DIFERENCIAÇÃO HEMATOLÓGICA E BIOMÉTRICA ENTRE MACHOS E FÊMEAS DO LAMBARI DO RABO AMARELO ASTYANAX BIMACULATUS
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- Armando Regueira Madeira
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1 DIFERENCIAÇÃO HEMATOLÓGICA E BIOMÉTRICA ENTRE MACHOS E FÊMEAS DO LAMBARI DO RABO AMARELO ASTYANAX BIMACULATUS Marina de Oliveira PEREIRA 1, Andressa Vieira de MORAES 2, Klayton Natan MORAES 3, Adolfo JATOBÁ 4, Artur de Lima PRETO 5. ¹Acadêmico de bacharelado em Medicina Veterinária Bolsista 503/2014 PIBITI/CNPq - IFC Araquari marinapereira104@gmail.com; ²Acadêmico de bacharelado em Medicina Veterinária - IFC s Araquari; ³Acadêmico de bacharelado em Medicina Veterinária - IFC Araquari UFSC; 4 Coorientador IFC Araquari; 5 Orientador IFC Araquari Introdução O dimorfismo sexual em peixes, quando ocorre em um ambiente produtivo, pode interferir em sua produtividade. Tal ocorrência pode ser resultado do direcionamento diferenciado de energia, principalmente em épocas reprodutivas. Portanto, conhecer e estabelecer adequadamente os parâmetros morfométricos e reprodutivos de espécies de peixes, tanto em condições naturais quanto em condições de cativeiro, é de fundamental importância para o manejo adequado de suas populações (GORDIHO; RIBEIRO, 1985). Um dos requisitos mais importantes para se obter bons índices zootécnicos na produção é a manutenção da homeostase. Os parâmetros sanguíneos podem ser usados como indicadores biológicos no monitoramento da saúde dos peixes e podem indicar se um dos sexos necessita de manejo diferenciado (RANZANI-PAIVA; SILVA-SOUZA, 2004). Desta forma, o objetivo desse trabalho foi comparar o tamanho, relação comprimento/altura, índices gonadossomáticos, hepatossomáticos, gordura viscerossomático e as características hematológicas entre machos e fêmeas de lambari do rabo amarelo A. bimaculatus, a fim de encontrar resultados que possam tornar sua produção mais eficiente. Material e Métodos O trabalho foi realizado Laboratório de Aquicultura do Instituto Federal Catarinense câmpus Araquari (IFCA) e aprovado pelo Comitê de Ética para Uso de Animais (CEUA) do Instituto Federal Catarinense Araquari protocolo nº 00104/2015. Foram utilizados 400 alevinos de lambari do rabo amarelo Astyanax bimaculatus, distribuídos em quatro caixas de polietileno (800 L úteis). Ao atingirem o peso comercial (10-20 g), os peixes permaneceram 24 horas de jejum para posterior despesca. Para tanto, todos os indivíduos capturados foram anestesiados em Eugenol e eutanasiados por comoção cerebral. Posteriormente, realizou a identificação do sexo destes exemplares, sendo então pesados e medidos quanto às variáveis altura e comprimento total.
2 Foram coletados cinco lambaris machos e cinco fêmeas por caixa, para retirada de sangue e posterior análises hematológicas. Para estas análises, foram coletadas duas alíquotas de sangue para cada exemplar. Uma alíquota foi utilizada para a confecção de extensões sanguíneas coradas com Giemsa/MayGrunwald (Rosenfeld, 1947) para a contagem diferencial de leucócitos e contagens totais de trombócitos e leucócitos de acordo com MARIAJ. T. RANZANI-PAIVA et al. (2013). A outra alíquota foi utilizada para a determinação do hematócrito (Goldenfarb et al., 1971), glicose (Accu- ChekAdvantage 2 Roche), quantificação do número total de eritrócitos em hemocitômetro, volume corpuscular médio (VCM= Hematócrito*10/Eritrócito*106μL 1), hemoglobina corpuscular média (HCM= Hemoglobina* 10/Eritrócito*106μL 1) e concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM=Hemoglobina*100/hematócrito*106μL 1). Foi realizado em cada exemplar um corte longitudinal na região ventral para a retirada e pesagem do fígado, vísceras e gônadas para posterior avaliação dos índices hepatossomático (IHS= peso do fígado/peso corporal), gordura viscerossomática (IGVS=peso da gordura viscerossomática/peso corporal) e gonadossomático (IGS=peso da gônada/peso corporal). O oxigênio dissolvido e temperatura foram mensurados duas vezes ao dia, sendo o ph e a amônia mensurados semanalmente. Os peixes foram alimentados três vezes ao dia com uma taxa de arraçoamento inicial de 10% da biomassa total, e semanalmente foram realizadas biometrias para acompanhar o crescimento e realizar adequações no manejo alimentar. Os dados obtidos com as contagens e medições citadas anteriormente foram submetidos ao teste de Kolmogorov-Smirnov (p=0,05) para avaliar se a distribuição de dados está dentro da curva de normalidade, e ao teste de Levenne (p=0,05) para verificar sua homocedasticidade. Para os dados que atenderam aos pré-requisitos de normalidade e homocedasticidade, foi aplicado o teste T (p=0,05) para se observar a ocorrência de diferenças significativas entre machos e fêmeas de lambari nas variáveis testadas. Nos demais, foram aplicados o teste de Mann Whitney (p=0,05). Resultados e discussão Os valores médios observados de temperatura (21,78 ± 2,59 C de manhã, 23,51 ± 2,37 C à tarde), oxigênio dissolvido (3,15 ± 1,52 mg L -1 ) e ph (7,32 ± 0,11) não divergiram entre os tratamentos, sendo considerados adequados para o cultivo do lambari do rabo amarelo (PORTO-FOREST, et al. 2010).
