de manobra e foi consagrada na Segunda Guerra Mundial, aliando poder de fogo, velocidade e surpresa. Então, chega-se à chamada Guerra de Quarta Geração caracterizada pela forma de combate assimétrico em um campo de batalha não linear em plena era da informação. Portanto, a guerra passa a considerar as dimensões humana, informacional e física, pois na era da informação é essencial uma transformação nos métodos e meios de guerrear com base nas novas características do ambiente operacional e dos agentes envolvidos, principalmente os agentes não estatais. 4.2 CONCEITO DE GUERRA DE QUARTA GERAÇÃO O conceito de Guerra de Quarta Geração advém da expressão que surgiu em 1989 dos estudos de LIND, assessor legislativo do Senado dos EUA e de outros 18 LIND, 2005, p.13.

45 43 quatro oficiais do Exército e do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA. Como explica LIND (2005, p.14): Características, tais como a descentralização e a iniciativa, são passadas adiante da Terceira Geração para a Quarta, mas em outros aspectos a Quarta Geração marca a mudança mais radical desde a Paz de Westphalia. Na guerra de Quarta Geração, o Estado perde o monopólio sobre a guerra. Em todo o mundo, os militares se encontram combatendo oponentes não estatais... A transformação dos exércitos se torna uma necessidade em face dessas novas exigências do combate moderno: novos cenários; novos adversários; novas tecnologias; exércitos mergulhados em profundos processos de adaptação (situação habitual a todos os Exércitos). A mudança é substancial na natureza dos conflitos e deve, portanto, ser também nas Forças Armadas PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA GUERRA DE QUARTA GERAÇÃO Os novos atores da guerra do século XXI alteram o campo de batalha e a forma de combate, trazendo novos conceitos que caracterizam a guerra em um amplo espectro. Dentre as principais características da Guerra de Quarta Geração mencionam-se: múltiplos cenários de combate, grupos transnacionais, flexibilidade, mobilidade, iniciativa, novas tecnologias, importância do apoio da população, operações de amplo espectro, importância do terreno humano, aumento de vítimas não combatentes, entre outras. 20 SILVA (2007) menciona as principais características da Guerra de Quarta Geração, reafirmando o conceito de LIND (2005): descentralização, iniciativa, teatro de operação não linear, oponentes não estatais como a Al-Qaeda, o Hamas, o Hezbollah e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, ressaltando que em quase todo o mundo o Estado não tem obtido êxito. A guerra de Quarta Geração é também marcada por conflitos culturais, étnicos e religiosos, não mais de apenas entre países. O Estado perde a sua força nesse cenário globalizado, marcado pela facilidade das comunicações e ampla divulgação do conhecimento e das informações. Como escreve LIND (2005, p. 12): 19 SILVA, 2007, p.98.

46 44 A guerra de Quarta Geração é também marcada por uma volta a um mundo de culturas, não meramente de países, em conflito. Encontramo-nos encarando o mais antigo e obstinado oponente do cristianismo ocidental, o Islã. Após uns três séculos na defensiva estratégica, seguindo-se ao fracasso do segundo cerco turco de Viena em 1683, o Islã tem retomado a ofensiva estratégica, expandindo-se para fora em todas as direções. Na guerra de Quarta Geração, a invasão de imigrantes pode ser tão perigosa quanto a invasão do exército inimigo. Nesse contexto, a inteligência cultural ganha importância, sendo imprescindível o estudo do terreno humano para o planejamento e condução das operações militares na Guerra de Quarta Geração (LIND, 2005, p. 12): O que o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA chama de inteligência cultural é de grande importância na guerra de Quarta Geração e deve descer ao escalão inferior... Uma chave para o sucesso é integrar as tropas o máximo possível com pessoal local. A guerra de Quarta Geração é vencida nos níveis estratégico, operacional, mental e moral, ultrapassando a vitória no campo tático e físico. As forças convencionais são o partido mais fraco, não o mais forte, apesar de toda tecnologia e poder de combate. Os agentes não estatais utilizam táticas já conhecidas (como as técnicas de guerrilha) realizando atos terroristas, misturando-se à população civil, pouco se importando com as normas do DICA. Com a fragilidade do Estado, as forças não estatais passam a lutar pela libertação nacional, dificultando as ações das forças estatais. 21 O ambiente operativo é essencialmente urbano, afetando cada vez mais a população civil. Consequentemente, as vítimas civis aumentam nesse tipo de conflito. Isso exige uma atualização legislativa e interpretativa das normas do DICA, considerando esse cenário assimétrico e o nível de participação dos civis nas hostilidades. 20 VISACRO, 2011, p LIND, 2005, p ).

47 COMPARAÇÃO DO COMBATE CONVENCIONAL COM A GUERRA DE QUARTA GERAÇÃO A guerra da era industrial compreende basicamente a segunda e terceira gerações de guerra, sendo a base para os conceitos operativos chamados de convencionais travados entre forças armadas estatais em um campo de batalha simétrico e linear. A guerra de Quarta Geração por sua vez envolve operações de amplo espectro em um cenário multifacetado com ameaças não estatais, crescendo de importância o estudo do terreno humano em razão da assimetria dos conflitos armados e da forte influência da opinião pública. A comparação entre o combate convencional e a guerra de quarta geração realizada por VISACRO (2011) permite verificar as principais características de cada tipo de guerra, apontando os desafios do combate no século XXI, conforme Quadro Nr 1 Quadro comparativo: a guerra na era industrial e na era da informação e Quadro Nr 2 Quadro comparativo: as gerações da guerra moderna. A guerra de quarta geração prioriza objetivos psicológicos, atingindo os decisores políticos e a opinião pública. Não basta destruir ou desorganizar as forças inimigas, objetivo típico das guerras de segunda e terceira gerações, respectivamente. Desta maneira, há um predomínio do campo psicossocial sobre o campo militar nesse tipo de guerra. Nas guerras de segunda e terceira gerações a relação fogo e manobra era fundamental para decidir o combate, seja utilizando o poder destrutivo dos fogos ou a capacidade de manobra de forma decisiva. Por sua vez, nos conflitos de Quarta geração tal relação é irrelevante. O que interessa são os efeitos psicológicos causados pela ação militar sobre a mídia e a população. Atualmente, uma nova abordaggem operativa das forças armadas se apresenta em razão da redefinição das ameaças à sociedade, incluindo atores não estatais que atuam na ambiente interno e transnacional. Novas capacidades são necessárias, além da preparação das forças armadas para a guerra de contrainsurgência. Deve-se levar em consideração a inteligência cultural, o uso da moderna tecnologia de informação e a aplicação do DICA para lidar com as das novas demandas dos conflitos do século XXI VISACRO, 2011, p. 54.

48 46 A guerra na era industrial Conflitos de 2ª e 3ª gerações. Número restrito de ameaças, com predomínio de ameaças estatais. Ocorrência de cenários previsíveis. Confronto de identidades nacionais. Primazia das ações no campo militar. Defesa: tema essencialmente restrito às Forças Armadas. Forças oponentes (regulares e irregulares): estruturas verticalmente hierarquizadas. Intensas campanhas de propagandas antecedem os conflitos armados e permitem ao Estado mobilizar a opinião pública interna. Ênfase na aplicação do poder bélico convencional para destruir as Forças militares do inimigo. Maior incidência de baixa entre combatentes. Campo de batalha campais simétrico e definido. A guerra absoluta e a batalha decisiva de Clausewitz Campanha militar baseada no estudo tático do terreno. A guerra na era informacional Guerra de 4ª geração. Fragmentação das ameaças com predomínio de ameaças não estatais. Ambiente de incertezas e de configuração difusa. Confronto de identidades culturais. Multiplicidade de meios (militares e não militares) com ênfase em ações nos campos político, econômico e psicossocial. Segurança e Defesa: conceito mais amplo e complexo, de caráter permanente, que transcende a esfera militar, caracterizando a interdependência dos campos do poder nacional. Estruturas de redes de amplitude transnacional, abrangendo governos legítimos, partidos políticos, organizações não governamentais, movimentos sociais, companhias de segurança privadas, forças irregulares, organizações terroristas e facções criminosas, etc. Comunicações globais: a perda do controle dos meios de comunicação de massa e o acesso irrestrito à informação digital limitam a capacidade estatal de moldar a opinião pública interna e fortalecer a vontade nacional. Ênfase na luta pelo apoio da população. Maior incidência de vítimas entre os não combatentes Campo de batalha assimétrico e indefinido, predominando os combates urbanos. Operações no amplo espectro: operações ofensivas e defensivas, de pacificação e de apoio aos órgãos governamentais. Análise das identidades culturais (terreno humano) Quadro Nr 1 Quadro comparativo: a guerra na era industrial e na era da informação (extraído de VISACRO, P.49-50)

49 47 Quadro Nr 2 Quadro comparativo: as gerações da guerra moderna (extraído VISACRO, 2011, p. 54)

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