3 Diferenças em variáveis zootécnicas entre sexos em peixes podem interferir rentabilidade aos produtores (CAMARGO; POUEY., 2000). Nesse trabalho, as fêmeas apresentaram maior peso total, altura e comprimento total (tabela 1), enquanto SOUZA et al., (1998) observou melhor crescimento no macho de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Para a relação altura/comprimento (tabela 1) não houve diferença. Tabela 1. Valores médios ± desvio padrão do peso total, peso do trato digestório, altura, comprimento total e relação altura/comprimento após 90 dias de experimento com lambari do rabo amarelo(a.bimaculatus). Sexo Peso tota l(g) Altura (cm ) Comprimento total (cm) Altura/Comprimento Macho 6,98 ± 0,75 2,40± 0,05 2,40 ± 0,05 7,35 ± 0,36 Fêmea 12,32 ± 0,71* 3,01± 0,07* 3,01 ± 0,07* 8,88 ± 0,26 *Indica diferença significativa (p<0,05) entre os tratamentos no teste T. As fêmeas tiveram maior IHS e IVS (tabela 2), podendo este aumento ser associado a mobilização energética durante o amadurecimento das gônadas. Esses dados corroboram com os estudos de PEREIRA FILHO (2011), que relatou o aumento de IHS em fêmeas de Astyanax scabripinnis durante o amadurecimento dos ovócitos. O IGS é utilizado como um importante parâmetro reprodutivo para fêmeas, porém, para machos nem sempre representa a condição reprodutiva atual (PEREIRA FILHO., 2011). Nesse trabalho, o IGS dos machos foi considerado como amostra perdida (tabela 2). Para as fêmeas, o IGS analisado corresponde à fase reprodutiva em que elas se encontram. Tabela 2. Valores médios ± desvio padrão do índice viscerossomático (IVS), índice hepatossomático (IHS) e índice gonadossomático (IGS)após 90 dias de experimento com lambari do rabo amarelo (A.bimaculatus). Sexo IVS (%) IHS (%) IGS (%) Macho 3,55 ± 1,05 0,30 ± 0,04 AM Fêmea 11,43 ± 0,81* 0,72 ± 0,08* 7,78 ± 0,92 *Indica diferença significativa (p<0,05) entre os tratamentos no teste T. AM: Amostra perdida. Os eritrócitos são células responsáveis por transportar gás carbônico e oxigênio, e a alteração na quantidade destas células pode estar associada à quantidade de oxigênio disponível na água. Nesse trabalho, não houve diferença significativa para os eritrócitos conforme mostra a tabela 3. Com relação ao hematócrito e hemoglobina, não houve diferença significativa entre os sexos (tabela 3), contrapondo com RANZANI- PAIVA., (2002), a qual observou maior hematócrito em machos de tainha em relação as fêmeas, indicando que indivíduos de tamanhos diferentes liberam energia em quantidade diversa, podendo interferir no seu quadro hematológico. Em um estudo de avaliação de estresse em Oreochromis niloticus, LATERÇA et al 2004 observou elevação nas concentrações de glicose e cortisol em animais expostos a algum fator estressante. Não houve diferença significativa entre os sexos em relação ao nível glicêmico conforme apresentado na tabela 3. O índice hemantimétrico HCM (hemoglobina corpuscular média) expressa a quantidade média de hemoglobina que existe dentro de uma hemácia. Já o CHCM
4 (concentração de hemoglobina corpuscular média) expressa a relação entre o valor da hemoglobina contida num determinado volume de sangue. E o VCM (volume corpuscular média) determina o tamanho das hemácias dos animais (THRALL,2007). Nas avaliações realizadas, as fêmeas apresentaram maior valor de HCM (tabela 3), contrapondo com RANZANI-PAIVA et al., (2013) que não encontrou diferença significativa entre os sexos de truta arco íris e considerou o estádio de maturação gonadal o principal fator biológico responsável por alterações hematológicas. Tabela 3. Variáveis hematológicas de macho e fêmea de lambari do rabo amarelo(a.bimaculatus) após 90 dias de experimento. Sexo Índices hemantimétricos Eritrócitos Ht Hgb (10 6 µl -1 ) (%) (g/dl -1 VCM CHCM HCM ) Glicose (10-5 fl) (g.dl -1 ) (10-5 pg) Macho 2,85±0,5 33,0±3,0 8,46±4,3 156,±48 9,70±4,2 2,79±12 2,99±1,5 Fêmea 2,47±0,3 34,2±4,1 9,56±3,2 149±28 10,0±6,7 3,02±8,8 3,72±1,2* *Indica diferença significativa (p<0,05) entre os tratamentos no teste T.Ht, hematócrito; Hgb, hemoglobina; VCM, volume corpuscular médio; CHCM, concentração de hemoglobina corpuscular média; HCM, hemoglobina corpuscular média. Mudanças na quantidade de leucócitos e trombócitos geralmente estão relacionadas a alguma enfermidade, embora esses exames não permitam a definição de um diagnóstico específico. No entanto, a interpretação destas anormalidades junto aos achados clínicos pode levar a um diagnóstico (THRALL, 2007). Quanto à contagem de diferencial de leucócitos (tabela 4), os animais apresentaram quantidades semelhantes de células, tendo diferença significativa apenas para trombócitos em machos, os quais obtiveram maior quantidade dessa célula, sendo que o seu aumento pode estar relacionado ao período inicial pós hemorrágico devido a coleta de sangue, inflamação ou anemia.(thrall.,2007). Tabela 4.Valores médios ± desvio padrão do leucograma de lambari do rabo amarelo(a.bimaculatus) com 90 dias de experimento. Parâmetros (x 10 3.µL -1 ) Sexo Leucócito Trombócito Basófilo Monócito Linfócito Neutrófilo Eosinófilo CGE Macho 28,5±9,3 25,7±3,9* 0,1±0,2 1,0±0,5 27,3±8,1 0,1±0,1 0±0 0±0 Fêmea 28,6±8,8 17,4±6,4 0,1±0,0 1,3±0,8 27,0±8,5 0,1±0,1 0±0 0±0 *Indica diferença significativa (p<0,05) entre os tratamentos no teste T; CGE, célula granulocítica especial. Conclusão Os resultados obtidos sugerem que as fêmeas de A. bimaculatus sejam6 mais interessantes zootecnicamente para a produção. Todavia, é importante que se avalie os sexos em cultivos separados e o tempo necessário para atingir o peso comercial em cada sexo. Somente com estas informações é possível concluir se há vantagens em se conduzir uma produção monossexo desta espécie. Referência BALDISSEROTTO, B; CYRINO, J.E.P; URBINATI, E.C. Biologia e fisiologia de peixes
5 neotropicais de água doce. Editora Funep paginas. CAMARGO, Sabrina G O.; AND POUEY, Juvêncio Luís Fernandes. PO. "Efeito do peso e do sexo sobre as características biométricas do peixe-rei (Odontesthes humensis)." Anais do Simpósio Brasileiro de Aqüicultura. CD ROM.[Links] (2000). Aqüicultura no Brasil: o desafio é crescer / editores : Antonio Ostrensky, José Roberto Borghetti e Doris Soto. Brasília, LATERÇA, Maurício et al. HEMATOLOGIA E RESPOSTA INFLAMATÓRIA AGUDA EM Oreochromis niloticus (OSTEICHTHYES: CICHLIDAE) SUBMETIDA AOS ESTÍMULOS ÚNICO E CONSECUTIVO DE ESTRESSE DE CAPTURA. PEREIRA FILHO, Hélio Paulo et al. Biologia reprodutiva de fêmeas de lambari-prata, Astyanax scabripinnis Jenyns, 1842 (Characidae; Tetragonopterinae; Teleostei) em condições de cativeiro. Ciência Animal Brasileira, v. 12, n. 4, p , RANZANI-PAIVA, Maria José T., et al. Métodos para análises hematológicas em peixes. Maringá; Eduem, 2013 THRALL, Mary Anna. Hematologia e bioquímica clínica veterinária. Editora Roca, 2007.
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